GIUSEPPE FALSTAFF VERDI
FALSTAFF Ópera em três atos Música de Giuseppe Verdi Libreto de Arrigo Boito
Giuseppe Verdi Falstaff Nova montagem do Theatro Municipal de São Paulo William Shakespeare 450 anos de nascimento Abril 2014
12 sábado 20h 13 domingo 18h 15 terça 20h 17 quinta 20h 19 sábado 20h 20 domingo 18h 22 terça 20h 24 quinta 20h
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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Direção Musical e Regência
John Neschling
Direção Cênica, Cenografia e
Davide Livermore
Desenho de Luz Cenografia Figurinos
Giò Forma Gianluca Falaschi
Regente do Coro
Bruno Greco Facio
Falstaff
Ambrogio Maestri
12 15 17 19 22 24
Nelson Martinez
13 20
Rodrigo Esteves
12 17 2o 24
Luca Salsi
13 15 19 22
Marco Frusoni
12 15 19 22 24
Blagoj Nacoski
13 17 20
Ford
Fenton
Dr. Caius
Saverio Fiore
Bardolfo
Stefano Consolini
Pistola
Diógenes Randes
12 15 19 22
Saulo Javan
13 17 20 24
Virginia Tola
12 15 19 22 24
Adriane Queiroz
13 17 20
Rosana Lamosa
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Lina Mendes
13 17 20
Elisabetta Fiorillo
12 15 19 22
Romina Boscolo
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Denise de Freitas
12 15 19 22
Luciana Bueno
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Alice Ford
Nannetta
Mrs. Quickly
Mrs. Meg Page
Programa sujeito a alterações.
Sinopse
ato I
Na Taberna da Jarreteira, o Dr. Caius se retira indignado, depois de acusar Bardolfo e Pistola, os dois criados de Falstaff, de embebedá-lo para roubá-lo. Sem dinheiro para pagar a conta da taberna, Falstaff pede aos servos que levem suas cartas de amor às mulheres de Ford e Page. Ambos se recusam, alegando que a tarefa está abaixo de suas honras, e são enxotados pelo patrão com uma vassoura. Na casa de Ford, Alice e Meg Page comparam as cartas idênticas que receberam de Falstaff, do qual decidem se vingar, com a participação de sua amiga Quickly. Enquanto isso, Bardolfo e Pistola contam os planos de seu empregador a Ford, que também planeja desforra. Separadamente, homens e mulheres tramam contra Falstaff, ao mesmo tempo que Fenton e Nannetta (filha de Ford) aproveitam para levar adiante seu namoro clandestino: o pai prefere que a moça se case com o Dr. Caius.
Intervalo 25'
ato II
Ainda na taberna, Falstaff recebe os fingidos pedidos de perdão de Bardolfo e Pistola, que conduzem à sua presença Quickly. Ela anuncia ao nobre que Alice poderá recebê-lo naquela tarde, das duas às três horas. Depois da partida de Quickly, é a vez de Falstaff falar com Ford, que se apresenta como o Senhor Fontana, apaixonado por Alice Ford. Ele propõe a Falstaff que a seduza, para facilitar que a dama posteriormente seja sua, algo com que o fidalgo concorda prontamente, comunicando que já tem encontro marcado com ela – o que deixa Ford/Fontana enfurecido.
Sinopse baseada no libreto original de Arrigo Boito.
Falstaff é recebido por Alice na casa de Ford, e seus galanteios são interrompidos por Meg e Quickly, que anunciam a
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aproximação do marido enciumado. O sedutor é inicialmente escondido atrás de um biombo, sendo introduzido em um cesto de roupas sujas quando Ford e seus asseclas procuram por ele. Ouve-se um beijo atrás do biombo: Ford tem a expectativa de desmascarar Falstaff e a esposa, mas descobre que os enamorados furtivos são Nannetta e Fenton. Alice ordena que o conteúdo do cesto de roupas seja lançado no rio Tâmisa, e contempla, com o marido, Falstaff a se debater nas águas.
Intervalo 20''
ato III
Depois de se lamuriar de suas vicissitudes, Falstaff recebe, na Taberna da Jarreteira, a visita de Quickly, marcando um novo encontro com Alice – dessa vez, em um carvalho, na floresta de Windsor. Reza a lenda que um caçador teria se enforcado na árvore, tornando-a assombrada por duendes e feiticeiras. Dessa vez, a conspiração contra o nobre envolve todos os personagens. Paralelamente, Ford trama o casamento da filha com o Dr. Caius, enquanto as mulheres tentam arranjar para que Nannetta se case com Fenton. Falstaff entra, disfarçado, com uma galhada de veado na cabeça, e chega a se encontrar com Alice, que logo o deixa sozinho. O nobre é atormentado por Nannetta, fantasiada de fada, que evoca seu séquito e começa a atormentar o fidalgo. Finalmente, os presentes se revelam e denunciam as culpas de Falstaff, que assume a derrota. Ford toma a filha pela mão e anuncia seu noivado com o Dr. Caius, aceitando fazer o mesmo com um casalzinho incógnito que lhe é apresentado por Alice. Descobre, para seu espanto, que Bardolfo estava disfarçado de Nannetta, e que o outro casal era formado pela filha e Fenton. Curva-se ao destino e abençoa os apaixonados, enquanto Falstaff puxa a fuga final, em que todos cantam a moral da história: “Tudo no mundo é burla”.
Estreia mundial
Primeira apresentação no Theatro
9 de fevereiro de 1893 no
Municipal de São Paulo
Teatro alla Scala de Milão
03 de outubro de 1916
Regente Edoardo Mascheroni
Regente Giuseppe Baroni
Victor Maurel (Sir John Falstaff), Emma
Giacomo Rimini (Sir John Falstaff), Rosa
Zilli (Alice Ford), Antonio Pini-Corsi (Ford),
Raisa (Alice Ford), Armand Crabbé (Ford),
Edoardo Garbin (Fenton), Giovanni Paroli
Tito Schipa (Fenton), Angelo Algos (Doutor
(Doutor Caius), Paolo Pelagelli-Rossetti
Caius), Sinay Maury (Bardolfo), Gaudio
(Bardolfo), Vittorio Arimondi (Pistola),
Mansueto (Pistola), Ninon Vallin-Pardo
Adelina Stehle (Nannetta), Virginia Guerrini
(Nannetta), Adelina Roessinger (Meg Page),
(Meg Page), Giuseppina Pasqua (Quickly)
Giuseppina Bertazzoli (Quickly)
Primeira apresentação no Brasil
Mais recente apresentação no
24 de agosto de 1893 no Teatro São José
Theatro Municipal de São Paulo
Regente Cleofonte Campanini
Abril de 2008
Antonio Scotti (Sir John Falstaff), Eva
Orquestra Sinfônica e Coro Lírico
Tetrazzini (Alice Ford), Achille Moro (Ford),
Municipal de São Paulo
Giuseppe Cremonini (Fenton), Roberto
Regente Rodolfo Fischer
Ramini (Doutor Caius), Carlo Vanni
Diretor Cênico José Possi Neto
(Bardolfo), Leopoldo Cromberg (Pistola),
Licio Bruno/Douglas Hahn (Sir John
Cesira Ferrani (Nannetta), Ida Rappini (Meg
Falstaff), Laura de Souza (Alice Ford),
Page), Maria Judice Costa (Quickly)
Leonardo Estévez (Ford), Marcos Paulo (Fenton), Paulo Queiróz (Doutor Caius), Sérgio Weintraub (Bardolfo), Pepes do Valle (Pistola), Flávia Fernandes (Nannetta), Edinéia de Oliveira (Meg Page), Regina Elena Mesquita (Quickly)
Falstaff de Giuseppe Verdi Irineu Franco Perpetuo
”Prefiro Shakespeare a todos os outros autores dramáticos, sem exceção dos gregos”, Verdi escreveu certa vez a Antonio Somma, que seria seu libretista em Un Ballo in Maschera. Naquela época (1853, o emblemático ano de estreia de Il Trovatore e La Traviata), o compositor se sentia algo em débito com o Bardo: o Macbeth, de 1847, embora bem-sucedido, chegou a receber críticas de que o compositor não entendera Shakespeare, e sofreria profundas revisões em 1865, enquanto Rei Lear (para o qual Somma chegou a ser convidado a escrever o libreto) ficaria como um projeto acalentado e jamais concretizado. O dramaturgo britânico seria, contudo, o principal foco Irineu Franco Perpetuo é jornalista e tradutor, colaborador do jornal Folha de S. Paulo, da Revista Concerto e correspondente no Brasil da revista Ópera Actual (Barcelona).
do período tardio de Verdi. Embora parecesse firmemente decidido a “pendurar as chuteiras” em 1871, depois de Aida, o compositor se sentiu estimulado a voltar a compor óperas depois de seu editor, Giulio Ricordi, convencê-lo a conhecer, em 1879, o vêneto Arrigo Boito (1842-1918). Representante do movimento artístico conhecido como
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Scapigliatura (do italiano scapigliato, cuja tradução literal seria “descabelado”), que planejava renovar a cultura italiana da segunda metade do século XIX por meio da absorção de influências estrangeiras, como a poesia de Baudelaire e a música de Wagner, Boito era também um compositor, cuja ópera Mefistofele é ainda hoje ocasionalmente apresentada. Seus principais talentos, contudo, eram de libretista. Como assinala William Weaver em Verdi and his Italian Librettists, “diferentemente da maioria dos outros libretistas de Verdi, Boito era um intelectual e, pelos padrões culturais italianos da época, um cosmopolita. Viajara (sua mãe era uma condessa polonesa) e conhecia línguas”. Com Verdi, ele compartilhava o amor por Shakespeare – que conhecia não no original inglês, mas graças à tradução francesa de François-Victor Hugo (filho do autor de Os Miseráveis). E acabou convencendo o compositor a trocar a aposentadoria pela adaptação de uma obra-prima shakespeariana. O resultado foi Otello, estreado com sucesso no alla Scala de Milão, em 1887. Intenso e sofisticado, Otello tinha tudo para ser o fecho de ouro de uma carreira gloriosa. Porém, em seguida, Boito apresentou ao compositor um projeto com vários ingredientes para seduzi-lo. Tratava-se de uma nova adaptação de Shakespeare. E, dessa vez, uma chance de acertar as contas com a comédia. Pois, embora houvesse episódios cômicos no Rigoletto e La Forza del Destino (cujo frade Melitone pode ser visto como uma espécie de ancestral verdiano de Falstaff), o compositor não escrevia uma comédia desde sua segunda ópera, Un Giorno di Regno (Um Dia de Reinado), de 1840 – seu único fracasso. Assim, depois dos habituais queixumes sobre a idade excessiva e o impacto sobre sua saúde física e mental que a composição de uma nova ópera poderia ter, Verdi se lançou ao trabalho. No final de 1890, aos 77 anos de idade, ele es-
creveu ao crítico Giulio Monaldi: “Quis escrever uma ópera cômica por 40 anos, e conheço As Alegres Comadres há 50; […] contudo, os habituais 'poréns' que estão em todo lugar sempre me impediram de satisfazer tal desejo. Agora Boito resolveu todos os 'poréns', e escreveu para mim uma comédia lírica que não tem nada a ver com nenhuma outra. Estou me divertindo ao escrever a música; sem nenhum tipo de plano, e nem sei se vou concluí-la”. O trabalho avançou, com Verdi envolvido, com o perfeccionismo de sempre, não apenas em todos os detalhes da composição, mas também da apresentação de sua nova obra. Depois de diversos ajustes, a estreia aconteceu no alla Scala de Milão, em 9 de fevereiro de 1893. Em 10 de outubro do mesmo ano, Verdi completaria seu 80º aniversário. Embora sua popularidade tenha ficado um pouquinho atrás com relação a blockbusters verdianos como La Traviata ou Aida, Falstaff foi saudada desde o início como uma obra-prima, a derradeira e suprema realização de um mestre da arte lírica.
A sabedoria cega por amor
Um dos mais célebres personagens shakespearianos, Sir John Falstaff aparece em nada menos do que três criações do Bardo: A História de Henrique IV, A Segunda Parte de Henrique IV e As Alegres Comadres de Windsor. E, embora não entre em cena, é mencionado ainda em A Vida de Henrique V. Fanfarrão, inescrupuloso e covarde, Falstaff surge nas peças históricas de Shakespeare como a “má companhia” que aparentemente está desencaminhando Hal, o príncipe herdeiro da Inglaterra – o qual, depois de ascender ao trono como Henrique V, repudia seu antigo companheiro de farras, em um gesto que simboliza sua mudança de temperamento e caráter. As Alegres Comadres de Windsor teria sido encenada para comemorar a condecoração, em 1597, de George Ca-
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rey, patrono da companhia de teatro de Shakespeare, com a Ordem da Jarreteira (Order of the Garter), a mais antiga ordem de cavalaria da Inglaterra – basta lembrar que um pedaço da peça (e da ópera) se passa na Taberna da Jarreteira (Garter Inn). Uma teoria mais divertida vem do século XVIII: As Alegres Comadres de Windsor teriam sido encomenda da Rainha Elizabeth I, desejosa de ver Falstaff enamorado. Trata-se da única comédia elisabetana de Shakespeare ambientada em Londres, com maior proporção de prosa com relação a verso do que em qualquer outra peça do autor, linguagem coloquial e alusões a fatos conhecidos do público de seu tempo. O argumento central, girando em torno das tentativas frustradas do protagonista em seduzir duas mulheres casadas, e o ciúme de um dos maridos, vem da tradição italiana, brotando possivelmente de Il Pecorone (O Bronco), coletânea de 50 novelas de Giovanni Fiorentino, escrita no século XIV, e publicada em 1558, que serviu como base também para O Mercador de Veneza. Shakespeare urde uma trama de nada menos que onze intrigas e contra-intrigas, muitas das quais simultâneas. E o personagem-título sofre uma significativa modificação com relação ao mentor das esbórnias de Henrique V. Embora haja a crença de que o dramaturgo possa ter se inspirado em um colega de pena contemporâneo, o escritor Robert Greene, de comportamento dissoluto, para criar o personagem, costuma-se ver como sua fonte principal uma figura histórica: John Oldcastle, líder do movimento político e religioso Lollard, que pedia reformas na Igreja. Amigo de Henrique V, foi perseguido por heresia, e executado em 1417. Shakespeare teria inicialmente batizado seu anti-heroi de John Oldcastle, porém, devido a queixas de um descendente dele, Lord Cobham, teria sido forçado a mudar o nome para Falstaff – dessa vez, em “homenagem” a outra personalidade histórica, Sir John Fastolf, líder militar da Guerra dos Cem Anos cuja reputação permanece manchada até hoje pelas
Croqui de
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acusações de covardia na derrota inglesa diante dos franceses comandados por Joana D'Arc na Batalha de Patay (1429). Em Shakespeare's Festive Comedy, Cesar Lombard Barber aponta para as características físicas essenciais de Falstaff: seu “microcosmo é guiado por um nariz vermelho 'que, como um farol, avisa todo o resto de seu pequeno reino, homens, às armas' (citação da segunda parte de Henrique IV)”. Já a barriga é a sua “insígnia de ofício”. Na opinião do estudioso, tais características associariam-no a Baco e ao “personagem de pantomima da Terça-Feira Gorda (Shrove Tuesday)”. Como consequência direta desse raciocínio, talvez não seja completamente descabido, no Brasil, ver Falstaff como uma espécie de Rei Momo. Em Shakespeare's Comedies, Bertrand Evans, por seu turno, enfatiza a metamorfose de um personagem que se, em Henrique IV, fora “abençoado acima de tudo com uma visão verdadeira de si mesmo”, aqui aparece em todo seu ridículo por ser sempre, literalmente, o último a saber de todas as intrigas da peça. Evans atribui tal mudança à legendária exigência da Rainha: “um pedido para mostrar Falstaff apaixonado era um pedido para vê-lo feito de bobo por outros”. Assim, “um homem maravilhosamente circunspecto, de grande sabedoria, que é exibido em momento de profundo desconhecimento, no fim só pode parecer bobo”. E Falstaff, “da estirpe de Rosalinda e Próspero” (ambos distinguidos pela astúcia: a primeira, em Como Gostais e, o segundo, em A Tempestade), vê-se condenado a “desempenhar o papel de Bottom” (personagem transformado em asno nos Sonhos de Uma Noite de Verão).
Como seria de se esperar, Verdi não foi o primeiro compo-
Um sorriso sábio
sitor a se encantar com o potencial operístico do persona-
para o mundo
gem shakespeariano. Rival (porém não assassino) de Mozart, Antonio Salieri (1750-1825) estreou seu Falstaff, ossia Le Tre
Burle (Falstaff, ou As Três Piadas) em Viena, em 1799, enquanto o irlandês Michael William Balfe teve seu Falstaff, em italiano, apresentado com êxito em Londres, em 1838. Hoje em dia, tais criações estão completamente fora do repertório, não constituindo mais do que curiosidades. A única outra adaptação da peça de Shakespeare que frequenta ocasionalmente os palcos de ópera é Die lustigen Weiber von Windsor, estreada em Berlim, em 1849, pelo alemão Otto Nicolai (1810-1849). Entre críticos e musicólogos, a partitura de Verdi, que começa com uma alusão à forma sonata na primeira cena do primeiro ato, e conclui com uma grande fuga na cena final, tem sido louvada como uma das maiores realizações do compositor. Inserindo a ópera na grande tradição cômica italiana de Cimarosa e Rossini, os estudiosos vêem nela, como talvez em nenhuma outra criação verdiana, a forte presença de autores da tradição austro-germânica. Assim, Charles Villiers Stanford, depois de ouvir a estreia da ópera, declarou Beethoven como sua influência principal: “o estudo de perto dos quartetos e sonatas para piano fez-se evidente em toda a parte; o compositor da 'Waldstein' é o ancestral dessa grande criação”. Em Kobbé – o Livro Completo da Ópera, o Conde de Harewood escreve que “há na escrita dos ensembles uma cintilação, uma rapidez de movimento, uma vivacidade expressiva e uma economia de meios que não se via desde Mozart”. E Julian Budden, em seu ambicioso estudo sobre as óperas de Verdi, destaca que “não apenas a orquestra de Falstaff é idêntica à de Meistersinger [a ópera cômica de Wagner], com um piccolo além de duas flautas e um terceiro trompete; como os primeiros atos de ambas as óperas terminam com um ensemble desenhado em linhas bastante similares”. Teríamos aqui então Verdi como um compositor que soube assimilar e digerir as influências estrangeiras, sem que
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sua linguagem perdesse o caráter individual ou “nacional”. Por isso, de uma perspectiva histórica, Massimo Mila afirma que, em Falstaff, Verdi “afinou e modernizou sua linguagem musical, permitindo-lhe levar a bom termo e por sua conta essa grande manobra histórica que foi o resgate da música italiana de seu estancamento no provincialismo e sua inserção na circulação da cultura europeia”. “Talvez o nível mais imediato de diferença entre Falstaff e todas as óperas anteriores de Verdi seja a tendência da música a responder ao elemento verbal do drama com um detalhamento sem precedentes. Em boa parte da partitura, especialmente nos grandes duetos e monólogos, o ouvinte é bombardeado com uma diversidade assombrosa de ritmos, texturas orquestrais, motivos melódicos e recursos harmônicos”, descreve Roger Parker, em seu artigo sobre Falstaff para The New Grove Book of Operas. Parker crê que essa “literalidade exagerada” poderia truncar uma ópera trágica, mas serve às maravilhas em uma cômica, para “preencher o espaço musical com uma variedade infinita de cores”. Com a imaginação criativa do compositor estimulada por novos aspectos que apenas um meio como a comédia poderia oferecer, a ópera, nas palavras do autor, “nos deixa com uma imagem musical que é o reflexo exato das famosas fotografias de Verdi nos últimos anos: um velho de cartola, com olhos que viveram uma vida de lutas, lançando um sorriso sábio na direção do mundo”.
Falstaff de William Shakespeare Barbara Heliodora
Falstaff, ou mais precisamente Sir John Falstaff, é uma das mais famosas criações de William Shakespeare. Harold Bloom, por exemplo, considera que ele e Hamlet são os principais personagens de toda a obra do poeta, o que sem dúvida é um pouco exagerado. Mas a história de Falstaff é em si tão interessante quanto a sua figura. Era parte da tradição o fato de o príncipe Hal, futuro Henrique V, ter tido uma juventude bastante desregrada, e se ter transformado quase que miraculosamente no momento em que herdou a coroa, para se tornar o mais perfeito rei-cavaleiro. A esse respeito há toda uma coleção de documentos, onde são encontrados os vários episódios que se tornaram parte do retrato geral que dele tinham os ingleses durante o reinado de Elizabeth I. Foi nos historiadores (então chamados cronistas) como Edward Hall (1497–1547) e Raphael Holinshed (1529–1580) Barbara Heliodora é tradutora,
que Shakespeare encontrou a base histórica para suas pe-
diretora e foi crítica teatral dos
ças Henrique IV, 1 e 2, onde nasce o personagem Falstaff. A
jornais O Globo e Jornal do Brasil.
não ser pela informação geral de suas pândegas juvenis, é
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no precário texto de uma peça chamada The Famous Victories of Henry V que Shakespeare encontra três companheiros identificados do jovem príncipe, sendo o mais importante chamado Sir John Oldcastle, mas que não era nem gordo e nem velho, e menos ainda espirituoso. Tanto o príncipe quanto o seu amigo são muito mais comprometidos com o crime, e Sir John estimula o príncipe em sua contínua ânsia pela coroa, que o faz não só desejar a morte do pai constantemente, como até mesmo chegar a só recuar no último momento, quando já está com a faca apontada para a garganta do rei, quando este está doente. O texto das Famous Victories parece ser o produto da memória de vários atores, que armaram essa única versão hoje conhecida para apresentar a peça, muito popular, pelo interior da Inglaterra, durante o longo período (1592-94) em que os teatros londrinos ficaram fechados por causa da epidemia de peste bubônica. Mas apesar dos defeitos, o texto contém, superficialmente, todo o enredo das duas peças de Shakespeare sobre Henrique IV. Nas mãos de Shakespeare o que aparece é uma versão indizivelmente aprimorada de uma mistura do vaidoso e covarde Miles Gloriosus − O Soldado Fanfarrão, de Titus Maccius Plautus (230 a.C. - 180 a.C.) − da comédia romana (e suas várias versões na commedia dell'arte), com os antigos personagens alegóricos do teatro medieval como o Vício e o Boas Companhias, típicos desencaminhadores de jovens. A essa mistura Shakespeare juntou o que conhecia das tavernas e do submundo londrino, seus hábitos e seu vocabulário, assim como tudo aquilo que sobre esse tipo de vida cantavam as mais populares baladas. Falstaff, que com sua costumeira falta de modéstia diz de si mesmo "eu sou não só espirituoso eu mesmo, mas a razão para que o espírito apareça em outros homens", e sem dúvida boa parte de sua capacidade para encantar vem de sua alegria, assim como de sua ocasional capacidade de rir de si mesmo e de ter consciência de seus erros e sua corrup-
ção. E seu sucesso foi imediato e absoluto; dentro de pouco tempo já houve, na corte, quem apelidasse o inimigo de Falstaff, e que o apelido pegasse, para desespero da vítima. Uma das eternas questões que marcam os estudos shakespeareanos é a de Shakespeare ter planejado desde o primeiro momento escrever duas peças sobre Henrique IV e o príncipe Hal, ou se só o sucesso da primeira o tenha levado a criar a segunda. Só falamos aqui desse problema porque, provavelmente, no final da segunda parte, Shakespeare teria de apresentar a cena em que o príncipe repudia o antigo companheiro de farras. Nela Falstaff aparece sob uma luz bem mais condenável e corrupta do que na primeira. Quando as duas peças sobre o rei Henrique IV foram escritas, o personagem se chamava Sir John Oldcastle, e foi talvez pelo fato de o gordo cavaleiro ter comportamento ainda mais vergonhoso nessa segunda parte que só depois de ela ter sido apresentada é que Henry Brooke, Lord Cobham, descendente de um histórico e heróico Sir John Oldcastle, reclamou contra o uso do nome para personagem tão desmoralizado. As devidas pressões foram usadas e Shakespeare mudou o nome de seu divertido mau-caráter para Sir John Falstaff, alusão ao nome do cavaleiro John Fastolf, de carreira brilhante e meritória, até a batalha de Patay, na França, da qual fugiu, ou pelo menos retirou sua tropa ao ver a situação totalmente perdida. Esse já tinha aparecido na obra de Shakespeare, na primeira parte de Henrique VI, onde é visto perdendo a Ordem da Jarreteira, como aconteceu na vida real, muito embora mais tarde ele tenha sido perdoado e tido o nome novamente honrado. Falstaff, seja qual for o nome pelo qual é tratado, virtualmente adquiriu vida própria, tamanha a sua popularidade. Nas duas peças que lhe deram fama, 1 e 2 Henrique IV, o soldado fanfarrão, sejam quais forem seus pecados ou crimes, tem em seu brilho e humor a justificativa para que o príncipe seja seu amigo e o proteja em seus freqüentes conflitos com
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a lei. E o sucesso, quando as peças foram apresentadas na corte, foi tamanho que vive até hoje a tradição de que foi a própria Rainha Elizabeth quem disse que gostaria de o ver apaixonado. Reza também a tradição que em duas semanas Shakespeare escreveu a comédia, que deveria ser apresentada na corte por ocasião de uma solenidade de concessão da Ordem da Jarreteira. Fora de seu universo de mau guerreiro e bom aproveitador, a verdade é que o Falstaff de As Alegres Comadres de Windsor pode ter seus encantos, mas não se iguala ao das duas peças originais, pois fica mais tolo e menos esperto. O que nos leva, então, à sua terceira encarnação, que é como o Falstaff de Arrigo Boito/Giuseppe Verdi. O libreto enxuga a ação, corta o segundo fracasso do gordo herói junto à esperta Sra. Ford, corta um dos pretendentes à mão de Anne (agora Nannetta), para fazer a trama caber nas dimensões e no tom de uma ópera alegre e tão espirituosa quanto o Falstaff original se gabava de levar os outros a serem. Verdi é manifestamente admirador de Shakespeare e, portanto, é bem possível e até provável que tenha partido dele a ideia de incluir, na trama de sua adaptação de As Comadres, uma das mais famosas falas de Falstaff em Henrique IV, sua fascinante dissertação sobre a inutilidade da honra, que o gordo e covarde cavaleiro vê como atributo geralmente restrito aos mortos, assim, nada desejável para um apaixonado apreciador da vida como ele. É claro que a fala adquire uma dimensão muito maior quando é dita no campo de batalha, aquele mesmo em que o gordo cavaleiro vai se fazer de morto e, passado o perigo, levantar-se e dar um golpe no Henry Hotspur que o príncipe matou, e se apresentar como sendo ele o responsável pela morte. Mas como os planos de Falstaff para conquistar as alegres, bem casadas e fieis comadres de Windsor, o desprezo pela honra não fica deslocado. Única obra de Shakespeare que se passa em um ambiente de classe média, As Alegres Comadres de Windsor
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mostra, mais do que qualquer outra, o quanto o poeta era um inglês de seu tempo, nascido ele mesmo em universo bem semelhante àquele que optou por apresentar na única obra que escreveu de encomenda para a corte, o que muito depõe a respeito de seu bom senso, de seu amor ao mundo humano que o cercava. Sir John pode ter a ilusão de poder fazer conquistas fáceis graças à sua superioridade social, para ser derrotado pelo juízo, o bom senso e também o senso de humor daqueles que se mostram perfeitamente capazes não só de enfrentá-lo mas até mesmo de se divertir à custa dele. Por sorte, a personalidade daquela figura que tanto sucesso alcançara nas peças históricas, tinha todas as fragilidades que, em Falstaff, libreto e música tão bem aproveitam. No Falstaff de Verdi o personagem de Shakespeare realmente tomou nova vida, sem dúvida também por estar amparado por música da mais alta qualidade; na ópera ele tem o brilho, o humor, que o tornaram tão famoso, muito embora seja fundamental lembrar que, por mais que ele deva à dupla Boito/Verdi, ainda assim é graças à criatividade de Shakespeare que ele existe, pois sua personalidade original é que seduziu Verdi, a ponto de se igualar a Macbeth ou Otelo como fonte de inspiração.
