Envelhecimento ativo e Gestão do Cuidado Alexandre Kalache Médico, Doutor em Saúde Pública, Presidente do Centro Internacional de Longevidade do Brasil
Marília Louvison Médica, Doutora em Saúde Pública Pesquisadora do Instituto de Saúde da SES/SP
Envelhecimento Populacional
• Envelhecimento e urbanização caracterizam a sociedade do Século XXI. • Há uma verdadeira revolução no que se refere à longevidade: 30 anos mais de vida não significam 30 anos mais de velhice. • A emergência de uma nova etapa, uma nova transição: a gerontololescência. • O papel dos baby boomers.
Curso de Vida e Condições crônicas
• Aumento do risco de condições crônicas • Doenças cardiovasculares como principal causa de morbimortalidade Saúde no Brasil 4. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. The Lancet. Maio de 2011.
Curso de Vida e Capacidade Funcional
• Perspectiva de curso de vida • Manter e recuperar a capacidade funcional Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization.Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
Envelhecimento Ativo • O envelhecimento ocorre em paralelo com o processo de urbanização. • É necessário otimizar oportunidades para a saúde, participação, segurança e educação permanente a fim de aumentar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem. • Marco político. • Estratégias intersetoriais “amigas do idoso” para serviços e cidades
Determinantes do Envelhecimento Ativo
Eixos do Envelhecimento Ativo Dimens천es das Cidades Amigas do Idoso
Estado de São Paulo Amigo do Idoso •
Decreto Lei de 07 de maio de 2012: dispõe sobre
a implantação do Programa Estadual “São Paulo Amigo do Idoso”, institui o “Selo Amigo do Idoso” e dá providências correlatas.
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Programa intersetorial baseado nos pilares do envelhecimento ativo – constituiu um comitê intersetorial com representantes de todas as secretarias.
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Na saúde prevê a implantação de Centros de Referência do Idoso para apoiar a atenção primária em saúde.
O desafio da intersetorialidade O processo de construção de ações intersetoriais implica na troca e na construção coletiva de saberes, linguagens e práticas entre os diversos setores envolvidos na tentativa de equacionar determinada questão sanitária, de modo que nele se torna possível produzir soluções inovadoras quanto à melhoria da qualidade de vida.
Modelo Usual de Atenção ao Idoso • Foco nos cuidados agudos • Medicalização • Incorporação tecnológica desregulada (baseada no mercado) • Privilegiamento das tecnologias “duras” • Desprivilegiamento das pessoas • Desintegração dos serviços
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Modelo de Atenção ao Idoso Onde queremos chegar? Lógica coletiva, do cuidado Clínica ampliada e integralidade Usuário centrado Equipes ampliadas, vínculos e responsabilização Abordagem ampliada e compartilhada Promoção da saúde e intersetorialidade Integração e continuidade do cuidado Diretrizes baseadas em evidências e racionalidade tecnológica
Políticas Públicas de Saúde • O SUS (Sistema Único de Saúde) tem como princípios fundamentais a universalidade, a integralidade e a equidade, princípios fundamentais na organização dos sistemas de saúde para que possam dar respostas a uma população que envelhece. • Política de Saúde da Pessoa Idosa – Portaria 2528/2006: capacidade funcional, identificar risco de fragilidade na AB, avaliação global e plano de cuidado. • Decreto 7508/2011 – Regulamenta o SUS – Atenção primária na centralidade do sistema.
Gestão do cuidado gerontológico
FRÁGIL
INDEPENDENTE
Ações: Atenção Domiciliária Reabilitação Prevenção secundária Ações: Promoção Prevenção Reabilitação Preventiva Atenção Básica Suporte Social
INTERSETORIALIDADE
Saúde da Pessoa Idosa Linha de Cuidado
Política Nacional do Idoso (Portaria 2528/06)
Modelo de Atenção à Saúde do Idoso • • • •
Centralidade na atenção primária Uso de instrumentos de rastreio – identificar riscos Especialistas em equipes de referência Rede de cuidados de longa duração para dependentes – atenção domiciliar – centro-dia de cuidados – leitos de longa permanência integrados às ILPIs
• Cuidados aos cuidadores
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº 2528/GM, de 19 de outubro de 2006)
• Idosos independentes – Pessoas que mesmo tendo alguma doença (p.ex., HAS ou DM) são capazes de viver de forma independente e autônoma no ambiente familiar e no meio social • Idosos frágeis ou em processo de fragilização – Indivíduos que, por qualquer razão, apresentam determinadas condições que comprometem ou põem em risco sua capacidade funcional: • • • • • •
Institucionalizado Acamado Hospitalizado recentemente por qualquer razão Doenças sabidamente causadoras de incapacidade funcional Situações de violência doméstica Maior de 75 anos
Referenciamento das Síndromes Geronto-Geriátricas Linhas de Cuidado da Pessoa Idosa • Fragilidade •Instabilidade e Quedas •Imobilidade •Incontinência •Insuficiência cognitiva •Iatrogenia e polifarmácia •Insuficiência Familiar, vulnerabilidade Avaliação global – instrumentos de rastreio (em todos os níveis de atenção)
