Revista TelaViva - 247 - Maio de 2014

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 23_#247_mai2014

A movimentação dos canais para a cobertura do Mundial no Brasil e as tecnologias envolvidas na transmissão do maior evento esportivo do planeta.

DE OLHO NA COPA

TV POR ASSINATURA Cable Show evidencia a briga por preços entre operadoras e programadoras nos EUA

NAB SHOW Fornecedores de equipamento se juntam para fazer frente às gigantes de TI e oferecer pacotes completos


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Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Vai ter Copa

I

Editor Tela Viva News Redação Projetos Especiais Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial

André Mermelstein Fernando Lauterjung Leandro Sanfelice Lizandra de Almeida (colaboradora) Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Bárbara Cason (Web Designer) Lúcio Pinotti (Tráfego/Web) André Ciccala (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te)

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Marketing

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Administração TI Central de Assinaturas

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ndependente dos protestos e apesar das críticas, a Copa chegou. O Brasil sedia em junho e julho o maior evento esportivo do mundo, pela primeira vez em 64 anos. E quanta coisa separa aquele 1950 deste 2014, não apenas nos campos da política e da sociedade, mas também da tecnologia e do consumo de entretenimento. Grandes eventos são o ambiente de teste para novas tecnologias de transmissão e recepção. Se as edições passadas foram palco de lançamento do HD e do combalido 3D, este ano a Copa quer ser a vitrine do 4K e da interatividade com outras telas. Mas a conta desta vez não é tão simples. O HD veio na onda da digitalização da TV aberta e do cabo, e chegou como um feature quase nativo destes ambientes. Mesmo antes do início das transmissões, havia um razoável parque de receptores instalados. A Globo e a japonesa NHK, sua parceira na experimentação de tecnologias, testarão a transmissão 4K em alguns jogos. Vale a pena, mesmo porque a captação nesta tecnologia melhora a própria imagem do sinal HD. Mas há um abismo entre esta captação e a recepção, uma vez que o parque de TVs 4K é ínfimo, e não deve crescer tão já. Diferentemente do HD, as telas 4K, para oferecerem o efeito desejado, têm que ser grandes, maiores que a maioria das telas que cabem hoje nos apartamentos brasileiros. E o sinal requer uma capacidade de banda que ninguém hoje consegue oferecer a um custo razoável. É difícil dizer se o 4K é uma tendência real, e muita gente já queimou a língua ao dar como mortas tecnologias que acabaram por dominar o mundo (é lendária a frase do presidente da HP ao ver o protótipo do primeiro PC da Apple, quando perguntou “quem vai querer ter um computador em casa?”). Mas hoje ela é muito mais um desejo das emissoras e fornecedores do que dos consumidores. A diferença de qualidade não é tão perceptível para o usuário comum como a que se deu na passagem do standard definition para o high definition, e para percebê-la é preciso uma tela de alto custo. Para as emissoras, é uma espécie de carta na manga. Um ás de paus a ser usado na disputa pelas frequências eletromagnéticas na disputa com as operadoras de telefonia celular. A cobertura deve ser a maior já feita, pois as nossas emissoras têm afiliadas importantes em praticamente todos os lugares nos quais haverá treinos ou jogos. Jogam “em casa” e devem dar destaque ao evento quase que 24 horas ao dia. Isso dá outra dimensão estratégica da Copa para a TV linear, aberta ou por assinatura. Já é dado como certo que os eventos ao vivo (esportes, notícias e espetáculos em geral) são o grande trunfo do broadcast sobre as plataformas on-demand. A Copa é a hora-chave para as emissoras mostrarem que querem manter seu lugar ao sol por muito tempo ainda.

capa: editoria de arte cvg sobre fotos de: divulgação/Krivosheev Vitaly/Pitroviz/shutterstock.com

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(índice ) 12

Tecnologia

Canais se preparam para cobertura da primeira copa multiplataforma

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Scanner

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Figuras

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Fornecedores

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Mercado de soluções para broadcast e produção passa por consolidação

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Upgrade especial NAB

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Making of

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TV por assinatura

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Programadores apreensivos com fusão entre Time Warner Cable e Comcast nos EUA

Internacional

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Novos players de produção de conteúdo destacam-se no Mip TV, em Cannes 26

Entrevista

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Yves Jeanneau, criador do Sunny Side of the Doc, fala sobre a produção documental atual

Case

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“Menino 23” resgata história de órfão obrigado a trabalhar em fazenda nazista nos anos 30

Agenda Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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Streaming apimentado A One Brasil, do Grupo Bandeirantes, em parceria com o canal Sex Prive, lançou o Clube Erótico, serviço de streaming de conteúdo adulto brasileiro. Para ter acesso ao conteúdo do portal, que não promove publicidade, o usuário deve pagar R$ 9,90 no plano mensal, R$ 49,90 no plano semestral, ou R$ 72,90 por um plano anual.

Nostalgia HD O canal Viva estreia no dia 18 deste mês sua versão em HD, quando completa quatro anos no ar. Na mesma data, o canal apresenta nova identidade visual, inspirada na assinatura "Viva, as Melhores Surpresas". As mudanças englobam logomarca, animações gráficas e sonoplastia das vinhetas da programação. O Viva HD exibirá na íntegra toda a programação SD, desde as novelas e atrações das décadas passadas, até as produções e coproduções atuais.

On-demand A Netflix divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2014, apontando uma base total de 48,35 milhões de assinantes no mundo, sendo 46,14 milhões pagos. O serviço passou a barreira de US$ 1 bilhão de faturamento em um trimestre, fechando o período com US$ 1,066 bilhão. A base do serviço nos Estados Unidos continua sendo significativamente maior e "bancando" o custo da expansão internacional da operação. Nos EUA, apenas com o serviço de streaming, a Netflix conta com 35,67 milhões de assinantes e um faturamento de US$ 799 milhões no trimestre. Enquanto isso, no mercado internacional, o serviço conta com 12,68 milhões de assinantes (contra 7,14 milhões no primeiro trimestre de 2013) e faturamento de US$ 267 milhões. Enquanto nos Estados Unidos o lucro no trimestre foi de US$ 201 milhões, a operação internacional apresentou prejuízo de US$ 35 milhões. Na carta aos acionistas, o CEO Reed Hastings afirma que a operação internacional está a caminho de se tornar lucrativa ainda em 2014. Há um ano, o prejuízo no trimestre foi de US$ 77 milhões.

O canal NatGeo estreou no último dia 3 a série "100 Anos de Seleção Brasileira", de cinco capítulos, a ser exibida aos sábados às 22h30. Cada episódio gira em torno de uma das Copas vencidas pelo Brasil: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, com imagens de arquivo e entrevistas com personagens de cada época e pesquisadores. A produtora Canal Azul conseguiu algumas imagens inéditas para a série, como cenas de Leônidas da Silva e Friedenreich. O projeto foi orçado em R$ 3,7 milhões, dos quais a Fox (pelos canais Fox Sports e NatGeo) entrou com cerca de 30%, via Artigo 39. O restante foi levantado pela produtora principalmente com recursos de Art. 1. A Canal Azul detém a maioria dos direitos patrimoniais, o que torna a série apta a cumprir as cotas da Lei 12.485. A Band exibirá a série em TV aberta cerca de um mês após a estreia. A emissora não entrou na produção com aportes em dinheiro, mas com mídia e imagens de arquivo. A série é codirigida pelo produtor Ricardo Aidar, da Cana Azul, e pelo jornalista esportivo Mauro Beting. 6

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foto: divulgação

História canarinha

Os campeões mundiais Coutinho, Zito e Pepe participaram do lançamento da série

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A Samsung apresentou em São Paulo seu primeiro centro de treinamento para desenvolvedores de aplicativos fora da Coreia do Sul, o Ocean Brasil. Com a unidade ocupando um andar inteiro de 500 m² em um prédio empresarial na Av. Faria Lima, a empresa pretende atrair estudantes, desenvolvedores e interessados com a capacitação para as plataformas móveis e de TV da fabricante. De acordo com o vice-presidente de assuntos institucionais da Samsung para a América Latina, Mário Laffitte, o projeto Ocean terá uma segunda unidade brasileira em Manaus no segundo semestre, que deverá ter os mesmos recursos do centro na capital paulista. A companhia não abre números, mas afirma que 6% de suas receitas anuais globais (equivalente a US$ 13,6 bilhões) são destinados à pesquisa e desenvolvimento. “Os investimentos brasileiros são distribuídos em dois grandes centros de pesquisa, um em Campinas e outro em Manaus, e temos um contingente de mil pessoas diretas e uma série de parceiros, o que dá mais de 1,5 mil funcionários trabalhando full time”, explica Laffitte. O curso envolve desenvolvimento de aplicativos para Android e, na versão intensiva, conta ainda com as plataformas Tizen (sistema operacional da própria fabricante) e para smartTVs da marca. Além de produzir aplicativos para essas TVs a empresa explica que nessa área serão desenvolvidos apps também para experiências de segunda tela ou de multitela.

Talento estimulado O Crackle, serviço de VOD baseado em publicidade da Sony Pictures Television, em parceria com o Departamento de Sustentabilidade da Sony Pictures Entertainment, o Banco Mundial e a Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói, Rio de Janeiro, lançou o Green Project Cinema. O Crackle financiou, através do projeto, cinco curtas-metragens apresentados por estudantes de cinema da UFF. O objetivo é estimular o talento dos estudantes de cinema e aumentar a conscientização sobre a sustentabilidade ambiental. Um comitê composto por uma equipe de programação do Crackle e profissionais reconhecidos da indústria de cinema, como o cineasta Fernando Meirelles, e os atores Rodrigo Santoro e Alessandra Negrini, analisou os roteiros dos filmes. São três documentários e duas obras de ficção que tratam de questões como práticas responsáveis ​​de consumo, preservação do meio ambiente e transporte sustentável.

fotos: divulgação

Desenvolvimento

Comemoração e lançamentos O canal Venus - marca da Playboy do Brasil muda sua marca e sua comunicação on-air e off-air a partir deste mês. Trata-se da comemoração de seus 20 anos na América Latina. A transformação vai desde a confecção de novo pacote gráfico, incluindo logomarca modernizada, até uma estrutura de programação diferenciada. A imagem da marca será representada por um rosto famoso do erotismo, o da pornstar colombiana Esperanza Gomez. Novo pacote Além desta novidade, a Playboy do Brasil ampliou o seu portfólio VOD com o Private Plus, que trará 20 novos filmes a cada mês, divididos por categorias. Na estreia, destaque para as produções “Uma Linda Mulher, a Paródia” e “O Mestre do Fetiche”. O Private Plus junta-se às marcas Sexy Hot, Venus, Private, For Man, Sextreme, Playboy, Hot Shots, Sexy Hot Rapidinhas e Gay Shots, já disponíveis no VOD.

Kit free A Elsys e a Oi lançaram um novo receptor Mais TV Livre HD, que conta com o novo pacote Oi TV Livre HD, com mais de 50 canais sem mensalidade, sendo 30 de vídeo e 23 de rádio. Funcionando a partir do satélite SES-6, as empresas ampliam a oferta de conteúdo regional da Globo, com 43 afiliadas, muitas em HD. O consumidor compra seu kit com antena e receptor e assiste canais sem pagar mensalidade. Quem comprar o equipamento tem direito a três meses de degustação do pacote pago Oi TV Mix, com mais de 140 canais. A qualquer momento, pode assinar este e outros pacotes pagos da Oi TV com condições especiais. O produto também estreia uma nova interface de navegação. A comercialização do receptor será através da rede credenciada Elsys, com valor sugerido de R$ 399. T e l a

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O Esporte Interativo está transmitindo a Série C do Campeonato Brasileiro. Serão 50 jogos ao todo, abertos no início do mês com o clássico paraibano Botafogo x Treze. O canal sublicenciou os direitos da TV Brasil e, pela primeira vez, exibe a competição. Pela presença de clubes importantes como Paysandu e Fortaleza, a Série C cria a oportunidade de o canal continuar mostrando grandes clubes do Norte e do Nordeste durante o ano todo. As narrações dos principais jogos são feitas por André Henning e Jorge Iggor.

