televisão, cinema e mídias eletrônicas
ano 23_#249_jul2014
ESPAcO PARA CRESCER Vendas vão bem, mas mercado vê com cautela as projeções da TV por assinatura para este ano
PRODUÇÃO Brasil de Todas as Telas traz novos recursos e simplifica a análise de projetos pela Ancine
RADIODIFUSÃO Ministério anuncia novo cronograma e estabelece critérios para o switch-off
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Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski
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André Mermelstein Fernando Lauterjung Bruno do Amaral, Helton Posseti, Leandro Sanfelice Lizandra de Almeida (colaboradora) Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Bárbara Cason (Web Designer) Lúcio Pinotti (Tráfego/Web) André Ciccala (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Ivaneti Longo (Assistente) Gislaine Gaspar (Gerente) Gisella Gimenez (Gerente) Julia Poggetto (Assistente) Claudia Tornelli Zegaib (Gerente) Marcelo Pressi (Gerente) 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira
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m congressos de mídia e televisão por todo o mundo as empresas vêm se perguntando qual será o futuro da indústria de TV por assinatura mediante o surgimento de novas modalidades de consumo de conteúdo. As plataformas OTT, Netflix à frente, são vistas em geral como os grandes ofensores deste mercado, mudando a relação entre o consumidor e o provedor. É comum ver os executivos da indústria contarem como seus filhos assistem hoje muito mais a conteúdo online do que à TV e como se interessam mais por games do que por canais lineares. Mas podemos estar perdendo alguma perspectiva, já que somos, nós que vivemos esta indústria diariamente, uma amostra viciada, que tende a acompanhar e adotar de perto as grandes tendências. Olhando só para a frente, para a última tecnologia, perdemos de vista aquele que é de fato o grande problema para o crescimento e o grande dreno de receitas da indústria: a pirataria, o roubo de sinais. Os estudos recentes feitos pela ABTA mostram que o problema é muito maior do que se pensava até então. TELA VIVA fez uma visita à Rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, tradicional mercado de eletrônicos. Uma caixa que recebe todos os canais de uma operadora de DTH (inclusive os canais HD e serviços em pay-per-view, como campeonatos de futebol e UFC e canais adultos) sai por R$ 380. O comprador paga ainda uma taxa de R$ 150 pela instalação das antenas (sim, há esse serviço) e pronto, recebe tudo de graça, pra sempre. Há até um call center para o qual pode ligar caso haja algum problema. E o sofisticado set-top ainda pega os sinais ISDB-T (TV digital aberta) e se conecta à Internet. Segundo o atendente da loja, “vende que nem água”. Pior: em fóruns da Internet percebe-se que o ato nem é mesmo visto como crime. Há uma certa justificativa “ideológica”, desde o sujeito que diz que pirateia porque a TV paga é cara até o que acredita que os sinais deveriam ser livres, já que estão trafegando pelo ar. A pirataria ataca da operadora ao programador, passando pelos fornecedores de equipamentos e serviços e até mesmo o produtor independente, uma vez que retira recursos que deveriam estar alimentando toda a cadeia de valor. As receitas perdidas poderiam estar indo para a expansão das redes, da base de assinantes e para financiar novos conteúdos. Seu combate é muito difícil. A cultura está arraigada, a tecnologia é falha e a repressão é quase inexistente. Mas é uma causa à qual todo o mercado deveria se juntar, acima de qualquer disputa que possa haver entre seus diferentes agentes.
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capa: gary yim/shutterstock.com
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gary yim/shutterstock.com
(índice ) 12
Mercado em espera
TV por assinatura continua a crescer, mas executivos têm dúvidas em relação ao segundo semestre
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Scanner
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Figuras
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Entrevista
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Fernando Medin, da Discovery, fala da importância de dar uma cara mais local aos canais
Regulamentação
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Decreto engorda os fundos de fomento à produção e abre caminho para a desburocratização da Ancine
Radiodifusão
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Minicom divulga prazos do switch-off, e condiciona desligamento a uma penetração mínima da TV digital
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Making of
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Mercado
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Mais da metade dos brasileiros está na Internet, mas fosso entre classes sociais ainda é grande
Infraestrutura
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País vai mal no ranking global de velocidades da banda larga
Serviços 56
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Telebras tem sucesso na entrega do sinal dos jogos da Copa por redes óticas
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Case
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“Mar à Vista” é projeto ambicioso, com gravações na Antártica
Upgrade
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Agenda
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Acompanhe as notícias mais recentes do mercado
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ASSOCIATED PRESS A FONTE ESSENCIAL DE IMAGEM, TEXTO E Vテ好EO ap.org/brasil
( xxxxxxxxx) Tensão
Fomento cearense A Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SecultCE) lançou o XI Edital de Cinema e Vídeo, destinado ao desenvolvimento de projetos audiovisuais. O edital de 2014 terá um investimento total no valor de R$ 7,66 milhões, sendo R$ 4,45 milhões oriundos de recursos da Secult e R$ 3,21 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual. Interessados podem se inscrever até o dia 15 de agosto, por via postal ou presencialmente, na sede da Secretaria da Cultura. Serão investidos mais de R$ 5 milhões em projetos audiovisuais cearenses independentes nas modalidades de Desenvolvimento de Roteiro de Longa Metragem, Produção de Longas, Produção de Curtas-metragens, Projetos para TV e Novas Mídias. Outros R$ 662 mil serão destinados para a categoria Desenvolvimento de Cineclubismo. Por fim, R$ 1 milhão será investido na categoria Projetos de Formação em Audiovisual, nas modalidades de técnico profissionalizante, eventos de formação em audiovisual, exibidores e cineclubistas. Para se inscrever, o proponente deve residir no estado do Ceará, ser maior de 18 anos, e o projeto deve se enquadrar nos termos propostos pelo Fundo Setorial do Audiovisual.
De fora A estratégia da Record de usar mais a produção independente em sua grade de programação começa a ser colocada em prática. O canal anunciou acordo com a GGP Produções, do apresentador e empresário Gugu Liberato, para a produção conjunta de programas de televisão. A parceria, diz a Record, tem como objetivo a produção de pelo menos duas atrações semanais a serem apresentadas em horário nobre. As novas produções estreiam no primeiro trimestre de 2015.
A Warner estreia sua nova série nacional. “Bipolar” será exibida semanalmente às quartas-feiras às 22h30. A cada semana serão exibidos dois episódios inéditos “Bipolar”: drama psicológico. seguidos. Esta primeira temporada da série será apresentada em seis histórias paralelas ao tema central. Serão 12 episódios de 25 minutos, totalizando seis semanas de exibição. Com argumento e direção de Edu Felistoque e escrita por Julio Meloni, “Bipolar” é um drama psicológico policial. O drama conta a história de três policiais que formam uma equipe de caráter e personalidade perturbada, envolvida numa trama perigosa, permeada por situações extremas e personagens misteriosos. A produção é da Felistoque Filmes e o elenco traz Sílvia Lourenço (que estreia nos cinemas em julho com “Um Homem das Multidões”), Rodrigo Brassolotto, Sergio Cavalcante, Felipe Kannenberg, Priscilla Alpha, Fernando Daghlian, Phil Miler, César Fischetti, Paulo Gandolfi, Vanessa Guedes e Ricardo Homuth.
Formação A ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) dará início em agosto, no Rio de Janeiro, a um novo curso de formação de produtores para cinema e televisão. A duração será de dez meses, com aulas aos sábados, num total de 180 horas/aula. Segundo o coordenador, Alberto Flaksman, a principal diferença deste curso são as disciplinas dedicadas ao ensino de técnicas cinematográficas aos futuros produtores. Serão aulas de roteiro, fotografia e câmera, direção de arte, montagem e técnicas de som, “que darão aos alunos conhecimentos teóricos e práticos para compreender melhor como funciona cada um desses departamentos numa produção audiovisual”, disse. O mesmo curso deverá ser iniciado na ESPM em São Paulo ainda no segundo semestre deste ano.
Em bom som
Tela de visualização do sistema de análise de áudio da Nugen.
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A Quanta Brasil fechou acordo de distribuição com a Nugen Audio no Brasil. Com isso, a empresa passa a oferecer a linha completa de soluções da Nugen Audio para monitoramento de loudness, correção e ferramentas de gestão, no seu canal de e-commerce, a Quanta Store. Além da Quanta Store, as soluções Nugen Audio estarão disponíveis através do canal de vendas diretas da Quanta Brasil na divisão recém-lançada da empresa especializada no setor de broadcast.
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Nova organização
Zulueta. Os canais incluem Canal Hollywood (Espanha e Portugal), XTRM, CTK, MGM A AMC Networks está recriando a marca Channel, Somos, Buzz, Odisea, Odisseia, Natura, Chellomedia para a AMC Networks International. Historia (Espanha e Portugal), Bio, Crimen + A empresa adquiriu no início deste ano a Investigación, Canal Cocina, Canal Decasa, Sol Chellomedia, um conglomerado de canais de televisão Música, Canal Panda (Espanha e Portugal), distribuído globalmente. Além da Chellomedia, a Biggs and Mov. AMC Networks International também englobará AMC Networks International Latin a AMC/Sundance Channel Global, que opera na America, chefiada por Eduardo Zulueta. Os Europa, América Latina, Oriente Médio e Ásia. canais incluem MGM Channel, MGM Channel A AMC Networks International fica composta Eduardo Zulueta HD, Film &Arts, Europa Europa, elgourmet, por seis unidades operacionais: Casa Club TV, Cosmopolitan TV, Ella, Canal (á), AMC Networks International Asia-Pacific, AM Sports, Reality TV. chefiada por Bruce Tuchman. Inclui os canais Sundance AMC Networks International Zona (EMEA), chefiada Channel, MGM Channel, WE tv e JimJam. Além disso, por Dermot Shortt. Inclui CBS Reality, CBS Drama, CBS Tuchman continuará a atuar como presidente do AMC/ Action, CBS Europa, Horror Channel, Horror Channel Sundance Channel e MGM Channel Global. Italy, JimJam, JimJam Polsat, Extreme Sports Channel, AMC Networks InternationalCentral Europe, chefiada por MGM Channel, Outdoor Channel. Mike Moriarty. Os canais incluem Sport 1, Sport 2, Sport M, AMC Networks International DMC, chefiada por Mike OBN, Minimax, Megamax, Spektrum, Spektrum Home, TV Moriarty. Trata-se de uma empresa de tecnologia de Paprika, Film Mánia, Film Café, MGM Channel. mídia global e distribuição, baseada na Europa. AMC Networks International Iberia, chefiada por Eduardo
Série mostra mulheres de várias regiões sendo retratadas por artista plástico.
Mulheres do Brasil A HBO Latin America estreia este mês a série documental “Mulher Arte”. A produção acompanha o artista plástico Pedro Henrique Moutinho, que viajou por dez cidades brasileiras em busca da beleza feminina refletida nas semelhanças entre essas regiões e a mulher local. A série tem criação e roteiro de Marcelo Braga e Hermano Moreira – que também é o diretor da série -, direção de fotografia de Fábio Knoll e apresentação do próprio Pedro Henrique Moutinho. A série é produzida e realizada pela Santa Rita Filmes, com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual. Ao longo de dez episódios de 30 minutos, Moutinho seleciona uma mulher para representar cada cidade. Para isso, a produção pré-selecionou 380 candidatas. Depois, o artista conversou com 60 garotas, elegendo as 12 finalistas para o ensaio final. As gravações utilizaram 16 locações e passaram por 100 pontos turísticos do Brasil.
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A Fox International Channels lançou o Fox Play (www. foxplaybrasil.com.br) no Brasil. O serviço de vídeo sob demanda (VOD) e de eventos ao vivo é oferecido, neste primeiro momento, aos assinantes das operadoras Claro, GVT e Vivo. O serviço trará conteúdo nos segmentos de séries, filmes, esportes, documentários, lifestyle e especiais, e pode ser acessado de qualquer dispositivo que esteja conectado à Internet. As séries e programas dos canais Fox, FX, Nat Geo, Fox Life, Fox Sports e Fox Sports 2 estarão disponíveis na plataforma, que trabalha com dois modelos de consumo: o gratuito, que terá clipes, making-ofs e episódios de séries selecionados e completos, e o autenticado (pelas operadoras parceiras), com a biblioteca completa disponível para os usuários da TV paga. Para os admiradores dos eventos esportivos do Fox Sports, o Fox Play trará transmissões ao vivo de jogos de futebol, lutas e programas exclusivos. Os campeonatos inglês, italiano, argentino e sul-americano e o programa Fox Sports Rádio estarão disponíveis na plataforma. Já seu modelo VOD oferecerá o programa “A Última Palavra” na íntegra e alguns jogos completos. Fox Play terá conteúdos gratuitos e outros vinculados à assinatura de TV paga.
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Yuriy Vlasenko/shutterstock.com
Nova opção em VOD
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( scanner) Um bilhão de conectados Um estudo da consultoria Strategy Analytics aponta que o mercado global de dispositivos conectados de TV - incluindo smart TVs, set-top boxes como Roku e Apple TV, consoles de games e outros - chegou a um bilhão de unidades instaladas. E a perspectiva é que o mercado dobre de tamanho até o ano de 2018, chegando a 2 bilhões de dispositivos de TV conectada. Esse mercado real e potencial cresce aos olhos das gigantes de tecnologia, que já travam uma disputa pelos televisores dos consumidores. O Google, por exemplo, anunciou em julho a plataforma Android TV, que será embarcada em dispositivos como smart TVs e set-top boxes e dará aos equipamentos acesso direto às lojas de conteúdos e aplicativos Play Store. Por enquanto, aponta um estudo da Parks Associates, quem está ganhando a disputa nos Estados Unidos é a Roku. Os settop boxes over-the-top da marca, aponta o estudo, estão em 44% dos lares estadunidenses que contam com alguma tecnologia para fazer streaming de mídia diretamente ao aparelho de TV. A Apple TV ocupa um distante segundo lugar, estando em apenas 26% desses lares.
“Skate no Quintal”, nova série do Off.
Fresquinho O canal Off estreia este mês sua nova grade. Além de uma nova série, o canal trará novas temporadas de programas nacionais. O programa inédito é “Skate no Quintal”, da TX Filmes, que mostra as principais pistas de skate construídas em casas e quintais pelo Brasil. Ganham novas temporadas “Desejar Profundo” - que chega à quarta temporada pela Fiti Produções; “Brazilian Storm”, da Mellin Vídeos, já em sua quinta temporada; “Naufrágios”, chegando à segunda temporada, com produção da Macadamia Filmes; “A Vida que eu queria”, da Base #1; e “Melhores Resorts de Inverno”, da KN Vídeo.
Previsão é de que em 2018 o mundo chegue a 2 bilhões de TVs com acesso à rede.
Clientes querem mais A Amdocs publicou pesquisa que explora o comportamento de consumo dos clientes de provedores de TV por assinatura e dos serviços over-the-top (OTT). Questionados se estariam dispostos a pagar até 10% a mais por uma experiência mais marcante, 62% dos entrevistados disseram que pagariam por melhor experiência na área do conteúdo; 44% responderam que pagariam por disponibilidade em múltiplas telas; 30%, por melhor interface com o usuário; e 25% por melhor atendimento ao cliente. Segundo o estudo, as MSOs (operadoras) são vistas pelos respondentes como tendo desempenho superior ao dos players de OTT em termos de atendimento ao cliente (92%), conteúdo (89%) e qualidade de vídeo (83%), enquanto a maioria das reclamações sobre o desempenho de empresas de OTT é sobre conteúdo (39%) e atendimento ao cliente (22%). 76% dos respondentes que cortaram ou reduziram o tamanho de sua assinatura declararam que reconsiderariam a decisão caso recebessem um serviço que agregasse
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todos os conteúdos de vídeo. Entre os entrevistados, 66% declararam que preferem uma oferta com conteúdo agregado e, destes, 40% estariam dispostos a pagar mais por isso. Segundo os entrevistados, um serviço ideal de TV por assinatura incluiria serviços adicionais como videogame (23%), mídia social (21%), música (18%) e conteúdo gerado por usuários (17%). Exatamente metade dos consumidores pesquisados gostaria de pagar apenas pelos canais ou conteúdos que assistem; 19% querem um pacote básico e pagar mais pelos canais e conteúdos que eles assistem; e 31% preferem um pacote completo. 31% também afirmaram querer este pacote completo como parte de um conjunto maior de serviços de comunicação. A pesquisa entrevistou, entre fim de fevereiro e início de abril deste ano, mais de 4 mil consumidores de TV por assinatura (MSO ou OTT) em 11 países: Austrália, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Malásia, México, Rússia, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos.
