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sILVIa rodrIgues

É com muita honra e gratidão que recebi o convite da escritora Thais Matarazzo para relatar na revista EBC sobre a minha experiência na participação do Sarau Urbanista Concreto, que acontece na Zona Leste de São Paulo, do qual fui integrante por dois anos. Registro aqui minha eterna gratidão e respeito ao idealizador, Germano Gonçalvez Arrudas.

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Assim que recebi o convite do próprio urbanista para conhecer o Sarau, me encantei ao me deparar com tamanha junção de talentos, onde seus versos e contos bailavam literalmente naquele palco.

Logo no primeiro momento tive a percepção que poderia colaborar, fui bem acolhida pelos convidados e participantes, sendo eles poetas, poetisas, escritores e sonhadores.

Para mim o que realmente interessava era encontrar a melhor forma de tornar aquele belíssimo trabalho literário (sarau) em um ambiente agradável, onde recepcionava a todos que ali chegaram com muito respeito e diplomacia, procurando dar o melhor de mim. Sem personagem, sendo eu própria. E assim o ambiente se tornava agradável, e os talentos que

ali estavam trocavam experiência entre si após suas belíssimas apresentações.

É muito gratificante saber que de alguma forma eu também era responsável por aquele aprazível momento. Onde não havia estrelas... Mas uma verdadeira constelação de talentos, muitas vezes ocultos pela falta de oportunidades!

Essa foi minha bonita passagem pelo Sarau Urbanista Concreto. Ali esperava só doar e todos me surpreenderam com tamanha reciprocidade, tão espontânea e verdadeira.

Posso ressaltar que encerrei minha participação imensamente grata por tudooo... Todos me devolveram carinho e respeito, muito mais do que doei.

Sempre estarei nos eventos literários, não só para recebê-los, mas com muita alegria em REVÊ-LOS.

Sou Silvia Regina Rodrigues.

Deixo para todos de presente um poema:

aMaNhã, taLVeZ...

Pode ser tarde demais, ou apenas um recomeço. Recomeçar poderá ser doloroso outras vezes... O sonho termine... mas também pode ser que se realize, quase sempre depende de nós outras...

Amanhã, talvez...

Olhe para trás e pergunte: Nossa... O tempo passou e nem percebi! Cadê eu?

Amanhã, talvez...

A quarentena termine, a saudade também. O muito lamento, não terá mais espaço. A dor ficará apenas na memória. Amanhã, talvez

a cordialidade, o saudoso aperto de mãos, o “estou aqui... Pode contar comigo!” O aconchegante abraço! Volte...

Amanhã, talvez...

A praga desapareça, a vida nos restaure, fazendo com que o amor cresça. Amanhã, talvez...

aPReSeNtaçãO

A ideia para este projeto de crônicas surgiu após o lançamento do meu livro Alegria e Gratidão: palavras de um coração, lançado em janeiro de 2021.

Na obra narro como se deu a descoberta de um câncer de mama metastático aos 38 anos, da aceitação do diagnóstico, do início do tratamento oncológico e como venho superando essa nova etapa da minha vida.

Desde então recebo centenas de mensagens de solidariedade, carinho, apoio e também de mulheres que passam por situações semelhantes e me questionam como consigo levar a vida com leveza, alegria, bom humor e confiança em D’us.

Não estava conseguindo responder a demanda das mensagens. Refleti por algum tempo e considerei a possibilidade de conversar abertamente com o público através do meu site, assim todos poderão ser contemplados.

Vou compartilhar um pouquinho do meu cotidiano e atender sugestões de pautas (na medida do possível) sobre o tema a partir da minha experiência.

Sei que para boa parte das pessoas é muito complexo e dolorido falar sobre o câncer. Durante os primeiros quatro meses do meu tratamento oncológico para mim também foi difícil, mas depois que escrevi o meu livro, me libertei desse sentimento, parece que uma luz clareou meus olhos e hoje não tenho nenhum problema em tocar no assunto, pelo contrário, se eu puder ajudar o próximo com uma palavra amiga, uma consolação ou uma inspiração, estou pronta!

Não é minha intenção romantizar o câncer, longe disso. Simplesmente vejo a situação pelo lado positivo. Como todas as pessoas que possuem essa doença e estão em tratamento, também sofro com os efeitos colaterais da teurapêutica a que sou submetida. Entretanto, procuro não me concentrar nos problemas e sim nas coisas que gosto e me dão prazer. Contemplo e agradeço a todo momento tudo o que D’us me abençoa. E foco nos meus objetivos.

Alegria e Gratidão: palavras de um coração é um marco na minha vida pessoal e na minha carreira literária. Como nada se faz sozinho, agradeço imensamente a todos que colaboraram com essa obra: meus pais, o prefácio de Andrea Matarazzo, as ilustrações de Camila Giudice, as fotografias de Marcia Costa e Nana Tavares, e a assessoria de Carlota Caifero.

Obrigada a todos pelo apoio!

SaPatOS aZUIS (10/3/2021)

“Sucesso é conseguir o que você quer, e felicidade é gostar do que você conseguiu.” Dale Carnegie

O primeiro mês do meu tratamento oncológico foi o mais árduo, começou em setembro de 2020, durante a pandemia do Covid-19.

O tratamento paliativo consiste em quimioterapia oral, hormonioterapia e imunoterapia. No final do dia parecia que havia sido atropelada por um caminhão. Os efeitos colaterais foram intensos, sentia tonturas, náuseas, fatiga, insônia, boca seca, dores nos ossos, mal-estar, fiquei um pouco esquecida e com alternância de humor.

Não era para menos, com tantos remédios! Mas não pense o leitor que estou me queixando, pelo contrário, são somente constatações daqueles primeiros 30 dias.