O Don Giovanni Trapalhão Luis Pellegrini
Quando Falstaff estreou no Teatro Scala de Milão, em 9 de fevereiro de 1893, foi acolhido com enorme sucesso e entusiasmo por um público que não podia acreditar no que acabara de ver e ouvir. A ópera era um milagre de frescor, de talento e sabedoria musical. Os críticos, que compareceram em massa, admiraram sobretudo a capacidade de recuperar o espírito da ópera buffa italiana, por um músico à beira dos oitenta anos e que tinha escrito, quase como um passatempo, uma das máximas obras primas de todos os tempos. O sucesso foi tamanho que, na plateia, ao final da representação, aconteceram verdadeiras situações de histeria popular: o compositor foi chamado ao palco 30 vezes e, à saída do teatro, a multidão desatou os cavalos da sua carruagem e a puxou até o Grand Hotel de Milão, sua residência. DeLuis Pellegrini é jornalista,
pois de 54 anos de presença contínua nos teatros de ópera
escritor, tradutor e diretor de
do mundo todo ele não poderia ter fechado o seu percurso
redação da revista Planeta.
artístico de um modo melhor e mais estrepitoso.
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Verdi tinha setenta e seis anos quando aceitou o convite do velho amigo compositor e libretista Arrigo Boito para compor uma ópera cômica desbragada, baseada em As Alegres Comadres de Windsor, de William Shakespeare. As hesitações e reticências foram muitas, quase totais. Mas Boito não desistiu e desencadeou uma verdadeira campanha de sedução até conseguir vencer a resistência do maestro que, até então, acreditava ter encerrado a carreira com o grande sucesso de sua ópera anterior, Otello, estreada no alla Scala em 5 de fevereiro de 1887. Uma carta de Boito, enviada a Verdi em 9 de julho de 1889, foi definitiva para convence-lo: “Só existe um modo de encerrar a carreira melhor que com Otelo: é fechá-la vitoriosamente com Falstaff. Depois de ter feito rebombar todos os gritos e lamentos do coração humano, sair de cena com uma imensa gargalhada hilária. A Terra vai estremecer!” No dia seguinte Verdi respondeu de forma breve e decidida: “Caro Boito, Amém; que assim seja!... Não pensarei mais nos obstáculos, na idade, nas doenças!” Obstáculos, idade avançada, doenças: seriam preocupações sinceras ou caprichos de artista? Nas imagens daquela época que restaram ele parece um velho vigoroso, de olhar vivo e penetrante, a coluna dorsal bem ereta e a expressão orgulhosa, cheia de vitalidade. O trabalho demolidor do tempo, no entanto, não poupara Verdi. O mundo a seu redor estava desabando; um a um, os velhos amigos partiam, levados pela idade ou pela doença. Em carta a um amigo, ele escreve: “E assim, um após o outro, todos estão partindo. De todos que conheci em Milão na minha juventude não sobrou quase ninguém. Dois ou três, no máximo”. Sua rotina de vida, nesses anos, reduzira-se a longas permanências para curas medicinais nas Termas de Montecatini, em companhia das veteranas sopranos Giuseppina Strepponi, sua esposa, e Teresa Stoltz, velha amiga. Durante o inverno ia a Gênova, hospedando-se no Palácio do
Príncipe, pertencente à família Doria Pamphili; no verão, permanecia em sua propriedade rural em Sant’Ágata. O que, realmente, o teria levado a renunciar à sua pacata e confortável rotina de músico aposentado para se dedicar de corpo e alma à composição de uma nova ópera, dificílima, genial, inovadora, repleta de uma juventude e vigor difíceis de serem encontrados até mesmo em autores muito jovens? A resposta está contida na própria obra, na metáfora que ela representa, na simbologia dos seus personagens e de tudo aquilo que eles fazem. Falstaff não é apenas um legado artístico de Giuseppe Verdi: é, sobretudo, o seu testamento anímico. A obra onde ele declara e deixa explícita a sua visão de mundo, tudo aquilo que ele percebeu e concluiu ao longo da sua larga e profícua existência. Falstaff é uma imensa e terrível tragédia que surge nas vestes de comédia buffa. Quem é Falstaff? Em cena, o personagem aparece como um fanfarrão de meia idade, gordo, desengonçado, aproveitador, mitômano, ególatra, de moralidade duvidosa, não exatamente maldoso ou cruel, mas capaz de provocar algum sofrimento nos outros. É um desses tipos primários, de ego inchado, com uma visão falsa a respeito de si mesmo, com pouca consciência de limites; sobretudo, como é destituído de visão do outro, tenta continuamente seduzir os outros – sobretudo as mulheres – para provar que existe e tem algum valor. Falstaff se parece com alguém que conhecemos, alguém com quem, hoje como sempre, cruzamos ao caminhar pelas ruas, ou sentado na mesa ao lado em nossos escritórios. Ele é o protótipo do homem comum, deseducado, frágil, solitário e perdido na voragem do seu próprio narcisismo barato. Um menino crescido que, apesar do peso dos anos e da gordura que o reveste, apesar do crânio seboso e quase pelado, permanece um menino em sua psique. Alguém que, muito mais que relho e chibata, precisaria de compreensão, ajuda e amparo.
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O que ele recebe, no entanto, está bem longe disso. Na trama da ópera, após cometer alguns desmandos típicos de pequeno delinquente, ele comete um erro fatal: tenta seduzir, ao mesmo tempo, duas mulheres espertalhonas. Sem saber que elas são amigas íntimas, manda para ambas a mesma carta de amor, sem mudar uma vírgula sequer. Apesar de serem casadas, as duas comadres recebem com entusiasmo aquela carta recheada de galanteios. Mas esse entusiasmo vira animosidade quando percebem que o Don Giovanni trapalhão mandou para ambas a mesma missiva. E decidem nele aplicar uma punição exemplar. Graças a seus estratagemas, desenvolvidos na trama da ópera, o sedutor vai parar dentro de uma arca cheia de roupa suja que é atirada, afinal, num esgoto que conduz a sujeira ao rio Tâmisa. Ele quase perde a vida nessa aventura. A punição seria mais que suficiente, mas assim não pensam as comadres vingadoras. Tomadas pelo prazer da vingança, decidem prosseguir na “lição” a Falstaff. Convencem a população inteira da aldeia a participar de uma encenação capaz de levar qualquer um ao manicômio. Trabalhando astutamente sobre a vaidade pueril do sedutor, marcam com ele um encontro amoroso no meio da noite escura, nas proximidades do cemitério. E quando Falstaff está lá, sozinho, à espera da amada, os aldeões começam a surgir a seu redor, fantasiados de bruxas, fantasmas, fadas e duendes, vampiros, mortos-vivos e demônios. O que era no início a fruição jocosa de um simples prazer de vingança, transforma-se num irrefreável delírio de crueldade coletiva. Aterrorizado e escondido no fundo de uma cova, Falstaff é agora apenas o bode expiatório de toda uma comunidade empenhada na catarse de seus próprios maus sentimentos. É Giuseppe Verdi que, ainda uma vez, escancara para nós a sua opinião sobre o mundo e o homem. Ninguém escapa ao delírio da crueldade, nem sequer o casal de jovens enamorados, Fenton e Nannetta, que durante a maior parte
da trama se mantém mais ou menos puros e alheios ao que está acontecendo. Mas após cantar uma das mais belas árias de amor de toda a história da ópera como gênero músico/ teatral (Dal labbro il canto estasiato vola), Fenton reúne-se à sua Nannetta e ambos, respectivamente fantasiados de fantasma e de fada, reúnem-se à turba para aterrorizar Falstaff nas imediações do cemitério. Para Verdi, todos, no fundo, em maior ou menor medida, são Falstaffs, sem exceção, irmanados na incapacidade de controlar os próprios sentimentos e pulsões. Nisso sua escolha difere daquela de William Shakespeare. Para o grande dramaturgo inglês, Sir John Falstaff não é de modo algum uma figura apenas cômica; não é somente um cavaleiro decadente da declinante Idade Média que, reduzido agora à figura patética de um anacronismo vivo, tenta conduzir uma existência de parasita à custa dos burgueses ingleses enriquecidos. O Falstaff shakespeariano é um filósofo dono de uma sabedoria trágica e consciente das incongruências da vida, da honra e das noções éticas convencionais. Um filósofo que, ao final, com ironia superior, percebe existir na loucura uma prerrogativa universal: “Tudo no mundo é burla, o homem nasceu enganador, no seu cérebro há mais safadeza que razão”. Foi sobretudo na condição da ambivalência do trágico e do cômico, dos limites flutuantes entre essas duas formas de gênero dramático que Verdi, nos seus anos de alta maturidade, se aproximou ainda mais de Shakespeare. Como para o bardo inglês, o caminho que Giuseppe Verdi teve de percorrer para adquirir tais conhecimentos foi muito duro e difícil, da mesma forma que foi duro e difícil o desenvolvimento do seu caminho criativo como artista. E, como todo artista de primeira grandeza, Verdi percebeu que a própria experiência da vida é o modo mais eficaz para se colher em profundidade a realidade humana com toda a sua trama de paixões. A sua extensa obra é, integral-
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mente, expressão de uma visão trágica do mundo, com todos os seus ápices luminosos e os seus abismos escuros. A glória e o horror sempre juntos, de braços dados. A excepcionalidade de Falstaff talvez resida na constante serenidade que paira sobre toda essa ópera, por mais inquietantes que sejam as situações descritas ao longo da trama. Mas trata-se de uma serenidade de oitava superior, nunca caracterizada por um otimismo rasteiro e despreocupado. Longe disso, uma serenidade que aparece como avesso do trágico, com o qual se liga indissoluvelmente, como o yin se liga ao yang, e vice versa, no taoísmo da China. Em Falstaff, Verdi exibe uma sorridente superioridade, um desejo quase explícito de explicar a vida como uma comédia e o sorriso como o último recurso do homem sábio.
Quatro perguntas para o diretor cênico Davide Livermore
Quais foram as suas
Não necessariamente, mas apesar de ser originalmente
escolhas nesta montagem?
ambientada no século 15, há margem para deslocar a ação
O libreto de Falstaff
para outro ponto no tempo. Um diretor cênico sensível e
permite especialmente
aberto a entender a partitura encontrará o Verdi leitor de
alguma flexibilidade ao
Shakespeare, apaixonado pela obra do Bardo. Neste caso,
diretor cênico?
o diretor deve agir como um tradutor da obra verdiana/ shakespeareana.
O que o público deve
Tentei me aproximar ao máximo do palco elisabetano. Creio
esperar dessa montagem
que, caso interferisse na leitura que Verdi faz de Shakespe-
inédita de Falstaff?
are com um excesso de subjetividade, com minhas interpretações, com muitos elementos cênicos, isso penalizaria a música. Já tinha essa preocupação quando montei Otello e considero necessário dar um espaço vazio à criação verdiana/shakespeareana para que ela aflore. Partindo dessa ideia, quis fazer um teatro dentro do Theatro.
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Você pode olhar alguns elementos do cenário/figurino e pen-
Quais as razões para
sar “esta é uma montagem punk de Falstaff”. Não é. É uma
deslocar a ação do
montagem inglesa de Falstaff. Há uma série de elementos de
século 15 para o século
diversos aspectos da cultura inglesa, que é riquíssima: old en-
20 e fazer uma série de
glish, punks, engravatados da City londrina. A cultura inglesa
referências à cultura pop
é incrível em uma série de aspectos, tem algumas linhas divi-
e underground? Qual foi
sórias borradas, tem humor. Ela é anarco-monarquista. Qual
o efeito almejado?
monarca celebraria seu 50° aniversário de reinado como a Elizabeth II fez, com o guitarrista do Queen, Brian May, tocando o Hino Inglês, em pé sobre o Palácio de Buckingham? Ou que participaria do show de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres como ela fez, com aquela montagem com o James Bond, na qual a Rainha chega ao estádio de paraquedas? Shakespeare conseguiu ver isso. Verdi também. Sim! Se posso dizer que tenho orgulho de ser conterrâneo
Então, esses elementos
de alguém, esse é Verdi. Assim como o Bardo, ele era um
estão já na obra de
homem aberto, com uma visão muito à frente de seu tempo,
Shakespeare e Verdi?
um sujeito totalmente internacional, que vivia independente das amarras impostas pela tradição, pelo espírito gregário. Infelizmente, sinto que hoje na Itália há algo que sufoca a criação artística, sempre numa tentativa de enquadrar as coisas dentro de critérios pré-definidos. Mais de 100 anos após sua morte, Verdi é uma luz que desfaz as trevas.
Giuseppe Verdi
Arrigo Boito
William Shakespeare
(1813-1901)
(1842-1918)
(1564-1616)
Teatro alla Scala de Mil茫o,
Edoardo Mascheroni,
local da estreia da
o regente da estreia
贸pera Falstaff
(1852-1941)
Cartaz da apresentação
Johann Heinrich Füssli
em Trieste com o
(1741-1825): Falstaff in
elenco original
the laundry bascket (1792)
Adolf Schrรถdter (1805-1875): Falstaff und sein Page (1841)
Shakespeare, Verdi e Falstaff
1564
Batismo de William Shakespeare no dia 26 de abril, na cidade de Stratford-upon-Avon, Inglaterra. A data de nascimento do bardo é desconhecida.
1597
Primeira aparição da personagem Falstaff na obra de William Shakespeare, na peça Henrique IV, parte 1. A personagem aparece também na segunda parte de Henrique IV, composta em 1599.
1602
Publicação de As Alegres Comadres de Windsor, peça de William Shakespeare que serviu de base para criação de Falstaff pelo libretista Arrigo Boito.
1813
Nascimento de Giuseppe Verdi no dia 10 de outubro, na cidade de Roncole, próximo a Parma, na Itália.
1842
Após a morte dos filhos, seguida da morte da primeira esposa, e do fracasso de público da ópera Un Giorno di Regno, Verdi entra em reclusão e resolve abandonar a carreira lírica. Com a insistência de Bartolomeo Merelli, empresário do Teatro alla Scala e amigo do compositor, ele decide voltar a escrever. Sua próxima ópera Nabucco, é um estrondoso sucesso. O coro Va, Pensiero, cantado pelos escravos hebreus, se torna um símbolo da ocupação austríaca da Itália, fazendo de Verdi um símbolo do Risorgimento.
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1842
Nascimento de Arrigo Boito no dia 24 de fevereiro, na cidade de Pádua, na Itália.
1881
Primeira colaboração entre Boito e Verdi: o libretista revisa Simon Boccanegra e a nova versão tem grande êxito.
1887
Estreia Otello, com libreto de Arrigo Boito, baseado na peça homônima de Shakespeare.
1893
Estreia Falstaff, última ópera de Verdi, com libreto de Arrigo Boito, baseado nas peças Henrique IV, parte 1 e 2, e As Alegres Comadres de Windsor de Shakespeare.
1901
Morre de Giuseppe Verdi, no dia 27 de janeiro, em sua suíte do Grand Hotel de Milão. Seu amigo, o regente Arturo Toscanini, organiza um coro com mais de 800 pessoas que entoa Va, Pensiero, em homenagem ao compositor.
Gravações de Referência
CDs
Regente Claudio Abbado
Meg Page Stella Doufexis
Falstaff Bryn Terfel
Dr. Caius Enrico Facini
Ford Thomas Hampson
Bardolfo Anthony Mee
Alice Ford Adrianne Pieczonka
Pistola Anatoly Kotcherga
Fenton Danill Shtoda Nannetta Dorothea Röschmann
Filarmônica de Berlim
Quickly Larissa Diadkova
Deutsche Grammophon
Regente Leonard Bernstein
Meg Page Hilde Rössl-Majdan
Falstaff Dietrich Fischer-Dieskau
Dr. Caius Gerhard Stolze
Ford Rolando Panerai
Bardolfo Murray Dickie
Alice Ford Ilva Ligabue
Pistola Erich Kunz
Fenton Juan Oncina Nannetta Graziella Sciutti
Filarmônica de Viena
Quickly Regina Resnik
CBS/Sony
Regente Herbert von Karajan
Meg Page Nan Merriman
Falstaff Tito Gobbi
Dr. Caius Tomaso Spataro
Ford Rolando Panerai
Bardolfo Renato Ercolani
Alice Ford Elisabeth Schwarzkopf
Pistola Nicola Zaccaria
Fenton Luigi Alva Nannetta Anna Moffo
Philharmonia Orchestra
Quickly Fedora Barbieri
EMI
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DVDs
Regente Carlo Maria Giulini
Meg Page Brenda Boozer
Diretor Cênico Ronald Eyre
Dr. Caius John Dobson
Falstaff Renato Bruson
Bardolfo Francis Egerton
Ford Leo Nucci
Pistola William Wilderman
Alice Ford Katia Ricciarelli Fenton Dalmacio González
Orchestra and Chorus of the Royal
Nannetta Barbara Hendricks
Opera House Covent Garden
Quickly Lucia Valentini-Terrani
Warner Classics
Regente Daniele Gatti
Meg Page Judith Schmid
Diretor Cênico Sven-Eric Bechtolf
Dr. Caius Peter Straka
Falstaff Ambrogio Maestri
Bardolfo Martin Zysset
Ford Massimo Cavalletti
Pistola Davide Fersini
BLU-RAY
Alice Ford Barbara Frittoli Fenton Javier Camarena
Orchester der Oper Zürich & Chor
Nannetta Eva Liebau
der Oper Zürich
Quickly Yvonne Naef
C Major
LIBRETO Falstaff A ação original ocorre em Windsor, Inglaterra, no reinado de Henrique IV, no início do século 15.
Ato I Primeira Cena Atto I Scena Prima
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Bardolfo
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Interior da taverna da
L'interno dell'Osteria della
Jarreteira. Uma mesa, uma grande
Giarrettiera. Una tavola, un gran
poltrona, um banco. Sobre a mesa,
seggiolone, una panca. Sulla tavola i
os restos de uma grande refeição,
resti di un gran desinare, parecchie
muitas garrafas e um copo. Tinteiro,
bottiglie e un bicchiere. Calamaio,
penas, papel, uma vela acesa. Uma
penne, carta, una candela accesa.
vassoura apoiada na parede. Saída
Una scopa appoggiata al muro.
ao fundo, porta à esquerda.
Uscio nel fondo, porta a sinistra.
(entrando ameaçador)
(entrando minaccioso)
Falstaff!
Falstaff!
(sem atentar para as vociferações
(senza abbadare alle vociferazioni
do Dr. Caius, chama o taverneiro
del Dr. Cajus, chiama l'Oste che si
que se aproxima)
avvicina)
Olá!
Olà!
(mais alto do que antes)
(più forte di prima)
Sir John Falstaff!
Sir John Falstaff!
(para o Dr. Caius)
(al Dr. Cajus)
Oh! O que te deu?
Oh! che vi piglia?
(sempre vociferando e
(sempre vociando e
aproximando-se de Falstaff, que não
avvicinandosi a Falstaff, che non gli
lhe dá atenção)
dà retta)
Você bateu nos meus servos!…
Hai battuto i miei servi!...
(ao taverneiro, que sai para atender
(all'Oste, che esce per eseguire
o pedido)
l'ordine)
Taverneiro!
Oste!
outra garrafa de xerez!
un'altra bottiglia di Xeres.
(como acima)
(come sopra)
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Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Você destroçou minha jumenta baia,
Hai fiaccata la mia giumenta baia,
arrombou minha casa...
sforzata la mia casa.
(com fleuma)
(con flemma)
Mas não a sua empregada.
Ma non la tua massaia
Quanta graça!
Troppa grazia!
Uma velha remelenta.
Una vecchia cisposa.
Grão-Mestre, mesmo se fosse vinte
Ampio Messere, se foste venti
vezes
volte
John Falstaff Cavaleiro,
John Falstaff Cavaliere
eu o forçaria a responder-me.
vi sforzerò a rispondermi
Eis a minha resposta:
Ecco la mia risposta:
fiz aquilo que você disse.
ho fatto ciò che hai detto.
E então?
E poi?
E o fiz de propósito.
L'ho fatto apposta.
(gritando)
(gridando)
Apelarei ao Conselho Real.
M'appellerò al Consiglio Real.
Vá com Deus. Fique calado
Vatti con Dio. Sta zitto
ou zombarão de você;
o avrai le beffe;
esse é o meu conselho.
quest'è il consiglio mio.
(retomando a fúria contra Bardolfo)
(ripigliando la sfuriata contro Bardolfo)
Não terminei!
Non é finita!
Vá para o diabo!
Al diavolo!
Dr. Cajus
Bardolfo!
Bardolfo!
Bardolfo
Senhor Doutor.
Ser Dottore.
Dr. Cajus
(sempre com tom ameaçador)
(sempre con tono minaccioso)
Você, ontem, me fez beber.
Tu, ier, m'hai fatto bere.
(Dá o pulso para o Dr. Caius tomar)
(Si fa tastare il polso dal Dr. Cajus)
Falstaff
Bardolfo
Infelizmente! E que dor!...
Pur troppo! e che dolore!...
Estou mal. Dê-me um prognóstico seu.
Sto mal. D'un tuo pronostico m'assisti.
Meu intestino está arruinado.
Ho l'intestino Guasto.
Malditos os taverneiros
Malanno agli osti
que põem cal no vinho!
che dan la calce al vino!
(metendo o indicador sobre o próprio
(mettendo l'indice sul proprio naso
nariz, enorme e avermelhado)
enorme e rubicondo)
Está vendo este meteoro?
Vedi questa meteora?
Dr. Cajus
Estou vendo.
La vedo.
Bardolfo
Ele fica vermelho assim toda noite.
Essa si corca rossa così ogni notte.
Dr. Cajus
Bardolfo
Dr. Cajus
Falstaff
Pistola
Falstaff
(descontrolando-se)
(scoppiando)
Prognóstico de forca!
Pronostico di forca!
Você me fez beber, malandro, com ele...
M'hai fatto ber, furfante, con lui...
(apontando para Pistola)
(indicando Pistola)
...narrando bobagens;
...narrando frasche;
depois, quando fiquei bem bêbado,
poi, quando fui ben ciùschero,
você me esvaziou os bolsos.
m'hai vuotato le tasche.
(com decoro)
(con decoro)
Eu não.
Non io.
Quem foi?
Chi fu?
(chamando)
(chiamando)
Pistola!
Pistola!
(avançando)
(avanzandosi)
Patrão.
Padrone.
(sempre sentado na poltrona
(sempre seduto sul seggiolone
e com fleuma)
e con flemma)
Você esvaziou os bolsos desse
Hai tu vuotate le tasche a quel
Senhor?
Messere?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
(enfurecendo-se com Pistola)
(scattando contro Pistola)
Claro que foi ele. Vejam.
Certo fu lui. Guardate.
Como se prende à negação
Come s'atteggia al niego
esse focinho de mentiroso!
quel ceffo da bugiardo!
(esvaziando um bolso
(vuotando una tasca del
do gibão)
farsetto)
Aqui havia dois xelins
Qui c'eran due scellini
do reino de Eduardo
del regno d'Edoardo
e seis meias-coroas.
E sei mezze-corone.
Não ficou nem sinal.
Non ne riman più segno.
(para Falstaff, brandindo
(a Falstaff, dignitosamente
dignamente a vassoura)
brandendo la scopa)
Patrão, peço que me bata
Padron, chiedo di battermi
com esta arma de madeira.
con quest'arma di legno.
(para o Dr. Caius com força)
(al Dr. Cajus con forza)
Desminto você!
Vi smentisco!
Caipira! Está falando com um
Bifolco! tu parli a un
cavalheiro!
gentiluomo!
Tolo!
Gonzo!
Pedinte!
Pezzente!
Besta!
Bestia!
Cachorro!
Can!
Vil!
Vil!
Espantalho!
Spauracchio!
Gnomo!
Gnomo!
Broto de mandrágora!
Germoglio di mandragora!
Pistola
Quem?
Chi?
Você!
Tu.
Repita!
Ripeti!
Sim.
Si.
Pistola
Moleques!!!
Saette!!!
Falstaff
(a um sinal de Falstaff, Pistola
(al cenno di Falstaff, Pistola
contém-se)
si frena)
Opa! Pistola!
Ehi là! Pistola!
Não vá se descarregar aqui!
Non scaricarti qui!
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Dr. Cajus
Bardolfo
Falstaff
(chamando Bardolfo, que se
(chiamando Bardolfo che
aproxima)
s'avvicina)
Bardolfo!
Bardolfo!
Quem esvaziou os bolsos daquele
Chi ha vuotato le tasche a quel
Senhor?
Messere?
(repentino)
(subito)
Foi um dos dois!
Fu l'un dei due.
(com serenidade, apontando para o
(con serenità, indicando il
Dr. Caius)
Dr. Cajus)
Ele bebeu, e depois de muito beber
Costui beve, poi pel gran bere
perdeu seus cinco sentidos,
Perde i suoi cinque sensi,
e então nos contou uma fábula
poi ti narra una favola
com que sonhou enquanto
Ch'egli ha sognato mentre
dormia sob a mesa.
dormì sotto la tavola.
(para o Dr. Caius)
(al Dr. Cajus)
Está ouvindo?
L'odi?
Se compreender, terá certeza da
Se ti capaciti, del ver tu sei
verdade.
sicuro.
Os fatos estão negados.
I fatti son negati.
Vá em paz.
Vattene in pace.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44
Dr. Cajus
Bardolfo
Pistola
Falstaff
Juro que se voltar a me embebedar
Giuro che se mai mi ubbriaco
na taverna,
ancora all'osteria
será entre gente honesta,
Sarà fra gente onesta,
sóbria, civilizada e piedosa.
sobria, civile e pia.
(Sai pela porta da esquerda)
(Esce dalla porta di sinistra)
(acompanhando comicamente
(accompagnando buffonescamente
até a saída do Dr. Caius,
fino all'uscio il Dr. Cajus e
salmodiando)
salmodiando)
Amém!
Amen.
Pare com a antífona. Gritam em
Cessi l'antifona. Le urlate in
contratempo.
contrattempo.
A arte está nesta máxima:
L'arte sta in questa massima:
"Roubar com garbo e na hora certa".
Bardolfo
"Rubar con garbo e a tempo".
Vocês são artistas rudes.
Siete dei rozzi artisti.
Pistola
A…!
A...!
Falstaff
(põe-se a examinar a conta que
(si mette ad esaminare il conto che
o taverneiro trouxe junto à
l'Oste avrà portato insieme alla
garrafa de xerez)
bottiglia di Xeres)
Seis frangos: seis xelins;
Sei polli: sei scellini,
trinta jarras de xerez: duas liras;
trenta giarre di Xeres: due lire;
três perus...
tre tacchini...
(para Bardolfo, jogando-lhe a bolsa)
(a Bardolfo gettandogli la borsa)
Procure na minha bolsa.
Fruga nella mia borsa.
Dois faisões, uma anchova...
Due fagiani, un'acciuga.
(extrai da bolsa as moedas
(estrae dalla borsa le monete
e as conta sobre a mesa)
e le conta sul tavolo)
Um mark, um mark, um penny.
Un mark, un mark, un penny.
Falstaff
Procure.
Fruga.
Bardolfo
Procurei.
Ho frugato.
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Pistola
Bardolfo
Procure!
Fruga!
(jogando a bolsa sobre a mesa)
(gettando la borsa sul tavolo)
Aqui não tem mais nenhum troco.
Qui non c'è più uno spicciolo.
(levantando-se)
(alzandosi)
Você é a minha perdição!
Sei la mia distruzione!
Gasto a cada sete dias dez
Spendo ogni sette giorni dieci
guinéus!
ghinee!
Beberrão!
Beone!
Sei que se vamos, à noite,
So che se andiam, la notte,
de taverna em taverna,
di taverna in taverna,
esse seu nariz ardente
Quel tuo naso ardentissimo
me serve de lanterna!
mi serve da lanterna!
Mas essa economia de óleo,
Ma quel risparmio d'olio
você a consome em vinho.
tu lo consumi in vino.
(com fleuma)
(con flemma)
Há trinta anos que rego
Son trent'anni che abbevero
esse fungo púrpura!
quel fungo porporino!
Você custa demais.
Costi troppo.
(para Pistola)
(a Pistola)
E você também.
E tu pure.
Taverneiro! Outra garrafa.
Oste! un'altra bottiglia.
Vocês destroem minhas carnes!
Mi struggete le carni!
Se Falstaff emagrecer,
Se Falstaff s'assottiglia
não seria mais ele, ninguém o amaria;
Non è più lui, nessuno più l'ama;
neste abdome
in quest'addome
há milhares de línguas que
C'è un migliaio di lingue che
anunciam
annunciano
o meu nome!
il mio nome!
(aclamando)
(acclamando)
Imenso Falstaff!
Falstaff immenso!
(como acima)
(come sopra)
Falstaff enorme!
Enorme Falstaff!
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Falstaff
(olhando-se e tocando seu abdome)
(guardandosi e toccandosi l'addome)
Este é o meu reino. Eu o engrandecerei.
Questo è il mio regno. Lo ingrandirò
Pistola
Imenso Falstaff!
Falstaff immenso!
Bardolfo
Falstaff enorme!
Enorme Falstaff!
Mas é hora de aguçar o engenho.
Ma é tempo d'assottigliar l'ingegno.
Agucemos!
Assottigliam.
Falstaff
Bardolfo Pistola
Falstaff
Conheceram um tal, daqui da aldeia,
V'è noto un tal, qui del paese
cujo nome é Ford?
che ha nome Ford?
Bardolfo
Sim.
Si.
Pistola
Sim.
Si.
Falstaff
Aquele homem é um grande
Quell'uomo é un gran
burguês...
borghese...
Mais liberal do que um Creso.
Più liberal d'un Creso.
É um Lord!
È un Lord!
Falstaff
Sua mulher é bela.
Sua moglie é bella.
Pistola
E cuida do cofre.
E tien lo scrigno.
Falstaff
É ela! Oh, amor! Olhar de estrela!
È quella! O amor! Sguardo di stella!
Pescoço de cisne! E o lábio?
Collo di cigno! e il labbro?
Pistola
Bardolfo
Uma flor! Uma flor que ri.
Un fior. Un fior che ride.
Alice é seu nome,
Alice é il nome,
e um dia, ao me ver passar
e un giorno come passa mi vide
por suas paragens, riu.
Ne'suoi paraggi, rise.
Me ardeu a inspiração apaixonada
M'ardea l'estro amatorio
no coração. A Deusa lançava
Nel cor. La Dea vibrava
raios de espelho ustório...
raggi di specchio ustorio.
(apavonando-se)
(pavoneggiandosi)
sobre mim, sobre o valente flanco,
Su me, su me, sul fianco baldo,
sobre o tórax grande,
sul gran torace,
sobre o pé masculino,
Sul maschio pie',
sobre o robusto torso, escarpado,
sul fusto saldo, erto,
capaz;
capace;
e o seu desejo nela refulgia, tanto,
E il suo desir in lei fulgea sì
ao estar perto de mim,
al mio congiunto
que parecia dizer: "Eu sou do Sir John Falstaff".
Bardolfo
Che parea dir: "Io son di Sir John Falstaff".
Ponto.
Punto.
(continuando a fala de Bardolfo)
(continuando la parola di Bardolfo)
Parágrafo. Uma outra...
e a capo. Un'altra;
Bardolfo Pistola
Uma outra?
Un'altra?
Falstaff
...uma outra,
... un'altra,
e esta tem como nome Margarida.
e questa ha nome Margherita.
Pistola
Chamam-na de Meg.
La chiaman Meg.
Falstaff
E ela também está atraída por meu
È anch'essa dei miei pregi
prestígio.
invaghita.
E ela também tem as chaves do
E anch'essa tien le chiavi dello
cofre.
scrigno.
Essas serão as minhas Giocondas
Costoro saran le mie Gioconde
e a minha Costa Dourada!
e le mie Coste d'oro!
Olhem: sou ainda
Guardate. Io sono ancora
Falstaff
um agradável verão
una piacente estate
de San Martino.
Di San Martino.
Para vocês, duas cartas ardentes.
A voi, due lettere infuocate.
(Dá a Bardolfo uma das duas cartas
(Dà a Bardolfo una delle due lettere
que ficaram sobre a mesa)
che sono rimaste sul tavolo)
Você leva isto para Meg;
Tu porta questa a Meg;
tentemos a sua virtude.
tentiam la sua virtù.
(Bardolfo pega a carta)
(Bardolfo prende la lettera)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48
Pistola
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Já estou vendo que seu nariz arde
Già vedo che il tuo naso arde
de ciúmes.
di zelo.
(a Pistola, oferecendo a outra carta)
(a Pistola, porgendogli l'altra lettera)
E você leva esta para Alice.
E tu porta questa ad Alice.
(recusando com dignidade)
(ricusando con dignità)
Levo uma espada no flanco.
Porto una spada al fianco.
Não sou um alcoviteiro.
Non sono un Messer Pandarus.
Me recuso.
Ricuso.
(com calma desdenhosa)
(con calma sprezzante)
Saltimbanco.
Saltimbanco.
(avançando e jogando a carta
(avanzandosi e gettando la lettera
sobre a mesa)
sul tavolo)
Sir John, nesta intriga
Sir John, in quest'intrigo
não posso lhe ser condescendente.
non posso accondiscendervi.
Me impede...
Lo vieta...
(interrompendo-o)
(interrompendolo)
Quem?
Chi?
A honra.
L'Onore
(vendo o pajem Robin que
(vedendo il paggio Robin che
entra pelo fundo)
entra dal fondo)
Ei! Pajem!
Ehi! paggio!
(prontamente para Bardolfo e Pistola)
(poi subito a Bardolfo e Pistola)
Podem ir para a forca. Mas não
Andate a impendervi. Ma non più
comigo.
a me.
(para o pajem que sairá correndo
(al paggio che uscirà correndo
com as cartas)
con le lettere)
Duas cartas, tome, para duas
Due lettere, prendi, per due
senhoras.
signore.
Entregue logo, corra, rápido, vá!
Consegna tosto, corri, lesto, va!
(virado para Pistola e Bardolfo)
(rivolto a Pistola e Bardolfo)
A honra! Ladrões!
L'Onore! Ladri!
Vocês estão ligados à sua honra,
Voi state ligi all'onor vostro,
vocês!
voi!
Cloacas de ignomínia,
Cloache d'ignominia,
quando, nem sempre, nós
quando, non sempre, noi
podemos estar ligados à nossa.
Possiam star ligi al nostro.
Eu mesmo, sim, eu, eu,
Io stesso, sì, io, io,
devo às vezes colocar de lado
Devo talor da un lato
o temor a Deus
porre il timor di Dio
e, por necessidade, desviar a honra,
E, per necessità, sviar l'onore,
usar
usare
estratagemas e equívocos,
Stratagemmi ed equivoci,
manobrar, bordejar.
Destreggiar, bordeggiare.
E vocês, com seus trapos,
E voi, coi vostri cenci
com o olhar torto
e coll'occhiata torta
de leopardo e gargalhadas fétidas,
Da gattopardo e i fetidi sghignazzi
têm como escolta
avete a scorta
a sua honra! Que honra?
Il vostro Onor! Che onore?!
Que honra? Que honra! Conversa
che onor? che onor! che
fiada!
ciancia!
Que gozação!
Che baia!
A honra pode encher sua pança?
Può l'onore riempirvi la pancia?
Não. A honra pode reparar suas
No. Può l'onor rimettervi uno
canelas?
stinco?
Não pode.
Non può.
E um pé? Não. E um dedo?
Nè un piede? No. Nè un dito?
E um cabelo? Não.
Nè un capello? No.
A honra não é cirurgião.
L'onor non é chirurgo.
O que é então? Uma palavra.
Che é dunque? Una parola.
O que há nesta palavra?
Che c'è in questa parola?
Há ar, que voa.
C'è dell'aria che vola.
Bela construção!
Bel costrutto!
A honra, pode senti-la quem está
L'onore lo può sentire chi é
morto?
morto?
Não. Vive somente com os vivos?...
No. Vive sol coi vivi?...
Tampouco: pois de qualquer maneira
Neppure: perchè a torto
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50
incham-no as lisonjas,
Lo gonfian le lusinghe,
corrompe-o o orgulho,
lo corrompe l'orgoglio,
contaminam-no as calúnias;
L'ammorban le calunnie;
e isto para mim não quero!
e per me non ne voglio!
Mas, para voltar a vocês, tratantes,
Ma, per tornare a voi, furfanti,
esperei demais.
ho atteso troppo.
E os expulso.
E vi discaccio.
(Pega a vassoura com as mãos e
(Prende in mano la scopa e
persegue Bardolfo e Pistola, que
insegue Bardolfo e Pistola che
evitam os golpes correndo daqui
scansano i colpi correndo qua
para lá)
e là)
Olá! Rápido! Rápido!
Olà! Lesti! Lesti!
A galope! A galope!
Al galoppo! A galoppo!
O cabestro cai muito bem em vocês!
Il capestro assai bene vi sta.
Ladrões! Saiam! Saiam daqui!
Ladri! Via! Via di qua!
Saiam daqui! Saiam daqui!
Via di qua! Via di qua!
(Bardolfo foge pela porta da
(Bardolfo fugge dalla porta a sinistra.
esquerda. Pistola pela porta do
Pistola dalla porta del fondo, non
fundo, não sem levar alguns golpes
senza essersi buscato qualche colpo
de vassoura, e Falstaff o persegue)
di granata, e Falstaff lo insegue)
Segunda Cena
(Jardim. À esquerda, a casa de
(Giardino. A sinistra la casa di
Scena Seconda
Ford. Grupos de árvores no centro
Ford. Gruppi d'alberi nel centro
da cena. Alice, Nannetta, Meg, Mrs.
della scena. Alice, Nannetta, Meg,
Quickly e depois Mr. Ford, Fenton,
Mrs. Quickly, poi Mr. Ford, Fenton,
Dr. Caius, Bardolfo, Pistola. Meg e
Dr. Cajus, Bardolfo, Pistola. Meg e
Mrs. Quickly à direita. Caminham
Mrs. Quickly da destra. S'avviano
Meg
Alice
rumo à casa de Ford e encontram-se
verso la casa di Ford e sulla soglia si
com Alice e Nannetta, que estão de
imbattono in Alice e Nannetta che
saída, à soleira)
stanno per uscire)
(saudando)
(salutando)
Alice!
Alice.
(como acima)
(come sopra)
Meg!
Meg
Meg
Alice
Quickly
Alice
Meg
Quickly
Nannetta
(saudando)
(salutando)
Nannetta!
Nannetta.
(para Meg)
(a Meg)
Estava mesmo saindo. Para rir com
Escivo appunto. Per ridere con
você.
te.
(para Mrs. Quickly)
(a Mrs. Quickly)
Bom dia, comadre.
Buon dì, comare.
Deus lhe dê alegria.
Dio vi doni allegria.
(acariciando a bochecha de
(accarezzando la guancia di
Nannetta)
Nannetta)
Botão de rosa!
Botton di rosa!
(ainda para Meg)
(ancora a Meg)
Chegou num bom momento.
Giungi in buon punto.
Aconteceu-me um fato
M'accade un fatto da
inacreditável.
trasecolare.
A mim também.
Anche a me.
(aproximando-se com
(avvicinadosi con
curiosidade)
curiosità)
O quê?
Che?
(aproximando-se)
(avvicinandosi)
O que foi?
Che cosa?
(para Meg)
(a Meg)
Conte seu caso.
Narra il tuo caso.
Conte o seu.
Narra il tuo.
Conte, conte!
Narra! Narra!
Alice
Prometa não fazer fofoca.
Promessa di non ciarlar.
Meg
Imagine!
Ti pare?
Alice
Meg
Nannetta Quickly
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52
Quickly
Alice
Ora essa! Imagine!
Oibò! Vi pare?
Então: se eu me enfeitasse para
Dunque: se m'acconciassi a entrar
entrar nos
ne' rei
reais propósitos do diabo, seria
Propositi del diavolo, sarei
promovida
Promossa
ao grau de Cavaleira!
al grado si Cavalleressa!
Meg
Eu também.
Anch'io
Alice
Está brincando.
Motteggi.
Meg
(procura no bolso, tira uma carta)
(cerca in tasca, estrae una lettera)
Alice
Nannetta Quickly
Alice
Meg
Chega de palavras,
Non più parole,
estamos desperdiçando a luz do sol.
Ché qui sciupiamo la luce del sole.
Tenho uma carta.
Ho una lettera.
(procura no bolso)
(cerca in tasca)
Eu também.
Anch'io.
Oh!
Oh!
(dá a carta a Meg)
(dà la lettera a Meg)
Leia.
Leggi.
(dá a sua a Alice)
(scambia quella di Alice)
Leia.
Leggi.
(lendo a carta de Alice)
(leggendo la lettera di Alice)
“Fúlgida Alice! amor lhe ofereço...” Mas como?
Alice
Meg
"Fulgida Alice! amor t'offro..." ...Ma come?
O que está dizendo?
Che cosa dice?
Salvo o nome,
Salvo che il nome
a frase é igual.
La frase é uguale.
(lendo a carta de Meg)
(ripete la lettera di Meg)
"Fúlgida Meg, amor lhe ofereço..."
"Fulgida Meg, amor t'offro..."
"...amor desejo."
"...amor bramo."
Alice
Aqui “Meg”, lá “Alice”.
Qua "Meg", là "Alice"
Meg
É tal e qual,
È tal e quale,
Alice
Meg
"Não pergunte por quê, mas me diga:..."
"Non domandar perchè, ma dimmi..."
"...amo você."
"...t'amo"
Mas nunca lhe dei razão.
Pur non gli offersi cagion.
O nosso caso é mesmo estranho.
Il nostro caso é pur strano.
(todas em grupo ao redor das
(tutte in un gruppo addosso alle
cartas, confrontando-as e
lettere, confrontandole e
manejando-as com curiosidade)
maneggiandole con curiosità)
Vamos olhar com calma.
Guardiam con flemma.
Meg
Os mesmos versos.
Gli stessi versi.
Alice
A mesma tinta.
Lo stesso inchiostro.
Quickly
A mesma mão.
La stessa mano.
O mesmo brasão.
Lo stesso stemma.
(lendo juntas, cada uma sua
(leggendo insieme ciascuna sulla
Quickly
Nannetta
Alice Meg
própria carta) "Você é a alegre comadre,
Alice
Nannetta
Quickly
Alice
propria lettera) "Sei la gaia comare,
o compadre alegre sou eu,
il compar gaio "son io,
e aqui entre nós dois formamos um
e fra noi due facciamo il
par."
paio."
É.
Già.
Ele, ela, você.
Lui, lei, te.
Um par de três.
Un paio in tre.
“Formamos um par em um amor risonho” “de uma bela mulher e um homem..."
"Facciamo il paio in un amor ridente" "di donna bella e d'uom..."
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54
Todas Tutte
Alice
Todas Tutte
Alice
"... vistoso..."
"...appariscente..."
"Mas o seu rosto sobre mim
"Ma il viso tuo su me
resplandecerá
risplenderà
como uma estrela sobre a imensidão."
Come una stella sull'immensità."
(rindo)
(ridendo)
Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha!
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
"Responda ao seu escudeiro,
"Rispondi al tuo scudiere,
John Falstaff Cavaleiro."
John Falstaff Cavaliere."
Quickly
Monstro!
Mostro!
Meg Nannetta Alice
Monstro!
Monstruo!
Devemos enganá-lo.
Dobbiam gabbarlo.
E fazer um estardalhaço.
E farne chiasso.
E expô-lo ao ridículo.
E metterlo in burletta.
Oh, oh! Que divertido!
Oh! Oh! che spasso!
Que alegria!
Che allegria!
Meg
Que vingança!
Che vendetta!
Alice
Aquele odre, aquela tina!
Quell'otre, quel tino!
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
Quickly
Aquele Rei das panças,
Quel Re delle pance,
e que ainda tem a conversa fiada
Ci ha ancora le ciance
de um belo galanteador.
Del bel vagheggino.
E o óleo pinga
E l'olio gli sgocciola
da sua gordura sebosa
Dall'adipe unticcio
e ele ainda recita
E ancor ei ne snocciola
versos e jogos de palavras!
La strofa e il bisticcio!
Deixemos que ele desembuche
Lasciam ch'ei le pronte
suas frases feitas;
Sue ciarle ne spifferi;
fará como os pífaros
Farà come i pifferi
que descem da montanha.
Che sceser dal monte.
Meg
Nannetta
Quickly
Vocês verão que, se eu enganar
Vedrai che, se abbindolo
aquele compadre gordo,
Quel grosso compar,
mais rápido do que um moinho
Più lesto d'un guindolo
o farei girar.
Lo faccio girar.
Aquele homem é um canhão!
Quell'uomo é un cannone!
Se dispara, a nós é que lança!
Se scoppia, ci spaccia.
Aquele lá, se abraçá-la,
Colui, se l'abbraccia,
derrota a sua Juno.
Ti schiaccia Giunone.
Mas certamente se derrete
Ma certo si spappola.
aquele monstro a um aceno seu,
Quel mostro a tuo cenno
e corre para a armadilha
E corre alla trappola
e perde o juízo.
E perde il suo senno.
O poder de um frágil
Potenza di un fragile
sorriso de mulher!
Sorriso di donna!
A ciência de um ágil
Scienza d'un agile
movimento de saia!
Movenza di gonna!
Se ele morder a isca,
Se il vischio lo impegola
o ouviremos estrilar,
Lo udremo strillar,
e então o seu desejo
E allor la sua fregola
veremos se dissipar.
Vedremo svampar.
Se você planeja uma burla,
Se ordisci una burla,
também quero fazer parte.
Vo' anch'io la mia parte.
Convém conduzi-la
Conviene condurla
com juízo e com arte.
Con senno, con arte.
Da emboscada em que vai cair
L'agguato ov'ei sdrucciola
convém que ele não suspeite;
Convien ch'ei non scerna;
Já confunde um vagalume
Già prese una lucciola
com uma lanterna.
Per una lanterna.
Que o jogo funcionará,
Che il gioco riesca
disso não duvido;
Perciò non dubito;
para pegá-lo rápido,
Per coglierlo subito.
precisa oferecer a isca.
Bisogna offrir l'esca
E se o bom papo
E se i scilinguagnoli
soubermos utilizar,
Sapremo adoprar,
veremos então como um regato
Vedremo a rigagnoli
aquele gordo suar.
Quell'orco sudar.
Uma grande onda na tempestade
Un flutto in tempesta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56
lançou sobre a arena
Dr. Cajus
Bardolfo
Gittò sulla rena
de Windsor
Di Windsor codesta
uma voraz baleia.
Vorace balena.
Mas aqui não há mais espaço
Ma qui non ha spazio
para tornar-se mais gordo;
Da farsi più pingue;
tamanho é já o estrago
Ne fecer già strazio
feito por suas três línguas.
Le vostre tre lingue.
Três línguas mais alegres
Tre lingue più allegre
do que um trinado de castanholas,
D'un trillo di nacchere,
que são mais faladeiras
Che spargon più chiacchiere
do que seis papagaios.
Di sei cingallegre.
Que sempre seja alegre
Tal sempre s'esilari
aquele belo tagarelar.
Quel bel cinguettar.
Assim é que soam as felizes
Così soglion l'ilari
comadres a conversar.
Comari ciarlar.
(Afastam-se. Mr. Ford, Dr. Caius,
(S'allontanano. Mr. Ford, Dr. Cajus,
Fenton, Bardolfo e Pistola entram,
Fenton, Bardolfo, Pistola entrano,
falando com voz baixa e
parlando a bassa voce e
resmungando)
brontolando)
(para Ford)
(a Ford)
É um patife, um velhaco, um ladrão,
È un ribaldo, un furbo, un ladro,
um tratante, um turco, um vândalo;
Un furfante, un turco, un vandalo;
outro dia causou um estrago
L'alto dì mandò a soqquadro
em minha casa e foi um escândalo.
La mia casa e fu uno scandalo.
Se hoje um processo lhe
Se un processo oggi
entabulamos,
gl'intavolo
vingaremo-nos dos seus roubos,
Sconterà le sue rapine,
mas fim mais digno ele terá
Ma la sua più degna fine
se nas mãos do diabo terminar.
Sia d'andare in man del diavolo.
E os dois que estão ali no canto
E quei due che avete accanto
são gente com a mesma atitude,
Genti son di sua tribù,
não têm feitio de santo
Non son due stinchi di santo
nem são flores de virtude.
Né son fiori di virtù.
(para Ford)
(a Ford)
Falstaff, sim, repito, juro,
Falstaff, sì ripeto, giuro,
por minha boca o céu os ilumina,
Per mia bocca il ciel v'illumina,
contra vocês John Falstaff rumina
Contro voi John Falstaff rumina
Pistola
Fenton
Ford
um projeto um tanto impuro.
Un progetto alquanto impuro.
Sou homem de armas e aquele
Son uom d'arme e quell'
infame
infame
quer apenas envenená-los.
Più non vo' che v'impozzangheri;
Não queria, não, deixar a compostura
Non vorrei, no, escir dai gangheri
e a honra por um reino!
Dell'onor per un reame!
Senhor Ford, o homem avisado
Messer Ford, l'uomo avvisato
está a salvo só pela metade.
Non é salvo che a metà.
É seu dever tramar a emboscada
Tocca a voi d'ordir l'agguato
de que o emboscado desviará.
Che l'agguato stornerà.
(para Ford)
(a Ford)
Sir John Falstaff para vocês prepara,
Sir John Falstaff già v'appresta,
Senhor Ford, um grande perigo.
Messer Ford, un gran pericolo.
Sobre sua cabeça já se dependura
Già vi pende sulla testa
um ameaçador artigo.
Qualche cosa a perpendicolo.
Senhor Ford, eu já fui escudeiro
Messer Ford, fui già un armigero
daquele homem de grossa cútis,
Di quell'uom dall'ampia cute;
agora me arrependo e me corrijo
Or mi pento e mi morigero
por razões de saúde.
Per ragioni di salute.
A ameaça é por vocês agora conhecida,
La minaccia or v'è scoperta,
agora conhecem o enganador.
Or v'è noto il ciurmador.
Fique alerta, alerta, alerta!
State all'erta, all'erta, all'erta!
É a sua honra, meu senhor!
Qui di tratta dell'onor.
(para Ford)
(a Ford)
Se quiserem, não hesito
Se volete, io non mi perito
de levá-lo à razão,
Di ridurlo alla ragione
por bem ou por mal então,
Colle brusche o colle buone,
e pagar de acordo com seu mérito.
E pagarlo al par del merito.
Me traz coragem e causa cócegas,
Mi dà il cuore e mi solletica,
e será um duelo alegre,
E sarà una giostra gaia,
arrebentar aquela barrigona
Di sfondar quella ventraia
hiperbólica-apoplética.
iperbolico-apoplettica.
Com conselhos ou com a espada,
Col consiglio o colla spada
se encontrá-lo cara a cara,
Se lo trovo al tu per tu,
ou ele segue seu caminho,
O lui va per la sua strada
ou a Belzebu eu o envio.
O lo assegno a Belzebù.
Um zumbido de vespas e de ávidos
Un ronzio di vespe e d'avidi
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
zangões um sussurro,
Pistola
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo
Pistola
Bardolfo
Pistola
Bardolfo
Calabron brontolamento,
um retumbar de nuvens carregadas
Un rombar di nembi gravidi
de tempestade é o que escuto.
D'uragani é quel ch'io sento.
O cérebro um ébrio alucina,
Il cerebro un ebro allucina
um medo profundo chama;
Turbamento di paura
isto ao meu redor como uma buzina
Ciò che intorno a me si buccina,
é um sussurro de grande trama.
È un sussurro di congiura.
Falam quatro e um escuta;
Parlan quattro e uno ascolta;
qual dos quatro devo escutar?
Qual dei quattro ascolterò?
Se falasse um de cada vez,
Se parlaste uno alla volta
talvez assim eu viesse a concordar.
Forse allor v'intenderò
(para Pistola)
(a Pistola)
Repita.
Ripeti.
(para Ford)
(a Ford)
Em duas palavras: o enorme Falstaff
In due parole: L'enorme Falstaff
quer
vuole
entrar sob seu teto,
Entrar nel vostro tetto,
mordiscar sua consorte,
Beccarvi la consorte,
arrombar a caixa forte
Sfondar la cassaforte
e destruir o seu leito.
e sconquassarvi il letto.
Cáspite!
Caspita!
Que problema!
Quanto guai!
(para Ford)
(a Ford)
Já lhe escreveu um bilhete...
Già le scrisse un biglietto...
(interrompendo-o)
(interrompendolo)
Mas recusei aquela mensagem
Ma quel messaggio abbietto
abjeta.
ricusai.
Recusei.
Ricusai.
Tenham cuidado!
Badate a voi!
Cuidado!
Badate!
Pistola
Bardolfo Pistola
Bardolfo
Ford
Bardolfo
Ford
Dr. Cajus
Ford
Fenton
Nannetta
Ford
Alice
Dr. Cajus
Falstaff fica de olho em todas,
Falstaff le occhieggia tutte,
sejam bonitas ou feias,
Che siano belle o brutte,
solteiras ou casadas.
Pulzelle o maritate.
Todas! Todas! Todas! Todas!
Tutte! Tutte! Tutte! Tutte!
A coroa que adorna
La corona che adorna
a cabeleira eriçada de Atteon
D'Atteòn l'irte chiome
sobre vocês já desponta.
Su voi già spunta.
O que está dizendo?
Come sarebbe a dir?
Os chifres.
Le corna.
Palavra feia!
Brutta parola!
Tem desejos vorazes o Cavaleiro.
Ha voglie voraci il Cavaliere.
Vigiarei a mulher.
Sorveglierò la moglie.
Vigiarei o senhor.
Sorveglierò il messere.
(retornam pela esquerda as quatro
(rientrano da sinistra le quattro
mulheres)
donne)
Quero salvar meus bens
Salvar vo' i beni miei
dos apetites de outro.
Dagli appetiti altrui.
(vendo Nannetta)
(vedendo Nannetta)
É ela.
È lei
(vendo Fenton)
(vedendo Fenton)
É ele.
È lui
(vendo Alice)
(vedendo Alice)
É ela.
È lei
(vendo Ford)
(vedendo Ford)
É ele.
È lui
(vendo Alice)
(vedendo Alice)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Meg
É ela.
È lei
(vendo Ford)
(vedendo Ford)
É ele.
È lui
(vendo Ford)
(vedendo Ford)
Se ele soubesse!
S'egli sapesse!
Olhem!
Guai!
Alice
Esquivemo-nos dos seus passos.
Schiviamo i passi suoi.
Meg
Ford é ciumento?
Ford é geloso?
Alice
Muito.
Assai.
Silêncio.
Zitto
Tenhamos cuidado.
Badiamo a noi.
(Alice, Meg e Quickly saem
(Alice, Meg e Quickly escono
pela esquerda. Nannetta fica.
da sinistra. Resta Nannetta.
Ford, Dr. Caius, Bardolfo e Pistola
Ford, Dr. Cajus, Bardolfo e Pistola
saem pela direita. Fenton fica)
escono da destra. Resta Fenton)
Alice
Nannetta
Quickly
Alice
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta Fenton
(com voz baixa)
(a bassa voce)
Psiu, psiu, Nannetta.
Pst, pst, Nannetta.
(colocando o indicador nos lábios)
(mettemdo l'indice al labbro)
Ssshhh.
Sss.
Venha cá.
Vien qua
(olhando ao redor com cautela)
(guardando attorno con cautela)
Calado. O que você quer?
Taci. Che vuoi?
Dois beijos.
Due baci.
Depressa.
In fretta
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
(Beijam-se rapidamente)
(Si bacciano rapidamente).
Lábios de fogo!
Labbra di foco!
Lábios de flor!
Labbra di fiore!...
Que sabem o jogo vago do amor.
Che il vago gioco sanno d'amore.
Que dizem fofocas,
Che spargon ciarle,
que mostram pérolas,
Che mostran perle,
belas ao se ver,
Belle a vederle,
doces ao se beijar!
Dolci a baciarle!
(tenta abraçá-la)
(tenta di abbracciarla)
Lábios graciosos!
Labbra leggiadre!
(defendendo-se e olhando
(difendendosi e guardandosi
ao redor)
attorno)
Mãos malandrinhas!
Man malandrine!
Olhar assassino!
Ciglia assassine!
Pupilas ladras!
Pupille ladre!
Amo você!
T'amo!
(tenta beijá-la de novo)
(fa per baciarla ancora).
Nannetta
Imprudente, não.
Imprudente, no.
Fenton
Sim... dois beijos
Sì... due baci.
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
(solta-se)
(si svincola)
Basta.
Basta.
Gosto tanto de você!
Mi piaci tanto!
Vem vindo gente.
Vien gente.
(se afastam um do outro, enquanto
(si allontanano l'uno dall'altro, mentre
retornam as mulheres)
ritornano le donne)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
Fenton
(cantando ao se afastar) "Boca beijada não perde a
Nannetta
(cantando allontanandosi) "Bocca baciata non perde
ventura"
ventura"
(continuando a canção de
(continuando il canto di
Fenton e aproximando-se das
Fenton, avvicinandosi alle
outras mulheres)
altre donne)
"Pelo contrário, se renova, como faz
"Anzi rinnova come fa
a lua"
la luna"
(Fenton se esconde atrás das
(Fenton si nasconde dietro gli
árvores ao fundo)
alberi del fondo).
Alice
Falstaff zombou de mim.
Falstaff m'ha canzonata.
Meg
Merece um grande castigo.
Merita un gran castigo.
Alice
Nannetta
Alice Quickly
Alice
Quickly
Nannetta
Alice
Nannettta
Alice
E se lhe escrevesse uma
Se gli scrivessi un
mensagem?…
rigo?...
É melhor uma embaixada.
Val meglio un'ambasciata.
Sim.
Si.
(para Quickly)
(a Quickly)
Até aquele bandido
Da quel brigante
você irá. Seduza-o com a oferta
Tu andrai. Lo adeschi all'offa
de um galante encontro comigo.