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pequeno delay em relação ao sinal HD do canal SporTV - embora as imagens não fossem as mesmas transmitidas no canal HD, uma vez que a geração em 4K contou com câmeras exclusivas e enquadramento mais adequado à definição maior. Segundo Padilha, o atraso se deve ao processamento da imagem, pois os equipamentos de codificação e decodificação em 4K ainda não têm a mesma velocidade dos encoders e decoders HD. Além de cerca de 8,3 milhões de pixels por frame, a transmissão da Net foi em 60 quadros com varredura progressiva por segundo, mesmo com alguns modelos de televisores disponíveis no mercado sendo capazes de exibir apenas 30 quadros progressivos por segundo. “Queríamos fazer o teste na melhor qualidade possível”, explica Padilha. Para isso, o canal de transmissão foi de 30 Mbps.
Copa em ultra HD O canal SporTV, da Globosat, transmitiu no dia 28 de junho a partida entre Colômbia e Uruguai na Copa do Mundo em formato Ultra HD (4K). A transmissão ao vivo aconteceu através das redes da Oi TV, pelo DTH, e da Net, no cabo. Ambas as operadoras promoveram demonstrações para convidados do sinal. João César Padilha, gerente de desenvolvimento de TV digital da Net Serviços, conta que a operadora tem cerca de 200 caixas capazes de receber conteúdo em 4K. Além de demonstrações para convidados, a operadora instalou caixas na casa de clientes que já contam com telas 4K e que solicitaram os equipamentos. No total, a operadora de cabo exibiu as partidas em 4K em 150 pontos. “Tivemos um excelente recall. Não há dúvida de que o 4K, havendo conteúdo, será um produto de sucesso”, disse. A Sony foi parceira tecnológica da transmissão. A transmissão, feita com sinal gerado pela Fifa, além de câmeras exclusivas do SporTV, impressiona pelo estágio de desenvolvimento da tecnologia. O jogo foi transmitido com edição ao vivo e geração de caracteres e lettering também em 4K, com um
Demonstração de 4K feita pela Net em São Paulo: qualidade máxima.
formadores de opinião acontecem no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). A transmissão contou ainda com a apresentação de vídeos com conteúdos explicativos e debates com os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia. A captação dos jogos, feita pela NHK, utiliza três câmeras 8K e duas 4K. Já o transporte do sinal 8K até o local de exibição é responsabilidade da NTT, utilizando a extensa rede de fibra ótica da RNP. Além de melhor qualidade de imagem, o conteúdo conta com 22.2 canais de áudio, que replicam os sons do estádio.
TV aberta A Globo também fez teste com transmissão terrestre de jogos da Copa em 4K, mas além disso a emissora fez testes com transmissões de jogos da Copa do Mundo em 8K. Em parceria com a TV estatal japonesa NHK, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e a operadora de telecom NTT, a emissora fez uma demonstração no jogo Brasil x Camarões. As sessões para estudantes, jornalistas, professores, engenheiros e
Bahia chama
Naldo Benny foi o convidado do primeiro episódio.
Escracho Fábio Porchat e Tatá Werneck comandam a nova atração do canal Multishow, “Tudo Pela Audiência”. Com produção da Floresta, o programa, que estreou em 15 de julho, é uma sátira aos formatos de auditório da TV. Os 22 episódios têm roteiro final de Rosana Hermann e Rafael Fanganiello. A direção é de Marcus Fernandes e Hugo Possolo e a direção geral de Elisabetta Zenatti. Uma segunda temporada já está confirmada para 2015. T e l a
O Irdeb (Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia) lançou o edital 3/2014 de Chamada Pública para Seleção, Cadastramento e Licenciamento de obras audiovisuais de curta, média, longa-metragem e obras seriadas de ficção, documentais, animação, musicais ou experimentais produzidos em qualquer época, já licenciados ou não pelo instituto. As inscrições vão até 21 de agosto. Poderão participar do processo empresas produtoras baianas independentes, pessoas físicas, ou empresas distribuidoras detentoras dos direitos de comercialização da obra, sem limite de inscrições. Os títulos inscritos permanecerão cadastrados por dois anos, prorrogáveis por igual período. As obras indicadas poderão ser licenciadas, sem exclusividade, pelo período de 48 meses, sem limite de exibição na televisão educativa e no portal do Irdeb. Os valores vão de R$ 6 mil para obras de curta-metragem a R$ 14 mil para obras longa-metragem e obras seriadas com duração de 27 a 52 minutos. As obras audiovisuais serão avaliadas pelas suas características tais como: mérito e qualidade artístico-cultural, relevância no contexto sociocultural de sua realização, criatividade, inovação e singularidade, estímulo à diversidade cultural, qualidade narrativa e estética e padrão e qualidade técnica para exibição em radiodifusão digital.
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( scanner) Renovação
agências estrangeiras que procuram filmar no Brasil. O projeto continuará com a ação FilmBrazil Experience, que promove o network entre agências e produtoras internacionais com os associados, mas com a incubadora de projetos também será promovida a ida de produtoras e diretores brasileiros para sessões de screenings em agências nos Estados Unidos. Estão previstas visitas técnicas para Chicago, Nova York, Los Angeles e Miami.
Torres terceirizadas Um passo importante foi dado para o compartilhamento de infraestrutura de transmissão de TV no Brasil. O Grupo Bandeirantes e a Highline do Brasil - empresa independente de soluções de infraestrutura para a indústria de telecomunicações - criaram a Highline Broadcast, para fornecimento de infraestrutura para rádio e televisão. A nova companhia nasce com cem torres de transmissão que pertenciam ao Grupo Bandeirantes e estão espalhadas em todo o país. A composição acionária da Highline Broadcast será divida em 40% para o Grupo Bandeirantes e 60% para a Highline do Brasil, que é uma empresa controlada pelo fundo P2 Brasil de infraestrutura joint venture formada pelo Pátria Investimentos e Grupo Promon. A nova empresa poderá fornecer seus serviços para qualquer emissora no país. Em diversos países, vale destacar, é comum o compartilhamento de torres de transmissão para rádio e TV, reduzindo custos de construção e manutenção desses ativos. No Brasil, o movimento já é visto nas empresas de telefonia celular.
Edu Sallouti e Ivan Teixeira, da Nation Filmes.
Futebol-arte A produtora paulista Nation Filmes e a londrina Passion Pictures serão as responsáveis pelo filme da Fifa sobre o jogo da grande final da Copa, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, vencido pela Alemanha. O trabalho contou com uma equipe de mais de 50 pessoas na cobertura, além de 12 câmeras especiais em campo. O filme terá 78 minutos de duração. A final foi no Maracanã, que esse ano completou 64 anos da trágica final de 1950. O estádio brasileiro será a estrela do filme. Como diferencial tecnológico, a produtora destaca a utilização de novas câmeras F55 da Sony para filmagem em resolução 4k. A direção do filme é Daniel Gordon. Os produtores são John Battsek, Edu Sallouti e Gretha Viana.
Band cria empresa para compartilhamento de torres, como já é feito no mercado de telefonia celular.
Pelos céus A base de assinantes de TV na América Latina atendidos pelo DTH (TV direta via satélite) passou a base das operadoras de cabo na região. A Dataxis mapeou 31,34 milhões de assinantes de DTH na região, contra 30,95 milhões do cabo no final do primeiro trimestre de 2014. Em três meses, o serviço por satélite conquistou 1,1 milhão de assinantes, enquanto as operadoras de cabo aumentaram a base em apenas 90 mil. Na base do DTH, 22,8 milhões dos assinantes optaram pelo pagamento póspago e 8,5 milhões são assinantes do pós-pago. No Brasil, a base do DTH passou a do cabo em abril de 2011.
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Pornsak Paewlumfaek/shutterstock.com
A Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) renovaram a parceria do Projeto Setorial FilmBrazil, que promove o fortalecimento internacional do Brasil como polo produtor de audiovisual. Agora, o projeto adota um posicionamento mais direto e efetivo, mirando de maneira mais incisiva os seus mercadosalvo. Regiões como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Japão, entre outras, terão estratégias pensadas especialmente para cada uma delas. Para tanto, o FilmBrazil lança a Incubadora de Projetos Internacionais, que irá explorar as melhores oportunidades em cada um desses locais no exterior para os associados. A nova ferramenta terá uma representante de vendas que apresentará as produtoras brasileiras para o mercado internacional, oferecendo suporte e assessoria para
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sua divulgação. “É uma venda para um tempo bem curto, geralmente dois ou três meses. No final, ao somar com Nos últimos dez meses, a distribuidora outras receitas, pode ser lucrativo. Além Elo comercializou oito títulos brasileiros disso, há a possibilidade de começar com companhias aéreas. De acordo com a formar um público em uma janela a coordenadora de projetos da empresa, atrativa”, explica. Carole Moser, o valor indica um aumento Ainda segundo Moser, filmes na demanda por títulos nacionais, de entretenimento são os mais impulsionado principalmente por empresas procurados pelas empresas, mas internacionais. “Nos anos de 2009 e 2010 realizamos uma ou duas vendas. Era uma “Vai que dá certo”, um dos títulos mais vendidos alguns documentários também foram comercializados. As empresas aéreas, janela praticamente inexplorada, e agora as às companhias aéreas. explica, buscam filmes que podem vendas estão se tornando rotina. A maior ser assistidos por toda a família, geralmente comédias. demanda vem das empresas internacionais”, diz. “Elas tem alguns temas que não são explorados de maneira No total, a empresa concretizou 21 vendas no período, alguma, como filmes com muita ação. Geralmente comédias uma vez que algumas obras foram negociadas com mais e conteúdo tipo família. Agora, com a Copa, vendemos alguns de uma companhia. Embraer (3 filmes), Copa Airlines (5 filmes sobre futebol também”, diz. filmes), Alitalia (3 filmes) Delta Airlines (3 filmes), Air France Com seis vendas para companhias aéreas no período, (3 filmes), Son Air (3 filmes) e Emirates (1 filme) compraram “Vai Que Dá Certo”, da Fraiha Produções, foi a obra mais direito de exibição das produções. comercializada. “Fla x Flu”, da Sentimental, e “Somos Tão De acordo com Moser, a janela de exibição das aéreas é Jovens”, da Canto Claro Produções, foram vendidas para três pequena, geralmente acompanhando a do cinema ou vindo empresas cada. Na sequência, aparecem “Brasil orgânico”, logo na sequência, antes do VOD. Isso, explica a executiva, da Contraponto Produções, e “O contador de Histórias”, acaba limitando a receita obtida com esse tipo de negociação. da Ramalho Filmes, com duas vendas. “João Saldanha”, No entanto, afirma, é uma receita que pode ser combinada da TV Zero, “Carnaval no meu quintal”, daTrator Filmes, e com outras janelas alternativas para aumentar os ganhos das “Amazônia Desconhecida”, da Gullane, foram negociadas produtoras e, além disso, é também uma oportunidade de com uma empresa cada. exibir a obra recém-lançada em uma nova janela, ampliando
Vida musical O canal Bis estreou neste mês “Minha Trilha Sonora”, uma coprodução da Delicatessen Filmes e do canal. A cada episódio, um personagem do cenário brasileiro irá tocar suas referências musicais e contar sobre as curiosidades e os detalhes das composições que marcaram sua carreira. Entre os convidados estão Mariana Aydar, Cachorro Grande, Fresno, Kiko Zambianchi, Nasi, Simoninha, Mombojó, Rael, Vanguart, China, Esperanza e Vivendo do Ócio. Ao longo de 13 episódios serão tocadas 135 músicas. O programa foi gravado na sede da produtora e consumiu mais de 100 horas de captação de imagens, com cinco câmeras operadas simultaneamente e uma equipe de mais de 50 pessoas. A direção geral é de Georgia Guerra-Peixe e a dos episódios coube aos demais diretores da produtora: Gustavo Leme, Decio Matos Jr, Vitor Amati, Giuliano Saade e João Nuno Pinto. À frente da direção executiva está Zé Mangini, na produção executiva Enrico Saraiva. A produção musical e a escolha das bandas e dos artistas ficaram sob a responsabilidade da empresa Nasi e banda, uma das atrações do programa. Conteúdo Musical. T e l a
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Instalação na Galeria Vermelho, parte da série do canal Curta!
Arte na TV O canal Curta! fechou parceria com a Galeria Vermelho, de São Paulo, e vai exibir edições compactas de performances de artistas contemporâneos. As atrações servirão de aquecimento para a cobertura que o canal fará da 10ª edição da mostra anual de performance-arte Verbo, que acontecerá de 15 de julho a 9 de agosto de 2014. O Curta! vai exibir performances realizadas ao longo dos dez anos do festival, que conta com a participação de artistas brasileiros e estrangeiros. Os primeiros artistas que terão performances exibidas pelo canal serão Maurício Ianês, a dupla Marco Paulo Rolla e Dudude Herrmann, e Ana Montenegro. j u l 2 0 1 4
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( scanner) Conquista de territórios
Em espanhol
O Brasil acaba de ganhar dois canais de conteúdo nacional voltados para o mercado dos países de língua portuguesa. Hugo Aloy, que deixou o cargo de gerente de marketing e conteúdo da GVT, criou uma nova empresa, a Seven TV International, que lançou os canais Só Novelas e Premium1. Os canais são distribuídos apenas no mercado internacional, inicialmente na África Hugo Aloy, da Seven TV: (Angola e Moçambique) e até o começo de dois novos canais 2015 em Portugal. brasileiros para os países O Só Novelas é um canal básico e já de língua portuguesa. conta com cerca de 400 mil assinantes nos países africanos. O Premium1 é um canal premium, com novelas, filmes e séries, e nasce com 120 mil assinantes, conta Aloy, que antes da GVT trabalhou na área de vendas internacionais da Globo. Futuramente os canais devem expandir sua atuação também para outros países com grandes comunidades de língua portuguesa, como os EUA, e podem até ganhar uma versão dublada em espanhol, para a América Latina. Os canais carregam novelas do SBT, da Record e da Band, como “Éramos Seis” e “Meu Pé de Laranja Lima”, além de títulos da extinta Manchete, como “Xica da Silva”. Também entram no cardápio novelas latinas da Televisa, Telefe, RCN e outras, dubladas em português. Para o canal premium foi adquirido um pacote de cerca de 50 filmes nacionais da Fox e outros 30 de produtores independentes, além de títulos de outros distribuidores. Também entram no line-up séries nacionais independentes exibidas aqui em canais como HBO e Fox, como “Mulher de Fases”, “Se eu Fosse Você”, “Sr. Avila” e “FDP”. Programas de linha da TV aberta também fazem parte da programação, como “Máquina da Fama”, “A Liga”, “Raul Gil”, “The Noite” e “A Praça é Nossa”.
A Globo fechou um acordo com a Telefé, da Argentina, emissora do Grupo Telefónica, para a transmissão de suas produções. Trata-se de um contrato de três anos com a emissora, ampliando consideravelmente o espaço para o drama brasileiro no país Além de “Avenida Brasil”, vizinho. Atualmente, a Telefé exibe emissora argentina transmite no horário nobre a novela “Avenida mais duas novelas da Globo. Brasil”, bem como dois outros folhetins da Globo: “Salve Jorge” e “Insensato Coração”. E a ideia é estrear “Amor à Vida” em breve.
