Colorir 2018

UMA PUBLICAÇÃO DA ESCOLA LÁPIS DE COR

ANO VIII | Nº 08 | 2018

CRIANÇA EM POTENCIAL Como experiência educativa, a abordagem de

Reggio Emilia inspira professores, famílias e crianças 1

A criança é feita de cem A criança é feita de cem.

A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar.

Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.

Cem alegrias para cantar e compreender.

Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.

Cem mundos para sonhar.

A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove.

A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.

Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar, De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.

Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem, roubaram-lhe noventa e nove.

Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação, O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.

Dizem-lhe: que as cem não existem.

A criança diz: ao contrário, as cem existem.

Loris Malaguzzi

EDITORIAL

Um dos desafios do século XXI é que os cidadãos saibam transformar informação em conhecimento e saber aplicá-lo em sua vida cotidiana.

Continuamente, a humanidade se transforma e transforma o mundo, novos dilemas se apresentam diante de nós. As crianças de hoje não são mais as crianças de outrora, são mais ativas, curiosas, nativas digitais.

Reflito sobre como a escola pode ajudá-las a aprender e se desenvolver, pensando cientificamente no futuro para resolver situações-problema que surgirem no seu dia a dia.

Ao longo da história da Lápis de Cor, busquei conhecer experiências nacionais e internacionais de escolas inovadoras e dados que comprovassem a aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes em relação à proposta pedagógica assumida.

Na Itália, tive a oportunidade de vivenciar situações de aprendizagens em várias escolas e observei que a abordagem de Reggio Emilia é um diferencial na formação de crianças em fase inicial da vida acadêmica. Por esta razão, trou-

xemos para nossa escola nuances dessa abordagem com o objetivo de agregar mais valor ao nosso cotidiano escolar, de modo que os professores se sensibilizassem acerca da importância de ver a criança em sua essência. Penso também que a escola deve se preocupar com a educação socioemocional dos estudantes para que eles saibam resolver os conflitos e aprendam, desde cedo, a saber ser e a conviver.

Nessa trama de saberes, o convi-

DIRETORA GERAL Lorene Gaspar Pessoa

COORDENAÇÃO EDITORIAL Carolina Souza – JP 1855/RN

DIRETOR FINANCEIRO Arthur Gaspar

REPORTAGENS Camilla Martins Fácil Comunicação

Escola Lápis de Cor Bilíngue Av. Amintas Barros, 2823 Lagoa Nova – Natal, Rio Grande do Norte.

Fone: (84) 2030-5010 | www.lapisdecornatal.com.br

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damos para entrelaçar-se, encantar-se e contagiar-se com as letras, as frases que aqui se desnudam para você olhar o mundo de uma outra forma, percebendo-se dentro desse universo que é o conhecimento.

Ora você transforma a realidade, ora se transforma por meio dela.

Boa leitura!

Lorene Gaspar Pessoa Diretora Geral da Escola Lápis de Cor FOTOS: Ozair Lima REVISÃO: Regina Medeiros DIAGRAMAÇÃO Terceirize Proj. Gráficos e Editoriais www.terceirize.com lapisdecornatal lapisdecor.natal lapisdecornatal

sumário

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sumário

AMAMENTAÇÃO: NUTRIÇÃO PARA CORPO E ALMA

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ENSINO BILÍNGUE NO BERÇÁRIO

CRIATIVIDADE E PROTAGONISMO PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

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A ABORDAGEM QUE INSPIRA PROFESSORES, FAMÍLIAS E CRIANÇAS

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ARTIGO

Por: Rozicleide Bezerra de Carvalho Dra. Em Educação

Escolas inovadoras ou com capacidade de inovar: VIAS PARA APRENDER A APRENDER A sociedade do século XXI, caracterizada como a do conhecimento, tem enfrentado cotidianamente situações-problema, mas, na maioria das vezes, não consegue mobilizar conhecimentos para resolvê-las. No mundo atual, não deveríamos mais nos deparar com questões relacionadas a mortes ocasionadas por doenças emergentes e ressurgentes, fome, extinção de animais, escassez de água, uso indevido dos recursos naturais e de energia, dentre tantas outras situações que têm exigido da população buscar soluções urgentes.

Soluções essas que, na maioria das vezes, o ser humano não consegue resolver de maneira exitosa. Esses desafios podem ser analisados, também, de forma positiva, visto que levam a população a desenvolver a criatividade, a criticidade, a autonomia e a solidariedade. Para essas habilidades serem desenvolvidas, se faz necessário pensar em um ambiente que permita, aos estudantes, resolver problemas de diferentes contextos, de modo que tenham a capacidade de mobilizar conhecimentos (conceitos, habilidades, atitudes e hábitos) e valores para resolver situações da realidade.

Hoje, a maioria das escolas não está preparada para lidar com as situações que se expressam nesse século, e, portanto, continua ensinando segundo modelos do século passado. Embora afirme que o seu trabalho esteja centrado no estudante, considerando-o autor e ator do seu processo de ensino-aprendizagem, ainda não o faz de forma adequada.

Os estudantes pedem uma escola que atenda às suas necessidades cognitiva, afetiva e emocional. Uma escola que pense neles como atores e autores da sua própria história. É urgente se pensar em iniciativas que tributem para a formação integral dos estudantes. Esse “modelo” de escola que está diante de nós não condiz mais com a nossa realidade, não responde mais aos nossos anseios. É imprescindível refletir e se impulsionar para tomar decisões em relação à mudança para um novo olhar para educação. Esse “modelo” ainda presente precisa ser superado, é necessário romper paradigmas e mudar o olhar para as necessidades da sociedade, indulgências essas que precisam ser enfrentadas com proficiência. Parafraseando Freire (1988): a educação não muda o mundo, as pessoas mudam o mundo por meio da educação!” Quando o ser humano muda seu olhar para o

contexto no qual está incluído, ele transforma esse contexto e se transforma mediante ele.

Mas, como pensar em escolas que atendam tais necessidades, diante de tantos obstáculos que se expressam em nosso cotidiano? Quais estratégias precisam ser estabelecidas para mudar essa situação? Primeiramente, é necessário que o professor, para atuar na sua docência, tenha o domínio das dimensões: disciplinar, pedagógica e política. Essas dimensões precisam estar bem claras e definidas para ele a partir de sua formação inicial. Mas, pensar apenas nesse direcionamento é ser reducionista diante de uma situação tão complexa. É urgente refletir sobre a necessidade de um projeto social e de uma política de estado que garanta o desenvolvimento pleno do ser humano, de maneira que ele possa de fato exercer plenamente a cidadania, direito assegurado na Constituição Federal (BRASIL, 1988).

Nesse contexto, a inovação pedagógica deve ser um conhecimento profissional inerente à docência nesse século.

Pensar em inovação é caminhar para um currículo que seja flexível e tribute para garantir o direito de aprender e se desenvolver dos estudantes e romper com o paradigma que o professor é o ensinante e o estudante é o aprendente. Ambos aprendem, ensinam e se desenvolvem em um processo dialógico e heurístico.

Que sejamos viajantes do tempo, compreendendo que a realidade de hoje não será aquela que se expressa ao amanhecer, pois o mundo é dinâmico, a cada mudança que ocorre no intervalo da inércia, novas situações se evidenciam e um novo olhar precisa ser transformado para poder saber dialogar com a nova realidade, percebendo a dialética e o movimento que impulsionam tal transformação.

Olhar para essa direção é pensar em uma nova concepção de escola – aquela que concebe o estudante e o professor como protagonistas, com os direitos de aprender e de ensinar, percebendo-se essas duas dimensões como unidade e condição necessária para dar o primeiro passo em direção a uma educação de qualidade. Não podemos nos deter apenas no discurso, é necessária a tomada de decisão e iniciativa para abraçar a identidade da escola do século XXI. Diante dos desafios impostos à educação, faz-se neces-

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sário refletir sobre as ações que podem contribuir com a sua melhoria, tanto para o alcance dos objetivos educacionais, como para atender as necessidades e os interesses da comunidade na qual a escola está inserida. Nessa perspectiva, escolas que considerem o estudante como aquele que também produz conhecimento apresentam-se como vias importantes para a formação integral desses nas mais variadas dimensões.

Ao se pensar em escolas inovadoras, traz-se, para conhecimento, o significado do conceito “inovação”. Carbonell (2002) e Farias (2006) defendem que a inovação pode ser entendida como uma ação que envolve múltiplas dimensões, tais como os aspectos cognitivos, afetivos, culturais, tecnológicos, sociais, éticos, políticos, entre outros. Além disso, os autores explicitam que a inovação requer o planejamento, a intervenção, a sistematização, a avaliação, a integração de pessoas e, por isso, não é neutra, mas sim introduzida intencional e persistentemente num contexto singular.