Humanização http://www.redehumanizasus.net/
• Enfrentar os mitos e preconceitos • Clínica ampliada: projeto terapêutico singular e matriciamento – gestão do cuidado na micropolítica do cotidiano – potencializar os encontros terapêuticos
• Acolhimento com classificação de risco, visita aberta, ambiência, posso ajudar. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_humanizasus_atencao_hospitalar.pdf
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
www.saude.gov.br/dab
• o acesso e utilização (primeiro contato) • a longitudinalidade – a atenção e cuidado personalizados ao longo do tempo; • a integralidade – a capacidade de lidar com todos os problemas de saúde, resolvendo ou referindo ao serviço mais adequado; e a • coordenação – a capacidade de coordenar as respostas às diversas necessidades que uma abordagem integral
Cuidados Comunitários Atenção Primária em Saúde (APS)
http://new.paho.org/bra/apsredes
Gerenciamento de patologias Linhas de cuidado
Cuidados inovadores às condições crônicas Gestão do cuidado
Linha de Cuidado “Modelos de atenção matriciais que integram ações de promoção, vigilância, prevenção e assistência, voltadas para as especificidades de grupos ou necessidades individuais, permitindo não só a condução oportuna dos pacientes pelas diversas possibilidades de diagnóstico e terapêutica, como também, uma visão global das condições de vida” Brasil, 2006
Gestão do cuidado gerontológico • Avaliação gerontológica • Avaliação global, múltiplas dimensões • Instrumentos de rastreio no sentido de identificar as alterações mais comuns que podem impactar em perda de autonomia e independência. • Caderneta de saúde da pessoa idosa • • • •
IDENTIFICAR NECESSIDADES IDENTIFICAR RECURSOS GERENCIAR O ACESSO E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS APOIAR IDOSO E CUIDADOR
O gerenciamento do cuidado gerontológico Os princípios norteadores do cuidado gerontológico são: • tomada de decisão com base em evidências científicas • enfoque populacional • enfoque na qualidade de assistência • integração • flexibilidade e adaptabilidade. Duarte Y. Lebrão ML. O cuidado gerontológico. 2006.
O gerenciamento do cuidado gerontológico Plano de cuidados: • I - Avaliação • II – Planejamento do cuidado • III - Coordenação e implementação de soluções • IV - Monitoramento do plano de cuidados • V – Avaliação O gerente de cuidado do idoso deve monitorar a execução do plano de cuidados estabelecido de forma a garantir adequação às necessidades estabelecidas e execução com alto padrão de qualidade. Os serviços prestados devem ser flexíveis e adaptar-se às mudanças dos idosos e de suas famílias.
Atenção Primária Amiga do Idoso • • • • • •
Rede de atenção temática coordenada pela APS Atenção Básica transversalizada pela lente do envelhecimento Equipe de referência – cuidadores comunitários Serviços de Referência Geriátrico Gerontológicos Centros de referência ao idoso frágil Integração dos serviços municipais, estaduais e universitários e com os serviços de outras redes
Hospital Amigo do Idoso • Humanização, comunicação e informação, acessibilidade, satisfação do usuário, voluntários amigos do idoso, cuidadores substitutos, sensibilização e educação permanente. • Gestão da clínica: Acreditação e segurança, gerenciamento da utilização, diretrizes baseadas em evidências, linhas de cuidado, alta segura e integrada, gerenciamento de crônicos e atenção domiciliar, unidades de referência geriátrica (matriciamento hospitalar), serviços inovadores, cuidados de longa duração integrados.
Cuidados de longa duração • Cuidados de longa duração: apoio material, instrumental e emocional, formal ou informalmente oferecido por um longo período de tempo às pessoas que o necessitam, independentemente da idade. • Alternativas de cuidados intersetoriais de longa duração, de menor intensidade que a hospitalização em unidades de agudos: hospitalização de média permanência em unidades de cuidados integrados/retaguarda/crônicos em hospitais comunitários de pequeno porte, instituições de longa permanência de idosos e casas de cuidados, centrosdia, atenção domiciliar, ajuda doméstica, apoio e benefícios aos cuidadores. http://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0018/150246/Eurohealth-Vol17-No-2-3-Web.pdf http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livro_cuidados.pdf
Gestão do cuidado gerontogeriátrico • • • • • • • • • •
Avaliação de necessidades Múltiplas dimensões Instrumentos de rastreio Serviços disponíveis Planejamento de cuidados Projeto terapêutico singular Transversalidade do cuidado Compartilhar saberes e decisões Autonomia do sujeito Cuidar do cuidador
Cuidado em saúde Cuidar é parte do cotidiano humano e refere-se a um agir de respeito e responsabilização, constituindo uma “atitude interativa que inclui o envolvimento e o relacionamento entre as partes, compreendendo acolhimento e a escuta do sujeito” VALLA e LACERDA, 2004