Muvuca O canal TLC tem uma nova atração nacional. Trata-se de “Albergue Carioca”, uma coprodução entre o canal e a produtora carioca Cara de Cão. Composta por 16 episódios de meia hora, a produção acompanha a rotina dos donos, funcionários e turistas que frequentam o albergue Books, localizado no bairro de Santa Teresa, reduto boêmio da capital fluminense. Produzida ao longo de nove meses, a série foi captada através de câmeras instalados no hostel por um período de 18 semanas, para capturar a atmosfera do lugar. O albergue é um local seguro e confortável, mas está distante das regalias e dos preços dos hotéis. Todos lavam a própria louça e os dez quartos são coletivos. A estreia acontece na sexta–feira, dia 4. Pelo TLC, o projeto foi supervisionado por Maria Carolina Telles, Adriano Schmid e Michela Giorelli. Luiz Leitão e Viviane Caetano respondem pela produção da Cara de Cão. A vida em um albergue é o tema da nova série do TLC
Feminino Estreou no dia 1º de julho no Brasil o canal Lifetime, uma associação entre a A+E Latin America LLC e a Sony Pictures Television. O canal, assim como a versão estadunidense, é destinado ao público feminino de 18 a 49 anos, com conteúdo que inclui séries com e sem roteiros, e filmes originais e premiados da franquia Lifetime Movies. Segundo Eduardo Ruiz, presidente e gerente geral da A+E Networks Latin America, que também exercerá a função de gerente geral do novo canal, o canal é muito distinto dos outros canais femininos disponíveis no Brasil. “Ele não tem programas com dicas de cozinha, ou das tarefas do cotidiano das mulheres. É um canal mais dirigido às emoções das mulheres”, disse a Tela Viva. O canal chega ao país pelas operadoras Sky, Eduardo Ruiz Net, Oi e Claro, em muitos casos substituindo o 18
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canal Sony Spin. Segundo Ruiz, a base inicial é de 50% do mercado de TV por assinatura, ou aproximadamente 9 milhões de lares. Para cumprir a cota de programação local, o canal comprou alguns conteúdos prontos no mercado, como a série “Socorro Imediato”, da Medialand. Segundo Ruiz, o Lifetime não será apenas uma versão de um canal da América Latina redistribuído no Brasil. “Teremos um escritório em São Paulo para marketing e geração de conteúdos exclusivos ao Brasil. O canal será todo dublado em português, mantendo sempre a opção de áudio original”, conta. O executivo explica que o canal é o complemento que faltava para que a A+E Latin America possa atender a todos os perfis do mercado publicitário. “O Lifetime se junta ao History e H2, destinados ao público para masculino; ao A&E, para o público adulto em geral”, diz.
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( figuras) Publicidade
Substituição
A Lew’Lara\TBWA reforçou seu time de diretores com a contratação de Antonio Salgueiro. Com mais de 23 anos de experiência em agências, principalmente na área automobilística, Salgueiro responderá pelas contas de Nissan, Michelin, Outback e ANJ. O executivo tem passagens por agências como ALMAP, DPZ, Wieden+Kennedy São Paulo e Africa. No currículo, clientes do porte de Volkswagen, BMW Group, Heineken e Grendene.
Antonio Salgueiro
Reinaldo Gilli deixou a presidência da Record Rio nesta quarta-feira, dia 9, para assumir o Grupo Record Sul, composto pela TV Record, Correio do Povo e Rádio Guaíba. Fabiano Freitas, que atuava como presidente do Grupo Record Sul, assumiu a emissora carioca. Gilli, além de jornalista, foi responsável pela modernização da emissora para a tecnologia HD quando vice-presidente executivo da Rede Fabiano Freitas Record de 2010 a 2011. Há 22 anos na área de comunicação do grupo, ele já passou pela Record Goiás, Minas, Santos e Vale do Paraíba. Por dez anos foi presidente do Jornal Hoje em Dia.
FOTOs: divulgação
Atendimento
Luiza Teani
A O2 Filmes contratou Luiza Teani para atuar no seu atendimento. Natural de Ribeirão Preto, formada em publicidade na faculdade Cásper Líbero, Luiza morou um tempo em Barcelona, antes de ser atendimento de contas em agências como Young & Rubicam, Taterka, Peralta e AlmappBBDO.
Mídia digital Fátima Rendeiro foi promovida a diretora nacional de mídia e conexões da NBS e será responsável pela operação dos três escritórios da agência localizados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Com mais de 20 anos de experiência, Fátima tem se dedicado ao assunto mídia digital e convergência há dez anos e, desde a fusão da NBS com a Quê, ocorrida em maio do ano Fátima Rendeiro passado, quando assumiu a direção geral de mídia no escritório do Rio, tem desenvolvido estratégias para clientes como bomnegócio.com, O Boticário, Oi, Petrobras, CCAA e Bob’s. Em seu novo cargo, Fátima será responsável por cerca de 70 profissionais que atuam em mídia off, mídia
Procura-se Sofía Ioannou deixou a direção geral da Viacom International Media Networks (VIMN) – The Americas. Ela será interinamente substituída por Pierluigi Gazzolo, que já havia ocupado o cargo e hoje atua como COO da VIMN. A companhia está buscando no mercado um substituto permanente para Sofía. 20
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Troca de comando Adrien Muselet, ex-Rio Filme, assumiu a direção do núcleo de cinema da Conspiração. A ex-diretora executiva, Eliana Soarez, há sete anos à frente da área, pretende se dedicar a projetos próprios dentro da produtora. Lili, como é conhecida, continua sócia da Conspiração. Muselet trabalha desde 2004 com análise financeira e comercial de projetos ligados ao setor audiovisual. Começou como analista sênior de investimentos da Investimage, onde em 2008 participou da Adrien Muselet criação do fundo de investimento Investimage 1- Funcine. Também foi analista sênior do fundo RB Cinema I – Funcine, administrado pela Rio Bravo Investimentos, primeiro veículo de investimento do pais exclusivamente orientado para projetos e empresas do setor audiovisual. Em seguida, participou da elaboração do planejamento estratégico da nova gestão da RioFilme, onde atuava como diretor de investimentos desde 2009. Francês, é formado em Administração de Empresas pela Hautes Études Commerciales (HEC) de Paris e tem MBA em Finanças, pelo Ibmec.
Dupla promovida Joanna Monteiro e Max Geraldo, diretores executivos de criação, acabam de ser promovidos a vice-presidentes de criação da FCB Brasil. Eles chegaram na agência em 2012 com o objetivo de elevar o nível criativo da FCB Brasil e, após reestruturar as áreas nos escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, trouxeram para a agência um Grand Prix e 16 Leões no Festival de Cannes deste ano. V i v a
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Gabri Joanna Monteiro e Max Geraldo el Rubim
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( capa )
Samuel Possebon
s a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r
Crescimento com atenção
O
que é um bom crescimento? 30%, 20%, 10%, 8%? Manter um ritmo constante de novos clientes, ainda que percentualmente esse número represente cada vez menos? O mercado de TV por assinatura no Brasil passou, nos últimos anos, por todas essas fases, e ainda assim executivos da indústria mantêm a tese de que o crescimento do mercado ainda é muito bom. Os dados mais recentes da Anatel apontam para uma base de 18,76 milhões de domicílios assinantes em maio. No ano, isso já representaria um crescimento de 4%, ou quase 800 mil assinantes líquidos acumulados. Extrapolando para o ano, o crescimento tende a ficar perto de 8% ou 9%, ou cerca de 1,8 milhão de assinantes líquidos. É o mesmo crescimento de 2013 em números absolutos, um pouco menos em números percentuais, mas muito menos do que há dois ou três anos, quando o ritmo era acima de 20%. Para Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, é um bom ritmo, mas a projeção do segundo semestre ainda é incerta. “Não podemos garantir que o crescimento de base de assinantes e de receita publicitária vá se manter na segunda metade do ano, pois existe o impacto da Copa, é um ano de economia mais instável, eleições... Mas acho que se repetir o ano passado em adições líquidas será um tremendo resultado”, diz. Para Anthony Doyle, diretor geral da Turner, o ano tem sido de altos e baixos, então é difícil prever o comportamento no restante dos meses. “Existe um processo de 22
gary yim/shutterstock.com
Setor de TV por assinatura mantém boas perspectivas de crescimento para 2014, mas desafios regulatórios e econômicos são motivo de ressalvas.
aceleração e desaceleração das vendas que varia de mês para mês”, conta ele. Os números ainda são bons, mas o futuro fica um pouco mais nebuloso, diz. O ano, pelo menos no primeiro semestre, tem de fato sido atípico, com variações muito grandes entre as diferentes operadoras, algumas perdendo base, outras ganhando, outras mantendo a base existente, sem um movimento conjunto na mesma direção. Para se ter uma ideia, o único mês do ano em que todo o mundo cresceu foi maio. Olhando a curva, contudo, é nítida a desaceleração do mercado de um ano para cá. Tanto em relação ao ritmo de crescimento percentual quanto nas adições líquidas. O resultado do primeiro semestre pode ser, em parte, atribuído à Copa do Mundo, um período em que fabricantes de eletroeletrônicos informaram um aumento de vendas de televisores de 60%, chegando em junho com oito milhões de aparelhos
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comercializados, incluindo smartphones, notebooks e tablets capazes de sintonizar o sinal de TV. Mais TVs, maior demanda pelos serviços de TV paga, de pacotes com canais HD a banda larga, correto? Não necessariamente. Com uma ampla cobertura na TV aberta, os canais pagos tinham como diferencial na Copa apenas o jornalismo e os programas de debate. Algo que pode ter ampliado a audiência, mas não foi necessariamente argumento para mais vendas de serviço. O segundo semestre tem também um elemento que tradicionalmente impulsiona as vendas de TV paga: o horário eleitoral gratuito na TV aberta. E a movimentação em torno da Copa pode fazer com que a venda de TV por assinatura pela exclusividade dos jogos do Brasileirão também suba. Mas por outro lado o cenário econômico mais desafiador
“Se repetirmos o ano passado em adições líquidas será um tremendo resultado.”
FOTO: arquivo
tende a ser um problema. Vários operadores, sobretudo de DTH, reclamam no desafio que tem sido domar o churn (desligamento de assinantes) e a inadimplência.
Nova estrutura A Claro hdtv está em um processo de mudança, contudo, o que pode explicar esse movimento. A operação, que até o começo do ano era administrativamente ligada à Embratel, hoje é uma empresa que fica sob o guarda-chuva da operadora de telefonia móvel Claro, presidida por Carlos Zenteno. Isso deve trazer ganhos em termos de sinergia de vendas, já que a Claro tem grande capilaridade de lojas, e também na oferta combinada com 3G e 4G. Por outro lado, a Claro é a empresa do grupo com maiores restrições de investimento, pois o foco da empresa é o competitivo mercado de celular, onde as demandas de capital são intensas (ainda mais com os pesados investimentos em leilões de espectro e construção de redes 4G), e a Claro é a empresa de menor margem no mercado móvel. Já a Net, dentro do grupo Telmex, de Carlos Slim, tem vida autônoma, mas tem tido cada vez mais dificuldade para justificar pesados investimentos em rede (este ano foram mais de R$ 3,5 bilhões) em um ambiente regulatório incerto, sobretudo por conta das exigências colocadas no Regulamentos de Direitos do Consumidor. “É um regulamento que cria uma novidade que nunca
Alberto Pecegueiro, da Globosat
Pequenas vs. grandes Mas existem também fatores estruturais que estão colocando o crescimento do mercado em um ritmo abaixo do potencial. Um deles é a dificuldade de que novas operações, sobretudo de cabo, se viabilizem. O fato é que desde 2011, quando a Lei do SeAC foi aprovada, poucas empresas construíram novas redes. Existe a promessa dos provedores de acesso à Internet (ver matéria nesta edição), mas na prática houve investimentos apenas da Net Serviços na construção de novas praças. Eram pouco menos de cem cidades atendidas pela operadora e hoje são cerca de 170. Outra empresa que prometia crescer, mas expandiu um pouco a sua área de atuação é a Blue, que passou de 15 para pouco mais de 20 praças atendidas, mas algumas vieram por aquisição. “A nova legislação acabou dando, na prática, muito mais poder aos grandes e
pouca proteção aos pequenos operadores”, diz Silvia Nora Berno, presidente da empresa, que hoje tem cerca de 160 mil assinantes. Grandes teles, como Telefônica (Vivo) e Oi, focaram sua estratégia no DTH. Mesmo a Telefônica, que planejava expandir sua rede de IPTV, está muito mais agressiva nas vendas do serviço via satélite. Uma fonte da Net explica que o crescimento é muito difícil, ainda que tenha se mantido um bom ritmo. “Estamos com números superiores aos de 2013, mas está mais desafiador”, explica. A operadora projeta manter o ritmo de crescimento mensal constante até o final do ano. A Net, de fato, tem sido a que mais cresce, mas a oscilação é grande. Houve meses em que conseguiu adicionar 80 mil assinantes e meses em que cresceu, em termos líquidos, apenas 11 mil. Na média dos primeiros cinco meses do ano foram cerca de 50 mil novos assinantes por mês. A Sky também mantém um bom ritmo, na casa das 40 mil adições mensais. Já a Claro hdtv vem em uma forte desaceleração, e conseguiu adicionar à sua base, este ano, cerca de 20 mil novos clientes ao mês.
Adições líquidas em 2014
share das operadoras
200.000
Outras 5% Claro 20%
Assinantes
150.000
Net 33%
100.000
GVT 4%
50.000
0
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Oi 5%
Maio
-50.000 Net GVT
Claro hdtv Vivo
Sky
Vivo 3% Sky 30%
OiTV
Total do Mercado
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Fonte: Anatel
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Fonte: total de assinantes, PTS, base mar/14
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( capa ) “O maior potencial está na classe C, que tem 22 milhões de domicílios não atendidos.”
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foi vista no mercado: a proibição de ofertas para novos assinantes. Não sabemos como ficarão as vendas sem que a gente possa fazer oferta”, diz uma fonte graduada da operadora. A leitura da Net se deve ao fato de que o Regulamento de Direitos do Consumidor obriga a empresa a estender a toda a sua base de clientes qualquer oferta promocional criada para novos assinantes. “Tem um possível efeito benéfico, que é o assinante parar de saltar de operadora para operadora atrás das promoções. Mas será que no todo isso será bom? Não sabemos ainda”, diz. Para Silvia Nora Berno, o foco das operadoras nesse momento econômico é o churn. “A nossa competição com grandes players, como Net e GVT, é cada vez mais dura, e o consumidor está sentindo o momento econômico ruim. O que a gente precisa fazer é trabalhar para que ele não saia da base. O investimento em qualidade tem que ser muito mais intenso do que o investimento em expansão”, diz. Nos EUA, o caminho do crescimento das operadoras tem sido o de aumentar a receita média por assinante, com o acréscimo de pacotes mais completos, melhores ofertas de banda larga e serviços diferenciados. Aqui no Brasil tudo isso está acontecendo, mas para manter a receita média (ARPU) estável. Operadoras como a Net e a OiTV têm ampliado a oferta de canais HD sem aumentar o custo para o assinante. A Net, especialmente, tem investido forte na oferta de VOD. E a cada ano operadoras como Net e GVT aumentam a velocidade da banda larga sem aumentar o preço ao usuário. “A gente tem colocado investimento para manter a receita por usuário em valores nominais iguais, mas com o tempo isso representa uma desvalorização para
Anthony Doyle, da Turner
a inflação”, diz um executivo.
FOTO: arquivo
Potencial “Existem não mais do que 400 mil potenciais assinantes de classe A e cerca de 2 milhões de classe B que ainda não são assinantes. O grosso, portanto, está na classe C”, diz Doyle, destacando os 22 milhões de potenciais clientes nessa faixa. Isso representa um problema para novos canais que ainda não estejam nos pacotes básicos, já que o usuário de classe C em geral adquire as opções econômicas, com poucos canais pagos. Segundo um programador, o crescimento de 10% que se viu em 2014 é relativo. “Crescemos isso nos pacotes de entrada, mas alguns pacotes mais completos viram inclusive uma retração em 2014”, diz uma fonte. Além disso, lembra a fonte, os assinantes de maior poder aquisitivo são justamente os mais suscetíveis à oferta de conteúdos overthe-top, o que torna a competição ainda mais acirrada. A oferta de conteúdos HD tem crescido muito. E o Brasil tem espaço para isso, já que cerca de 30% da base de assinantes (ou seja, cerca de 6,2 milhões de lares) já recebe sinais em alta definição pelas operadoras de TV paga. Nesse sentido, a TV aberta tem sido um alavancador de vendas. Tanto é que operadoras como a Oi TV estão apostando na forte expansão da oferta de canais locais da Globo, em HD, no seus line-up. Com a digitalização da TV aberta se intensificando a partir de 2016, conforme o cronograma estabelecido pelo governo (veja matéria nesta
“A nova legislação acabou dando, na prática, muito mais poder aos grandes e pouca proteção aos pequenos operadores.” Silvia Nora Berno, da Blue
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edição), esse processo tende a se ampliar. Por outro lado, canais como a Globo passam a disputar uma parte da receita gerada pelos assinantes, tirando dinheiro do mercado que iria para canais pagos. É um problema sobretudo para os canais criados no embalo da Lei do SeAC, como os chamados “superbrasileiros”, que hoje recebem pouco pela sua distribuição. A Lei do SeAC teve como um dos seus principais apelos a ampliação de conteúdo nacional na programação, e havia a expectativa de que isso pudesse popularizar ainda mais a TV paga, agora inundada por conteúdo nacional. Um grande operador contesta essa expectativa. “Nunca recebi uma ligação de interessado querendo assinar porque tinha mais conteúdo nacional”, diz ele. Por outro lado, a leitura é que a qualidade do conteúdo na TV paga melhorou e se tornou mais adequada ao gosto da classe C. Do ponto de vista dos programadores estrangeiros, as cotas de conteúdo também são questionáveis. “É fato que hoje tem conteúdo nacional nos canais estrangeiros, mas aquilo que realmente faz a diferença do ponto de vista de audiência já seria colocado de uma forma ou de outra”, analisa outra fonte. A briga pela audiência dos canais pagos em relação à TV aberta tem sido uma constante no mercado. “Parece que os canais pagos assumiram, no conjunto, o segundo lugar na audiência, mas acho que ainda é preciso cautela para essa realidade, porque houve alguns fatores excepcionais que levaram a isso, com a própria Copa e o desempenho ruim de alguns canais abertos”, lembra Pecegueiro. Os programadores destacam como fato em geral positivo na audiência a mudança de line-up da Net Serviços, aproximando canais similares.