Maceno e Guimarães (2013) expõem que a inovação pode atingir vários objetivos, tais como a transformação das práticas rotineiras, da cultura, das atitudes, das ideias, dos valores, das práticas pedagógicas, dos currículos, dos programas, do ensino, da instituição, dos profissionais e da comunidade em torno da escola.

Nesse contexto, para que a inovação se materialize, é necessário estabelecer um projeto educacional comum para que haja um conjunto de intervenções, de tomadas de decisões e de ações que tenham como alvo a melhoria da qualidade, tanto da escola, como das ações daqueles que fazem parte dela e da comunidade em seu entorno.

Dessa maneira, a inovação pode ser interna ou externamente induzida, ou seja, não precisa necessariamente ser uma proposta inédita, mas sim que seja algo novo no espaço em que atuam os profissionais da educação e que considere os interesses e as necessidades do contexto em questão (CARBONELL, 2002; FARIAS, 2006).

Não podemos pensar que o novo represente inovação.

Quando nos reportamos a essa categoria no contexto escolar, é necessário considerar que as práticas inovadoras são aquelas que respeitam o contexto e promovem aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.

O Brasil apresenta um contexto diferente em relação à Finlândia, ao Canadá, etc, mesmo percebendo-se singularidades dentro do nosso próprio país, as realidades são distintas. Para tanto, é ingênuo se pensar que todas as práticas desenvolvidas em outros contextos possam ser incluídas em outro, pois são vários fatores que limitam essa possibilidade, dentre eles, o cultural. Mas, é possível se fazer uma abstração e incluir atividades que possam dialogar com a nossa realidade.

Sendo assim, Carbonell (2002) expressa que a inovação pressupõe a crítica, a autonomia, a negociação, o compromis-

so, a integração, a transformação e a partilha de saberes entre os sujeitos e a permanente busca pela aprendizagem e desenvolvimento. Desse modo, trata-se de uma elaboração coletiva que requer o engajamento político e social, sejam daqueles que praticam ou daqueles que são beneficiados com as melhorias, ou talvez, mudanças.

Carbonell (2002), citado em Maceno e Guimarães (2013), complementa que, por tais razões, inovar é uma aventura, um convite à aprendizagem, pois exige a transformação pessoal, social, intelectual e emocional, sendo fundamental à significação dos sujeitos e uma intensa comunicação para que os objetivos formativos almejados sejam conquistados. Dessa forma, como explicitam os autores, pressupõe que todos assumam o desafio do impacto, ou seja, de uma ação engendrada num determinado meio que pode produzir efeitos positivos, bem como negativos e, por isso, deve ser um processo cuidadosamente introduzido na escola, com cautela, pensando inicialmente na formação docente, que deve ser um processo constantemente avaliado para a investigação e a reflexão de todos sobre o que foi desenvolvido. Pois, se assim não for, corre-se o risco de um resultado desastroso.

O que podemos perceber em relação à inovação é que a escola também é reconhecida como espaço de produção de conhecimento. Para esse fim, a resolução de problemas e a metacognição (aprender a aprender) são estratégias que estão nos holofotes das escolas com capacidade inovadoras e àquelas que são inovadoras. Logo, essas estratégias didático-pedagógicas permitem, respectivamente, formar e desenvolver habilidades e competências científicas e metacognitivas, visto que a primeira proporciona o desenvolvimento do pensamento científico, e, a segunda, a consciência do processo de ensino-aprendizagem.

Dessa forma, acredita-se ser de alta relevância a socialização e a circulação de ideias, propostas, experiências e práticas que apresentam potencialidades, de maneira a contribuir para a mudança nessa educação que ainda insistem em manter, uma vez que, à medida que circulam, contribuem para a reflexão e a formação coletiva acerca das práticas pedagógicas e os processos de aprendizagem e desenvolvimento.

CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed, 2002.

FARIAS, I.M.S. Inovação, mudança e cultura docente.

Brasília: Líber, 2006.

MACENO, Nicole Glock; GUIMARÃES, Orliney Maciel. Educação Química, Inovação, Abordagens de Ensino. Química Nova na Escola. Vol. 35, N° 1, p. 48-56, fevereiro 2013.

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AMAMENTAÇÃO

Amamentação

nutrição para corpo e alma ALEITAMENTO EXCLUSIVO NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA INFLUENCIA NO CRESCIMENTO, APRENDIZADO E DESENVOLVIMENTO DA CRIaNÇA O Ministério da Saúde do Brasil (MS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estão, constantemente, ressaltando a importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê. Essa recomendação vale tanto para o aspecto nutricional como o emocional desse pequeno ser.

Cristiana, psicóloga da Escola Lápis de Cor, explica que é sempre necessária toda atenção e cuidado.

“Em nossa Escola, temos o cuidado de valorizar esses dois aspectos, uma vez que o aleitamento natural é de extrema importância para o desenvolvimento da criança, e o vínculo estabelecido com a mãe proporciona uma maior intimidade e maior conhecimento entre esses dois seres”, explica.

Segundo estudiosos como David Boadella, psicoterapeuta norte-americano, a gestação ainda dura, para o bebê, mais nove meses fora da barriga, emocionalmente falando. É como se ele precisasse desse tempo para começar a construir sua autonomia em relação à mãe, de maneira tranquila, tendo em vista que, ao nascer, esse bebê tem uma grande simbiose com a mãe e esse tempo serviria

para que, aos poucos, isso fosse sendo “quebrado”. Já Donald Winnicott fala que, ao nascer, o bebê ainda não está constituído psiquicamente e que, por este motivo, é de suma importância que o ambiente proporcione um estado de plenitude e de sustentação. Nessa situação, a amamentação pode e deve ser um dos fatores mais importantes.

Cristiana lembra ainda que as mães não estão sozinhas no processo de amamentação. “Para que esse processo seja bem-sucedido, é necessário um clima saudável para que a mãe possa ter o leite. Dentro dessa ideia, não podemos esquecer a importância que tem o pai ou companheiro e as outras pessoas que estão ao lado da mãe. É essencial que lhe passem tranquilidade e segurança. Quando todos estão ligados de maneira positiva, entende-se que a sintonia entre a mãe e o seu bebê também será muito boa e o vínculo entre eles será muito forte”, afirma.

O aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e continuado até pelo menos os dois anos de idade está relacionado à diminuição da mortalidade in-

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fantil, à redução na incidência de doenças infecciosas na infância, à diminuição nas prevalências de obesidade e doenças crônicas (hipertensão, diabetes, doença cardiovascular, etc) tanto na infância como na vida adulta, e até mesmo com um maior coeficiente intelectual. A nutricionista da Escola Lápis de Cor, Izabelle Oliveira, ressalta que esse período recebe até um nome específico. “O início da gestação (nove meses) até o segundo aniversário na vida de uma criança é o período conhecido como janela de oportunidades, por ser uma oportunidade única para assegurar um futuro mais saudável, tanto no nível individual como coletivo. A nutrição adequada nestes dois anos representa um enorme impacto na capacidade da criança crescer, aprender, se desenvolver e ter uma vida próspera,” conta.

A criança irá crescer, mas os cuidados com a nutrição não podem ser deixados de lado. “A transição do aleitamento materno para os alimentos consumidos pela família é o período denominado como alimentação complementar. É um processo que se inicia aos seis meses de idade e dura até os

AMAMENTAÇÃO

24 meses. O aconselhamento para uma adequada alimentação complementar também é considerado uma das ações essenciais em nutrição para melhorar a saúde e o desenvolvimento infantil. Este é um momento delicado no qual a introdução de alimentos deve ser feita em tempo oportuno e em quantidade e qualidade adequadas a cada fase do crescimento e desenvolvimento infantil. Durante a alimentação complementar, são adquiridos e formados os primeiros hábitos alimentares, e a correta alimentação tem o papel de promoção à saúde e hábitos saudáveis”, explica.

“Aqui, na Lápis de Cor, o início da vida escolar no berçário tam-

bém é de incentivo para continuar a amamentação, seja oferecendo o leite materno deixado pela mãe, seja organizando a rotina para a mãe vir amamentar, e ainda na orientação da introdução de alimentos”, finaliza Izabelle.

