Alimentação orgânica na Rio+20

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O ESTADO DE S. PAULO

SEGUNDA-FEIRA, 28 DE MAIO DE 2012

Comida ‘ecológica’ será para poucos na Cúpula Crescimento do evento que integra a Rio+20 inviabiliza alimentação fornecida por agricultores familiares para todos os participantes Heloisa Aruth Sturm / RIO

O aumento no número de participantes da Cúpula dos Povos superou a expectativa inicial da organização e vai inviabilizar parte de um dos principais projetos de seus idealizadores: o fornecimento de alimentação agroecológica gratuita durante todos os dias do evento, entre 13 e 22 de junho,

Mesa de líderes mundiais terá orgânicos Antonio Pita / RIO

Durante a Rio+20, na mesa dos líderes das 40 maiores cidades do mundo o menu também será ecologicamente correto. Um grupo de chefs cariocas será responsável pela criação de um cardápio especial para o jantar de encerramento da Cúpula C40 Grandes Cidades, que reunirá os prefeitos das cidades no Rio entre os dias 17 e 19 de junho. A comitiva, liderada por MichaelBloomberg,prefeitodeNova York, vai degustar pratos produzidos sob o conceito de ecogastronomia, que prioriza alimentos orgânicos. Os líderes participam durante a conferência de um debate sobre a sustentabilidade das cidades. Entre os participantes estarão prefeitos e representantes de cidades como São Paulo, Buenos Aires, Sidney, Amsterdã e Copenhagen. O jantar será no dia 19, no Palácio da Cidade, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio. O menu está à cargo do movimento Ecochefs, que reúne 20 chefs cariocas preocupados com o padrão de consumo de alimentos. “Apenas um terço dos alimentos produzidos são efetivamente consumidos, sendo a maior partedescartadaduranteotransporte ou o preparo. Queremos que eles pensem nessa questão sempre que sentem à mesa para comer”,afirmaum dosorganizadores, João Fortes. O grupo, criado há quatro anos, está ligado a uma rede de chefs ativistas de todo o mundo, chamado de Delicious Evolution, idealizador do evento. No Rio, o movimento realiza ações de conscientização com representantesda agriculturafamiliar e ministra cursos e oficinas sobre a ecogastronomia. Os Ecochefs também devem elaborar uma degustação para convidados de uma solenidade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), no dia 20. Tereza Corção, uma das chefs à frente do evento, afirma que o menu ainda não foi definido, maslevará emcontao aproveitamento de diferentes ingredientesquegeralmente sãodescartados, como cascas de frutas e verduras. “Será uma oportunidade para aproximar o público deste conceito e do agricultor familiar. Isso pode mudar a nossa relação com os alimentos.” estadão.com.br Portal. Confira a cobertura completa da Rio+20 topicos.estadao.com.br/rio-20

CORREÇÃO

Diferentemente do publicado no sábado, na reportagem “Ambientalistas criticam indefinição”, na página A24, João Paulo Capobianco é presidente do conselho do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).

no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. A Cúpula é parte da Rio+20. Aestruturainicialmenteprojetada contemplava até 10 mil participantes. Hoje, com mais de 23 mil inscritos, a Cúpula trabalha com alternativas para que pelo menos parte da estratégia seja concretizada. “O que tínhamos no início, de total abastecimento por meio da pequena agricul-

tura, não conseguiremos cumprir. A pequena agricultura tem essa potencialidade, mas a nossa estrutura não”, disse Marcelo Durão, representante da Via Campesina e integrante do Grupo de Articulação da Cúpula. A alimentação agroecológica é uma das principais bandeiras dos movimentos sociais ligados às questões agrícolas, que propõem uma produção baseada na agricultura familiar e sem a utilização de agrotóxicos ou outros agentes químicos. Buscam também evitar o desmatamento de grandes áreas para a produção em larga escala, característica do agronegócio brasileiro. Em vez de oferecer três refeições diárias, os organizadores distribuirão café da manhã e lanchedatardeparatodososparticipantes alojados nos cinco acampamentos montados no Sambódromo, na Praia Vermelha da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Estação Ferroviária Leopoldina e em dois Centros Integrados de EducaçãoPública(Cieps).Ocustoestimadoé deR$ 2,5 milhões,25% do orçamento total da Cúpula. Estratégia. A organização busca então o que chama de estratégia combinada: enquanto uma parcela da alimentação será oferecida por meio de organizações de economia solidária, na qual estáaagriculturafamiliar,osparticipantesserãodirecionadospa-

● Cardápio

Serão fornecidos 2 mil litros de leite e mais de 500 sacas de frutas e tubérculos: banana, tangerina, laranja, aipim e batata doce. O alimento provém de cerca de 600 famílias produtoras.

Vida A15

ra os restaurantes próximos aos alojamentos e ao Aterro. “Infelizmente não temos estrutura de cozinha para dar contadesseaumentoenormeeexponencial de participação. Não temos condição de atender tudo, mas queremos acolher da melhor maneira possível esse desejo de participação”, disse Fátima Mello, diretora da Federação de Órgãos para Assistência Social e EducacionaleintegrantedoGrupo de Articulação da Cúpula. Embora a movimentação diária de pessoas no Aterro do Flamengo seja estimada em 20 mil a 25 mil participantes, os alojamentos à disposição oferecem acomodação para até 15 mil visitantes. “Temos uma demanda de 23 mil pessoas querendo vir e temos uma dificuldade de receberessepúblicogarantindosegurança, transporte e alimentação para todos”, afirmou Durão.


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