3 minute read

seU nome é maria

Next Article
carta de amor

carta de amor

hAmiLToN doS SANToS

Marias...

Advertisement

São tantas as Marias. Distintas Marias.

Cada Maria com seus destinos, Maria que vai, Maria que vem, Maria que chora e ama em noites de lua cheia, Maria Triste, Maria que se desmancha em riso farto, que rir do seu próprio destino.

Lata d’água na cabeça, lá vai Maria a subir e descer as ladeiras, becos e palafitas na luta cotidiana. Tem a Maria que ostenta o luxo, verdadeira deusa que desfila beleza e elegância nas passarelas da vida.

Quem não conhece Maria Bethânia, senhora do engenho que surge na canção do mestre Capiba?

E Maria Rosa que tem, por sinal, uma cicatriz, dois olhos grandes, uma boca e um nariz?

E cantaram até a Maria de nada. Gilberto Gil disse “Maria me perdoe, por não ver o sorriso das flores, nem o céu todo azul” e mais adiante o próprio foi buscar outra Maria um pouco exótica, pois “Maria, você mudou no meu corpo, no meu rosto, no que eu canto, no que vivi...” numa intimidade.

Dou por testemunho a presença do mestre Vinicius de Morais, que muito entende de Maria, indo buscar nos terreiros de candomblé, possuída pelo seu Orixá que reina nas águas cristalinas do mar de Itapoã,... Maria não brincou na festa de Iemanjá, no dia 2 de fevereiro, no Rio Vermelho.

Existe até Maria do Olho arregalado, desmanchada em dengue no cais da Bahia, gemendo de amor nos braços do mulato do mar. Em deboche. Jorge Amado encontrou Maria Maxadão, valente e respeitada, com seu punhal, em plena Ladeira da Montanha.

Roberto Carlos encontrou “Maria que nasceu no carnaval em plena folia”.

Conheci Maria do Mau fim, que viveu, sofreu ingratidão. Também rolou em mão em mão. Que outrora ela senhora Maria. E sofre ainda. Está tão acabada e já foi tão linda...

Tem Maria de São Pedro, rainha do vatapá e do efó, do caruru, do abará , das moquecas, xinxins , do dendê e da pimenta. Mestra que reinou em Águas de Meninos e Mercado Modelo da Bahia, rainha do bom tempero, além da delicadeza e da cordialidade. Maria com seu tabuleiro e sorriso de-

licado, em suas andanças pelos becos e ruas, com deliciosos quitutes.

A famosa Maria Ecolástica da Conceição Nazaré, ou simplesmente Mãe Menininha que tanto reinou, cantou e encantou sua Oxum, no Alto do Gantois.

São tantas Marias...

Maria Quitéria cansada de guerra, vindo de Cachoeira e com seu punhal deu seu grito de independência. Maria Bonita que fez história. Rainha do cangaço e mimo de Lampião.

Sempre Maria, que seja da Glória, do Socorro ou das Dores. Não importa, sempre Maria. No colégio, no trabalho ou mesmo nos casarões do Pelourinho. Maria da Ladeira do Mamão, no sobe e desce, com as ancas em desespero e sua malícia.

Maria, musa que encanta e se desmancha no carnaval e com suas vestes enfeita e dança na Lavagem do Bomfim. Maria que geme de amor na areia branca em noite de lua cheia refletida na água escura e misteriosa da Lagoa do Abaeté

Maria, Maria... teu o nome começa na palma da minha mão!

“Maria, Maria É um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta” (Milton Nascimento)

Arte: Daniel Lourenço

FiNA ESTAmpA Hamilton dos Santos e Daniel Lourenço

O sol já havia partido Sonho e bordado construídos O sentir de ser lembrado Em momento inesperado

Alegria, alivia o cansaço Ternura, preenche a alma Curiosidade é aguçada A origem já imaginava

Estampa, em preto e branco Talho, confortável ao corpo Pele, aconchegada e protegida Fina elegância em pessoa (O brilho do Artista...)

This article is from: