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SALVADOR SÁBADO 3/8/2013
Lucas Hallel / Divulgação / 25.5.2013
MÚSICA Teatro, música dança e circo tomam conta do Bahia Café Hall, hoje, às 22 horas
RECOMBINANDO ATOS / O TEATRO MÁGICO
O Teatro Mágico volta a Salvador para apresentar DVD de dez anos
THALITA LIMA
Rostos pintados, performances teatrais, bailarinas no ar e melodias poéticas. A combinação de teatro, música e circo transforma o palco do Bahia Café Hall em espetáculo artístico no show de O Teatro Mágico, que acontece hoje, às 22h. A última visita do grupo à cidade foi em dezembro do ano passado, quando apresentaram o álbum Sociedade do Espetáculo. Neste sábado, eles voltam para mostrar o novo trabalho, Recombinando Atos, em evento que reúne a banda Scambo – com quem dividiram o palco na última visita – e a banda Cascadura. “Pra Salvador, estamos levando o álbum completo, com todas as canções do DVD e algumas outras que não tocamos da outra vez e são canções do Teatro Mágico que remontamos”, diz Fernando Anitelli, vocalista e líder da banda.
Álbum Novo
Recombinando Atos é o quarto CD, terceiro DVD e primeiro álbum ao vivo da banda. O lançamento comemora os dez anos de estrada do grupo. O cenário mais moderno, as projeções lúdicas, figurinos aprimorados, novos aparelhos aéreos e a mistura de cores e luzes
R$ 40 /BOX (CD+DVD) / LOJINHAOTEATROMAGICO.COM.BR
Novo trabalho revela a evolução da banda sem perder a essência e qualidade de produção
“O resultado foi uma vertente instrumental junto com a poética já tradicional ” FERNANDO ANITELLI, cantor
Fernando Anitelli em show de lançamento do álbum Recombinando Atos, em Belo Horizonte (MG)
são acompanhados por um repertório com canções que marcaram essa carreira, como Camarada D’água e O Anjo Mais Velho, do álbum Entrada para Raros – o primogênito – e Pena, de O Segundo Ato. Faixas de Sociedade do Espetáculo, o terceiro da discografia, também ganham espaço, como Além, Porém Aqui, Ama-
nhã... Será?, Da Entrega, Transição e Eu Não Sei Na Verdade Quem Eu Sou. Além dos sucessos, as quatro composições inéditas – É Ela, Todos Enquantos, Quando a Fé Surge e Perdoando o Adeus – integram a obra. Desde o terceiro álbum, o grupo teve mudança na direção musical com a entrada de Daniel
Santiago, que passou a fazer os arranjos e a produção, além de se tornar o guitarrista oficial. Como ele já tinha trabalhado com música instrumental e MPB ao lado de Hamilton de Holanda quinteto, Hermeto Pascoal, João Bosco, Milton Nascimento, dentre outros, trouxe essa influência para ser experimentada na produção musical.
O resultado foi uma “vertente instrumental junto com a poética já tradicional do Teatro Mágico. A ideia era justamente poder agregar tudo dentro do mesmo contexto”, diz Anitelli.
Personagens
Quem acompanhou a evolução dos álbuns e das apresentações, percebe a modernização no
além dos antigos hits, dentre eles Sorri, Sou Rei, Quero Ser Feliz Também e Leve Com Você. “As pessoas que acompanham a carreira da banda gostam de ouvir nos shows não só os hits, mas também o “lado B”. Então, sempre fazemos um repertório que englobe todo o nosso universo musical”, comenta o vocalista Alexandre Carlo sobre a escolha do set list. Segundo Alexandre, o público soteropolitano que vai aos
shows é bastante fiel e a experiência de tocar na cidade sempre é incrível. Também participam do evento a banda jamaicana The Glatiators, os rappers cariocas da Cone Crew e a banda de reggae baiana Adão Negro, que já dividiram o palco com o Natiruts em outras ocasiões. “Será um festival bem eclético”, avalia o cantor.