Além da ligação afetiva e nutricional, o aleitamento é essencial para um adequado desenvolvimento do sistema estomatognático (sistema bucal, constituído de ossos, músculos, mecanismo neuromuscular, articulação, dentes, lábios, bochecha, língua, sistema vascular e nervoso) do bebê. A odontopediatra, Andrea Dias, explica que os músculos, respiração e o posicionamento da língua da criança são influenciados

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pelo processo da amamentação.

“Amamentar promove o desenvolvimento adequado dos padrões musculares, estimula a respiração nasal e o crescimento mandibular, além de proporcionar o correto posicionamento da língua durante a deglutição, auxiliando na prevenção de futuras maloclusões.

A mandíbula do recém-nascido encontra-se retraída 5 a 6 milímetros atrás da maxila, ou seja, numa posição retrognata, o bebê nasce “sem queixo”. Para que ocorra um correto desenvolvimento dos ossos da face e para que a mandíbula se aproxime da maxila, tem que haver estímulos fisiológicos adequados: amamentação no seio, respiração nasal e mastigação”, diz Andrea.

Inteligência Socioemocional

Educação socioemocional, um aprendizado para a vida!

LIÇÕES ADQUIRIDAS NA ESCOLA DA INTELIGÊNCIA SÃO PRATICADAS NO COTIDIANO DENTRO E FORA DA lápis de cor

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Inteligência Socioemocional

“

Eu acho feio porque, quando a gente fala bullying, já ‘é feia a palavra’, [sic] imagina fazer” maria gabriela, 3o ano

Em um mundo cada vez mais acelerado, refletir sobre nossas atitudes e ter consciência de nossos atos é extremamente importante.

Quando esse entendimento começa na infância, a tendência é que ela se torne um adulto exemplar e esse é o cerne da Escola Lápis de Cor. Nesse sentido, buscamos parceria com a Escola da Inteligência, que auxilia no projeto socioemocional permanente da escola. Assim, as ferramentas utilizadas no dia a dia escolar proporcionam o gerenciamento das emoções, desenvolvimento da inteligência emocional, melhoria do rendimento escolar e do aprendizado, habilidades para construir relações saudáveis e administrar conflitos, postura empreendedora e criativa, combate e prevenção ao bullying e ao uso de drogas e o aumento da qualidade de vida de todos os envolvidos nesse processo (crianças, colaboradores e as famílias).

A professora do Estágio V da Escola Lápis de Cor, Rosa Celina Rodrigues, explica que as situações de aprendizagens vivenciadas pelas crianças reforçam ainda mais a filosofia da escola. “Trabalhamos na Lápis de Cor os valores essenciais para a vida, essa é a nossa vertente. De uma forma bastante lúdica, com músicas e contextos literários, envolvemos as crianças motivando-as a aprender a aprender sobre

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conviver com o outro na coletividade”, explica.

No cotidiano escolar, é possível propiciar momentos de reflexão com os alunos sobre atitudes e comportamentos de cada um.

“Diante de uma situação de conflito, iniciamos a abordagem com os questionamentos: a sua atitude foi saudável com o colega? Como você pode melhorar?”. Dessa forma, a criança inicia um processo de reflexão, começa a melhorar as suas relações de amizade e se torna sensível às situações do dia a dia, conta Rosa.

Como resultado desse trabalho, a criança também passa a falar com mais segurança sobre o que é observado no mundo e também vai se sentindo à vontade para falar sobre seus sentimentos. “A criança expõe o que está sentindo, sendo incentivada a dialogar sempre”, pontua.

Maria Gabriela Miranda, aluna do 3º ano da Escola Lápis de Cor, consegue opinar sobre assuntos delicados, como o bullying. “Eu acho feio porque, quando a gente fala bullying, já ‘é feia a palavra’, [sic] imagina fazer”, diz a estudante. Assim como os exemplos negativos, os sentimentos bons também são pautas. “Amizade é um sentimento bom que a gente tem por pessoas que a gente gosta, que estão junto com você, felizes ou tristes, afirma Maria Gabriela.

Inteligência Socioemocional

São diversos os temas trabalhados pela Escola da Inteligência, bem como os valores e princípios do ser humano, lições de economia também têm espaço. “Valores como saber ajudar, respeitar o outro e a natureza são trabalhados durante o ano.

No entanto, existem outras vertentes, como saber economizar e quais são as atitudes saudáveis diante do consumismo”.

A professora conta ainda que as situações de aprendizagens transcendem e atingem também os diferentes ambientes que a criança está inserida, como a própria casa. “Nós trabalhamos as temáticas em sala de aula e os alunos entendem, pois levam os contextos para as suas famílias com muita riqueza de detalhes.

Como resultado, as famílias nos dão retorno de como as atitudes em casa estão sendo modificadas.

Os alunos ensinam aos pais como cuidar do outro, do meio ambiente, a respeitar os mais velhos e até atitudes simples como arrumar o próprio quarto”.

Com a conquista gradativa de mais autonomia, as próprias crianças expõem situações-problema e iniciam a busca por soluções com maior facilidade.

“Quando nós começamos a escutar com sensibilidade as nossas crianças, percebemos como elas têm o potencial para ajudar e como elas desenvolvem cada vez mais a sua consciência”, finaliza Rosa.

Cumplicidade entre as amigas Maria Fernanda e Giovanna, alunas do estágio II

Diálogo construtivo entre Bianca e João Gabriel a partir do momento de leitura

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Por: Antonio Carlos Galvão Júnior

Assessor de Língua Portuguesa – ESCOLA LÁPIS DE COR

ARTIGO

Ler e discutir – com cuidado –

para tentar entender e compreender Irei tentar, sempre que possível, manter uma confluência entre os artigos de minha autoria nesse periódico, de maneira que a continuidade seja significativa e complementar.

Como, na edição de 2017, versamos sobre a leitura compartilhada entre pais e filhos, sugerindo momentos consistentes para tal prática, bem como deixando clara a relevância desses momentos, neste artigo irei trazer uma nuança valorosa – em diversos sentidos – para a interação após as leituras compartilhadas: a discussão da temática proposta pela leitura para tentar entender e compreender a nossa atual realidade.

A citação acima, do sociólogo polonês, radicado na Inglaterra, Zygmunt Bauman, autor da teoria da Modernidade Líquida (mundo líquido) revela sobremaneira o que se passa em nossa realidade contemporânea. Ou seja, existiu um tempo em que os conceitos eram sólidos, fossem ideias, ideologias, relações. Eles serviam para moldar a realidade e a interação entre as pessoas. Todavia, com o advento do século 20, com as conquistas tecnológicas, embates políticos e guerras, viram-se o auge e o declínio desse mundo sólido.

A pós-modernidade trouxe com ela a fluidez do líquido, ignorando divisões e barreiras, assumindo formas, ocupando espaços diluindo certezas, crenças e práticas.

Isto é, temos, hoje, muito mais incertezas que certezas. E é aí que estamos, praticamente, todos nós.

Neste novo mundo, surge a demanda de vivermos buscando qualidade de vida – felicidade? –, não só para nós adultos, mas, talvez principalmente, para os nossos filhos. No entanto, como compreender felicidade se as relações (de toda ordem) estão mais instáveis?

Então surge uma “nova” dicotomia para nos ajudar nesse caminho: qual é a diferença entre ENTENDER e COMPREENDER? Entender algo é fundamentalmente a faculdade de avaliar, mantendo um ponto de vista, porém sem questionar, uma vez que o entender se mantém fixo no contexto que lhe é dado.

Compreensão pressupõe um conjunto de microações, das quais destacamos a atenção, o questionamento e, principalmente, o tempo para pensar, analisar e conquistar o verdadeiro significado do que está sendo posto em questão.

Assim, enquanto o entendimento é relativamente superficial, a compreensão é profunda, consistente, profícua, atemporal.

Nesse sentido, sugerirei algo para que não só pais, mas também (ou especialmente) os filhos busquem compreender tudo o que nos cerca, para que consigamos dessa forma dimi-

nuir a quantidade de incompreensões, apreensões, ansiedade, dúvidas que temos contato praticamente todos os dias.

Vamos ao algo.

Como já dissemos, no outro artigo, abordamos a questão da leitura compartilhada e é, a partir dela, que iremos traçar um caminho para a compreensão daquilo que nos rodeia hoje – “aquilo” que nos incomoda ou não.

Livros diversos trazem temas diversos, de acordo com a faixa etária indicada. Mas, independentemente de outros fatores, todos proporcionam a chance de abordar uma temática.