Internet dispara O Brasil fechou o primeiro trimestre de 2014 com 145,6 milhões de acessos em banda larga, o que representou um crescimento de 51% frente ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). A banda larga móvel, pelas redes de 3G e 4G, liderou a expansão dos acessos à Internet, chegando em março a 123,1 milhões de conexões, com 63% de crescimento em relação a março de 2013. Na banda larga móvel, 107,5 milhões são de conexões de celulares, incluindo os smartphones, e 15,6 milhões são terminais de dados, entre eles modems de acesso à Internet e chips de conexão máquina-máquina (M2M). O país ultrapassou em março a marca de 2 milhões de terminais LTE (4G) habilitados em redes de operadoras, segundo a Anatel. A agência contabiliza o número de handsets compatíveis com a frequência de 2,6 GHz usada para o 4G brasileiro ativados pelas operadoras, mas não necessariamente com um plano de dados 4G contratado. O Brasil somava ao final de março 2,078 milhões de terminais 4G. A base ainda é pequena, responde por apenas 0,76% do total de 273,6 milhões de acessos móveis do mercado nacional, mas acumula um crescimento de 58,6% apenas no primeiro trimestre de 2014. Foram 767,88 mil novas habilitações de handsets LTE de janeiro a março. O 4G já chega a 99 cidades, que concentram 36% da população brasileira, superando em muito a meta de

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Base cresce, receita cai A base global de TV por assinatura cresceu 5% em 2013, chegando a 901,1 milhões de assinantes. No entanto, de acordo com estudo trimestral da ABI Research, a receita média com usuário (ARPU) caiu para US$ 23,80, de US$ 24,10 em 2012. A receita com o serviço no passado foi de US$ 250 bilhões. A base HD continuou a crescer, chegando a 41% da base global. A ABI Research prevê que os assinantes de TV paga em alta definição sejam 57% da base em 2019, apontando o aumento da competição no setor como motor do investimento das operadoras em programação, set-top boxes avançados e serviços complementares, como forma de ampliar o ARPU. No mesmo ano, a base deve chegar a 1,1 bilhão de assinantes, tendo o aumento da conectividade em banda larga como fomentador da IPTV. A base por esta tecnologia deve chegar, em 2019, a 160 milhões de assinantes. A receita com TV por assinatura em geral deve ser de US$ 317,5 bilhões.

cobertura das 12 cidades-sede da Copa do Mundo. Na banda larga fixa, os acessos somaram 22,5 milhões em março. Desse total, 1,6 milhão de conexões foram ativadas nos últimos doze meses, com crescimento de 7,4% no período. A quantidade de acessos em banda larga fixa equivale a 39% dos domicílios brasileiros urbanos com Internet de alta velocidade.

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3DProfi/shutterstock.com

Terceirona

dotshock/shutterstock.com

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O grupo mexicano América Móvil, controlador da Claro, Embratel e Net no Brasil, divulgou no final de abril seu resultado financeiro referente ao primeiro trimestre de 2014. A companhia contou com crescimento nas operações brasileiras, com destaque para o desempenho da TV paga e para as receitas de serviços fixos. Somando as operações das três companhias controladas pelo grupo do bilionário mexicano Carlos Slim, as receitas no Brasil cresceram 8,5% em relação ao primeiro trimestre de 2013, chegando a R$ 8,6 bilhões. As receitas de negócio móvel aumentaram 5,7% e chegaram a R$ 3,329 bilhões. Na divisão de serviços móveis, a companhia conseguiu R$ 3,048 bilhões (crescimento de 3,8%), enquanto a de equipamentos chegou a R$ 280 milhões (crescimento de 32,5%). As receitas de serviços fixos cresceram 11% e totalizaram R$ 5,640 bilhões. "Os serviços de voz ficaram estagnados apesar de corte de 25% nas taxas de interconexões efetivas em fevereiro, junto com a queda de preço por minuto caindo 5,3%", afirmou a empresa em comunicado. O segmento de TV paga foi responsável por 43% das receitas fixas, um aumento de 20,9%. A banda larga, por sua vez, cresceu 22,4%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) foi de R$ 2,237 bilhões, aumento de 15,4%. A margem aumentou 1,5 ponto

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Bom resultado

TV paga respondeu por 43% das receitas fixas do grupo

percentual, atingindo 26,1%. De acordo com a empresa, a melhora foi resultado de "integração de nossas operações e redução de custos associados com o declínio em linhas alugadas e em custos de manutenção de rede".

33,597 milhões de conexões, crescimento de 13,2% na comparação anual e 2,8% em relação a dezembro de 2013. Houve crescimento de 15,5% no segmento de pay TV após o grupo adicionar 432 mil novas conexões, enquanto banda larga cresceu 14,8%. O total de acessos na soma de fixo e móvel foi de 102,3 milhões, crescimento de 6,6% na comparação anual. A companhia registrou 122 minutos por uso (MOU), contra 121 em 2013. A receita média por usuário (ARPU) foi de R$ 15 (queda de 0,9%) e o churn (taxa de fuga de clientes para a concorrência) foi de 3,2%, ou 0,1 ponto percentual acima do que no ano passado.

Operacional Ao final de março, a América Móvil registrou 68,749 milhões de acessos móveis no Brasil, aumento de 3,7% em relação a março de 2013. O aumento de 8,9% na base pós-pago (289 mil adições e 242 mil desconexões) resultou em 14,605 mil acessos pós-pagos, contra 54,144 mil pré-pagos em março. Do total, 25% da base é brasileira, atrás apenas do México, com 27%. Em acessos fixos, o Brasil tem

Adequação A Ancine passou a operar com nova estrutura organizacional em abril. As alterações começaram a ser desenhadas após a aprovação da Lei do SeAC, que trouxe novas atribuições para a agência reguladora. Entre as mudanças apresentadas destacam-se: a criação da Secretaria de Políticas de Financiamento, que irá auxiliar a Diretoria Colegiada no desenho da estratégia e na supervisão das atividades de fomento; a transformação da Superintendência Executiva em Secretaria Executiva; a criação das coordenações de Suporte Automático e de Suporte Seletivo no âmbito da Superintendência de Desenvolvimento Econômico; e a criação das coordenações de Estudos Regulatórios e Concorrenciais e do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual no âmbito da Superintendência de

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Análise de Mercado, antiga Superintendência de Acompanhamento de Mercado. O titular da Secretaria de Políticas de Financiamento é Paulo Alcoforado, ex-diretor e ex-superintendente de Fomento da Ancine. Para o lugar dele na área de Fomento, foi indicado o especialista em Regulação Felipe Vogas.

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( figuras) Novo no pedaço

FOTOs: pdivulgação

Produção para TV

Gustavo Baldoni é o novo diretor executivo de TV da produtora Conspiração. Baldoni atua no mercado de produção independente desde 2000 e já produziu programas de TV, documentários e longas-metragens. De 2010 a 2013 foi gerente de produção e projetos do Canal GNT da Globosat. Antes, trabalhou por sete anos no canal Futura, na coordenação do núcleo de criação de programas. O profssional tem Gustavo Baldoni formação executiva em cinema e televisão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Zico Goes, que ocupava desde o ano passado o cargo, passará a cuidar de alguns projetos especiais a partir de junho na unidade de São Paulo.

Investimento

FOTO: João Stoky

Adrien Muselet deixará a diretoria de investimento da RioFilme, onde trabalhou por mais de quatro anos, no final deste mês. Segundo Muselet, a saída se deve a um desejo de voltar a trabalhar na iniciativa privada. Ele será substituído por Mariana Ribas, que foi gerente de investimento não-reembolsável da RioFilme e desde dezembro de 2012 ocupa a função de gerente de fomento na Secretaria Municipal de Cultura do Rio. Em seu cargo atual, Ribas é responsável pela gestão do Programa de Fomento à Cultura Carioca.

Alexandre Britto assumiu o cargo de presidente da iON. Com mais de 18 anos de experiência no segmento de televisão, telecomunicações, TI e no mercado de tecnologia em gera, Britto já passou pelas operadoras SKY, Oi TV, CTBC TV e GVT TV. A empresa atuará como operadora de TV por assinatura, e seus serviços serão comercializados por provedores de internet.

Alexandre Britto

Conteúdo corporativo A Conspiração contratou Mirella Fantoni para atuar com a prospecção de novos negócios no núcleo de produção de conteúdo de marca e corporativo da produtora, o Corp. Formada em jornalismo, Fantoni atua desde 2008 no mercado de comunicação. Já produziu eventos para o Comitê Olímpico Brasileiro, e atendeu contas como Veuve Clicquot, Chanel, Carolina Herrera, Pernambucanas e TV Globo. Ela chega à produtora após ocupar o cargo de gerente de novos negócios da agência de marketing promocional Rock Comunicação por um ano e meio.

Mirella Fantoni

Glazione Rocha, Luiz Cesar Faria, Daniel Correa e João Resende

Executivo Alexandre Raposo assumiu a vice-presidência Institucional da Rede TV!. O executivo foi presidente da TV Record durante oito anos, de 2005 a 2013, e já iniciou suas atividades na nova empresa.

Liderança latina Criativos O escritório da NBS no Rio de Janeiro anunciou a contratação dos diretores de arte Glazione Rocha e Luiz Cesar Faria e dos redatores João Resende e Daniel Correa. Glazione tem nove anos de mercado, com passagens pela McCann Bucharest, BBDO Bucharest e Grey Barcelona Faria, ex- Artplan e F/Nazca, atua no mercado há quatro anos e foi premiado no Creativity Awards, no Young Guns e no CCRJ. João Resende tem passagens pela Artplan, F/Nazca e DPZ e acumula prêmios em festivais como One Show, NY Festival, Young Guns, Festival Brasileiro de Publicidade (ABP) e CCSP, além de shortlist no Festival de Cannes. Daniel Correa passou os últimos quatro anos na Ogilvy de Buenos Aires. Conquistou prêmios em festivais como Cannes, Clio, Effie, El Ojo de Iberoamérica e Yahoo Big Idea Chair. Em 2013, foi o diretor de arte mais premiado da Argentina no Festival de Cannes. 10

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A Viacom International Media Networks The Americas anunciou a promoção de Juan Acosta para vice-presidente executivo, CFO (Chief Financial Officer) e executivo responsável pela área de produção da companhia, que opera várias marcas globais no mercado hispânico dos Estados Unidos, na América Latina (incluindo o Brasil) e no Canadá. Nesta nova função, Acosta será responsável pela liderança financeira do portfólio de entretenimento da Viacom que inclui MTV, Nickelodeon, Comedy Central, VH1 e Tr3s nos EUA. Além disso, ele supervisionará a estratégia de produção original da empresa, incluindo adaptações de formatos da América Latina para as redes associadas em todo o mundo, bem como as áreas de finanças, gestão da produção, customizações e expansões de franquia. Baseado em Miami, Acosta se reporta a Sofia Ioannou, diretora geral da VIMN The Americas e a Scot Mc Bride, EVP e COO da VIMN The Americas. •

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Mídias digitais

Retorno

Ezequiel Fonseca Zas é o novo diretor sênior de mídia digital da Viacom International Media Networks Américas. Ele será responsável pela supervisão criativa e operacional das mídias digitais para as marcas MTV, Nickelodeon, Nick Jr., Comedy Central e Vh1. Com base na Argentina, Ezequiel se reportará a René Rodríguez, vice-presidente de mídia digital para VIMN Américas. Antes de ingressar na VIMN, Fonseca atuou como diretor de Ezequiel Fonseca Zas mídia digital global para Wobi, foi gerente de negócios digitais na Lanacion.Digital Bu e gerente de serviços de marketing na La Nacion Newspaper & Revistas Bu.

A Peppery Comunic contratou César Arantes para o cargo de diretor de atendimento. Ele se reportará diretamente ao presidente da agência, Guilherme Pierri, e o sócio-diretor executivo de planejamento Bruno Bernardo. Arantes atenderá clientes como Danone, Puma, Vivo, Revlon, Hotéis Bourbon e Rubaiyat. Com nove anos de experiência, acumula passagens por agências como Ogilvy, Lew Lara, Publicis e Fischer.

Parceria internacional

Nova diretoria

FOTO: André Cavalheiro

A Zohar Cinema firmou joint venture com Marcos Mello, fundador da Cavallaria, estúdio de ficção com mais de 250 obras produzidas. Com a união, o profissional passa a fazer parte do casting oficial de diretores de cena da Zohar. Ele continuará com sua atuação com a Cavallaria, onde desenvolve projetos autorais, art fashion film, obras para galerias de arte e projetos de cinema. Marcos ingressou no mercado das artes com Marcos Mello 15 anos como artista plástico e desenhista de comic books. Depois, se dedicou a direção de cinema e à produção de filmes conceituais, estéticos e lifestyle para marcas do setor de moda e beleza. Na lista de produções nas quais Mello atuou estão filmes para Volvo, C&A, Dove, Asics, Vogue, Elle e Marie Claire.

O colombiano Juan Zapata, nascido em Medelín e residente no Brasil há dez anos, é o novo diretor do Instituto Estadual de Cinema (IECINE) do Rio Grande do Sul. Zapata é diretor, produtor e promotor de circuitos alternativos de distribuição de cinema latino-americano, e atua em oito países por meio de sua produtora Zapata Filmes e da rede Latinópolis Filmes, criada no México em 2012. Ele desenvolveu sua carreira no Brasil, onde dirigiu os Juan Zapata documentários de longa-metragem “Fidelidad” (2005), “A Dança da Vida” (2008), e “Ato de Vida” (2010), e seu primeiro filme de ficção, “Simone” (2013). Também produziu para empresas como Terra, RBS TV e Canal Brasil. T e l a

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César Arantes

Out Of Home O Grupo Four Midia contratou Renato Leite para atuar no atendimento da Four City, seu braço de dedicado a OOH – Out Of Home. Com 20 anos no mercado publicitário, Leite já passou pelo comercial de grandes veículos como Revista Piauí, Istoé Dinheiro e TV Bandeirantes. Outro reforço foi a contratação de Lucia Santa Rosa, que com 35 anos de experiência no mercado fica com o atendimento do Grupo Four Midia, ao lado de Alessandra Abate e Marco Defanti. A profissional já passou por grandes agências, como Young & Rubicam, WMcCann, Delta e Wunderman Brasil.

Efeito Especial A Bossa Nova Films contratou o diretor Thiago Eva, profissional com expertise em pós-produção e efeitos especiais. Thiago estreou na produção audiovisual em 1997 na Casablanca, já trabalhou com Fabio Soares na criação da Conspiração Digital e na pós-produção da Margarida Filmes. O profissional já dirigiu para agências como a África, F/Nazca e DM9DDB. Entre os projetos autorais, dirigiu e criou com a Leo Burnett a Thiago Eva campanha de lançamento do Indie Lisboa - Festival de Cinema Independente de Lisboa e, no ano passado, abriu uma filial da Galeria Urban Arts, em São Paulo.