D'un ritrovo galante con me.
Essa é boa!
Questa é gaglioffa!
Excelente embuste!
Che bella burla!
Primeiro, para atraí-lo até nós,
Prima, per attirarlo a noi,
o iludimos…
Lo lusinghiamo...
E depois?
E poi?
...e depois daremos a ele o que merece.
... e poi gliele cantiamo in rima.
Não merece um olhar.
Non merita riguardo.
Alice
É um boi.
È un bove.
Meg
E um homem sem fé.
È un uom senza fede.
Alice
É um monte de toucinho.
È un monte di lardo.
Meg
Não merece clemência.
Non merta clemenza.
Alice
É um glutão que desperdiça
È un ghiotton che scialacqua
tudo o que tem com seu cozinheiro.
Tutto il suo aver nel cuoco.
Vamos mergulhá-lo na água.
Lo tufferem nell'acqua.
Vamos assá-lo no fogo.
Lo arrostiremo al fuoco.
Que felicidade!
Che gioia!
Que alegria!
Che allegria!
Que felicidade!
Che gioia!
(para Quickly)
(a Quickly)
Procure fazer bem a sua parte.
Procaccia di far bene la tua parte.
Quem está vindo?
Chi viene?
Tem alguém ali espiando.
La c'è qualcun che spia.
Quickly
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Meg Quickly Alice Nannetta
Meg
Quickly
Meg
(Saem rapidamente pela direita
(Escono rapidamente da destra
Alice, Meg e Quickly. Nannetta fica,
Alice, Meg, Quickly. Nannetta resta,
Fenton se aproxima dela)
Fenton le torna accanto)
Fenton
Volto ao ataque.
Torno all'assalto.
Nannetta
Volto à luta. Fira!
Torno alla gara. Ferisci!
Para!
Para!
Fenton
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64
(Lança-se para beijá-la; Nannetta
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
(Si slancia per baciarla. Nannetta
protege o rosto com uma mão,
si ripara il viso con una mano
que Fenton beija sem parar, mas
che Fenton bacia e ribacia; ma
Nannetta a eleva o mais alto
Nannetta la sollea più alta che
que pode e Fenton tenta em vão
può Fenton ritenta invano di
alcançá-la com os lábios)
raggiungerla con le labbra)
A mira é para o alto.
La mira é in alto.
O amor é um ágil torneio,
L'amor é un agile Torneo,
sua corte
sua corte
quer que o mais frágil
Vuol che il più fragile
vença o mais forte.
Vinca il più forte.
Me armo e olho para você.
M'armo, e ti guardo.
Ficarei de tocaia.
T'aspetto al varco.
O lábio é o arco.
Il labbro é l'arco.
E o beijo é o dardo.
E il bacio é il dardo
Cuidado! A flecha
Bada! la freccia
fatal já dispara
Fatal già scocca
da minha boca
Dalla mia bocca
rumo à sua trança.
Sulla tua treccia.
(Beija a trança dela)
(Le bacia la treccia)
(envolvendo o seu pescoço
(annodandogli il collo
com a trança)
colla treccia)
Eis que está preso.
Eccoti avvinto.
Imploro pela vida!
Chiedo la vita!
Eu estou ferida,
Io son ferita,
mas você está vencido.
Ma tu sei vinto.
Piedade! Façamos
Pietà! Facciamo
as pazes e depois...
La pace e poi...
E depois?
E poi?
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Se quiser, recomeçamos.
Se vuoi, ricominciamo.
Belo é aquele jogo
Bello é quel gioco
que dura pouco. Basta.
Che dura poco. Basta.
Meu amor!
Amor mio!
Vem vindo gente. Adeus!
Vien gente. Addio!
(foge pela direita)
(fugge da destra)
"Boca beijada não perde a ventura"
(de dentro, respondendo) "Pelo contrário, se renova, como faz a lua"
Bardolfo
Ford
Pistola
Ford
Bardolfo
Pistola
Ford
"Bocca baciata non perde ventura".
(di dentro rispondendo) "Anzi rinnova come fa la luna"
(Regressam do fundo Ford, Dr. Caius,
(Rientrano dal fondo Ford, Dr. Cajus,
Bardolfo e Pistola)
Bardolfo, Pistola)
(para Ford)
(a Ford)
Você ouvirá o quanto ele ostenta
Udrai quanta egli sfoggia
uma alterada grandiloquência.
Magniloquenza altera.
Você disse que ele está alojado.
Diceste ch'egli alloggia.
Onde?
Dove?
Na Jarreteira.
Alla Giarrettiera.
Para ele você me anunciará,
A lui mi annuncerete,
mas com um nome falso;
Ma con un falso nome;
depois você verá como
Poscia vedrete come
o pego com minha rede.
Lo piglio nella rete.
Mas… nem uma palavra.
Ma... non una parola.
Em fofocas não me envolvo.
In ciarle non m'ingolfo.
Eu me chamo Bardolfo.
Io mi chiamo Bardolfo.
Eu me chamo Pistola.
Io mi chiamo Pistola.
Estamos de acordo.
Siam d'accordo.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66
Bardolfo
Pistola
Ford
Bardolfo Pistola
Ford
Dr. Cajus
Pistola
Ford
O arcano guardaremos.
L'arcano custodirem.
Sou surdo e mudo.
Son sordo e muto.
Estamos de acordo todos.
Siam d'accordo tutti.
Sim.
Sì.
Aqui, a mão.
Qua la mano.
(Aproximam-se ao fundo Alice,
(Si avanzano nel fondo Alice,
Nannetta, Meg e Quickly)
Nannetta, Meg, Quickly)
(para Ford)
(a Ford)
Do seu bárbaro diagnóstico
Del tuo barbaro diagnostico
talvez o mal seja menos bárbaro.
Forse il male é assai men barbaro.
Convém a você tentar a prova
Ti convien tentar la prova
molestíssima da verdade.
Molestissima del ver.
Assim se dá com o desagradável
Così avvien col sapor
sabor
ostico
do gengibre e do ruibarbo:
Del ginepro e del rabarbaro;
a amaríssima bebida
Il benessere rinnova
o bem-estar renova.
L'amarissimo bicchier.
(para Ford)
(a Ford)
Vocês devem encher o seu cálice,
Voi dovete empirgli il calice,
sem parar, interrogando-o,
Tratto tratto, interrogandolo,
para tentar conseguir
per tentar se vi riesca
encontrar o “x” da questão.
Di trovar del nodo il bandolo.
Como até a água inclina-se o
Come all'acqua inclina il
salgueiro,
salice,
ao vinho inclina-se esse Cavaleiro.
così al vin quel Cavalier.
Descobrirão a sua treta,
Scoverete la sua tresca,
revelarão seu pensamento.
scoprirete il suo pensier.
(para Pistola)
(a Pistola)
Você verá se funciona bem
Tu vedrai se bene adopera
a minha arte com aquele infame.
L'arte mia con quell'infame.
E terá valido a pena
E sarà prezzo dell'opera
se eu descobrir as suas tramas.
S'io discopro le sue trame.
Se de mim eu desviar o ridículo,
Bardolfo
Fenton
Alice
Meg
Nannetta
Se da me storno il ridicolo
nosso suor não terá sido em vão.
Non avrem sudato invan.
Se eu me salvar do perigo,
S'io mi salvo dal pericolo,
a serpente morde o charlatão.
L'angue morde il cerretan.
(para Ford)
(a Ford)
Senhor Ford, um infortúnio
Messer Ford, un infortunio
marital o ameaça,
Marital in voi si incorpora;
se não for astuto e cauto
Se non siete astuto e cauto
aquele Sir John o trairá.
Quel sir John vi tradirà.
Aquela lua cheia gorducha
Quel paffuto plenilunio
que a cor do vinho torna púrpura
Che il color del vino imporpora
encontrará um pasto abundante
Troverebbe un pasto lauto
na sua ingenuidade.
Nella vostra ingenuità.
(para si)
(fra sè)
Aqui resmunga um bando de
Qua borbotta un crocchio
homens,
d'uomini,
há no ar um encantamento.
C'è nell'aria una malia.
Ali gorjeia uma multidão de mulheres,
Là cinguetta un stuol di femine,
sopra um vento agitador.
Spira un vento agitator.
Mas aquela que no coração me chama,
Ma colei che in cor mi nomini,
doce amor, quer ser minha!
Dolce amor, vuol esser mia!
Nós seremos como duas estrelas
Noi sarem come due gemine
gêmeas unidas em um ardor.
Stelle unite in un ardor.
(para Meg)
(a Meg)
Vocês verão que, se eu enganar
Vedrai che, se abbindolo
aquele compadre gordo,
Quel grosso compar.
mais rápido do que um moinho
Più lesto d'un guindolo
o farei girar
Lo faccio girar
(para Alice)
(ad Alice)
Se ele morder a isca,
Se il vischio lo impegola
o ouviremos estrilar,
Lo udremo strillar,
e então o seu desejo
E allor la sua fregola
veremos se dissipar.
Vedremo svampar.
(para Alice)
(ad Alice)
E se o bom papo
E se i scilinguagnoli
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68
Quickly
Alice
Nannetta
soubermos utilizar,
Sapremo adoprar,
veremos então como um regato
Vedremo a rigagnoli
aquele gordo suar.
Quell'orco sudar
Que sempre seja alegre
Tal sempre s'esilari
aquele belo tagarelar.
Quel bel cinguettar;
Assim é que soam as felizes
Così soglion l'ilari
comadres a conversar.
Comari ciarlar.
(Ford, Dr. Caius, Fenton, Bardolfo
(Ford, Dr. Cajus, Fenton, Bardolfo,
e Pistola saem)
Pistola escono)
Nada de vagar mais por aqui…
Qui più non si vagoli...
(para Quickly)
(a Quickly)
Corra para o seu trabalho.
Tu corri all'ufficio tuo.
Quero que ele mie de amor
Vo' ch'egli miagoli
como um gatinho.
D'amor come un micio.
(para Quickly)
(a Quickly)
Concorda.
È intesa.
Sim.
Sì.
Assim será.
È detta.
Alice
Amanhã.
Domani.
Quickly
Sim. Sim.
Sì. Sì.
Bom dia, Meg.
Buon dì, Meg.
Nannetta, bom dia.
Nannetta, buon dì.
Adeus.
Addio.
Bom dia.
Buon dì.
Alice
Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
Nannetta
Meg Nannetta
Alice
Verão que aquela pança
Vedrai che quell'epa
terrível e metida se incha.
Terribile e tronfia si gonfia.
Alice Meg
Se incha.
Si gonfia.
Alice Meg
Se incha e depois racha.
Si gonfia e poi crepa.
Quickly Nannetta
Alice
"Mas o meu rosto sobre ele resplandecerá...
"Ma il viso mio su lui risplenderà..."
Todas
“... como uma estrela
"Come una stella
Tutte
sobre a imensidão!"
sull'immensità"
Ah! Ah! Ah!…
Ah! Ah! Ah!...
(Afastam-se rindo)
(s'allontanano ridendo)
Fim do Primeiro Ato
Fine del Primo Atto.
Ato II Primeira Cena Atto II Parte Prima
Bardolfo Pistola
Falstaff
Bardolfo Pistola
Bardolfo
(Interior da taverna da Jarreteira,
(L'interno dell'Osteria della
como no primeiro ato. Falstaff
Giarrettiera, come nell'atto primo.
sempre acomodado na sua grande
Falstaff sempre adagiato nel suo
poltrona, no mesmo lugar, bebendo
gran seggiolone al suo solito posto
seu xerez. Bardolfo e Pistola mais
bevendo il suo Xeres. Bardolfo e
ao fundo, próximos da porta da
Pistola verso il fondo accanto alla
esquerda. E Mrs. Quickly)
porta di sinistra. Poi Mrs. Quickly)
(cantando juntos e batendo
(cantando insieme e battendosi il
no peito, em ato de arrependimento)
petto in atto di pentimento)
Estamos arrependidos e contritos.
Siam pentiti e contriti.
(mal voltando-se para
(volgendosi appena verso
Bardolfo e Pistola)
Bardolfo e Pistola)
O homem retorna ao vício,
L'uomo ritorna al vizio,
a gata ao toucinho...
La gatta al lardo...
E nós, voltamos ao seu serviço.
E noi, torniamo al tuo servizio.
(para Falstaff)
(a Falstaff)
Patrão, tem aí uma mulher
Padron, là c'è una donna
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70
Falstaff
que à sua presença
che alla vostra presenza
pede para ser admitida.
Chiede d'essere ammessa.
Que entre.
S'inoltri.
(Bardolfo sai pela esquerda e regressa
(Bardolfo esce da sinistra e ritorna
logo, acompanhando Mrs. Quickly)
subito accompagnando Mrs Quickly)
(inclinando-se profundamente para
(inchinandosi profondamente verso
Falstaff, que permanece sentado)
Falstaff il quale é ancora seduto)
Reverência!
Reverenza!
Falstaff
Bom dia, boa mulher.
Buon giorno, buona donna.
Quickly
Se Sua Graça permite,
Se Vostra Grazia vuole,
(aproximando-se com grande respeito
(avvicinandosi con gran rispetto
e cautela)
e cautela)
Quickly
Falstaff
Quickly
se Sua Graça permite,
Se Vostra Gracia vuole,
eu queria, secretamente,
Vorrei, segretamente,
dizer-lhe quatro palavras.
dirle quattro parole.
Concedo-lhe a audiência.
T'accordo udienza.
(para Bardolfo e Pistola, parados
(a Bardolfo e Pistola, rimasti nel
ao fundo, espiando)
fondo a spiare)
Saiam.
Escite.
(saem pela esquerda, fazendo
(escono da sinistra facendo
gestos de escárnio)
sberleffi)
(inclinando-se novamente e
(facendo un altro inchino ed
aproximando-se mais do que antes)
avvicinandosi più di prima)
Reverência! A dama…
Reverenza! Madonna
(com voz baixa)
(a bassa voce)
Alice Ford...
Alice Ford...
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
(levantando-se e encostando-se
(alzandosi ed accostandosi a
em Quickly solícito)
Quickly premuroso)
O que tem?
Ebben?
Ai de mim! Pobre mulher!
Ahimè! Povera donna!
Você é um grande sedutor!
Siete un gran seduttore!
(rápido)
(subito)
Sou. Continue.
Lo so. Continua.
Alice
Alice
está muito agitada
Sta in gran agitazione
com o amor por você; manda dizer
d'amor per voi; vi dice
que recebeu sua carta,
Ch'ebbe la vostra lettera,
que lhe agradece e que
che vi ringrazia e che
seu marido sai sempre
Suo marito esce sempre
das duas às três.
dalle due alle tre.
Falstaff
Das duas às três.
Dalle due alle tre.
Quickly
Sua graça a essa hora
Vostra Grazia a quell'ora
Falstaff
Quickly
poderá livremente subir aonde mora
Potrà liberamente salir ove dimora
a bela Alice!
La bella Alice!
Pobre mulher!
Povera donna!
Suas angústias
le angosce sue
são cruéis! Tem um marido
Son crudeli! ha un marito
ciumento!
geloso!
(remoendo as palavras de Quickly)
(rimuginando le parole di Quickly)
Das duas às três.
Dalle due alle tre.
(para Quickly)
(a Quickly)
Diga a ela que impaciente espero
Le dirai che impaziente aspetto
essa hora. Ao meu dever não
Quell'ora. Al mio dovere non
faltarei.
mancherò.
Muito bem. Mas há outra
Ben detto. Ma c'è un'altra
embaixada
ambasciata
para Sua Graça.
per Vostra Grazia.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72
Falstaff
Fale.
Parla.
Quickly
A bela Meg,
La bella Meg ,
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
um anjo que apaixona quem a olha,
un angelo che innamora a guardarla,
também ela o saúda
Anch'essa vi saluta
muito amorosamente;
molto amorosamente;
diz que seu marido
Dice che suo marito
raramente está ausente.
é assai di rado assente.
Pobre mulher!
Povera donna!
Um lírio de candura e de fé!
un giglio di candore e di fe'!
Você enfeitiçou todas.
Voi le stregate tutte.
Bruxaria não há,
Stregoneria non c'è,
mas sim um certo encanto pessoal
Ma un certo qual mio fascino
de minha parte... Diga: uma
personal!... Dimmi: l'altra
sabe da outra?
Sa di quest'altra?
Jamais! A mulher nasce astuta.
Oibò! La donna nasce scaltra.
Não tema.
Non temete.
(procurando na sua bolsa)
(cercando nella sua borsa)
Agora quero remunerá-la...
Or ti vo' remunerar...
Quem semeia graças, colhe amor.
Chi semina grazie, raccoglie amore.
(extraindo uma moeda e
(estraendo una moneta e
dando-a a Quickly)
porgendola a Quickly)
Pegue, Mercúrio-fêmea.
Prendi, Mercurio-femina.
(dispensando-a com um gesto)
(congedandola col gesto)
Saúde as suas damas.
Saluta le tue dame.
Me inclino.
M'inchino
(Sai)
(Esce)
(sozinho)
(solo)
Alice é minha!
Alice é mia!
Vá, velho John, vá, vá por seu caminho.
Va, vecchio John, va, va per la tua via.
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Ford
Esta sua velha carne
Questa tua vecchia carne
ainda traz
ancora spreme
para você alguma doçura.
Qualche dolcezza a te.
Todas as mulheres amotinadas juntas
Tutte le donne ammutinate insieme
perdem-se por mim!
Si dannano per me!
Corpo bom de Sir John,
Buon corpo di Sir John,
que eu nutro e sacio,
Ch'io nutro e sazio,
vá, eu agradeço.
Va, ti ringrazio.
(entrando pela esquerda)
(entrando da sinistra)
Patrão, tem aí um certo
Padron, di là c'è un certo
Senhor Mestre Fontana
Messer Mastro Fontana
que anseia por conhecê-lo;
Che anela di conoscervi;
oferece um garrafão de vinho
offre una damigiana
de Chipre para o café da manhã
Di Cipro per l'asciolvere
de Sua Senhoria.
di Vostra Signoria.
Seu nome é Fontana?
Il suo nome é Fontana?
Sim.
Sì.
Bem-vinda seja
Bene accolta sia
a fonte que derrama
La fontana che spande
um licor assim!
Un simile liquore!
Entre.
Entri.
(Bardolfo sai)
(Bardolfo esce)
Vá, velho John, pelo seu caminho.
Va, vecchio John, per la tua via.
(Ford disfarçado entra pela
(Ford travestito entra da sinistra,
esquerda, precedido por Bardolfo,
preceduto da Bardolfo che si ferma
que para à porta e se inclina à sua
all'uscio e s'inchina al suo passaggio
passagem, e é seguido por Pistola,
e seguito da Pistola, il quale tiene
o qual tem um garrafão de vindo
una damigiana che depone sul
que coloca sobre a mesa. Pistola e
tavolo. Pistola e Bardolfo restano
Bardolfo ficam ao fundo. Ford tem
sul fondo. Ford tiene un sacchetto
na mão um saquinho)
in mano)
(aproximando-se depois de inclinar-se
(avanzandosi dopo un grande
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Bardolfo
Pistola
profundamente para a Falstaff)
inchino a Falstaff)
Senhor, que o céu o proteja!
Signore, v'assista il cielo!
(retribuindo a saudação)
(ricambiando il saluto)
Que o proteja também, senhor.
Assista voi pur, signore.
(sempre muito cortês)
(sempre complimentoso)
Eu sou,
Io sono,
na verdade, muito indiscreto,
Davver, molto indiscreto,
e peço-lhe perdão,
e vi chiedo perdono,
se, sem cerimônias,
Se, senza cerimonie,
aqui venho desprovido
qui vengo e sprovveduto
de mais longos preâmbulos.
Di più lunghi preamboli.
Você é bem-vindo.
Voi siete il benvenuto.
Em mim, você vê um homem
In me vedete un uomo
que tem uma grande abundância
ch'ha un'abbondanza grande
das riquezas da vida;
Degli agi della vita;
um homem que gasta e reparte
un uom che spende e spande
como melhor lhe apraz
Come più gli talenta
em sua extravagância.
pur di passar mattana.
Me chamo Fontana!
Io mi chiamo Fontana!
(indo apertar sua mão
(andando a stringergli la mano
com grande cordialidade)
con grande cordialità)
Caro senhor Fontana!
Caro signor Fontana!
Eu gostaria de
Voglio fare con voi
conhecê-lo muito mais.
Più ampia conoscenza.
Caro Sir John,
Caro Sir John,
desejo falar confidencialmente
desidero parlarvi in
com você.
confidenza.
(sussura para Pistola no fundo,
(sottovoce a Pistola nel fondo,
espiando)
spiando)
Atento!
Attento!
(sussurra para Bardolfo)
(sottovoce a Bardolfo)
Silêncio!
Zitto!
Bardolfo
Olhe! Aposto que ele vai direto
Guarda! Scommetto! Egli va dritto
para a armadilha.
Nel trabocchetto.
Ford o ludibria...
Ford se lo intrappola...
Bardolfo
Silêncio!
Zitto!
Pistola
Silêncio!
Zitto!
Pistola
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
(para Bardolfo e Pistola)
(a Bardolfo e Pistola)
O que fazem aí?
Che fate là?
(para Ford, que ficou sozinho)
(a Ford, col quale é rimasto solo)
Estou ouvindo.
V'ascolto.
Sir John, me inspira coragem
Sir John, m'infonde ardire
um bem conhecido provérbio popular:
Un ben noto proverbio popolar:
costuma-se dizer
si suol dire
que o ouro abre qualquer porta,
Che l'oro apre ogni porta,
que o ouro é um talismã,
che l'oro é un talismano,
que o ouro vence tudo.
che l'oro vince tutto.
O ouro é um bom capitão
L'oro é un buon capitano
que marcha adiante.
Che marcia avanti.
(avançando rumo à mesa)
(avviandosi verso il tavolo)
Muito bem. Tenho um saco de
Ebbene. Ho un sacco si
moedas
monete
aqui, que me pesa demais.
Qua, che mi pesa assai.
Sir John, se você quiser
Sir John, se voi volete
me ajudar a carregá-lo...
Aiutarmi a portarlo...
(pega o saquinho e o coloca
(prende il sacchetto e lo depone
sobre a mesa)
sul tavolo)
Com grande prazer...
Con gran piacer...
não sei, na verdade,
non so, davver,
qual é o meu mérito, Senhor...
per qual mio merito, Messer.
Eu os direi para você.
Ve lo dirò.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76
Há em Windsor uma dama,
Falstaff
Ford
Falstaff
muito bela e graciosa;
bella e leggiadra molto.
chama-se Alice,
Si chiama Alice;
é mulher de um certo Ford.
é moglie di un certo Ford.
Estou escutando.
V'ascolto.
Eu a amo e ela não me ama:
Io l'amo e lei non m'ama;
lhe escrevo, não responde;
le scrivo, non risponde;
a olho, não me olha;
La guardo, non mi guarda;
a procuro e se esconde.
la cerco e si nasconde.
Por ela desperdicei tesouros,
Per lei sprecai tesori,
esbanjei presentes sobre presentes,
gittai doni su doni,
idealizei, tramando,
Escogitai, tramando,
o sonho das ocasiões.
il vol delle occasioni.
Ai de mim! Tudo foi em vão!
Ahimè! tutto fu vano!
Fiquei sobre a escada,
Rimasi sulle scale,
negligenciado, com a boca seca,
Negletto, a bocca asciutta,
cantando um madrigal.
cantando un madrigale.
(cantarolando em tom de brincadeira)
(canterellando scherzosamente)
"O amor, o amor que nunca nos dá trégua, até que a vida..."
Ford Falstaff
“... ele destrói. É como a sombra...
Ford
Falstaff
Ford
C'è a Windsor, una dama,
"L'amor, l'amor che non ci dà mai tregue" "finchè la vita...
..."strugge. È come l'ombra...
...há quem fuja...
" c'è chi fugge..."
...persiga…”
"...insegue,,,"
“E quem o persegue...
"E chi l'insegue..."
... foge.
"...fugge"
O amor, o amor!”
L'amor, l'amor!
E este madrigal
E questo madrigale
aprendi a preço de ouro.
l'ho appreso a prezzo d'or.
Este é o destino fatal
Quest'è il destin fatale
do mísero amante.
del misero amator.
O amor, o amor,
L'amor, l'amor
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
que não nos dá nunca espaço para
Che non ci dà mai luogo a
ilusões?
lusinghe?
E ela nunca lhe deu espaço para
Essa non vi die' mai luogo a
ilusões?
lusinghe?
Não.
No.
Mas, enfim, por que se abre
Ma infin, perchè v'aprite
comigo?
a me?
Eu lhe direi:
Ve lo dirò:
você é um cavalheiro
Voi siete un gentiluomo
pródigo, arguto, fecundo,
prode, arguto, fecondo,
você é um homem de guerra,
Voi siete un uom di guerra,
você é um homem do mundo…
voi siete un uom di mondo...
(com humildade)
(con gento d'umiltà)
Oh!
Oh!...
Não o estou adulando,
Non vi adulo,
e isso é um saco de moedas:
e quello é un sacco di monete
Gaste-as! Gaste-as!
Spendetele! Spendetele!
Sim, gaste e espalhe
sì, spendete e spandete
todo o meu patrimônio!
Tutto il mio patrimonio!
Seja rico e feliz!
Siate ricco e felice!
Mas, em troca,
Ma, in contraccambio,
quero que você conquiste Alice!
chiedo che conquistiate Alice!
Estranha imposição!
Strana ingiunzion!
Me explico: aquela cruel beldade
Mi spiego: quella crudel beltà
sempre viveu
Sempre é vissuta
em grande voto de castidade.
in grande fede di castità.
A sua virtude inoportuna
La sua virtù importuna
me deslumbrava os olhos:
m'abbarbagliava gli occhi:
A bela inexpugnável dizia:
La bella inespugnabile dicea:
“Ai de você, se me tocar!”
"Guai se mi tocchi"
Mas se você a expugnar,
Ma se voi l'espugnate,
depois eu também posso ter
poi, posso anch'io
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78
esperança:
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
sperar:
da falha nasce outra falha e então...
Da fallo nasce fallo e allor...
O que lhe parece?
Che ve ne par?
Antes de tudo, sem lisonjas,
Prima di tutto, senza complimenti,
Senhor,
Messere,
aceito o saco.
accetto il sacco.
E depois, palavra de cavaleiro,
E poi, fede il cavaliere,
eis aqui a minha mão!
Qua la mano!
Farei que seus desejos se saciem.
farò le vostre brame sazie.
(apertando forte a mão de Ford)
(stringendo forte la mano a Ford)
Você, a mulher de Ford possuirá.
Voi, la moglie di Ford possederete.
Obrigado!
Grazie!!
Eu já estou muito adiantado;
Io san già molto innanzi;
(não há razão para que me cale
(non c'è ragion ch'io taccia
com você) dentro de meia hora
Con voi) fra una mezz'ora
estará em meus braços.
sarà nelle mie braccia.
Quem?
Chi?...
Alice. Ela me mandou há pouco uma…
Alice. Essa mandò dianzi una...
confidente
confidente
para me dizer que o cafona
Per dirmi che quel tanghero
do seu marido está ausente
di suo marito é assente
das duas às três.
Dalle due alle tre.
Das duas às três.
Dalle due alle tre.
Você o conhece?
Lo conoscete?
O diabo
Il diavolo
que o carregue para o inferno,
Se lo porti all'inferno
com Menelau, seu avô!
con Menelao suo avolo!
Você verá! Claro que vou corneá-lo!
Vedrai! Te lo cornifico netto!
Se me perturbar,
se mi frastorna
lhe desço um monte
Gli sparo una girandola
de pancadas sobre os cornos!
di botte sulle corna!
Esse Senhor Ford é um bobo!
Ford
Quel Messer Ford é un bue!
Um bobo! Vou enganá-lo,
Un bue! Te lo corbello,
você vai ver! Mas está tarde.
Vedrai! Ma é tardi.
Espere-me aqui.
Aspettami qua.
Vou me arrumar.
Vado a farmi bello.
(Pega o saco de moedas e sai
(Piglia il sacco di monete ed esce
pelo fundo)
dal fondo)
(sozinho)
(solo)
É um sonho ou é realidade?… Dois
È sogno o realtà?... Due
ramos enormes
rami enormi
crescem sobre minha cabeça.
Crescon sulla mia testa.
É um sonho? Senhor Ford!
È un sogno? Mastro Ford!
Senhor Ford! Está dormindo?
Mastro Ford! Dormi?
Acorde! Rápido! Desperte!
Svegliati! Su! Ti desta!
Sua mulher está cometendo um erro
Tua moglie sgarra
e colocando em maus lençóis
e mette in mal assetto
a sua honra, a casa e o seu leito!
L'onor tuo, la casa ed il tuo letto!
