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SALVADOR 28/1/2014
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VERENA PARANHOS
Na estação mais quente do ano, a capital baiana ganha um atrativo a mais: o Festival de Verão Salvador, que acontece de amanhã a sábado. O festival, que se diz o maior evento de música do País, reúne dezenas de atrações em dois palcos e uma pista eletrônica, tendo a mistura de ritmos como mote da programação (grade principal abaixo). “É o único evento de quatro dias que acontece consecutivamente há 16 anos. A grade foi feita a partir de uma pesquisa de público. Vamos trazer o que pediram, com exceção de alguns nomes que não puderam participar”, explica Estácio Gonzaga, diretor do festival. Com o slogan “Mistura que dá show” e uma linguagem que dialoga com os adolescentes, o evento busca atingir diretamente este público. “Comprei mais pela energia, aquela coisa de estar na muvuca com os amigos, uma felicidade mesmo”, diz Felipe Pires, de 15 anos.
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EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / DOISMAIS@GRUPOATARDE.COM.BR
GRAMMY O DUO DAFT PUNK E A NOVATA LORDE LEVARAM OS PRINCIPAIS PRÊMIOS, EM NOITE QUE CONTOU COM MCCARTNEY E RINGO (FOTO)
TELEVISÃO HISTORY EXIBE LONGA-METRAGEM SOBRE O ÔNIBUS ESPACIAL CHALLENGER 5 Mario Anzuoni / Reuters
Atrações locais
Segundo Estácio Gonzaga, a pesquisa de público mostrou que o baiano quer ver atrações locais. “É o esquenta para o Carnaval, o artista traz novidades, faz um show diferenciado”. Este é um dos aspectos que
Christian Gaul / Divulgação
MÚSICA Edição 2014 começa amanhã, mas há quem reclame da pouca presença de atrações mais sofisticadas
FESTIVAL DE VERÃO,
mistura que divide opiniões Margarida Neide / Ag. A TARDE / 16.1.2008
Valter Pontes / Coperphoto / 30.1.2002
2008
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O cantor Frejat se apresenta no palco principal amanhã
Frejat diz que cantará desde músicas novas a sucessos do Barão THALITA LIMA
Crítica
de / Ag. A
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Apesar de reunir em média cerca de 160 mil pessoas nos quatro dias de festa, atualmente o evento é criticado por não fazer uma mistura de ritmos que leve em conta a diversidade e a qualidade musical. Em anos anteriores, já passaram pela festa atrações como Djavan, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee e Sepultura em meio aos expoentes de ritmos mais populares. “Em termos de um festival povão, para pessoas que querem tomar cerveja e pular, ele está de bom tamanho. Mas para ser um grande festival é preciso ter opções com música mais sofisticada. Além de Frejat e Paralamas, não vi nada sofisticado”, diz Rodrigo Faour, crítico e pesquisador musical carioca. Para o jornalista e crítico musical Luciano Matos, organização e estrutura são os principais méritos do evento. “O festival poderia mostrar outras coisas que não ‘o mais do mesmo’. Ele não tem curadoria voltada para o que há de melhor na música no Brasil, nem fora do País. O foco é grana, quem leva muita gente, e também a relação com os empresários de grandes artistas que negociam a participação de outros menores”, diz. Nos últimos três anos, Luciano não vê nenhuma atração pela qual valesse a pena sair de casa. “Já teve uma proposta mais interessante. Lembro do dia histórico, em 2004, quando trouxe Sepultura, Marcelo D2, Paralamas e Rita Lee. Esse dia encheu, então não podem dizer que bandas como essas não levam público”. Paulo Miguez, economista e pesquisador do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), defende a importância do evento para a cidade que pretende ter vocação para turismo e entretenimento. “Tem uma ligação muito forte com o mundo do Carnaval. Às vezes se cobra de um festival como este uma diversidade, mas não imagino que isso esteja na pauta de quem o faz. Tem que ser preocupação das políticas públicas de entretenimento”, afirma. O músico Tuzé de Abreu também aproxima o evento do Carnaval. “É tipo um Carnaval selecionado, uma coisa muito grande, bacana. Claro que é para quem pode pagar para frequentar. Há de ter lados negativos, mas acho positivo você juntar ídolos pop com sotaque de Carnaval baiano”.