Estratégia global A Disney e a ESPN Media Networks promoveram Eric Ratchman para o cargo de vice-presidente sênior de distribuição e estratégia global. O executivo continuará gerenciando a área de vendas de afiliadas nos Estados Unidos, além do time de estratégia e operações globais da Disney Media Distribution. Ele se reporta a Ben Pyne, presidente da área de distribuição global da Disney Media Networks, e David Preschlack, vice-presidente executivo de marketing e vendas de afiliadas da Disney e ESPN Media Networks.

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Mario Buonfiglio

cartas.telaviva@convergecom.com.br

Os campeões da tecnologia

O Mundial de 2014 ganhou importância histórica para os broadcasters brasileiros. Na primeira Copa multiplataforma, canais abertos e por assinatura armaram um arsenal gigantesco para mostrar com a mais alta tecnologia os 64 jogos nas 12 cidades-sede.

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editoria de arte cvg sobre fotos de divulgação/Krivosheev Vitaly/Pitroviz

egundo dados da FIFA divulgados na Copa realizada na África do Sul, em 2010, o show das maiores seleções do futebol foi visto ao vivo por mais de 3,2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Por aqui, quatro anos depois, um aumento expressivo de investimentos em infraestrutura e em vários segmentos, como a propaganda e os produtos licenciados, se intensificaram nos últimos meses. Isso sem falar nos avanços do maior companheiro dos torcedores: o aparelho de televisão. Segundo a Eletros, Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, a previsão é vender para o varejo de 16 a 18 milhões de televisores este ano, no mínimo mais de 10% acima do que o ano passado e 30% superior em relação ao evento anterior do Mundial, em 2010. Só em fevereiro deste ano, as vendas tiveram alta de 52% em comparação ao mesmo período do ano passado. Para 2014, as novidades que fazem brilhar os olhos do consumidor são os aparelhos de tecnologia Oled e 4K. Sony e Samsung lideram o segmento das telas grandes. Os modelos da Sony custam R$ 7.999,99 e R$ 11.499,99 para os tamanhos de 60 e 70 polegadas, respectivamente. Ambos os fabricantes incluem nestes aparelhos a possibilidade de cortar o áudio da narração e acessar o conteúdo especial produzido pela FIFA. Diante da constatação inegável do alcance da TV, é fato que os investimentos em tecnologia na cobertura da Copa do Mundo não

param de crescer. Com sede na Suíça, a geradora oficial das imagens da Copa do Mundo, a HBS (Host Broadcast Services), se especializou desde 1999 na cobertura de grandes eventos do esporte mundial. Responsável pela geração das imagens da Copa do Mundo pela primeira vez em 2002, a empresa tornou-se referência graças aos conceitos diferenciados de produção e de transmissão que desenvolveu. Para este ano, 34 câmeras serão distribuídas em cada arena, duas a mais do que na Copa anterior. Entre as responsabilidades da HBS, além da produção, está a construção, gestão e desmontagem do Internacional Broadcast Center (IBC), localizado no Riocentro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. “Quando termina uma Copa, já 12

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iniciamos o planejamento da próxima”, revela José Mariño, diretor de engenharia de jornalismo e esporte da TV Globo. “Temos um estreito relacionamento com a HBS, pois contratamos junto a ela as facilidades de que necessitamos para nossa cobertura unilateral nas arenas e no IBC. Nos estádios, contratamos espaço físico e energia no TV compound para as nossas unidades móveis, estúdios de narração, posições de câmera exclusiva e os circuitos para interligação. No IBC, contratamos espaço físico e facilidades prediais, acesso aos sinais dos jogos e ao servidor de imagens da FIFA”. Segundo Mariño, a emissora levará a seu público a visão mais


abrangente possível do evento, tanto nas arenas quanto nos Centros de Treinamento, nos hotéis e nas cidades por onde as seleções circulam. Será criada também uma redação dentro do IBC com capacidade para realizar a edição de matérias e entrevistas ao vivo, além de uma central técnica para receber os sinais ao vivo das arenas e retransmiti-los para a redação central no Jardim Botânico, também no Rio. Roberto Primo, diretor de tecnologia e operações da Globosat, programadora dos canais SporTV, acrescenta que dois anos antes do início do evento os trabalhos se intensificam e o formato de cobertura é definido. “Na entrega oficial da HBS teremos mais duas câmeras na captação dos jogos (túnel de acesso e mais uma câmera reversa), duas câmeras super slow de 300 a mil frames por segundo e mais feeds com geração de conteúdo”, antecipa Primo. Entre as novidades na cobertura do SporTV, além da presença física no estádio em todos os jogos da Copa, o canal terá 31 equipes espalhadas em todas as cidades-sede e 12 equipes pelo mundo, todas com condições de entrada ao vivo. “Além disso, construímos um glass studio na Ilha Fiscal em formato de meia bola de futebol com uma arquitetura inovadora e com surpresas no uso de elementos virtuais” adianta. Para mostrar todos os detalhes da maior competição esportiva já realizada no Brasil, o SporTV contará com uma equipe de 600 profissionais, sendo 430 credenciados para os locais de competição e centros de imprensa. Outra emissora que tem direitos na transmissão da Copa do Mundo é a Bandeirantes. Compreendendo também o canal por assinatura BandSports, o grupo intensifica sua tradição no esporte e aproveita a cobertura de suas 105

retransmissoras para garantir o show para o telespectador. Fernando Ferreira, diretor geral de engenharia da TV e Rádio Bandeirantes/BandSports, diz que o estúdio que a emissora montou no IBC está preparado para entradas ao vivo, assim como a habitual cobertura das câmeras exclusivas nos jogos do Brasil, tudo operado em HD e com sinais redundantes. “Temos a nosso favor o fato de as geradoras da TV Bandeirantes estarem presentes em todas as praças onde acontecem os jogos. As afiliadas

também estão fazendo um grande trabalho, principalmente neste último ano e meio do projeto”, afirma Ferreira. Uma novidade adotada pela FIFA este ano será o uso do goal-line technology, um sistema que determina se a bola entrou ou não no gol. São 14 câmeras de alta resolução que mapeiam o movimento da bola em um espaço tridimensional. Cada vez que a bola cruza a linha de gol, 3,5 mil frames por segundo de

Soluções no ritmo da bola

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Copa do Mundo também impulsiona um grande número de empresas, técnicos e engenheiros que oferecem suporte às emissoras em todo o país. Entre estas soluções, a AD Digital, com sede em São Paulo, oferece o Logger, uma ferramenta de metadados rápida na operação, como exige o futebol. Um exemplo é clicar em um botão “Gol” ao invés de escrever “Gol”, para marcar uma cena. E há botões com os nomes dos jogadores para associar quem fez o lance. Com isso, eliminam-se erros dos usuários e o processo de log fica mais rápido. Para os clientes, a ideia é ter todos estes metadados prontos para o processo de edição, mesmo ao vivo, direto na timeline. “O Logger vai se adequar às necessidades da Copa do Mundo e Olimpíadas. Vai haver uma grande necessidade de gerenciar mídia. Estamos trazendo ferramentas novas e eliminando erros no processo, afinal, todos precisam gerenciar mídia e monetizar essa mídia”, garante Sonia Poloni, gerente de marketing da AD Digital. Entre outras novidades, a empresa também disponibiliza o Aviwest, que veio para o mercado brasileiro com o objetivo de otimizar a transmissão e tornar os processos um pouco mais práticos. Os equipamentos foram desenvolvidos para que geradores de conteúdo possam usar o 3G e o 4G, além da opção em LAN, permitindo a transmissão em qualquer lugar ou situação, nos hotéis, Centros de Treinamento, estádios e outras áreas das cidades-sede na Copa do Mundo, com custos reduzidos quando comparados com a transmissão via satélite. Outro importante segmento de suporte às emissoras é o das unidades móveis. Estrategicamente montadas dentro dos mais rígidos critérios de qualidade e robustez, estes módulos de produção contribuem significativamente para o sucesso das operações de grande eventos. Localizada em Porto Alegre, a Start Vídeo e Transmissão disponibilizou para a emissora local sua UM com 11 câmeras, todas em HD. “Estamos As unidades móveis são um dos equipamentos montando também um estúdio em HD e renovados para atender à demanda da Copa outro em SD. Oferecemos todo o suporte de equipamentos e equipe também, uma vez que já estamos neste projeto há três anos, definindo tudo que a emissora precisa para a cobertura da Copa, incluindo o Fan Fest", resume Rafael Dutra, da Start. Na área de suporte técnico às emissoras, produtoras, cinemas, entre outros, a Sony vai mobilizar nesta Copa do Mundo seus serviços de assistência técnica, venda e locação em sua rede de 30 autorizadas e dealers em todo o país. Entre as facilidades para os clientes, o staff da empresa disponibiliza salas com recepção, estacionamento, atendimento em português e inglês, pagamento com cartão de credito e custos de manutenção cobrados por hora. Os serviços incluem inspeção, diagnóstico e eventual reparo feito por engenheiros nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.

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Controle de HBS: empresa é a responsável pela geração da imagem de todos os mundiais da Fifa

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principal. “Todas essas câmeras são muito bem marcadas para não perder nenhum lance, sempre com recuperação, ou seja, com todos os sinais gravados simultaneamente em um equipamento EVS (Multi-Camera Recording)”. Jackson observa também que uma equipe afinada é fundamental na transmissão de futebol. “É muito importante o diretor de TV conhecer os jogadores e técnicos, pois assim fica mais fácil pedir um determinado jogador para o cinegrafista. E por falar em cinegrafista, eles são os olhos do diretor dentro do campo, pois veem tudo e nos auxiliam na tomada de decisões. Tenho sempre uma boa conversa com toda a equipe antes do evento, repassando tudo o que pode vir a acontecer na transmissão” ensina. Jackson também lembra que, em geral, um jogo de futebol é mostrado ao telespectador por meio de uma câmera principal, também chamada de câmera 1. É a imagem que fica mais tempo no ar. Sua missão é dar a impressão ao telespectador de que ele está no meio da arquibancada acompanhando o jogo, do alto. Esta câmera fica posicionada bem acima da linha que divide o campo e a bola nunca pode deixar de ser vista por ela. A foto: TV Globo/Joao Cotta

geradora, as emissoras de TV locais licenciadas no Brasil (Rede Globo, Rede Bandeirantes, BandSports, SporTV, ESPN Brasil e Fox Sports) podem contribuir com imagens de câmeras exclusivas, mas nunca com a bola em jogo. De acordo com Conceito e exigências José Mariño, da TV Globo, as câmeras Entre as inovações exclusivas têm que obedecer implementadas pela a uma lógica editorial bem HBS, algumas entre as clara, para que realmente presentes desde 2002, novidades contribuam com informação está o conceito do para este ano relevante. “Temos que levar Dream Team, prática que divide a cobertura estão o goal- em conta que a HBS dispõe dos jogos entre line, câmeras de 34 câmeras cobrindo o evento, todas com diretores que extras e os recuperação de imagem trabalham com equipes testes de 4K (replay). Cada detentor de próprias, como se direitos tem a sua estratégia fossem times. Na Copa particular com relação a onde colocar e da África do Sul foram sete diretores como usar estas câmeras”, adverte. que seguiram, de acordo com o book Quanto ao plano de câmeras e sua da empresa, uma série de princípios, disposição nas arenas da Copa, o diretor entre eles: de TV Jackson Stefani, com 14 anos de - Adotar um estilo clássico de alta experiência e habituado à transmissão de qualidade, que sirva para o público grandes eventos como a Copa do Brasil e internacional; Copa Libertadores da América, acredita - Uma cobertura simples, coesa, que a cobertura da Copa do com um determinado número de Mundo deste ano será um câmeras ao vivo; show, apenas lembrando que, - Os diretores devem manter-se mesmo com um número neutros, proporcionando uma visão grande de câmeras à imparcial do jogo; disposição, em geral de seis a - Uso de replays apenas em oito dão conta da ação situações relevantes; - Câmeras especiais (sistemas de cabo, por exemplo) serão utilizadas “Quando termina uma com critério e não forçadas para Copa, já iniciamos o dentro da cobertura. planejamento da próxima”. Diante das diretrizes da empresa José Mariño, da TV Globo imagens são enviadas para o processamento. Em até um segundo, o árbitro recebe em seu relógio de pulso a validação ou não da jogada.


