Revista Guzerá

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Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil - ACGB

A IMPORTÂNCIA DOS FENÓTIPOS NA ERA GENÔMICA E O GUZERÁ PROTAGONISMO DO VALE DO RIO DOCE NO GUZERÁ NACIONAL BAHIA E SERGIPE EM TRABALHO CONSTANTE A RAÇA GUZERÁ FORTALECE A PARTICIPAÇÃO EM AVALIAÇÕES DE ANIMAIS A PASTO

SELEÇÃO PARA MAIS LUCRO NO GUZERÁ, PARA PRODUÇÃO DE CARNE

GUZERÁ E GUZOLANDO, FERRAMENTAS IMPORTANTES PARA A PECUÁRIA LEITEIRA TROPICAL


GUZERÁ DA CAPITAL

Seleção funcional a pasto

A raça Guzerá tem novo touro líder no Sumário de Corte do PMGZ 2019/1. Depois de cerca de uma década o novo líder é Caduceu da Capital, com iABCZ de +27,09 e já com grande produção avaliada.

Caduceu da Capital VENDA PERMANENTE: • Matrizes • Touros • Sêmen • Embriões (61) 98117.0220 / (61) 98233.5335 www.guzeradacapital.com.br

iABCZ 27,09 - DECA 1

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A palavra do Presidente A pecuária moderna está alicerçada em números e a raça Guzerá tem tido grande sucesso em apresentado-los, seja para carne, seja para leite. Vários trabalhos estão sendo conduzidos por diversos criadores, em parceria com as mais variadas entidades do Brasil e do mundo, o que têm nos auxiliado na condução da raça Guzerá para o norte da produtividade e da eficiência. Quando falamos em carne, o Guzerá nos traz eficiência com alta conversão alimentar. Estão sendo identificadas linhagens que precisam consumir menos para produzir um quilo de carne. Quando o animal vai para o gancho, temos ótimos rendimentos de carcaça, em geral superando os 57% de rendimento. Quando falamos em leite, temos animais que na sua ampla maioria são A2A2, com altíssimos teores de sólidos totais e baixíssima quantidade de células somáticas. Isso é o produto que o mercado busca, adequado aos que são alérgicos à proteína do leite, com alto rendimento na produção de derivados e poucos problemas sanitários com as vacas. A tradução disso tudo, quando temos uma raça que gasta menos para produzir, é o LUCRO! A grande vitrine do setor rural são as exposições agropecuárias, nelas podemos trocar conhecimentos, buscar novas tecnologias, mostrar e comercializar nossos produtos. Os produtores têm levado seus animais para as feiras, desde pequenas mostras regionais, até as grandes exposições nacionais e, em 2018, tivemos além da nossa já tradicional Uberaba uma maravilhosa Nacional do Guzerá na bela cidade de Paracatu-MG. Estamos presentes em todos os cantos do Brasil, mostrando nossa raça e suas qualidades. Se nos últimos anos tivemos uma queda em animais expostos ou em registros, devemos lembrar que o Brasil atravessa uma grave crise econômica, sendo natural que haja alguma retração em períodos assim, mas, lhes asseguro que o mais importante está preservado. Os programas de melhoramento para carne e para leite estão mantidos, ou melhor, foram ampliados e assim que o nosso país retomar sua trajetória de crescimento, a raça Guzerá voltará não à sua trajetória de crescimento anterior, mas estará acima dela, pois graças aos programas de melhoramento, estamos produzindo animais cada vez melhores, mais eficientes, com uma raça de grande pureza e de forte prepotência genética, que muito ajudará o Brasil a atingir um novo patamar de produtividade na sua pecuária. Com essa revista, estamos praticamente chegando ao fim de nossa gestão. A alternância de poder é saudável, sendo uma das bases da democracia e já com dois mandatos à frente da ACGB é passada da hora de entregar o bastão e deixar novas cabeças, com outras ideias e, principalmente, com muito gás, conduzirem a nossa Associação. Desde já, pedimos desculpas se erramos, mas temos a tranquilidade que nossas decisões sempre buscaram colocar o coletivo acima dos interesses individuais, visando sempre o crescimento da raça Guzerá. Deixo aqui o meu muito obrigado aos nossos colaboradores, em especial a Carla Martins que nos acompanhou por todo esse período, aos nossos diretores que nunca estiveram atrás de um presidente, mas ao lado, ajudando na condução da nossa Associação, e aos nossos associados que acreditaram no trabalho e tanto nos apoiaram. Aos que criam Guzerá ou Guzolando e não são associados, fica o convite venham para a ACGB, pois unidos podemos ir mais longe. Forte Abraço e muito obrigado!

ADRIANO VARELA GALVÃO Presidente


REVISTA O GUZERÁ

Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil - ACGB Colaboradores Vânia Penna, Pesquisadora e professora Universidade Federal Minas Gerais Lenira El Faro Zadra, Pesquisadora do Instituto de Zootecnia, Sertãozinho, SP Maria Gabriela C. Diniz Peixoto, Pesquisadora na Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Frank AngeloTomitaBruneli, Pesquisador na Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Rodrigo Junqueira Pereira,Professor Adjunto na Universidade Federal de Rondonópolis,MT. Mário Luiz Santana Jr., Professor Adjunto na Universidade Federal de Rondonópolis, MT. Luis Tude Saback de Almeida, professor Luciano Bonfim , Daniel de Paula, Eros Gazzinelli, Paulo Rêgo, Wemerson Coura, Marcelo Teixeira, Nativa Propaganda Desing Editorial - Thiago Ferreira Arte final - Click Rural, Yuri Silveira Fonseca, Marcha News, Nativa Propaganda, Celso Comunicação Visual e Cássio Gonçalves de Almeida. Fotografias - Marcelo Cordeiro, Marcus Dias, Jadir Bison, Douglas Nascimento, José Maria, Fábio Fatori e arquivo pessoal dos criadores. Foto de capa - Zzn Peres. Publicação :

ADRIANO VARELA GALVÃO Presidente LUIZ GUILHERME SOARES RODRIGUES 1º Vice-Presidente PAULO ROBERTO MENICUCCI 2º Vice-Presidente ANTÔNIO GOMES PERIANES NETO 3º Vice-Presidente ANTÔNIO PITANGUI DE SALVO Diretor Tesoureiro ANA CLAUDIA MENDES SOUZA Diretora de Marketing CAMILLO COLLIER NETO Efetivo VIVALDO AFONSO REGO Suplente JOSAPHAT PARANHOS AZEVEDO Conaelho Fiscal LINCOLN DIAS JANOTA Conaelho Fiscal MARCUS JACINTO E. SANTO DE BRITO Suplente GERALDO MELO FILHO Diretor Técnico MARCELO GARCIA LACK Diretor para Guzolando

Click Rural Rua Padre Nóbrega - 423 Belo Horizonte - Minas Brasil CEP - 30730 -230 Tel.: (031) 3413 29 38 - 999 46 96 97 O Guzerá é uma publicação única e independente. As matérias, artigos, conteúdos e mídias nela publicadas não representam necessariamente a opinião dos seus editores, sendo de inteira responsabilidade dos seus autores e anunciantes.

PAULO EMÍLIO DE ALMEIDA CARNEIRO (EM MEMÓRIA)

ACGB - Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil Praça Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 - Bloco 1 Tel: (34) 3336-1995 Email: sede@guzera.org.br www.guzera.org.br


NOTÍCIA

Celebração nacional das raças Guzerá e Guzolando em Paracatu/MG Fotos/Marcelo Cordeiro

CARLA MARTINS E ALISSON SAMPAIO A 13ª Exposição Nacional do Guzerá e Guzolando, aconteceu em clima de grande confraternização e êxitos alcançados. Julgamentos, concursos leiteiros e Leilão contaram com mais de 250 animais e criadores das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Reforçando a presença do Guzerá em todo país. JULGAMENTOS O Presidente da ABCZ - Arnaldo Manuel Machado Borges, conduziu os julgamentos da pista tradicional que foi muito disputada e apresentou o melhor nível de animais de todo o Brasil, onde criadores, apresentadores e técnicos puderam balizar o nível do gado e nortear os trabalhos de seleção de cada um, para as futuras tomadas de decisões nos rebanhos! Na ocasião ele relembrou o primeiro julgamento zebuíno naquela mesma pista, na inauguração do Parque de Exposições de Paracatu MG em 1987. Também foi realizado o julgamento da aptdão leiteira. A seleção dos animais ficaram a cargo da Jurada e Zootecnista da ACGB Carla Martins, que, explanou sobre a qualidade da produção leiteira e do duplo propósito comprovado que só Zebu Guzerá consegue ter. “Foi importante mostrar em uma região de pecuária onde o leite e a carne são valorizados como a Raça pode trazer mais ganhos ao produtor através da dupla aptidão e do Guzolando!” destacou a Dra. Carla durante seus comentários. LEILÃO DA NACIONAL A 13ª Exposição Nacional consagrou o bom momento comercial da raça Guzerá e do Guzolando