( capa )
Leandro Sanfelice
leandro@convergecom.com.br
Os entrantes
ISPs agregam TV por assinatura ao portfólio para concorrer com as grandes operadoras. Investimento em redes modernas e oferta em grupo para ganhar escala são as principais estratégias.
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GARY YIM/SHUTTERSTOCK.COM
abertura de mercado promovida pela Lei 12.485 a partir de 2012 possibilitou que empresas de telecomunicações passassem a oferecer o serviço de TV por assinatura via cabo e pacotes triple play. Além disso, a lei abriu as portas do mercado de TV paga para os ISPs (Internet Service Providers). São milhares de pequenos provedores regionais que enxergam na possibilidade de oferecer TV o futuro do seu negócio – atualmente, são mais de 4 mil empresas de prestadoras de Serviços de Comunicação Multimídia (SCM) registradas na Anatel. Entregar um novo serviço representa não apenas a promessa de uma nova fonte de receita, mas também a oportunidade de manter-se relevante frente aos grandes players do mercado, capazes de oferecer pacotes completos de serviços. Os desafios para esses players, que começam agora a se estabelecer no mercado, não são poucos. Primeiro, é necessário decidir qual caminho tomar para construir infraestrutura e negociar conteúdo. Nesse cenário, dois caminhos destacam-se: obter licença do SeAC (Serviço de Acesso Condicionado) própria, montando uma operação com headend e redes de fibra ou cabo e negociando conteúdo com as programadoras, ou juntar-se a um serviço de DTH compartilhado por diversos provedores em todo o país, em projetos
FOTOS: DIVULGAÇÃO
como a Ion TV, da Unotel, e a rede IPPI, da Algar Telecom, ou à rede da Media Networks. Por fim, o provedor pode optar por uma combinação dessas opções, recebendo o sinal via DTH e criando estrutura própria para distribuir o conteúdo. Nesse caso, ele cria a possibilidade de entregar programação regional e serviços de vídeo sob demanda, em modelos over-the-top (OTT). Choque de culturas Escala é fundamental na negociação com as programadoras. Por isso, para
“Essas empresas vêm do mercado de Internet, estão acostumadas a negociar links diretamente, num cenário bem diferente. ” Alex Jucius, da Neo TV
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o provedor que opta por desenvolver seu próprio serviço, a associação Neo TV surge como solução na compra de conteúdo. De acordo com Alex Jucius, diretor geral, a associação auxilia hoje mais de 30 empresas que estão se preparando para lançar um serviço próprio de TV por assinatura. “Recebemos demanda crescente de pedidos de provedores. Eles chegam em diferentes estágios de desenvolvimento do negócio. Alguns são curiosos, outros já estão com a implantação do serviço avançada. Hoje temos mais de 30 empresas planejando o lançamento do produto”, diz o executivo. De acordo com ele, a maior dificuldade dessas empresas está em se adaptar ao modelo de negociação adotado por programadoras na venda de canais. Vindos de um mercado com mentalidade diferente, os
provedores muitas vezes não entendem a necessidade de incluir canais “indesejados” nos pacotes comprados e pagar mais por isso. “É uma mudança muito grande de um mercado para outro. Essas empresas vêm do mercado de Internet, estão acostumadas a negociar links diretamente, num cenário bem diferente. É um trabalho de evangelização, pois elas se deparam com um mercado com modelos de negócios estabelecidos”. Como resultado, muitos dos provedores regionais optaram por lançar seus produtos sem alguns canais de grandes programadoras, incluindo a Globosat, maior fornecedora de conteúdo para TV paga do país. Entre os ISPs que estão começando a operar seus serviços de TV paga após negociação via Neo TV estão empresas como a Sumicity, provedora com 18 mil assinantes de Internet que começou a ofertar o serviço de TV por assinatura nesse ano para as cidades de Além Paraíba, em Minas Gerais, e Carmo, Sumidouro, Guapimirim e parte de Teresópolis, no Rio de Janeiro, via IPTV e FTTH (Fiber to the Home, ou fibra ótima direto do headend à residência do assinante). Outro exemplo é a Life, operadora de Internet com 10 mil assinantes que investiu R$ 4,4 milhões em fibra para levar seu serviço de IPTV às cidades de Pompeia, Garça, Ocauçu e Marília (SP). Para Jucius, da NeoTV, o atendimento e conhecimento do público regional podem ser diferenciais importantes
“Ao mesmo tempo em que eles precisam agregar a oferta de TV no seu portfólio, a Algar planejava levar seu serviço para todo o país. É uma situação que beneficia ambos.” José Ignácio, da Algar Telecom
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na competição com os grandes players. “O dono da provedora conhece seu público, e o povo da região conhece a empresa. Se tem um problema, a solução é muito mais fácil, e costuma ser mais rápida também”, diz. Alcance nacional Também buscando oferecer ganho de escala na negociação por equipamentos e conteúdo para os provedores, empresas como Unotel, com a recém-lançada Ion TV, e a Algar Telecom, com a rede IPPI, entregaram ao mercado serviços de TV por assinatura via DTH com abrangência nacional. Nesse modelo, o conteúdo é negociado pelas empresas em nome de todos os provedores, que atuam na operação, negociação e relacionamento com o cliente. O Ion, serviço da Unotel, teve sua marca apresentada em junho deste ano e deve começar a ser comercializado e divulgado em agosto. O serviço terá marca, line-up, pacotes e preços únicos para todos os provedores, que têm liberdade de fazer suas próprias ofertas e combos. Cerca de 150 ISPs já assinaram contrato com a Unotel em mais de 20 estados. De acordo com o presidente da empresa, Orlando Ferreira Neto, foram investidos R$ 60 milhões na criação do Ion. A empresa espera contar com 450 ISPs comercializando o serviço até dezembro deste ano, e atingir uma base de 300 mil assinantes nos próximos 12 meses. Para desenvolver seu produto, a Unotel contratou os serviços de transmissão por satélite da Media Networks, e set-top boxes da Kaon, com recepção para sinal via-satélite e IP. O middleware será o Open TV 5, da Nagra. A caixa desenvolvida pela Kaon para a Unotel traz duas conexões satelitais, duas conexões terrestres ISDB-T e uma interface IP, que será responsável pelo acesso da caixa à Internet Além disso, o equipamento poderá gravar até quatro canais simultâneos. Em cidades onde os sinais de TV aberta ainda são analógicos, o cliente precisará sintonizá-los com uma antena própria. A empresa pretende
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( capa ) “Existe um preço que você paga quando tem zero assinantes de TV e outro para quando você tem uma base expressiva. Nesse mercado, escala é essencial.”
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entregar pacotes de programação com grande quantidade de conteúdo HD. A expectativa é que as opções de pacotes variem do básico com 27 canais pagos, dos quais dez são HD, pelo preço sugerido de R$ 69,90, até o pacote premium com 160 canais pagos, com 50 deles em HD, pelo preço sugerido de R$ 249,90. A empresa também lançou uma loja virtual, a UnoMarket, em que provedores de Internet podem realizar aquisição coletiva de equipamentos, insumos e serviços. “O grande desafio para todo provedor que entra nesse mercado é que ele chega com uma base de zero assinantes de TV. Existe um preço que você paga quando tem zero assinantes de TV e poucos de Internet e outro para quando você tem uma base expressiva. Quando negociamos em nome de mais de cem provedores, os termos mudam. Isso vale principalmente para o conteúdo, mas também para equipamentos e infraestrutura – nesse mercado, escala é essencial”, diz Alessandro Peciauskas, diretor de programação e produtos da Ion TV. A Viareal Telecom, que atua em nove municípios do interior de Minas Gerais, com cerca de vinte mil assinantes de Internet, está entre as empresas que começarão a entregar o serviço de TV por assinatura da Ion TV via DTH. Segundo Manoel Santana, CEO da empresa, a Viareal está investindo para ampliar a oferta do serviço e entregar os canais recebidos pelo sinal da Unotel também via fibra. “Temos uma demanda por velocidade de Internet natural. Por isso estamos investindo na migração da nossa infra para fibra. Dessa forma, a entrega do serviço por fibra é natural e não demanda um grande
Alessandro Peciauskas, da Ion TV
investimento extra por cliente”, explica. Segundo o executivo, a empresa já tem infraestrutura para chegar com fibra à casa dos seus assinantes nos seis maiores municípios em que atua. “Faltam as três menores, mas são municípios bem pequenos, com cerca de 3 mil habitantes cada”, diz. Nas cidades onde já entrega o serviço via fibra, todos os novos contratos recebem o sinal dessa maneira. O plano do empresário é utilizar a fibra para agregar programação local e
MUITOS DOS PROVEDORES REGIONAIS OPTARAM POR LANÇAR SEUS PRODUTOS SEM ALGUNS CANAIS DE GRANDES PROGRAMADORAS, INCLUINDO A GLOBOSAT. serviço de vídeo sob demanda, no modelo OTT. Para isso, a empresa investiu também na construção de um headend, que se encontra em fase de testes. “Se tudo correr certo, poderíamos lançar esse serviço junto com o DTH em três meses, mas é difícil precisar sem os testes. Só lançaremos quando estivermos seguros da qualidade do serviço”, afirma. A expectativa da empresa é contar com 1,4 mil assinantes de TV paga no DTH e na fibra até o fim do primeiro ano de operação.
“Temos uma demanda por velocidade de Internet natural. Por isso estamos investindo na migração da nossa infra para fibra.” Manoel Santana, da Viareal
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IPPI Com serviço semelhante, a rede IPPI irá oferecer, via provedores de Internet, o serviço de televisão da Algar Telecom. Assim como no caso da Unotel, o serviço terá o mesmo line-up (relação de canais) e os mesmos pacotes para todos os provedores – nesse caso, o line-up utilizado pela própria Algar Telecom no seu serviço de TV. “A ideia é justamente evitar o desgaste e os gastos que o provedor teria com toda a negociação de conteúdo, uma área na qual já temos experiências e contratos bem formulados. Ao mesmo tempo em que eles precisam agregar a oferta de TV no seu portfólio para se manterem competitivos, a Algar planejava levar seu serviço para todo o país. É uma situação que beneficia ambos”, diz José Inácio Pereira, superintendente da Rede IPPI. Segundo ele, a IPPI surge como sucessora da ISP TV, e já demandou investimentos de cerca de R$ 60 milhões do grupo. As primeiras operações foram lançadas neste ano. No momento, o projeto conta com cerca de 30 operadores ofertando o serviço, para uma base de cerca de mil assinantes. Outros cem provedores já assinaram acordos manifestando a intenção de juntar-se à rede. Segundo o executivo, a meta da Algar é ambiciosa. O grupo planeja contar com um milhão de assinantes e mil provedores parceiros daqui a cinco anos. “No momento, estamos focando na oferta de conteúdo por DTH, mas o plano é, no futuro, utilizar as capacidades das redes dos provedores para agregar novos serviços”, diz. “Além da vantagem de expandir o produto, existe também um ganho de escala benéfico para ambas as partes. Conforme a base de assinantes aumenta, conseguimos negociar melhores contratos para nossos serviços, e temos o compromisso de repassar esse benefício para os provedores”, conclui o diretor.
( entrevista )
André Mermelstein
a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r
Uma ponte com o mundo Com 20 anos de presença no Brasil, Discovery fica mais local e quer levar a produção nacional para o resto do globo, conta o vice-presidente Fernando Medin.
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coisa que se via muito nos EUA, de se fazer programação, contraprogramação. Antes era muito mais teórico, também porque a medição era sobre uma amostra menor. Hoje é muito mais concreto, e uma das estratégias que estamos adotando nesse sentido é a do conteúdo, de trazer essa programação relevante. Por isso nossas recentes contratações nessa área, como a Mônica Pimentel (ex-Rede TV) e o Roberto Martha (ex-Viacom).
FOTO: divulgação
o ano em que completa 20 anos de Brasil, a Discovery vem se tornando mais local. Em um processo que começou há seis anos, mas que se intensificou nos últimos dois, a programadora dobrou suas instalações no país e vem contratando profissionais nas áreas de produção original, on-air e comercial. O escritório em São Paulo conta hoje com cerca de cem pessoas e está abrindo novas salas para receber profissionais e equipamentos para produzir toda a comunicação dos canais localmente, e também aumentar a integração com as produtoras locais. Há oito anos na empresa e recém-promovido a VP da Discovery Networks Latin America/ US Hispanic, o argentino naturalizado brasileiro Fernando Medin conta o que está por trás da estratégia de regionalização e diz como a programadora vem encarando os desafios da era digital. TELA VIVA – Os canais abertos ainda têm a maior parte da audiência, mesmo entre assinantes de TV paga. Como mudar isso? Fernando Medin – Estamos vendo um aumento no consumo de TV paga. Em 2012 começamos a sentir isso. O assinante, nos primeiros três meses, é um “enhanced free to air viewer”, um espectador de TV aberta que busca alguma coisa nos canais pagos. Não está acostumado à dinâmica da TV paga, aos promos, à linguagem, ao zapping. Depois disso, quando se
Fernando Medin
acostuma, não tem volta, e começa a achar aquilo de que ele gosta. Ele começa a identificar marcas, conceitos de programação. Leva de três a seis meses. Vocês estão buscando mais essa audiência? Estamos vendo como agora existe uma 30
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E como fazer isso, qual a estratégia? Uma das coisas que a gente vê é que o assinante mais recente tem um hábito de consumo mais frenético, mais típico de TV aberta, e ele tem que ser “educado” com a qualidade. Uma fórmula muito boa pra gente é produzir o melhor possível com escala mundial e dar a isso uma relevância local. Usamos por exemplo o Milhem Cortaz como apresentador no “Mistérios”. É um programa que poderia “se perder” para o público brasileiro, um programa de investigação, de “dark matters”. Trazer um apresentador brasileiro conhecido e relevante para o tópico é fundamental, e isso está funcionando muito bem pra gente. Por isso também contratamos a Adriane Galisteu pro Home & Health, a Gaby Amarantos, usamos o apresentador, ou o narrador, dando um ângulo diferente, como fizemos com Seu Jorge em “América do Norte”. Isso permite juntar esse conteúdo a alguém que te convida a ver isso. Outra coisa, que já é uma fórmula nossa, é a procura de um
talento local. O talento vem antes até da história. Já descobrimos isso no mundo inteiro, que existe uma procura por autenticidade. Em vez de colocar só uma cara bonita falando de um assunto sobre o qual não tem a menor ideia e só recebe um briefing dois minutos antes, o que procuramos são talentos genuínos que sim, tenham carisma, mas que conheçam e saibam do assunto. A Karina Oliani (aventureira) é um exemplo, ela faz isso, é a vida dela. Também o Fábio Lamachia Carvalho (de “Trabalho Duro”). Se a gente não tivesse contratado, ele estaria do mesmo jeito, entrando numa mina, fazendo aquilo porque é a vida dele. Ou o Léo e o Leite (de “Desafio em Dose Dupla”). São genuínos, são carismáticos e são reais. As novas gerações estão cansadas das coisas “staged” (encenadas), querem o que é real. Por isso a contratação de profissionais nas áreas de produção original? A parte mais visível é a contratação dos profissionais, mas essa história de ir atrás de programação diferenciada e agradar a audiência local, no nosso caso, começou em 2006. Minha vinda, há oito anos, teve muito a ver com isso. Até o começo dos anos 2000 o mercado era visto pelas programadoras internacionais como economia de escala, trazer programas pra distribuir em toda a América Latina, com um centro de programação fora. Hoje no Brasil todos os canais são programados aqui, por brasileiros, pensando nos gostos e nos hábitos locais, no que a audiência quer. Tem uma coisa que você não percebe, mas há também um investimento grande nos promos e chamadas. É como uma festa de casamento. O mais importante é o ar-condicionado (risos). Ninguém percebe que ele está lá, mas se não funcionar, acaba com toda a festa.