Sendo assim, primeiro proponho uma leitura anterior por parte do adulto para abstrair o que pode, de acordo com o que consideramos mais líquido e pertinente na realidade atual, ser refletido criticamente – o que servirá, neste instante inicial, para a reflexão do próprio adulto.

Nessa postura crítico-reflexiva, já se pode vislumbrar que viés poderia ser abordado na realidade infantil, respeitando, obviamente, o que pode ser tratado e em que patamar pode ser tratado.

Num segundo momento, após a leitura com a criança, além dos aspectos textuais (de enredo e caracterização dos elementos da narrativa, os quais expus na revista anterior), agora se deve buscar ponderar sobre questões que são “líquidas” como disciplina, direito de pensar diferente, tolerância, preconceito, novos formatos familiares, felicidade, morte, lazer, internet, exposição excessiva em redes sociais, as próprias redes sociais, tempo, obrigações, descanso, contemplação, meio ambiente, respeito à vida, religião, “xenofobia”, pobreza, estudos, afeto, relações familiares, doença, hiperativismo, percepção da diversidade, entre outros.

Exorto que não sejam momentos necessariamente formais, mas, sobretudo, interessantes para ambas as partes.

Acredito que a construção crítico-reflexiva desses momentos trará como efeito uma postura mais consciente diante das situações que nos são postas cotidianamente, trazendo mais estabilidade e consciência, o que favorecerá uma postura mais segura diante dos desafios reais de nossa contemporaneidade. Além disso, como efeito colateral positivo, trará também um hábito de querer perceber autorreflexivamente o que está ao seu redor.

Dessa forma, de alguma maneira, estamos deixando um pouco mais sólida essa realidade muitas vezes tão estranha.

Entendo-a, mas acima de tudo COMPREENDENDO-A, em busca, sim, por que não, de uma vida mais feliz.

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EDUCAÇÃO BILÍNGUE

Compreensão da língua

como base do ensino bilíngue no berçário SEM TRADUÇÕES EM PRIMEIRO PLANO, ESCOLA ENCONTRA, NO ENTENDIMENTO DA LÍNGUA, CAMINHO EFICAZ PARA O APRENDIZADO Good morning! Um simples desejo de bom dia dito em inglês é algo que já está ao alcance de muitas crianças nas salas de aula. Mas, o contato com uma língua estrangeira pode ser iniciado ainda na fase da primeira infância, inclusive no berçário. Enxergando esse processo de aprendizado que acompanhará o bebê por toda a vida, a Escola Lápis de Cor se preocupa e desenvolve o ensino bilíngue.

Apesar de bem novos, os bebês detêm habilidades que os ajudam a aprender, como explica Anatevka Guedes, assessora pedagógica nacional responsável pelo Ensino Bilíngue da ELC. “Na neurociência estuda-se a frequência de sinapses em bebês.

Sinapses são responsáveis pela transmissão de informação, com o aperfeiçoamento de uma habilidade através da exposição de uma segunda língua, por exemplo. Esse processo é fortalecido com as aulas e existe um aumento na velocidade desse processo de aprendizagem”, afirma.

Anatevka Guedes explica ainda que existem estudos que respaldam as vantagens do ensino bilíngue desde a primeira infância. “De acordo com a neurocientista Ellen Bialystok, existe um aumento na massa cinzenta de crianças bilín-

gues. Essas crianças são capazes de tomar decisões mais rápidas, são mais tolerantes com as diferenças, possuem um raciocínio lógico-matemático melhor e são crianças que compreendem melhor a leitura.

Segundo Ellen, crianças já podem ter exposição ao segundo idioma ao nascer e, quando isso acontece, a possibilidade dessa criança ter uma fluência como um nativo é grande”, ressalta a assessora.

Com aulas diárias, que duram 30 minutos, os bebês da ELC são inseridos em um ambiente bilíngue para que eles compreendam esse segundo idioma de forma subconsciente. “No processo de

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aquisição da linguagem, os bebês compreendem o idioma através de vivências sensoriais e motores de forma lúdica e natural, na segunda língua”, diz Cláudia Brady, Coordenadora Pedagógica responsável pelo Ensino Bilíngue da ELC. A inserção de dois idiomas na mesma frase também não é vista como algo negativo. “A criança está em processo de desenvolvimento linguístico, portanto, essa mistura denota que ela tem maior resiliência e possibilidades diante de uma situação-problema qualquer.

Em outras palavras, se a criança se depara com uma situação em

EDUCAÇÃO BILÍNGUE

que deveria ter usado o português, mas usou o inglês, é porque ela se mostrou mais confiante em usar a palavra que surge primeiro em sua memória. Isto não significa que ela não saiba a palavra em outra língua”, diz a coordenadora.

Sobre o dia a dia em sala de aula, a professora Carolina Corsino explica que, além das atividades realizadas na Escola, há o incentivo para que os pais também

estimulem o aprendizado em casa.

“Cada atividade feita no berçário é enviada pelo aplicativo da escola para que os pais possam trabalhar em casa com as crianças. Também enviamos as rotinas mensalmente com sugestões de músicas, vídeos e livros no intuito de ampliar estes estímulos”, explica.

A fim de observar a evolução das crianças, a Escola prepara um relatório de desenvolvimento

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linguístico para crianças a partir de 12 meses. “Existe um relatório no qual fazemos o acompanhamento do desenvolvimento linguístico e sociocognitivo da criança”. Esse material registra as respostas aos estímulos dados pela professora durante os momentos de interação, bem como a reação das crianças com músicas, vídeos e livros utilizados nas aulas do ensino bilíngue.

Mundo Digital ARTIGO

Por: Camila Bon

*Pedagoga, Especialista em Educação Infantil Especialista em Neuropsicopedagogia

Reggio Emilia: O diálogo que nos encoraja a ficar ao lado das crianças Ao norte da Itália, a pequena cidade de Reggio Emilia chama atenção por oferecer às crianças uma educação de excelência. Desde 1991 até os tempos atuais, a sua abordagem pedagógica é considerada a melhor do mundo para o segmento da Educação Infantil. Estudiosos de vários países visitam a cidade para conhecer suas experiências educativas.

Em que se baseiam as experiências educativas capazes de despertar interesse em famosos estudiosos, como por exemplo, Howard Gardner? Por que, de tempos em tempos, grandes grupos de estudiosos, pesquisadores, professores, gestores e administradores saem de seus países e são acolhidos, em Reggio, para cursos, visitas em escolas e palestras? Por que Reggio nos inspira? Que reflexão ela nos leva a ter sobre a educação de meninos e meninas?

Paulo Freire dizia que todo amanhã se cria no ontem, isto é, para entendermos o hoje e o amanhã da abordagem pedagógica de Reggio, faz-se necessário conhecer sua história.

A experiência educativa inicia-se após a segunda guerra mundial, em 1946, no vilarejo de Villa Cella, quando trabalhadores e comerciantes se reuniram com o intuito de construírem uma escola para crianças pequenas. Segundo a história, a escola ganhou forma com os recursos das vendas de um tanque de guerra, seis cavalos e três caminhões que os alemães deixaram.

Encantado com o projeto educativo, Loris Malaguzzi, professor de crianças e adolescentes, seguiu para Villa Cella com o objetivo de conhecer de perto a experiência comunitária. “Esta ideia pareceu-me

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incrível! Corri até lá em minha bicicleta e descobri que tudo aquilo era verdade. Encontrei mulheres empenhadas em recolher e lavar pedaços de tijolos. As pessoas haviam-se reunido e decidido que o dinheiro para começar a construção viria da venda de um tanque abandonado de guerra, uns poucos caminhões e alguns cavalos deixados para trás pelos alemães em retirada.” Fascinado por esse contexto, Malaguzzi dedicou sua energia ao apoio do movimento pelas pré-escolas dirigidas por pais. Depois, liderou a organização municipal de creches e pré-escolas.

Atento e dialogando com a pedagogia de vanguarda da época, o professor inicia a construção da identidade pedagógica das escolas, por meio de uma perspectiva em que a criança é protagonista e tem o adulto como apoiador do processo de aprendizagem.

Identidade na qual cada criança tem sua cultura revelada e respeitada pelo público externo e que aprende por meio de experiências, habitando em um espaço belo e com possibilidades de diversas aprendizagens.

Sua concepção revela, ainda, a importância do trabalho cooperativo, do compartilhamento de experiências, da escola como vida pulsante e parte do cotidiano da comunidade.

A escola de Reggio Emilia surge com o conceito inovador revelado na coletividade e na união de pessoas, na participação dos pais dos alunos que assumem responsabilidades junto com os professores.