“É muito importante o diretor conhecer os jogadores e técnicos”

Como não poderia deixar de ser, as mídias sociais e o efeito segunda tela terão atenção especial neste Mundial. E para fazer frente a essa tendência as emissoras apostam em seus diferenciais. Fernando Castelani, diretor de engenharia e operações da ESPN Brasil, avalia que o ponto forte de sua programação está na profundidade e qualidade das informações para o torcedor. “Vamos utilizar recursos tecnológicos e informações estatísticas de uma maneira mais inteligente. A ESPN já tem um grande know-how lá fora e iremos aproveitar isso como toda a força no Brasil. Serão vários tipos de análises de jogadas, comparativos de times, gráficos virtuais e ferramentas de interação com nossos assinantes, trazendo qualidade nas discussões em nossos programas. Faremos ainda uma ampla cobertura com foto: divulgação

câmera 2 serve ao diretor como uma imagem de corte rápido, no meio da jogada, com o intuito de levar o telespectador para “dentro do campo”. Sua posição é ao lado da câmera 1 ou um pouco abaixo, dependendo da altura da arquibancada. Já a de número 3 também é uma câmera de corte rápido e está posicionada no nível do campo e na linha que divide o gramado. É com essa câmera que são mostrados os times entrando em campo. Se acontecer uma falta, sua função é focar sempre no jogador que a sofreu. As câmeras 4 e 5 estão posicionadas atrás de cada gol e normalmente é o primeiro replay a ser mostrado. Existem também posições de câmera 5A e 5B, marcadas atrás da linha de fundo. São câmeras de detalhe porque mostram sempre a reação dos jogadores de frente. Seu posicionamento na linha também é útil para esclarecer lances polêmicos, como por exemplo se uma falta ocorreu dentro ou fora da área. As câmeras 6 e 7 servem para mostrar a linha de impedimento e a câmera 8 trabalha invertida da transmissão principal, com a função de mostrar de frente os técnicos e os bancos de reserva. Jackson Stefani considera ainda a chamada câmera inglesa. “Essa câmera foi usada pela primeira vez na copa do mundo de 1978. Ela fica posicionada atrás do gol mas na parte superior, pois com o replay dela você consegue ver toda a disposição tática do ataque e defesa na hora do gol. Hoje com a tecnologia disponível existem outras alternativas como o Cablecam”, completa Jackson. Dados na rede Uma grande infraestrutura de fibra óptica foi implantada para atender às demandas da Copa do Mundo. Com investimentos na ordem de R$ 79,2 milhões, a Telebras é a responsável pelo tráfego de dados das imagens em alta definição entre as arenas e no Centro Internacional de Transmissão (IBC). Para garantir a

Jackson Stefani, diretor de TV

robustez dos sinais, links redundantes de 30 Gbps serão utilizados, conforme exigência da FIFA para atingir o patamar mínimo de disponibilidade de 99,99%. A tecnologia utilizada pela Telebras para iluminar as fibras é o DWDM (Dense Wavelengh Division Multiplexing), com equipamentos desenvolvidos no País, e que permite a transmissão simultânea de diversas programações em HDTV. Também estarão correndo pelas fibras ópticas do IBC sinais de áudio 5.1 Surround Sound, áudio 24 bit/48 KHz sem compressão para os comentaristas, canais de compilação de clipes e Multi-Feed. Ao término da Copa, essas infraestruturas se incorporam à rede da Telebras e ficam como legado para utilização no Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).

Iluminaçõa dos estádios também foi reformulada

interruptor

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ara garantir que as imagens da Copa do Mundo sejam vistas com a maior fidelidade possível, uma nova configuração de iluminação das arenas foi implementada. No Maracanã, por exemplo, foram colocados 396 projetores EF 2000, que utilizam lâmpadas com tecnologia de multivapores metálicos e com potência de 2.000 watts cada. Sua temperatura de cor é de 5.600 Kelvin, valor equivalente à luz do dia. Na arena da Baixada, em Curitiba, serão 308 refletores com a tecnologia de LED. Em relação aos níveis de luz, foram determinados pela FIFA os valores acima de 2.000 lux para as quatro câmeras fixas e 1.800 lux para as quatro câmeras móveis. Critérios de posicionamento das fontes luminosas foram levados em conta em cada arena para evitar o ofuscamento de jogadores, árbitros e torcida. Outra questão é com relação ao contraste. Nos planos onde as câmeras têm ao fundo as arquibancadas e o público, é exigida a iluminação das treze primeiras fileiras. O plano técnico de luz deve garantir também que a poluição luminosa para fora do estádio seja controlada.

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( capa ) SNGs (Satellite News Gathering) e streaming 4G cobrindo o Brasil e os principais times da Copa. Além de uma grande sinergia com as ESPN americana e latina, teremos possibilidade de entrar ao vivo de estúdios ou posições nos pontos e cidades mais importantes” conclui Castelani. Ainda em relação à segunda tela, Fernando Ferreira, da TV Bandeirantes aposta também no crescimento desta ferramenta para buscar informações pré ou pós jogo. “Já estamos com tudo pronto na band.com para isso. Porém, nos jogos da seleção brasileira, sabemos que os torcedores irão preferir assistir as partidas com a melhor qualidade e nas maiores telas ao invés dos tablets", pondera. 4K Depois de muitas Copas do Mundo televisionadas em aspecto 4x3, muito se discutiu no ano de 2006 se a transmissão estaria pronta para o HDTV. Afinal, os testes para definir o padrão de TV digital no Brasil estavam sendo finalizados e a expectativa era grande. Mas não foi daquela vez que os brasileiros puderam ver com mais riqueza de detalhes os maiores craques do planeta. A televisão digital só iria se tornar realidade no dia 2 de dezembro de 2007. Agora o cenário é outro, com 38 cidades brasileiras transmitindo a TV digital (21 capitais e 17 cidades-polos). Com o HDTV definido praticamente como um standard na produção de televisão, os olhos da indústria rapidamente adotaram o 4K como uma experiência de entretenimento única e totalmente convincente na qualidade de imagem. Na Copa do Mundo realizada no Brasil, pelo menos três jogos, entre eles a final no dia 13 de julho, serão captados com a nova tecnologia. Com a intenção de acelerar a oferta de conteúdo em 4K, FIFA e Sony anunciaram para esta Copa um acordo operacional que abrangerá a

Pela primeira vez, juizes terão informação sobre a passagem da bola pela linha de gol

produção de ponta a ponta, com a linha de câmeras CineAlta PMW-F55, as unidades de armazenamento PWS-4400, os monitores PVM-X300 e o switcher multiformato MVS-7000X. Para o público, serão exibidos os clipes e filmes promocionais nos espaços onde acontecem o FIFA Fan Fest, nas lojas de varejo e showrooms da Sony espalhados pelo país. Pactuando do potencial que a tecnologia oferece, José Mariño, da Globo, diz que o 4K oferece avanços em termos de qualidade de imagem, mesmo que o produto final seja exibido em HD. “Temos realizado testes com equipamentos 4K

na telona

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ma pesquisa conduzida pela Ipsos Brasil revelou que 79% da população planeja assistir aos jogos do Mundial em casa e junto da família. O estudo, realizado com três mil pessoas com idades entre 14 e 60 anos, aponta que pouco mais da metade (52%) tem grande interesse em assistir ao maior número de jogos possíveis, mas que apenas 14% tentarão comprar ingressos para ver a seleção nos estádios.

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para a cobertura de eventos esportivos com este objetivo, pois nossas unidades móveis são relativamente jovens. A HD1 iniciou sua operação em 2010 e a HD3 em 2012, e ambas foram montadas com tecnologia HD. São equipamentos complexos, com capacidade para até 30 câmeras e que utilizaremos também na nossa cobertura da Copa 2014”, completa José Mariño. Para Roberto Primo, da Globosat, as melhores resoluções são sempre bem-vindas, mas alguns desafios precisam ser superados. “Como em qualquer nova tecnologia, há falta de algumas padronizações, e outras são tão novas que ainda apresentam pouca oferta de soluções pelo mercado profissional de broadcast. Por outro lado, a indústria de eletroeletrônicos tem mostrado mais agressividade nesse sentido, apresentando preços de displays continuamente menores. Neste ano, a Globosat/SporTV fará parte do Mundial como a empresa contratada pela Sony para a captação de algumas partidas na tecnologia 4K”, comemora. Para mostrar ao vivo as 64 partidas do Mundial (56 no SporTV e 8 no SporTV 2, nas últimas rodadas da primeira fase), o canal montou uma grande estrutura tecnológica, com 17 unidades de transmissão via satélite, oito unidades móveis e 43 kits completos de reportagem no Brasil e no exterior. Também faz parte do projeto do canal 34 equipamentos portáteis que permitem transmissões ao vivo via 3G ou wi-fi. Ao término da Copa do Mundo de 2014, muito será discutido sobre o que foi ou não deixado como legado para o nosso país. Em relação à televisão, é certo que esta experiência deixará sua marca. “O brasileiro gosta muito de futebol. Por isso, nós broadcasters temos um compromisso muito grande de manter este nível de exigência e o padrão de qualidade de ponta a ponta alcançado neste Mundial”, conclui Fernando Ferreira, diretor geral de engenharia da Band.



cobertura

(fornecedores)

Fernando Lauterjung, de Las Vegas

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Momento de fusões Com o fortalecimento de empresas de software e a chegada dos gigantes online, mercado de soluções para broadcast e produção passa por consolidação.

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FOTOs: divulgação

indústria de tecnologia para broadcast e produção passa por uma fase de rearranjo. Na virada do século, uma mudança importante já tomava curso, se concretizando ao longo da década passada. Foi quando os fornecedores de software passaram a ter um papel importante nesta indústria. Diversas soluções vendidas com hardware dedicado passaram a concorrer com outras baseadas em software, com hardware importado do universo de TI. No último evento da NAB, que aconteceu em abril em Las Vegas, ficou claro que uma nova mudança está em curso, e que os players tradicionais estão se movimentando para responder a esta evolução. Por um lado, soluções baseadas em cloud computing chegaram ao broadcast. Por outro, os componentes eletrônicos se tornaram commodities, permitindo que novas empresas passassem a competir em categorias antes muito especializadas de equipamentos, como câmeras, roteadores e até transmissores. O resultado é que o setor começa a sentir a chegada de novos players e o crescimento acelerado de outros, como a Blackmagic Designs, respondendo com aquisições e fusões de players tradicionais, e um esforço enorme dos gigantes para manter a competitividade nesse universo. A promessa de vendas elevadas com a transição digital da TV em

Empresas buscam oferecer cada vez mais soluções end-to-end

todo o mundo levou alguns fundos de investimento a comprar fornecedores de soluções broadcast há alguns anos. Hoje, muitas destas empresas estão à venda, ou foram recentemente vendidas, enquanto outras saíram às compras, no intuito de formar companhias com maior escala global e, aí então, irem para a prateleira. O discurso adotado, quase sempre, é garantir uma linha de produtos “end-toend”, embora seja rara a notícia de que um grupo de mídia tenha comprado uma solução tão completa.

A mais ruidosa das aquisições certamente foi a da Grass Valley, que foi comprada pela fabricante de transmissores Belden por US$ 220 milhões 18

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A mais ruidosa das aquisições certamente foi a da Grass Valley, que foi comprada pela fabricante de transmissores Belden por US$ 220 milhões e fundida com a Miranda, outra companhia tradicional do setor adquirida pela Belden. A nova Grass Valley se tornou, imediatamente, uma empresa com uma linha mais completa de soluções, uma vez que as linhas de atuação da antiga Grass Valley e da Miranda são complementares. O momento é bom para a Grass Valley, que estava nas mãos de um fundo de investimentos sem qualquer experiência no setor e agora passa a fazer parte de um grupo especializado em broadcast. Na apresentação da nova empresa em Las Vegas, Marco Lopez, presidente da empresa, disse que “a


estabilidade e a influência da Belden, que tem provada presença estratégica no espaço broadcast, nos permite ter escala e proporcionar um nível de suporte ao mercado que não pode ser alcançado (pela concorrência)”. Para o executivo, o momento é interessante para todo o setor. “Estamos vivendo o momento mais excitante nos mercado de broadcast e mídia. Nos últimos cinco anos, a TV migrou do confinamento em uma sala para o conceito de TV everywhere. Os consumidores estão assistindo conteúdos ao vivo e sob demanda em outras telas conectadas e dispositivos móveis”, disse. Outra importante aquisição foi a da Snell, por parte da Quantel. A fusão não resulta em uma empresa tão completa quanto a nova Grass Valley, mas cria um competidor importante, com soluções em edição e finalização,

“Estamos vivendo o momento mais excitante nos mercado de broadcast e mídia. Nos últimos cinco anos, a TV migrou do confinamento em uma sala para o conceito de TV everywhere.” Marco Lopez, da Grass Valley

controle e monitoração, roteadores, conversão e restauração, switchers e gestão de conteúdo. Na contramão, a Harris Broadcast se dividiu em duas empresas: Imagine Communications e GatesAir. A última ficou com a parte de transmissão de rádio e TV da Harris, um dos maiores fabricantes globais de transmissores, com fábrica inclusive no Brasil. Já a Imagine herdou as soluções da produção até o play-out.

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A Adobe é um excelente exemplo de como empresas de software ganharam ainda mais destaque no mercado broadcast. Com pouca participação de mercado há cinco anos, quando a Apple dominava o mercado de edição com o Final Cut Pro, se tornou uma espécie de solução padrão de edição em produtoras. As gigantes online também estão galgando espaço importante nesta indústria. A Amazon, por exemplo, mostrou na NAB que tem muito mais do que livros para oferecer. A empresa tinha um dos grandes estandes do evento, oferecendo soluções de distribuição de vídeo online.


