MÚSICA_Zeca Pagodinho lança disco "Vida Que Segue", com clássicos do samba

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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 13/5/2013

MÚSICA Paulinho da Viola e Marisa Monte são alguns dos convidados do cantor

3 Guto Costa / Divulgação

Zeca Pagodinho lança CD e DVD com clássicos do samba THALITA LIMA

Quando o partido alto tomava conta dos subúrbios da capital carioca, nos anos 1970, lá estava Zeca Pagodinho, seguindo a tendência e frequentando as rodas do bloco carnavalesco Cacique de Ramos. O samba foi ocupando mais do que somente as horas vagas na sua vida e, em 2013, Zeca comemora 30 anos de carreira com o lançamento do seu CD e DVD Multishow Ao Vivo: Vida Que Segue, gravado em um show realizado no Rio de Janeiro, dias 4 e 5 de dezembro do ano passado.

MULTISHOW AO VIVO - 30 ANOS - VIDA QUE SEGUE / ZECA PAGODINHO

UNIVERSAL MUSIC/ R$ 29,90, DVD; R$ 19,90, CD / UNIVERSALMUSIC.COM.BR

Repertório e cenário

O novo álbum traz músicas clássicas do samba, que relembram os principais nomes do gênero, como Trem das Onze (Adoniran Barbosa), O Sol Nascerá (Cartola e Elton Medeiros), Diz Que Fui Por Aí (Zé Keti e Hortênsio Rocha), Aquarela Brasileira (Silas de Oliveira), Mascarada (Zé Keti e Elton Medeiros) e muitas outras. Todos esses clássicos fazem parte de um repertório que marcou a infância do cantor e que recupera os seus momentos de reunião familiar para tocar samba. “A ideia é mostrar como é que começou o meu amor pelo samba”, diz Zeca.

Zeca Pagodinho com o violonista Yamandú Costa e a cantora Marisa Monte, no show que foi gravado no final de 2012, no Rio de Janeiro

Essa concepção é combinada com um pano de fundo, no DVD, que remete às paisagens antigas ou bôemias do Rio de Janeiro, como a Lapa.

Participações

A produção contou com participações de artistas consagrados da música brasileira. A segunda canção do DVD, Preciso

Me Encontrar,, é interpretada por Zeca ao lado da cantora Marisa Monte e acompanhada pelos arranjos de Hamilton de Holanda (bandolinista) e Yamandú Costa (violonista). Esses dois últimos também participam da música Gosto Que Me Enrosco, uma composição de José Barbosa da Silva, o Sinhô, um dos maiores compositores

de samba do Brasil. Em seguida, o anfitrião chama Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela para dividir o palco cantando Foi um Rio que Passou em Minha Vida, composição de Paulinho em homenagem à escola. Entre as últimas canções, Pagodinho recebe também Leandro da Sapucahy para cantar Ba-

tuque da Cozinha. Tão especiais quanto os músicos convidados, para Zeca, são as crianças do Instituto Zeca Pagodinho, em Xerém, que participam do clipe da música É Vida Que Segue – também chamada de Por Que Não? – única inédita do álbum e que dá nome ao trabalho. Além do coral das crianças, o clipe é cantando jun-

to com a Xuxa. Com o trabalho pronto e já disponível para venda, Zeca Pagodinho diz estar satisfeito com o resultado. Segundo ele, alcançou a proposta de resgatar a herança do gênero que canta. “Quem é da antiga está relembrando e quem é novo está conhecendo o que é o samba”, diz o artista.

Escritor plural Elieser Cesar Jornalista e escritor eliesercesar@hotmail.com

Na galeria dos personagens do contista Mayrant Gallo encontram-se seres dilacerados pela vida, em desconforto com o mundo, enfrentando situações-limite, forçados a tomar uma decisão ou a não decidir nada, o que é a forma mais covarde de decisão. Em suas histórias, Mayrant Gallo nunca fala de acontecimentos etéreos ou melífluas ocorrências, mas da dureza da vida, do incerto destino dos homens. Sua literatura não apascenta consciências; dissemina incômodos, o que não poderia ser de outro jeito, pois, em geral, seus personagens acabam, de um jeito ou de outro, experimentando uma dessas patadas da vida; um desses coices traiçoeiros do destino. O novo livro de contos de Mayrant Gallo, Cidade Singular (Salvador: Kalango, 2013), vem

confirmar a impressão de desconforto que provoca no leitor: com raras exceções, suas criaturas tentam se equilibrar numa espécie de limbo existencial, à mercê de provações, desencantos e desilusões, como se o mundo fosse um laboratório de dores. Os ombros dos personagens de Cidade Singular suportam o mundo, aceitam-no em seu fatalismo irrevogável, não se insurgem contra ele. São seres que se, por ventura, esboçam ação afirmativa, não necessariamente uma ação moralmente aceita, como a Bonnie dos Barris e a Lolita malvada de Diários da Piscina, o fazem sabendo que acabarão caindo na mesma rede de repetições de uma vida para a qual parece não haver saída; um destino fatalizado como de tragédia grega. Com o estilo límpido, cuidadoso e carpinteiro de “um operário das palavras”, Mayrant Gallo passeia pelo relato noir, por Rubem Fonseca, Camus e Borges, dentre outros autores de sua predileção. Nos 15 contos exibe seu cosmopolitismo humano com a perícia de um es-