NOTÍCIA Fotos/Marcelo Cordeiro

como alternativa à pecuária sustentável produtora de carne e leite. O Leilão Oficial do evento comercializou machos e fêmeas Guzerá P.O. e fêmeas Guzolando de alto padrão para vários estados brasileiros, destacando como maior comprador o estado de Rondônia que a cada dia mais investe e comprova que as ferramentas genéticas do Guzerá são as ideais para o sistema cruzamentos seja no corte ou no leite. CONCURSO LEITEIRO Muito organizado, com todas as normas de bem


Carla Martins e o presidente da ABCZ Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges

ELÔ LBN - LBN 1244

Os Grandes Campões da XIII Exposição Nacional da raça Guzerá ÉPOCA 4 MENINOS -AVPG 308

QUARTEL ICIL 867

Fotos/Arquivos do Criadores

BALIFAX PEIXE BRANCO DTO 70

estar animal e sanitárias sendo respeitadas, as vacas foram tratadas com muito zelo e carinho pelos ordenhadores. Mostrou a grande evolução do melhoramento genético e de manejo ao longo de muitos anos de seleção. Para brindar o êxito da Nacional, foi estabelecido o novo recorde de produção da raça Guzerá em concursos leiteiros oficiais. A vaca Época 4 Meninos da expositora Ana Vera Marquez Palmério Cunha de Uberaba-MG, produziu 59,330 kg de leite/média/ dia e é a nova detentora do recorde a ser batido. O concurso leiteiro da 13ª Exposição Nacional contou com a participação de animais Guzerá P.O. e Guzolando F1 que teve como vencedora a Novilha Bala 4 meninos com produção média de 54,2 Kg de leite/dia. Nacional do Guzerá: SUCESSO! Alysson Sampaio, coordenador técnico da Exposição de Paracatu/MG e um dos responsáveis pela realização da Nacional afirmou que foi uma grande experiência e satisfação sediar a Nacional da Raça Guzerá! “A medida do nosso alcance, tentamos abraçar a cada um e tornar Paracatu dos visitantes, para que se sentissem à vontade em um ambiente não de disputas acirradas por prêmios e vitórias, mas de celebração da RAÇA GUZERÁ, de discussão dos os


NOTÍCIA

Momentos da ExposiçãoNacional do Guzerá - Paracatu/MG

Festa dos guzeratista na XIII Exposição Nacional do Guzerá - Paracatu/MG

pontos de evolução e também proporcionar acesso aos pecuaristas da base produtiva, genética moderna, funcional e lucrativa. Desde a chegada da turma de apresentadores e responsáveis pelo gado a exposição foi tomando um clima de alegria e cooperação mutua, com muito respeito ao trabalho de cada um que ali estava. E esse sentimento só evoluiu, houve quebra de recorde, grande de animais presença maciça de importantes criadores e bons negócios. Temos a agradecer, e muito... obrigado de coração! Em nome do Grupo Guzerá Paracatu, da Coopervap, da nossa cidade e da Expo Paracatu!” Ficou clara a consistência genética de todos os animais que participaram da exposição. Além de ser o momento de confraternização dos criadores, a Nacional é também um importante palco para se apresentar o trabalho desenvolvido nas fazendas. O Guzerá é uma raça com extensa opção de mercado, seja ele de genética, cruzamento para corte, guzonel, produção de bezerros, tourinhos, matrizes e o Guzolando, dando alta liquidez aos produtos. Essa raça foi consolidada por pessoas que sempre acreditaram no seu potencial e nunca desistiram de fazê-la crescer. O Guzerá é grande! O Guzerá é forte, eficiente, produtivo, rústico, funcional, pesado, precoce, bom de leite, bom de carne. A ACGB agradece de maneira especial à COOPERVAP – Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu, a Prefeitura de Paracatu, ao Grupo Guzerá Paracatu e a todos que estiveram presentes na nacional abrilhantando nosso evento e mostrando a força dessa raça.


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NOTÍCIA

O protagonistmo do Guzerá do Vale do Rio Doce no cenário nacional Fotos/Arquivos do Criadores

MARCELO TEIXEIRA O Guzerá se consolida mundialmente, cada vez mais, como a Raça ideal para a produção de Carne e Leite nos Trópicos pela sua capacidade de adaptação, rusticidade e desempenho superior duplamente comprovado. No Vale do Rio Doce, mais precisamente na região que se estende desde o Leste de Minas até o noroeste do Espírito Santo, a história nunca foi diferente. Nessas terras quentes e com chuvas concentradas em poucos meses do ano, as adversidades que foram obstáculo para outras raças, não foram o bastante para atrapalhar a adaptação e crescimento do Guzerá. A raça ali se estabeleceu, aumentando sua influência no rebanho comercial regional, de Corte e de Leite, trazendo, assim, grandes avanços ao setor agropecuário local e desenvolvimento econômico das cidades dessa região. Importantes criatórios no cenário Nacional como o Guzerá NF, Guzerá Peixe Branco e Guzerá JF, cujos trabalhos de seleção começaram nessas terras quentes do Vale do Rio Doce e adjacências, já na década de 60, iniciaram suas participações em Feiras e Exposições da região demonstrando as qualidades do Guzerá, com maior destaque para as participações na Exposição Agropecuária de Governador Valadares, a ExpoAgroGV, que viria a se tornar, a partir de 1968, o palco maior do Guzerá naquela região. E foi utilizando-se dessa vitrine, que as qualidades e a versatilidade da Raça se difundiram para outras regiões mais próximas, como os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha. A primeira Exposição Agropecuária de Governador Valadares foi realizada em 1968, ainda fora do atual Parque de Exposições da União Ruralista Rio Doce, que ainda não existia, e teve como seu Primeiro Grande Campeão da Raça Guzerá, o touro Eucalipto da Barra, de propriedade de Neném Matias, o precursor do Guzerá Peixe Branco. Sangrento da Barra, outro touro “Peixe Branco” foi destaque no início da década de 70, e contribuiu para atrair os holofotes dos frequentadores da ExpoAgroGV e de produtores da região para o Guzerá, vindo a se tornar inclusive, o Grande Campeão da Raça Guzerá, na Exposição Estadual de Gado de Corte, realizada em Governador Valadares no ano de 1974. E o Guzerá continuou crescendo e cada vez mais se firmando nesse solo, sempre sustentado pelos ganhos proporcionados em cruzamentos e pelas qualidades que se sobrepunham às demais raças, ao desfilar pelas pistas da Exposição Agropecuária de Go-

Nenê Matias com Eucalipto da Barra do Peixe Branco

Sangrento da Barra do Peixe Branco


vernador Valadares. Nessa época, era comum encontrarmos na ExpoAgroGV, o Guzerá de Leôncio de Andrade, do Dr. Teóflio de Almeida, além do Guzerá Peixe Branco e o Guzerá NF, com os raçadores Zorro Duque SL e Quero-Quero NF. No início da década de 90, um novo desafio. Após árduo trabalho de divulgação e visitas a grandes criatórios e Exposições, uma comitiva de Valadares, composta pelo Sr. José Transfiguração Figueiredo, Clodoaldo Teixeira, Diomário Teixeira e Willian Dutra, conseguiu trazer para Governador Valadares a VII Expo-

O presidente da ABCZ, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, entregando premiação em Governador Valadares