Inovadora, porque a escola é a própria vida e não uma preparação para a vida. E, por fim, por conta da crescente intensificação do seu papel sociocultural.

Naquela época, os professores demonstraram- ça que é: criança ativa, competente, desafiadora, -se receptivos ao pensamento de Malaguzzi e não curiosa, capaz de se comunicar com o mundo e se incomodaram com a ideia de ensinar, enquan- nele fazer história. Uma criança que tem diversas to eles mesmo aprendiam. Nesse contexto, o pro- formas de explorar, de se comunicar e de pensar.

Então, somos convidados a deixar a ideia de que fessor passou a aprender com a criança, enquanto ele ensinava, buscando reconhecer, em sua prática, a criança tem apenas uma forma de aprender, em que qual a lógica de aprendizagem da criança. A partir a “cabeça é separada do corpo”, “que escuta, mas não daí, refletia e realizava uma reformulação de modo a fala”, “que compreende sem alegrias”, que “maravilhapropor alternativas eficientes para ajudar as crianças -se só na Páscoa e no Natal”. Que não estão juntos “o a continuarem aprendendo. Nascia, então, a ideia jogo e o trabalho, a realidade e fantasia, a ciência e a da pedagogia da escuta e uma inversão da posição imaginação, a razão e o sonho”.

Ao contrário, devemos nos encorajar e assumir a do professor como detentor do saber, todavia valorizando o conhecimento e a forma de aprender da imagem de que a criança tem “cem, mais cem e mais cem formas de aprender”, “cem mocriança, considerando-a como podos de pensar, de jogar, de falar”, “cem tente e tornando-a protagonista de mundos para descobrir, para inventar”, sua aprendizagem. “cem modos de escutar as maravilhas Nos tempos atuais, o termo de amar”, “cem alegrias para cantar e criança potente aparece de forma compreender.” recorrente nos discursos educacioReggio nos Por consequência, esse convite nos nais. Mas o que isso quer dizer? É propõe a leva a pensar em que tipos de relações a criança reduzindo o papel do proacreditar em as crianças potentes vivenciam na escofessor? É mais um modismo invenuma criança que la e qual a atuação do professor frente tado para o cenário educacional? é: Criança ativa, a essa criança? “Se nós acreditamos que Essa ideia, em contradição aos competente, as crianças têm teorias, interpretações desafiadora, questionamentos iniciais, está ligada curiosa, capaz e questões próprias e que são coprotadiretamente à imagem de criança. de se comunicar gonistas dos processos de construção A ideia da potencialidade incom o mundo do conhecimento, então os verbos mais fantil é a centralidade da pedagogia e nele fazer importantes na prática educativa não reggiana. Malaguzzi nos diz que é a história” são mais “falar”, “explicar” ou “transmipartir dessa imagem que se constitir”, é apenas “escutar”. Escutar signifituem os princípios éticos em relação camila bon ca estar aberto aos outros e ao que eles às crianças, ou seja, onde firma-se o têm a dizer, ouvindo as cem (e mais) compromisso do discurso e da prática para e com as crianças. À vista disso, a imagem de linguagens com todos os nossos sentidos. Escutar é criança “é o cimento sobre o qual temos que sustentar verbo ativo, pois significa não só gravar uma mensatodo o projeto educativo. É a pergunta prévia e pri- gem, mas também interpretá-la, e essa mensagem admeira em relação a outras perguntas sobre o para quê quire sentido no momento em que o ouvinte a recebe e avalia.”, de acordo com Carla Rinaldi. e como educar”, de acordo com Paulo Fochi.

Assim, somos levados a crer que escutar, sendo o Contrariando a imagem, por vezes, ainda presente em diversas instituições de educação infan- verbo principal da prática educativa, atribui ao protil e na sociedade atual - que é a da criança cheia fessor o pensamento para além das crianças como de ausências, alguém que não é, mas que vai ser fortes e competentes, mas que ele necessita atuar de - , Reggio nos propõe a acreditar em uma crian- forma que revele essa imagem às crianças.

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Mundo Digital ARTIGO Dessa forma, escutar, significa estar atento às ma- processos e aprendizagens que as crianças utilizaram. nifestações das crianças em suas diferentes formas de Ou seja, a documentação propicia à criança, acima de expressão e, ao mesmo tempo, acolher essa observa- tudo, refletir sobre seus processos de aprendizagens, ção em forma de registro e documentação, utilizan- sendo ela, não uma documentação de produtos, mas do-os para reflexão e tomada de decisões comparti- de processos e trilhas mentais, possibilitando que selhadas com as crianças e os pais. Escutar é penetrar jam lidas, interpretadas, revisadas e avaliadas. Essas ações tornam-se partes integrantes da construção de na aprendizagem enquanto ela acontece.

Sendo assim, o professor estabelece uma relação conhecimentos das crianças, professores e pais.

O professor, enquanto documenta, deve buscar intelectual e dialógica com o grupo de crianças a fim de participar da empolgação e curiosidade delas, não aquilo que quer ser ouvido, desprendendo-se da tense esquivando da seriedade que é a aprendizagem, en- dência dos conceitos e formas. Do é isso ou é aquilo! tretanto, considerando-a em um contexto de respeito Por meio da documentação, os professores questionam e ludicidade. Para isso, Reggio utiliza a metáfora da perguntas sobre sua prática, permitindo diferentes modos de perceber como as crianças estão bola. Ensina-nos que o professor deve aprendendo e ajudando-as a pensar pegar a bola que a criança joga para sobre como poderá continuar o jogo. ele e lançá-la de volta para continuar Além disso, a documentação vira mebrincando. Todavia, são colocadas em mória viva de aprendizagens e revela a jogo as habilidades do adulto e das identidade democrática da escola. crianças. Ele se envolve para proporPortanto, a documentação é um cionar às crianças contextos para que a documentação ato sensível e atencioso. Representa elas sigam suas teorias e/ou ampliem vira memória a busca que as crianças e os adultos seus pensamentos. O adulto entra no viva de fazem juntos pelo significado e pela ritmo do jogo e assume uma atitude de aprendizagens e revela a vida. É o retrato de uma relação ética atenção e cuidado, buscando ampliar identidade com o outro e o mundo. estratégias investigativas, concentrademocrática da Pode-se dizer, dessa forma, que ção, esforço, sem tirar das crianças o escola. a documentação revela os caminhos direito de vivenciar inteiramente o investigativos que acontecem no coprazer, a beleza e alegria do jogo. camila Bon tidiano das buscas infantis. Mesmo O professor, então, não é um sabendo o significado de pesquisa ensinante, mas um provocador de científica e dos debates que há das ocasiões de descobertas por meio da escuta atenta. O objetivo maior do professor não é chamadas ciências “dura e leve”, Reggio traz o termo facilitar a aprendizagem de modo que ela fique se- pesquisa, pensando que pode surgir um caminho de rena ou simples, mas de problematizá-la, trazendo um novo conceito, mais contemporâneo e vivo. Carla Rinaldi (2012) diz que esse novo conceito pode surcomplexidades envolventes e empolgantes.

Acolhendo toda essa escuta, Reggio nos convida gir, se reconhecermos o uso do termo para retratar a a pensar sobre as documentações pedagógicas. Em tensão cognitiva que os processos de aprendizagens e seu conceito, documentação vai além da reunião de construção do conhecimento provocam; se usarmos atividades, fotografias, painéis em paredes e vídeos para narrar os percursos trilhados em direção aos realizados no processo de aprendizagens das crianças. novos universos descobertos pelas crianças, na busca A documentação é a escuta visível, o testemunho das pelo ser, pela alma, pelo conceito, para as indagações trilhas e processos dos aprendizados. Na documen- que acontecem dentro e fora da escola, gerando assim tação é importante que sejam visíveis a natureza dos a cultura da atitude investigativa.

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Reggio nos convida a pensar sobre o seguinte questionamento: Ao acolhermos, como pontos importantes, as linguagens poéticas e a dimensão estética nos processos de ensino e aprendizagem, quais enriquecimentos esses processos ganhariam?

Esse conceito, a um olhar corriqueiro, revela-se abstrato. Contudo, em Reggio, ele tornou-se real por meio dos ateliês. O ateliê é um espaço para as crianças encontrarem contextos atraentes e explorarem materiais diversos, que permitam a elas construírem possibilidades expressivas. Em outras palavras, as crianças podem expressar seus conceitos por meio de materializações diversas. Para os adultos, é possível observar como as crianças inventam formas livres para se expressarem, seja em forma cognitiva e simbólica, e as rotas de comunicação que utilizam. O ateliê é a materialização do poema de Malaguzzi. Possibilita às crianças a experiência de aprendizagem completa e integrada, pois propicia conexões e inter-relações entre diferentes lin-

guagens (disciplinas). Permite, ainda, uma abordagem mais complexa para os problemas, pois, ao ser elaborado em outra linguagem, a criança ganha novas formas de pensar sobre suas teorias e revela, assim, que os elementos expressivos, empáticos e estéticos são inerentes a qualquer disciplina.