Escritor, membro da Academia de Letras da Bahia
Longe de terem desaparecido, os jagunços e cangaceiros se multiplicam. Apenas mudaram de cenário, da caatinga para as cidades. Trocaram aquele “banditismo de ostentação”, ligado à indumentária feita de couro, e seus adornos, entre estes o chapéu estrelado, pelo paletó e gravata – e mais comumente pela camisa de malha. Cangaço, aliás, é uma palavra rica de sentidos etimológicos. É mais do que o bagaço da uva pisada, como está no dicionarista Moraes, 1831. É o aumentativo de canga, que significa jugo, domínio, opressão. Também é um dispositivo de madeira a que são jungidos bois para transporte. De acordo com Beaurepaire Rohan, de 1889, cangaço quer dizer o conjunto de armas portadas por um valentão, ou, ainda, trastes de gente humilde,
MEIA), R$ 70 (CAMAROTE OPEN BAR)
“São sempre experiências incríveis, os shows do Natiruts em Salvador”
LANÇAMENTO DVD ACÚSTICO NATIRUTS / WET’N’WILD / R$ 50 (PISTA MEIA), R$ 70 (CAMAROTE) / SÁBADO, 21 HORAS
O vocalista Alexandre Carlo cantará também novas músicas
O mar não vai virar sertão Hélio Pólvora
O TEATRO MÁGICO, CASCADURA & SCAMBO / HOJE, 22H, BAHIA CAFÉ HALL / R$ 35 (PISTA
A banda jamaicana The Glatiators, os rappers da Cone Crew e a banda de reggae Adão Negro estarão no palco
Natiruts faz show no Wet’n’Wild para lançar DVD acústico com hits da banda A banda de reggae brasiliense Natiruts volta a Salvador para lançamento do DVD Acústico Natiruts, hoje, às 21 horas, em apresentação no Wet’n’Wild. Com 17 anos de carreira, o grupo renova a sonoridade neste novo trabalho, substituindo o som da guitarra elétrica pelo violão. Quem estiver presente vai conferir um repertório com canções inéditas do DVD, como Supernova e Já Chorei Demais,
som, na estética e em outros detalhes do conjunto. A marca do clown, por exemplo, foi suavizada nas maquiagens. Anitelli explica que a intenção era causar identificação do público com o personagem, que iria se humanizando, sem perder a essência. “A gente tinha essa ideia de trazer essa crítica, mostrando que não tinha separação entre palco e plateia, todos podiam ser um personagem em comum. Por isso que o público vai vestido muitas vezes de um personagem. Depois de dez anos, a gente já traduziu isso”. Assim, a trajetória evoluiu de um primeiro álbum muito mais lúdico e circense para álbuns que expõem as críticas com mais veemência, como é o caso de Canção da Terra, música que está na trilha sonora da novela Flor do Caribe, cuja letra remete ao movimento sem-terra e às lutas campestres. O vocalista diz que considera o público de Salvador um dos melhores em participação e, assim como nas apresentações anteriores, espera que a animação tome conta do show. “A gente quer sentir esse mesmo furor de sempre”, disse.