Ninguém percebe quando o break está certo, mas se estiver ruim, se o on-air for ruim, como era, com chamadas em outras línguas, repetições, todos percebem. Durante os últimos cinco anos, e principalmente nos últimos dois, investimos muito nisso. Não é só a chegada da Mônica, isso é mais uma parte do projeto. Investimos nesses cinco anos em profissionais e na infraestrutura, para produzir com mais agilidade. Com a vinda dessa leva de profissionais não queremos ser tutores da audiência, mas sim guiá-la, orientá-la, ajudar esse novo assinante a entender a lógica de como assistir a TV paga. Estamos atrás de crescimento. Se você olhar a TV paga nos EUA, uma vez que chegou a 40%, ela entrou numa lógica de publicidade totalmente diferente da que
O sucesso de audiência aparece. Nos últimos oito meses nossos canais mais novos também passaram à liderança. Sempre foi parte da minha visão, desde que vim para o Brasil: desenvolver a equipe aqui, se beneficiando dessa escala mundial. Vocês exibiram durante a Copa uma série sobre a construção dos estádios. Como é a logística por trás dessa produção de grande porte? Somos a única grande programadora do mundo que não tem um estúdio de produção. Nosso estúdio é o mundo. Onde estão as melhores histórias, é onde vamos buscá-las, usando o time de produção dessa região. No caso desta produção, o dinheiro veio de fora, do internacional, para produzir aqui. A mesma coisa quando houve o caso dos mineiros do Chile (que ficaram presos na mina). Fizemos com a equipe de produção da América Latina para o mundo todo. No caso do Costa Concórdia foi o time da Europa, e assim por diante.
“AS NOVAS GERAÇÕES ESTÃO CANSADAS DE COISAS ENCENADAS. QUEREM O QUE É REAL.” havia antes. Estou sentindo que isso começa no Brasil agora que estamos arranhando os 30%, uma atenção dos profissionais de mídia. Outra coisa que se fala pouco, mas que existe, é talento. E ter os talentos na casa. O cara pode ser ótimo, mas se não está aqui, respirando o nosso ar, não está envolvido na dinâmica, as coisas não ficam naturais. Queremos capturar essa tropicalidade, essa coisa fresca, em todos os aspectos dos canais, nas produções, programetes, no on-air, promos, nos IDs, tem que fechar 100%. Quando as programadoras resolveram ter estruturas regionais, todas correram para a Argentina, onde era mais barato. Mas nós fomos onde o potencial era melhor. Nenhuma outra tem um escritório no Brasil maior que em Buenos Aires ou em outro país da região. Foi uma decisão estratégica, da qual fui parte. O mercado tem que crescer de dentro, e temos todos que ajudar o mercado a crescer, participando de associações, sendo um agente de mudança.
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E o que estas produções têm em comum? São temas globais, que viajam muito bem. Então usamos a verba internacional e depois estes produtos vão para o mundo todo. Outra coisa que está funcionando muito bem nesse sentido são os eventos ao vivo, transmitidos simultaneamente em todo o mundo, que chamamos de “watch with the world”. Fizemos o cara que atravessou o Grand Canyon numa corda-bamba. Isso dá um impacto enorme. Isso é cada vez mais importante para a TV linear, não? Sim, e ter uma plataforma da forma que a gente tem dá essa vantagem. Somos a programadora mais bem distribuída do mundo. O custo é enorme, mas a escala global permite. Quando há um tema quente, como a queda do voo da 31
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( entrevista) maiores para este ano são o (canal) Turbo, que está crescendo, junto com o TLC. O Turbo é um canal básico, com 6 milhões de assinantes e tem um apelo grande, o brasileiro é vidrado em tudo que tem motor. Estamos coproduzindo com a Red Bull um programa de que eu me orgulho, com nome provisório de “Nós contra o Mundo”, com o (piloto) Cacá Bueno.
Malásia, vamos lá, fazemos filmagens submarinas, alavancamos uma estrutura global pra fazer isso. O que vem mudando na forma de se produzir e programar para a TV? Uma das coisas que tem nos ajudado é a tecnologia. Quanto mais perto da realidade, mais fiel, melhor é o nosso conteúdo. Então o digital, HD, 4K, 8K, quanto mais, melhor. Em programas de natureza, o visual impacta mais. Vai criando aquele “wow moment”. Também, quando você vai ganhando massa, muda a forma de programar, e isso mudou de 2011 pra cá, desde que a TV paga não é mais um veículo de nicho, é de massa qualificada. Permite trabalhar com os anunciantes de uma forma diferente e atrair publicidade de forma mais robusta, não marginalmente. A outra coisa é a especialização dentro dos gêneros, e isso fazemos bem, pegar um gênero dentro do gênero e fazê-lo crescer. Reinventamos o factual, os documentários não são mais aquela série de imagens com uma “voz de Deus” contando tudo. Fizemos docudrama, as reencenações, como “Klondike”. Outra coisa é a possibilidade de ter canais para cada segmento.
“Quando tem um bom espectro de canais e um bom público, você pode se especializar.” Na FIA GT tem uma única equipe 100% brasileira, estamos acompanhando as corridas na Europa toda. É meio reality, meio programa sobre mecânica. É uma produção nacional, com participação da Eurosport, que é uma marca da Discovery que organiza os eventos esportivos, especialmente esportes motores. É um diferencial para a operadora. Esse ano vai ter o canal em HD. Quais outros canais estão no pipeline para lançamento em HD? A gente vai ter o portfólio todo em HD. O TLC sem dúvida vai ter o simulcast em breve (hoje o TLC HD tem programação diferente da do TLC em standard definition). É um canal que é uma plataforma global, um dos mais distribuídos no mundo. Tá disputando com o concorrente local (GNT), dá um orgulho muito grande. É um público difícil, de 18 a 34 anos. Pega muito um público ligado em empreendedorismo, é um serviço com entretenimento, dá muitas dicas de negócio, com os programas de restaurante etc. cresceu 5% e vai continuar crescendo. Uma das coisas que faz nossa relação ser boa com os operadores é a adequação. A gente lançou há alguns anos o Liv, e o canal não ia tão bem, tinha muito canal parecido, de filmes e séries. Corremos atrás e trocamos pelo ID, que fazia sucesso lá fora, e funcionou super bem, é um diferenciador. Dá variedade. A operadora diz que o
Como funciona essa segmentação? Existe um espectador que quer ver uma coisa que o passo atual da TV paga não permite. É aquele cara que gosta de um documentário mais lento, mais sisudo. A existência do HD fez que a gente pudesse fazer, num canal como o HD Theater, esse tipo de coisa que a nova TV paga não traz mais. Hoje é mais rápido, com mais chamariz. O TLC HD também, ele traz culinária num nível mais profundo, mais explicado. Quando tem um bom espectro de canais e um bom público você pode se especializar. Nossas duas apostas 34
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assinante reclama que só tem futebol, filme e série. O ID tem um gênero próprio, específico, de mistério. Foi uma grande escolha. A publicidade vem acompanhando esse crescimento? Antes a publicidade na TV paga era vista como uma coisa mais de formação de opinião, de informar uma classe A e criar um aspiracional daquele produto do alto para baixo da pirâmide. Hoje você já vê o varejo anunciando. Já forma opinião na base consumidora e faz volume. Não queremos só crescer em publicidade, mas também fazer com que o nosso portfólio seja relevante para os afiliados (operadoras que carregam os canais). Não temos nenhum canal que eles reclamem que não funcione. O afiliado se interessa pela audiência, mas também pelo conceito. Por isso montamos um portfólio complementar, com canais mais masculinos, mais femininos, infantil, família. É uma solução de comunicação que resolve a vida do afiliado e ao mesmo tempo cria um leque de opções pra comunicar produtos e serviços. Na lógica de audiência no mundo a TV paga é pautada por duas coisas: ficção e futebol (não esportes, futebol mesmo). Conseguimos por mais um “F”, de factual. Pra quem procura um veículo diferenciado, trazemos isso, um prestígio de marca. Como vê a limitação da publicidade infantil, já que um de seus principais canais é o Discovery Kids? Essa limitação é primeiro interna. Somos muito seletivos com o tipo de publicidade que aceitamos no canal. Temos uma bíblia que restringe. É bom que hoje exista esse debate. Estamos preparados para cumprir a lei, quando exista. Mas filosoficamente, se você vê o canal, sabe que não temos produtos de consumo, isso é mínimo, e
Qual a sua visão do mercado de TV por assinatura hoje no Brasil? Estamos desacelerando? Estamos vendo o mercado com olhos de perspectiva, e não de curto prazo. Dizer que um mercado que cresce quase 15% é estagnado não faz nenhum sentido. Claro que se você compara com 2012, que foi uma situação perfeita de crescimento, a coisa fica pior. Mas uma coisa que me deixa tranquilo é que o desejo de consumo de TV paga está totalmente instaurado em quem não tem o serviço. E quem tem, gosta. Talvez o desafio seja encontrar uma forma para ajudar quem tem e não está conseguindo pagar. Quais são os principais problemas? Um tema que preocupa é a pirataria, que está se consolidando. É um grande problema, porque quando isso vira um costume, vira normal, é muito complexo combater. A parte ruim é que estamos perdendo um potencial enorme. A parte boa é que há um desejo enorme de receber a TV paga. Nosso desafio como indústria será de atender esse público do ponto de vista econômico, e também combater o churn (desligamento
operadores) vem falando dos ISPs, estamos torcendo pra ver o que acontece. A Dish (operadora norteamericana de DTH) vem flertando com o Brasil, reposicionou satélite, gastou um dinheirão. Duvido que façam um investimento assim sem a intenção de entrar. Potencial existe.
FOTO: divulgação
merchandising. Vamos atrás dos produtos que vão de acordo com nosso público. Isso me dá uma certa tranquilidade. Mas claramente o assunto preocupa, porque, como se diz em espanhol, “nem tão careca, nem tão cabeludo”. Também não queremos que se chegue a um “talibanismo” em que qualquer tipo de mensagem que possa parecer propaganda seja interpretada de forma errada... Calma, porque no fim se você não tiver como financiar os canais que dão uma programação de qualidade pras crianças, elas vão acabar vendo a novela, que é muito pior...
Quais são seus planos para outros serviços, de TV everywhere e video on-demand, que vários programadores vêm lançando? Estamos investindo para lançar a melhor plataforma de TV everywhere. Temos uma missão. Estamos muito quietos ainda, na aparência. Me lembro quando explodiu a febre do HD, alguns lançaram rapidamente. Quando me perguntaram eu disse que a Discovery não seria a primeira, mas que lançaria o melhor canal HD. Lançamos o HD Theater e ele foi o canal que usavam para demonstrar a tecnologia. Não vai ser diferente com a TV everywhere. Vamos fazer. Já temos uma boa parte percorrida porque compramos um grupo de TV aberta na Escandinávia (SBS Nordic, adquirida em 2012 pelo grupo) que tem um player fantástico, chamado DPlay, e estamos usando essa infraestrutura em nível mundial. Não devemos usar a plataforma 100% aqui, porque a qualidade da banda lá é diferente daqui, então vamos adaptar pra dar uma experiência boa com a banda que temos no Brasil. Quanto ao conteúdo estamos tranquilos, temos um portfólio que as pessoas vão querer ver. Queria ter alguma coisa esse ano, mas não vou me apressar. Quero sair com o melhor produto possível, e pensando no usuário. Tem serviços hoje que não funcionam bem. O cara usa da primeira vez e o vídeo “cai”. Ele nunca mais volta. Também queremos uma experiência de uso “lazy” (preguiçosa), em que o usuário não precise procurar muito, mais parecida com a experiência de TV.
“uma coisa que me deixa tranquilo é que o desejo de consumo de TV paga está totalmente instaurado em quem não tem o serviço.” de assinantes). Se você olhar as vendas, não estão muito diferentes de 2012. Mas as perdas de assinantes estão muito grandes. Como enxerga a concentração do mercado de TV por assinatura, com dois grupos hoje controlando cerca de 85% dos assinantes? Essa é uma realidade na TV paga mundial. Não ter diferentes fontes para colocar seus canais é preocupante, mas não é diferente do que se vê lá fora. Nos EUA está concentrando mais. Na Austrália tem um único operador com 97% do mercado. E os ISPs (provedores de Internet que estão buscando entrar no mercado de TV), as outras teles. São uma alternativa de crescimento? Os que estão aí cresceram: GVT cresceu, a Oi cresceu. A Neo TV (associação dos pequenos e médios
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10 anos de olho no Brasil
( regulamentação)
Fernando Lauterjung
fernando@convergecom.com.br
Mais dinheiro, menos burocracia Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/agência brasil
Programa lançado em junho traz novos recursos para o cinema e a TV e dá à Ancine poderes para rever os processos de aprovação e fiscalização de projetos.
Lançamento do Programa Brasil de Todas as Telas, que destina R$ 1,2 bilhão ao setor.
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m agosto de 2013, em painel do Congresso ABTA, o presidente da Ancine, Manoel Rangel, apontou que um dos grandes desafios para a agência reguladora para ajudar a superar o volume de produção atual era rever o paradigma estabelecido ao fomento e ao estímulo do audiovisual brasileiro fixado pela Lei do Audiovisual em 1993. “É preciso encontrar uma nova forma de estimular o setor. O papel do estado deve ser mais leve e mais ágil. Devemos focar mais no resultado e menos nos processos”, disse Rangel. “Isso é um grande desafio que envolve uma mudança de pensamento na Ancine e em todos os órgãos de controle do governo”, afirmou. No início de julho último, um importante passo foi dado nesse sentido, com a publicação do Decreto 38
8281/2014, que institui o Programa Brasil de Todas as Telas e concede à Ancine poderes para adotar medidas que visam à desburocratização e à simplificação de procedimentos. “O decreto dá um comando geral na mudança dos processos”, disse o presidente da Ancine a TELA VIVA. A aprovação, o acompanhamento e a fiscalização dos projetos audiovisuais produzidos com recursos incentivados federais e a apresentação e análise da sua prestação de contas serão objeto de normatização específica pela Ancine. O decreto sinaliza que tal normatização seja de acordo com a complexidade de cada mecanismo, programa ou ação de fomento, considerando os objetivos e as metas do financiamento da atividade audiovisual. “O decreto dá uma autorização para que a Ancine discipline o uso de recursos públicos, adotando um novo paradigma na aprovação, acompanhamento e prestação de contas de projetos que usem recursos
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públicos”, resume Rangel. O decreto propõe uma flexibilização nas análises de prestação de contas de projetos realizados com recursos incentivados federais. Todos os projetos aprovados na agência continuam obrigados a prestar contas. Porém, com as mudanças que devem ser implantadas na Ancine, parte dos projetos será submetida a uma análise de prestação de contas simplificada. Para isso a agência adotará controle por amostragem. “A lógica atual valoriza o papel. Queremos colocar foco na finalidade da política pública, que é a realização da obra audiovisual e sua chegada à sociedade, sempre tomando o menor volume de recursos públicos necessários”, explica Rangel. A sistemática de controle por amostragem, determina o decreto,
Nova cultura O efeito prático das mudanças autorizadas pelo governo e a serem adotadas é que a análise complementar de projetos, que hoje é uma etapa demorada, mudará. “Caminharemos para uma análise de grandes itens, sem necessariamente minudenciar estes itens. A prestação de contas será simplificada, com uma prestação detalhada por amostragem. Isso será geral e permanente”, explica Manoel Rangel. “Se uma empresa tem um projeto que apresenta problemas na análise detalhada, evidentemente terá seus outros projetos transferidos do sistema de análise simplificada para a detalhada”, complementa. É claro que essa mudança de paradigma na forma como a Ancine aprova e acompanha o uso de recursos públicos não vai acontecer de uma hora para a outra. Para isso, é necessário definir regras e formas o decreto não entra no detalhe - e há um longo trabalho a ser feito junto ao quadro de servidores da agência. “Nossa energia no período de um ano estará em mudar a cultura interna, mudar os métodos, tendo mais automação e redução de etapas”, explica Rangel. A mudança vai além da própria agência. O próprio setor terá de se adaptar a essa nova cultura. “Novas exigências passarão a ser feitas ao setor, mas outras exigências burocráticas, burras, serão eliminadas”, completa. Segundo o presidente da Ancine, a agência já tece um complemento importante no quadro de servidores e as mudanças também terão papel importante na absorção do volume de trabalho pela equipe atual. “Em nosso horizonte não está o aumento de capacidade com o aumento de
capacitação e formação profissional, através do Pronatec audiovisual; produção e difusão de conteúdo brasileiro; e expansão e modernização de salas de cinema. Através do primeiro eixo citado o de desenvolvimento de projetos, roteiros, marcas e formatos - serão investidos R$ 94 milhões. São três linhas financeiras que buscam o desenvolvimento de projetos e formatos de obras audiovisuais, estimulando a criação de parcerias entre empresas e profissionais responsáveis pela criação, produção, agregação e comunicação pública de conteúdos: Núcleos Criativos, Desenvolvimento de Projetos e Laboratórios de Desenvolvimento. Deste montante, R$ 61 milhões são novos recursos, que se somam aos R$ 33 milhões já em processo de seleção. “Já tivemos diversas ações de desenvolvimento de projetos, mas nunca em escala tão larga”, diz Rangel. Segundo ele, a expectativa é que essas ações promovam o desenvolvimento de 450 projetos para cinema e TV e a formação de 54 núcleos de criação em todas as regiões do país. Há, portanto, um fomento tradicional em projetos, mas também na criação de uma estrutura e cultura de criação de desenvolvimento, através dos laboratórios e dos núcleos. Algo com potencial de ser mais perene que o investimento direto em projetos.