Assim, Reggio considera que as linguagens artísticas estimulam e trazem a capacidade da formulação de novos conceitos a explorar e a elaborar, oferecendo visões poéticas para além do que já está posto pelo consenso. Portanto, trazem a possibilidade de interpretações que fujam de padrões convencionais. Desse modo, a escola não fica estagnada apenas na absorção de conceitos formais da linguagem da arte, mas reflete por meio de ideias e concentra-se nos conceitos que geraram as obras de arte. O ateliê dialoga, ainda, com a linguagem digital, estabelecendo uma experiência não apenas com a forma funcional e técnica, mas também com a busca em se utilizar de maneira criativa

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ARTIGO e imaginativa, para também revelar a potencialidade cognitiva, expressiva e imaginativa das crianças. Por meio da tecnologia, permite-se que as crianças criem mundos possíveis. Contudo, o ateliê não é apenas um espaço. É uma metáfora. Nessa visão, a escola inteira precisa ser um ateliê em que crianças e adultos encontrem suas vozes de maneiras diversas e a escola seja um vivo laboratório.

Desse modo, somos levados a refletir sobre o espaço da escola, visto que ele deve ser vivo, experimentável, questionável e propício ao encontro de vozes diversas. Logo, o ambiente cotidiano tem um valor especial na pedagogia regianna. Ele é ativado e modificado por explorações, pesquisas de todos da comunidade – pais, professores, crianças – revelando histórias sociais e pessoais, tornando-se um lugar empático, um lugar de aprendizagens, espaço de relações, diálogos e conexões entre pessoas, conceitos e objetos, de experiências sensoriais múltiplas. Espaço flexível, adaptável, convidativo e narrativo das experiências vivenciadas.

Reggio nos revela que estar ao lado das crianças é trazer para a escola a ideia da identidade relacional e um espaço escolar que dê suporte à confiança para o real diálogo entre a comunidade, pois o diálogo é uma relação ética e a essência da vida. É espaço de pesquisas

e confrontos. Reggio nos convida a ter coragem. Coragem da vida democrática em que todos participam da escola. Coragem de dar às crianças seus direitos como sujeitos potentes. Coragem a dar à criança o direito de aprender por meio de relações éticas, amorosas, sensíveis e estéticas. Coragem de que o professor desça do patamar de autoridade cognitiva, mas que, junto com as crianças e seus colegas professores, faça parte de um grupo de aprendizagem. Coragem para que as famílias sejam também protagonistas e vivenciem a escola além de um serviço prestado. Coragem para que a escola seja a própria vida e não uma preparação para a vida. Coragem de perceber as crianças em múltiplas linguagens. Coragem de preparar documentações que testemunhem a vida real das experiências estabelecidas. Coragem de repensar e questionar a prática educativa. Coragem de se colocar em jogo com a criança.

Coragem de escutar. Coragem de sermos sensíveis.

Coragem de nos maravilharmos pelas descobertas das crianças. Coragem de investigar. Coragem de acolher diferenças. Coragem para criar, reinventar e reconstruir. Coragem de ser individual e ser coletivo. Reggio nos convida a ter coragem, coragem de ficar ao lado das crianças e possibilitarmos a elas, cem (e mais) maneiras de aprender, de expressar, de imaginar e sonhar.

CEPPI, G.; ZINI, M. Crianças, espaços, relações: como projetar ambientes para a educação infantil. Porto Alegre: Penso, 2013. 160p.

EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. (Org.). As cem linguagens da criança: a experiência de Reggio Emilia em transformação. Porto Alegre: Penso, 2016. v. 2.

FERRETTI, C. J. , Zilbas, D. L. , e Tartuci, G. L. P. P. (2004). Protagonismo Juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio. Cadernos de Pesquisa, 34, 411-423.

FOCHI, Paulo. Afinal, o que os bebês fazem no berçário?: comunicação, autonomia e saber-fazer de bebês em um contexto de vida coletiva. Porto Alegre: Penso, 2015.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender – São Paulo: paz e Terra, 2012.

Zero, Project. Tornando visível a aprendizagem: Crianças que aprendem individualmente e em grupo / Reggio Children; tradução Thais Helena Bonini – 1. ed. – São Paulo: Phorte, 2014

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integração

Entrelaçamentos de saberes:

criança, escola e família A Pedagogia da Infância fascina e contagia a todos porque caracteriza a prática sensível do educador, de modo a promover situações de aprendizagem que possibilitem às crianças serem protagonistas das ações propostas. É com esse foco que a Escola Lápis de Cor faz, da sua equipe, professores de excelência. Para que alcancemos esse êxito, esforço e dedicação foram dispensados há mais de duas décadas, pois se estabeleceu uma cultura organizacional na instituição, cuja premissa é a formação continuada de toda a equipe, uma vez que somente a partir das reflexões sobre a nossa prática é que melhoramos diariamente.

Quando pensamos na CRIANÇA como um SER em potencial,

destacamos a essência da nossa prática, porque a vemos como “portadora” de uma cultura e de direitos.

Assim, o respeito que instituímos, a partir do planejamento das situações de aprendizagens, nos fortalece e nos dá a garantia que as nossas crianças se envolvem, interagem com o outro e se transformam, transformando também o mundo em seu entorno, de modo a lhes permitir pensar cientificamente no futuro, uma vez que um dos pilares que sustentam a nossa proposta pedagógica é o ensino por investigação, que possibilita às crianças identificarem situações do contexto, buscarem soluções e registrarem suas observações e interpretações, mediante documentação pedagógica. Dessa forma, serão capazes de

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Por: Luciana Fortunato

Coordenadora da educação infantil da Escola Lápis de Cor

refletirem sobre suas aprendizagens e o mundo dos objetos.

Nesse contexto, a documentação pedagógica propicia à criança e ao professor refletirem sobre o processo de ensino-aprendizagem, pois expressa esse processo, auxiliando também no desenvolvimento de sua criticidade e autonomia.

Logo, há nesse registro um encantamento sobre as expressões das crianças, as suas reações nos espaços de aprendizagens e como cada uma se relaciona com o material proposto. Registros como vídeos, fotos, gráficos e falas ganham uma dimensão que transcende a visão da proposta pedagógica, pois encontramos ou vamos ao encontro dos objetivos de cada situação de aprendizagem.

integração

o filho Guilherme Itamara Araújo e Artur Fontes com Culinária com a Araújo, vencedores da Expedição chips de batata receita Miniburger de salmão com doce e molho bio-rosé

Raphaela Thaís com sua filha Melina Maria, vencedores da Expedição Culinária com a receita Dadinho de tapioca com geleia de morango

Jussele Lourenço com seu filho Brunno Santiago, vencedores da Expedição Culinária com a receita Brownie de biomassa com castanha do Brasil acompanhado de sorvete de banana com amora

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Nessa perspectiva, os projetos desenvolvidos são marcantes para toda a comunidade escolar: crianças, professores e seus familiares participam de maneira interativa e as ideias que são disseminadas promovem a transformação do SER do ponto de vista crítico e reflexivo. Em todas as situações de aprendizagens realizadas na escola, a criança é o principal ator e o autor, sobretudo os familiares se entrelaçam em um relacionamento que visa uma educação sistemática e de qualidade, que proporciona um avanço com relação às potencialidades na expressão de suas linguagens.

Partindo desse princípio, destacamos o Projeto Alimentação Saudável, que busca a formação de hábitos saudáveis alimentares desde a mais tenra idade, e que se fortalece quando a pedagogia ganha espaço para dinamizar as ideias e dialogar sobre os mais relevantes temas, que se iniciam com frutas, legumes, estendendo-se até alimentos funcionais, industrializados, etc. Essas vivências acontecem como forma a dar “vida” aos alimentos de uma maneira lúdica e sensorial.

Dentro desse projeto, uma das ações de grande destaque é a Expedição Culinária. A ideia é que mães, pais e filhos possam fazer juntos, uma culinária prática, criativa, divertida, saborosa e funcional.