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Fernando Lauterjung

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Ultra-HDTV, ou TV em 4K, estava entre os principais assuntos nos pavilhões do evento da associação de broadcasters dos Estados Unidos, o NAB Show, que aconteceu em abril, em Las Vegas. O 4K estava presente nos estandes e também nos debates mercadológicos e políticos. Os Estados Unidos já começam a desenvolver um novo padrão de TV digital, comportando, entre outras coisas, a ultra-alta definição. Ainda há um ceticismo quanto à adoção da nova tecnologia pelo consumidor. Para realmente se beneficiar de toda esta resolução, são necessárias telas de tamanhos incompatíveis com a maioria dos lares. No entanto, para os produtores de conteúdo - dos independentes aos grandes estúdios, passando pelos broadcasters - é importante ficar atento à mudança, uma vez que uma transição em massa para a nova resolução pode determinar quanto valerá, no futuro, um conteúdo em HD para exibição em telas ultra-HD. A boa notícia é que a nova tecnologia chega para todos. Boa parte dos lançamentos em 4K eram câmeras, já com preços bem atrativos. Veja algumas das soluções de câmeras apresentadas no evento.

Fotos: divulgação

Blackmagic Design

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Blackmagic Design apresentou um modelo de câmera de estúdio Ultra-HD para produção ao vivo custando pouco menos de US$ 3 mil, sem lentes. A Blackmagic Studio Camera, vale destacar inclui um monitor de alta definição de 10 polegadas. Segundo a fabricante, trata-se da menor câmera de estúdio do mundo, com o maior viewfinder existente. A mesma empresa, hoje mais uma gigante no setor de soluções para broadcast, também atualizou seus switchers de produção de baixo custo para 4K. O equipamento chega ao mercado em junho, com outra versão ainda mais em conta, mas que não é 4K. O modelo HD da câmera chegará por pouco menos de US$ 2 mil. A fabricante também apresentou a câmera 4K Ursa, que traz como novidade uma unidade de sensores intercambiáveis com diversas montagens de lente, custando A Ursa 4K traz como novidade uma aproximadamente US$ 6 mil. O unidade de sensores intercambiáveis equipamento grava em até 3840 x 2160 com diversas montagens de lente. pixels a 60 quadros por segundo. Os modelos disponíveis serão EF, PL, Broadcast B4 e Ursa HDMI. O modelo EF também chega ao mercado no meio do ano.

Blackmagic Studio Camera é a menor câmera de estúdio do mundo, com o maior viewfinder existente.

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Primeira câmera da Aja dá saída em 4K a até 120 quadros por segundo.

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utro fabricante que levou a Vegas um modelo 4K mais acessível, pelo menos em comparação com os modelos disponibilizados pelos fabricantes tradicionais, foi a Aja, com a câmera Cion 4K, custando quase US$ 9 mil. O equipamento dá saída em 4K a até 120 quadros por segundo para um gravador externo. Trata-se da primeira câmera da fabricante de placas de captura. O sensor 4K CMOS é do tamanho APS-C e a montagem de lentes é PL. A gravação é na mídia proprietária Aja Pak, baseada em memória em estado sólido e com versões de 256 GB e 512 GB. A câmera conta com quatro saídas de vídeo 3G-SDI; duas 3G-SDI para monitor; dois conectores BNC, um na frente e outra atrás do equipamento; duas portas HDMI, também um na frente e outra atrás. Há ainda duas entradas de áudio XLR e uma saída para fones de ouvido. Um conector RJ45 permite usar redes LAN 10/100/1000 Mbps. Os formatos suportados são 4K (4096x2160), Ultra HD (3840x2160), 2K (2048x1080), 1080 HD (1920x1080).


Sony

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Sony anunciou a nova câmera “mirrorless” full-frame Alpha 7S, voltada ao mercado still e de produção em vídeo. A grande vantagem do equipamento é o tamanho do sensor, que permite um bom desempenho em condições com pouca luz. Seguindo os modelos antecessores, conta com uma linha de lentes da própria Sony e outra Zeiss. A Alpha 7S pode gravar vídeo em 2K. Para o 4K, é necessário usar um gravador externo. Trata-se da primeira câmera still capaz ler Alpha 7S pode gravar vídeo em 2K. Para o 4K, é necessário usar um gravador externo. todo o sensor full-frame (na verdade, apenas a área que forma a imagem 16:9 em um sensor 3:2) e dar uma saída em tempo hábil para dar uma saída 4K 30p. É importante ressaltar, esse processamento é sem a fusão de pixels e sem pular linhas. A câmera é compacta mesmo comparando com as concorrentes no mercado de fotografia still. Trata-se de uma evolução importante na miniaturização de câmeras full-frame. O equipamento é significativamente menor que Nikon D610 e a Canon EOS 6D, por exemplo. A Sony não divulgou o preço do equipamento no evento.

Segundo a fabricante, a Dragon Carbon Fiber apaga a linha de separação entre câmeras still e de movimento, trazendo o melhor de ambos universos.

Red

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Red levou à feira uma evolução da Dragon, a câmera 6K Dragon Epic, com 19 megapixels. Segundo a fabricante, a câmera proporciona, a cada frame, o mesmo nível de detalhe de uma câmera still. A proposta, no caso de imagens still, é garantir mais chances de conseguir a “fotografia perfeita”, uma vez que é possível gravar a 100 quadros por segundo portanto, a cada segundo, há 100 chances de se conseguir a foto desejada. No lançamento, a fabricante vendeu que o novo equipamento tem potencial de apagar a linha de separação entre câmeras still e de movimento, trazendo o melhor de ambos universos. A câmera pode trabalhar com frame rates ainda maiores, baixando a resolução da imagem. É possível capturar até 150 quadros por segundo. A câmera permite trocar o bocal de montagem de lentes, sendo compatível com produtos Leica-M, Canon, Nikon e lentes PL em geral. A troca de bocal é simples e não demanda ajustes adicionais de foco. A gravação é feita em mídia REDMAG, de memória em estado sólido, com capacidades de 48 GB, 64 GB, 128 GB, 256 GB e 512 GB. Os formatos de gravação são 6K RAW (2:1, 2.4:1); 5K RAW (Full Frame, 2:1, 2.4:1 e Anamorphic 2:1); 4.5K RAW (2.4:1); 4K RAW (16:9, HD, 2:1 e Anamorphic 2:1); 3K RAW (16:9, 2:1 e Anamorphic 2:1); 2K RAW (16:9, 2:1 e Anamorphic 2:1); 1080p RGB (16:9); 720p RGB (16:9).

Arri

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Arri, após anos sem lançar um novo modelo, apresentou no evento em abril a Amira, que usa sensores da Alexa com 14 stops de latitude para capturar 2K em até 200 fps. O modelo é projetado para uso no ombro, sendo voltado à produção principalmente de documentários e notícias. Tal como a Alexa, a nova câmera está disponível com várias opções de licenciamento, dependendo dos codecs, gradação de cores e taxas de quadros necessários. Uma das características do equipamento é a sua resistência. Segundo da fabricante, a câmera está pronta para uso ao sair do case e suporta situações mais arriscadas. A câmera vem um conjunto de “looks” baseados em LUT 3D que podem ser aplicados no set durante as filmagens, poupando tempo de recursos na pósprodução. Há três configurações de câmera à escolha, diferenciadas por seus conjuntos de recursos. Anda é possível completar o pacote selecionando qualquer combinação de montagem de lentes, bateria e placa inferior. O pacote econômico - Amira Camera Set traz as características HD 1080i e 1080p; 75 a 100 fps; formatos ProRes 422 e 422 (LT) de gravação em Rec 709; três looks; parâmetros ajustáveis na câmera para knee, gama e saturação. A Amira Advanced traz recursos adicionais como 100 a 200 fps; ProRes 422 (HQ) de gravação; Log C; funções de look ilimitadas; importação de looks; graduação ASC CDL na câmara; ajuste de branco automático; controle remoto Wi-Fi; monitoração de áudio bluetooth; função de pré-gravação. O pacote completo Amira Premium traz ainda a gravação em 2K (2048 x 1152) e ProRes 4444; importação de LUTs 3D customizados. O equipamento custa a partir de US$ 40 mil. Alexa trabalha com até 2K e é projetada para uso no ombro, voltado à produção de documentários e notícias.

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( making of )

Lizandra de Almeida

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Resgatando o bom humor

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banco Santander está divulgando uma nova máquina de cartão de débito e crédito que funciona acoplada a um smartphone e, para isso, a agência Talent optou por usar o humor. A estratégia nem sempre é bem vista atualmente. Por isso, acertar o tom da interpretação dos atores foi um dos grandes desafios do diretor Paulo Caruso na série de cinco filmes da campanha, dos quais dois já estão sendo exibidos. “O maior desafio conceitual da campanha era fazer um filme engraçado para um banco. Já tivemos vários exemplos ótimos no passado, como o casal Unibanco e os filmes de Bamerindus, mas atualmente tem sido meio difícil, parece que as equipes de marketing têm evitado usar o humor em suas campanhas”, analisa. Nesse caso, porém, a graça está na relação entre os personagens dos filmes, por isso a campanha atingiu o objetivo. No primeiro filme, dois vendedores de pamonhas disputam a clientela na rua, divulgando suas promoções por sistemas de altofalante. A cliente vai de um lado para o outro, perdida entre tantas ofertas. Até que se convence a comprar de um deles, aquele que aceita cartão e usa o sistema do Santander. No segundo filme, um homem grandalhão vai ao analista porque tem um problema: fica violento toda vez que alguém lhe diz não. Ele conta sua história e o analista diz que pode ajudá-lo, mas na hora que o paciente pergunta se ele aceita cartão, a resposta seria não. Entra então o bordão do filme: em vez de dizer não, os personagens murmuram “upa-lelê”. “Os filmes são 100% atuação”, diz Caruso. “Por isso, tivemos uma grande preocupação com a escolha do elenco. Tínhamos que buscar um personagem que não fosse caricato. No caso do filme da terapia, por

Ecolha de elenco foi fundamental pelo tom humorístico dos filmes

exemplo, o analista precisava ser baixo e magro e o paciente, grande. Mas não quisemos usar o estereótipo do lutador de jiu-jitsu, por exemplo”, explica. Para conseguir o resultado, conta, mais de cem atores foram testados para cada personagem. Outro desafio da equipe de produção era o de realizar dois filmes na mesma diária, um para a TV e outro para a internet. “Geralmente, quando temos de fazer dois filmes para duas mídias diferentes, temos uma diária com a equipe completa e outra com uma equipe reduzida. Em geral, o padrão é diferente”, afirma o diretor. Nesse caso, os dois filmes foram feitos na mesma diária, por isso a produção teve de fazer um cronograma bem detalhado. A grande dificuldade era a continuidade de luz, especialmente no filme dos vendedores de pamonha, todo gravado ao ar livre. Mas o resultado foram dois filmes com a mesma qualidade para cada uma das mídias. No caso de Pamonha, o filme de internet complementa a narrativa, continuando a história. No filme para TV, o vendedor se dá bem por ter a máquina, enquanto no segundo o vendedor que ficou 24

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para trás questiona as taxas cobradas pelas operadoras de cartão. Mas o vendedor que tem a máquina explica que as taxas são muito menores. No filme de Terapia, porém, a versão para internet conta a mesma história, mas em uma versão mais longa e, portanto, mais clara. “Geralmente, o filme que vai para o portfólio do diretor e da produtora é o da TV, mas nesse caso o da internet é que vai ficar registrado”, diz Caruso.

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ficha técnica Cliente Banco Santander Brasil Produto Institucional Agência Talent Propaganda VP de criação João Livi Direção de criação Philippe Degen, Eduardo Martins Criação Philippe Degen, Eduardo Martins, Beto Rogoski, Daniel Leitão Produção O2 Filmes Direção Paulo Caruso Direção de fotografia Ralph Strellow Direção de arte Marcelo Scanuela Montagem Marcelo Junqueira e Sabrina Wilkins Pós-produção O2 Filmes Trilha Áudio Boutique


Presente de filho as pessoas iam render”, continua. As pessoas escolhidas, porém, entraram na história de cabeça. “Trabalhamos com uma equipe reduzida e, no set, ficávamos só eu e o diretor de fotografia, para deixar mães e filhos mais à vontade”, diz Judith. Na filmagem da fábrica, a equipe optou por usar planos mais fechados, com uma lente macro, e assim reforçar a ideia de tecnologia dos produtos. Todo o processo foi documentado com duas câmeras, para garantir a qualidade. “Usamos também um travelling, que não é um equipamento muito documental, mas quisemos trabalhar uma estética mais apurada.” Responsável pela conta digital da Philips, a equipe de criação sabia que nem sempre um eletrodoméstico é o presente mais esperado pelas mães. “Mas quando foi feito pelo filho, a sensação é totalmente diferente”, afirma Martin.

