ARTES VISUAIS_ Projeto "Entre" leva artes visuais e moda ao subúrbio ferroviário

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2 Projeto Entre realiza penúltima ação em Plataforma 6

SALVADOR TERÇA-FEIRA 29/7/2014

VISUAIS Idealizado pelo designer Alexandre Guimarães, as intervenções unem moda e artes visuais em diferentes espaços da cidade

THALITA LIMA

Na orla do subúrbio ferroviário de Salvador, em frente à estação de Plataforma, as marisqueiras da comunidade aproveitavam a maré baixa por volta das 9h30 para garantir seus pescados. Juntaram-se a elas, no último sábado, o artista visual Ayrson Heráclito e o fotógrafo Edgar Oliva para realizar a penúltima intervenção do projeto Entre, que une moda e artes visuais em diferentes pontos da cidade. Idealizado pelo designer de moda Alexandre Guimarães, o projeto é inspirado no conceito do wearable art, que pensa a vestimenta como expressão da individualidade de quem usa. Cada ação – também chamada de capítulos – parte da elaboração de uma “peça vestível”, como prefere definir o designer, que se relaciona com o universo de trabalho do artista participante, a fim de provocá-lo. Neste penúltimo capítulo (são oito, no total), Alexandre criou um terno branco para Ayrson, que remete à ligação do artista com o candomblé. Para manter a linha das criações anteriores, todas escuras, o designer manchou o terno de preto com guache. Vestido nessa indumentária, Ayrson produziu quatro cabeças humanas em argila, inspirado em um mito da cultura iorubana sobre a criação do homem, enquanto a interpretação desse processo ficava por conta das imagens de Edgar. “É a minha percepção artística explorando o máximo que eu puder da roupa, que é nossa segunda pele, e dos gestos e simbolismos que ele emana durante o processo”, explica o fotógrafo. Dele também partiu a escolha do lugar, onde esteve pela primeira vez com seus alunos da Escola de Belas Artes da

Ufba (EBA) e de onde já guarda registros fotográficos. Os 16 artistas selecionados foram agrupados em duplas pela curadoria de acordo com o estilo de cada um. Eles são apresentados à vestimenta e pensam juntos a ação. O resultado final é levar os registros e interpretações do encontro para o site e redes sociais

do projeto, que ainda pretende contar com mais edições.

Mito iorubano

Para compreender a intervenção, é preciso conhecer o mito da crença iorubana que Ayrson trouxe para o grupo. O artista explica: “Esse mito diz que Orunmilá, que era o deus supremo, pediu a Oxalá que criasse o ho-

mem. Oxalá, um grande escultor, escolheu diversos materiais. Experimentou o ar, mas não funcionou: o homem ficou muito etéreo. Experimentou a pedra, ficou muito rigído. Experimentou até o azeite de dendê e nada. Então ele foi ao encontro de Nanã, que é a senhora dos manguezais, da lama, e ela emprestou sua matéria para que ele

criasse o homem. Daí ele usou a lama (a argila). Deu certo”. Como contrapartida, a rainha Nanã fez um pacto com Oxalá para que toda vez que o homem morresse, ela tivesse o material de volta, devolvido à natureza. Nesse link com o rito de passagem, Ayrson e Edgar dedicaram o momento ao amigo videoartista malinês Bakary Dial-

lo, uma das vítimas do avião da Air Algerie que caiu na última quinta. Ele viria para Bahia fazer uma residência artística. A data escolhida para a ação, 26, não por coincidência é o dia de Nanã. Como finalização desse ritual, as cabeças de argila ficaram na praia esperando a maré subir e levar essa matéria de volta à natureza. Fernando Amorim/ Ag. A TARDE/ 26.07.2014

O artista visual Ayrson Heráclito e o fotógrafo Edgar Oliva promoveram o encontro artístico no último sábado em Plataforma, na orla do subúrbio ferroviário de Salvador

Professor Doidão & Os Aloprados: rock de gente madura que gente nova pode curtir Coletânea Chico Castro Jr. Jornalista e repórter do Caderno 2+

Dizem que rock é coisa de adolescente espinhudo. Mentira. Hoje, o rock é o novo jazz. Coisa de homens feitos, que já curtiram na juventude e, agora, dinheiro no bolso, vida estável, refazem suas coleções com relançamentos remasterizados de clássicos em edições de luxo. Os jovens? Hipsters de bigode curtem a “nova MPB”. O resto se esbalda no axénejo. Daí dizer que o rock é o novo jazz. Só que nem todo roqueiro velho se satisfaz apenas em decorar suas prateleiras. Vejam o senhor Isaac Fiterman. Por questão de elegância, o colunista não perguntou sua idade (mentira: esqueci mesmo), mas pelo prateado de sua basta cabeleira, ele já passou dos 50. Em 2008, cursando psicologia, ele se intitulou Profes-

sor Doidão e formou a banda com colegas, Os Aloprados. Isaac, que é funcionário público, ator e escritor, andou ocupado na época e só no ano passado retomou o projeto. “Minha trajetória é toda ligada à arte. A coisa da música aconteceu na faculdade. Falei: ‘tenho umas letras, vamos fazer som’. Dai veio o nome, por que dizem que psicólogo é maluco”, conta.