Como exemplo de situação de aprendizagem, as crianças são estimuladas a registrar por meio de desenho os sabores, cheiros... Nesse sentido, há uma relação direta com o imaginário e a subjetividade da criança. Sendo assim, a abordagem reggiana possibilita ir além, reconhecendo a potencialidade de cada criança e disponibilizando estratégias que quebram paradigmas de uma proposta de ensino tradicional.

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integração

A diferença dos cheiros são os formatos. Tudo tem seu formato.

O cheiro tem formato de cobra. [...] Eu desenhei o biscoito que eu comi no lanche!”

Enrico

A representação gráfica do cheiro e sabor do biscoito, por Enrico Tinôco

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integração

Vislumbrar o belo, a natureza viva, despertar o interesse e a curiosidade sobre o invisível; observar seres que necessitam de um habitat “sem vida”, como um tronco de uma árvore cortada, e se sensibilizar com seres como os fungos e lhes dar importância, respeitando-os e reconhecendo a necessidade de sua existência para o equilíbrio dos ecossistemas, é respeitar a vida, seja ela qual for. Esses são alguns pensamentos que orientam o cotidiano da Escola Lápis de Cor.

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integração É importante a criança conhecer e compreender o mundo em que ela vive e se sensibilizar com as mudanças que estão acontecendo com ele, fazer perguntas sobre o inusitado, elaborar estratégias para resolver as situações-problema que surgirem diante de si, e, portanto, se colocar como corresponsável pelas mudanças que ocorrem no planeta.

Enfim, despertar na criança esse olhar em relação à realidade a conduz a desenvolver a solidariedade e, futuramente, o pensamento estratégico, de modo que possa levar consigo essas aprendizagens para fora da escola, compartilhando com amigos, família, sendo multiplicadora de novos conhecimentos.

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expedição culinária

VEJA O PASSO A PASSO DAS RECEITAS VENCEDORAS DA EXPEDIÇÃO CULINÁRIA

Miniburger de salmão

com chips de batata doce e molho bio-rosé Por: Guilherme Araújo

INGREDIENTES - 3 pães integrais com granola com aproximadamente 40 gramas cada - 3 hambúrgueres de salmão com aproximadamente 25 gramas cada - 2 folhas pequenas de alface lisa - 2 tomates maduros - 2 bananas verdes médias (sugestão: banana prata) - 80 gramas de batata doce - 3 fatias de queijo coalho defumado - sal - pimenta do reino branca moída

MODO DE PREPARO Biomassa 1) Corte as extremidades das bananas e ponha numa panela de pressão.

2) Acrescente dois copos de água mineral.

3) Leve ao fogo e após a panela tomar pressão, cozinhe a banana por mais 20 minutos e apague o fogo. miniburguer de salmão 4) Moa o salmão em um moedor de carnes com sal e pimenta 5) Com um copo americano, molde o salmão em tamanhos iguais, com aproximadamente 25 gramas cada.

6) Leve à geladeira para que fique firme para grelhar. molho bio-rosé 7) Corte duas fatias finas de um dos tomates para cada miniburger e reserve.

8) Tire a pele e as sementes do outro tomate.

9) Amasse e faça um purê de tomate.

10) Descasque as bananas mornas e processe com um pouco da água do cozimento.

11) Adicione o purê de tomate à biomassa, deixando-o com uma aparência de molho rosé. chips de batata doce 12) Para guarnecer o sanduíche, corte finas lâminas de batata doce e reserve na água fria com um pouco de sal.

13) Esquente o forno elétrico a 200ºC. 14) Asse os chips de batata por 12 minutos ou até que fique crocante. selagem do miniburguer de salmão 15) Esquente uma frigideira de teflon no fogão.

16) Coloque um pouco de óleo de coco e sele o miniburger, um lado de cada vez, até que fique bem dourado.

17) Coloque uma fatia fina de queijo de coalho defumado até que derretam nas bordas.

MONTAGEM Corte os pães. Coloque os hambúrgueres com o queijo derretido, por cima, duas rodelas de tomate e alface cortado com as mãos. Repita o processo mais duas vezes para montagem dos três miniburgers. Tenha em um prato próximo os chips de batata doce e, por fim, ponha a mistura de purê de tomate com biomassa em uma bisnaga e mele o prato para que a decoração seja também molho para os chips.

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expedição culinária

Brownie de biomassa com castanha do Brasil acompanhado de sorvete de banana com amora Por: Brunno Santiago MODO DE PREPARO Brownie 1) Bata todos os ingredientes, exceto a castanha, até obter uma massa homogênea.

2) Adicione a castanha.

3) Despeje a massa em uma fôrma forrada com papel-alumínio (untado com óleo).

4) Asse no forno pré-aquecido a 180oC por cerca de 15 a 20 minutos.

5) Desenforme depois de frio.

INGREDIENTES Brownie - 440 gramas de banana prata verde - 50 gramas de cacau em pó - 120 gramas de açúcar mascavo ou demerara - 115 gramas de ovos - 100 gramas de chocolate ao leite - 50 gramas de castanha do Brasil - 50 mililitros de óleo de milho Sorvete - 200 gramas de banana prata - 30 gramas de amora

Sorvete 1) Congele as frutas.

2) Processe as frutas congeladas.

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expedição culinária

Dadinho de tapioca com geleia de morango Por: Melina Maria de Oliveira INGREDIENTES - 250 gramas de tapioca granulada - 250 gramas de queijo coalho ralado - 2,5 xícaras de leite quente - sal a gosto - geleia de morango

MODO DE PREPARO 1) Misture a tapioca granulada com o queijo coalho ralado e tempere com o sal.

2) Coloque aos poucos o leite quente, misturando bem todos os ingredientes, até formar uma massa homogênea.

3) Disponha a massa em uma assadeira forrada com papel-filme.

4) Cubra a massa também com papel-filme e pressione para que fique uniforme.

5) Leve à geladeira por duas horas.

6) Desenforme e corte no formato desejado.

7) Coloque em uma assadeira e leve ao forno a 180°C até dourar.

8) Sirva com geleia de morango.

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ARTIGO

Por: Luis Carlos Castro Especialista em Matemática

A importância da robótica no ensino da matemática No desenvolvimento da aprendizagem matemática, como em qualquer outra disciplina, estão presentes quatro fatores muito importantes que são: exploração do conteúdo, a compreensão, o entendimento e a aplicação. Porém, o que diferencia a matemática das outras disciplinas é a sua abstração na compreensão e no entendimento. O que ainda pode ter, em algumas situações, um resultado diferente do que realmente se espera, deixando o aluno desmotivado e sem interesse pela disciplina em alguns momentos.

Segundo (Malaré apud Alonso & Gallego, 2002), quanto mais de um sentido do educando for mobilizado, tanto mais fácil será seu aprendizado. As tecnologias na educação, nesse sentido, têm disponibilizado vários recursos pedagógicos que possibilitam a forma de aprender de cada indivíduo na sua diversidade, oferecendo múltiplos estímulos.

A atual situação mundial, chamada “era da informação” (Santos, 2006), da busca eminente e incessante pelo conhecimento, torna necessária a atualização e a utilização de meios que modifiquem o ensino e a aprendizagem, instiguem e criem situações provocantes nos alunos, para que os mesmos possam criar suas soluções e adequabilidade dos problemas que os envolvem diariamente. Como Vygotsky(1998) define, a aprendizagem é baseada, principalmente, no relacionamento das pessoas e caracteriza mudança de comportamento, pois desenvolve habilidades. Nesse caso, essas habilidades são desenvolvidas a partir da interação com os protótipos robóticos e a mediação do professor. Essas interações estabelecem-se entre professor-aluno-robô e são essenciais para o desenvolvimento do domínio do simbolismo, trazendo vantagens sociais, cognitivas e afetivas.

Nada mais estimulante que o professor lançar um desafio

em que os alunos se vejam como os coautores de seu aprendizado, que possam manipular os objetos na obtenção de um resultado para o qual foi proposto resolver. A robótica é uma ferramenta perfeita para esse tipo de atividade, por exemplo: o professor lança um desafio para que o robô ultrapasse determinado obstáculo. Logo, o aluno se põe a pensar para resolver tal desafio e, com isso, se sente motivado a buscar novas relações com a matemática.

A partir desse estímulo real se dá a busca por conceitos matemáticos, na qual o aluno vai formular suas próprias estratégias e identificar uma matemática significativa. Essa maneira relevante de ensinar extingue totalmente o que Freire (1987) chama de conhecimento bancário, ou seja, o método que consiste em transmitir ao aluno verdades prontas, que o sonega explicações alternativas e mais sofisticadas.