pessoal, mas com a otimização. Vamos buscar fazer mais, com menos. A equipe estará mais livre para atentar a outros aspectos da regulação de mercado”, diz. “Com isso, não estamos diminuindo o controle. Pelo contrário, manteremos, mas teremos recursos para olhar mais atentamente para o macro”, completa. Desenvolvimento O decreto, além de romper com o formato tradicional de acompanhamento e fiscalização de uso de recursos públicos, traz um pacote de R$ 1,2 bilhão para os próximos doze meses para o setor, o Programa Brasil de Todas as Telas. Formulado com base
análises de projetos serão flexibilizadas e apenas alguns serão selecionados para análise detalhada. no Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual, que foi aprovado pelo Conselho Superior do Cinema em 2012 e estabelece a estratégia para o desenvolvimento da indústria do cinema e do audiovisual no Brasil até 2020, o programa lança mão de diferentes modalidades de operação financeira, articula parcerias público-privadas e propõe novos modelos de negócios. O objetivo é o de estimular o desenvolvimento dos agentes econômicos e de permitir acesso a um volume maior de pessoas aos conteúdos produzidos no Brasil. De acordo com o presidente da Ancine, o projeto está estruturado em torno de quatro eixos: desenvolvimento de projetos, roteiros, marcas e formatos;
Mão de obra O segundo eixo, o de capacitação e formação profissional, busca resolver a defasagem na oferta de mão de obra qualificada, gerada pelo aumento da demanda fomentado pela introdução das cotas de conteúdo nacional por força da Lei 12.485/2011, que instituiu o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC). Canais e produtores concordam que o cenário é problemático. Durante o
FOTO: marcelo kahn
será mediante o sorteio de projetos em sessão pública, para avaliação orçamentária e financeira complementar. Pelo menos 5% do total de projetos em fase de prestação de contas devem ser analisados de forma detalhada.
“Queremos colocar foco na finalidade da política pública, que é a realização da obra audiovisual e sua chegada à sociedade.” Manoel Rangel, da Ancine
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( regulamentação) “Precisamos de profissionais de qualidade numa escala nunca antes imaginada.” Rogério Gallo, da Turner, no último Fórum Brasil de TV
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. O decreto permite a flexibilização de regras para o estabelecimento de parcerias entre o Fundo Setorial do Audiovisual e instituições de ensino públicas e privadas. O sistema S será o primeiro parceiro da Ancine e do Ministério da Educação. Outras parcerias podem ser feitas no futuro. Produção e difusão O terceiro eixo, de produção e difusão, conta com todas as linhas do FSA até 2013. Além destas, traz novos recursos para produção de conteúdo para as TVs públicas, comunitárias e universitárias, além do investimento em parceria com os governos estaduais. As ações desse eixo envolvem diversos agentes econômicos - produtores, distribuidores, programadores, TVs públicas e parceiros internacionais - e diferentes modalidades de operação financeira. São R$ 375 milhões novos que se somam aos R$ 325 milhões já em processo de seleção de projetos. A meta é ambiciosa, aponta o presidente da Ancine: 300 longas-metragens e 400 obras seriadas de televisão, totalizando duas mil horas de conteúdo. R$ 439 milhões serão destinados ao investimento em produção e difusão de projetos de cinema e televisão; R$ 179 milhões irão para ações que visam o desenvolvimento de polos regionais de produção, em parceria com TVs públicas (comunitárias, universitárias, educativas e culturais) e governos estaduais e municipais; R$ 70 milhões serão destinados ao Sistema
O suporte automático valoriza o desempenho comercial e os investimentos anteriores das empresas.
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Financeiro de Suporte Automático, cujo investimento é baseado no desempenho das empresas, e R$ 12 milhões para ações internacionais. As parcerias com governos se dá através da suplementação, via Fundo Setorial do Audiovisual, de chamadas estaduais e municipais para produção. Segundo a Ancine, as ações estão em 23 unidades federativos, através de 18 parcerias com governos estaduais e 19 municipais. O suporte automático, destacou Rangel na apresentação do programa, valoriza o desempenho comercial e os investimentos anteriores das empresas. A seleção dos projetos será feita pelas próprias empresas em três módulos iniciais: produção, programação e distribuição. Os valores destinados a cinema são divididos em sete linhas: projetos de produtores (por concurso), projetos de distribuidoras, projetos de distribuição (investimento em lançamento), concurso por relevância artística, complementação de recursos (para projetos com captação em andamento), concurso de documentários e projetos de baixo orçamento. Para produção em TV são duas linhas: projetos de obras seriadas e projetos de programação. FOTO: marcelo kahn
Fórum Brasil de Televisão, que aconteceu em junho em São Paulo, o vice-presidente de filmes e séries da Turner, Rogério Gallo, foi categórico. “Precisamos hoje de profissionais de qualidade numa escala nunca antes imaginada. São poucas as produtoras aptas a produzir com qualidade e isso gerou custos inaceitáveis, fora de propósito quando se compara com produções no mercado internacional”, avaliou Gallo. O diretor presidente da Conspiração, Gil Ribeiro, concordou com o executivo da Turner, apontando que as produtoras sofrem atualmente pressão de todos os lados. Enquanto os canais tentam baixar os preços, a mão de obra está ficando cada vez mais cara. O eixo de capacitação e formação do Programa Brasil de Todas as Telas oferecerá cursos gratuitos no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Ministério da Educação. A carência no setor por mão de obra técnica, estima a Ancine, é de pelo menos 5 mil postos de trabalho. O programa oferecerá 20 cursos: aderecista, assistente de produção cultural, auxiliar de cenotecnia, dublador, editor de vídeo, eletricista de audiovisual, figurinista, iluminador cênico, maquiador cênico, operador de áudio, operador de câmera, roteirista de animação, sonoplasta tradutor e elaborador de legendas, animador em stop motion, desenhista de animação, projecionista de exibição cinematográfica digital, pósprodutor de animação (edição e montagem), audiodescritor e elaborador de legendagem descritiva. Segundo Rangel, serão atendidas, em um primeiro momento, 12 capitais, com cursos iniciando ainda em 2014. Futuramente, outras cidades poderão ser contempladas. No início, o Pronatec Audiovisual chega a Belém, Manaus, Fortaleza,
Cinema Perto de Você Por fim, no R$ 1,2 bilhão anunciado estão os R$ 350 milhões do Programa Cinema Perto de Você, um conjunto de mecanismos voltados à abertura e a modernização de salas de cinema em todo o Brasil, com ênfase na digitalização. Aproximadamente 250 salas receberam financiamento público desde o início do programa. O investimento e crédito são destinados à abertura de novas salas, digitalização do parque exibidor e investimentos do projeto Cinema da Cidade.
(radiodifusão)
Helton Posseti
h elton @co nvergeco m .co m .br
O começo do fim
Governo marca as datas de desligamento do sinal analógico, mas condiciona switch-off a uma garantia de recebimento da TV digital pelas residências. ilustração: arquivo
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stão lançadas as regras que vão nortear o desligamento do sinal analógico de TV aberta no brasil, marcando o fim de um processo iniciado no final de 2007, quando se iniciaram as transmissões digitais. De lá para cá, a emissoras transmitem em simulcast (transmissão analógica e digital) nas cidades nas quais o sinal digital já foi implantado, mas a partir de 2015 se inicia um processo gradual de desligamento (switch-off) do sinal analógico - utilizado desde as primeiras transmissões de TV no começo dos anos 50. O primeiro passo do governo para efetuar o desligamento foi a publicação de um decreto que flexibiliza o prazo previsto para o fim das transmissões analógicas. Ao invés de desligar o Brasil inteiro de uma só vez, o decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff estabelece que o fim do sinal analógico começará em 2015 e terminará em 2018. Depois disso, o Ministério das Comunicações (Minicom) publicou uma portaria que institui o calendário (ver tabela) de desligamento das capitais. O calendário prevê um desligamento piloto na cidade goiana de Rio Verde ainda em 2015. O calendário, a bem da verdade, era mais aguardado pelo setor de telecomunicações do que propriamente pela radiodifusão, já que ele mostra quando a faixa de 700 MHz, o chamado dividendo digital, estará disponível para as teles e em quais cidades para a FOTO: arquivo
implantação da transmissão de dados de quarta geração em redes móveis (chamada de 4G, ou LTE). Para a radiodifusão, o mais importante era conhecer as condições e as premissas que devem ser observadas para o desligamento. A preocupação do setor era que o governo tomasse as precauções necessárias para que o fim do sinal analógico não
“A gente estava bastante apreensivo, mas o ministério tem cumprido o papel de manter a política pública e preservar a radiodifusão aberta.” Daniel Slaviero, da Abert
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deixe a população sem televisão. E isso foi feito por meio de uma nova portaria, que agradou o setor, principalmente porque o Minicom estabeleceu que as emissoras só poderão desligar o sinal analógico se 93% dos domicílios estiverem aptos a receber o sinal digital. “A gente estava bastante apreensivo, mas o ministério tem cumprido o papel de manter a política pública e preservar a radiodifusão aberta”, declarou o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slaviero. O executivo revela que o pedido do setor foi que esse percentual deveria ser de 95%, mas o percentual de 93% é satisfatório. “Nos outros países (este percentual) varia de 90% a 95%”, afirma ele. O percentual deverá ser apurado por pesquisa que utilize a mesma metodologia usada na Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) do IBGE. O custo dessa pesquisa, de acordo com a portaria do Minicom, deverá ser bancado pelas vencedoras do leilão da faixa de 700 MHz, ou seja, pelas operadoras de telecom – assim como o custo para o radiodifusor migrar para o canal digital e da distribuição de set-top box para as famílias inscritas no Bolsa Família e de filtros para as famílias do CadÚnico, o Cadastro Único do governo federal para os programas sociais. Também está prevista uma campanha do governo (mais uma vez financiada pelas vencedoras do leilão) para informar a população sobre o desligamento do sinal analógico com pelos menos um ano de antecedência. Esse ponto também
“Esse prazo está ok. Nos outros países com quem a gente dialogou, como o México, eles recomendam a campanha com um ano de antecedência.”
FOTO: Marcos Oliveira/Agência senado
recebeu elogios da radiodifusão. “Esse prazo está ok. Nos outros países com quem a gente dialogou, como o México, eles recomendam a campanha com um ano de antecedência”, explica o engenheiro da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) André Felipe Trindade. Ele explica que um prazo longo é necessário para fazer a conscientização plena da população e evitar uma demanda concentrada em pouco tempo por set-top boxes ou antenas, o que poderia elevar o preço dos equipamentos. As emissoras deverão ainda veicular em sua programação a data de desligamento do sinal analógico e o número do canal digital, na forma e nos prazos que ainda serão estabelecidos pelo
André Felipe Trindade, da Abratel
Minicom até 30 de novembro de 2014, ouvido o Fórum Brasileiro de Televisão Digital. Calendário O calendário de desligamento, nas palavras de Slaviero, da Abert, “segue a lógica”. Ou seja, começa pelas cidades com maior poder de consumo, o que atende ao interesse dos dois lados. Quem desocupa a faixa digitaliza primeiro as cidades maiores e mais ricas, ao mesmo tempo em que o setor de telecomunicações tem interesse também em iniciar a operação do LTE na faixa de 700 MHz nas cidades maiores e mais prósperas.
O calendário estabelecido, contudo, pode gerar alguns problemas para os radiodifusores, na opinião da Abratel. Isso porque em alguns municípios o desligamento da capital acontece em data diferente do desligamento de cidades ao redor, na qual a emissora local opera por meio de RTV (retransmissora). É o caso, por exemplo, de Luziânia, em Goiás. A cidade será desligada em 3 abril de 2016 junto com Brasília (DF) e outros municípios do entorno. Acontece que em Luziânia, a Rede Globo tem uma RTV da geradora de Goiânia, a TV Anhanguera. Na prática, o que acontecerá é que a RTV de Luziânia deverá ser desligada antes da geradora, já que o desligamento de Goiânia acontecerá em 28 agosto. Trindade, da Abratel, explica que esse descasamento impede que o radiodifusor realize uma campanha única para toda a sua rede. “São duas datas diferentes para o
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“O espectro de 470 – 698 MHz será utilizado nos próximos anos pela radiodifusão, que também passa por um período de novas aplicações.”
radiodifusor trabalhar com a campanha para a população”, afirma ele. Já o presidente da Abert não acha que isso será um problema. Certamente essa questão levantada pela Abratel será debatida no Fórum Brasileiro de TV Digital, já que o órgão deverá ser ouvido pelo Ministério das Comunicações, que irá publicar até 30 de novembro de 2014 um novo ato com “a forma e os prazos” com que o radiodifusor deverá veicular a data de desligamento do sinal analógico e o canal de veiculação da sua programação digital.
Marcelo Bechara, da Anatel
radiodifusão em favor das comunicações móveis – denominado de segunda onda do dividendo digital – já está em discussão na UIT. EUA e Canadá, juntamente com os fabricantes do mundo da telefonia móvel, pressionam para que a faixa onde será acomodada a radiodifusão na transmissão digital (de 470 MHz a 698 MHz) também seja destinada às telecomunicações, concomitantemente à radiodifusão. A ideia não foi bem aceita dentro da região das Américas, tanto que há uma proposta de consenso na região para que não haja mudanças. “O compartilhamento com os dois serviços como primários não é tecnicamente possível”, afirma o diretor da Abert Paulo Ricardo Balduíno. O assunto será discutido na próxima Conferência Internacional de Radiocomunicação que será realizada no
Plano internacional O desligamento do sinal analógico e a consequente liberação da faixa de 700 MHz para os serviços móveis é um movimento mundial, coordenado entre os países no âmbito da União Internacional de Telecomunicações (UIT), de modo a haver a máxima harmonização para que se possa produzir equipamento em grande escala. O próximo movimento que pode resultar em perda de espectro da
Cronograma de desligamento da TV analógica ANO 2015
Data 29/nov
Localidades Piloto – Rio Verde (GO)
2016
03/abr 15/mai 26/jun 28/ago 27/nov 25/jun 30/jul 27/ago 24/set 29/out 26/nov 01/jul 29/jul 26/ago 25/nov
Brasília São Paulo Belo Horizonte Goiânia Rio de Janeiro Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre Salvador, Fortaleza, Recife Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) Vale do Paraíba, Santos (SP) Interior do Rio de Janeiro, Vitória São José do Rio Preto, Bauru, Presidente Prudente (SP) Manaus, Belém, São Luis Natal, João Pessoa, Maceió, Aracaju, Teresina Campo Grande, Cuiabá, Palmas Porto Velho, Macapá, Rio Branco, Boa Vista, demais cidades
2017
2018
Fonte: Ministério das Comunicações
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FOTO: arquivo
(radiodifusão) ano que vem em Genebra, na Suíça.