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ira / Ag. A TA
Thiago Teixe
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2009
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2001
/ 2.2.2001
Em sentido horário, da esquerda para a direita: Gilberto Gil, Djavan com Caetano Veloso, Alanis Morrisette, Carlinhos Brown com Chico Buarque, Maria Rita e Rita Lee, atrações que se apresentaram em outras edições do Festival de Verão, entre os anos de 2001 e 2009
FESTIVAL DE VERÃO | PALCO 2014 DIA 29
DIA 30
DIA 31
DIA 1º
Aviões do Forró
Os Paralamas do Sucesso
Maria Gadú
Nando Reis
Gusttavo Lima
Asa de Águia
Claudia Leitte
Luan Santana
Saulo
Ivete Sangalo
Timbalada
Ne-Yo
Frejat
Jorge & Mateus
The Wailers
Pablo
Grupo Revelação
SPC
Harmonia do Samba
Psirico
Organização do festival diz que atrações foram escolhidas a partir de pesquisa feita com o público
traz a potiguar Flávia Marinho e mais cinco amigas para a festa. “A energia, o tamanho do festival e as bandas da Bahia fizeram com que a gente planejasse a viagem para esta época. Escolhemos ir na quinta-feira por causa da variedade de estilos. Talvez iremos sábado para ver Pablo, que ainda não conhecemos e deve estourar”.
Além das estrelas do axé do palco principal, baianos como Filhos de Jorge, Babado Novo, Alexandre Peixe, Kart Love e Ju Moraes se apresentam no palco Passarela ao lado de nomes nacionais como NX Zero, CPM 22, Vander Lee e MV Bill. A falta de espaço para grupos locais iniciantes, especialmente os mais alternativos, é o que
incomoda João Victor, vocalista da Quarteto de Cinco, que se apresentou no festival em 2011. “Isso afasta o público que quer presenciar outras coisas. Deixou de ser um evento de mistura para ser de panelinha”. FESTIVAL DE VERÃO / DE AMANHÃ A SÁBADO / PARQUE DE EXPOSIÇÕES / DE R$ 50 A R$ 180 (POR DIA) / FESTIVALDEVERAO.COM.BR
Uma das atrações que marcaram o percurso de 16 edições do Festival de Verão é o cantor Frejat. Dono de um repertório que inclui grandes hits do pop rock, o artista já subiu ao palco do evento como banda, com o Barão Vermelho, em 2005, retornando em 2012, já para uma apresentação da carreira solo. Sobre sua experiência de tocar no festival, Frejat conta que o formato do evento exige algumas preocupações. “Você toca para um público que foi ali para ver você e várias outras coisas que vão acontecer naquela noite. O que por um lado é curioso, porque você toca para gente que não esperava te ver e muitas vezes conquista novos admiradores. Por outro lado, o público fica mais disperso. É interessante porque é um tipo de evento que você tem que estar atento a esses detalhes para conduzir o espetáculo”. O último disco lançado de Frejat foi em 2008, o Intimidade Entre Estranhos. De lá para cá, ele fez alguns outros lançamentos, mas apenas de canções. Em 2010, lançou uma regravação de A Felicidade Bate à Sua Porta, composição de Gonzaguinha que estourou nas pistas no final da década de 70 com as Frenéticas. Já em 2013, apostou no lançamento de duas músicas autorais. Uma foi O Amor é Quente, nome da turnê que está fazendo agora e que estreou no Rock In Rio 2013. E outra chama-se Me Perdoa, que é uma balada em parceria com George Israel e Mauro Santa Cecília. Nesse sentido, Frejat diz ter preparado para o evento um repertório que mistura desde os sucessos do Barão até as suas canções recém-lançadas. “Em princípio, é um show de muito sucesso mesmo. É um show em que o público se diverte muito dentro do espetáculo, porque tem sucessos meus, tem sucessos de outros e tem a música nova”. Sobre as novidades do Barão Vermelho, Frejat afirma que não tem planos para voltar à atividade. Mas adianta sobre um documentário que conta a história do grupo, produzido pela Conspiração e dirigido por Mini Kerti. Mesmo com o calor que toma conta de Salvador nesse verão, o cantor diz que não abrirá mão do seu terninho preto no palco. “O figurino é fundamental. Faz parte do espetáculo”. Dentre suas apresentações no festival, Frejat disse que não consegue lembrar de apenas um momento marcante, mas ressalta sobre a receptividade do público baiano em todos os seus trabalhos e sobre o caráter de festa do evento. “Esses grandes festivais acabam sendo um acontecimento na cidade, mas até do que a própria música“, diz.