Meu físico estava extenuado pela terapêutica, mas a fé, a coragem, o ânimo, as energias e as ideias continuam em alta. Em nenhum instante pensei em desistir, pois sempre acreditei na luz do final do túnel.

Não sou de chorar e nem me vitimizar, entretanto, vez ou outra me vinham pensamentos duvidosos referentes ao futuro: será que o protocolo de tratamento daria certo? Será que nunca mais sairia na rua? Será que poderia continuar meu amado trabalho? Será que nunca mais poderia viajar? Será que nunca mais encontraria meus amigos? Será que nunca mais não-sei-mais-o-quê...

Acredito que qualquer mudança na vida de uma pessoa cause preocupações, seja de que ordem for. 2020 começou de maneira promissora para o Coletivo São Paulo de Literatura, do qual faço parte. Nós tínhamos assinado contratos para realização de projetos fantásticos com as secretarias de Cultura municipal e estadual de São Paulo. Chegamos a fazer as primeiras apresentações e saraus, mas em março as atividades foram paralisadas, assim como para todo o Brasil.

Desde o final de 2018 começamos a incluir nas nossas atividades literárias recursos do teatro, compondo personagens para encenação de pequenas histórias e esquetes divertidos a fim de divulgarmos nossos livros e poemas, e levarmos informação e alegria para o público.

Para tanto, a Ana Jalloul e o Ricardo Cardoso arranjaram figurinos e acessórios da década de 1920. Era o tema que exploraríamos em nossos projetos focalizando a Semana de Arte Moderna de 1922, pedido nos editais e chamamentos dos equipamentos de cultura. Gostei tanto da ideia dos meus amigos que fui a uma costureira, encomendei um vestido azul daquele período, ficou uma graça! Comprei luvas de renda, chapéu de feltro, leque, bolsinha de pano, colar de pérola (postiço), assim nasceu a personagem Yolanda.

Uma tarde, descendo a Rua d. Veridiana, na volta de um evento no Museu da Santa Casa de São Paulo, entrei em uma loja em que sempre comprava algum acessório novo para essas apresentações. Achei um tucano de pelúcia. Minha ave favorita desde a infância. Comprei o bichinho e o batizei com o nome de Tenório. Ele se tornou o companheiro e mascote da Yolanda. O público amou.

O único item que não consegui adquirir para o modelo da Yolanda foi um par de sapatos Anabela azuis, muito usado nos anos 1920. Não houve jeito de encontrar. Paciência!

Regressando ao início do meu tratamento oncológico, minha melhor terapia emocional tem sido a escrita e a leitura. Não deixei de ler e produzir textos em nenhum dia, assim me distrair e ocupava o tempo. Escrevi vários livros e criei uma Biblioteca Virtual aqui no site com todas essas produções, a maior parte infantojuvenil. Tudo para download gratuito. E imagina se a Yolanda e o Tenório também não ganharam as páginas de várias obras?

Meus pais sempre repetem que não devo ficar aflita, “quando a pandemia passar, com certeza, você estará novamente com seus amigos para novas empreitadas literárias”, diz minha mãezinha.

Fui animando à medida que o tratamento foi alcançando o resultado desejado, e os efeitos colaterais se tornando mais brandos.

Certa manhã estava navegando pela internet e vi um anúncio da venda de um vestido (azul, branco e cinza) usado e um chapéu de feltro estilo anos 1920, pertencia à uma atriz que estava se “desapegando” do seu guarda-roupa. Entrei na página e a descrição do vestido caiu como uma luva pra mim. Adquiri a peça. Entendi aquilo como um

espelho da esperança. Acho que em outros tempos a compra do vestido não me causaria tanta emoção e alegria como naquele instante.

Só faltava agora o par de sapatos azuis. Parece piada, mas uma “mãozinha” me indicou uma loja de sapatos no Rio Grande do Sul. Ahhhhh, finalmente consegui encontrar o calçado desejado.

O vestido e o chapéu chegaram primeiro, não tirei de dentro da caixa. Esperei pelos sapatos. Uns dias mais tarde, o funcionário dos Correios tocou a campainha, ai, meu coração! Eram os sapatos Anabela!

Não perdi tempo e num zás-trás me vesti de Yolanda. O figurino ficou ótimo, posso dizer que entrei no túnel do tempo. Quanta felicidade tomou conta do meu coração! Naquele momento tive a certeza que sim, no futuro estarei novamente com meus amigos do Coletivo São Paulo de Literatura.

Entendi assim como é importante valorizar de todo coração uma oportunidade, seja ela pequena, média ou grande. São acontecimentos deste gênero, singelos aparentemente, acontecidos no cotidiano, que fazem a nossa verdadeira alegria!

Continuo aqui cheinha de fé, confiança em D’us e agradecendo ao Eterno por todas as bênçãos que ele me envia!

MeU SegRedO? Poema de Thais Matarazzo

Fazemos tantas coisas na vida escolhi e tive sorte de realizar muitos sonhos almejados. Não foi fácil, custou-me muito trabalho, sacrifícios e escolhas. Não posso reclamar do resultado sempre me contentei com o que recebi. Não me arrependo de nada não. Fiz tudo com muito amor, se preciso, novamente realizaria, pois o que nos move na vida é o Amor! O Amor sincero pelo que desejamos... Sempre o Amor! Nada consegui sozinha, D’us abriu as passagens para que eu pudesse caminhar concedeu-me energia e graça e consegui tudo praticar. Ao Eterno sou gratíssima pelos momentos de alegria, trabalho, prazer e satisfação. Lembranças, só boas recordações, Flutuo nos mares da poesia e da música. Pensamentos, para hoje e o futuro: otimismo, objetivos, superação e sonhos! Vale a pena lutar pela Vida: esse é o meu segredo!

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