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uatro duplas de mães e filhos protagonizam a campanha que a Philips lançou para o Dia das Mães. O filme, divulgado no site da empresa, no YouTube e nas redes sociais, tem mais de cinco minutos, que documentam a relação entre as mães e seus filhos, a produção do presente pelos filhos na fábrica da Philips e a entrega dos presentes personalizados. “Quando estávamos pensando na ideia do filme, o pessoal da equipe começou a lembrar dos presentes que deram para suas mães quando eram pequenos e da emoção que isso provocou. Podia ser um cinzeiro horroroso, um desenho torto, a coisa mais feia do mundo, mas a mãe não só se emocionou como muitas vezes guardou por muitos anos”, explica o diretor de criação Martin Insue. O filme então mostra as mães contando sobre a emoção de receber os primeiros presentes de seus filhos. Depois, eles vão à fábrica para ajudar a produzir os aparelhos que vão dar para as mães de presente. E no fim, entregam os presentes para as mães, que assistem ao vídeo dos filhos na fábrica. A intenção, explica Martin, era resgatar esse sentimento do presente feito com amor, pelo próprio filho. A campanha foi toda filmada em Varginha, no sul de Minas Gerais,

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Campanha levou filhos à fabrica da Philips para fazer os presentes

onde fica a fábrica da Philips. “O aspecto mais importante do filme era o elenco, porque as pessoas são o filme”, explica a diretora Judith Belfer. “A partir daí, produzimos praticamente um documentário, sem roteiro e sem saber se

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Cliente Philips do Brasil Produto Institucional Dia das Mães Agência Wieden + Kennedy Direção de criação Ezequiel Soules e Martin Insua Redação Raphael Valenti Direção de arte Augusto Antunes Produção Spray Filmes Direção Judith Belfer Direção de fotografia Gabriel Mucci Montagem Lucas Cabral Trilha Supersonica Pós-produção Squadra Filmes


cobertura

(tv por assinatura)

Samuel Possebon, de Los Angeles

s a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Briga de gigantes

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m mercado de TV por assinatura concentrado, com poucos players, grandes empresas, grande poder de pressão dos operadores sobre os programadores, dificuldades de distribuição de novos conteúdos, pressão para redução dos custos de programação e dos preços aos assinantes. A descrição pode parecer familiar aos brasileiros, mas esta é a realidade do mercado de TV paga nos EUA. Durante o Cable Show 2014, maior evento de TV por assinatura dos EUA, realizado no começo de maio em Los Angeles, o assunto dos bastidores era justamente sobre as consequências da maior operação de fusão entre duas operadoras de cabo naquele país: a compra da Time Warner Cable (11,4 milhões de assinantes) pela Comcast (22,6 milhões de assinantes). Por lá, essa fusão, mesmo que não represente uma concentração total do mercado, que chega a 54 milhões de assinantes de cabo, tem sido suficiente para deixar os programadores apreensivos sobre o excessivo poder de compra de uma única empresa. Isso porque, nos EUA, há ainda mais de 650 pequenos operadores locais, e ainda grandes empresas de TV paga que operam em outras tecnologias, como a DirecTV (20 milhões de assinantes), a Dish (14 milhões de assinantes) a Verizon (5,8 milhões de clientes) e a AT&T (5,5 milhões de assinantes). O receio dos programadores se justifica: a Comcast é, além da maior operadora de TV paga, também uma grande programadora por meio da NBC Universal. E nos últimos anos, 26

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Nos EUA, disputa entre programadores e distribuidores de conteúdo por preço se torna escancarada e expõe novos desafios da indústria de TV por assinatura.

com um mercado praticamente estável em termos de novos assinantes, a grande batalha entre programadores e operadores nos EUA tem sido para aumentar preços. Nesse cenário, a Comcast, atuando como compradora e vendedora, leva vantagem sobre as demais empresas. O problema é que as disputas de preço recentes têm tido consequências drásticas, com conteúdos sendo excluídos de line-ups de grandes empresas por conta de falta de entendimento sobre valores, sobretudo em relação a grandes eventos esportivos. O ápice veio de uma cobrança pública do prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, sobre a ausência dos jogos do time de baseball da cidade, os LA Dodgers, nos serviços locais da Time Warner Cable. Para o presidente e CEO da TWC, Rob Marcus, não há dúvida de que a disputa passou um pouco o limite. "Entendemos que os programadores têm uma pressão das ligas detentoras dos principais direitos e dos custos. Então, temos uma discussão sobre a sustentabilidade do ecossistema. Temos que descobrir como ter uma relação

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melhor, ouvindo o feedback dos usuários", diz ele. O presidente da operadora de cabo Suddenlink, Jerry Kent, vai na mesma linha. "Precisamos de flexibilidade para conseguir pacotes menos caros, algo que não seja um modelo de 300 canais, uma opção mais viável. Se não fizermos isso, vamos ter ou que aumentar preço para o assinante; ou o governo vai interferir; ou os operadores vão ter que cortar alguns canais", disse ele. Os programadores têm uma abordagem diferente. Para John Skipper, presidente da ESPN e co-chairman do grupo Disney, "há uma pressão imensa sobre os custos de programação. Agora, como indústria, não vamos crescer e fazer mais dinheiro todos juntos se não encontrarmos uma forma de crescer o mercado. Se continuarmos no patamar atual, vamos continuar discutindo percentagens de market share". O drama do mercado dos EUA é que ele


não só não cresce como começa a dar sinais de que está se retraindo, o que só aumenta a pressão nas negociações por direitos. Um exemplo acabou acontecendo em maio, após as discussões do Cable Show. A rede de TV NBC (da Comcast) adquiriu os direitos sobre os Jogos Olímpicos nos EUA até 2032 por nada menos do que US$ 7,8 bilhões. A Comcast tem obrigações regulatórias, desde que adquiriu a NBC, de não proibir a distribuição de seus conteúdos a operadoras concorrentes, mas dificilmente a Comcast usaria seu poder de fogo para pressionar a NBC a baixar seus custos de programação, o que pressiona o restante do mercado de operadoras nos EUA a seguir os mesmos preços. Esse é apenas um dos problemas da indústria de TV paga norteamericana. O outro, já "velho conhecido", chama-se Netflix (e demais provedores over-the-top), e seu modelo de negócio que faz com que o modelo tradicional das operadoras de cabo, satélite e IPTV seja desafiado. Tanto é que a NCTA, a principal associação de TV paga dos EUA, faz questão de dizer, em seu próprio site, que a maior provedora de conteúdos por assinatura dos EUA não é nenhuma das operadoras tradicionais, e sim a Netflix com seus 35 milhões de clientes. Impacto profundo Mike Fries, presidente da Liberty Global, uma das maiores operadoras de cabo do mundo, tem uma visão bastante contundente sobre o estrago que os serviços OTT e online vídeo têm sobre os serviços tradicionais. Para ele, os impactos dessa nova realidade já são gigantescos, apesar de os números de assinantes e receitas ainda serem pequenos em relação ao mercado de TV paga tradicional. "Por conta do online video estamos investindo mais em rede, estamos mudando os nossos contratos de

“Se alguém agir para dividir a Internet entre os que têm e os que não têm, nós usaremos todos os recursos à nossa disposição para impedir isso.”

reconheceu as oportunidades dos modelos OTT, mas criticou o fato de que, para os programadores, há poucas informações ainda sobre os hábitos de audiência e resultados da entrega de conteúdos por banda larga. "Apenas os provedores têm esses dados, nós não", disse ela, em tom de

Tom Wheeler, presidente da FCC

programação, mudamos a nossa relação com os reguladores, o debate de net neutrality é todo baseado nisso. A inovação que eles (os serviços OTT) trouxeram já impactou e expôs uma falha. Temos um problema funcional. Temos bom conteúdo, tenho bom serviço, mas eles são mais simples, mais legais e mais acessíveis. Estamos tentando alcançar o que eles oferecem, o que é uma experiência melhor de usuário", diz Fries. Para o presidente da Liberty Global, o terreno não está perdido. "Não inventamos o DVR, mas hoje todo operador tem isso. Não fomos os primeiros, mas conseguimos. Temos que trabalhar no RDK de nossas caixas, temos que trabalhar na experiência do usuário, e trabalhando juntos podemos conseguir qualquer coisa", disse Fries, otimista, referindo-se ao esforço de operadores como a Liberty, a Comcast e a Time Warner Cable de desenvolver um ambiente para set-tops que permita o mesmo tipo de inovação de serviços OTT. Esse ambiente é chamado de Reference Design Kit (RDK) e há dois anos é considerado o grande esforço inovador das operadoras de cabo. A Liberty Global, em sua operadora no Reino Unido (Virgin Media) já distribui o aplicativo do Netflix em suas caixas e integra o conteúdo do provedor OTT ao seu guia de programação. "Acho que não adianta lutar contra. É preciso oferecer isso aos usuários". Rob Marcus, CEO da Time Warner Cable, exalta o aumento de demanda por banda larga que tem sido proporcionado pelo provedores OTT. Já a presidente da programadora A+E Networks, Nancy Dubuc,

queixa. O caminho para os operadores de TV a cabo parece ser o de estabelecer acordos com provedores OTT para criar "vias expressas" para conteúdos por assinatura. São acordos que, na verdade, prevêem que os provedores de conteúdo pagam aos operadores por uma conexão diferenciada. Verizon e Comcast já fizeram acordos desse tipo com a Netflix. O problema é que a FCC, o órgão regulador norte-americano, está revendo o chamado Open Internet Rules (uma espécie de regra para a Internet) e já avisou que não vai permitir acessos diferenciados. Tom Wheeler, chairman da FCC, deu um recado claro durante o Cable Show. “Estou aqui para dizer para vocês: tirem os chapéus de festa, porque as regras de Open Internet serão duras, deverão ser cumpridas e estarão em vigor rapidamente", disse. "O foco da nossa proposta é manter uma Internet rápida, robusta e massificada como uma plataforma para a inovação, para a expressão de opiniões e para os investimentos em infraestrutura. Nosso objetivo são regras que estimulem os provedores de banda larga a continuamente melhorarem seus serviços para todos", declarou o presidente da FCC. Ele foi ainda mais específico. "Deixem-me ser claro: se alguém agir para dividir a Internet entre os que têm e os que não têm, nós usaremos todos os recursos à nossa disposição para impedir isso". Nos últimos anos, a resposta comercial das operadoras de TV paga aos modelos OTT, como o da Netflix, tem sido na oferta crescente de

Rob Marcus, CEO da Time Warner Cable: provedores over-the-top estimulam crescimento da banda larga

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( tv por assinatura) Sapan, da AMC e Weiner, produtor de “Mad Men”: tecnologia propiciou renovação criativa na TV

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série “Mad Men”, e Josh Sapan, CEO da AMC (programadora responsável por sua produção e exibição nos EUA), falaram um pouco sobre o significado do sucesso alcançado nos operadora de DTH, que sete anos da série, cujo último também é fabricante de setcapítulo da última temporada está tops (na verdade, a sendo finalizado esta semana. fabricante é a Echostar, do "O que abriu espaço para séries mesmo grupo) esteja de sucesso como ‘Mad Men’ é que o disseminando o Hopper, custo de talentos se tornou mais um set-top baseado na razoável", disse Weiner. "E com a tecnologia do Slingbox, que diversificação da audiência, não é transmite todos os canais mais preciso apelar para a audiência que estão disponíveis no de massa, é possível experimentar serviço tradicional via satélite pela Internet, mais, e isso tem sido percebido e sem restrições. É uma vantagem que a valorizado pelos anunciantes", disse. Dish tem e que outros operadores não têm. Para ele, esse novo ambiente dá mais Por isso, é crescente a preocupação liberdade aos criadores. "É uma dos operadores de cabo com a iminente comunicação de massa, mas que pode (até a data do fechamento) decisão da ser mais focada. Talvez tenhamos Suprema Corte norte-americana sobre o atingido uma massa crítica para isso", caso Aereo. A disputa é justamente sobre diz ele. É um processo que já vem de se alguém tem o direito de pegar um algum tempo, que começou com a conteúdo que está no ar e torná-la série “The disponível via Internet. Para Tony Werner, CTO mercado americano Sopranos”, e que vem se expandindo. da Comcast, a próxima avalia as "Racionalmente, grande mudança consequências de ‘Mad Men’ é uma tecnológica do mercado é uma concentração série de imenso o cloud TV, com cloud ainda maior. risco, que dificil­ DVR. Ou seja, a men­te passaria em capacidade de colocar o um focus group. Quando a AMC topou conteúdo tradicional na Internet, sem fazer, achei que eles estavam loucos", restrições. "Por isso o Aereo é algo disse o produtor. importante. Estamos oferecendo Já Josh Sapan traz uma outra conteúdos por streaming a partir do VOD perspectiva para o sucesso da série e e queremos ampliar isso", disse ele. de shows que têm a mesma característica. "Primeiro, acho que Era de ouro do conteúdo quando escrevemos coisas como Se por um lado os modelos OTT e a ‘Mad Men’, que têm uma motivação pressão pelos custos de programação têm criativa que não vem do mercado, elevado a temperatura dos debates no isso tem um resultado único. É uma mercado de TV paga norte-americano, visão que envolve a audiência", diz também é verdade que nunca o conteúdo ele. "Mas as tecnologias como o DVR, produzido para TV paga foi tão relevante, o on-demand, a repetição dos seja em termos de audiência, ou em programas em vários horários, tudo qualidade estética ou em termos de isso também ajudou muito porque receitas publicitárias. A impressão que se permitiu que as pessoas pudessem tem é que a TV por assinatura abriu as dar mais atenção ao conteúdo, portas para uma nova forma de produzir assistissem na hora mais conteúdos, com mais criatividade, mais conveniente, pudessem ter uma experimentação e resultados imersão mais parecida com o impressionantes. cinema, e isso ajuda no sucesso dos Durante o Cable Show, Matthew formatos mais complexos". Weiner, produtor executivo e criador da

conteúdos sob demanda e na chamada TV everywhere, que é a possibilidade dada ao assinante de um serviço tradicional de TV ter acesso ao conteúdo pela Internet, onde estiver. Modelo complicado Só que as coisas não têm se mostrado tão simples na vida de operadores e programadores de TV paga. Dois pontos chamam a atenção em relação ao tema: a preocupação de que as pessoas ainda estejam tendo dificuldade de usar os serviços ou ainda conheçam pouco as funcionalidades que estão disponíveis e; a agressividade de operadores tradicionais que começam a usar as possibilidades do TV everywhere de maneira mais intensa, como a Dish tem feito com o seu serviço Hopper. A principal crítica à eficiência do modelo de TV everywhere veio de John Martin, CEO da Turner Broadcasting System. Segundo ele, o modelo de autenticação usado hoje é uma barreira de uso que acaba impedindo os usuários de terem o que eles querem. "É complicado lembrar as senhas, muitas vezes precisamos fazer o login para cada serviço diferente de TV everywhere... Isso simplesmente não funciona", disse. Nancy Dubuc, presidente da A+E, lembra que mais de 11 milhões de pessoas fizeram o download do aplicativo de TV everywhere da programadora, mas poucos usam. Já na discussão sobre o serviço da Dish, a preocupação é que a 28

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O NÚCLEO DE TV DA CONSPIRAÇÃO É COMO A AUDIÊNCIA DOS NOSSOS PROGRAMAS: NÃO PARA DE CRESCER.