Plano Nacional Diante da perda da faixa, o que serviu de alento para o setor de radiodifusão é a determinação do conselheiro Marcelo Bechara para que a área técnica da Anatel faça estudo sobre a demanda e tendência de uso de espectro pela radiodifusão para compreender as necessidades presentes e futuras do serviço. Segundo o conselheiro, é preciso que a agência esteja atenta em relação à evolução de todos os serviços e, no caso da radiodifusão, já existe no horizonte o serviço de ultra high definition, como o 4K e o 8K. Bechara mencionou também as tratativas internacionais na análise que aprova o regulamento de mitigação de interferência entre a radiodifusão e o LTE. “Tanto na UIT quanto na Citel, a posição brasileira foi contrária à atribuição de tal faixa a serviços de telecomunicações. Os argumentos utilizados nessas contribuições reforçam o entendimento de que o espectro de 470 – 698 MHz será utilizado nos próximos anos pela radiodifusão, que, como a telefonia móvel, também passa por um período de novas aplicações, como multiprogramação e transmissões com ultradefinição”, afirma ele. A sinalização da Anatel não apenas reforça a posição da administração brasileira, mas mostra também uma aproximação maior do órgão regulador com o setor. No processo de discussão do regulamento de mitigação da interferência ficou evidente a insatisfação do setor em relação à maneira como a Anatel conduziu os testes. Aliás, a própria realização dos testes só aconteceu após pressão dos radiodifusores, que mostraram a complexidade do processo vivenciada por outros países.
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Lizandra de Almeida
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rês brasileiros receberam um desafio da Skol: tirar selfies com gringos de 31 nacionalidades diferentes durante a Copa do Mundo. O prêmio? Uma viagem de volta ao mundo. O resultado é um filme documental que mostra os três candidatos correndo pelas ruas do Rio de Janeiro, abordando as pessoas e convencendo-as a tirar fotos para o filme. Segundo o diretor Gualter Pupo, os participantes foram escolhidos em virtude de suas personalidades, com características que têm a ver com o perfil da marca: divertido, bem humorado, irreverente. “A ideia é que eles pudessem transmitir o espírito de bom anfitrião do brasileiro e representar o conceito da campanha que, desde junho, deu boas vindas aos estrangeiros em visita ao Brasil.” Durante 24 horas, os três escolhidos – Hugo Collares, Eduardo Lara e Júlio Estrela – percorreram, dia e noite, os principais pontos de concentração turística do Rio de Janeiro como, por exemplo, o calçadão de Copacabana, Vidigal, Lapa, Santa Tereza e a praia de Ipanema. Pupo acredita que a base para o sucesso do projeto foi a pesquisa. “Começamos vendo que o Rio de Janeiro era a cidade certa para acontecer, por conta do volume de turistas de lá, que é sempre grande e na Copa foi maior ainda. Para nossas locações, fomos atrás de locais mais tradicionais, tipo Copacabana e o Corcovado, onde era certo termos muitos gringos, mas não deixamos também de ir a lugares não tão óbvios, como a Lapa, Santa Teresa e o Vidigal”, explica. Estudando a tabela dos jogos, a equipe de produção entendeu quais eram as nacionalidades que
FOTOs: divulgação
31 gringos em 24 horas
Três brasileiros competiram por uma viagem de volta ao mundo: 31 selfies.
poderiam estar presentes em cada período e qual o momento ideal de ir para a rua. Foram usadas três diárias para a captação do material, que seguiu um esquema de produção minimalista. “Fizemos tudo com uma equipe super enxuta e ágil, mais no estilo jornalístico ou documental”, conta Pupo. Para fotografar os gringos pela rua, os candidatos usaram câmeras Polaroid Z 2300. As imagens em movimento foram capturadas com câmeras 5D. O filme fez parte de uma campanha criada pela F/Nazca Saatchi & Saatchi, que contou com quatro comerciais de televisão, mais um filme criado para o ambiente digital, hotsite e várias ações promocionais. Em cada uma das cidadessede do mundial, foram instalados “albergues-consulados”, com festas para promover a integração entre brasileiros e estrangeiros. O hotsite permitia que o consumidor oferecesse carona para os estrangeiros ou se dispusessem a dividir sua cerveja com eles. 48
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ficha técnica Cliente Ambev Agência F/Nazca Saatchi & Saatchi Produto Skol Dir. geral de criação Fabio Fernandes, Eduardo Lima Dir. de criação Theo Rocha Criação Theo Rocha, Rodrigo Visconti, Igor Cabó, Pedro Hefs Prod. do filme Hungry Man Direção Gualter Pupo Prod. executiva Alex Mehedff e Rodrigo Castello Dir. de fotografia Felipe Ovelha Montagem Rami D’Aguiar Finalização Hungry Man, Great Studio Sup. de pós-prod. Rodrigo Oliveira Prod. de som Loud
( making of )
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ara apresentar uma solução de análise de big data que processa informações postadas nas redes sociais em tempo real, a Ogilvy Brasil desenvolveu um filme com uma técnica inovadora. O filme mostra um pequeno planeta, como se tivesse sendo filmado do espaço, e depois se aproxima para revelar detalhes de locais específicos, sempre em 360º. “Já tínhamos visto várias coisas parecidas com fotos, com o uso de uma lente super grande angular, mas nunca com imagens em movimento. O que é mais comum é usar uma cabeça automática em um tripé e ir fotografando a cada tanto tempo, para depois animar”, explica o diretor Daniel Cisma. A equipe da Paranoid Filmes foi então atrás de alguma solução para vídeo e descobriu um rig (suporte de estabilização de câmera) em forma de cubo, no qual são acopladas seis câmeras Go Pro, quatro nas laterais, uma em cima e outra embaixo. “Foi uma solução perfeita para o que a marca queria comunicar, que era essa ideia de que a solução da IBM torna o mundo menor e as pessoas mais próximas.” As imagens são captadas sem movimentos de câmera e depois animadas por um software que já tem algoritmos específicos para o efeito de 360o a partir do rig utilizado. As filmagens aconteceram em duas locações: uma rua de bairro, toda enfeitada para a Copa, e um parque. A princípio, o conjunto tinha que ser segurado por uma pessoa, mas como ela apareceria nas imagens, a equipe optou por usar um drone na gravação da rua. “Era mais fácil apagar o drone sobre o fundo azul do céu do que a
FOTOs: divulgação
Encurtando distâncias
Rig em forma de cubo com seis câmeras GoPro deu efeito de “mundo menor”.
pessoa que estaria operando as câmeras”, explica Daniel. “Logo que começávamos a gravar, a equipe toda se escondia, porque as câmeras captam literalmente 360o.” Já no parque, o rig ficou preso a um tripé fixo e as pessoas todas ficaram em volta. “As pessoas da equipe estavam todas vestidas como os figurantes e ficaram em lugares mais afastados para não aparecer tanto.” O sistema da IBM foi usado na Copa do Mundo para analisar em tempo real as reações dos torcedores. Os pitacos dos 200 milhões de técnicos de futebol do Brasil no Facebook e no Twitter foram a pista de testes para o 50
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aperfeiçoamento dessa ferramenta de análise, que vai monitorar opiniões nas redes sociais.
ficha técnica Cliente IBM Agência Ogilvy Brasil VP de criação Aricio Fortes Direção de criação Moacyr Netto Direção de arte Guto Kono Redator Guilherme Camargos Produtora do filme Paranoid Direção Daniel Cisma Produção executiva Egisto Betti Direção de fotografia Enrique Chediak Montagem Lucas Camara Pós-produção Clan VFX Produtora de som S de Samba
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País meio conectado
Brasil tem 43% de domicílios na rede e 51% da população é usuária de Internet. Mas disparidade social ainda é grande entre os que têm e os que não têm acesso.
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Anton Balazh/shutterstock.com
ais da metade dos brasileiros acessa a Internet. O acesso fixo à rede aumentou no Brasil, mas a disparidade de classes sociais e entre áreas urbanas e rurais continua grande, de acordo com a nona pesquisa TIC Domicílios 2013 divulgada no final de junho e realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação sob os auspícios da Unesco (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Tanto no acesso em residências quanto de usuários de Internet, fica claro que o total no País aumentou, mas ainda há muita gente offline, especialmente nas áreas rurais e entre os mais velhos. A proporção de domicílios conectados subiu três pontos percentuais entre 2012 e 2013, chegando a 43% da população, ou 27,2 milhões de residências. No entanto, enquanto as classes A e B se mantiveram estáveis (98% e 80%, respectivamente), a classe C subiu 3 p.p. e totalizou 39% no ano passado. As classes D e E cresceram 2 p.p. (pontos percentuais), mas ainda contam com apenas 8% dos domicílios conectados. Isso fica mais evidenciado ao se olhar os detalhes: segundo a entidade, 24,2 milhões dos domicílios com renda de até dois salários mínimos não têm acesso à Internet. No recorte por área, 48% dos domicílios FOTO: divulgação
urbanos têm acesso à Internet, crescimento de 4 p.p.. Apesar de ainda estar abaixo, com 15% de penetração, a área rural registrou aumento de 50% (ou 5 p.p.) na comparação anual. Ainda assim, 7,5 milhões de domicílios rurais ainda não têm acesso. O Cetic.br destaca que a região Sudeste é onde há mais residências conectadas (14,1 milhões), mas também é a que possui mais desconectadas (13,3 milhões). Ainda assim, a disparidade continua a se apresentar de forma muito maior na região Nordeste, onde 4,9 milhões de domicílios têm acesso à Internet e 11,5 milhões não contam com o acesso.
“Embora o fomento à informática tenha tido sucesso, apenas 20% das crianças usam computador nas escolas.” Alexandre Barbosa, do Cetic.br
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O coordenador da pesquisa do Cetic.br, Winston Oyadomari, diz que o motivo maior da falta de acesso em áreas rurais e na região Norte (onde 1,2 milhão de domicílios são conectados e 3,4 milhões estão offline) é o desinteresse das empresas. “O motivo nas áreas rurais é pela falta de disponibilidade de serviço”, declara. O gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, é mais contundente: “Estes são dados ricos e fundamentais também para o setor privado, que quer investir, prover serviços. Mas quando a maior barreira é o custo, isso é uma mensagem muito clara de que o brasileiro não tem como pagar”. Barbosa ressalta ainda que o Brasil já não tem mais o fenômeno de acessos em lan houses, mas chama a atenção para a falta de incentivo para o acesso em escolas, citando a pesquisa TIC Educação. “Embora políticas de fomento à
informática nas escolas tenham tido sucesso grande, porque a maior parte das escolas públicas e privadas tem computador nos laboratórios, apenas 20% das crianças mencionam usar computador nas escolas”, relata. Velocidades Um dado não muito comentado nos acessos fixos foi o da velocidade da conexão. De acordo com a entidade, não houve grandes mudanças em relação a 2012, além de haver uma dificuldade operacional: 23% dos entrevistados não souberam responder. “É uma dificuldade não apenas de brasileiros, é uma coleta de dados difícil em todos os países, é difícil obter precisão”, explica Barbosa. De qualquer forma, a pesquisa aponta que 11% dos que têm acesso têm velocidade de 256 kbps, 30% tem até 2 Mbps e 20% possuem
conexões acima de 8 Mbps. “Importante é a tendência de queda das velocidades mais baixas e aumento das mais altas”. Pela primeira vez, mais da metade (51%) da população é considerada usuária de Internet pelo Cetic.br, ou 85,9 milhões de brasileiros; um crescimento de 2 p.p. em relação a 2012. Da mesma
Mesmo com o forte crescimento, 24,2 milhões dos domicílios com renda de até dois salários mínimos ainda não têm acesso. forma como nos dados sobre domicílios, a disparidade social continua: as classes A (97%) e B (78%) apresentam índices altos, enquanto a classe C têm ainda 49% (crescimento de 2 p.p.) de usuários de Internet e as classes D/E têm 17% (crescimento de 3 p.p.). A entidade ressalta que 49,9 milhões de pessoas
com renda familiar de até dois salários mínimos não são usuárias de Internet. A pesquisa mostra também uma desigualdade em relação à faixa etária: 45,1 milhões de pessoas de 45 anos ou mais não são usuárias de Internet. A maioria dos usuários conectados (22,8 milhões) é composta de jovens de 16 a 24 anos. Metodologia A pesquisa TIC Domicílios coletou dados entre setembro de 2013 e fevereiro de 2014 em uma amostra de 16.887 pessoas em 350 municípios brasileiros e com indivíduos acima dos dez anos de idade. As entrevistas foram presenciais e realizadas a partir de um questionário estruturado pelo Cetic.br. Para a entidade, usuário de Internet é quem acessou pelo menos uma vez nos últimos três meses anteriores à pesquisa.
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Banda meio larga
Brasil fica em 87º em ranking global de velocidade média de Internet da Akamai. Apenas 1% dos assinantes contam com mais de 10 Mbps.
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conexões acima de 10 Mbps a maior parte de seus clientes.
Payless Images/shutterstock.com
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média global de velocidade da banda larga fixa aumentou 24% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2013, de acordo com levantamento da provedora de serviços de rede Akamai divulgado no final de junho. E o Brasil continuou a mostrar um desempenho aquém de outros países sul-america nos, embora tenha crescido em quan tidade de conexões acima de 10 Mbps. A velocidade média global ficou em 3,9 Mbps. Os países com maiores médias são Coreia do Sul (com 23,6 Mbps), Japão (14,6 Mbps) e Hong Kong (com 13,3 Mbps). O Brasil se encontra em 87º lugar, com média de 2,6 Mbps (crescimento anual de 23%, mas queda de 3,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior). O País está atrás de outras nações sulamericanas como Uruguai (4,3 Mbps), Equador (3,3 Mbps), Chile (3,3 Mbps), Argentina (3,2 Mbps), Colômbia (3 Mbps) e Peru (2,7 Mbps). Em velocidade de pico, a média global foi de 21,2 Mbps - crescimento anual de 13%, embora seja uma queda de 8,6% em relação ao último trimestre de 2013. A pesquisa destaca o crescimento tímido de 0,2% do Brasil (82º lugar), que fechou o período com 17,9 Mbps - bem distante dos 68,5 Mbps da Coreia do Sul, a primeira colocada. O mercado brasileiro, aliás, novamente aparece com queda (12%) em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na avaliação de banda larga acima de 10 Mbps, a penetração mundial cresceu 65% e agora é de 21%. Mais uma vez, a Coreia do Sul (com 77%) é o destaque. Nesse
ranking, o Brasil se saiu um pouco melhor, com 1% de penetração, crescimento de 95% na comparação com o primeiro trimestre de 2013 e 15% com o último trimestre. Vale ressaltar o desempenho do Uruguai, que cresceu anualmente 9.858% e fechou o período em 42º lugar, com 4,5% de penetração, graças à grande implantação da rede FTTH da Antel, operadora estatal uruguaia. A metodologia da Akamai é, evidentemente, responsável por um dado que é, de longe, muito diferente daquele reportado pelas próprias operadoras brasileiras, que já têm nas
Com 2,6 Mbps de velocidade média, País está atrás de outras nações sul-americanas como Uruguai (4,3 Mbps), Equador (3,3 Mbps), Chile (3,3 Mbps), Argentina (3,2 Mbps), Colômbia (3 Mbps) e Peru (2,7 Mbps). •
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4K Pela primeira vez, a Akamai fez um ranking do que chama “Global 4K Readiness”, algo como “preparação global para o 4K”. A empresa considera que, para aguentar streaming de vídeos em ultra resolução, a conexão precisa ter pelo menos cerca de 15 Mbps de capacidade (considerando o codec de vídeo AVC). Dessa forma, a companhia afirma que 11% dos países possuem conexões capazes de aguentar o 4K, incluindo Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Suíça, Letônia, Holanda, Suécia, Noruega, Finlândia e República Tcheca. No total, 47 países se encaixaram nesse conceito, sendo que apenas 23 desses tinham ao menos 10% das conexões acima de 15 Mbps. O Brasil conseguiu se enquadrar na antepenúltima posição (45º) com 0,3% de suas redes capazes de realizar streamings em 4K. O Brasil aparece em terceiro na quantidade de endereços únicos de IPv4, um crescimento anual de 50%, chegando a 41,3 milhões de endereços. No mundo, são 795,4 milhões, cresci mento de 7,8% no ano. Os países com maior quantidade de endereços de IPv4 são Estados Unidos (162,6 milhões) e China (123,5 milhões). Na adoção do IPv6, entretanto, o País não aparece entre os dez mais. O ranking é liderado pela Bélgica, com 14% de penetração. A Akamai é hoje a principal provedora mundial de serviços de CDN (Content Delivery Networks) e usa essa infraestrutura e os acessos contabilizados em seus servidores para fazer as medidas.
