CÊNICAS_ Palhaçaria com grupo Nariz de Cogumelo no Subúrbio Ferroviário

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2 Nariz de Cogumelo viaja pelo Subúrbio Ferroviário SALVADOR QUINTA-FEIRA 23/5/2013

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PALHAÇARIA Grupo apresenta dois espetáculos em praças e ruas de bairros como Fazenda Coutos, Paripe, Plataforma e Uruguai

Guto Amorim/ Divulgação

THALITA LIMA

As ruas do subúrbio ferroviário serão palco para o humor e sarcasmo típicos dos palhaços neste final de semana. Começando o itinerário pela Fazenda Coutos, o novo projeto do grupo de palhaçaria Nariz de Cogumelo levará dois espetáculos – sempre aos sábados e domingos – também para os bairros de Paripe, Plataforma e Uruguai. O bairro escolhido para a primeira parada já guarda um histórico do grupo, que esteve no local em 2011 pelo projeto Nariz de Cogumelo Invadindo a Cidade. “Nessas apresentações, as crianças perguntavam: ‘quando vocês vão voltar?’”, diz Diogo Flórez, um dos músicos do grupo. Então, decidiram arrumar as malas e seguir a linha do trem em direção ao subúrbio, como ilustra a foto.

A arte da palhaçaria

Espetáculos

Aos sábados, será apresentado o espetáculo É das Palhaças Que Eles Gostam Mais, com direção de Alexandre Casali, que aborda o universo da palhaçaria feminina e tem um humor mais direcionado para adulto. Já aos domingos, é a vez de O Salone, dirigido por João Lima. Com três números clássicos de palhaçaria de circo e outros dois criados pelo grupo, o espetáculo conta a história de Furabolo Tobogã, funcionária de um salão de beleza que sonha com a carreira de cantora. Em seu trabalho, Lima diz que foi preciso “aperfeiçoar as gags nos ritmos e tirar o tom teatral para trazer para a estética do palhaço”. As gags referidas são aquelas piadinhas ou gestos cômicos inseridos rapidamente dentro de um número maior, sem ter necessariamente relação com o contexto.

plateia, por causa daquela risada”.

Integrantes do Nariz de Cogumelo, que mistura palhaçaria e música para todos os públicos, passeiam a caráter entre trilhos ferroviários

“O palhaço serve para lembrar que somos humanos e que ser fora do padrão é normal” JOÃO LIMA, diretor de O Salone

Espaços e públicos

A rua, o teatro e o cabaré são alguns dos espaços que acolhem as apresentações do grupo em seus diversos trabalhos. Na adaptação do teatro para a rua, os espetáculos ganham em improvisação e perdem alguns elementos. ”O que é imprevisível pode virar algo que faz parte do es-

petáculo”, diz Larissa Uerba, que interpreta a palhaça Furabolo Tobogã. Para ela, a plateia faz ainda mais parte do contexto nas apresentações de rua. O estigma de que palhaçaria diverte apenas as crianças cai por terra nesta produção. No cabaré, onde se apresentam de forma itinerante, a plateia é formada por adultos.

Para este público, Larissa diz que o processo de conquista é maior. “É como se fosse: me prove que você não é só um palhacinho”. Em contrapartida, se identificam com o palhaço pela coragem para falar sobre assuntos tabus. Já com as crianças, a reação é mais imediata: “Se ela gosta, acaba conquistando o resto da

O Nariz de Cogumelo é um grupo formado em Salvador, que existe desde 2006 e, em 2008, passou a se aventurar nos espaços livres, apresentando-se em praças como Campo Grande e Pituba. A cultura do chapéu (arrecadação de dinheiro do público) é um dos fatores fundamentais para a sobrevivência do grupo, assim como de outros artistas independentes. Outros recursos são facilitados pelos contatos que estabelecem e pela contemplação em editais de cultura. Além dos cinco palhaços, a equipe é integrada por dois músicos. Diogo, que também integra a banda Sertanília e o grupo Canela Fina, diz que “música ao vivo possibilita ao palhaço brincar tanto com a música quanto com o tema com mais força”. Assim como o grupo, outros envolvidos com a palhaçaria também participam do Movimento Abre Rodas (MAR Palhaços), que promove apresentações e reuniões com o intuito de formar público e fomentar a arte de rua. Nos dias 1º e 2 de junho, Nariz de Cogumelo estará em Paripe, na Praça João Martins. Saem para o recesso junino e voltam a temporada em julho: dias 13 e 14 em Plataforma – com direito à oficina de introdução à arte do palhaço no dia 20 – e, nos dias 20 e 21, chegam à última parada do trajeto, no bairro do Uruguai. É DAS PALHAÇAS QUE ELES GOSTAM MAIS / SÁB, 16H30 / O SALONE / DOM, 16H30 / PRAÇA DOS PADRES - FAZENDA COUTOS /25 E 26 DE MAIO / PRAÇA JOÃO MARTINS – PARIPE / 1º E 2 DE JUNHO / CLASSIFICAÇÃO LIVRE / GRÁTIS

Tia Judith repete fórmula de besteirol, mas tem produção bem-cuidada e eficiente Eduarda Uzêda euzedaluna@gmail.com