Sonhar e ser feliz

Neto Lobo (A Cacimba) o ajudou no início, musicando algumas letras. “Sempre curti muito o rock nacional: muito Raul, Legião, Ira! Capital Inicial, Roberto do início, Erasmo”, lista Isaac.

Dono de postura irreverente, Isaac parece mais moderno que muito hipster de calça colada que tem aí

Big Bands no FFS

Há alguns dias, o Professor & Aloprados lançaram com um show no Bar 30 Segundos seu primeiro registro, o EP Quero Reunir os Meus Mundos (ouça no Soundcloud, vale a pena). No dia 9 eles se apresentam no festival Big Bands, com uma pá de outras bandas legais. “Música para mim, assim como teatro, é uma terapia. Não tenho ilusões de sucesso, mas sei lá, vamos curtir, ser feliz. Mas vamos sonhar, né? Vai que algo acontece”, pensa Isaac. “Gostaria de dizer que existe muita coisa boa e nova sendo feita, independente da idade de quem faz”, garante. A banda é Isaac Fiterman (voz), Dan Borges (violão), Juliana White (baixo), Eliana (backing), Tony Lopes (bateria) e Felipe Britto (guitarra).

À frente, o Professor Doidão e seu bigodão

Domingo (dia 3), o festival Big Bands 2014 começa visitando o evento Faustão Falando Sozinho, do Irmão Carlos. Além do próprio Irmão com sua banda O Catado, o palco público do Marback recebe duas ótimas bandas do interior: Sanitário Sexy (Juazeiro) e Inventura (Alagoinhas). Confira a programação do BB2014, que volta a partir do dia 8 no Dubliner’s, que está muito legal. Domingo é de graça, a partir das 15 horas.

Casca com Lo Han Cascadura lança clipe da música O Delator com show no Portela. Lo Han faz as honras da casa. Sábado, 23 horas, R$ 20.

PROFESSOR DOIDÃO & OS ALOPRADOS NO BIG BANDS / COM ZEFIRINA BOMBA (PB),

Hard rock night

THE SEXY DRIVERS (PE), THE HONKERS, THE PIVOS, NOVELTA E REVERENDO T & OS DISCÍPULOS DESCRENTES / 9 DE AGOSTO

A sempre divertida King Kobra faz show com Stormbringer (Deep Purple cover) no Dubliner’s. Sexta, 22 horas, R$ 15.

(SÁBADO), 18 HORAS / DUBLINER’S IRISH PUB (RIO VERMELHO) / R$ 10 FACEBOOK.COM/PROFESSORDOIDAO Dan Borges / Divulgação

IGGY & THE STOOGES

BAIA

JOHNNY CASH

SOUNDGARDEN

ORQUESTRA SINFÔNICA HELIÓPOLIS E

GABRIEL FRANCIS

CORAL DA GENTE

Bem melhor que a volta com The Weirdness (2007), este Ready to Die deve ser o – enfim – canto do cisne da banda, já que o batera Scott Asheton morreu após as gravações, em março. Iggy Pop, como sabemos, é imortal, obrigado. Nota 8.

Na entressafra, Baia solta duas faixas no iTunes: Do Romantismo à Roma Antiga e Meu Facebook is on The Table. Em ambas, acidez e engenho: “Um CTRL+C e CTRL+V pra falar o que se pensa / Sem pensar no que dizer”. DO

Superunknown, cultuado disco do Soundgarden, completa 20 anos e ganha versão Deluxe, com dois CDs. O 1º traz o original remasterizado. O 2º agrupa demos, mixes alternativos e raridades.

O disco apresenta a trilha inédita composta pelo maestro Tim Rescala para a novela. Com a música que acompanha cada personagem ou situação, faz-se uma linda viagem à Vila Santa Fé. MEU

ROMANTISMO A ROMA ANTIGA / SOM

Doze gravações de Johnny Cash, engavetadas, compõem este belo álbum póstumo do Man in Black. Levadas no country rock, trazem o mestre nos anos 80, mais leve e bem humorado do que em seus últimos trabalhos. Que bom ouvi-lo de novo. OUT AMONG THE

READY TO DIE / DECK / R$ 29,90 CCJR.

Em seu disco de estreia, pianista mostra as referências do pop e do jazz, em um trabalho totalmente autoral, com todas as faixas compostas em inglês. De formação erudita, o músico não deixa de lado o popular. UNDISCOVERED

SUPERUNKNOWN DELUXE EDITION / R$

PEDACINHO DE CHÃO INSTRUMENTAL / R$

MELODIES / INDEPENDENTE / GRÁTIS EM

LIVRE / US$ 0,99 (POR FAIXA) CCJR.

STARS / SONY MUSIC / R$ 24,90 CCJR.

27,20 / UNIVERSAL MUSIC MARCOS CASÉ

24,90 / SOM LIVRE VERENA PARANHOS

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