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Telebras esteve por trás das transmissões de TV da Copa, que pela primeira vez foi toda feita através de rede ótica. Terabytes Foram ao todo 166 TB de dados trafegados na forma de imagens e informações estatísticas. Cada estádio tinha dois links redundantes de 30 Gbps cada, sendo 10 Gbps dedicados às 38 câmeras da FIFA, 10 Gbps dedicados às imagens das câmeras exclusivas (todas alugadas às emissoras pela FIFA) e 10 Gbps para as informações e imagens de propósito estatístico e complementares. Houve, em alguns estádios, geração de imagens em ultra alta definição em 4k e em 8k (nesse caso, a pedido da japonesa NHK), e todos os jogos tinham sinal aberto quatro horas antes e quatro horas depois das partidas. Em alguns casos, a transmissão foi ininterrupta. Ao todo, com a totalidade das transmissões dos a Telebras transportou 517 horas de estádios sendo transportadas por fibra imagens. ótica. Adicione-se a isso a complexidade Foram usadas nas infraestruturas das 12 sedes, incluindo cidades 15,2 mil km de fibras, de um total de afastadas das rotas tradicionais, como 19 mil km que a Telebras tem no Manaus e Cuiabá. Brasil. Desse total, cerca de 700 km A logística da operação era a foram derivações da rede feitas seguinte: as imagens captadas pela exclusivamente para os estádios, mas empresa contratada pela FIFA (a HBS) procurando passar por regiões em eram pré-editadas no estádio, enviadas que pudesse haver aproveitamento por fibra ao centro de imagens (IBC) no posterior, explica o diretor de Rio de Janeiro, depois devolvidas ao engenharia, Paulo Kapp. estádio por fibra para Segundo ele, abastecer os telões ou houve alguns estatal usará distribuídas para as incidentes de know-how e emissoras detentoras dos vandalismo sobre a estrutura em direitos (algumas, rede, mas pontuais, nova linha de inclusive, contrataram sobretudo no Rio de esse serviço diretamente Janeiro, e todos sem negócios. da Telebras). Todo esse implicações para as fluxo entre estádios e IBC era parte transmissões, já que havia a das obrigações do governo, que, por redundância. “Temos que destacar o sua vez, contratou a Telebras para trabalho integrado com os órgãos de prestar o serviço. Defesa. Eles tinham o mapeamento da
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Telebras tem o que comemorar depois da Copa do Mundo. Contratada para prover o serviço mais crítico de comunicação a partir dos estádios, que é o transporte dos sinais de TV que abastecem todas as emissoras do mundo, a estatal informou ter conseguido cumprir sua missão com um nível de confiabilidade de 100%, ou seja, sem nenhuma falha, segundo o presidente da Telebras, Francisco Ziober Filho. Esse foi o embrião de um novo modelo de negócios que a Telebras pretende oferecer agora às emissoras e estádios brasileiros. O contrato previa confiabilidade de 99,99% nas transmissões, o que representa uma falha de dois segundos por jogo, o que não aconteceu. Foi a primeira vez que uma Copa do Mundo foi realizada 56
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nossa rede e fizeram a segurança de todos os pontos críticos. Foi um trabalho extremamente profissional e bem coordenado por parte das Forças Armadas”. A Telebras também foi contratada pela Defesa para levar os sinais dos circuitos de TV dos estádios para os centros de operação. Novos negócios A ideia da estatal agora é usar o know-how e a estrutura montada como parte de uma nova linha de negócios. O primeiro passo é negociar com os estádios a manutenção dos equipamentos instalados dentro das arenas. Já existem conversas nesse sentido, mas os contratos não estão fechados. “São 12 arenas, e já temos conversas evoluídas com quatro”, explica Ziober. Uma vez assegurados estes contratos, a Telebras quer procurar as emissoras de TV e promotores de evento para oferecer
os serviços de transmissão por fibra. “Vamos conversar assim que tivermos o modelo de negócio pronto”. A rede da Telebras para atendimento aos estádios gerou a necessidade de R$ 89 milhões em investimentos. Mas gerou
ao todo foram transportadas 517 horas de imagens, o equivalente a 166 TB de dados. dois contratos importantes: R$ 110 milhões com o governo para a prestação dos serviços de transmissão e R$ 14,9 milhões com a FIFA para a transmissão a partir dos centros de treinamento. “Foi um evento lucrativo para nós. Ainda mais se considerarmos que abrimos uma nova possibilidade de negócio e a exposição que tivemos junto a potenciais clientes”, diz o presidente da Telebras. O contrato do governo com a estatal se dá
em bases comerciais, ou seja, não será aportado como investimento do acionista na empresa. A Telebras destaca ainda que os equipamentos usados na construção da infraestrutura foram em grande parte de tecnologia nacional. “Desde os equipamentos DWDM para as transmissões até a parte IP, a maior parte veio de fornecedores nacionais”, diz Paulo Kapp. A mobilização da Telebras durante a fase de preparação para a Copa das Confederações e depois para o Mundial acabou tirando o foco da empresa em sua missão anterior, que era a ampliação e capilarização da rede, estimada para alcançar 28 mil km de fibras. “Temos uma equipe limitada, mas agora retomaremos com força total a expansão da infraestrutura para atender ao mercado de provedores”, diz Ziober. Samuel Possebon
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“Mar à Vista”
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relação do Brasil com o mar será o tema central do documentário “Mar à Vista”, que está sendo produzido pela Giros com previsão de conclusão para o final deste ano. Com orçamento previsto de R$ 3 milhões, é um dos projetos mais ambiciosos da produtora em 2014. “É uma produção de investimento alto para um projeto de alto nível técnico, semelhante ao que fizemos com ‘Amazônia Eterna’. Esse tipo de produção ainda é raro no Brasil”, diz Belisário Franca, produtor-executivo da obra e sócio fundador da produtora. Não é apenas no nível técnico que a nova produção assemelha-se a “Amazônia Eterna”. O novo projeto também abordará questões ecológicas. Segundo Franca, “Mar à Vista” irá explorar a importância do mar para o desenvolvimento econômico do país e a necessidade de preservá-lo. “A grande maioria de nossas exportações passa pelo mar, e agora com o pré-sal, essa relevância será ainda maior, com a oportunidade histórica de utilizar os recursos para a educação, por exemplo. O documentário vai abordar como é possível conciliar essa importância econômica com a preservação”. Entre os temas que serão discutidos no documentário estão o pedido do governo para a expansão de suas fronteiras náuticas, mineração, pesca submarina, pré-sal, comércio exterior e exportações.
FOTOs: divulgação
Com orçamento de R$ 3 milhões, documentário é um dos projetos mais ambiciosos da Giros neste ano, e levou equipe de gravação da produtora a uma expedição à Antártica.
Um dos desafios foi se adaptar à imprevisibilidade da natureza.
Vista” em quatro etapas. A primeira delas, filmada em dezembro do ano passado, foi feita à bordo de uma embarcação da Marinha do Brasil em uma viagem de uma semana pela Antártica. Durante a expedição, a equipe atravessou a Passagem de Drake, conhecida como uma das zonas com piores condições meteorológicas do mundo, e acompanhou os trabalhos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), projeto da Marinha que realiza pesquisas científicas no continente. Em junho deste ano, a equipe gravou na Ilha de Trindade, em Vitória (ES), onde a Marinha mantém o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade. “Desde que começamos a gravar recebemos um grande apoio da Marinha. Fiquei muito impressionado com a organização deles como um todo e com sua visão estratégica
produção contará com a participação do navegador brasileiro Amyr Klink.
Produção A produtora gravará “Mar à 58
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do mar”, comenta Franca. Em outubro, a produtora irá ao Rio de Janeiro acompanhar o andamento do projeto do pré-sal. Por fim, também no segundo semestre, a equipe de filmagem visitará as obras do estaleiro de Maragogipe, na Bahia, e o Porto de Suape, em Pernambuco. A produção contará com a participação do navegador brasileiro Amyr Klink, que ficou conhecido por suas expedições marítimas e livros publicados. Além de atuar como consultor, Klink será uma das vozes que ajudarão a conduzir o documentário. Abaixo de zero A Tela Viva, Belisário falou da experiência de gravar em alto-mar e em um território com condições meteorológicas extremas como a Antártica. Uma equipe de seis pessoas ligadas à produção participou da expedição. Com eles, uma câmera especial para filmagens subaquáticas, outra para capturar
imagens de planos abertos, duas câmeras 4K e duas 2K. “É preciso planejamento para manter equipamentos eletrônicos caros e delicados como os que utilizamos em funcionamento nessas condições extremas. Para aquecer as câmeras e impedir seu congelamento, por exemplo, utilizamos sachês químicos”, conta. De acordo com o produtor, outro desafio foi se adaptar à imprevisibilidade da natureza no local. “Num momento não está acontecendo nada e, de repente, você está no meio de uma tempestade. É preciso estar alerta para captar as imagens. Também é preciso se adaptar ao tempo da natureza. Às vezes, um acontecimento que planejamos gravar em algumas horas pode levar dias para acontecer”, explica. “Por outro lado, as imagens que você consegue são incríveis,
“Mar à Vista ”
Gênero Produtora Documentário Produção-exe cutiva e direçã Giros o Belisário Fran ca
são ondas, baleias do lado da embarcação, as cores do ambiente. Para um documentarista isso é sensacional”, lembra o produtor. “Quando fui, me avisaram que corria o
Sinopse: Relação do Brasil com o mar será o tema central do documentário. Entre os assuntos debatidos estão o pedido do governo para a expansão de suas fronteiras náuticas, mineração, pesca submarina, pré-sal, comércio exterior e exportações.
risco de ficar viciado naquela paisagem. E isso de fato ocorreu. O silêncio, as cores – é um lugar que inspira calma”, conclui. Leandro Sanfelice
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Fernando Lauterjung
f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r
Tudo monitorado
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Fotos: divulgação
Wohler apresenta o monitor AMP2-E16V, da série modular de monitores de processamento de áudio e vídeo. Além de um sistema de áudio avançado, o equipamento tem monitoramento simultâneo em vários formatos, seleção rápida de programa, downmix estéreo instantâneo, monitoramento de loudness, mixagem de canal interno incluindo re-embedding de SDI, e delays de áudio. O monitor também inclui uma grande variedade de escalas de medição e maneiras de ver a medição, além de metadados de vídeo e Dolby ou SMPTE 2020. O AMP2-E16V oferece monitoramento de Dolby Zoom, Dolby E e de erros CRC, bem como a configuração automática do sistema com base em entradas de sinal, 32 presets completos de configuração do sistema, um sistema de ajuda interno completo e atualizações de software via Ethernet. As opções de placas de processador de áudio facilitam a configuração para conexões múltiplas SDI, AES I/O, I/O analógica e aos sistemas de surround externos.
Placa de som PCIe LX-IP Ravenna apresenta ultrabaixa latência e até 256 canais I/O, para múltiplos streams.
Áudio IP AMP2-E16V tem monitoramento simultâneo em vários formatos e seleção rápida de programa.
Quinta geração
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Work Microwave está lançando uma gama de tecnologias de comunicações por satélite que suportam o novo padrão DVBS2X. O padrão garante aos operadores de satélite maior flexibilidade e largura de banda, permitindo reduzir a potência do amplificador, os custos operacionais e o tamanho de antena. Entre os novos produtos está a quinta geração da sua série de conversores de frequência, projetada para suportar aplicações que requerem baixo ruído de fase, variando de banda S até Q. Os conversores de frequência podem entregar um nível de ruído de fase que excede o padrão da indústria, respeitando a especificação da Intelsat, IESS-308/309. A série de conversores também inclui uma nova porta Ethernet, que simplifica a configuração e monitoramento do dispositivo remotamente. Os conversores contam com desenho compacto e modular, que permite que os operadores para suportem até quatro canais dentro do gabinete de 19 polegadas, reduzindo as despesas operacionais e economizando espaço.
Quinta geração da série de conversores de frequência da Work Microwave suporta aplicações que requerem baixo ruído de fase, variando de banda S até Q.
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Digigram está estendendo o suporte ao Ravenna/AES67 em toda a sua gama de codecs de áudio IP. Com isso, a empresa oferece soluções de transporte de áudio que permitem a mudança em direção à utilização da infraestrutura de estúdio baseada em IP. Entre os produtos que adotam o codec está a placa de som PCIe LX-IP RAVENNA, que apresenta ultrabaixa latência e até 256 canais I/O, para múltiplos streams. Ideal para produção de áudio e automação de aplicações em estúdios de rádio e de transmissão de TV, a solução torna mais fácil para os usuários gravar e reproduzir até 128 canais de áudio sobre IP Ravenna simultaneamente em entradas e saídas em um computador desktop. A latência round-trip é de até 3 ms. O equipamento traz interoperabilidade com todos os requisitos AES67, switcher embutido de 128 x 128, e redundância garantida por duas conexões Gigabit Ethernet.
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FEST IVAL I N TE RNAC I O NA L D E T E L E VI S ÃO D E S ÃO PAU LO 7 a 14 de novembro de 2014 | Praça das Artes - MIS - Centro Cultural São Paulo - Cinemateca Brasileira REALIZAÇÃO
APOIO
CO-REALIZAÇÃO
PARCEIROS
PROMOÇÃO
( agenda ) FOTO: arquivo
AGOSTO
6 e 7 22ª Feira e Congresso ABTA, São Paulo, SP. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Web: abta2014.com.br 6 a 16 67° Festival de Cinema de Locarno, Suíça. Web: www.pardolive.ch/
Primeiro festival de TV de São Paulo, com mostras nacionais e internacionais, prêmios e encontros de negócios.
13 a 17 9ª Mostra Audiovisual de Cambuquira, Cambuquira, MG. E-mail: espacoculturalsinhaprado@gmail.com. Web: www.mostramosca.com.br/ 21 a 29 25° Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo Curta Kinoforum. E-mail: info@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.br/
7 a 14 de Agosto
Festival Internacional de Televisão de São Paulo, São Paulo, SP. E-mail: info@convergecom.com.br. Tel: (11) 3138.4600. Web: festivaldetv.com.br/
27 a 6/9 Festival de Cinema de Veneza. E-mail: cinema@labiennale.org Web: www.labiennale.org/en/cinema/71st-festival/ 28 a 3/9 13º Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada para a Infância e a Juventude, Argentina. Web: www.nuevamirada.com. E-mail: presidencia@nuevamirada.com
SETEMBRO
29 a 5/11 Festival Biarritz América Latina, França. E-mail: stephanie.loustau@festivaldebiarritz.com. Web: www.festivaldebiarritz.com/es
29 a 7/9 Festival de Cinema Latinoamericano de Vancouver, Canadá Web: www.vlaff.org/
22 a 30 29º Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, Argentina. E-mail: info@mardelplatafilmfest.com. Web: www.mardelplatafilmfest.com/28/
OUTUBRO
3 a 12 Festival Internacional de Cinema Fantástico da Catalunha, Espanha. E-mail: festival@sitgesfilmfestival.com Web: sitgesfilmfestival.com. 24 a 2/11 Festival Internacional de Cinema Infantil de Chicago, Estados Unidos Web: www.cicff.org/
4 e 5 de Setembro
NOVEMBRO
15° Congresso Latino-Americano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br Web: convergecom.com.br/ O evento dos que decidem. Grandes definições do mercado e novidades previstas para os próximos anos apresentadas em debates entre governo e dirigentes do setor.
4 a 8 Festival Internacional de Documentários de Antofagasta – Antofadocs, Chile. Web: www.antofadocs.cl 11 a 16 30º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Berlim – Interfilme, Alemanha. Email: interfilm@interfilm.de
9 e 10 de Setembro
58° Painel Telebrasil, Brasília, DF. Email: inscricoes@convergecom.com.br Web: www.paineltelebrasil.org.br O Painel Telebrasil é o principal encontro das lideranças e autoridades da área de telecomunicações no Brasil. Reúne representantes dos órgãos reguladores, executivos das maiores operadoras do país e especialistas do mercado.
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