Nação Taboquinha

Criadores de Governador Valadares e região


NOTÍCIA

Lotação máxima em todas as edições do Leilão Duplo Provado

Dica da Sula

sição Nacional da Raça Guzerá, no ano de 1992, que foi sucesso absoluto e contou com a participação assídua de criadores dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás e Distrito Federal. Nessa Nacional, os grandes destaques foram Barbante JF, de propriedade do Guzerá JF, que sagrou-se Grande Campeão da Raça, e a vaca Galiléia, de propriedade da Fazenda Taboquinha, a Grande Campeã Nacional da Raça e Campeã do Torneio Leiteiro da Raça Guzerá, feito até hoje inédito. O sucesso alcançado na Nacional de 1992, principalmente para o Guzerá de Aptidão Leiteira, contribuiu para alavancar os Programas de Melhoramento Genético voltados para o Leite implementados pela ACGB, através do CBMG, recém criado pelo presidente Sr Bernnhard Winkler, em parceria com a EMBRAPA e UFMG. Já em 1994, são criados o Teste de Progênie para características leiteiras e o Núcleo MOET, contando com contribuição dentre outros, do Guzerá JF e Fazenda Taboquinha, essa inclusive a propriedade hospedeira para a realização das aferições dos indivíduos contemporâneos em um mesmo ambiente. Ao longo da década de 90, colhendo-se frutos pós realização

da Nacional, a região Leste de Minas, ganha dois novos criatórios que viriam para fazer história na Raça, o Guzerá Tibuna e Guzerá Sula. Em 2003, já com os resultados satisfatórios dos Programas de Melhoramento Genético e sob a promoção do Guzerá JF, Fazenda Taboquinha e Guzerá do Rosário, é realizado o I Leilão Guzerá Duplo Provado, pregão esse que nos anos posteriores ficou a cargo de Guzerá JF e Fazenda Taboquinha e se notabilizou pelo sucesso de liquidez e de preços, ao longo dos 10 anos de sua realização. Em edições diferentes desse remate, que se tornara uma atração a parte na programação da ExpoAgroGV, animais de grande destaque na Raça Guzerá foram comercializados, como Hábil TE Taboquinha, Nação Taboquinha, Princesa NF, Bárbara JF, dentre outros. Entre 2010 e 2012, foi o Guzerá Sula quem promoveu o seu Leilão Guzerá Elite também com grandes negócios. A região de Governador Valadares se tornara desde essa época, uma das protagonistas do Guzerá no cenário Nacional, principalmente no que se refere ao Guzerá de Aptidão Leiteira. Além de toda movimentação comercial, da participação e contribuição nos Programas de Melhoramento Genético, os rebanhos regionais passaram a superar todos os limites de produção leiteira, até então existentes, batendo sucessivamente os Recordes Mundiais de Lactação e de produção média de Leite em Torneios. Dentre as Recordistas Mundiais, destacamos Nuvem JF, Bonança JF, Estrela JF, Malta JF, Nação Taboquinha, Nagóia Taboquinha, Dica Ilha Funda, Loteria Ilha Funda, Uruguaiana FIV JF, Grana FIV NF, Gabiroba FIV NF, Uta JF, Bárbara JF e Babi JF... No quesito Peso, também houve superação com o gigante Gráfico FIV NF, o novo Recordista Mundial de Peso. Nas pistas de julgamentos, resultados muito satisfatórios, inclusive o título máximo de atual Grande Campeão Nacional da Raça Guzerá – Aptidão Leiteira conquistado Balifax FIV Peixe Branco, em Paracatu/2018. Nessa mesma Nacional, Ousada FIV NF, sagrou-se Campeã Nacional Fêmea Jovem. Toda essa ascensão do Guzerá, especialmente de Aptidão Leiteira, desperta paralelamente e de forma crescente na região, o interesse pelo Guzolando - cruzamento da raça Guzerá com o Holandês, devido ao seus ganhos em rusticidade, precocidade sexual e capacidade de produção leiteira a baixos custos. Dessa forma, o Vale do Rio Doce alcançava também, o protagonismo do Guzolando, no cenário Nacional. Importantes Leilões de Guzolando tradicionalmente realizados no Parque de Exposições Governador Valadares, como o pregão promovido pela Fazenda Taboquinha, já em sua 26ª edição e o Leilão do Guzerá Sula em sua 4ª edição, já tem seus clientes assíduos e atrai a cada ano novos investidores, com sucesso de liquidez e de preços! Recordes de produção média de Leite em torneios, também tem contribuído para a ascensão e consolidação do Guzolando. Recentemente, o Guzerá Sula, alcançou com sua Guzolanda - ½ sangue Haja Sula, o recorde Mundial de produção média em torneio leiteiro, ao extrapolar os 73 kg de Leite, aproximando-se de marcas de outros cruzamentos já trabalhados há tempos para a maximização de produção. Bandeira Sula, outra Guzolanda -


Foto/Marcelo Cordeiro

Pavilhões repletos de animais expostos

Foto/Marcelo Cordeiro

½ sangue e Camomila Sula Guzolanda - ¾ Holandesa foram outras vacas, que bateram recordes Mundiais. Com todos esses feitos alcançados, tanto na Raça Guzerá, quanto no Guzolando, os criadores da cidade de Governador Valadares se uniram, agregando junto a si, também criadores de outras regiões, desde os Vales do Jequitinhonha e Mucuri até o noroeste do Espírito Santo, para fundarem o Núcleo de Criadores de Guzerá do Leste, com sede própria situada no Parque de Exposições de Governador Valadares. Sua finalidade é agregar novos criadores, promover eventos, fomentar e difundir as qualidades do Guzerá como Raça pura e do Guzolando, como o cruzamento ideal para produzir Leite nos Trópicos. Hoje, o Núcleo dos Criadores de Guzerá do Leste é um dos mais atuantes do Brasil e tem alcançado resultados satisfatórios, com a realização de Exposições e Leilões, que tem atraido inclusive, novos criadores que a cada ano se tornam novos expositores. O Leilão Marcas dos Vales – Edição Baby, promovido pelo Núcleo, em suas duas últimas edições, comercializou bezerras de linhagens regionais tradicionais, com grande liquidez, médias atrativas tanto para vendedores e compradores. E é com esse mesmo ímpeto, de união e dedicação, que o Núcleo dos Criadores de Guzerá do Leste, através de seus associados resolveu que estava na hora de trazer novamente para Governador Valadares, uma Exposição Nacional da Raça Guzerá. E compromissados em realizar um evento, que mais uma vez entrará para a História do Guzerá Nacional, a diretoria do Núcleo foi atendida na sua solicitação junto à Associação dos


NOTÍCIA Foto/Marcelo Cordeiro

Criadores de Guzerá do Brasil – ACGB, e desde já convida criadores e admiradores da Raça Guzerá a nos darem a honra de sua presença, em Julho de 2020, na 14ª Exposição Nacional da Raça Guzerá, que será realizada durante a 51ª Exposição Agropecuária de Governador Valadares, com uma programação repleta, de Julgamentos, Leilões Guzerá P.O e Guzolando, Dias de Campo e Coquetéis para os criadores e admiradores da Raça Guzerá, a raça que mais cresce no Mundo. AGRADECIMENTO ESPECIAL AOS GRANDES SELECIONDORES DE GUZERÁ E GUZOLANDO SÓCIOS DO NÚCLEO DOS CRIADORES DO GUZERÁ DO LESTE QUE TRABALHAM DE SOL A SOL PARA O ENORME CRESCIMENTO DO GUZERÁ NA REGIÃO A tradicional confratenização com os tratadores

Casa do Guzerá em Governador Valadares

Agostinha N. Aguiar – Guzerá Sula Amaro Vaz – Guzerá AV Clodoaldo S. Teixeira – Guzerá Peixe Branco Carlos Fernando Fontinelle – Guzerá NF Charles de Paula – Guzerá do Rank Diomário S. Teixeira – Guzerá Peixe Branco Elysio C. Ferreira – Guzerá Turmalina Euler Fernandes Jr – Guzerá Pedra Negra Fernando F. Carvalho – Guzerá Duas Meninas Frederico C. Teixeira – NIQ Guzerá Leolino Pimenta – Guzerá do Leolino Mário de Paula Dias – Guzerá MPD Marcos M. de Melo – Fazenda Taboquinha Marcus Figueiredo – Guzerá JF Marcelo C. Teixeira – Guzerá PeixeBoi Ney Lelis – Guzerá Vivenda das Gêmeas Paola M. Gazinelli – Guzerá Tibuna Paulo Miranda Jr – Guzerá Estrela do Vale Rodrigo A. Loredo – Guzerá R Agradecemos aos colaboradores Emerson Soares, Marcelo Militao , Ricardo do Rosário e Dr. Hércules do Rosário (em Memória)

Bárbara TE JF

Momento de apresentação de 20 vacas na Exposição de Governador Valadares, onde a presença da produção leiteira é marcante


14ª Exposição Nacional da -

Raça Guzerá Governador Valadares - MG 04 a 12 de julho - 2020

Organização: Associação dos Criadores de Guzerá do Leste Mineiro. Fernando Carvalho (33) 99989-3480 / Marcelo Teixeira (33) 99946-8686/ Denner Minas Leilões (33) 98844-9738 / Amaro Vaz (33) 99987-2516.








NOTÍCIA

A raça Guzerá fortalece a participação em avaliações de animais a pasto A Associação Guzerá do Cerrados participa efetivamente do Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ) da Embrapa CLAUDIO ULHOA MAGNABOSCO MARCOS FERNANDO COSTA PESQUISADORES DA EMBRAPA CERRADO

A Embrapa (Arroz e Feijão/Cerrados) em parceria com a Associação Goiana de Criadores de Zebu (AGCZ) realiza anualmente, no Núcleo da Embrapa Regional da Embrapa Cerrados em Goiás, o Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ) a pasto oriundos de integração lavoura e pecuária (PILP). Este teste é um dos mais tradicionais no Brasil, onde são avaliados touros jovens das raças zebuínas, e vem contando com a presença cada vez mais forte de animais da raça Guzerá. Segundo Marcos Fernando Costa, Pesquisador da Embrapa, responsável pelos TDTJs da raça Guzerá, TDTJ, esses sistemas de avaliação permitem a identificação de reprodutores jovens da raça Guzerá que possuam mérito genético superior para características de crescimento, de fertilidade, de produção de carne e de acabamento de carcaça. Os TDTJs servem como instrumento de seleção entre os rebanhos através do processo de avaliação posterior à fase de desmama. Também auxiliam nas avaliações e teste de progênie de reprodutores, principalmente daqueles que não dispõe de informações anteriores em testes de desempenho individual. Ainda, possibilitam as avaliações de mudanças genéticas ocorridas nos rebanhos envolvidos nas características selecionadas através da coleta consistente de informações zootécnicas.

O teste consiste em submeter os animais da raça Guzerá, desde a chegada, a um mesmo manejo e regime alimentar, com o intuito de controlar as condições de meio ambiente para formar um grupo contemporâneo, permitindo, assim, uma correta avaliação de desempenho das características de ganho em peso, peso final, tipo, perímetro escrotal, avaliação ultrassonográfica de área de olho de lombo e gordura subcutânea apresentadas no resultado final do teste. Os animais da Guzerá do Cerrados (Fazenda PILP), participantes do TDTJ, apresentaram uma evolução de peso e um GMD bastante relevantes, assim como, a evolução genética, representada nos 2 gráficos acima. É necessário que o criatório de origem participe de algum programa de melhoramento genético reconhecido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, conforme lembra o Coordenador do Núcleo da Embrapa Cerrados, Pesquisador, Claudio Magnabosco. Essa estratégia serve para que os resultados além da identificação do mérito individual, também contribuam para a melhoria da raça, auxiliando nas avaliações e testes de progênies de reprodutores, principalmente daqueles que não dispõem de informações anteriores em testes de desempenho individual.


Guzerá, essa raça dá lucro! GUZERÁ GUAPEVA IPAMERI GO Aureliano Aguiar Mesquita (61) 98321 6144

GUZERÁ SOLEDADE NOVO GAMA - GO Leonardo Zanotelli dos Santos (61) 98470 7501

GUZERÁ SAMA ITUMBIARA GO Marco Antônio Soares (62) 98146 2421

GUZERÁ GL - TRINDADE GO Luciano Marques do Bomfim Geisa Magalhães Machado Bomfim (62) 99979 4489

GUZERÁ IR ORIZONA GO Ivan Sérgio Vaz Porto (62) 99977 1905

GUZERÁ HM LUZIÂNIA GO Hélio de Araújo Mello (61) 99966 4949

GUZERÁ DO CANELÁRIO VARJÃO GO Eduardo Alves de Paula (62) 99923 1451

GUZERÁ G 1 CEZARINA GO Geraldo Cézar Franco (64) 3543 9189

GUZERÁ DAFALES CATALÃO GO Daniel Faria Lemes (61)99637 9149

GUZERÁ ICH MORRINHOS GO José Renato Chiari (64) 99294 6141

GUZERÁ MAKADY MARABÁ PA Mateus Ferraz Souza + 1 952457 3364

JR GUZERÁ DA ABAETÉ VILA PROPÍCIO GO José Renato Lopes (61) 99981 5017


NOTÍCIA

Guzerá e Holandês aumentam a produção de leite no Centro Oeste LUCIANO BOMFIM Para a formação do Guzolanda fomos buscar o porte e a rusticidade comprovada e impressa do Guzerá,espécime conhecida e reconhecida documentalmente há mais de 5.000 anos. O Guzerá vem sendo criado e selecionado desde os primórdios da sociedade humana como animal de tração e produtor de carne e leite,em climas adversos e com pastagens de qualidade inferior. Por outro lado,para complementar a produtividade leiteira, usou-se a Raça Holandesa, também uma espécie com milenar cultura,oriunda de clima europeu. E conseguimos com esse cruzamento um animal forte,robusto,rústico,com grande habilidade leiteira e vocação materna.E que se adaptou,e bem,ao clima e pastagens do Cerrado brasileiro. VANTAGENS: A F1 Guzerá/Holandês são animais precoces, férteis e longevos. São animais rústicos, garantindo menores custos de produção relacionados à sanidade e à alimentação. São animais precoces e com grande longevidade,algo que acarreta forte impacto econômico. Quanto maior for a vida de uma vaca, mais bezerros e lactações ela produzirá,reduzindo a taxa de reposição do rebanho. As fêmeas Guzolando produzem,seguramente,por mais de 10 anos,com aumento de produtividade desde a primeira lactação.Em regime de pasto e com pouca complementação,a produção de leite,em média,atinge mais de 10 quilos/dia.Em confinamento,esse volume pode ultrapassar os 40 quilos. E é sempre bom salientar que os machos provenientes desse cruzamento tem excelente comercialização,garantindo um ótimo retorno financeiro para o produtor.São animais de maior porte,capacidade de ganho de peso e qualidade de carcaça.São bem valorizados no mercado. E um lembrete ao produtor:se você já é criador da Raça Guzerá a utilização de sémen de um bom Touro Holandês é certamente um caminho com poucas chances de erro.Mas , se você já trabalha com raças bem apuradas e selecionadas para a produção leiteira,Holandesa ou Girolanda,faça uma experiência,não tenha medo de utili-

zar um bom touro Guzerá.Poderemos até ter uma diminuição no volume produzido,mas com certeza,um leite mais barato,com diminuição de custos com medicamentos e ração. E bezerros machos com bom valor comercial. E fica aqui um lembrete aos criadores da Raça Guzerá,não podemos nos esquecer de estar sempre repondo o plantel de fêmeas .Precisamos estar sempre produzindo,e bem,boas fêmeas Guzerá.Não podemos esquecer de ter sempre boas “formas”. Na Fazenda Paineiras,Guzerá GL, os criadores Luciano e Geisa Bomfim contam hoje com cerca de 300 matrizes Guzerá para produção do Guzolando. As fêmeas são submetidas à 2 programas de IATF, e após cobertas por monta natural com touros Guzerá.Isso ajuda na reposição de matrizes, diz Luciano Bomfim. Fotos/Marcelo Cordeiro

Belos úberes do guzolando


Fotos/Zzn Peres


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Minas Gerais e Rio de Janeiro investem na criação da raça Novas plantas frigoríficas em Muriaé - MG, Miracema - RJ e Itaperuna- RJ, foram instaladas na região fazendo com que o interesse pela produção de animais de corte crescesse, onde pecuária leiteira é consolidada. O guzerá agradece! WEMERSON COURA A região da zona da Mata Mineira, juntamente com o Norte fluminense, possui pecuárias de leite e de corte muito fortes. A bacia leiteira desta região ainda contribui bastante para que Minas seja o maior produtor de leite do Brasil. Novas plantas frigoríficas, como Muriaé - MG, Miracema - RJ e Itaperuna- RJ, foram instaladas na região fazendo com que o interesse pela produção de animais de corte crescesse. Há décadas o gado Guzerá vem sendo introduzido

Aconchegante casa do Guzerá na exposição de Muriaé.


nestas bandas por alguns apaixonados pela produtividade e adaptabilidade da raça à região. Já são 13 anos de criação do Guzerá de Boa Família em Muriaé. Com grandes investimentos e pressão de seleção o rebanho fornece animais das melhores linhagens leiteiras para diversas regiões do Brasil. Várias marcas e recordes foram conquistados como o Recorde Mundial de torneio conquistado pela vaca Varaja CAL que produziu 53,123 Kg/leite /media (2014), em parceria com o Guzerá do Guga, e o recorde mundial de maior lactação da raça com a vaca Vânia (2011) . O Guzerá do Guga também se encontra em Muriaé. Conduzido pelo médico veterinário Gustavo Faria o rebanho se dedica há 12 anos à seleção do Guzerá Leiteiro, tendo em suas matrizes a genética dos melhores planteis do país. Touros do plantel como Hermes FIV do Guga e Caim JF são participantes dos testes de progênie da raça

Varaja CAL recordista mundial

Guzerá o que mostra o investimento e a preocupação do plantel em oferecer genética provada a seus clientes. Há pelo menos 10 anos a raça Guzerá vem participando efetivamente da Expo Muriaé com torneio leiteiro, mostra e venda de produtos, fazendo do evento, um tradicional ponto de encontro dos grandes criadores da raça do Brasil. A Exposição acontece sempre durante a primeira semana de setembro. Aloísio Tomé, um grande produtor de leite, se dedica à seleção do Guzerá Hathor. São quase 20 anos criando Guzerá, desde quando produzia no estado do Espírito Santo.