A hora está marcada, tramado está
L'ora é fissata, tramato
o engano;
l'inganno;
você será enganado e trapaceado!…
Sei gabbato e truffato!...
E depois dirão
E poi diranno
que um marido ciumento é um
Che un marito geloso é un
insensato!
insensato!
Já, por trás de mim, nome de
Già dietro a me nomi d'infame
infame cunho
conio
assoviam ao passar,
Fischian passando;
murmura o escárnio.
mormora lo scherno.
Oh, matrimônio, inferno!
O matrimonio, inferno!
Mulher: Demônio!
Donna: Demonio!
Em sua mulher confiam os bobos!
Nella lor moglie abbian fede i
Confiaria
babbei!
minha cerveja a um alemão,
Affiderei
toda a minha mesa de jantar
La mia birra a un Tedesco,
a um holandês comilão,
Tutto il mio desco
minha garrafa de aguardente
A un Olandese lurco,
a um turco,
La mia bottiglia d'acquavite
mas não minha mulher a si mesma.
a un Turco,
Oh, sorte obscena!
Non mia moglie a se stessa.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80
Falstaff
Ford
Aquela palavra feia
O laida sorte!
volta ao meu coração:
Quella brutta parola in cor mi torna:
Ah, os chifres! Os chifres!
Le corna! Bue! Capron! le fusa torte!
Mas não escapará de mim! Não!
Ah! le corna! le corna!
Sujo, réu,
Ma non mi sfuggirai! no! sozzo, reo,
epicúrio danado!
Dannato epicureo!
Primeiro os uno
Prima li accoppio
e depois o pego. Perco a cabeça!
E poi lo colgo. Io scoppio!
Vingarei a afronta!
Vendicherò l'affronto!
Fincado para sempre esteja
Laudata sempre sia
o ciúme no fundo do meu coração.
Nel fondo del mio cor la gelosia.
(regressando pela porta do fundo.
(rientrando dalla porta del fondo.
Tem um novo gibão, chapéu e
Ha un farsetto nuovo, cappello e
bastão)
bastone)
Eis-me aqui. Estou pronto.
Eccomi qua. Son pronto.
Me acompanha um momento?
M'accompagnate un tratto?
Eu o deixo no caminho.
Vi metto sulla via.
(Saem: quando chegam à
(Si avviano: giunti presso
porta fazem gestos de
alla soglia fanno dei gesti
gentileza para ceder a
complimentosi per cedere la
precedência da passagem)
presedenza del passo)
Falstaff
Primeiro você.
Prima voi.
Ford
Primeiro você.
Prima voi.
Não, estou na minha casa.
No, sono in casa mia.
(retirando-se um pouco)
(ritirandosi un poco)
Passe.
Passate.
Falstaff
Ford
Falstaff
(retirando-se)
(ritirandosi)
Por favor...
Prego...
Está tarde. A hora marcada se
È tardi. L'appuntamento
aproxima.
preme.
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Ford Falstaff
Não faça gentilezas...
Non fate complimenti...
Passe!
Passate!
Por favor!
Prego!
Passe!
Passate!
Por favor!
Prego!
Muito bem, passemos juntos.
Ebben; passiamo insieme.
(Toma o braço de Ford sob o
(Prende il braccio di Ford sotto il
seu e saem de braços dados)
suo ed escono a braccetto)
Segunda Cena
(Uma sala na casa de Ford. Janela
(Una sala nella casa di Ford. Ampia
Parte Seconda
ampla ao fundo. Porta à direita, porta
finestra nel fondo. Porta a destra,
Alice
Quickly
Alice
à esquerda e outra porta na direção
porta a sinistra e un'altra porta
do canto direito do fundo, que dá
verso l'angolo di destra nel fondo
para a escada. Outra escada no canto
che esce sulla scala. Un'altra scala
do fundo, à esquerda. Do grande
nell' angolo del fondo a sinistra.
janelão escancarado vê-se o jardim.
Dal gran finestrone spalancato si
Um biombo fechado está apoiado
vede il giardino. Un paravento
na parede esquerda, ao lado de uma
chiuso sta appoggiato alla parete
chaminé larga. Armário encostado
sinistra, accanto ad un vasto camino.
na parede da direita. Ao longo das
Armadio addossato alla parete
paredes, uma poltrona e algumas
di destra. Lungo le pareti, un
cátedras. Sobre a poltrona, um
seggiolone e qualche scranna. Sul
alaúde. Sobre a mesa, flores. Alice,
seggiolone, un liuto. Sul tavolo, dei
Meg, e depois Quickly, estão rindo
fiori. Alice, Meg, poi Quickly dalla
na porta à direita. Depois, Nannetta)
porta a destra ridendo. Poi Nannetta)
Apresentaremos um "bill",
Presenteremo un "bill",
para imposto,
per una tassa
ao Parlamento, sobre gente gorda.
Al parlamento, sulla gente grassa.
(entrando)
(entrando)
Comadres!
Comari!
E então?
Ebben?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82
Meg
Quickly
Alice
Quickly
Alice Meg
Quickly
Alice
Meg Alice
Quickly
Alice
O que acontece?
Che c'è?
Será derrotado!
Sarà sconfitto!
Brava!
Brava!
Dentro em pouco lhe faremos a festa!
Fra poco gli farem la festa!
Muito bem!
Bene!
Caiu de cabeça no laço.
Piombò nel laccio a capofitto.
Conte-me tudo, depressa.
Narrami tutto, lesta.
Depressa.
Lesta.
Junto ao albergue
Giunta all'Albergo
da Jarreteira
della Giarrettiera
peço para ser admitida
Chiedo d'essere ammessa
na presença
alla presenza
do Cavaleiro, secreta mensageira.
Del Cavalier, segreta messaggera.
Sir John se digna
Sir John si degna
a conceder-me audiência,
d'accordarmi udienza,
me acolhe estúpido,
M'accoglie tronfio
em pose malandra:
in furfantesca posa:
"Bom dia, boa mulher."
"Buon giorno, buona donna"
"Reverência."
"Reverenza"
Ante ele me inclino
A lui m'inchino
muito obsequiosamente
molto ossequiosamente,
e depois passo às notícias apetitosas.
poi passo alle notizie ghiotte.
Enfim, em resumo,
Infin, per farla spiccia,
acreditou que ambas estejam
Vi crede entrambe
enamoradas
innamorate cotte.
de sua beleza.
Delle bellezze sue.
(para Alice)
(ad Alice)
E logo vocês o verão aos seus pés.
E lo vedrete presto ai vostri pie'.
Quando?
Quando?
Quickly
Hoje, aqui, das duas às três.
Oggi, qui, dalle due alle tre.
Meg
Das duas às três.
Dalle due alle tre.
Alice
(olhando para o relógio)
(guardando l'oriolo)
Já são duas!
Son già le due.
(correndo para a porta aos
(accorrendo subito all'uscio del
fundos e chamando)
fondo e chiamando)
Olá! Ned! Will!
Olà! Ned Will!
(para Quickly)
(a Quickly)
Eu já preparei tudo.
Già tutto ho preparato.
(voltando a gritar da porta para
(Torna a gridare dall'uscio verso
fora)
l'esterno)
Tragam aqui o cesto de roupa.
Portate qui la cesta del bucato.
Será uma feliz tarefa!
Sarà un affare gaio!
Nannetta, e você, não ri?
Nannetta, e tu non ridi?
O que você tem?
Che cos'hai?
(aproximando-se de Nannetta e
(avvicinandosi a Nannetta ed
acariciando-a)
accarezzandola)
Está chorando? O que você tem?
Tu piangi? Che cos'hai?
Diga para sua mãe.
Dillo a tua madre.
(soluçando)
(singhiozzando)
Meu pai...
Mio padre...
Quickly
Alice
Nannetta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84
Alice
O que foi?
Ebben?
Nannetta
Meu pai...
Mio padre...
(soluçando, às lágrimas)
(scoppiando in lacrime)
Quer que eu me case com o Dr. Caius!!
Vuole ch'io mi mariti al Dr.Cajus!!
Com aquele pedante?
A quel pedante?!
Nossa!
Oibò!
Meg
Com aquele tonto!
A quel gonzo!
Alice
Com aquele burro!
A quel grullo!
Com aquele bisavô!
A quel bisavolo!
Alice Meg Quickly
Não! Não!
No! No!
Nannetta
Não! Não!
No! No!
Antes ser sepultada viva...
Piuttosto lapidata viva..
Por uma metralha de talos de couve!
Da una mitraglia di torsi di cavolo.
Muito bem dito!
Ben detto!
Meg
Brava!
Brava!
Alice
Não tema.
Non temer.
(saltando de alegria)
(saltando di gioia)
Viva!
Evviva!
Com o doutor Caius não me casarei!
Col Dottor Cajus non mi sposerò!
Alice
Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
Nannetta
Alice
Nanneta
Alice
Nannetta
Alice
Nannnetta
Alice
(Entram neste momento dois criados
(Intanto entrano due servi portando
carregando um cesto cheio de roupa)
una cesta piena di biancheria)
(aos criados)
(ai servi)
Ponham ali.
Mettete là.
Depois, quando eu os chamar,
Poi, quando avrò chiamato,
esvaziem o cesto no fosso.
Vuoterete la cesta nel fossato.
Bum!
Bum!
(para Nannetta)
(a Nannetta)
Cale-se.
Taci.
(depois, aos criados que saem)
(poi ai servi che escono)
Andem.
Andate.
Que bombardeio!
Che bombardamento!
Preparemos a cena.
Prepariamo la scena
(corre para buscar uma cadeira e a
(corre a pigliare una sedia e la
coloca perto da mesa)
mette presso al tavolo)
Aqui, uma cadeira.
Qua una sedia.
(corre para pegar o alaúde e o
(corre a pigliare il liuto e lo
coloca sobre a mesa)
mette sulla tavola)
Aqui, o meu alaúde.
Qua il mio liuto.
Abramos o biombo.
Apriamo il paravento.
(Nannetta e Meg correm para pegar o
(Nannetta e Meg corrono a prendere
biombo, abrem-no depois de teremo
il paravento, lo aprono dopo
colocado entre o cesto e a chaminé)
averlocollocato fra la cesta e il camino)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86
Meg
Quickly
Alice
Nannetta
Bravíssimas! Assim. Mais aberto
Bravissime! Così. Più aperto
ainda.
ancora
Daqui a pouco começa a comédia.
Fra poco s'incomincia la commedia.
Alegres comadres de Windsor!
Gaie comari di Windsor!
Chegou a hora!
é l'ora!
A hora da sonora risada!
L'ora di alzar la risata sonora!
A grande risada que estoura,
L'alta risata che scoppia,
que brinca,
che scherza,
que fulgura, armada
Che sfolgora, armata
de dardos e de chibata!
Di dardi e di sferza!
Alegres comadres, festiva brigada!
Gaie comari, festosa brigata!
Sobre o rosto feliz
Sul lieto viso
apareça o sorriso,
Spunti il sorriso,
Resplandeça do riso o agudo fulgor!
Splenda del riso- l'acuto fulgor!
Faísca incendiária
Favilla incendiaria
de alegria no ar,
Di gioia nell'aria,
de alegria no coração.
Di gioia nel cor.
(para Meg)
(a Meg)
A nós! Você fará a parte
A noi! Tu la parte
que te espera.
Farai che ti spetta.
(para Alice)
(ad Alice)
Você corre o seu risco
Tu corri il tuo rischio
com o compadre gordo.
Col grosso compar.
Eu fico de vigia.
Io sto alla vedetta.
(para Quickly)
(a Quickly)
Se você se enganar, assovio.
Se sbagli ti fischio.
Eu fico à espreita,
Io resto in disparte
à porta, para espiar.
Sull'uscio a spiar.
Alice
Quickly
Alice
Quickly
Nannetta
Quickly
Alice
Nannetta
Meg Quickly
Falstaff
E mostraremos aos homens que a
E mostreremo all'uomo che
alegria
l'allegria
de mulheres honestas toda
D'oneste donne ogni onestà
honestidade comporta.
comporta.
Entre as fêmeas, a mais perversa
Fra le femmine quella é la più ria
é a santa do pau oco.
Che fa la gattamorta.
(que está ao lado da janela)
(che sarà andata alla finestra)
Aqui está! É ele!
Eccolo! È lui!
Onde?
Dov'è?
Um pouco distante.
Poco discosto.
Rápido.
Presto.
Vai começar a subir.
A salir s'avvia.
(primeiro para Nannetta,
(prima a Nannetta,
depois para Meg)
poi a Meg)
Você, por aqui. Você, por lá.
Tu di qua. Tu di là!
A postos!
Al posto!
A postos!
Al posto!
(sobe correndo)
(esce correndo)
A postos!
Al posto!
(Alice se senta junto à
(Alice si sarà seduta accanto al
mesa, pega o alaúde e toca
tavolo, avrà preso il liuto toccando
alguns acordes)
qualche accordo)
(entra com vivacidade e, ao vê-la
(entra con vivacità: vedendola
tocar, põe-se a cantarolar)
suonare, si mette a canterellare)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88
"Por fim a encontro,”
"Alfin t'ho colto,"
“Radiante flor,
"Raggiante fior,"
“Colhi você!"
"T'ho colto!"
(Segura Alice pelo corpete. Alice
(prende Alice pel busto. Alice avrà
para de tocar e se levanta)
cessato di suonaree si sarà alzata)
E agora poderei morrer feliz.
Ed or potrò morir felice.
Terei vivido muito
Avrò vissuto molto
depois desta hora de amor feliz.
Dopo quest'ora di beato amor.
Oh, suave Sir John!
O soave Sir John!
Minha bela Alice!
Mia bella Alice!
Não sei me fazer de melindroso,
Non so far lo svenevole,
nem lisonjear, nem usar frases floridas,
Nè lusingar, nè usar frase fiorita,
mas direi logo meu culpado
Ma dirò tosto un mio pensier
pensamento.
colpevole.
Alice
Que é?
Cioè?
Falstaff
É este:
Cioè:
gostaria que o Senhor Ford
Vorrei che Mastro Ford
passasse para uma vida
Passasse a miglior
melhor...
vita...
Por quê?
Perchè?
Por quê? Quer saber?
Perchè? Lo chiedi?
Você seria minha "Lady"
Saresti la mia Lady
e Falstaff seu "Lord".
E Falstaff il tuo Lord!
Pobre "Lady" na verdade!
Povera Lady inver!
Digna de um rei.
Degna d'un Re.
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Imagino você enfeitada com meu brasão,
T'immagino fregiata del mio stemma,
mostrar entre gema e gema
Mostrar fra gemma e gemma
a pompa de seu seio.
La pompa del tuo sen.
Na íris ardente e móvel dos olhos
Nell'iri ardente e mobile dei rai
do diamante,
Dell'adamante,
com o pequeno pé no nobre
Col picciol pie' nel nobile
cerco de um guardainfantes,
Cerchio d'un guardinfante
você resplandecerá!
Risplenderai!
Mais fúlgida que um grande arco-íris.
Più fulgida d'un ampio arcobaleno.
Cada linda joia me faz mal e
Ogni più bel gioiel mi nuoce e
desprezo
spregio
o falso ídolo de ouro.
Il finto idolo d'or.
Me basta um véu unido em cruz,
Mi basta un vel legato in croce,
um enfeite na cintura
un fregio al cinto
e na cabeça uma flor.
e in testa un fior.
(coloca uma flor nos cabelos)
(si mette un fiore nei capelli)
(tentando abraçá-la)
(per abbracciarla)
Sereia!
Sirena!
(dando um passo para trás)
(facendo un passo indietro)
Adulador!
Adulator!
A sós estamos
Soli noi siamo
e não tememos armadilhas.
E non temiamo agguato.
E então?
Ebben?
Amo você!
Io t'amo!
Alice
Você está em pecado!
Voi siete nel peccato!
Falstaff
(aproximando-se dela)
(avvicinandola)
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Sempre o amor a ocasião aproveita.
Sempre l'amor l'occasione azzecca.
Sir John!
Sir John!
Quem segue sua vocação não peca.
Chi segue vocazion non pecca.
Amo você! E não é minha culpa...
T'amo! e non é mia colpa...
(interrompendo-o)
(interrompendolo)
Se você tem tão vulnerável polpa...
Se tanta avete vulnerabil polpa...
Quando era pajem
Quand'ero paggio
do Duque de Norflok, eu era sutil,
Del Duca di Norfolk ero sottile,
era uma miragem
Ero un miraggio
vaga, leve, gentil, gentil.
Vago, leggero, gentile, gentile.
Aquele era o tempo
Quello era il tempo
do meu verde abril,
Del mio verde Aprile,
aquele era o tempo
Quello era il tempo
do meu ledo maio,
Del mio lieto Maggio,
eu era tão magro, flexível e ágil,
Tant'ero smilzo, flessibile e snello
que poderia atravessar um anel.
Che avrei guizzato attraverso un anello.
Está zombando de mim.
Voi mi celiate.
Temo os seus enganos.
Io temo i vostri inganni.
Temo que você ame...
Temo che amiate...
Quem?
Chi?
Meg.
Meg.
Ela? Antipatizo com sua cara.
Colei? M'è in uggia la sua faccia.
Não me traia, John.
Non traditemi, John...
Me parece que há mil anos
Mi par mill'anni
espero tê-la entre meus braços.
D'avervi fra le braccia.
(perseguindo-a e tentando abraçá-la)
(rincorrendola e tentando di abbracciarla)
Amo você...
T'amo...
(defendendo-se)
(difendendosi)
Por caridade…
Per carità...
(a toma pela cintura)
(la prende attraverso il busto)
Venha!
Vieni!
(da ante-sala, gritando)
(dall'antisala gridando)
Senhora Alice!
Signora Alice!
(solta Alice e fica perturbado)
(abbandona Alice e rimane turbato)
Quem está aí?
Chi va là?
(entrando e fingindo agitação)
(entrando e fingendo agitazione)
Senhora Alice!
Signora Alice!
O que foi?
Chi c'è?
Minha senhora!
Mia signora!
Aí está a Senhora Meg e quer falar
C'è Mistress Meg e vuol
com você,
parlarvi,
bufa… berra, cria confusão…
Sbuffa... strepita, s'abbaruffa...
Falstaff
Que hora ruim!
Alla malora!
Quickly
Ela quer entrar e custei a impedir.
E vuol passare e la trattengo a stento.
Falstaff
Onde me escondo?
Dove m'ascondo?
Atrás do biombo.
Dietro il paravento.
(Falstaff se refugia atrás do biombo.
(Falstaff si rimpiatta dietro il paravento.
Alice
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Alice
Quickly
Alice
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92
Quando Falstaff se esconde, Quickly
Quando Falstaff é nascosto, Quickly
faz sinal para Meg de que ele está
fa cenno a Meg che sta dietro l'uscio
atrás da saída da direita. Meg entra
di destra: Meg entra fingendo
fingindo estar agitadíssima. Quickly
d'essere agitatissima. Quickly torna
volta a sair)
ad escire)
Alice! Que espanto!
Alice! che spavento!
Que rumor! Que discórdia!
Che chiasso! Che discordia!
Não perca um momento!
Non perdere un momento.
Fuja!...
Fuggi!...
Alice
Misericórdia! O que acontece?
Misericordia! che avvenne?
Meg
O seu consorte
Il tuo consorte
vem gritando "acudam homens!"
Vien gridando "accorr'uomo!"
Ele diz...
Dice...
(rápido, com a voz baixa)
(presto a bassa voce)
Fale mais alto.
Parla più forte
Meg
Alice
Meg
... que quer esganar um homem!
... che vuol scannare un uomo!
Alice
Não ria.
Non ridere.
Meg
Ele corria
Ei correva
invadido de tremendo furor!
Invaso da tremendo
Maldizendo a todas
Furor! Maledicendo
as filhas de Eva!
Tutte le figlie d'Eva!
Alice
Misericórdia!
Misericordia!
Meg
Diz que um seu amante você
Dice che un tuo ganzo hai
escondeu,
nascosto;
e quer a qualquer custo
Lo vuole ad ogni costo
descobrir…
Scoprir...
Quickly
Alice
Quickly
Ford
Falstaff
Ford
(retornando assustadíssima e
(ritornando spaventatissima e
gritando mais do que antes)
gridando più di prima)
Senhora Alice!
Signora Alice!
Está vindo o Senhor Ford! Salve-se!
Vien Mastro Ford! Salvatevi!
Parece uma tempestade!
È come una tempesta!
Berra, estrondeia, fulmina,
Strepita, tuona, fulmina,
esmurra a própria cabeça,
Si dà dei pugni in testa,
explode em ameaças e grita...
Scoppia in minacce ed urla...
(para Quickly em voz baixa
(a Quickly a bassa voce
e um pouco alarmada)
e un poco allarmata)
Fala sério ou está brincando?
Dassenno oppur da burla?
(de novo em voz alta)
(ancora ad alta voce)
Falo sério. Ele está pulando
Dassenno. Egli scavalca
a cerca do jardim...
Le siepi del giardino...
E o segue um grande tropel
Lo segue una gran calca
de gente... já está perto...
Di gente... é già vicino...
Enquanto falo com você, ele
Mentr'io vi parlo ei valca
atravessa a entrada...
L'ingresso...
(de dentro gritando)
(di dentro urlando)
Malandrinho!
Malandrino!!!
O diabo cavalga
Il diavolo cavalca
sobre o arco de um violino!
Sull'arco di un violino!!
(do fundo, gritando voltado a
(dal fondo gridando volto a
quem o segue)
chi lo segue)
Fechem a porta!
Chiudete le porte!
Barrem as escadas!
Sbarrate le scale!
Sigam-me na caça!
Seguitemi a caccia!
Descubramos o porco-do-mato!
Scoviamo il cignale!
(entram correndo Dr. Caius e Fenton)
(entrano correndo il Dr. Cajus e Fenton)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94
Corram atrás das pegadas, do cheiro.
Correte sull'orme, sull'usta.
(para Fenton)
(a Fenton)
Você procure nos corredores.
Tu fruga negli anditi.
(irrompem)
(irrompono)
À caça!
A caccia!
(para Bardolfo e Pistola, indicando
(a Bardolfo e Pistola, indicando
o quarto à direita)
la camera a destra)
Impeçam a fuga!
Sventate la fuga!
Procurem lá dentro!
Cercate là dentro!
(Bardolfo e Pistola precipitam-se no
(Bardolfo e Pistola si precipitano
quarto com os bastões levantados)
nella camera coi bastoni levati)
(enfrentando Ford)
(affrontando Ford)
Perdeu o juízo?
Sei tu dissennato?
O que está fazendo?
Che fai?
(vê o cesto)
(vede il cesto)
O que tem dentro daquele cesto?
Chi c'è dentro quel cesto?
Alice
A roupa suja.
Il bucato.
Ford
Me lave! Mulher culpada!
Mi lavi!! rea moglie!
(entregando um maço de chaves ao
(consegnando un mazzo di chiavi al
Dr. Caius)
Dr. Cajus)
Você, pegue as chaves,
Tu, piglia le chiavi,
reviste os cofres, vá.
Rovista le casse, va.
(voltando-se de novo para Alice)
(rivolgendosi ancora ad Alice)
Bardolfo Pistola
Ford
Alice
Ford
Alice Meg Quickly
Ford
Alice
Quickly
Alice
Que bom que você me lava!
Ben tu mi lavi!
(dando um chute na cesta)
(dà un calcio alla cesta)
Para o diabo com esses trapos!
Al diavolo i cenci!
(gritando para o fundo)
(gridando verso il fondo)
Tranquem a saída do parque!
Sprangatemi l'uscio del parco!
(extrai furiosamente a roupa da cesta,
(estrae furiosamente la biancheria dalla
tateando e procurando dentro, e
cesta, frugando e cercando dentro, e
espalhando os panos sobre o chão)
disseminando i panni sul pavimento)
Camisas... saias… Agora vou achar
Camice... gonnelle...- Or ti s
você,
guscio,
patife! Trapos!
Briccon! - Strofinacci!
Fora! Fora! Toucas podres!
Via! Via! Cuffie
Eu vou achar! Lençóis…
rotte! - Ti sguscio. - Lenzuola...
gorros de dormir… Não está!…
berretti da notte... - Non c'è...
Que furacão!
Che uragano!!
(correndo e gritando, pela porta
(correndo e gridando, dalla porta
à esquerda)
a sinistra)
Procuremos debaixo da cama.
Cerchiam sotto il letto.
No forno, no poço, no banheiro,
Nel forno, nel pozzo, nel bagno,
sob o teto, na cantina…
sul tetto, in cantina...
Está frenético!
È farnetico!
Ganhemos tempo.
Cogliam tempo.
Encontraremos um modo
Troviamo modo
para ele sair.
com'egli esca.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96
Meg
No cesto.
Nel panier.
Alice
Não, lá dentro
No, là dentro
ele não entra, é gordo demais.
non c'entra, é troppo grosso.
(corre para a cesta)
(corre alla cesta)
Vejamos; sim, entro, entro.
Vediam; sì, c'entro, c'entro.
Corro para chamar os servos.
Corro a chiamare i servi.
(sai)
(esce)
(para Falstaff, fingindo surpresa)
(a Falstaff, fingendo sorpresa)
Sir John! Você aqui? Você?
Sir John! Voi qui? Voi?
(entrando na cesta)
(entrando nella cesta)
Amo você!
T'amo
Amo você somente… me salve! me
Amo te sola... salvami!
salve!
salvami!
(para Falstaff, catando os panos)
(a Falstaff, raccattando i panni)
Esbelto!
Svelto!
Rápido!
Lesto!
(enfiando-se com grande esforço
(accovacciandosi con grande sforzo
na cesta)
nella cesta)
Ai!… Ai!… Consegui… Me cubram…
Ahi!...Ahi!...Ci sto...Copritemi...
(para Meg)
(a Meg)
Depressa! Enchamos o cesto.
Presto! colmiamo il cesto.
(As duas, muito apressadas, enfiam
(Fra tutte due in gran fretta ricacciano
a roupa suja no cesto. Nannetta e
la biancheria nel cesto. Nannetta e
Fenton entram pela esquerda)
Fenton entrano da sinistra)
Falstaff
Alice
Meg
Falstaff
Quickly
Meg
Falstaff
Quickly
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
(em voz baixa, com cautela, para
(sottovoce, con cautela a
Fenton)
Fenton)
Venha aqui.
Vien qua.
Que barulho!
Che chiasso!
(escondendo-se atrás do biombo:
(avviandosi al paravento: Fenton
Fenton a segue)
la segue)
Quanto cacarejo!
Quanti schiamazzi!
Siga meus passos.
Segui il mio passo.
Casa de loucos!
Casa di pazzi!
Aqui todos deliram
Qui ognun delira
com erros vários.
Con vario error.
Estão loucos de ira...
Son pazzi d'ira...
E nós de amor.
E noi d'amor.
(Toma-o pela mão, o conduz
(Lo prende per mano, lo conduce
para trás do biombo e se
dietro il paravento e vi si
escondem)
nascondono)
Siga-me. Devagar.
Seguimi. Adagio.
Ninguém me descobriu.
Nessun m'ha scorto.
Chegamos ao abrigo.
Tocchiamo il porto.
Estamos cômodos.
Siamo a nostr'agio.
Fique calado e atento.
Sta zitto e attento.
(abraçando-a)
(abbracciandola)
Venha para o meu peito!
Vien sul mio petto!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98
Nannetta
Nannetta Fenton
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Pistola
Ford
Bardolfo
Ford
Dr. Cajus
Ford
O biombo...
... seja bendito!
Il paravento...
...sia benedetto!
(gritando de dentro)
(urlando di dentro)
Ao ladrão!
Al ladro!
(como acima)
(come sopra)
Ao libertino!
Al pagliardo!
(entra, atravessando a sala correndo)
(entra, attraversando di corsa la sala)
Esquartejem-no!
Squartatelo!
Ao ladrão!
Al ladro!
(encontrando Bardolfo e Pistola)
(incontrando Bardolfo e Pistola)
Ele está?
C'è?
Não.
No.
(para Bardolfo)
(a Bardolfo)
Ele está?
C'è?
Não está, não.
Non c'è, no.
Arruínem a casa.
Vada a soqquadro la casa.
(Bardolfo e Pistola saem pela
(Bardolfo e Pistola escono da
esquerda)
sinistra)
(depois de ter olhado a chaminé)
(dopo aver guardato nel camino)
Não encontro ninguém.
Non trovo nessuno.
Pois juro
Eppur giuro
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo Pistola
Ford
Dr. Cajus
que o homem está aqui dentro.
Che l'uomo é qua dentro.
Estou seguro,
Ne sono sicuro!
seguro, seguro!
Sicuro! Sicuro!
Sir John! Ficarei feliz
Sir John! Sarò gaio
no dia em que o vir ter o que
Quel dì ch'io ti veda dar calci a
merece!
rovaio!