Joá Souza / Ag. A TARDE

critor plural que observa e denuncia os miasmas pulsantes de uma cidade singular em seus desencontros. Leitor seletivo, Mayrant Gallo reconhece o legado generoso da tradição, ao reconhecer a admiração por escritores, oriundos dos quatro cantos do mundo, como Goodis, Cain, Chandler, Camus, João Antônio, Rubem Fonseca e Borges,

cujos ecos reverberam, com maior ou menor intensidade, nos contos de Cidade Singular. Sexo, crime, solidão e a inutilidade última de todo gesto humano (como se tudo fosse fortuito e inócuo, no oceano tempestuoso da vida a desaguar num promontório vazio), presidem a trajetória dos personagens deste livro. Singular em seu variado cardápio de tipos humanos, a cidade de Salvador, por onde vagueia uma fauna plural de seres atormentados, é o onipresente personagem de aço e concreto, como num flerte com o naturalismo, no qual o ambiente, deletério ou benéfico, molda e traga as pessoas. Em Mayrant Gallo não se vislumbra um autor niilista, embora a desconfiança e descrença no homem e nas ações humanas sejam patentes no timbre do escritor. O que se deixa entrever é um cético que ainda deposita uma esperança mínima em alguns homens, sobretudo nas crianças como no menino do (autobiográfico?) Viagem Adentro do Ano Militar.

Ná Ozzetti faz show na Caixa Cultural

Pré-estreia do documentário Raça

A cantora Ná Ozzetti se apresenta de 22 a 26, às 20 horas, na Caixa Cultural Salvador, acompanhada por Dante Ozzetti (violões e direção musical ) e Mario Manga (violoncelo, guitarra e violão tenor). No show, Ná apresenta canções marcantes de seus 30 anos de carreira. Os ingressos são trocados por 1kg de alimento não perecível a partir das 14h do dia do espetáculo. Ela começou a cantar no grupo Rumo, símbolo da lendária Vanguarda Paulista. Ao longo de sua carreira, recebeu prêmios como o Sharp.

O documentário Raça, do cineasta brasileiro Joel Zito Araújo e da documentarista norte-americana Megan Mylan (ganhadora de Oscar) terá pré-estreia para convidados em Salvador, no dia 22, às 21 horas, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. Já a estreia comercial será no mesmo espaço, no dia 24. O tema do filme é o debate sobre a busca da superação da desigualdade racial no Brasil. A primeira exibição foi como hors concours, durante o Festival de Cinema do Rio de Janeiro, em 2012.

Salvador, com sua fauna plural de seres atormentados, é o onipresente personagem de aço e concreto

No livro de contos Cidade Singular, de Mayrant Gallo, criaturas tentam se equilibrar num limbo existencial

Sexo, crime, solidão e a inutilidade última de todo gesto humano movem os personagens

CURTAS Livro sobre a mulher será lançado quinta Gilson Guimarães, profissional que trocou a engenharia pela publicidade, estreia na literatura com um livro exaltando o lirismo e a força do sexo feminino. Ele lançará Imensidão Mulher, na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Federação), próxima quinta-feira, das 19 às 23 horas. A publicação reúne textos do autor que buscam lançar luzes sobre o mistério da alma feminina, com belas e sensuais imagens fotográficas. O livro sai pelo selo IdeaDesign Edições (leia-se Washington Falcão).

Divulgação

Gilson Guimarães é autor da publicação Imensidão Mulher

Feira é destaque da Semana dos Museus A 11ª edição da Semana de Museus promove atividades em todo o País, de hoje a domingo. Na Bahia, o evento que comemora o Dia Internacional de Museus (18 de maio) contará com a participação de 62 espaços museais da capital e do interior. O destaque é a 3ª Feira de Museus da Bahia, que acontece no dia 17, das 9 às 17 horas, na Praça Municipal de Salvador. Um total de 28 museus irão apresentar seus trabalhos, acervos e linhas de ação. O Ônibus Ciência Móvel do Museu de Ciência e Tecnologia da Uneb e apresentações artísticas como a

Orquestra Museofônica são outros atrativos da feira. A programação completa está no site www.museus.gov.br.

A exposição de postais e fotos O Bairro do Comércio será lançada no dia 16, no Museu Tempostal


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