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4 por 4 Direção artística e coreografia de Deborah Colker Apresentações 5, 6 e 7 de março de 2010 No ano em que se torna a primeira mulher no mundo a dirigir um espetáculo do Cirque du Soleil, Ovo, a carioca Deborah Colker retorna com sua premiada companhia de dança para a apresentação da coreografia 4 por 4, obra para 17 bailarinos apresentada inicialmente em 2002. As três apresentações da Cia de Dança Deborah Colker acontecem na Sala Villa-Lobos de 5 a 7 de março, sexta-feira e sábado, às 21h, e domingo, às 20h. 4 por 4 é um encontro entre a dança e as artes plásticas. Obras de artistas brasileiros de épocas e focos diferentes se transformam em dança graças à curadoria de Deborah Colker. "Cantos" (baseado em Cildo Meireles), "Mesa" (grupo Chelpa Ferro), "Povinho" (Victor Arruda) e "Vasos" (Gringo Cardia). Gringo Cardia é o diretor de arte de todo o espetáculo e faz parte daquela que, muito mais do que uma ficha técnica, é a família artística de Deborah: Jorginho de Carvalho (iluminação), Yamê Reis (figurinos), Berna Ceppas e Alexandre Kassin (direção musical), Flavio Colker (fotografias e co-direção do espetáculo) e João Elias (produção), entre outros.
4 por 4 Da arquitetura para as artes plásticas foi um pulo. Ou alguns pulos. Mas não necessariamente "atléticos", como às vezes são adjetivados os passos peculiares da Cia. de Dança Deborah Colker. Após "Casa", o espetáculo anterior a "4 por 4", a coreógrafa, além de passar do universo dos arquitetos para o dos artistas plásticos, também apostou mais no estreito do que no amplo; mais no chão do que no ar. Interagindo com trabalhos de Cildo Meireles, Chelpa Ferro, Victor Arruda e Gringo Cardia. "4 por 4" não descende simplesmente de "Casa". Aliás, começou a ser imaginado quando "Casa" ainda se erguia, em 1998. "4 por 4" está ligado, em boa parte, às turnês internacionais que Deborah faz desde 1996, nas quais as visitas a
museus e galerias enchem a sua cabeça de imagens. E, como ela diz, o que é a dança senão imagem em movimento? Pode ser um movimento eruptivo, sem tanta preocupação com a técnica, como em "Vulcão" (1994). Pode ser literalmente atlético, relacionado com esportes, como em "Velox" (1995) e sua parede de alpinismo. Pode ser ao mesmo tempo vertical e circular, arriscado e lúdico, como na roda-gigante de "Rota" (1997). Pode, ainda, partir da arquitetura para explorar espaços inesperados, como em "Casa" (1999). E pode ser um pouco de tudo isso e mais: sensual e delicado. "Não existe identificação maior da dança com uma arte do que a que há com as artes plásticas. São formas de se falar através das imagens", aproxima Deborah. Foi ao se aproximar de um dos "Cantos" de Cildo Meireles, no último dia da retrospectiva do artista realizada em 2000 no MAM do Rio, que Deborah ficou certa de que em seu próximo espetáculo haveria "Cantos" (título do quadro inicial de "4 por 4"). Há seis em cena, com a estrutura desenvolvida por Cildo entre 1967 e 1969: três planos que se encontram. São peças imponentes e vigorosas, sendo que uma delas atenua tamanha força graças a uma fresta por onde passam braços e até corpos inteiros de bailarinos. Deborah pôs bailarinas de vestido longo e salto alto nesta coreografia em que movimentos sensuais delas convivem com marcas vigorosas deles, os bailarinos. "Eu vejo os 'Cantos' como uma forma forte e precisa: masculina." assinala a coreógrafa. Vê também como uma obra marcante que não precisa sofrer qualquer alteração para ser usada no palco. Cildo liberou a apropriação dos "Espaços virtuais: Cantos" (este é o nome completo da série) por Deborah, mas ela, depois de pensar em várias interferências, acabou optando pela forma original. Nada que diminua a surpresa do artista pelo novo uso que sua obra está tendo. "Para mim, os 'Cantos' são quase datados, porque foram experiências formais importantes no final da década de 60, uma passagem do meu trabalho gráfico para aquele fora do plano que eu desenvolvi nos anos posteriores, mas eu não mexi mais neles. É completamente novo vê-los interagindo com uma coreografia diante de um público de teatro, não o de uma exposição, que pode ter um contato quase individual com eles", diz Cildo. O segundo quadro, "Mesa", tem na origem uma admiração de geração, já que Deborah acompanha há muito tempo os quatro integrantes do Chelpa Ferro: os artistas plásticos Luiz Zerbini e Barrão, o editor de imagens Sergio Mekler e o produtor musical Chico Neves. Em ação desde 1995, o grupo une artes, música, performance... Ainda não tinha trocado figurinhas com a dança, mas o convite veio a calhar. "Essa fusão de referências que há no espetáculo tem tudo a ver conosco. Procuramos criar um objeto para que a Deborah e a companhia pudessem se divertir bastante", diz Zerbini. Até chegarem à mesa de dentro da qual sai a música da própria coreografia, houve muita conversa com Deborah e experimentação. "Eles fizeram um objeto que é a cara do Chelpa, mas nascido do trabalho da companhia. E eles, de uma geração nova, trazem para esse trabalho informações sobre coisas que estão acontecendo agora no mundo", explica a coreógrafa. Já o quadro feito a partir do trabalho de Victor Arruda é realmente um quadro. Ou melhor, um painel enorme de 12m x 14m ocupa o chão e é sobre ele que os 17 bailarinos da companhia dançam, ao som de "Someday my prince will come" (de "Branca de Neve", da Disney), uma coreografia erótica, mas que também é infantil. "É o sexo sem o menor pudor, ocupando todos os buracos, quase escatológico, mas com muito humor. É como se um adulto observasse como as crianças vêem o mundo. E as crianças têm sempre a melhor visão das coisas", diz Deborah, que, para comprovar a simplicidade dos atos e tipos do quadro, batizou-o de "Povinho".
