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SALVADOR 31/3/2014
HOJE VIAJAR TER POP QUA VISUAIS QUI CENA / GASTRONOMIA SEX FIM DE SEMANA SAB LETRAS DOM TELEVISÃO atarde.com.br/caderno2mais
THALITA LIMA
De costas para a plateia, mas de frente para as esculturas dos orixás construídas por Tatti Moreno, a nova vocalista da banda Cheiro de Amor, Vina Calmon, iniciou seu show em homenagem ao aniversário de Salvador saudando aos deuses africanos e ao belo visual de fim de tarde do Dique do Tororó. “Salve essa casa, moço!”, cantou em um dos trechos da música É o Ouro, a primeira de um setlist com 25 canções, incluindo sucessos antigos do grupo e cinco inéditas. O evento integrou o Festival da Cidade, que comemorou os 465 anos de Salvador, além de ser a gravação do novo DVD de Cheiro de Amor. A nova cantora da banda de axé music se apresentou num palco flutuante e a produção foi enaltecida pelo cenário natural, com direito a projeções nas árvores e cortinas com jatos de água ao fundo. Sobre a renovação da banda, a artista acredita que isso faz parte de um ciclo natural do axé. “A gente cresce e os grandes ficam lá, mas vem surgindo novos talentos. Eu me sinto uma dessas peças iniciais da música baiana”.
2 COBERTURA Aniversário da cidade foi saudado com estreia da nova cantora do Cheiro e bom show em Cajazeiras 10
EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / DOISMAIS@GRUPOATARDE.COM.BR
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ARTES CÊNICAS MONTAGENS BAIANAS TÊM BOA ESTREIA NO FESTIVAL DE CURITIBA 3 Acervo Instituto Zuzu Angel/ Reprodução Gilvan Barreto
Fernando Vivas / Ag. A TARDE
PARABÉNS COM
AXÉ, REGGAE E ROCK
Participações e público
Os primeiros convidados foram Levi Lima (Jammil) e Felipe Pezzoni (Eva), que cantaram juntos amúsicaFimdeAnoelembraram que passaram recentemente por esse momento de assumir os vocais de uma banda de axé. Só depois do pôr do sol a apresentação reuniu mais público, que teve que ser paciente para aguentar os minutos de espera entre uma canção e outra e as repetições para o DVD. “Quando uma pessoa imprime sua marca, para a gente se acostumar precisa de um tempo. Mas talento ela tem e força para trabalhar também”, disse Antonio Alberto, 30, que escolheu a participação de Mariene de Castro como a preferida da noite até então. A sambista, que no início da carreirafoibackingvocaldabanda Cheiro, cantou Quixabeira, composição de Carlinhos Brown que fala sobre o Recôncavo baiano. Para este aniversário, os votos de Mariene são para que “Salvador seja cada vez mais do samba”. A batida inconfundível dos tambores anunciou a próxima participação.ApercussãodoOlodumacompanhouVinaemIMiss Her, famosa canção do grupo. O Cheiro e o Olodum juntaram dois ritmos numa composição só. “Começamos tocando o ritmo que gravamos com Michael Jackson e viramos para ‘pom pom pom’, uma música também gravada pelo Olodum que o Cheiro engrandeceu fazendo essa junção de ritmos em cima do palco”, explicou o mestre de percussão Memeu Nunes. Enquanto a banda Cheiro e a produção faziam seus ajustes técnicos, o público aproveitou a percussão do grupo e cantou sozinho Protesto Olodum (Força e Pudor) e Alegria Geral (“Olodum tá hippie, Olodum tá pop...”). As músicas não estavam no repertório de apresentação, mas desde quando plateia tem que seguir setlist? Quase 4 horas depois do início, o show ainda tinha convidado para receber. Por volta das 21 horas, foi a vez de Tomate apresentar Oyá, uma composição de Tatau. “Quem está aqui é quem quer realmente estar aqui”, disse Tomate antes da apresentação. Até às 22 horas, todos os convidados já tinham se apresentado. E ainda restavam três músicas (fora possíveis regravações). Os parabéns vão à cidade e à resistênciadacantoraestreanteeda plateia – que ainda estava cheia e esperando por mais show.
Vina Calmon enfrentou a tensão da estreia no palco flutuante do Dique
Ramsés Moura / Agecom
Marcelo Nova sacudiu Cajazeiras 10 com uma pegada pesada
Marcelo Nova, Cascadura e Adão Negro fizeram festa memorável em Cajazeiras CHICO CASTRO JR.
De uma só tacada, a noite do rock de sábado em Cajazeiras, com Marcelo Nova e Cascadura – mais o reggae do Adão Negro – serviu para fazer cair por terra duas antigas falácias. Uma é que o soteropolitano médio não gosta de rock nem de graça. E a outra é que na periferia só se ouve pagode e arrocha. Dada a recepção calorosa (e civilizada) com que as atrações foram recebidas no campo da Pronaica, por um público entre 8 e dez mil pessoas (estimativa de Pedro Machado, da Saltur), o rock é muito apreciado por ali. Tudo começou pouco depois das 19 horas, com Adão Negro, banda de público cativo, fazendo a alegria da galera. Em clima de tranquilidade, havia de tudo: coroas, crianças, roqueiros de camisa preta, rastas, pagodeiros de boné e claro, os pinguços locais – um show à parte. Pouco depois, veio o Cascadura, que fez um belo show, alternando canções do último álbum, Aleluia! (2012), com an-
tigas favoritas dos fãs, como Queda Livre, Senhor das Moscas e O Centro do Universo. Conquistaram o público e saíram sob aplausos calorosos – senão consagradores.
Punks da periferia
Mas boa parte da galera – inclusive gente que veio de outros bairros –, queria mesmo Marcelo Nova. Punks da periferia e roqueiros contemporâneos do Camisa de Vênus se aglomeraram defronte o palco. “Tenho 51 anos e briguei com minha mulher para estar aqui hoje”, contou Alcimar Ramos,
Tudo começou depois das 19h, com Adão Negro, banda de público cativo, fazendo a alegria da galera
da banda Os Canalhas. Mais jovem, um rapaz que se identificou como Rato Punk de Cajazeiras contou que viu o Camisa no Festival de Verão. “Tem muito punk aqui no bairro”, disse. Com uma banda enxuta de três membros e uma pegada pesada, Marcelo subiu no palco às 22h30. Alternou músicas de 12 Fêmeas, último CD, com clássicos do Camisa e solo. Alucinado, o público respondia a todos os sinais de Marcelo, gritando “Bota pra foder”. Visivelmente contentes, cantor e banda soltaram os cachorros em versões arrasadoras para Hoje, Muita Estrela Pouca Constelação, Negue e A Ferro e Fogo. Marcelo chegou mesmo a provocar o público, enxertando versos de improviso em uma das músicas: “Na Highway to Hell tem uísque e tem cerveja / Melhor do que ficar em casa / Ouvindo duplinha sertaneja / Na Highway to Hell nem tudo pode / mas é melhor do que ouvir pagode”, cantou, tapando o nariz. Felizmente, nem uma lata sequer foi atirada do público.