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Apostando no Guzerá Leiteiro e no Guzolando seu plantel hoje se encontra em Carangola, MG. A Exposição Agropecuária de Carangola acontece sempre na última semana de julho. O Guzerá Sati, selecionado na Fazenda Serraria de Natividade – RJ, é de propriedade de Sávio Tinoco. Utilizando sempre animais superiores em seu trabalho de seleção Tinoco adquiriu 50% do touro provado Dom FIV Boa Família, garantindo assim, acesso a uma genética testada e provada pelos seus números - DEP de 257 Kg - 2018. Em Leopoldina, outra cidade da região da zona da mata mineira, a raça Guzerá é representada por Djanir Baquero do Guzerá Timoneiro selecionando também o Guzerá Leiteiro. A tradicional ExpoLeo (Exposição Agropecuária de Leopoldina), que está em sua 83ª edição, é a segunda mais antiga do estado de Minas Gerais, tendo presença garantida das raças Guzerá e Guzolando Timoneiro. O evento ocorrerá no período de 6 a 14 de julho. Torneio Leiteiro, mostra das raças Guzerá e Guzolando e uma feira de comercialização de Touros Guzerá PO já estão sendo programadas. Leilões de gado de corte comercial em Leopoldina têm registrado excelentes preços de Guzolando 1/4: R$220,00/@ para machos e R$220,00/@ para fêmeas. São diversos criatórios que tornam a região um importante polo criador da raça. Aguardamos sua visita!

Apresentação das vacas na Exposição de Muriaé



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A importância dos fenótipos na era da genômica e o Guzerá AUTORIA Lenira El Faro Zadra, Pesquisadora do Instituto de Zootecnia, Sertãozinho, SP. Maria Gabriela C. Diniz Peixoto, Pesquisadora na Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Frank AngeloTomitaBruneli, Pesquisador na Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Rodrigo Junqueira Pereira,Professor Adjunto na Universidade Federal de Rondonópolis,MT. Mário Luiz Santana Jr., Professor Adjunto na Universidade Federal de Rondonópolis, MT.

O acesso a informações dos genótipos dos animais tem trazido importante contribuição para o aumento das acurácias nas avaliações genéticas dos reprodutores em programas de melhoramento genético de bovinos. Em países cujos testes de progênie possuem bases sólidas e de longa data, assim como serviços rotineiros de controle leiteiro oficial em escala nacional, já se fala em usar apenas as informações genômicas para o teste de tourinhos jovens. Isso só é possível porque nestes países, o controle leiteiro oficial dos animais é amplo e irrestrito, ou seja, o desempenho de todos os animais do rebanho é aferido. Um dia destes, conversando com um colega que trabalhou para empresas de melhoramento genético no Canadá, me ficou claro de como eles valorizam os fenótipos naquele país. São palavras dele: “lá, o animal nasceu e alguém já está anotando alguma medida ou

aspecto dele!”.Com base nessa observação e no grande número de animais com informações que pesquisadores norte-americanos e europeus têm para realizar os seus estudos, vemos que ainda há um grande caminho a percorrer para desenvolver sistemas de controle de informações de nossos rebanhos zebus, de forma ampla e irrestrita. Necessitamos saber o que é importante estudar e avaliar (além da produção de leite e constituintes) em nossos sistemas de produção, com suas particularidades, e dentro de nossa realidade. Quem fará isso por nós no Brasil senão nós mesmos, criadores e pesquisadores, que as vivenciamos? Para potencializarmos o uso das informações genômicas nos modelos de avaliação genética é necessário termos os fenótipos dos animais, aferidos com precisão e regularidade e em grande número de indivíduos.As produções de leite e de seus constituintes são as medidas mais básicas e estas têm sido coletadas duranteo controle leiteiro oficial, pago pelos criadores.Enquanto o padrão mundial nas avaliações genéticas para estas características é o uso de informações provenientes de, ao menos, três lactações, em nossas raças zebus a proporção de animais com registros fenotípicos de características de duas ou três lactações chega a ser inferior a 10%. Assim, para potencializar o uso da genômica em nossas


avaliações, a ampliação do número de vacas e lactações aferidas é de suma importância. Ademais, considerando que os criadores já pagam a aferição de características produtivas e de conformação no controle leiteiro oficial, mês a mês, por que não incluirmos algo mais amplo?Aproveitando toda a logística realizada pelas associações durante o controle leiteiro, algumas características simples, de baixo custo e de muita utilidade científica poderiam ser aferidas para, posteriormente e eventualmente,seremusadas como novos critérios de seleção nos programas de melhoramento. Entre estas, a aferição pelos técnicos do escore de condição corporal da vaca (ECC) e o vigor e peso ao nascimento dos bezerros. O ECC é uma medida de fácil obtenção, que já vem sendo realizada nas raças taurinas no Brasil e no mundo há algum tempo. É muito influenciada pelo estágio da lactação e usada para avaliar o status nutricional da vaca leiteira, bem como suas reservas de gordura. Mudanças em ECC das vacas no início da lactação podem estar associadas com o balanço energético negativo (BEN), que ocorre para aqueles animais com altos níveis de produção, mas com déficit de ingestão de energia. O

BEN implica em prejuízos à produção e à fertilidade de vacas leiteiras, estando associado ainda com distúrbios metabólicos, como a cetose (Lee et al., 2016).Estudos conduzidos pelo Instituto de Zootecnia com primíparas de outra raça zebu em sistema de produção a pasto, verificaram que as correlações simples entre ECC e espessura de gordura subcutânea nos primeiros 100 dias de lactaçãoforam próximas a 75% (Paz et al.,2019, dados ainda não publicados), indicando que ECC é uma característica fortemente associada com as reservas de gordura corporal do animal. Talvez a raça Guzerá não apresente problemas graves de BEN no início da lactação, como observado emoutras raças leiteiras especializadas, mas pode ser importante acompanhar este aspecto visando evitar seu surgimento, que tantos prejuízos que este provocou em outras raças sob intensa seleção leiteira.Ademais, sendo a Guzerá considerada de dupla aptidão, o ECC que pode ser aferido de maneira simples, rápida e sem custo Foto/Marcelo Cordeiro