Podemos citar também um fator muito importante que é a questão da abstração. Com a robótica, o aluno não é obrigado a ter que abstrair a matemática para um contexto, ele irá buscar os conhecimentos matemáticos essenciais para a resolução do problema e de seu interesse a partir de uma necessidade.

O ensino da matemática, com o auxílio da robótica, gera um ciclo em que o aluno vai buscar conhecimento pela necessidade criada em cada situação sugerida pelo professor. Cada etapa permite que o educando, juntamente com o professor, compreenda concretamente o que é a construção da aprendizagem.

Robótica e matemática estão interligadas, sendo essa uma nova proposta de ensino, uma vez que a educação deve propiciar um ambiente de convívio saudável, de acordo com a situação vivenciada.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

MELARE, V. B. D. Estilos de aprendizagem no contexto educativo de uso das tecnologias digitais interativas. Disponível em <http:// lantec.fae.unicamp.br/lantec/pt/tvdi_portugues/daniela.pdf> Acesso em 23/10/2017.

SANTOS , M. Contribuição à compreensão da “Era da Informação” no contexto das organizações: um ensaio teórico plural. 2006. Disponível em <http://www.cyta.com.ar/ta0504/v5n4a1.htm>. Acesso em 23/10/2017.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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Raciocínio lógico

Stem lab:

criatividade e protagonismo para resolução de problemas Com blocos, geoboard e materiais recicláveis, alunos inovam e resolvem problemas de forma criativa

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Estimular a criatividade inovadora e o protagonismo dos alunos.

Essa é a missão central do STEM Lab, projeto realizado com os alunos do Ensino Fundamental na Escola Ampliada. Por meio da ciência, matemática, tecnologia e engenharia, os pequenos analisam problemas e buscam soluções para executá-los.

“Em aula, os alunos têm quatro tipos de missões (situações-problema)

Davi Tavares criou uma versão do próprio quarto durante as atividades do STEM Lab

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e para executá-las (resolução de problemas), eles utilizam diferentes materiais, tais como: legos, blocos, geoboard e materiais recicláveis disponíveis em nosso Ateliê. O STEM Lab oferece oportunidades onde os alunos terão que lidar com frustrações, terão de trabalhar em equipe e buscar soluções através de situações desafiadoras e lúdicas”, explica o professor Bruno Cutrim.

Raciocínio lógico De acordo com o professor, não existe uma idade ideal para ensinar tais componentes curriculares. É possível explorar a criatividade das crianças para que o aprendizado seja favorecido. “O STEM pode ser ensinado em qualquer idade.

O importante é lembrar que os alunos estão perfeitamente adaptados para aprender os conceitos.

O segredo é aproveitar a curiosidade das crianças sobre o mundo.

Portanto, temos que permitir que eles investiguem, incentivando-os a fazer perguntas sobre o mundo real”, conta Bruno.

Outro fator importante é mostrar de uma forma fácil de entender, como a ciência, tecnologia, engenharia e matemática são utilizadas no cotidiano. “Mostramos como a ciência é o nosso mundo natural, desde a terra em que vivemos até os oceanos e o espaço que aspiramos um dia visitar. Ciência também é o clima que muda nossos planos de piquenique, mas também é o desastre natural que destruiu uma cidade em nosso próprio estado. A tecnologia inclui o iPad, os smartphones que usamos para orientar nossos dias, os aplicativos que ativam e desativam nossas luzes ou iniciam o nosso carro, mas também qualquer recurso que facilite uma atividade qualquer do dia a dia, como por exemplo, um simples coador de café.

A engenharia é ver o tráfego fluir suavemente em estradas lotadas e por que as pontes sobrevivem apesar de uma grande quantidade de carros dirigindo sobre ela. E que a Matemática acontece em todos os lugares, no mercado, no banco e no orçamento familiar, por exemplo.

Emblema produzido por João Henrique para personalizar pasta de documentação de suas missões Bruno conta que a partir dessa proposta, os alunos do projeto STEM Lab têm uma grande capacidade de solucionar problemas, trabalham muito bem em equipe e são capazes de gerar múltiplas alternativas para alcançar seu objetivo. “Recentemente fizemos um projeto onde teríamos que criar uma escada que iniciava em uma mesa indo até o chão. Inicialmente

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eles conectaram um lego ao outro, mas notaram que a certo ponto a escada sempre quebrava, depois disso eles tentaram fazer uma escada mais grossa, mas também continuou quebrando. Depois de várias tentativas um aluno teve a ideia de criar um pilar para sustentar a escada e todos os alunos abraçaram ideia e esse foi o resultado”, diz o professor.

ensino para a vida

Projeto vida e o incentivo para fazer a diferença dentro e fora da escola

práticas pedagógicas unidas a situações do cotidiano facilitam o aprendizado e a integração em sociedade Aproximar as práticas pedagógicas às situações de vida dos estudantes do Ensino Fundamental Anos Iniciais é o objetivo do Projeto Vida. A partir dos eixos temáticos: matemática e engenharia da natureza, corpo e movimento, leitura da natureza e compreensão do mundo, investigação científica

e pesquisa, bem como a realização de projetos dentro e fora da escola, os alunos aplicam no cotidiano os valores e lições extraídas do ambiente da Escola Lápis de Cor, como explica a assessora pedagógica da ELC, Rozicleide Carvalho. “O Projeto Vida é um projeto de extensão que visa de-

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senvolver o pensamento científico nos estudantes. Para isso, são desenvolvidas estratégias didático-pedagógicas como a resolução de problemas e a metacognição, ou seja, saber mobilizar os conhecimentos adquiridos nos projetos desenvolvidos para resolver situações do seu cotidiano”.

ensino para a vida De acordo com o Coordenador do relatório para a UNESCO da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI, Jacques Delors, “pensar na educação integral é dirigir-se para formação e desenvolvimento dos indivíduos nas esferas cognitiva, afetiva, emocional, de valores éticos e estéticos. É estabelecer possibilidades que propiciem aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver”. A partir dessa lógica, a nossa responsabilidade com o desenvolvimento educacional pode ser maior do que o trabalho com conteúdos específicos em componentes

curriculares e com a organização curricular existente. Para ampliar os resultados é preciso somar alguns componentes ao projeto educativo como tempo, espaço e pessoas.

Todos nós precisamos de tempo para estudar e aplicar os conhecimentos. Ao decidir pelo Projeto Vida, as famílias confiam à Escola a possibilidade de levar os estudantes a usarem seu tempo para a aplicação dos conteúdos trabalhados no período regular. Dessa forma, os alunos terão mais tempo para aplicar os conhecimentos em situações de vida. “Cada eixo temático permite o desenvolvimento de

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projetos mediante oficinas, e todo o conteúdo trabalhado nos projetos precisa estar articulado com o conteúdo do currículo escolar”, ressalta a assessora pedagógica.

O espaço também é importante nesse processo, por isso, além de contarem com uma completa infraestrutura com salas temáticas, os estudantes ampliam seus horizontes por meio da utilização dos espaços dentro da cidade para aplicação dos projetos educacionais. Ocupando os espaços externos, os alunos compreendem de forma prática sua responsabilidade ética e social. Os estudantes

ensino para a vida são acompanhados por professores especialistas por componentes curriculares, além de coordenação pedagógica específica. Com isso, todos se relacionam com novas pessoas dentro e fora da escola, ampliando sua integração com a sociedade em que vivem.

O Projeto Vida tem como base as estratégias de resolução de problemas, bem como o laboratório de experimentação onde há a investigação e a elaboração de hipóteses para diversas questões. As situações-problema identificadas pelos estudantes na observação da sociedade em que vivem são os pontos de partida dos projetos.

Os professores especialistas coordenam as ações pedagógicas para que os conteúdos trabalhados no período regular possam ser utilizados pelos estudantes a fim de identificar e desenvolver soluções.

Nosso Ateliê é o laboratório de experimentação dos alunos.

Nesse espaço, os estudantes podem identificar materiais, testar hipóteses e construir protótipos para simular a execução dos projetos. “Por exemplo, se os alunos quiserem elaborar uma casa ecológica, um skate ou uma prancha de surf, quais conhecimentos terão ali? Nesses objetos observam-se conhecimentos de física, matemática, biologia, química, linguagem, história. Então, realmente é um projeto que tem por objetivo principal trabalhar questões da sociedade para que a escola seja um ambiente real, onde o aluno possa mobilizar conhecimentos para a vida dele no cotidiano”, explica Rozicleide.

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