O núcleo de TV da Conspiração é como a audiência dos nossos programas: não para de crescer. E nem a diversidade dos temas. Da ficção ao reality show, do comportamento ao documentário, foram produzidas mais de 130 horas de conteúdo nos últimos 12 meses. Apenas de janeiro a abril, já produzimos mais de 50 horas, editadas em 180 episódios. Mas não são só esses números que fazem da Conspiração uma das maiores produtoras independentes do Brasil. O que nos orgulha é a qualidade do trabalho feito pela nossa equipe, que conta hoje com mais de trinta profissionais atuando nas áreas de produção, desenvolvimento de roteiros e pós-produção. Traduzindo todos esses números em palavras, podemos dizer que nosso objetivo é um só: crescer cada vez mais em audiência para fazer a melhor TV que o Brasil já viu.


cobertura

( internacional)

André Mermelstein, de Cannes

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Os emergentes MipTV põe em evidência os players que estão mudando o cenário global da produção de conteúdos, tanto no meio tradicional quanto em novas plataformas.

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edição 2014 do MipTV, mercado internacional de conteúdos que aconteceu no último mês em Cannes, na França, foi marcada pela evidência dada as novos players do setor. Por um lado, são players que vêm ganhando espaço no mercado tradicional de produção para TV, seja com “latas” ou formatos originais, como Israel e Turquia. Por outro, são os gigantes da Internet, que emergem como grandes veiculadores e hoje também produtores e financiadores de conteúdos originais. Israel foi o país da vez nesta edição. A honraria não sai de graça: o país homenageado paga uma boa soma pelo destaque, como o próprio Brasil já fez em edições anteriores. Mas isso não ofusca o principal, que é o que existe para ser apresentado. Com cerca de 7 milhões de habitantes (menos que São Paulo ou Rio), Israel vem se destacando globalmente na criação de formatos scripted e non-scripted, com sucessos como “Homeland” (versão norte-americana da série original “Hatufim”) e “In Treatment”, que teve versão produzida no Brasil pela Moonshot (“Sessão de Terapia”). A consultoria suíça The Wit levantou alguns dos programas de maior sucesso do país no exterior e apresentou-os no evento. Entre os formatos nãoroteirizados (non-scripted) estão alguns conhecidos do público brasileiro, como “Smart Face”, que aqui virou o “Sabe ou não Sabe” na Record, e “Still Standing”, que no Brasil virou “Quem fica em pé”, na

Carloss, do YouTube: conteúdos mais populares estouraram fora de seus países de origem

Band. Também vem de lá o formato original do novo “Superstar”, da Globo, originalmente chamado “Rising Star”. Outros formatos incluem “Are you for real”, reality no qual o participante tem que descobrir, entre três famílias apresentadas, qual é a verdadeira; “Goalstar”, em que celebridades enfrentam ex-jogadores profissionais em um jogo de futebol; e “Secret matchmaker”, em que uma pessoa participa sem saber de um processo no qual ao final terá que escolher um dos participantes para ser seu par romântico. O país também vem apresentando diversos formatos roteirizados, com histórias de apelo universal e em geral custos medianos de produção, como “Castles in the sky”, um drama familiar. E o que está por trás do sucesso dos formatos israelenses? Uma das razões apontadas é a própria restrição que os produtores locais têm dentro do país. Por ser um mercado pequeno, Israel não 30

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comporta produções muito caras, e o mercado local não é suficiente para remunerar as produções. Isso forçou a busca de soluções mais criativas e econômicas. Um bom exemplo é “Sessão de Terapia”, série sem cenas externas, baseada fortemente em roteiro e atuação, e que pode ser reproduzida em diversos territórios, embora com adaptações. “No Japão teve que virar uma série adolescente, pois é incomum adultos irem ao psicólogo. E na Rússia a terapeuta tinha que ser uma mulher, pois não é uma profissão normalmente exercida por homens naquele país”, conta Revital Barel, da Dori Media. “Por alguma razão, nossos vizinhos não compram nosso conteúdo”, brincou Yoram Mokadi, da Hot. “Então temos que buscar outros mercados”, completou. Ele também diz que como os orçamentos são pequenos, quase


toda a verba vai para o texto. Ehud Miron, da Avianey, também aponta razões culturais. “Somos um país de imigrantes, que enfrentou várias guerras, então não temos tanto medo do risco”, diz. Digital Outro destaque do evento foi a participação de gigantes da Internet como Amazon e YouTube, empresas que hoje são muito mais que plataformas de distribuição. Através de seus braços de produção também fomentam, como a Netflix, a criação de conteúdos originais. Para a Amazon Studios, produtora da gigante do e-commerce que cuida da produção original do serviço Amazon Prime, é mais importante para um produto de VOD (vídeo on-demand) ter um público fiel do que ser abrangente. Segundo Roy Price, diretor da empresa, para um produto ir bem dentro de um portfolio de ofertas, o importante é que agregue um grupo forte de pessoas que gostem daquele conteúdo, mais do que ser algo de interesse abrangente, como acontece com os canais broadcast. “Precisamos de histórias marcantes, que não se diluam no meio de tanta oferta”, disse. A Amazon Studios tem atualmente 11 produções (séries) em andamento. Segundo Price, a empresa está aberta a qualquer modelo de negócio, de commissioning a coprodução. No modelo da Amazon, são produzidos pilotos de quase todas as séries e o público seleciona aquelas que terão continuidade. Dos 24 scripts já produzidos ou em produção, dois vieram espontaneamente através do site criado para receber novas ideias. Já o chefe global de entreteni­ mento do YouTube, Alex Carloss, fez no MipTV um discurso sobre a diferença que existe para uma marca entre ter audiência (público) e ter fãs, e como estes podem alavancar a resposta desta marca, especialmente um programa de TV.

“Converso com executivos de cabo que me dizem que já não sentem que estão próximos de seu público. Pelo menos dois CEOs me disseram que ninguém com menos de 32 anos está mais assistindo seus canais”

criassem seus próprios clipes, e isso alavancou o filme novamente para o topo da bilheteria. Além dos fãs revelarem novos talentos e promoverem as marcas, eles também rompem as barreiras geográficas. Carloss diz que a maioria dos acessos dos conteúdos mais populares vêm de fora de seus países de origem. É o caso do rapper coreano Psy, que teve 2 bilhões de views. Isso gerou um interesse pelo gênero K-Pop e hoje 91% dos acessos vêm de fora da Coreia do Sul. O pop coreano virou uma indústria de US$ 5 bilhões. E falando em novos players, um dos maiores criadores de conteúdos digitais do mundo quer aumentar sua presença no Brasil, através de parceria com o vlogger Felipe Neto. Segundo Rene Rechtman, presidente internacional Maker Stdios, Neto será o hub através do qual a empresa negociará novas produções. Ele deve vir ao Brasil nos próximos meses para aumentar a equipe comercial da empresa no país. A Maker Studios mantém alguns dos canais de maior audiência no YouTube e gera cerca de 4 bilhões de views por mês, trabalhando com criadores independentes em mais de cem países. A empresa foi adquirida este ano pela Disney em uma transação de US$ 950 milhões, ainda em fase de aprovação pelas autoridades norte-americanas. Rechtman falou com TELA VIVA durante o evento. Ele conta que os modelos de negócios da Maker com os talentos é variável. A empresa oferece apoio tecnológico e comercial, e busca criadores que tenham algum diferencial ou que já contem com uma boa base de fãs no YouTube. Os desenvolvedores podem manter a propriedade do conteúdo caso a Maker entre apenas com a distribuição e comercialização, mas a empresa pode também comissionar conteúdos ou coproduzir, e manter

Rene Rechtman, da Maker Studios

Ele deu exemplos de como alguns programas estão usando o meio digital para se destacar. Lembrou que há alguns anos os talk shows noturnos da TV americana concorriam apenas entre si, e que agora disputam a atenção com todas as outras mídias. Por isso vêm criando clipes no YouTube, fáceis de compartilhar, que geram efeito viral e aumentam a relevância do programa. A estreia de Jimmy Fallon no “Tonigh Show”, por exemplo, teve 10 milhões de espectadores na TV e 20 milhões no YouTube, conta. Outro apresentador, Conan O’Brian, já postou 3 mil vídeos e tem meio bilhão de views acumulados. O mesmo vale para o cinema. Ele conta que o longa “Frozen”, da Disney, abriu em segundo lugar na bilheteria americana, e caiu de posição por seis semanas. Mas a Disney liberou o uso da canção “Let it Go” para que os fãs

Serviço da Globo oferece footage do Brasil, reportagens e serviços de produção para emissoras internacionais

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( internacional) parte da propriedade. Ele diz que o objetivo da empresa é ser a fornecedora de conteúdos para a próxima geração. “Converso com executivos de cabo que me dizem que já não sentem que estão próximos de seu público. Pelo menos dois CEOs me disseram que ninguém com menos de 32 anos está mais assistindo seus canais”, disse o executivo. Latinos A participação brasileira no MipTV foi notadamente menor que a vista em outubro no Mipcom, no mesmo Palais des Festivals, em Acordo da mexicana Azteca com a Astro, da Malásia: aposta nos mercados emergentes. Cannes. Apenas Globo, Record e principais novidades vieram da ABPI-TV mantiveram estandes no Brasil, reportagens e serviços de mexicana TV Azteca. A emissora e evento de abril. O mesmo vale para produção para emissoras a venezuelana Cisneros Media muitos expositores internacionais: internacionais. Distribution (CMD), dois grandes o pavilhão estava repleto de A emissora mudou recentemente sua produtores latinos de novelas, espaços vazios, ocupados pela estrutura de vendas internacionais, uniram-se ao distribuidor digital de organização com pontos de concentrando nos mesmos executivos conteúdos AfricaXP para criar o encontro, lounges, diferentes produtos, como canal Romanza+Africa, voltado ao área de imprensa e “latas” (sobretudo sem mercado público de fala inglesa do outros. Uma das novelas), footage, interno, israel distribuição do canal continente africano. explicações é a teve que apostar internacional e O canal exibirá algumas das proximidade com os novelas dos dois grupos que já LA Screenings, em distribuição do pacote de em formatos com fizeram sucesso internacional, e maio, que é o evento futebol brasileiro. Antes boa aceitação conta hoje com mais de 3 mil mais relevante para havia executivos internacional e horas de conteúdos já em inglês. os estúdios diferentes para cada custos baixos de produto, mesmo que Os países onde o canal focará americanos e para produção inicialmente são África do Sul, os compradores da atuassem no mesmo Quênia, Tanzânia, Uganda, América Latina, e território geográfico. A Zâmbia, Zimbábue, Gana e também o alto custo de trazer uma Globo também enxugou seu portfólio. Nigéria, e posteriormente estrutura à Riviera Francesa duas Produtos lançados em anos anteriores Botsuana, Malawi, Namíbia, vezes ao ano. como o Globo.Doc, de documentários Ruanda, Mauritius e Seychelles. O O estande da ABPI-TV, que sobre a natureza brasileira, e formatos mercado africano tem cerca de promove em Cannes o programa originais não são mais oferecidos. 500 broadcasters em 54 países. Brazilian TV Producers e o Rio Já no front latino-americano as A Azteca anunciou também um Content Market, tem bem menos acordo com o canal Astro, uma das produtoras representadas que na principais programadoras de cabo edição anterior. Estiveram no evento do Sudeste Asiático, para a a Abrolhos, Grifa, Sete Personagens, produção e distribuição de novelas Quero Quero, Primo, TV Pinguim, no continente. Movi&Arte e Il Vagabondo, além da O acordo envolve ainda a Global distribuidora Synapse e da Station, grande produtora de series consultora Laura Fazoli. dramáticas da Malásia. A empresa A Globo levou como destaque a irá coproduzir adaptações das novela “Salve Jorge”. A emissora novelas da Azteca para os mercados também vem promovendo seu locais, enquanto a mexicana cuidará serviço chamado Newsource Globo, Anúncio de novela turca: país vem conquistando de sua distribuição internacional. que inclui footage (imagens) do mercados principalmente no Oriente. 32

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( entrevista )

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Janela da realidade

O criador do festival Sunny Side of the Doc, Yves Jeanneau, falou a TELA VIVA na comemoração de 25 anos do evento, um marco no desenvolvimento do gênero documentário.

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Na época fomos muito criticados, diziam que o documentário como gênero iria morrer.