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adicional aos produtores, podendo trazer a eles importantes contribuiçõessobre aspectos fisiológicos das vacas em lactação. As raças zebus, em geral, não apresentam problemas de distocias ao parto, masseus reprodutores são frequentemente usados em cruzamentos com raças europeias e em rebanhos mestiços. Informações sobre o parto e sobre o peso ao nascimento das crias poderiam ser incorporadas ao sistema de controle de dados dos animais devido a sua relevância para uso em gado mestiço. O escore de vigor do bezerro ao nascimento é de grande importância para todas as raças, tanto leiteiras quanto para as de corte. Pesquisas têm constatado que os bezerros com baixo vigor não conseguem mamar voluntariamente (Lima et al., 2017) e apresentam risco de óbito cinco vezes maior do que animais com vigor adequado (Schmidek et al., 2013). O bezerro pode ser classificado quanto ao seu vigor ao nascimento como baixo, intermediário e adequado. O animal que apresenta baixo vigor fica prostrado após o nascimento, com pouquíssima movimentação e ausência da mamada; o vigor intermediário caracteriza os animais com tônus muscular intermediário, pouca motilidade e falha ou não na mamada; o vigor adequado compreende os animais com movimentação boa, tônus muscular adequado e presença de mamada (Paranhos da Costa et al., 2006). Algumas características da vaca e/ou de sua gestação podem estar associadas com o vigor do bezerro ao nascimento. Por exemplo, tamanho e diâmetro do teto da vaca podem estar associados com a dificuldade do bezerro de mamar, com seu vigor e, consequentemente, com a mortalidade do bezerro e encurtamento da duração da lactação da vaca zebu,que, como se sabe, muitas vezesprecisa do estímulo do bezerro na ordenha para produzir.O escore de condição corporal da vaca ao parto pode estar associado com o peso do bezerro ao nascimento e à desmama, além de estar associado aos cuidados maternos ao nascimento. Há ainda inúmeras informações que podem ser aferidas durante a lactação da vaca Guzerá, sem incidir em custos adicionais. Apesar da grande adaptabilidade das vacas zebuínas em relação às taurinas, que conhecidamente são pouco adaptadas às condições de clima e manejo nos trópicos, o alto potencial genético de tolerância ao estresse térmico das raças zebus pode ser lentamente perdido ao longo dos anos em decorrência da seleção para maior nível de


produção. Ademais, a diversidade de ambientes (manejo e clima) encontrada no território brasileiro pode proporcionar mudanças no desempenho e na classificação dos touros de um ambiente para outro. Essa alteração de classificação é também chamada de interação genótipo-ambiente. Informações climáticas coletadas no dia do controle poderiam nos fornecer importantes resultados relacionados à adaptabilidade dos zebuínos aos diferentes ambientes de produção. Alguns modelos de análise permitem que as informações climáticas específicas de determinado rebanho, em determinado controle leiteiro, sejam inseridas, como o intuito de avaliar os animais mais adequados para cada ambiente ou região. Em estudo recente Santana et al. (dados não publicados/artigo submetido) avaliaram dados de produção de leite de vacas da raça Guzerá durante a primeira lactação e observaram importante variação genética entre os animais para resposta ao estresse térmico. Essa variação poderia ser explorada para fins de seleção no sentido de se identificar animais que respondem geneticamente melhor a tal estresse. Portanto, uma avaliação genética que considere a interação genótipo ambiente para estresse térmico seria uma medida recomendada para preservar as excepcionais características de adaptação dos animais da raça Guzerá. O zebu em geral é considerado menos precoce que as raças européias melhoradas. Entretanto, existem vários trabalhos que indicam haver ampla variação genética neste aspecto, bem como iniciativas exitosas para identificação de animais e linhagens mais precoces. Com relação ao zebu leiteiro, existem também várias dúvidas a serem respondidas pela pesquisa. Por exemplo: novilhas que parem mais jovens poderão ter o seu desenvolvimento corporal prejudicado? O desenvolvimento de seu sistema mamário pode ser comprometido? Podem ter atraso em retornar a suas atividades reprodutivas após o primeiro parto? Qual a idade ideal ao parto e o peso ideal ao parto? Poderemos ter uma primípara zebu mais precoce sexualmente, sem prejudicar sua eficiência produtiva futura? Tais dúvidas poderão ser esclarecidas se tivermos oportunidade de mensurar tais características, nos diferentes sistemas de criação dos animais desde o seu nascimento. Outra característica que merece ter registros ampliados é o número de serviços por concepção, que está extremamente relacionado à eficiência reprodutiva e produtiva do

Fotos/Marcelo Cordeiro


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rebanho e que pode ser passível de seleção. Dentre os constituintes do leitejá aferidos, as análises para a contagem de células somáticas (característica indicadora da mastite subclínica), são essenciais para direcionar as pesquisas voltadas à incidência de mastite, bem como os modelos para as análises destas características nas avaliações genéticas, visando ao seu melhoramento. Para tanto, o envio de amostras de leite no dia do controle aos laboratórios de qualidade do leite merece se tornar rotineiro e ser ampliado. Outro aspecto a ser colocado aqui, diz respeito ao estabelecimento de bancos de DNA, que permitam a genotipagem regular dos animais com aferição em características de interesse (fenótipos) para os estudos e realização das avaliações genéticas que incluem dados genômicos. Há que se criar mecanismos para que esta iniciativa seja posta em prática. Em países que já liberam provas genômicas, existe um amplo banco de DNA e de genótipos para animais com fenótipos, que tem permitido avanços genéticos cada vez maiores. Essa matéria,é um pedido de reflexão. Poucas respostas verdadeiras à seleção serão obtidas, além de um progresso genético mais significativo, se nós não enfrentarmos os grandes desafios de autoconhecimento que se faz necessário.

CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, B.V.; LIGORI, V.A.; PEIXOTO, M.G.C.D. Desempenho reprodutivo de novilhas da raça Guzerá. In:XIII Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal, 17 a 18 de junho de 2019, Salvador-BA. LEE, S.H.; CHO, K.H; PARK, M; CHOI, T.G; KIM, S.D; HEE DO, C. Genetic Parameters of Milk β-HydroxybutyricAcid and Acetone and Their Genetic Association with Milk Production Traits of Holstein Cattle. AsianAustralas. J. Anim. Sci., v. 29, p.1530-1540. 2016. PEREIRA LIMA, S.P; PIRES, B.V.; PEREIRA LIMA, M.L.; FREITAS, L.A.; SILVA, G.V.; MENDONÇA, G.G.; PAZ, C.C.P.Avaliação dos pesos e de parâmetros sanguíneos de bezerros da raça Guzerá de acordo com vigor ao nascer e necessidade de assistência humana. In: XII Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal, 12 a 13 de junho de 2017, Ribeirão Preto, SP. PARANHOS DA COSTA, M.J.R.; SCHMIDEK, A.; TOLEDO, L.M. Boas práticas de manejo, bezerros ao nascimento. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2006. v.2. PAZ, A.C.A.R; DO BEM, R.D.; MIRANDA, C.O.; BARBOSA, G.H.V.; FERNANDES, A.R.; VERCESI FILHO, A.E.; EL FARO-ZADRA, L. Validação do Escore de Condição Corporal a partir de mensurações de Espessura de Gordura Subcutânea em Primíparas da Raça Gir. In: XIII Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal, 17 a 18 de junho de 2019, Salvador-BA. SANTANA JR, M. L., PEREIRA, R. J., BIGNARDI, A. B., VERCESI FILHO, A. E., MENENDEZ-BUXADERA, A., & EL FARO, L. Detrimental effect of selection for milk yield on genetic tolerance to heat stress in purebred Zebu cattle: genetic parameters and trends. Journal of Dairy Science, v. 98, n.12, p. 9035-9043. 2015. SCHMIDEK, A.; PARANHOS DA COSTA, M.J.R.; MERCADANTE, M.E.Z.; TOLEDO, L.M.; CYRILLO, J.N.S.G.; BRANCO, R.H. Genetic and non-genetic effects on calf vigor at birth and preweaning mortality in Nellore calves. Revista Brasileira de Zootecnia, v.42, p. 421-427, 2013.



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Bahia e Sergipe seguem em trabalho constante na raça Guzerá PAULO RÊGO Desde 1996 e com abrangência nos estados da Bahia e de Sergipe, o Núcleo de Criadores de Guzerá BASE congrega um expressivo grupo de selecionadores em busca do aprimorar e difundir as reconhecidas qualidades da raça. O trabalho de melhoramento genético é continuo. O objetivo principal é disponibilizar para o mercado material genético, puro ou cruzado, que atenda as necessidades da exploração pecuária em todos os seus segmentos de modo a contribuir para a sustentabilidade da atividade. Considerando as dimensões e a diversidade de ambientes da Bahia e Sergipe, há, entre os integrantes do Núcleo BASE, seleções com diferentes focos: dupla aptidão ou leite, buscando cada qual utilizar as ferramentas de melhoramento genético que existem no presente, tais como avaliações, uso de touros provados para as diversas características, dentre outras. Nesses estados, o uso de touros Guzerá em vacas Nelore já é uma realidade, onde o produto, o guzonel, propicia incremento de produtividade para o corte. Por sua vez, em rebanhos leiteiros, o uso do Guzerá proporciona um bom bezerro comercial e mantém a atividade com baixo custo de produção de leite a pasto. Outra novidade que vem ganhando fôlego e demanda é o Guzolando, já reconhecido como raça e como opção econômica para a produção de leite nos trópicos. Na opinião de Paulo Rêgo, veterinário, criador e atual presidente do Núcleo BASE, essa versatilidade abre portas para a raça Guzerá, assegurando uma demanda crescente pela raça. Assim, é que os diversos trabalhos de seleção se desenvolvem através de eventos conjuntos tais como exposições, feiras e leilões e, individualmente, como dias de campo onde se busca uma maior visibilidade para a raça. Como exemplos tradicionais as Exposições de Feira de Santana-BA e de Aracaju (SE), com tradicionais leilões e o Dia de Campo e Shopping Funcional Guzerá VAR em Itagimirim-BA. Há presença ainda em diversas