(lançando-se contra o armário e
(slanciandosi contro l'armadio e
fazendo esforços para abri-lo)
facendo sforzi per aprirlo)
Venha para fora, malandro! Renda-se!
Vien fuora, furfante! T'arrendi!
Ou bombardeio os muros!
O bombardo le mura!
(tenta abrir o armário com as chaves)
(tenta d'aprire l'armadio con le chiavi)
Renda-se!
T'arrendi!
Venha para fora! Covarde! Libertino!
Vien fuora! Codardo! Sugliardo!
(da porta direita, correndo)
(dalla porta di destra, di corsa)
Ninguém!
Nessuno!
Procurem-no ainda!
Cercatelo ancora!
Renda-se! Sem-vergonha!
T'arrendi! Scafandro!
(Consegue finalmente abrir o
(Riesce finalmente ad aprire
armário)
l'armadio)
Não está!
Non c'è!
(abrindo, por sua vez, o banco)
(aprendo a sua volta la cassapanca)
Venha para fora!
Vieni fuori!
Não está!
Non c'è!
(gira pela sala sempre procurando
(gira per la sala sempre cercando
e tateando)
e frugando)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100
Glutão! Beberrão! Tenha cuidado!
Pappalardo! Beòn! Bada a te!
(como um possuído abrindo a
(come un ossesso aprendo il
gaveta da mesa)
cassetto del tavolino)
Cachorro! Falsário!
Scagnardo! Falsardo!
Cachorro! Falsário! Patife!
Scagnardo! Falsardo! Briccon!!
(Nannetta e Fenton dão-se um
(Nannetta, Fenton si danno un
beijo sonoro)
bacio sonore)
(em voz baixa, olhando o biombo)
(sottovoce, guardando il paravento)
Está!
C'è.
Está!
C'è
(aproximando-se bem devagar e
(avviandosi pian piano e cautamente
com cautela do biombo)
al paravento)
Se eu agarro você!
Se t'agguanto!
Dr. Cajus
Se pego você!
Se ti piglio!
Ford
Se aferro você!
Se t'acciuffo!
Dr. Cajus
Se apanho você!
Se t'acceffo!
Ford
Arrebento você!
Ti sconquasso!
Arrasto você como um cão!
T'arronciglio come un can!
Quebro a sua cara!
Ti rompo il ceffo!
Cuidado!
Guai a te!
Reze ao seu santo!
Prega il tuo santo!
Ford
Dr. Cajus Ford
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
(do lado do cesto, para Meg)
(accanto alla cesta, a Meg)
Vamos fingir
Facciamo le viste
que cuidamos dos panos;
D'attendere ai panni;
para que ele não nos engane
Pur ch'ei non c'inganni
com movimentos imprevistos.
Con mosse impreviste.
Até agora não se deu conta
Finor non s'accorse
de nada, ele pode
Di nulla; egli può
surpreender-nos talvez,
Sorprenderci forse,
mas não nos confundir.
Confonderci no.
(do lado do cesto, para Quickly)
(accanto alla cesta, a Quickly)
Façamos obstáculo
Facciamogli siepe
entre tanta desordem.
Fra tanto scompiglio.
No jogo, o perigo
Ne' giuochi il periglio
é um grão de pimenta.
È un grano di pepe.
O risco é um deleite
Il rischio é un diletto
que acrescenta o ardor,
Che accresce l'ardor.
Que estimula no peito
Che stimola in petto
o espírito e o coração.
Gli spirti e il cor.
Se pego você!
Se te piglio!
Se aferro você!
Se t'acciuffo!
Ford
Se agarro você!
Se t'agguanto!
Dr. Cajus
Se aferro você!
Se t'acciuffo!
Ford
Se agarro você!
Se t'agguanto!
(voltando pela esquerda)
(rientrando da sinistra)
Não se encontra.
Non si trova.
(voltando com alguns vizinhos)
(rientrando con alcuni del vicinato)
Não se pega.
Non si coglie.
Quickly
Meg
Dr. Cajus
Bardolfo
Pistola
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102
Ford
Bardolfo
Dr Cajus Ford Pistola
Falstaff
Quickly
Falstaff
Meg
Quickly
Ford
Bardolfo
Ford
(para Bardolfo, Pistola e seus
(a Bardolfo, Pistola e loro
companheiros)
compagni)
Pss… Aqui, todos!
Pss... Qua tutti.
(à meia voz, com mistério,
(sottovoce con mistero,
indicando o biombo)
indicando il paravento)
Eu o encontrei.
L'ho trovato.
Ali está Falstaff com minha mulher.
Là c'è Falstaff con mia moglie.
Sujo cão vituperado!
Sozzo can vituperato!
Silêncio!
Zitto!
(aparecendo com o rosto)
(sbucando colla faccia)
Me afogo!
Affogo!
(enfiando-o de volta para baixo)
(ricacciandolo giù)
Fique aí dentro, fique aí dentro...
Sta sotto, sta sotto...
Me afogo!
Affogo!
Agora ele aparece.
Or questi s'insorge
Se o outro avistar você, está morto!
Se l'altro ti scorge sei morto!
Fique aí dentro! Fique aí dentro!
Sta sotto! Sta sotto!
Gritará depois.
Urlerai dopo.
Ouviu-se ali o som de um beijo.
Là s'è udito il suon d'un bacio.
Devemos pegar o rato
Noi dobbiamo pigliare il topo
enquanto rodeia o queijo.
Mentre sta rodendo il cacio.
Pensemos...
Ragioniam....
Fenton
Nannetta
Ford
Os outros Gli Altri
Dr. Cajus
Ford
(para Nannetta)
(a Nannetta)
Bela! Risonha!
Bella! Ridente!
Oh! Como se rende
Oh! come pieghi
aos meus pedidos
Verso i miei prieghi
femininamente!
Donnescamente!
Ao ver você
Come ti vidi
me enamorei,
M'innamorai,
e você sorri,
E tu sorridi
porque sabe disso.
Perchè lo sai.
(para Fenton)
(a Fenton)
Enquanto estes velhos
Mentre qui vecchi
lutam a justa,
Corron la giostra,
nós, escondidos,
Noi si sottecchi
cuidamos de nós.
Corriam la nostra.
O amor não ouve
L'amor non ode
trovão, nem temporal,
Tuon nè bufere,
voa às esferas
Vola alle sfere
felizes e goza.
Beate e gode.
... golpe não dou
...colpo non vibro
sem um plano de batalha.
Senza un piano di battaglia.
Bravo!
Bravo.
Um homem desse calibre
Un uom di quel calibro
com um assovio se desbarata!
Con un soffio ci sbaraglia.
A minha tática mestra
La mia tattica maestra
seus movimentos registra.
Le sue mosse pria registra
(para Pistola e dois companheiros)
(a Pistola e a due compagni)
Vocês ficarão à direita.
Voi sarete l'ala destra.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104
(para Bardolfo e Dr. Caius)
(a Bardolfo e al Dr. Cajus)
Nós ficaremos à esquerda.
Noi sarem l'ala sinistra
(aos outros companheiros)
(agli altri compagni)
E estes com pés valentes
E costor con pie' gagliardo
romperão o baluarte.
Sfonderanno il baluardo.
Bravo, bravo, general!
Bravo, bravo, Generale.
Dr. Cajus
Esperamos um sinal seu.
Aspettiamo un tuo segnale.
Nannetta
O espírito
Lo spiritello
do amor volteia.
D'amor, volteggia.
Um belo sonho de Himeneu
Già un sogno bello
já alveja.
D'Imene albeggia.
(respondendo sob as roupas)
(rispondendo sotto la biancheria)
Estou cozido!
Son cotto!
Fique embaixo!
Sta sotto!
Falstaff
Que calor!
Che caldo!
Quickly
Fique embaixo!
Sta sotto!
Falstaff
Me derreto!
Mi squaglio!
O canalha gostaria de um leque!
Il ribaldo vorrebbe un ventaglio.
(suplicante, com o nariz para fora)
(supplicante, col naso fuori)
Um breve respiro,
Un breve spiraglio
não peço nada mais.
Non chiedo di più.
Todos os outros Tutti gli altri
Fenton
Falstaff
Meg
Meg
Falstaff
Quickly
Meg Quickly
Nannetta
Fenton
Ford
Bardolfo
Dr. Cajus
Pistola
Coloco uma mordaça em você, se falar.
Ti metto il bavaglio se parli.
(empurrando-o para baixo das roupas)
(ricacciandolo sotto la biancheria)
Pra baixo!
Giù!
Tudo delira,
Tutto delira
suspira e ri.
Sospiro e riso.
Sorri o rosto
Sorride il viso
e o coração suspira
E il cor sospira.
doces reclames de amor.
Dolci richiami d'amor.
Entre aqueles olhos
Fra quelle ciglia
vejo dois faróis
Vedo due fari
maravilhosamente
A meraviglia
serenos e claros.
Sereni e chiari.
(para o Dr. Caius, encostando a
(al Dr. Cajus, accostando
orelha no biombo)
l'orecchio al paravento)
Escute, encoste um pouco a orelha!
Senti, accosta un po' l'orecchio!
Que patéticos lamentos!
Che patetici lamenti!!
Sobre esse ninho de rouxinóis
Su quel nido d'usignuoli
estalará dentro em pouco o estrondo.
Scoppierà fra poco il tuon.
(para Pistola)
(a Pistola)
É a voz da mulher
È la voce della donna
que responde ao cavaleiro.
Che risponde al cavalier.
(para Ford, encostando a
(a Ford, accostando
orelha no biombo)
l'orecchio al paravento)
Escuto, escuto,
Sento,sento,
escuto, entendo e vejo claro
Sento, intendo e vedo chiaro
das mulheres os enganos.
Delle femmine gl'inganni;
(para Bardolfo)
(a Bardolfo)
Mas dentro em pouco uma dura lição
Ma fra poco il lieto gioco
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106
Vizinhos Gente del vicinato
Meg
Quickly
Falstaff
Alice
Falstaff
Meg Quickly
Falstaff
Meg Quickly
perturbará o ledo jogo.
Turberà dura lezion.
Ele canta, mas dentro em pouco
Egli canta, ma fra poco
mudará a sua canção.
Muterà la sua canzon.
Se ele cair, não mais escapará,
S'egli cade più non scappa,
ninguém o poderá salvar.
Nessuno più lo può salvar.
Encare o seu diabo,
Nel tuo diavolo t'incappa;
que você caia por terra!
Che tu possa stramazzar!
(para Quickly)
(a Quickly)
Falemos baixo,
Parliam sottovoce
vigiando o senhor
Guardando il Messer
que reclama e cozinha
Che brontola e cuoce
em nosso cesto.
Nel nostro panier.
(para Meg)
(a Meg)
Ele se fartou
Costui s'é infardato
de tanta vileza,
Di tanta viltà.
que dar-lhe uma lavada
Che darlo al bucato
é ter dele piedade.
È averne pietà.
(aparecendo e bufando)
(sbucando e sbuffando)
Uff.. Maldita cesta!
Ouff... Cesto molesto!
(que voltou e aproximou-se do cesto)
(che é rientrata e avvicinata alla cesta)
Silêncio!
Silenzio!
Protesto!
Protesto!
Que besta empacada!
Che bestia restia!
(gritando)
(gridando)
Levem-me embora!
Portatemi via!
Está louco furibundo!
È matto furibondo!
Falstaff
Socorro!
Aiuto!
Fenton
Diga se me ama!
Dimmi sem'ami!
Sim, amo você!
Sì, t'amo!
Amo você!
T'amo!
(aos outros)
(agli altri)
Silêncio! Vamos! Este é o momento!
Zitto! A noi! Quest'è il momento.
Silêncio! Atentos! Atentos a mim.
Zitto! Attenti! Attenti a me.
Dê o sinal.
Dà il segnal.
Um... dois... três.
Uno... Due... Tre...
(derrubando o biombo)
(rovesciando il paravento)
Não é ele!!!
Non é lui!!!
Que assombro!
Sbalordimento!
É o fim do mundo!
È il finimondo!
Ah!
Ah!
(para Nannetta, com fúria)
(a Nannetta, con furia)
De novo novas revoltas!
Ancor nuove rivolte!
(para Fenton)
(a Fenton)
Vá cuidar da sua vida!
Tu va pe' fatti tuoi!
Eu já disse mil vezes:
L'ho detto mille volte:
ela não é para você.
Costei non fa per voi.
Nannetta
Fenton
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr Cajus
Todos Tutti
Alice Meg Quickly
Nannetta Fenton
Ford
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108
Bardolfo Pistola
Ford
Bardolfo Pistola
Ford
Dr Cajus Pistola Bardolfo
(Nannetta amedrontada foge e
(Nannetta sbigottita fugge e Fenton
Fenton sai furibundo)
esce furibondo)
(correndo até o fundo)
(correndo verso il fondo)
Está ali! Pare!
È là! Ferma!
Onde?
Dove?
Ali! Ali! Nas escadas.
Là! Là! Sulle scale.
Esquartejem-no!
Squartatelo!
À caça!
A caccia!
Que caça infernal!
Che caccia infernale!
(Todos os homens saem correndo
(Tutti gli uomini salgono a corsa
pela escada ao fundo)
la scala del fondo)
Ned! Will! Tom! Isaac!
Ned! Will! Tom! Isaac!
Vamos! Rápido! Rápido!
Su! Presto! Presto!
(Nannetta regressa com quatro
(Nannetta rientra con quattro servi
servos e um pequeno pajem)
e un paggetto)
Esvaziem esse cesto
Rovesciate quel cesto
pela janela na água do fosso…
Dalla finestra nell'acqua del fosso..
Lá! Perto dos juncos
Là! Presso alle giuncaie
diante do monte de lavadeiras.
Davanti al crocchio delle lavandaie.
Sim, sim, sim, sim!
Sì, sì, sì, sì!
(para os servos, que se esforçam
(ai servi, che s'affaticano a
Companheiros Compagni
Quickly
Alice
Nannetta Meg Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
Alice Meg
Nannetta
Nannetta Meg
para levantar o cesto)
sollevare la cesta)
Aí dentro tem um figurão gordo.
C'è dentro un pezzo grosso.
(para o pajem)
(al paggetto)
Você, chame meu marido;
Tu chiama mio marito;
(para Meg)
(a Meg)
Narraremos para ele o nosso
Gli narreremo il nostro
caso louco.
caso pazzo.
Somente ao ver o Cavaleiro no chão
Solo al vedere il Cavalier
molhado
nel guazzo
ele estará curado de todo ciúme
D'ogni gelosa ubbia sarà
maníaco.
guarito.
(para os criados)
(ai servi)
Pesa!
Pesa!
(aos servos)
(ai servi)
Coragem!
Coraggio!
O fundo fez "crack"!
Il fondo ha fatto crac!
Vamos!
Su!
(o cesto é levado ao alto)
(La cesta é portata in alto)
Triunfo!
Trionfo!
Triunfo! Ah! Ah!
Trionfo! Ah! Ah!
(O cesto, Falstaff e a roupa suja
(La cesta, Falstaff e la biancheria
caem pela janela)
capitombolano giù dalla finestra)
Quickly
Alice
Nannetta Meg Quickly
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110
Alice
Que tombo!
Che tonfo!
Nannetta Meg
Que tombo!
Che tonfo!
Patatrac!
Patatrac!
(grande grito e risadas de todos;
(gran grido e risata di tutti:
imensa risada de Alice, Nannetta,
immensa risata di Alice, Nannetta,
Meg e Quickly. Ford e os outros
Meg e Quickly. Ford e gli altri
homens regressam: Alice, vendo
uomini rientrano: Alice vedendo
Ford, o toma por um braço e o
Ford la piglia per un braccio e lo
conduz rapidamente até a janela)
conduce rapidamente alla finestra)
Fim do Segundo Ato
Fine del Secondo Atto
Ato III
(Uma praça. À direita, o exterior
(Un piazzale. A destra l'esterno
Primeira Parte
da taverna da Jarreteira com um
dell'Osteria della Giarrettiera
letreiro e o mote: " Honny soit qui
coll'insegna e il motto: "Honny
mal y pense". Um banco ao lado
soit qui mal y pense". Una panca
do portão. É a hora do por do sol.
di fianco al portone. E' l'ora
Falstaff, depois o taverneiro)
del tramonto. Falstaff, poi l'Oste)
(sentado)
(seduto)
Ei! Taverneiro!
Ehi! Taverniere!
Mundo ladrão. Mundo canalha.
Mondo ladro. Mondo rubaldo.
Mundo culpado!
Reo mondo!
(Entra o taverneiro)
(entra l'Oste)
Taverneiro, um copo de vinho quente.
Taverniere: un bicchier di vin caldo.
(O taverneiro recebe a ordem e sai)
(L'Oste riceve l'ordine e rientra)
Eu, então, vivi tantos anos,
Io, dunque, avrò vissuto tanti anni,
audaz e destro cavaleiro,
audace e destro Cavaliere,
Todas Tutte
Atto III Parte Prima
Falstaff
para ser levado numa cesta
per essere portato in un canestro
e jogado no canal com os trapinhos,
E gittato al canale co' pannilini biechi,
como se faz com os gatos
Come si fa coi gatti
e os cachorrinhos cegos.
e i catellini ciechi.
E se não flutuasse por mim
Che se non galleggiava per me
esta enorme pança,
Quest'epa tronfia,
na certa me afogaria. Feia morte.
Certo affogavo. Brutta morte.
A água me incha.
L'acqua mi gonfia.
Mundo culpado. Não existe mais
Mondo reo. Non c'è più
virtude.
virtù.
Tudo declina.
Tutto declina.
Vá, velho John, vá,
Va, vecchio John, va,
vá por sua via, caminhe
va per la tua via; cammina
até que você morra.
Finchè tu muoia.
Então desaparecerá a verdadeira
Allor scomparirà la vera
virilidade do mundo.
Virilità del mondo.
Que jornada negra!
Che giornataccia nera!
Ajude-me o céu! Engordo demais.
M'aiuti il ciel! Impinguo troppo.
Estou com cabelos brancos.
Ho dei peli grigi.
(regressa o taverneiro levando
(ritorna l'Oste portando su
numa bandeja um grande copo
d'un vassoio un gran bicchiere
de vinho quente)
di vino caldo)
Derramemos um pouco de vinho
Versiamo un po' di vino
sobre a água do Tâmisa.
nell'acqua del Tamigi!
(Bebe sorvendo e saboreando.
(Beve sorseggiando de assaporando.
Desabotoa o colete, deita-se, bebe
sbottona il panciotto, si sdraia,
aos sorvos, reanimando-se aos
ribeve a sorsate, rianimandosi
poucos)
poco a poco)
Que bom! Beber vinho doce
Buono. Ber del vino dolce
e abrir os botões ao sol,
e sbottonarsi al sole,
que coisa doce!
Dolce cosa!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112
O bom vinho dispersa a
Il buon vino sperde le
tétrica loucura
tetre fole
do desconforto, acende
Dello sconforto, accende
o olho e o pensamento, do lábio
l'occhio e il pensier, dal labbro
sobe ao cérebro e ali
Sale al cervel e quivi
desperta o pequeno operário
risveglia il picciol fabbro
dos trinados; um negro grilo
Dei trilli; un negro grillo
que vibra dentro do homem ébrio.
che vibra entro l'uom brillo
Trina cada fibra no coração,
Trilla ogni fibra in cor,
o alegre éter ao trinado
l'allegro etere al trillo
desliza e o alegre globo
Guizza e il giocondo globo
desequilibra uma demência
squilibra una demenza
trinadora!
Trillante!
E o trinado invade o mundo!…
E il trillo invade il mondo!...
(inclinando-se e interrompendo
(inchinandosi e interrompendo
Falstaff)
Falstaff)
Reverência! A bela Alice...
Reverenza. La bella Alice...
(levantando-se e enfurecendo-se)
(alzandosi e scattando)
Para o diabo você e sua bela Alice!
Al diavolo te con Alice bella!
Estou com o saco cheio!
Ne ho piene le bisacce!
Estou com o bucho cheio!
Ne ho piene le budella!
Quickly
Você está errado…
Voi siete errato...
Falstaff
Uma ova! Sinto ainda as corneadas
Un canchero! Sento ancor le cornate
daquele bode ciumento!
Di quell'irco geloso!
Ainda estou com os ossos quebrados
Ho ancor l'ossa arrembate
por ter ficado curvo,
D'esser rimasto curvo,
como uma boa lâmina
come una buona lama
de Bilbao, no espaço
Di Bilbào, nello spazio
de uma merendeira!
D'un panierin di dama!
Com aquele tufo! E aquele calor!
Con quel tufo! E quel caldo!
Um homem com a minha têmpera,
Un uom della mia tempra,
Quickly
Falstaff
que numa monotonia
Che in uno stillicidio
contínua se destempera!
continuo si distempra!
Depois, quando estava bem cozido,
Poi, quando fui ben cotto,
brasil, incandescente,
rovente, incandescente,
me enfiaram na água. Canalhas!
M'han tuffato nell'acqua. Canaglie!!!
(Alice, Meg, Nannetta, Ford, Caius
(Alice, Meg, Nannetta, Ford, Cajus,
e Fenton aparecem de trás de uma
Fenton sbucano dietro una casa, or
casa, espiando, sem serem vistos
l'uno or l'altro spiando, non visti da
por Falstaff)
Falstaff)
Ela é inocente.
Essa é innocente.
É um erro.
Prendete abbaglio.
Falstaff
Vá embora!
Vattene!
Quickly
A culpa é daqueles garotos
La colpa é di quei fanti
desgraçados!
Malaugurati!
Alice chora,
Alice piange,
grita, invoca os santos.
urla, invoca i santi.
Pobre mulher! Ela ama você. Leia.
Povera donna! V'ama. Leggete.
(Tira do bolso uma carta. Falstaff a
(Estrae di tasca una lettera. Falstaff la
pega e começa a ler)
prende e si mette a leggere)
(no fundo, à meia-voz, aos outros,
(nel fondo sottovoce agli altri,
espiando)
spiando)
Ele lê.
Legge.
(à meia-voz)
(sottovoce)
Ele lê.
Legge.
Vejam como ele recai.
Vedrai che ci ricasca.
O homem não se corrige.
L'uom non si corregge.
Quickly
Alice
Ford
Nannetta
Alice
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114
Meg
Dr. Cajus
Ford
Falstaff
(para Alice)
(ad Alice)
Esconda-se.
Nasconditi.
Relê.
Rilegge.
Relê. Engole a isca.
Rilegge. L'esca inghiotte.
(relendo em voz alta)
(rileggendo ad alta voce)
"Esperarei por você no parque Real, à meia-noite.” “Você virá disfarçado de Caçador Negro”
Quickly
Falstaff
Quickly
Ford
Quickly
"T'aspetterò nel parco Real, a mezzanotte" "Tu verrai travestito da Cacciatore nero"
“No carvalho de Herne."
"Alla quercia di Herne"
O amor ama o mistério.
Amor ama il mistero
Para revê-lo, Alice,
Per rivedervi Alice,
vale-se de uma lenda popular.
si val d'una leggenda Popolar.
Aquele carvalho
Quella quercia
é um lugar de tragédia.
é un luogo da tregenda.
O Caçador Negro foi suspenso
Il Cacciatore nero s'è impeso
em um ramo seu.
ad un suo ramo.
Existe quem creia em sua aparição…
V'ha chi crede vederlo ricomparir...
(Dá o braço a Quickly e
(Prende per un braccio Quickly e
apressa-se para entrar com ela
s'avvia per entrare con essa
na taverna)
all'osteria)
Entremos.
Entriamo.
Lá se discute melhor.
Là si discorre meglio
Conte-me seus caprichos.
Narrami la tua frasca.
Quando o toque da meia-noite…
Quando il rintocco della mezzanotte...
Cai sobre nós.
Ci casca.
... escuro se espalha
...cupo si sparge
no silencioso horror,
nel silente orror,
surgem os espíritos vagabundos
sorgon gli spirti vagabondi
aos bandos...
a frotte...
(avançando com todos os
(avanzandosi con tutto il crocchio,
outros, cômica e misteriosamente
comicamente e misteriosamente
retomando a história de Mrs. Quickly)
ripigliando il racconto di Mrs Quickly)
Quando o toque da meia-noite
Quando il rintocco della mezzanotte
escuro se espalha no silencioso horror,
Cupo si sparge nel silente orror,
surgem os espíritos vagabundos
Sorgon gli spirti vagabondi
aos bandos
a frotte
e vem ao parque o Negro Caçador.
E vien nel parco il nero Cacciator.
Ele caminha lento, lento, lento,
Egli cammina lento, lento, lento,
na grande letargia da sepultura.
Nel gran letargo della sepoltura.
Avança lívido...
S'avanza livido...
Oh! Que susto!
Oh! Che spavento!
Meg
Já sinto o calafrio do medo!
Già sento il brivido della paura!
Alice
(com voz natural)
(con voce naturale)
Fábulas que aos meninos
Fandonie che ai bamboli
contam as avós
Raccontan le nonne
com longos preâmbulos,
Con lunghi preamboli,
para fazê-los dormir.
Per farli dormir.
Vingança de mulheres
Vendetta di donne
não deve falhar.
Non deve fallir.
Avança lívido e o passo converge
S'avanza livido e il passo converge
para o tronco de onde exalou
Al tronco ove esalò
a alma perversa.
l'anima prava.
Surgem as Fadas.
Sbucan le Fate.
Sobre a fronte ele ergue
Sulla fronte egli erge
dois chifres longos, longos, longos…
Due corna lunghe, lunghe, lunghe...
Alice
Nannetta
Alice Meg Nannetta
Alice
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116
Brava!
Brava.
Esses chifres serão a minha alegria!
Quelle corna saranno la mia gioia!
(para Ford)
(a Ford)
Cuidado! Pois você ainda merece
Bada! tu pur mi meriti
algum tipo de castigo!
Qualche castigatoia!
Ford
Perdoe. Reconheço meus erros.
Perdona. Riconosco i miei demeriti.
Alice
Mas cuidado se ainda o toma
Ma guai se ancor ti coglie
essa mania feroz
Quella mania feroce
de procurar dentro da casca de uma
Di cercar dentro il guscio d'una
noz
noce
o amante de sua mulher.
L'amante di tua moglie.
Mas o tempo ratifica
Ma il tempo stringe
e quer a fantasia veloz.
e vuol fantasia lesta.
Apressemo-nos.
Affrettiam.
Concertemos a mascarada.
Concertiam la mascherata.
Nannetta!
Nannetta!
Eis-me aqui!
Eccola qua!
(para Nannetta)
(a Nannetta)
Você será a Fada Rainha das Fadas,
Sarai la Fata Regina delle Fate,
com branca veste
in bianca veste
fechada em cândido véu, cercada
Chiusa in candido vel, cinta
de rosas.
di rose.
E cantarei palavras harmoniosas.
E canterò parole armoniose.
(para Meg)
(a Meg)
Você será a verde Ninfa selvagem,
Tu la verde sarai Ninfa silvana,
Ford
Alice
Meg
Fenton
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Meg Nannetta Fenton
Alice
e a comadre Quickly uma bruxa.
E la comare Quickly una befana.
(Cai a noite, a cena escurece)
(Scende la sera, la scena si oscura)
Que maravilha!
A meraviglia!
Terei comigo meninos
Avrò con me dei putti
que fingirão ser duendes
Che fingeran folletti,
e espiritozinhos,
E spiritelli,
e diabinhos,
E diavoletti,
e morcegos,
E pipistrelli,
e borboletas.
E farfarelli.
Sobre Falstaff camuflado com
Su Falstaff camuffato in manto e
manto e chifres
corni
nos atiraremos todos…
Ci scaglieremo tutti...
Todos! Todos!
Tutti! Tutti!
... e o atormentaremos
...e lo tempesteremo
até que confesse
Finch'abbia confessata
a sua perversidade.
La sua perversità.
Depois nos desmascaremos
Poi ci smaschereremo
e, antes que o céu se ilumine,
E, pria che il ciel raggiorni,
a alegre brigada
La giuliva brigata
retornará.
Se ne ritornerà.
Meg
Vem a noite. Voltemos para casa.
Vien sera. Rincasiam.
Alice
O encontro é
L'appuntamento é
no carvalho de Herne.
alla quercia di Herne.
Entendido.
È inteso.
Ah, maravilha!
A meraviglia!
Oh! Que susto alegre!
Oh! che allegro spavento!
Fenton
Nannetta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118
Alice Nannetta Fenton
Adeus.
Addio.
Meg
Adeus.
Addio.
(Alice, Nannetta e Fenton saem
(Alice, Nannetta, Fenton escono
pela esquerda: neste momento,
da sinistra: in questo momento
Mrs. Quickly sai da taverna
Mrs Quickly esce dall'osteria
e, vendo Ford e o Dr. Caius
e vedendo Ford e il Dr. Cajus
conversando, põe-se a escutar
che parlano, sta ad origliare
da soleira).
sulla soglia).
