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São Paulo 468 anos: Pátio do Co- légio ajuda contar maior parte da história da cidade Geraldo Nunes

SÃO PAULO

de todos os tempos

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Geraldo nuneS

Jornalista, escritor e blogueiro, participa das publicações da Editora Matarazzo desde 2016.

São Paulo 468 anoS: Pátio do ColéGio ajuda Contar maior Parte da hiStória da Cidade

Após a inauguração da primitiva igreja do Colégio de Piratininga pelos padres jesuítas, o primeiro nela a ser batizado foi o chefe indígena Tibiriçá, em 8 de fevereiro de 1554.

O cacique, pai de Bartira, esposa de João Ramalho, foi também o primeiro a ser sepultado, em 1562, na igrejinha, cujos restos mortais seguiram séculos depois para a cripta da Catedral da Sé.

Em 1588 se decidiu construir uma igreja matriz no largo onde hoje está a Praça da Sé.

A inauguração aconteceu em 1612, não no lugar onde está a atual catedral, mas na altura de onde se encontra a saída da Estação Sé do Metrô.

Mais abaixo, onde fica o atual prédio da Caixa Econômica Federal, ergueu-se uma igreja vizinha em devoção a São Pedro.

O Marquês de Pombal, uma espécie de primeiro-ministro português, decidiu expulsar os jesuítas do Brasil, em 1759 e todos os bens da igreja foram entregues à coroa.

Isto fez com o prédio do colégio passasse a servir de residência aos governadores e em frente ao mesmo se abriu um largo.

Ao lado do Largo do Palácio se fez o Teatro da Ópera, o primeiro da cidade, cuja iluminação se dava por um lustre onde se colocava enorme quantidade de velas acesas.

Aconteceu neste teatro uma recepção festiva a Dom Pedro, na noite do 7 de setembro de 1822, horas depois dele ter proclamado a Independência do Brasil, às margens do Ipiranga.

Instituído o Império, se fazia necessária a instalação de um corpo militar do Exército Brasileiro, na Província de São Paulo.

O povo, entretanto, demonstrava ter horror ao serviço militar e ninguém se apresentou como voluntário.

Houve então uma trama, a população foi convidada para uma festa no Largo do Palácio e a certa altura registrou-se um corre-corre, com rapazes em desabalada fuga.

O capitão-general Martim Lopes mandara barrar as saídas do largo para assim agarrar a força os indivíduos que na marra, tiveram que ingressar no serviço militar.

Mais adiante no período republicano, em 1891, o edifício do Palácio do Governo serviu de sede para as reuniões da Assembleia Estadual Constituinte, a primeira da República, no Estado de São Paulo.

Em 1896 se decidiu pela demolição completa do que ainda restava do antigo colégio jesuítico.

Nas proximidades, o governo fez construir um prédio para a repartição de polícia, vizinho ao Solar da Marquesa de Santos, na então Rua do Carmo.

Depois, com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, foram feitos dois edifícios no lugar onde antes estava o Teatro da Ópera, um deles para a Secretaria da Justiça e outro para a Secretaria da Agricultura.

Na mesma época, o Solar da Marquesa foi adquirido pela Companhia de Gás de São Paulo que ali manteve seu escritório por muitos anos.

Para as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, se construiu uma réplica da igreja dos jesuítas nos moldes da que fora desapropriada em 1759, se preservando duas paredes e o Pátio do Colégio voltou a ter um rosto quase original.

A partir da década de 1970, as ruas do antigo centro se transformaram em calçadões.

A princípio tudo deu certo e a região ficou mais aprazível, foi então que colecionadores de discos, livros, revistas e fotografias passaram a se reunir semanalmente.

Essa prática se estendeu até meados da década de 2000 e contou com a participação da atual editora-chefe desta revista, Thaís Matarazzo.

Ela conta que aprendeu muito nesses encontros, especialmente porque, depois das reuniões, todos seguiam para a Casa Lomuto, de Roberto Gambardella, a única loja do centro que ainda vendia discos em 78 rotações e lá se ouvia a música a vontade.

Tudo isso é passado, a frente do Pátio do Colégio virou abrigo de moradores sem-teto, são famílias que merecem atenção das autoridades.

O Pátio do Colégio, por sua vez, continuará sendo uma das mais ricas fontes da São Paulo de outrora e de todos os tempos.

Livros Pesquisados:

Histórias e Tradições da Cidade de São Paulo - Ernani da Silva Bruno/ São Paulo de Outrora - Paulo Cursino Moura/ História de São Paulo Através de Suas Ruas – Antônio Rodrigues Porto

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