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CONVIVER

“A crescente mobilidade da população e a repartição dos laços comunitários, estão aumentando a ademanda por habitações unifamiliares individuais. Tais fatores chamam por uma reavaliação do modo como moramos, as necessidades individuais dentro do contexto de comunidade e nossa aspiração por uma maior qualidade de vida.” Traduzido do livro Creating Cohousing: Building Sustainable Communities,

HABITAÇÃO COMPARTILHADA NO BAIRRO SANTANA

COLIVING Compartilhamento é um conceito em alta na vida contemporânea urbana. Diante da falta de espaço físico, preocupação com sustentabilidade, e desejo por um estilo de vida mais inteligente, compartilhar escritório, carro ou hospedagem já é uma realidade para muitas pessoas. Porém, apesar de tantas mudanças no mundo, o mercado imobiliário no Brasil segue oferecendo as mesmas soluções padrões de moradia, mais enxutas e com menos compartimentos e mais áreas condominiais, mas com a mesma idéia unifamiliar. Ao fazer um questionamento sobre nosso modo individualista de habitação atual, pesquisar sobre o tópico e aliar isso à diversos fatores como crise econômica, altos preços imobiliários, migração diária de pessoas à cidade, trânsito caótico para todos os lados entre outros, surge a proposta de criar um novo conceito de habitação para Porto Alegre, um complexo multiuso de habitação compartilhada.

TEMA

PERFIL DOS RESIDENTES

O conceito de coliving surgiu na Dinamarca, em 1972, a partir de um projeto chamado Sættedammen, que teria sido o primeiro projeto de coliving do mundo. É uma comunidade de 35 famílias, cuja idéia principal era manter as moradias privadas e compartilhar espaços de convivência e atividades, como refeições e limpeza, com o objetivo de estimular o relacionamento entre vizinhos. É composto de 27 casas geminadas em torno de um pátio central, e uma área de atividades em comum, projeto do arquiteto

Mulher, 32 anos, advogada mineira, veio à Porto Alegre em busca de uma vaga conquistada via concurso público na promotoria, não conhece ninguém na cidade.

EXEMPLOS ATUAIS

JUSTIFICATIVA Os hábitos familiares mudaram muito durante as últimas décadas, em diversos sentidos. Quando antes era comum casar e constituir família antes dos 30 anos, hoje já é o contrário, muitos inclusive não tem essa aspiração de casamento. Mas não só isso, mudamos a forma como nos relacionamos, mudamos a forma como nos hospedamos ao viajar, já até mudamos nosso espaço de trabalho, quando antes o escritório ideal era todo compartimentado, hoje já é comprovado que o rendimento aumenta quando todos trabalham no mesmo compartimento, trocando informações diretamente. Porém ainda existem fatores que vão além dos nossos hábitos, como a crise econômica em que o país está atualmente, os altos preços imobiliários, principalmente nas áreas centrais, que acarretam em edificações praticamente vazias, e não por falta de demanda por moradia, mas sim demanda que tenha tal poder aquisitivo. A grande quantidade de pessoas que fazem migração diária de outras cidades, para vir trabalhar em Porto Alegre, aumentando o trânsito e a queima de combustível, desperdiçando seu tempo diariamente no longo deslocamento. Sem mencionar o próprio trânsito caótico da cidade, no fluxo diário dos residentes da zona sul, leste e norte em direção à área central. A geração Y, também chamada de geração do milênio (nascidos entre 1980 e 1990), então atualmente no início da fase adulta, e muitos estão ainda morando com os pais por falta de recursos, ou até por comodidade. É uma geração da mobilidade, em busca de novas experiências, não almejam ficar no mesmo cargo por 30 anos, muito menos no mesmo local, ao financiar um imóvel durante anos. A proposta deste trabalho partiu da observação de todos estes fatores acima citados, que levou ao questionamento sobre porque, se tudo já mudou, continuamos com as mesmas opções de moradia.

THE COLLECTIVE OLD OAK - Londres, Inglaterra Inaugurado recentemente, é o maior complexo co-living até hoje, possui 550 dormitórios e foi projetado com tantas amenidades que seus residentes não precisam sair do prédio. Além dos apartamente com áreas comuns compartilhadas, o complexo de 11 pavimentos possui espaço de co-working, restaurante, academia, cinema, spa e lavanderia. ROAM - Diversos Países É uma rede internacional de coliving misturada com hostel. A idéia do projeto é oferecer espaço e estrutura necessária para os nômades digitais viverem e trabalharem, pois além do seu próprio quarto e banheiro, os residentes tem acesso às áreas comuns partilhadas e espaços de coworking, eventos e reuniões, por até 1.800 dólares ao mês. A empresa já possui filiais em Bali, Madrid, Miami e planeja lançar em Tóquio, Buenos Aires e Londres.

Homem, 28 anos, autônomo, trabalha com branding e design de marcas, em busca de moradia com boa localização, perto de espaços multiusos de trabalho.

Mulher, 65 anos, aposentada, viúva, filhos e netos moram na área central, em busca de qualidade, conveniência e companhia.

Mulher, 42 anos, divorciada, com filho de 16 anos, em busca de um local temporário, com qualidade e segurança.

Homem, 30 anos, solteiro, arquiteto, quer sair da casa dos pais mas não tem tempo nem vontade de cuidar de uma casa própria, em busca de conveniência e boa localização. Casal, 25 e 27 anos, recém-formados, ambos vindos do interior do estado, não conhecem ninguém da cidade, vieram em busca das melhores oportunidades na sua área.

TEMA

O tema proposto para o concepção do projeto surgiu do conceito chamado de “Coliving”, que é a junção do termo “Community Living”, ou seja vivendo em comunidade. Tal conceito foi transformado durante os anos, mas surgiu inicialmente na década de 60, na Dinamarca, chamado de “Cohousing”. A idéia do coliving ou cohousing, não é apenas compartilhar moradia, mas sim criar um ambiente doméstico que inspira e capacita seus moradores para serem criadores ativos e participantes no mundo em torno deles. Estes ambientes cultivam a colaboração e a amizade entre seus residentes e permitem estilos de vida sustentáveis atráves do compartilhamento e uso eficiente de recursos e espaços. O funcionamento básico de uma moradia compartilhada consiste em cada residente possuir seu espaço particular, mas também dividir ambientes comuns com outros, estimulando a interação social, acabando com a idéia do individualismo e diminuindo custos de morar na área central, porém com conforto e qualidade.

O lugar escolhido para a implantação do projeto em questão, é o Bairro Santana, mais precisamente um terreno de cerca de 2.780 metros quadrados, que possui duas fachadas principais, a primeira na Rua Santana, e a segunda na Rua Inácio Montanha. Os limites do bairro são os bairros Farroupilha, Santa Cecília, Azenha, Santo Antônio e Partenon.

FACHADA R. IGNÁCIO MONTANHA

HISTÓRICO DO TERRENO O terreno escolhido para a implantação do tema, localizado na quadra entre a Rua Santana, Rua Ignácio Montanha, Olavo Bilac e Avenida Jerônimo de Ornelas, abrigou uma antiga e importante fábrica de calçados chamada Adams & Cia, cujo projeto data de 1925 e foi autoria do arquiteto imigrante alemão Joseph Franz Seraph Lutzenberger. Atualmente o local abriga um estacionamento há pelo menos 20 anos, em situação precária. Recentemente foi removida a fachada que restava do projeto antigo e só permaneceram as vigas e pilares que sustentam os telhados do estacionamento. O proprietário atual, fechou completamente a fachada para a Rua Santana e a entrada se dá pela Rua Ignácio Montanha. VIAS SVAL

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Boa Conectividade com a Cidade Caráter Diversificado do Bairro Potencial Construtivo Diferentes Públicos Parque Farroupilha

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Desvalorização do Espaço Ausência de Memória do Bairro Insegurança Potencial Construtivo Subutilizado Espaços Obsoletos

FORTALEZAS

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COLETORAS

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LUGAR

ARTERIAIS

Preencher Vazio (terreno degradado) Valorização da Área Caráter Residencial Caráter Comercial Aproveitar o Fluxo de Pessoas OPORTUNIDADES Cárater Artesanal (Brique da Redenção)

A

DEBILIDADES

Degradação Local Aumento da Subutilização Diminuição dos atrativos públicos Aumento da Insegurança

AMEAÇAS

VOLUMETRIA

EQUIPAMENTOS URBANOS

FACHADA R. SANTANA

Parques e Praças

Pousada e Hotéis

Escolas

Igrejas

Hospitais e Centros de Saúde

Shoppings e Supermercados

Universidades

Ginásio Poliesportivo

Planetário

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