(para Meg)
(a Meg)
Prepare as lanternas.
Provvedi le lanterne.
(para Caius)
(a Cajus)
Não duvide, você se casará com
Non dubitar, tu sposerai
minha filha.
mia figlia.
Lembra-se bem do seu disfarce?
Rammenti bene il suo travestimento?
Cercada de rosas, o véu branco e
Cinta di rose, il vel bianco e
a veste.
la vesta.
(de dentro, à esquerda, gritando)
(di dentro a sinistra gridando)
Não se esqueça das máscaras.
Non ti scordar le maschere.
(de dentro, à direita, gritando)
(di dentro a destra gridando)
Não, claro.
No, certo.
Nem você das pererecas!
Nè tu le raganelle!
(continuando o discurso com
(continuando il discorso col
o Dr. Caius)
Dr. Cajus)
Já dispus da minha rede.
Io già disposi La rete mia.
Ao findar a festa,
Sul finir della festa
vocês virão até mim com o rosto
Verrete a me col volto
coberto,
ricoperto
Alice
Ford
Dr. Cajus
Alice
Meg
Ford
ela com um véu, você com um traje
Essa dal vel, tu da un mantel
de frade,
fratesco
e eu os abençoarei como dois esposos.
E vi benedirò come due sposi.
Estamos de acordo.
Siam d'accordo.
(sai)
(esce)
Que cara de pau!
Stai fresco!
(Sai rapidamente pela direita
(Esce rapidamente da destra
gritando)
gridando)
Nannetta! Ei! Nannetta! Ei!
Nannetta! Ohè! Nannetta! Ohè!
(de dentro, à esquerda, afastando-se)
(di dentro a sinistra, allontanandosi)
O que foi? O que foi?
Che c'è? Che c'è?
Prepare a canção da Fada.
Prepara la canzone della Fata.
Está preparada.
È preparata.
(de dentro, à esquerda)
(di dentro a sinistra)
Você, não tarde.
Tu, non tardar.
(como acima, mais distante)
(come sopra, più lontana)
Quem chegar primeiro, espera.
Chi prima arriva, aspetta.
Segunda Parte
(O parque de Windsor. No centro,
(Il parco di Windsor. Nel centro, la
Parte Seconda
o grande carvalho de Herne. Ao
grande quercia di Herne. Nel fondo,
fundo, o início de um fosso. Folhagem
l'origine di un fosso. Frone foltissime.
espessíssima. Arbustos em flor. É noite.
Arbusti in fiore. E'notte. Si odono gli
Ouvem-se os chamados distantes
appelli lontani dei guardiaboschi. Il
dos guardas florestais. O parque aos
parco a poco a poco si rischiarirà coi
poucos ficará claro com os raios da lua)
raggi della luna)
Dr. Cajus
Quickly
Nannetta
Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120
Fenton
Nannetta
Fenton
Alice
Fenton
(sozinho)
(solo)
Do lábio o canto extasiado voa
Dal labbro il canto estasiato vola
pelos silêncios noturnos e vai longe
Pe' silenzi notturni e va lontano
e ao fim encontra um outro lábio
E alfin ritrova un altro labbro
humano
umano
que lhe responde com sua palavra.
Che gli risponde colla sua parola.
Então a noite, que não está mais só,
Allor la notte che non é più sola
vibra de alegria em um acorde arcano,
Vibra di gioia in un accordo arcano
como outra voz, à sua fonte regressa.
Come altra voce al suo fonte rivola.
Ali retoma o som, mas sua cura
Quivi ripiglia suon, ma la sua cura
tende sempre a unir quem o desuna.
Tende sempre ad unir chi lo disuna.
Assim beijei a desejada boca!
Così baciai la disiata bocca!
Boca beijada não perde ventura.
Bocca baciata non perde ventura.
(de dentro, distante e aproximando-se)
(di dentro, lontana e avvicinandosi)
Antes se renova, como faz a lua.
Anzi rinnova come fa la luna.
Mas o canto morre
Ma il canto muor
no beijo que o toca.
nel bacio che lo tocca.
(Nannetta, vestida de Rainha das
(Nannetta vestita da Regina delle
Fadas. Alice, sem máscara, levando
Fate. Alice, non mascherata
sobre o braço uma capa e na
portando sul braccio una cappa e in
mão uma máscara. Quickly, com
mano una maschera. Mrs Quickly in
uma grande touca e manto cinza
gran cuffia e manto grigio da befana,
de bruxa, um bastão e uma feia
un bastone e un brutto ceffo di
carranca na mão. Depois, Meg
achera in mano. Poi Meg vestita con
vestida com véus e mascarada)
dei veli e mascherata)
(para Fenton)
(a Fenton)
Não, senhor! Você veste esta capa.
Nossignore! Tu indossa questa cappa.
(ajudado por Alice e Nannetta a
(aiutato da Alice e Nannetta ad
colocar a capa)
indossare la cappa)
O que quer dizer isso?
Che vuol dir ciò?
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Fenton
Alice
Quickly
Meg
Alice
(ajustando o capuz)
(aggiustandogli il cappuccio)
Relaxe.
Lasciati fare.
(oferecendo a máscara para Fenton)
(porgendo la maschera a Fenton)
Coloque.
Allaccia.
(olhando para Fenton)
(rimirando Fenton)
É um passarinho que escapou da
È un fraticel sgusciato dalla
armadilha.
Trappa.
(ajudando Fenton a prender a
(aiutando Fenton ad allacciare la
máscara)
maschera)
A traição com que Ford nos ameaça
Il tradimento che Ford ne minaccia
se voltará como desprezo para ele
Tornar deve in suo scorno
e como ajuda para nós.
e in nostro aiuto.
Expliquem-se.
Spiegatevi
Obedeça rápido e mudo.
Ubbidisci presto e muto.
A ocasião, como vem, escapa.
L'occasione come viene scappa.
(para Mrs. Quickly)
(a Mrs Quickly)
Quem se vestirá de falsa esposa?
Chi vestirai da finta sposa?
Um alegre ladrão narigudo
Un gaio Ladron nasuto
que aborrece o doutor Caius.
che aborre il Dr. Cajus.
Escondi os duendes ao lado do
Ho nascosto i folletti lungo il
fosso.
fosso.
Estamos prontas.
Siam pronte.
Silêncio. Está vindo o figurão.
Zitto. Viene il pezzo grosso.
Fora!...
Via!..
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122
Meg Quickly Nannetta Alice
Falstaff
Alice
Fora, fora, fora, fora!
Via! Via! Via! Via!
(Todos fogem com Fenton pela
(Tutte fuggono con Fenton da
esquerda. Falstaff, com dois chifres
sinistra. Falstaff con due corna di
de cervo na cabeça e enrolado num
cervo in testa e avviluppato in un
amplo manto. Depois Alice. Depois
ampio mantello. Poi Alice. Poi Meg.
Meg. Enquanto Falstaff entra em
Mentre Falstaff entra in scena, suona
cena, soa a meia-noite)
la mezzanotte)
Um, dois, três, quatro,
Una, due, tre, quattro,
cinco, seis, sete golpes,
cinque, sei, sette botte,
oito, nove, dez, onze,
Otto, nove, dieci, undici,
doze. Meia-noite.
dodici. Mezzanotte.
Este é o carvalho. Deuses,
Questa é la quercia. Numi,
me protejam! Júpiter!
proteggetemi! Giove!
Você, por amor a Europa
Tu per amor d'Europa
se transformou em touro;
ti trasformasti in bove;
carregou chifres.
Portasti corna.
Os deuses nos ensinam a modéstia.
I numi c'insegnan la modestia.
O amor metamorfoseia
L'amore metamorfosa
um homem em uma besta.
un uom in una bestia.
(escutando)
(ascoltando)
Ouço um suave passo!
Odo un soave passo!
(Alice aparece ao fundo)
(Alice comparisce nel fondo)
Alice! O amor a chama!
Alice! Amor ti chiama!
(aproximando-se de Alice)
(avvicinadosi ad Alice)
Venha! O amor me inflama!
Vieni! l'amor m'infiamma!
Sir John!
Sir John!
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Meg
Você é a minha dama!
Sei la mia dama!
Sir John!
Sir John!
(agarrando-a)
(afferrandola)
Você é a minha dama!
Sei la mia dama!
Oh, faiscante amor!
O sfavillante amor!
(apertando-a contra si com paixão)
(attirandola a sè con ardore)
Venha! Já tremo e fervo!
Vieni! Già fremo e fervo!
(sempre evitando o abraço)
(sempre evitando l'abbraccio)
Sir John!
Sir John!
Sou seu servo!
Sono il tuo servo!
Sou seu cervo, embezerrado.
Sono il tuo cervo, imbizzarrito.
E agora chovam trufas,
Ed or piovan tartufi,
rábanos e funchos!
rafani e finocchi!!
E que sejam meu pasto!
E sian la mia pastura!
E que o amor transborde! Estamos sós...
E amor trabocchi! Siam soli...
Não. Aqui na densa selva
No. Qua nella selva densa
me segue Meg.
Mi segue Meg.
É dupla a aventura!
È doppia l'avventura!
Venha ela também!
Venga anche lei!
Esquartejem-me
Squartatemi
como uma corça à mesa!
Come un camoscio a mensa!
Destrocem-me!
Sbranatemi!!
O Cupido ao fim me recompensa!
Cupido alfin mi ricompensa.
Eu amo você! Amo você!
Io t'amo! t'amo!
(de dentro)
(di dentro)
Socorro!
Aiuto!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124
Alice
Meg
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Nannetta
Fadas Le Fate
Falstaff
(fingindo pânico)
(fingendo spavento)
Um grito! Ai de mim!
Un grido! Ahimè!
Lá vem o pandemônio!
Vien la tregenda!
(Foge)
(Fugge)
Ai de mim! Fujamos!
Ahimè! Fuggiamo!
(assustado)
(spaventato)
Onde?
Dove?
(fugindo)
(fuggendo)
Que o céu perdoe o meu pecado!
Il cielo perdoni al mio peccato!
(escondendo-se perto do tronco
(appiattendosi accanto al tronco
do carvalho)
della quercia)
O diabo não quer que eu seja danado.
Il diavol non vuol ch'io sia dannato.
(de dentro)
(di dentro)
Ninfas! Elfos! Sílfides! Sereias!
Ninfe! Elfi! Silfi! Sirene!
O astro dos encantamentos
L'astro degli incantesimi
no céu surgiu.
in cielo é sorto.
(Aparece no fondo, entre as
(Comparisce nel fondo fra le
folhagens)
fronde)
Surjam! Sombras serenas!
Sorgete! Ombre serene!
Ninfas! Sílfides! Sereias!
Ninfe! Elfi! Silfi! Sirene!
(jogando-se de cara contra
(gettandosi colla faccia contro
a terra, totalmente estirado)
terra, lungo disteso)
São as Fadas.
Sono le Fate.
Quem as olha está morto.
Chi le guarda é morto.
(Nannetta, vestida de Rainha das
(Nannetta vestita da Regina delle
Fadas. Alice: algumas mocinhas
Fate. Alice: alcune Ragazzette vestite
vestidas de Fadas brancas e de
da Fate bianche e da Fate azzurre.
Fadas azuis. Falstaff sempre estirado
Falstaff sempre disteso contro terra,
contra a terra, imóvel)
immobile)
Avancemos.
Inoltriam.
(descobrindo Falstaff)
(scorgendo Falstaff)
Ele está lá.
Egli é là.
Estirado no chão.
Steso al suol.
O terror o confunde.
Lo confonde il terror
(todas avançam com precaução)
(tutte si inoltrano con precauzione)
Se esconde.
Si nasconde
Alice
Não vamos rir!
Non ridiam!
As Fadas Le Fate
Não vamos rir!
Non ridiam!
Todas aqui, atrás de mim.
Tutte qui, dietro a me.
Comecemos.
Cominciam.
É sua vez.
Tocca a te.
(As pequenas Fadas se dispoem
(Le piccole Fate si dispongono in
em círculo em torno de sua Rainha)
cerchio intorno alla loro Regina)
Sobre o fio de um sopro de vento
Sul fil d'un soffio etesio
escorram, ágeis espectros;
Scorrete, agili larve;
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
As Fadas Le Fate
Nannetta
As Fadas Le Fate
Rainha das Fadas La Regina delle Fate
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126
As Fadas Le Fate
Rainha das Fadas La Regina delle Fate
As Fadas Le Fate
Rainha das Fadas
entre os ramos um brilho césio
Fra i rami un baglior cesio
da aurora lunar aparece.
D'alba lunare apparve.
Dancem! E que o passo brando
Danzate! e il passo blando
meça um brando som.
Misuri un blando suon.
As mágicas acoplando
Le magiche accoppiando
bailados à canção.
Carole alla canzon.
A selva dorme e dispersa
La selva dorme e sperde
incenso e sombra; e parece,
Incenso ed ombra; e par
no ar denso, um verde
Nell'aer denso un verde
refúgio no fundo do mar.
Asilo in fondo al mar.
Erremos sob a lua
Erriam sotto la luna
escolhendo flores das flores,
Scegliendo fior da fiore,
cada corola no coração
Ogni corolla in core
porta a sua fortuna.
Porta la sua fortuna.
Com os lírios e as violetas
Coi gigli e le viole
escrevamos nomes arcanos,
Scriviam de' nomi arcani,
das mãos das fadas
Dalle fatate mani
germinam palavras,
Germoglino parole,
palavras iluminadas
Parole illuminate
com pura prata e ouro,
Di puro argento e d'or,
poemas e encantamentos.
Carni e malie. Le Fate
As fadas escrevem com flores.
Hanno per cifre i fior.
(enquanto vão colhendo flores)
(mentre vanno cogliendo fiori)
Movamo-nos uma a uma
Moviam ad una ad una
sob a aurora lunar,
Sotto il lunare albor,
até o carvalho escuro
Verso la quercia bruna
do Negro Caçador…
Del nero Cacciator....
As fadas escrevem com flores.
Le fate hanno per cifre i fior.
La Regina delle Fate
As Fadas Le Fate
... até o carvalho escuro
...verso la quercia bruna
do Negro Caçador.
del Nero Cacciator.
(Todas as fadas com a rainha,
(Tutte le Fate colla Regina mentre
enquanto cantam se aproximam
cantano si avviano lentamente
lentamente em direção ao carvalho.
verso la quercia. Dal fondo a sinistra
No fundo, à esquerda, aparecem:
sbucano: Alice mascherata, Meg
Alice mascarada, Meg de Ninfa
da Ninfa verde colla maschera, Mrs
verde com máscara, Mrs. Quickly de
Quickly da befana, mascherata.
bruxa, mascarada. São precedidas
Sonon precedute da Bardolfo, vestito
por Bardolfo, vestido com uma capa
con una cappa rossa, senza maschera,
vermelha, sem máscara, com o capuz
col cappuccio abbassato sul volto
abaixado sobre o rosto, e por Pistola,
e da Pistola, da satiro. Seguono:
de sátiro. Seguem: Dr. Caius, de capa
Dr. Cajus, in cappa grigia, senza
cinza, sem máscara, Fenton, de capa
maschera, Fenton, in cappa nera,
negra, com máscara, Ford, sem capa
colla maschera, Ford, senza cappa
nem máscara. Alguns burgueses
nè maschera. Parecchi borghesi
em costumes fantásticos fecham
in costumi fantastici chiudono il
o cortejo e vão formar um grupo à
corteggio e vanno a formare gruppo
direita. No fundo, outros mascarados
a destra. Nel fondo altri mascherati
carregam lanternas de várias formas)
portano lanterne di varie fogge)
(tropeçando no corpo de Falstaff)
(intoppando nel corpo di Falstaff)
Alto lá!
Alto là!
Pistola
Quem vai lá?
Chi va là?
Falstaff
Piedade!
Pietà!
Quickly
(tocando Falstaff com o bastão)
(toccando Falstaff col bastone)
É um homem!
C'è un uomo!
Nannetta Alice Meg
É um homem!
C'è un uom!
Coro
É um homem!
C'è un uom!
Bardolfo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128
Ford
Cornudo como um boi!
Cornuto come un bue!
Redondo como uma maçã!
Rotondo come un pomo!
Grande como uma nau!
Grosso come una nave!
(tocando Falstaff com o pé)
(toccando Falstaff col piede)
Levante-se, vamos!
Alzati, olà!
(levantando a cabeça)
(alzando la testa)
Tragam-me uma grua!
Portatemi una grue!
Não consigo.
Non posso.
É pesado demais!
È troppo grave.
Quickly
Está podre!
È corrotto!
Coro
Está podre!
È corrotto!
Alice Nanneta Meg
É impuro!
È impuro!
Coro
É impuro!
È corrotto!
(com os grandes gestos de um bruxo)
(con dei gran gesti da stregone)
Que se faça o esconjuro!
Si faccia lo scongiuro!
(o Dr. Caius gira como quem procura
(il Dr. Cajuss'aggira come chi cerca
alguém. Fenton e Quickly escondem
qualcuno. Fenton e Quickly nascondono
Nannetta com seus corpos)
Nannetta colle loro persone)
(à parte, para Nannetta)
(in disparte a Nannetta)
Evita o seu perigo.
Evita il tuo periglio.
O doutor Caius já a procura.
Già il Dottor Cajus ti cerca.
Encontremos um esconderijo.
Troviamo un nascondiglio.
Pistola
Bardolfo
Bardolfo Pistola
Falstaff
Ford
Bardolfo
Alice
Nanneta
Quickly
Bardolfo
Falstaff
Duendes Folletti Diabos Diavoli
Alice Meg Quickly
Falstaff
(Se afasta com Fenton no fundo da
(Si avvia con Fenton nel fondo della
cena, protegida por Alice e Quickly)
scena, protetta da Alice e Quickly)
Depois vocês voltam rápido, ao
Poi tornerete lesti al
meu chamado.
mio richiamo.
Espíritos! Duendes!
Spiritelli! Folletti!
Borboletas! Vampiros! Ágeis insetos
Farfarelli! Vampiri! Agili insetti
do pântano infernal!
Del palude infernale!
Piquem-no!
Punzecchiatelo!
Urtiquem-no!
Orticheggiatelo!
Martirizem-no
Martirizzatelo
com focinhos pontudos!
Coi grifi aguzzi!
(Correndo velozes vêm alguns
(Accorrono velocissimi alcuni
rapazes vestidos da duendes, e
ragazzi vestiti da folletti, e si
jogam-se sobre Falstaff. Outros
scagliano su Falstaff. Altri
duendes, espíritos, diabos aparecem
folletti, spiritelli, diavoli sbucano
de vários lugares)
da varie parti)
(para Bardolfo)
(a Bardolfo)
Ai de mim! Você fede
Ahimè! tu puzzi
como uma doninha!
Come una puzzola.
(empurrando-o e fazendo-o
(spingendolo e facendolo
rolar)
ruzzolare)
Rola, rola, rola, rola!
Ruzzola, ruzzola, ruzzola, ruzzola!
Belisque, belisque,
Pizzica, pizzica,
belisque, palite,
Pizzica, stuzzica,
futuque, futuque,
Spizzica, spizzica
punja, lambisque,
Pungi, spilluzzica,
até ele latir!
Finch'egli abbai!
Ai! Ai! Ai! Ai!
Ahi! Ahi! Ahi! Ahi!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130
Duendes Folletti Diabos Diavoli
Alice Meg Quickly
Falstaff
Duendes Folletti Diabos Diavoli
Diabos Diavoli
Falstaff
Mulheres Donne
Agitemos chocalhos,
Scrolliam crepitacoli,
matracas e castanholas!
Scarandole e nacchere!
Que de esguichos e de barro
Di schizzi e di zacchere
esse odre se manche!
Quell'otre si macoli.
Metamo-lhe os pés,
Meniam scorribandole,
dancemos uma dança,
Danziamo la tresca,
dancemos a farândola
Treschiam le faràndole
sobre a ampla barriga.
Sull'ampia ventresca.
Mosquitos e moscardos,
Zanzare ed assilli,
voem sobre a pista
Volate alla lizza
com dardos e alfinetes!
Coi dardi e gli spilli!
Que ele arrebente de ira!
Ch'ei crepi di stizza!
Belisque, belisque,
Pizzica, pizzica,
belisque, palite,
Pizzica, stuzzica,
futuque, futuque,
Spizzica, spizzica,
punja, lambisque,
Pungi, spilluzzica
até ele latir!
Finch'egli abbai!
Ai! Ai! Ai! Ai!
Ahi! Ahi! Ahi! Ahi!
Batam nele, instiguem-no
Cozzalo, aizzalo
dos pés ao cocoruto!
Dai pie' al cocuzzolo!
Esganem, espremam!
Strozzalo, strizzalo!
Retirem dele o desejo!
Gli svampi l'uzzolo!
Belisque, belisque, a unha lhe enfie!
Pizzica, pizzica, l'unghia rintuzzola!
Rola, rola, rola, rola!
Ruzzola, ruzzola, ruzzola, ruzzola!
Que ele arrebente, que arrebente,
Ch'ei crepi, ch'ei crepi
que arrebente de ira!
Ch'ei crepi di stizza!
Rola! Rola!…
Ruzzola! Ruzzola!...
Ai! Ai! Ai! Ai!
Ahi! Ahi! Ahi! Ahi!
Belisque, belisque…
Pizzica, pizzica...
Dr. Cajus Ford
Indolente!
Cialtron!
Bardolfo Pistola
Vagabundo! Glutão!
Poltron! Ghiotton!
Homens Uomini
Pançudo! Beberrão! Patife!
Pancion! Beòn! Briccon!
De joelhos!
In ginocchion!
(Levantam-no os quatro e
(Lo alzano in quattro e lo obbligano
obrigam-no a se ajoelhar)
a star ginocchioni)
Ford
Pança inflada!
Pancia ritronfia!
Alice
Bochecha inchada!
Guancia rigonfia!
Bardolfo
Destroça-camas!
Sconquassa letti!
Quickly
Rompe-corpetes!
Spacca-farsetti!
Esvazia-barris!
Vuota-barili!
Afunda-assentos!
Sfonda-sedili!
Desanca-jumentos!
Sfianca-giumenti!
Queixo triplo!
Triplice mento!
Diga que se arrepende!
Di' che ti penti!
(Bardolfo pega o bastão Quickly
(Bardolfo prende il bastone di Quickly
e dá uma bastonada em Falstaff)
e dà una bastonata a Falstaff)
Ai! Ai! Me arrependo!
Ahi! Ahi! mi pento!
Homem fraudulento!
Uom frodolento!
Pistola
Meg
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo Pistola Alice Meg Quickly
Falstaff
Homens Uomini
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 132
Alice Meg Quickly
Falstaff
Homens Uomini
Alice Meg Quickly
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
As Mulheres Le Donne
Homens Uomini
Falstaff
Diabos Diavoli
As Mulheres Le Donne
Falstaff
As Mulheres Le Donne
Falstaff
Diga que se arrepende!
Di' che ti penti!
Ai! Ai! Me arrependo!
Ahi! Ahi! mi pento!
Homem turbulento!
Uom turbolento!
Diga que se arrepende!
Di' che ti penti!
Ai! Ai! Me arrependo!
Ahi! Ahi! mi pento!
Cabrão! Aproveitador! Fanfarrão!
Capron! Scroccon! Spaccon!
Perdão!
Perdon!
(com a cara muito próxima à
(colla faccia vicinissima alla faccia
de Falstaff)
di Falstaff)
Reforma a sua vida!
Riforma la tua vita!
Você fede a aguardente!
Tu puti d'acquavita.
Senhor, torne-o casto!
Domine fallo casto!
Pança inchada!
Pancia ritronfia!
Mas salve-lhe o abdômen.
Ma salvagli l'addomine.
Belisque, belisque, belisque!
Pizzica, pizzica, pizzica!
Senhor, torne-o casto!
Domine fallo guasto!
Mas salve-lhe o abdômen.
Ma salvagli l'addomine.
Castigue-o, Senhor!
Fallo punito Domine!
Mas salve-lhe o abdômen.
Ma salvagli l'addomine.
Homens Uomini
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Dr. Cajus Ford
Pança inchada!
Pancia ritronfia!
Globo de impureza! Responda!
Globo d'impurità! Rispondi.
Por mim, está bem.
Ben mi sta.
Monte de obesidade! Responda!
Monte d'obesità! Rispondi.
Por mim, está bem.
Ben mi sta.
Odre de malvasia! Responda!
Otre di malvasia! rispondi.
Assim seja.
Così sia.
Rei dos pançudos!
Re dei panciuti!
Fora, você fede.
Va via, tu puti.
Rei dos cornudos!
Re dei cornuti!
Fora, você fede.
Va via, tu puti.
Patifaria!
Furfanteria!
Ai! Assim seja.
Ahi! Così sia.
Galhofaria!
Gagliofferia!
Ai! Assim seja.
Ahi! Così sia.
Patifaria! Galhofaria!
Furfanteria! Gagliofferia!
E agora que o diabo o leve embora!
Ed or che il diavol ti porti via!!
Bardolfo Pistola
Falstaff
Dr. Cajus Ford Bardolfo Pistola
Bardolfo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134
(Na fúria do grito cai
(Nella foga del dire gli casca
o seu capuz)
il cappuccio)
(levantando-se)
(rialzandosi)
Nitro! Alcatrão! Enxofre!
Nitro! Catrame! Solfo!!
Reconheço Bardolfo!
Riconosco Bardolfo!
(violentamente contra Bardolfo)
(violentissimamente contro Bardolfo)
Nariz vermelho!
Naso vermiglio!
Nariz peludo!
Naso bargiglio!
Pontuda sovela!
Puntuta lesina!
Chama de resina! Salamandra!
Vampa di resina! Salamandra!
Fogo fátuo! Velha alabarda!
Ignis fatuus! Vecchia alabarda!
Vareta de alfaiate!
Stecca di sartore!
Agulha do inferno!
Schidion d'inferno!
Arenque seco!
Aringa secca!
Vampiro! Basilisco!
Vampiro! Basilisco!
Bandido! Ladrão!
Manigoldo! Ladrone!
Eu disse. E se minto,
Ho detto. E se smentisco
quero que me caia o cinturão!
Voglio che mi si spacchi il cinturone!!
Bravo!
Bravo!
Falstaff
Um pouco de pausa. Estou cansado.
Un poco di pausa. Sono stanco.
Quickly
(para Bardolfo, em voz baixa)
(a Bardolfo, gli dice a bassa voce)
Venha. Vou cobrir você com o véu
Vieni, Ti coprirò col velo
branco.
bianco.
(Enquanto o Dr. Caius recomeça
(Mentre il Dr. Cajus ricomincia a
a procurar e sai procurando, do
cercare e cercando esce, dalla
lado oposto, Quickly e Bardolfo
parte opposta, Quickly e Bardolfo
desaparecem atrás das árvores
scompaiono dietro gli alberi
ao fundo)
del fondo)
Falstaff
Todos Tutti
(irônico para Falstaff)
(ironico a Falstaff)
E agora, enquanto passa a sua inquietação,
Ed or, mentre vi passa la scalmana,
Sir John, diga:
Sir John, dite:
o cornudo quem é?
il cornuto Chi é?
(desmascarando-se)
(smascherandosi)
Quem é?
Chi é?
Acaso ficou mudo?
Vi siete fatto muto?
(depois de um instante de
(dopo un primo istante di
abalo andando ao
sbalordimento andando
encontro de Ford)
incontro a Ford)
Ah! Caro senhor Fontana!
Caro signor Fontana!
(interpondo-se)
(interponendosi)
Você errou a saudação,
Sbagliate nel saluto,
este é Ford, meu marido.
Questo é Ford, mio marito.
(retornando)
(ritornando)
Cavaleiro...
Cavaliero...
Falstaff
Reverência...
Reverenza...
Quickly
Você acreditou em duas mulheres tão
Voi credeste due donne
tolas,
così grulle,
tão bobas,
Così citrulle,
a ponto de entregar alma e corpo ao
Da darsi anima e corpo
Diabo,
all'Avversiero,
por um homem velho, sujo
Per un uom vecchio, sudicio
e obeso…
ed obeso...
... com essa cabeça calva...
...con quella testa calva...
... e com esse peso!
...e con quel peso!
Ford
Alice Meg
Alice
Falstaff
Alice
Quickly
Meg Quickly
Alice Meg Quickly
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136
Ford
Falam claro.
Parlano chiaro.
Começo a me dar conta
Incomincio ad accorgermi
de ter sido um asno.
D'esser stato un somaro.
Alice
Um cervo.
Un cervo.
Ford
Um boi.
Un bue.
(rindo)
(ridendo)
Ah! Ah!
Ah! Ah!
É um monstro raro!
È un mostro raro!
Um cervo! Um boi!
Un cervo! Un bue!
Ah! Ah!
Ah! Ah!