Fotos/Marcelo Dias

Foto/Marcelo Cordeiro


Fotos/Marcus Dias


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exposições por todos os dois estados como Vitória da Conquista, Mundo Novo, Irecê, Itabuna e Itapetinga. Em 2019, dois eventos estreantes já constam no calendário: o Dia de Campo da Fazenda Gravatá em Piritiba e 1º. Leilão Guzerá FazBem na exposição de Alagoinhas, ambos na Bahia. O trabalho, no entanto, não se limita a eventos. Trata-se de uma constante por parte de todos no convencimento e na oferta diários de animais para os fins últimos da pecuária: a produção de carne e leite em condições de economicidade para cada produtor, respeitando os diversos modelos de exploração que existem. Assim sendo, o Núcleo estimula a troca de informações e conhecimentos entre os seus participantes bem como a difusão desses através de seus canais de marketing, inclusive redes sociais, assegurando, desse modo, a posição sólida que a raça conquistou nos dois estados.

Fotos/Marcelo Cordeiro / Benício Cavalcante


Sérgio Augusto Villas Boas de Menezes - Jabaquara-BA (071) 99985 60 97



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Seleção para mais lucro no Guzerá para produção de carne DANIEL DE PAULA Foi-se o tempo que apenas a seleção para crescimento era considerada em bovinos de corte. Outras características têm se mostrado tão ou mais importantes que apenas peso e ganho de peso, bastante trabalhadas desde o século passado. Entre elas, podem ser citadas as ligadas à fertilidade, qualidade de carcaça e da carne, temperamento, conversão alimentar e muitas outras, inclusive as econômicas. No Guzerá, vários destes aspectos já estão sendo trabalhados por alguns criadores e a expectativa é que a adesão de outros mais a essas avaliações se torne cada vez maior. A avaliação para um “pool” de características de crescimento, reprodução e carcaça, em parceria com a ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores), foi iniciada há 20 anos por um grupo de criadores que visavam a produção de carne e também a dupla aptidão. Avaliações de touros são apresentadas tanto nos sumários de touros de corte quanto no sumário dos avaliados para a aptidão leiteira para características de peso a diversas idades, habilidade materna, perímetro escrotal (relacionado com a fertilidade), idade ao primeiro parto, carcaça e longevidade. A avaliação da qualidade e acabamento da carcaça por ultrassonografia permite obtenção de DEPs para diversos aspectos e vem sendo feita há 16 anos em alguns rebanhos Guzerá. Já se publica nos sumários de corte (ANCP) e leiteiros (CBMG-Embrapa-ANCP) avaliação de numerosos touros para área de olho de lombo, gordura (acabamento) e marmoreio. A avaliação de temperamento pelo Reatest, desenvolvido pela dra. Walsiara Maffei com um software que mede a reatividade animal, surgiu há 15 anos e revela quais indivíduos apresentam temperamento mais nervoso. Desde então, vem sendo usada pelo Guzerá IT (Irmãos Tonetto, Fazenda Perfeita União), que encontrou evolução de praticamente 30% na mansidão do rebanho ao longo das gerações, resultando em vários

outros benefícios, entre eles a qualidade da carne. Atualmente, a tecnologia vem sendo usada também em rebanhos leiteiros, onde, segundo artigo publicado por vários pesquisadores intitulado “O Guzerá na Pesquisa Genômica” (Fonseca et al / 2016), foi encontrado que apenas 5% dos animais apresentam temperamento mais agressivo, o que permite seleção rigorosa para tal característica. A eficiência alimentar é uma característica de suma importância para qualquer raça, mesmo que difícil de ser medida. Como a nutrição responde por até 70% do custo de produção em pecuária de corte, quem compra touros quer produzir carne com animais que comem menos e rendem mais. Na raça Guzerá, há sete anos a Foto/Marcelo Cordeiro


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Fotos/Marcelo Cordeiro

família Tonetto se dispôs, junto com os criatórios Rosalito e Guzerá Tiatã, a avaliar a característica em seus animais e de seus parceiros: Daniel Furquim, Henrique Inforzato, Fábio de Jesus, Edmo Dias Pinheiro, Aislan Ramos, Antônio Franco Gruvinel, Guzerá HE e José Carlos Gradela. Verificada sua a grande importância, o processo ganhou a tecnologia de cochos eletrônicos, que dão abrangência à medição de todos os machos nascidos com precisão. O rebanho hoje ganha 5,2% a mais de peso comendo 3% a menos de matéria seca. Os dados, gerados no Centro de Performance Aldo Tonetto, foram usados para a novidade da ANCP no sumário deste ano, a DEP para eficiência alimentar. A avaliação de importantes características funcionais, desde fertilidade, precocidade, ganho de peso, qualidade de carcaça e eficiência alimentar por medidas objetivas em grupos de contemporâneos, permitiu ao Guzerá IT a determinação de uma medida de lucro: um índice econômico criado em parceria com Universidade da Califórnia, USP de Pirassununga, Aval e outras instituições para balizar a seleção e eliminar cada vez mais e em maior escala o que se chamou de “Boi Ladrão”, aquele animal bom em todos os índices, mas que roubava o lucro comendo demais. O índice Margem@ é uma unidade de medida financeira expressa em Reais (R$), calculada com base em custos de insumos, mercado de arroba e avaliações fenotípicas. Até 2018, 600 animais foram avaliados e, tomando por base o valor de R$ 150,00 para a arroba, os melhores tiveram lucratividade média de R$ 47,00 por arroba produzida e os piores, média negativa de R$ 19,00! As progênies dos primeiros touros avaliados chegam a dar 34% a mais de lucro nessa comparação. Para se ter uma ideia, da primeira edição até a 24ª prova, encerrada no começo de 2019, a média de lucro que um animal dá por arroba produzida no rebanho saltou de R$ 20,00 para R$ 40,00 de Margem@. Qualidade da carne: está sendo conduzido há três anos o projeto IT-Quality. Nele, touros das principais linhagens do Guzerá IT são acasalados com vacas Nelore comerciais. Também são utilizados touros das raças Nelore e Aberdeen Angus para fins de comparação. As progênies são monitoradas desde o nascimento até o abate, com todas as mensurações de desenvolvimento ponderal, perímetro escrotal dos machos, ultrassonografia de carcaça e eficiência alimentar. Após o abate, cada carcaça é avaliada por técnicos da USP-Pirassununga/ SP, sob a direção do professor José Bento Ferraz, com mensuração de peso, área de olho de lombo, acabamento, pH, coloração e maciez. Para completar, o DNA de cada animal é colhido e genotipado. Esse trabalho, uma


colaboração do setor privado (Marca IT e Aval) e do setor público (USP e Universidade da Califórnia), tem todas as virtudes de um projeto de ciência de ponta, junto com objetivos práticos e comerciais, uma combinação imbatível. Resultados preliminares mostram dois fatos interessantes: primeiro, existe ampla variabilidade dentro da raça para todas as características mensuradas. Essa variabilidade é essencial para qualquer programa de melhoramento genético. Os resultados obtidos até hoje no IT-Quality mostram algumas diferenças entre as progênies dos touros selecionados, indicando que essas características (exemplo: maciez) são transmitidas de pai para filho, mesmo no cruzamento. Por exemplo, dos touros Guzerá IT utilizados no projeto, 30% produziram carne tão macia quanto ou superior à dos cruzados com Angus! Até a presente data, com um número inicial de animais avaliados reduzido, esses resultados preliminares têm de ser interpretados com cautela. No entanto, são extremamente animadores. Tudo indica que será possível selecionar e produzir reprodutores da raça Guzerá que farão

a sua parte para nos ajudar em nossos sonhos do futuro. Também têm sido conduzidos outros projetos na raça, como o Projeto Precocinhas, que rendeu 55% de prenhez em novilhas de 14 meses de média de idade em três protocolos de IATF, na última safra no Guzerá IT. Nesse caminho de evolução, têm sido tomados dados que permitirão avaliação genômica para várias características, que servirão para antecipar os ganhos genéticos das próximas gerações. Vale salientar que os dados gerados por estes criadores estão sendo disponibilizados pelo Guzerá IT para a ABCZ, que ainda não possui muitas dessas informações, com o objetivo de atender mais criadores interessados. A pecuária atual busca produzir com mais eficiência e qualidade, com menor investimento e custo de produção. O Guzerá, através de alguns criadores abnegados, vem se dedicando a investir recursos e esforços na utilização da ciência mais moderna para atingir tais objetivos. Os esforços desses pioneiros devem ser reconhecidos e seu exemplo, seguido por tantos outros, para que sejam rapidamente refletidos na raça como um todo.