O espetáculo Tia Judith ao Vivo, que está em cartaz no Teatro Módulo, não inova na forma do besteirol (inclusive com o velho expediente de homem vestido de mulher e a participação do público), sendo indicado para os amantes do gênero. Mas, diferentemente de muitas outras produções que seguem a mesma estética, traz produção bem-cuidada e detalhista na ambientação de um programa de variedades, que trata de moda a comportamento, de culinária a quadros bizarros, a exemplo dos chamados Um Dia de Pobre, A Desgraça do Outro ou Botando o Dedo na Ferida. O ator Bubba de Campos, que já participou de A Bofetada, um dos grandes sucessos do teatro baiano, tem presença de palco e sustenta a montaqem, de 1h40 minutos, com fôlego, bem à vontade, conseguindo imediata

empatia com a plateia. Ele convence como uma apresentadora de um programa de TV (misto de Hebe Camargo e Ana Maria Braga) de educação refinada, que ama vodca, e é um tanto quanto desastrada. Tia Judith é assistida pelo seu braço-direito Keyla Ramos, que nunca aparece em cena. É através do ponto, dispositivo usado como de guia em emissão televisivo, que Judith se comunica com ela. A peça, dirigida por Claudio Simões, mostra além da gravação, os bastidores do programa, apresentado pela personagem

(é quando a personagem é vista no camarim). Se na gravação fictícia do programa, apesar dos muitos quadros –Tia Judith ensina Tudo, Viajando com Tia Judith, Refletindo com Tia Judith, Jantando com Tia Judith, etc. –, as cenas conservam o ritmo, a cena do bastidor da personagem “quebra” o compasso do espetáculo e poderia ser dispensada. A cenografia do arquiteto Edilson Campelo é muito bem-elaborada, com direito a poltronas, bancadas de cozinha, vídeo e um belo lustre, adequando-se perfeitamente à proposta do espetáculo. Já o figuino de Valéria Kaveski

O ator Bubba de Campos sustenta a montagem, de uma hora e 40 minutos, com fôlego e muito à vontade

A cenografia do arquiteto Edilson Campelo é muito bem elaborada. O figurino de Valéria Kaveski é irregular

Bastidor

Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE

é irregular. Em alguns momentos traz Judith classuda, mas, em outros, como a da roupa de gueixa, deixa a desejar.

Comerciais

A montagem Tia Judith ao Vivo abre espaço para os comerciais, como no programa de televisão. É uma boa sacada do diretor, que justifica a saída de Judith para a troca de roupa. É como realmente o público estivesse em um programa aguardando os comerciais. Bubba também contracena com o vídeo, que traz participações especiais da atriz Neyde Moura, do cabeleireiro Chico Lemos e da comerciante Renata Olivera. A personagem, criada na internet, salta para o teatro com o objetivo de, também no palco, conquistar o público. Apesar da fórmula repetida, o público aplaude entusiasmado. TIA JUDITH AO VIVO / DE SEXTA A DOMINGO, ÀS 20H / ATÉ 28 DE JULHO / TEATRO MÓDULO / ( 71-2102-1350) / AV. PROF. MAGALHÃES NETO, 1177 - PITUBA /

Bubba de Campos consegue empatia da plateia como Tia Judith

R$ 40 E R$ 20 (SEXTA) R$ 50 E R$ 25 (SÁBADO E DOMINGO)

CURTAS ALB entrega prêmio a escritor mineiro Na próxima terça, às 18 horas, o poeta e escritor mineiro Evaldo Balbino recebe o Prêmio Braskem da Academia de Letras da Bahia 2012. Na cerimônia, que acontece no solar Góes Calmon (sede da ALB), será lançado o livro de contos vencedor do prêmio, Amores Oblíquos (7Letras). O livro concorreu com 76 outros originais, oriundos de 13 estados brasileiros, e é composto de 12 narrativas. Evaldo Balbino tem 37 anos e é professor de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Maxwell Vilela / Divulgação

O poeta Evaldo Balbino recebe o Prêmio Braskem de Letras

Novo olhar para a poesia de Castro Alves Dentro do programa cultural Café-Concerto para Poesia, o grupo Concertos Artes Integradas retorna ao Museu Carlos Costa Pinto amanhã para interpretar poemas de autores brasileiros e internacionais. Navio Negreiro, do baiano Castro Alves, é um dos textos escolhidos pelo trio Cristina Leifer (atriz), Marcel Moron (percussão) e Alexandre Bloisi (violonista). O poema escrito em 1869 ainda se mantém atual e relata a trajetória dos negros em travessia da África para o Brasil. O concerto é precedido pela apresentação do grupo

uruguaio de candombe La Matutina Tambores. A apresentação começa às 17 horas e os ingressos custam R$ 10.

Navio Negreiro é um dos textos interpretados pelo grupo Concertos Artes Integradas, no Costa Pinto

Morre compositor Henri Dutilleux

Livro com artigos de Rômulo Almeida

O compositor francês Henri Dutilleux, um dos compositores contemporâneos mais tocados em todo o mundo, morreu ontem, em Paris, aos 97 anos. Descrito como “clássico moderno”, Henri Dutilleux é o autor de obras ousadas e ao mesmo tempo acessíveis. Herdeiro de Debussy, Henri Dutilleux mantinha o mesmo respeito em relação aos tradicionalistas e aos vanguardistas. Sua última obra gravada, Correspondances, criada em 2003 em Berlim, foi lançada em janeiro por ocasião do 97º aniversário do músico.

Será lançado hoje, às 19 horas, na sede da Federação das Indústrias, o livro Rômulo: Desenvolvimento Regional e Industrialização, que reedita artigos do economista Rômulo Almeida. O lançamento é parte das comemorações pelos 65 anos da Fieb. A publicação homenageia o economista que concebeu e coordenou a equipe responsável pela implantação do Polo Petroquímico de Camaçari, idealizou e ajudou a criar o Banco do Nordeste do Brasil, a Chesf e a Petrobras, empresas e outras instituições.


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