Margarida Neide / Ag. A TARDE
REGGAE
THUANNE SILVA
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segundo Domingos Vieira, do Porto, que remonta a 1872. Algo a ver, portanto, com pobreza e escravidão, embora cangaceiros atuais, metidos na politica, andem podres de ricos e não se deem por satisfeitos. Nas suas pesquisas semânticas, o folclorista Luís da Câmara Cascudo afirma que, para os sertanejos do Nordeste brasileiro, cangaço é a matalotagem do cangaceiro, “inseparável e característica”, ou seja: roupas, suprimentos de boca (em geral, alimentos secos), bornais, armas, mezinhas consagradas pelo vulgo. No Brasil da República Velha, anota Cascudo no livro Flor de Romances Trágicos, a atividade
Cangaço é palavra rica de sentidos etimológicos. É mais do que o bagaço da uva pisada
ALEXANDRE CARLO, cantor
CURTAS do cangaço já valia a pena, era meio de vida apreciado. Ele próprio registra estes versos: Há quatro coisas no mundo/ Que alegram um cabra macho: /Dinheiro e moça bonita,/ Cavalo estradeiro baixo, /Clavinote e cartucheira/ Pra quem anda no cangaço. Ninguém nasce para cangaceiro, é claro. Mas quem vê a luz nos sertões, há de sofrer fatalmente os efeitos do meio. Além da terra adusta e semiárida, da vegetação raquítica e espinhenta, das pedras, dos rios e córregos temporários, das secas prolongadas que matam rebanhos, da água escassa, às vezes quase lama, o sertanejo antes de
Ninguém nasce para cangaceiro, é claro. Mas quem vê a luz nos sertões, há de sofrer os efeitos do meio
tudo desvalido perde o feijão, o porco, a vaca e os legumes, passa fome. Uns migram; outros ficam à espera da chuva redentora. É natural que, em ambiência geográfica hostil, alguém acabe por perder a paciência. E, para aperrearaindamais,háosdonos da terra, a polícia a seu serviço, a justiça pronta a despachar em seu favor. Projetos de irrigação avançam lentamente; açudes com dinheiro público só para os poderosos; verbas desaparecem no ralo da corrupção. É uma verdade histórica. A civilização começou pelo litoral, gostou do mar e ali plantou-se com os seus luxos. De vez em quando o sertão ameaçava virar mar, como aconteceu com Antônio Conselheiro e seu bando esfarrapadodepenitentes.Omar é que jamais quis ser sertão. Historiadores, romancistas e sociólogos se têm debruçado sobre o aspecto psicossocial do banditismo. Decerto a influência do meio pesa, e muito, mas naqueles tempos bicudos ser ladrão e saqueador dava algum lucro, servia ao menos para comer e vestir, apesar das forças volantes das polícias estaduais,
atiçadas pelos coronéis. Não tanto quanto hoje, com a extensa atividade política – mas sempre garantia a carne seca. O cangaceiro surgia em geral por força de conflitos de família, de posse de terras e reses, de agressões da polícia, casos de amor desfeito, ofensas públicas. Desfeiteado, injustiçado até o fundo da alma, partia para uma vingança longa e generalizada. Foi o que se deu com o mais famoso deles, o capitão Virgulino Ferreira Lampião. Perdera o pai José Ferreira da Silva, assassinado (segundo consta) pelo alferes José Lucena, comandante de volante, por instigação de um vizinho incômodo, José Saturnino, a quem Virgulino, vaqueiro da família, acusara de furtar bodes. Lampiãoteriaemseufavoresse ingrato começo ditado por maus fados. Comparado ao cangaceiro de hoje, foi ingênuo. Bandidos atuais contam com regalias nunca dantes sonhadas: o cargo público, em especial o de representação popular; o parentesco com o político de alta influência; o empréstimo a fundo perdido do banco oficial; o narcotráfico. Por isso o mar não quer virar sertão.
Banda polonesa de metal em Salvador A banda de heavy metal polonesa Vader se apresenta pela primeira vez em Salvador, hoje, às 21 horas, no Bali Beach Club (Piatã). A formação conta com Piotr "Peter" Wiwczarek (vocal e guitarra), Marek "Spider" Pajak (guitarra), Tomasz "Hal" Halicki (baixo) e James Stewart (bateria), que estão promovendo o álbum Welcome To The Morbid Reich. O Vader é considerado um dos nomes mais importantes do metal extremo e faz uma nova turnê pelo Brasil. Ingressos, R$ 60 (primeiro lote) e R$ 70 (segundo lote). Divulgação
O Vader se apresenta hoje, às 21 horas, no Bali Beach Club