FOTOs: divulgação

riar um espaço para que a produção de documentários se tornasse mais diversa, mais internacional e mais profissional. Foi com este objetivo que os produtores franceses Yves Jeanneau e Olivier Masson criaram há 25 anos o Sunny Side of the Doc. O evento tornou-se uma das principais referências globais para produtores e diretores do gênero e se expandiu para outros continentes. Nesta entrevista, Jeanneau conta um pouco mais sobre o que significou a criação do Sunny Side, o que mudou neste quarto de século e quais são suas visões sobre a produção documental atual.

Quais foram os principais passos dados nestes 25 anos? Demorou muito para se construir um mercado. Começou com o mercado europeu, que na época não existia. Pouquíssimos filmes eram exibidos fora de seus mercados locais, e a maioria das TVs públicas produzia seus documentários internamente. O começo real da produção veio quando o Channel 4, na Inglaterra, e o Arte e o Canal+, na França, começaram a trabalhar com os independentes, o que trouxe novas histórias, criatividade e permitiu a busca do mercado internacional. Em seguida o mercado se ampliou para a América do Norte, especialmente o Canadá, e teve início uma relação com a japonesa NHK e outros broadcasters. Lançamos os “Coproduction Rendez-vous” em Nova York, Toronto, Washington, Montreal, Londres e Sofia, que deram início aos contatos entre os independentes de todas as nacionalidades.

TELA VIVA Como surgiu a ideia de se criar este espaço para o debate e a troca de informações sobre documentários exclusivamente? YVES JEANNEAU Na França, naquela época, o documentário ia mal. Não havia espaço para ele no cinema ou na televisão. Estávamos perdidos em meio a uma evolução tecnológica, porque o estado da arte era o 16 mm, e o vídeo ainda não era em alta definição. Não havia muita produção fora do Canadá e Reino Unido, então não havia com quem falar, com quem coproduzir, e nem para quem vender. Nosso pressuposto foi de que documentários, como a animação, viajam bem, não têm fronteiras, podem circular entre os países, e portanto era preciso criar um ambiente de mercado internacional.

Yves Jeanneau

“Os documentários são capazes de alimentar boa parte da demanda das novas telas que surgiram” 34

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Quando o mercado deslanchou? Os anos de 2000 a 2005 foram cruciais. Os documentários ganharam mais slots nas televisões, inclusive alguns em horário nobre, com grande sucesso, graças principalmente aos drama-docs e aos especiais. No cinema, alguns títulos foram muito bem de bilheteria, como “Etre & Avoir”, de Nicolas Philibert. E não apenas na


França. Este período foi, na Europa e na América do Norte, o melhor da história para o gênero documental. Que efeitos isso teve no festival? Foi quando conseguimos ampliar a base, para mais países e players. Mudamos de Marselha para La Rochelle, onde cabiam mais pessoas. A revolução do HD e do digital mudou as regras da produção e distribuição mundiais. A partir de 2006 o mercado virou multitelas: novos canais digitais, plataformas online, VOD, IPTV, apps... Ao mesmo tempo ficou mais global, com um interesse novo e particularmente forte em continentes onde o gênero era novo. Os docs são usados para a educação, dando um novo entendimento geral sobre o mundo, e também servem para exportar histórias locais. E qual a situação atual? Tudo isso abriu um novo período dourado para o documentário. Ficou relativamente mais barato produzir, mais fácil de se adaptar, de viajar. Os docs são capazes de alimentar boa parte da demanda destas novas telas. Os distribuidores estão aprendendo um novo paradigma: vender mais programas para uma base muito maior de espectadores, por um valor menor a cada venda, mas com um retorno total do investimento maior no fim das contas. Como a evolução tecnológica influenciou na produção de documentários? Passamos pelo Super-16, vimos o surgimento do vídeo (lembra da qualidade horrível do VHS?), passamos pelo Betacam, HDTV, 3D, digital - e agora todos falam em 4K, 8K, 6K e telas gigantes. Para os produtores isso tudo representou desafios e oportunidades de se inventar novas formas de contar

Em 25 anos, festival viu surgirem mercados na Ásia e África

“A América Latina deveria pensar duas vezes antes de perder o trem internacional que já está passando”

E os filmes, têm se posicionado bem? Ano passado tivemos uma grande surpresa no Sunny Side, com o pitching do documentário “Beyond Boundaries”, do Gilberto Topcziewski, durante a sessão Science Pitch. Mas, e esse é um grande “mas”, a América latina ainda não é um mercado estruturado para docs. Os produtores são em sua maioria os próprios diretores, preocupados apenas em realizar seus projetos pessoais. E as emissoras ainda fazem a maioria de seu conteúdo internamente. Há raras trocas entre países e talentos. Também são raros os filmes ambiciosos, internacionais e criativos. É um mercado que precisa amadurecer.

histórias, usando novas habilidades. A comunidade de documentaristas sempre foi muito boa em adaptação e criatividade. É por isso que o formato nunca morre. Como foi e vem sendo a participação do Brasil e da América Latina no mercado? Venho dando treinamento e apoio a documentaristas da região há mais de 20 anos. Organizei quatro edições do Latin Side of the Doc em Buenos Aires e na Cidade do México, e apoiamos há tempos a vinda de delegações ao mercado na França. O mercado brasileiro começou a crescer com o surgimento da ABPI-TV (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de TV), mas depois arrefeceu por alguns anos. Agora voltaram, com uma posição mais clara e positiva, e estamos trabalhando muito próximos.

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E outros mercados no mundo, como estão? O mercado asiático está nascendo, a África está batendo à porta e o Oriente Médio está crescendo. A América Latina deveria pensar duas vezes antes de perder o trem internacional que já está passando. 35


( case )

Menino 23 Documentário produzido pela Giros Interativa contará a história de órfãos obrigados a trabalhar em fazenda integralista nas décadas de 30 e 40.

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Documentário Desde 2012, a Giros Interativa trabalha em parceria com o professor para produzir o documentário de longa-metragem “Menino 23”, que contará a história da fazenda e dos garotos que nela trabalharam. De acordo com Belisário Franca, diretor do filme e sócio fundador da produtora, a equipe de produção entrou em contato com o professor enquanto gravava um episódio da série “Detetives da História” para o canal History. “Percebi que aquele história poderia ser melhor explorada, que havia conteúdo lá para produzir um documentário sobre o tema”, conta o diretor. “É uma história muito forte, com grande peso emocional, mas que nos leva a uma discussão sobre como essas ideias eugenistas e integralistas foram influentes na época e como isso ainda influencia Aloysio Silva, personagem principal do documentário. nossa sociedade”, diz ele. A produção tem um era uma questão pessoal, de um homem orçamento de cerca de com essas ideias que levou isso adiante. R$ 1,7 milhão e conta com apoio da Era uma questão de política de estado. distribuidora Elo Company e da Havia, na época, uma política com Globo Filmes, em parceria com o instituições influenciadas por esses ideais canal Globo News. eugênicos no país”, explica Aguilar. Em abril deste ano, o canal disse que passaria a exibir e coproduzir documentários em parceria com a Além do trabalho Globo Filmes e produtoras forçado, as crianças independentes. Na ocasião, a Globo eram submetidas disse que a nova janela de exibição a punições físicas, tem como objetivo aproximar o público dos documentários que são prisão e jejum. FOTOs: divulgação

á pouco mais de dez anos, uma aluna do professor de história Sidney Aguilar Filho mencionou em uma de suas aulas ter encontrado tijolos com suásticas na fazenda de sua família, localizada em Campina do Monte Alegre (SP). Foi assim que Aguilar entrou em contato com a história que seria tema o central de sua tese de doutorado “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (19301945)”, publicada em 2012. O trabalho relata como 50 órfãos entre nove e doze anos de idade, negros e pardos foram transferidas do educandário Romão de Matos Duarte um orfanato no Rio de Janeiro para a fazenda Santa Albertina, na época pertencente à influente família Rocha Miranda, em Campina do Monte Alegre e forçadas a trabalhar até dez horas por dia no local entre os anos 30 e 40. Além do trabalho forçado, as crianças eram submetidas a punições físicas, prisão e jejum. A história evidencia a forte influência das teorias integralistas e nazistas no país na época. “A transferência dos garotos foi feita de maneira legal, de acordo com a lei. Fui buscar que sociedade era aquela que aprovava legalmente um abuso como esse. Descobri que não 36

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realizados no país. Segundo o grupo, esses filmes têm pouca oportunidade no circuito de exibição e combinam com a programação da Globo News. Sobrevivente O nome “Menino 23” refere-se a Aloysio Silva, protagonista do documentário. Hoje com 91 anos, Silva foi levado para trabalhar na fazenda aos dez. No local, os meninos eram identificados por números. O longa está sendo desenvolvido em torno da história de Aloysio e seus depoimentos. O documentário contará também com entrevistas com familiares e conhecidos do menino 23, além de pessoas que vivem na região de Campina do Monte Alegre. Segundo Belisário, a equipe vem pesquisando o tema há dois anos e meio. Recentemente, o grupo descobriu outro órfão da fazenda vivo, em Foz do Iguaçu, e pretende incluir sua história no longa. O plano

menino 23

Sinopse: Documentário reconstrói história de fazenda que, influenciada por ideais integralistas e eugênicos, utilizou mão de obra forçada de crianças negras e pardas órfãs.

do produtor é concluir o projeto ainda neste ano para divulga-lo no circuito de festivais internacionais de 2015. “Ando nessa vida de documentarista há algum tempo, mas nunca trabalhei em uma história com essa relevância para esse país que imagina que não é

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racista. Estamos tocando num ponto que explica muito da nossa história, dos hábitos que vem desde a escravidão e mantemos até hoje”, conclui. Leandro Sanfelice

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( agenda ) FOTO: arquivo

JUNHO

14 a 23 Lima Independiente Festival Internacional de Cine, Lima, Peru. E-mail: limaindependiente@gmail.com. Web: www.limaindependiente.com.pe/ 16 a 21 42º Festival Internacional de Cinema de Huesca, Huesca, Espanha. E-mail: info@huesca-filmfestival.com. Web: www.huesca-filmfestival.com/ 23 a 26 Sunny Side of the Doc, La Rochelle, França. E-mail: josee@ sunnysideofthedoc.com. Web: www. sunnysideofthedoc.com/sunnyside/

5 a 7 de Agosto

22ª Feira e Congresso ABTA, São Paulo, SP. inscricoes@convergecom.com.br www.abta2014.com.br/

JULHO

5 Wimbledon Shorts - Festival Internacional de Curtas de Wimbledon, Wimbledon, Inglaterra. E-mail: info@wimbledonshorts.com. Web: www.wimbledonshorts.com/

Maior encontro do setor de TV por assinatura e banda larga da América Latina. Reúne operadores de TV por assinatura e banda larga, empresas de telecomunicações, produtores e programadoras de conteúdo, empresas de tecnologia e provedores de internet para debater as pautas urgentes do setor.

9 a 11 Festival Internacional de Cinema de Portsmouth, Portsmouth, Inglaterra. E-mail: mail@portsmouthfilmfest.co.uk. Web: www.portsmouthfilmfest.co.uk/

27 a 6/9 Festival de Cinema de Veneza. E-mail: cinema@labiennale.org Web: www. labiennale.org/en/cinema/71st-festival/ 28 a 3/9 13º Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada para a Infância e a Juventude, Argentina. Web: www.nuevamirada.com. E-mail: presidencia@nuevamirada.com

19 a 25 4º Festival Sergipe de Audiovisual – Sercine, Aracaju, SE. Web: www.sercine.com.br/ 23 a 30 2º Festival Internacional de Cinema Ambiental, Argentina. Web: www.imd.org.ar/finca/

29 a 7/9 Festival de Cinema Latinoamericano de Vancouver, Canadá Web: www.vlaff.org/

24 a 3/8 3º Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF, Brasília, DF. E-mail: contato@biffestival.com. Tel: (61) 3037-9024. Web: www.biffestival.com/

SETEMBRO

29 a 5/11 Festival Biarritz América Latina, França. E-mail: stephanie. loustau@festivaldebiarritz.com. Web: www.festivaldebiarritz.com/es

OUTUBRO

24 a 2/11 Festival Internacional de Cinema Infantil de Chicago, Estados Unidos Web: www.cicff.org/

NOVEMBRO

11 a 16 30º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Berlim – Interfilme, Alemanha. Email: interfilm@interfilm.de

31 a 17/8 Festival Internacional de Cinema de Melbourne. Web: miff.com.au/

AGOSTO

6 a 16 67° Festival de Cinema de Locarno, Suíça. Web: www.pardolive.ch/

9 e 10 de Setembro

4 e 5 de Setembro

15° Congresso Latino-Americano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. inscricoes@convergecom.com.br convergecom.com.br/

13 a 17 9ª Mostra Audiovisual de Cambuquira, Cambuquira, MG. E-mail: espacoculturalsinhaprado@gmail.com. Web: www.mostramosca.com.br/

O evento dos que decidem. Grandes definições do mercado e novidades previstas para os próximos anos apresentadas em debates entre Governo e dirigentes do setor de satélites.

21 a 29 25° Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo Curta Kinoforum. E-mail: info@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.br/

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58° Painel Telebrasil, Brasília, DF. inscricoes@convergecom.com.br convergecom.com.br/

O Painel Telebrasil é o principal encontro das lideranças e autoridades da área de telecomunicações no Brasil. Reúne representantes dos órgãos reguladores, executivos das maiores operadoras do país e especialistas do mercado.


CC

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