*Com dados de artigos técnicos de Yuri Farjalla, Roberto Sainz, José Bento Ferraz e Walsiara Maffei para o Informativo IT de ago/2018 e abr/2019.



Seleção Guzerá Marca

ucesso da carne ao leite


Largo da Matriz, 67 - salas 21- 22 TietĂŞ - SĂŁo Paulo



Foto/Jadir Bison




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Ferramenta para Pecuária Leiteira Tropical A raça zebuína mais versátil no mundo ganha cada vez mais o mercado do leite EROS GAZZINELLI O úbere da fêmea leiteira Guzerá possui ligamentos fortes, é muito bonito, e é constituído por fina e sedosa pele. Quando bem ordenhado, visivelmente o úbere do Guzerá encolhe e praticamente desaparece, como se a fêmea nada produzisse. Muito se fala sobre a “surpreendente produção leiteira da raça Guzerá” versus a “não ostentação de úberes excessivamente grandes e volumosos”, como se apresentam em outras raças leiteiras. Um exemplo histórico sobre a desmistificação dos úberes não fartos da raça Guzerá se deu ainda na década de 1970 com a vaca “Surpresa-JA” que, após viajar mais de 3.000 quilômetros, seu úbere parecia não produzir leite algum para disputar o concurso. Na ocasião, muitos sugeriam não incluí-la no evento para não desprestigiar a raça, mas o criador foi certeiro e confiante em mantê-la na disputa, que por fim, produziu mais de 16kg de leite e venceu o concurso, mesmo magra e exausta. Hoje, a raça Guzerá detém algumas produções médias em Concursos Leiteiros Oficiais da ABCZ que excedem os 55kg de leite, e mostram todo o potencial da raça como resultado dos trabalhos e melhoramento genético focados na produção de leite. Os touros Guzerá são vastamente utilizados nas vacas leiteiras do rebanho brasileiro, formado pelo cruzamento de várias raças, com a finalidade de correção dos úberes pendulosos e tetas de tamanho avantajado, além de garantir maior firmeza nos sustentáculos do úbere, nos quartos, nas tetas e também a melhora de seu direcionamento, principalmente quando cruzados em vacas Girolando. Guzolando – Pecuária Sustentável O cruzamento que é sinônimo de Funcionalidade e Sustentabilidade, confere às fêmeas grande longevidade e elevada aptidão leiteira com úbere bem inserido e desenvolvido, e aos machos agrega avantajada musculatura, com altos índices de ganho de peso. O Guzolando é uma raça sintética brasileira originada a partir dos cruzamentos entre as raças Guzerá e Holandês. O objetivo do cruzamento é fazer com que a raça Holandesa, maior produtora de leite, mas muito exigente quanto ao clima e à alimentação, ceda para a raça Guzolando as suas características produtivas no que se refere à quantidade de leite. Da mesma forma, a raça Guzerá cede a rusticidade que se reflete na perfeita adaptação ao clima tropical e melhor aproveitamento

das pastagens grosseiras, tornando o custo de produção do leite mais baixo. O produto a ser registrado, no primeiro cruzamento, tem duas partes iguais de sangue das duas raças. Este é o animal mais rústico e vale para o efeito de registro genealógico junto à ABCZ. Mas também poderá ser, em segundo cruzamento, com três quartos de sangue Holandês e um quarto de Guzerá. Ou ainda, em terceiro cruzamento, chegar ao chamado “puro sintético”, que equivale a três oitavos de Guzerá e cinco oitavos de Holandês. Tais graus de sangue dão destaque à aptidão leiteira do gado holandês, sem perda da capacidade de produção de carne e leite, rusticidade e adaptabilidade aos trópicos, características importantíssimas do Guzerá. O registro genealógico dos animais Guzolando exige ainda os dados que comprovem as boas produções leiteiras nas suas genealogias. Desta forma, as fêmeas possuem segura descendência leiteira, e sendo mais rústicas e resistentes, o processo produtivo se torna muito mais sustentável e rentável. A fêmea Guzolando tem condições de produzir cerca de 25 a 30kg de leite por dia, produção similar à de uma vaca Holandesa, mas com custos 50% menores. Com úbere firme, Foto/Marcelo Cordeiro


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e ligamentos poderosos, permitindo fácil produção acima de 7.000 kg, com média nacional entre 4.500 e 5.500 kg e com 5% de gordura. Já os bezerros são comprovadamente grandes ganhadores de peso, altamente procurados por confinadores. Fato único quando o assunto é “bezerro de leite”. O macho Guzolando F1 é excelente para o confinamento ou para ser mantido no campo. Provas de ganho de peso e controles de confinamentos comprovam que os machos guzolando são os que mais ganham peso no procedimento de engorda para abate. As matrizes já registradas passam pelo sistema de comunica-

ção de cobertura, e possibilita, posteriormente, a comunicação de nascimento das crias e exame de DNA para confirmação de paternidade e maternidade de todos os animais. Sendo todo o procedimento acompanhado por técnico credenciado pela ABCZ, o que confere ao produtor toda a segurança genética que reflete positivamente na quantidade e qualidade do leite. Sobre o touro Guzolando, certamente o mais importante uso é na vacada cruzada sem registro, pois melhora ligamentos do úbere, corrige tamanho e direcionamento das tetas nas suas crias fêmeas. Nos bezerros, imprime maior eficiência alimentar para conversão em carne e maior ganho de peso.

A RAÇA GUZERÁ PERDE UM DE SEUS PRONTAGONISTAS

Faleceu dia 19 de março o grande amigo e grande selecionador, Dr. Hercules do Rosário. Médico cardiologista nascido em Teófilo Otoni, formado pela UFMG em 1957, tinha como suas grandes paixões a Fazenda do Rosário e a raça Guzerá. Apesar de grande sucesso na carreira medica tendo entre seus clientes governadores e grandes personalidades, o que ele gostava mesmo era de ver um bezerro de nariz empinado nascendo. Seus filhos se lembram dos primeiros Guzerás que eram identificados desta forma para alegria do pai. Na década de 60, ele assumiu a gestão da fazenda de seu pai, Paulo Vasconcelos do Rosário e resolveu trocar todo o gado. Até então Nelore e indubrasil. Desde então todos os meses, mesmo morando em BH, esteve

na fazenda. A desculpa era trabalho mas, como os filhos dizem, era pura paixão. Trabalho e paixão são uma combinação que sempre da certo. O Guzera ganhou um defensor passional e apaixonado. Comprou de Antonio Ernesto Salvo e José Transfiguração Figueiredo as primeiras cabeças. Em 1995 entra para a ABCZ ganha as primeiras premiações em 96 participa de exposições. Nesta época, junto com a Fazenda Taboquinha, iniciam parceria com o núcleo MOET. Em seguida compra parte do rebanho de Romeu Bamberg. Com a consciência de que a raça precisaria de grandes índices de desempenho para encantar novos mercados, e em parceria com a Taboquinha, compram vacas de reconhecido mérito leiteiro para melhoramento através de transferencia de embriões. Dr. Hercules sonhou e conquistou o que viria depois. A raça cada vez mais ganhando reconhecimento nacional e prestigio. Incentivou amigos e colegas a criarem a raça. Váriosdeles hoje em destaque na criação de Guzerá. Foi um médico admirado, um fazendeiro amigo de todos e um guzeratista apaixonado. Quem o conheceu não o descreveria de outra forma. Sua ultima estada na fazenda foi em dezembro. Já com 86 anos montou a cavalo com seu neto, rodou pasto, verificou a plantação de sorgo. Foi uma despedida. A família, os amigos e a raça Guzerá perdem muito com sua partida mas , seu legado permanece. Obrigado Dr. Hercules. Descanse em paz .






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