Em 2000, no Paço Imperial, Victor já tinha posto sua arte no chão em "Pintura para ser pisada", mas agora fez uma obra quase duas vezes maior. "A pintura feita para o espetáculo é uma composição figurativa que procura não ilustrar nada da coreografia, mas captar o espírito dela. Para mim, a coreografia fala das possibilidades e dificuldades do contato. Das pessoas umas com as outras e consigo mesmas", afirma Victor. Depois do intervalo, "4 por 4" recomeça com um quadro que não está baseado em nenhum artista plástico, mas que remete a dois gênios da pintura. Ao espanhol Velázquez só por causa do título, "As meninas", já que são bailarinas dançando na ponta dos pés acompanhadas por uma sonata em lá maior de Mozart. E ao francês Degas exatamente por causa desta cena clássica de meninas aprendendo a dançar. “É a música em movimento", diz ela, que não criou uma coreografia de dança clássica, longe disso: características da dança contemporânea dialogam o tempo todo com o clássico, gerando contrastes e complementaridade. Enquanto "As meninas" dançam, alguns vasos vão sendo colocados em cena. Quando se ouve o último acorde, já há 90 deles compondo o espaço da coreografia "Vasos". Um espaço de vielas estreitas, por onde bailarinos executam passos de extrema precisão e rigor. "É a dança no limite. Fomos nos inspirar um pouco no Oriente, na concentração e numa diferente atenção entre espaço e movimento", diz Deborah, ressaltando seus objetivos: "Com 'Vasos' busquei dançar como num labirinto, tentando resgatar uma delicadeza e uma precisão na relação do corpo do bailarino com seu espaço horizontal". Para Gringo Cardia, com "Vasos" a companhia busca uma nova forma de testar seus limites. Este trabalho de concentração testa os limites pelo outro lado, o da força interna", diz Gringo, cuja paixão pela cultura oriental desembocou na escolha dos vasos de cerâmica, cada um pintado de uma forma diferente da dos outros. "Eles passam uma idéia de delicadeza, de algo que não deve ser quebrado". Ao público cabe a tensão de acompanhar a movimentação rente aos vasos, que começam no chão e depois são suspensos, chegando a ficar na altura das cabeças dos bailarinos. Um mergulho no mundo das artes plásticas que não se restringe à relação com os quatro artistas convidados, mas que passa também pela admiração por (e a inspiração de) nomes como Francesco Clemente, Antônio Manuel, Ernesto Neto, Waltercio Caldas, Antonio Dias, Anna Bella Geiger, Tunga e Cafi. Ainda que explorando mais o chão do que o ar, mais o estreito do que o amplo, o objetivo de "4x4" é o que sempre busca a Cia. de Dança Deborah Colker desde sua criação. "Queremos nos conectar com o mundo contemporâneo. E, quanto mais conhecimento adquirimos, mais livre e simples o trabalho se torna. Assim, ele fica mais sincero, com menos chances de ser pretensioso e com mais chances de atingir muitas pessoas. Não quero um trabalho para poucos, mas para todos", diz Deborah.
Serviço: Local: Sala Villa-Lobos – Teatro Nacional Cláudio Santoro Datas: 05, 06 e 07 de março de 2010. Horários: sexta e sábado as 21h, domingo as 20h. Preços: R$ 100,00 inteira e R$ 50,00 meia entrada (para estudantes, pessoas com mais de 60 anos, professores, deficientes físicos, portadores do cartão Petrobras e BR distribuidora e Programa Sempre do Correio Braziliense). Lotação: 1.300 pessoas Duração: 80 minutos (incluso intervalo de 15 minutos) Classificação etária: Livre para todos os públicos. Como Comprar: Bilheteria do Teatro Nacional Informações: 3325 6256.
Site: http://www.ciadeborahcolker.com.br/ A CIA. DE DANÇA DEBORAH COLKER tem patrocínio exclusivo da Petrobras, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Ficha técnica: Criação, direção e coreografia - Deborah Colker Diretor executivo - João Elias Co-direção e fotografia - Flávio Colker Direção de arte e cenografia - Gringo Cardia Direção musical - Berna Ceppas Desenho de luz - Jorginho de Carvalho Figurinos – Yamê Reis Vídeo - Paulo Severo Assistente de coreografia - Jacqueline Motta Ensaiadora - Karina Mendes Diretor técnico e operador de luz - Eduardo Rangel Diretor de palco - Henrique de Sousa Cenotécnica – Pro-Longa Maquinista – Fabio Salustino Camareiro - José Alexandre Produção - Gledson Teixeira Assistente de produção – Xodó e Zeca Rodrigues A coreografia deste espetáculo foi criada com a colaboração dos bailarinos, Jacqueline Motta e Karina Mendes Bailarinos: Aline Machado, Alice Bento, Cíntia Pimentel, Carol Pagano, Cristiano Joaquim, Daiane Batista, Daniel Calvet, Danielle Rodrigues, Dielson Pessoa, Issac Araujo, Jaime Bernardes, José Antonio Ramos, Larissa Romanowsk, Olívia Secchin, Rico Ozon, Vitoria Oggian.
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