(que retomou a sua calma)
(che avrà riacquistato la sua calma)
Todo tipo de gente ordinária
Ogni sorta di gente dozzinale
zomba de mim e se vangloria disso;
Mi beffa e se ne gloria;
mas, sem mim, esses com tanta presunção
Pur, senza me, costor con tanta boria
não teriam uma migalha de sal.
Non avrebbero un briciolo di sale.
Sou eu quem os faz espertos.
Son io che vi fa scaltri.
A minha argúcia cria a argúcia dos
L'arguzia mia crea l'arguzia
outros.
degli altri.
Que bravo!
Ma bravo!
Pelos deuses!
Per gli Dei!
Se eu não estivesse rindo, o
Se non ridessi ti sconquasserei!
despedaçaria!
Ma basta. Ed ora vo' che
Mas basta. E agora me escutem.
m'ascoltiate.
Coroaremos a bela mascarada
Coronerem la mascherata bella
com as bodas da
Congli sponsali della
Rainha das Fadas.
Regina delle Fate.
(O doutor Caius e Bardolfo, vestido
(Il Dr. Cajus e Bardolfo, vestito da
Falstaff
Todos Tutti
Falstaff
Todos Tutti
Ford
Todos Tutti
Ford
Alice
Ford
de Rainha das Fadas e com o rosto
Regina delle Fate col viso coperto
coberto por um véu, avançam
da un velo, s'avamzano lentamente
lentamente de mãos dadas. O Dr.
tenendosi per mano. Il Dr. Cajus ha
Caius põe a sua máscara sobre o rosto)
la maschera sul volto)
O par de noivos já se aproxima.
Già s'avanza la coppia degli sposi.
Atentos!
Attenti!
Atentos!
Attenti!
Ei-la, em branca veste,
Eccola, in bianca vesta
com o véu e a coroa de flores na cabeça
Col velo e il serto delle rose in testa
e o seu noivo, com quem a casarei.
E il fidanzato suo ch'io le disposi.
Rodeiem-na, oh, Ninfas!
Circondatela, o Ninfe.
(O doutor Caius e Bardolfo colocam-se
(Il Dr. Cajuse Bardolfo si collocano
no meio: as Fadas os rodeiam)
nel mezzo: le Fate li circondano)
(apresentando Nannetta com um
(presentando Nannetta chi ha un
grande véu celeste que a cobre toda.
gran velo celeste che la copre tutta.
Fenton está de máscara e capa)
Fenton ha la maschera e la cappa)
Outro casal
Un'altra coppia
de amantes desejosos
D'amanti desiosi
quer ser admitido
Chiede d'essere ammessa
nas felizes bodas!
agli augurosi connubi!
Que seja. Faremos uma festa dupla.
E sia. Farem la festa doppia.
Aproximem as luzes.
Avvicinate i lumi.
(Os duendes guiados por Alice se
(I folletti guidati da Alice si
aproximam com suas lanternas)
avvicinano colle loro lanterne)
O céu os une.
Il ciel v'accoppia.
Tiram as máscaras e os véus.
Giù le maschere e i veli.
Apoteose!
Apoteosi!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138
(rapidamente Fenton e o Dr. Caius
(rapidamente Fenton e il Dr. Cajus
tiram a máscara; Nannetta e
si tolgono la maschera; Nannetta e
Bardolfo o véu)
Bardolfo il velo)
(rindo, menos Ford e o Dr. Caius)
(ridendo tranne Ford e il Dr. Cajus)
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
(reconhecendo Bardolfo,
(riconoscendo Bardolfo,
imobilizado pela surpresa)
immobilizzato dalla sorpresa)
Que susto!
Spavento!
(surpreso)
(sorpreso)
Traição!
Tradimento!
(rindo)
(ridendo)
Apoteose!
Apoteosi!
(olhando para o outro casal)
(guardando l'altra coppia)
Fenton com a minha filha!
Fenton con mia figlia!!
Casei-me com Bardolfo!
Ho sposato Bardolfo!!
Ah! Ah!
Ah! Ah!
Terror!
Spavento!
Vitória!
Vittoria!
(menos Caius e Ford)
(tranne Dr. Cajus e Ford)
Viva! Viva!
Evviva! Evviva!
Ford
Oh! Maravilha!
Oh! Meraviglia!
Alice
(aproximando-se de Ford)
(avvicinandosi a Ford)
O homem sempre cai nas redes urdidas
L'uom cade spesso nelle reti ordite
Todos Tutti
Dr. Cajus
Ford
Os outros Gli altri
Ford
Dr. Cajus
Todos Tutti
Dr. Cajus
As mulheres Le donne
Todos Tutti
por suas malícias.
Dalle malizie sue.
(irônico para Ford)
(ironico a Ford)
Caro bom Senhor Ford,
Caro buon Messer Ford,
e agora, diga: o descornado quem é?
ed ora, dite: Lo scornato chi è?
(aponta para o Dr. Caius)
(accenna al Dr. Cajus)
Ele.
Lui.
(aponta para Ford)
(accenna a Ford)
Você.
Tu.
Ford
Não.
No.
Dr. Cajus
Sim.
Sì.
Bardolfo
(aponta para Ford e para o Dr. Caius)
(accenna a Ford e al Dr. Cajus)
Vocês.
Voi.
(aponta também para Ford e
(accenna pure a Ford e
o Dr. Caius)
al Dr. Cajus)
Eles.
Lor.
(juntando-se a Ford)
(mettendosi con Ford)
Nós.
Noi.
Todos os dois.
Tutti e due.
(juntando Falstaff com Ford e Caius).
(mettendo Falstaff con Ford e Cajus)
Não. Todos os três.
No. Tutti e tre.
(para Ford, apontando para
(a Ford, mostrando Nannetta
Nannetta e Fenton)
e Fenton)
Volte-se e veja essas formosas ânsias.
Volgiti e mira quelle ansie leggiadre.
Falstaff
Ford
Dr. Cajus
Fenton
Dr. Cajus
Falstaff
Alice
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140
Nannetta
Ford
Todos Tutti
Falstaff
Ford
Todos Tutti
Falstaff
Todos Tutti
(para Ford, segurando sua mão)
(a Ford, giungendo le mani)
Perdoe-os, pai.
Perdonateci, padre.
Quem não pode se esquivar
Chi schivare non può
de sua própria moléstia,
la propria noia
que a aceite de bom grado.
L'accetti di buon grado.
Façamos o casamento
Facciamo il parentado
e que o céu lhes dê alegria.
E che il ciel vi dia gioia.
(menos o Dr. Caius)
(tranne il Dr. Cajus)
Viva!
Evviva!
Um coro e terminemos a cena.
Un coro e terminiam la scena
E depois, com Sir Falstaff,
Poi con Sir Falstaff,
todos, saímos de cena.
tutti, andiamo a cena.
Viva!
Evviva!
Tudo no mundo é burla.
Tutto nel mondo é burla.
O homem nasceu burlão...
L'uom é nato burlone...
Tudo no mundo é burla.
Tutto nel mondo é burla.
O homem nasceu burlão,
L'uom é nato burlone,
a fé no seu coração vacila,
La fede in cor gli ciurla,
vacila também a sua razão.
Gli ciurla la ragione.
Todos enganados! Riem
Tutti gabbati! Irride
uns dos outros todos os mortais.
L'un l'altro ogni mortal.
Mas ri melhor quem ri
Ma ride ben chi ride
por último.
La risata final.
(cai a cortina)
(cala la tela)
FIM
FINE
Ambrogio Maestri
John Neschling
Davide Livermore
Virginia Tola
Bruno Greco Facio
Saulo Javan
Denise de Freitas
Luca Salsi
Nelson Martinez
Romina Boscolo
Rosana Lamosa
Stefano Consolini
Adriane Queiroz
Gianluca Falaschi
Lina Mendes
Marco Frusoni
Di贸genes Randes
Blagoj Nacoski
Elisabetta Fiorillo
Rodrigo Esteves
Luciana Bueno
Saverio Fiore
Orquestra
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Sinfônica
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-
Municipal
nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de
de São Paulo
São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.
Coro Lírico
O Coro Lírico foi criado em 1939 por iniciativa do prefeito
Municipal
Prestes Maia, sob a coordenação do Maestro Armando Be-
de São Paulo
lardi, então diretor artístico do Theatro Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti e Fábio Mechetti. Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997. Desde dezembro de 2013, o grupo é dirigido por Bruno Greco Facio.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144
Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo, John
John Neschling
Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se de-
Regente
dicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos reestruturado a Osesp, transformando-a num ícone da música sinfônica na América Latina. Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França), Massimo de Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos EUA, em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como regente sinfônico, tem uma longa experiência frente a grandes orquestras dos continentes americano, europeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N.1 de Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone como um dos melhores da história. No momento, se prepara para gravar o terceiro volume das obras de Respighi pela gravadora sueca BIS, frente à Filarmônica Real de Liege, Bélgica. Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua formação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Brasil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos EUA. É membro da Academia Brasileira de Música.
Davide Livermore estudou canto lírico e atuou como tenor por
Davide Livermore
dez anos, até 1998, quando direcionou suas energias criativas
Direção Cênica, Cenografia
para a direção cênica. Durante sua carreira, dirigiu importan-
e Desenho de Luz
tes produções de ópera em vários teatros da Itália, como o Teatro del Maggio Musicale de Florença, Teatro Regio de Turim,
Teatro San Carlo de Nápoles, Teatro Carlo Felice de Gênova, Teatro La Fenice de Veneza, e em outros países, como Opera Company da Filadélfia e a Opéra de Montpellier. Atua como diretor artístico do Cineteatro Baretti, em Turim, e leciona educação musical e canto na Escola do Teatro Stabile da mesma cidade. Em fevereiro de 2013, foi nomeado diretor artístico do Centro de Perfeccionamiento Plácido Domingo do Palau de les Arts de Valência, Espanha. Nas últimas temporadas, Davide Livermore dirigiu La Bohème na Opera Company da Filadélfia e no Palau de les Artes de Valência, na qual também realizou uma nova montagem do Otello de Giuseppe Verdi, e As Bodas de Fígaro, de Mozart, no Teatro Colón de Buenos Aires e no Teatro Carlo Felice de Gênova, dentre outras óperas. Neste ano, ele dirigiu esta montagem inédita de Falstaff no Theatro Municipal de São Paulo, e dirigirá Carmen, de Bizet, no Teatro Carlo Felice de Gênova, e Narciso, de Scarlatti, no Innsbrucker Festwochen der Alten Musik.
Gianluca Falaschi
Nascido em Roma, trabalhou com alguns dos mais presti-
Figurinos
giados diretores da cena teatral, como Arturo Cirillo, Cristina Pezzoli, Antonio Latella, Davide Livermore, Pierpaolo Sepe, Alessandro Gassman, Giuseppe Marini, Walter Le Moli. Sua entrada no mundo da ópera ocorreu a partir da parceria artística com Cirillo: Falaschi assinou o figurino da montagem de Alidoro, de Leonardo Leo, no Teatro Valli de Reggio Emilia e de Napoli milionaria!, de Nino Rota, no Festival de Martina Franca. Colaborou no Trítico de Puccini no Teatro Comunale de Módena, espetáculo sob a direção de Cristina Pezzoli, para quem também desenhou o figurino de Mãe Coragem, de Bertolt Brecht. Com Davide Livermore, colaborou com o figurino na bem-sucedida encenação de Don Giovanni de Mozart no Teatro Carlo Felice de Gênova. A parceria entre os dois foi repetida na montagem da peça Peter Pan de James Barrie no
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 146
Teatro Due de Parma; das óperas A Filha do Regimento, de Donizetti, no Teatro Verdi di Trieste e L’Italia del destino, de Luca Mosca, no Teatro del Maggio Musicale de Florença. É professor de Figurinismo na Accademia d’Arte Drammatica Silvio D’Amico. Recebeu o Prêmio Abbiati de 2013 pelo figurino de Ciro in Babilonia, de Rossini, produzido para o Rossini Opera Festival, com direção de Davide Livermore.
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Fa-
Bruno Greco Facio
culdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orien-
Regente do Coro
tação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011 assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Durante 2010 foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013; em dezembro do mesmo ano assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.
Natural de Pavia, norte de Itália, Ambrogio Maestri teve sua
Ambrogio Maestri
carreira alavancada após brilhar como Falstaff em apresenta-
Barítono
ção regida por Riccardo Muti e com direção artística de Giorgio Strehler, que fazia parte das festividades do centenário da morte de Verdi. Desde então, é muito requisitado pelos mais importantes teatros de ópera do mundo todo. Sua relação com Muti o levou a interpretar, no Teatro alla Scala de Milão, alguns papeis verdianos bastante emblemáticos: Iago
em Otello, Renato em Um Baile de Máscara, Don Carlo di Vargas em A Força do Destino e Giorgio Germont em La Traviata. Convidado de famosas companhias de ópera do mundo todo, como a Metropolitan Opera, Ópera de Paris, Covent Garden e Staatsoper de Vienna, Maestri continua seu percurso verdiano, atuando em montagens de Il Trovatore, Aida, Simon Boccanegra, Rigoletto e Nabucco. Aclamado tanto pelo público como pela crítica, Maestri é um dos barítonos mais reverenciados do cenário internacional. Nos últimos quatro anos, Maestri se dedicou a papeis de óperas de Puccini e do Verismo, participando de montagens de Tosca, Pagliacci e Cavalleria Rusticana em teatros de Viena, Munique, Zurique, Salzburgo e Tóquio. Durante sua carreira, foi dirigido por grandes regentes e diretores cênicos como Zubin Mehta, Daniele Gatti, Daniel Oren, Franco Zeffirelli, Robert Carsen, Graham Vick, Peter Stein e Bob Wilson, dentre outros.
Nelson Martinez
Nascido em Cuba, Nelson começou a carreira operística aos
Barítono
19 anos, tendo, desde o início, êxito em teatros de todo o mundo, interpretando uma grande variedade óperas italianas e francesas, bem como zarzuelas espanholas e cubanas. Nelson tem uma voz de barítono verdiano altamente dramática, combinando um legato elegante com musicalidade inteligente, além de uma presença de palco dominante. Em 2001, Nelson se mudou para os EUA, onde continua sua carreira operística, atuando com companhias de ópera de várias cidades americanas, como Saint Louis, Knoxville, Miami, Nova Jersey, Baltimore, dentre outras, e de vários países, como Espanha, França, China, Rússia, Coréia e México. No universo verdiano, Nelson Martinez interpretou o papel principal em Rigoletto, na Ópera Nacional da Grécia, em Atenas, e a personagem título em Nabucco, na Florida Grand Opera de Miami.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 148
Aclamado pela beleza de sua voz e rica expressão de suas
Rodrigo Esteves
interpretações, tem intensa carreira internacional brilhando
Barítono
nos palcos de Madri, Bilbao, Valencia, Tóquio, Monte Carlo, Mallorca, Pamplona, Sicilia, Cagliari, Buenos Aires, Spoleto, Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Belo Horizonte, Belém, entre outros. Venceu por duas vezes o Prêmio Carlos Gomes como melhor cantor e gravou na Espanha pela EMI e RTVE e, no Brasil, pela Algol e Biscoito Fino. Representou papeis principais em óperas como Don Carlo, Nabucco, Macbeth, Fastaff, Um Baile de Máscaras, Il Trovatore, La Traviata, de Verdi; Fausto, Romeu e Julieta, de Charles Gounod; I Pagliacci, de Leoncavallo; La Bohème e Tosca, de Puccini; O Cavaleiro da Rosa, de Richard Strauss; Canções das Crianças Mortas, A Canção da Terra, de Gustav Mahler.
Nascido em San Secondo Parmense, na Itália, Luca Salsi es-
Luca Salsi
treou no Teatro Comunale de Bolonha em A Escada de Seda
Barítono
de Rossini, em 1997. Desde então, estabeleceu uma carreira internacional apresentando-se em importantes teatros do mundo, como o Metropolitan de Nova York, Teatro alla Scala de Milão, Teatro Colón de Buenos Aires, Washington Opera, Los Angeles Opera, Staatsoper de Berlim, Teatro Regio de Parma, Teatro Lirico de Cagliari, Teatro Carlo Felice de Gênova e Teatro San Carlo de Nápoles. Trabalhou com importantes regentes, como Mark Elder, Gabriele Ferro, Daniele Gatti, Plácido Domingo, Gustavo Dudamel, Riccardo Muti, Renato Palumbo, Donato Renzetti, Emanuel Villaume e Alberto Zedda; e prestigiados diretores de cena, incluindo Daniele Abbado, Robert Carsen, Hugo De Ana, Giuseppe Patroni Griffi, Antony Minghella, Lamberto Puggelli, Maurizio Scaparro e Franco Zeffirelli. Nos últimos anos, interpretou Don Carlo em A Força do Destino, seguido de outros importantes papeis verdianos: Macbeth e Nabucco, ambos sob a regência de Riccardo
Muti, o papel principal em Rigoletto, Ford em Falstaff, Conte di Luna em Il Trovatore e Ernani em Don Carlo. Além disso, atuou como Marcello em La Bohème, Sharpless em Madama Butterfly, de Puccini, Fígaro em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, e Valentin no Fausto de Charles Gounod.
Virginia Tola
Natural de Santa Fé, Argentina, Virginia tem em seu reper-
Soprano
tório diversas obras sinfônicas e operísticas e se apresentou em importantes teatros, como o Palau de les Arts Reina Sofia de Valência, Ópera de Monte Carlo, Nederlandse Opera de Amsterdã, Teatro Colón de Buenos Aires, Ópera de Lausanne e Den Norske Opera de Oslo. Apresentou-se diversas vezes com Plácido Domingo pela Ásia, Europa e América do Norte. Interpretou a Condessa de Almaviva em As Bodas de Fígaro e Fiordiligi em Così fan Tutte, de Mozart, Violetta em La Traviata e Desdemona em Otello, de Verdi, Mimì em La Bohème, de Puccini, Micaela em Carmen, de Bizet, Rosina em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, Valencienne em A Viúva Alegre, de Franz Lehár, Margarita em Mefistófeles, de Arrigo Boito, e Nedda em I Pagliacci, de Leoncavallo. Destacam-se em sua discografia as gravações de Don Rodrigo e de Milena, obras do compositor argentino Alberto Ginastera.
Adriane Queiroz
A paraense Adriane Queiroz desenvolve sua carreira na Eu-
Soprano
ropa, principalmente na Alemanha, onde integra o ensemble de solista da Staatsoper de Berlim. Formada em canto pelo Conservatório Carlos Gomes, foi selecionada pela concorrida Academia de Música de Viena, onde se diplomou em ópera e atuou sob a direção de maestros como Barenboim, Nagano, Rene Jacobs, dentre outros. Cantou também com a Filarmônica de Berlim a Oitava Sinfonia de Mahler, com Pierre Bou-
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lez, gravada pela Deutsche Grammophon. Em seu repertório operístico encontramos títulos como As Bodas de Fígaro, A Flauta Mágica, Così fan Tutte, Don Giovanni, Turandot e Carmen. Cantou Rosalinde, na opereta O Morcego, na Semperoper de Dresden. Paralelamente, realiza um trabalho de divulgação da música brasileira. Em 2011, gravou um álbum com Canções de Camargo Guarnieri. Ano passado, estreou a opereta O Estudante Mendigo, de Karl Millöcker, no festival de Mörbisch, Áustria, que também foi gravada e lançada pelo selo Oehms.
Reconhecida como uma das mais importantes sopranos bra-
Rosana Lamosa
sileiras, Rosana Lamosa é convidada frequentemente a atuar
Soprano
em palcos do Brasil e do mundo, tendo se apresentado em importantes teatros como o Carnegie Hall de Nova York e o Concert Hall de Seul. Interpretou Mélisande em Pelléas et Mélisande, de Debussy, Mimì em La Bohème, de Puccini, Violetta em La Traviata e Gilda em Rigoletto, de Verdi, Susanna em As Bodas de Fígaro, de Mozart, Marie em A Filha do Regimento, de Donizetti, e o papel princial em Manon, de Massenet. Além disso, se apresentou como Cecy em O Guarani, de Carlos Gomes, no Teatro São Carlos de Lisboa, no papel principal em Armide, de Gluck, no Buxton Festival, na Inglaterra e como Gilda em Rigoletto na Michigan Opera House. Recebeu o Prêmio APCA de melhor cantora em 1996 e o Prêmio Carlos Gomes em 1999 e 2002. Em 2009 recebeu a Ordem do Ipiranga do Governo de São Paulo, por serviços prestados à arte e à cultura. Gravou as Canções de Amor de Claudio Santoro, a ópera Jupyra de Francisco Braga com a Osesp, as Bachianas Brasileiras N. 5 de Villa–Lobos com a Nashville Symphony Orchestra, Canções de Gilberto Mendes e Missa de N. Sra. da Conceição de José Mauricio Nunes Garcia com a OSB.
Lina Mendes
Nascida em Niterói, ainda pequena Lina foi solista no Thea-
Soprano
tro Municipal do Rio de Janeiro nas óperas Tosca, de Puccini, Rigoletto, de Verdi, e A Flauta Mágica, de Mozart. Interpretou Nedda na ópera I Pagliacci, de Leoncavallo, e foi solista em Maroquinhas Fru-Fru de Ernst Mahle, La Canterina de Haydn, Un Mari à La Porte de Offenbach e em Orfeu e Eurídice de Gluck. No centenário do Theatro Municipal de São Paulo, interpretou Gilda na ópera Rigoletto, sob regência de Abel Rocha. Naquele mesmo ano, viveu Ninette da ópera O Amor das Três Laranjas de Prokofiev, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob regência de Isaac karabtchevsky. Em 2010, Lina foi convidada a participar do Schleswig Holstein Musik Festival, passando por diferentes cidades da Alemanha, sob regência de Rolf Beck, Christopher Hogwood, Stefan Parkman, Bobby McFerrin e Christoph Eschenbach. Nos últimos anos, cantou o papel de Nannetta, trechos da ópera Falstaff na sala de música de câmara do Teatro Regio de Parma; interpretou Liberty na ópera Ça Ira, de Roger Waters, no Theatro Municipal de São Paulo; como Blonde, participou da ópera O Rapto do Serralho de Mozart. No Palácio das Artes, em Minas Gerais, interpretou Oscar da ópera Um Baile de Máscara de Verdi.
Marco Frusoni
Marco Frusoni estreou em 2008 no Teatro dell’Opera de
Tenor
Roma em La Camerata Bardi, espetáculo que traça um percurso da ópera de Claudio Monteverdi a Andrea Morricone. No mesmo ano participou da apresentação da Missa de Glória, de Puccini, na Basílica de San Frediano em Lucca, com a Orquestra de Torre del Lago, que fez parte da celebração dos 150 anos do nascimento do compositor. No ano seguinte, no Teatro dell’Opera de Roma, interpretou Gabalo na estreia mundial de Il Re Nudo, de Luca Lombardi. Em Spoleto foi o protagonista de Il Cuoco e La
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Madama de Giuseppe Sigismondi e, em Teramo, Cassio, em Otello de Verdi, com Renato Bruson. Nos últimos anos, atuou no papel de Fenton, no Falstaff, e Alfredo, La Traviata, de Verdi, como Lord Riccardo Percy em Anna Bolena, de Donizetti, Rinuccio em Gianni Schicchi e Rodolfo em La Bohème, ambas de Puccini, como Don Josè na Carmen de Bizet, junto a Alberto Gazale, tendo se apresentado em diversos teatros de Milão, Modena, Pisa, Livorno e Verona.
O macedônio Blagoj Nacoski, após ter estudado em Skopje
Blagoj Nacoski
e Florença, estreou em 2003 no Teatro dell’Opera de Roma,
Tenor
no papel de Arturo, em Lucia di Lammermoor de Donizetti. Desde então, se apresentou nos mais prestigiados teatros do mundo: Teatro del Maggio Musicale de Florença, Teatro Carlo Felice de Gênova, Festival de Salzburgo, Concertgebouw de Amsterdã, Bayerische Staatsoper de Munique, Teatro Regio de Parma, Opernhaus de Zurique, Ópera de Frankfurt, Teatro Verdi de Trieste, Teatro La Fenice de Venezia, Teatro Lirico de Cagliari, Staatsoper de Stuttgart, dentre outras. Atuou no papel de Ferrando em Così fan Tutte, Tamino em A Flauta Mágica, Don Ottavio em Don Giovanni, Belmonte em O Rapto do Serralho, Scipione em Il sogno di Scipione, de Mozart; Ernesto em Don Pasquale, Nemorino em O Elixir do Amor, de Donizetti; Lindoro em L’Italiana in Algeri, Don Narciso em Il Turco in Italia, Almaviva em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini; Fenton em Falstaff, de Verdi; Elvino em La Sonnambula, de Bellini; Peter Quint em A Volta do Parafuso, Lysander em Sonho de um Noite de Verão, de Britten. Paralelamente às suas atuações operísticas, Blagoj Nacoski também se dedicou à música sinfônica, tendo se apresentado no Il Quirinale, o palácio presidencial italiano; foi o tenor solista na Sinfonia N.9 de Beethoven, além de ter cantado várias vezes o Messias de Händel e a Missa em Si Menor de J. S. Bach em Roma, Florença e Bolonha.
Denise de Freitas
Em 2013, Denise de Freitas brilhou como Azucena em Il Tro-
Mezzo-Soprano
vatore, de Verdi, no Festival do Teatro da Paz, e como Fricka em As Valquírias, de Richard Wagner, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2012, cantou Waltraute em O Crepúsculo dos Deuses, de Richard Wagner, no Theatro Municipal de São Paulo. Recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor cantora em 2004, 2009 e 2012. Apresentou-se na ópera Yerma em Berlim, Paris e Lisboa. Seu repertório inclui Dalila, Compositor (Ariadne), Mère Marie (Diálogo das Carmelitas), Cherubino, Nicklausse (Les Contes d'Hoffmann), Siebel (Fausto), O Raposo (Raposinha Esperta), além de Suzuki, Laura, Adalgisa e Charlotte. Apresentou-se sob a regência dos maestros Isaac Karabtchevsky, Luiz Fernando Malheiro, John Neschling, Silvio Viegas, Fabio Mechetti, Jamil Maluf, Marcelo de Jesus, Rafael Frühbeck de Burgos, J. Pons, K. Martin, C. Villaret e R. Armstrong. E atuou sob a direção de Jorge Takla, Aidan Lang, Carla Camurati, Lívia Sabag e André Heller. Estudou com L. Prioli e se aperfeiçoou com C. Green, P. McCaffrey e com S. Sass.
Luciana Bueno
Estreou em O Barbeiro de Sevilha como Rosina, sob direção
Mezzo-Soprano
de Enzo Dara. Desde então tem se apresentado como Carmen (Carmen), Donna Elvira (Don Giovanni), Lola (Cavalleria Rusticana), João (João e Maria), Suzuki (Madama Butterfly), Meg Page (Falstaff), Katisha (O Mikado), Giulietta (Os Contos de Hoffmann), Aksinya (Lady Macbeth de Mtzenski), La Cenerentola (Cenerentola), Romeo (I Capuleti e I Montecchi), Mãe (Poranduba), Teresa (Magdalena), Mãe/ Xícara Chinesa/Libélula (O Menino e os Sortilégios de Ravel), Miss Jessel (The Turn of the Screw) e Mãe, na estreia de O Menino e a Liberdade, de Ronaldo Miranda. Foi Suzuki, em Madama Butterfly, na Royal Opera Canada e solista no Glória de Vivaldi, Messias de Händel, Requiem de Verdi, Missa em Dó Menor de Mozart, Missa em Dó Maior e Nona Sinfonia de Beethoven e
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Lobgesang de Mendelssohn. Estudou com Pier Miranda Ferraro (Itália) e Leilah Farah, e atualmente desenvolve repertório com Ricardo Ballestero.
A carreira de Elisabetta Fiorillo tem início com a conquista
Elisabetta Fiorillo
do primeiro prêmio no Concurso Mattia Battistini di Rieti, em
Mezzo-Soprano
1983, destacada por sua qualidade de mezzo-soprano dramática, típicamente verdiana. É no universo deste compositor que ela se desenvolve, tendo se apresentado nos mais importantes teatros italianos, como o La Fenice de Veneza, o San Carlo de Nápoles, o Regio de Turim, o Comunale de Florença; aplaudida por sua interpretação de Eboli em Don Carlos, Amneris em Aida, Preziosilla em A Força do Destino, Ulrica em Um Baile de Máscaras e, sobretudo, de Azucena em Il Trovatore, essa última interpretada também em Viena e Mônaco com regência de Zubin Mehta e na Opernhaus de Zurique com Riccardo Chailly. Elisabetta é presença frequente em teatros europeus, como a Deutsche Oper de Berlim, a Staatsoper de Hamburgo, a Bayerische Staatsoper de Munique e o Liceu de Barcelona. Destacam-se em sua discografia o Requiem de Guiseppe Verdi, lançado pela Deutsche Grammophon, La Gioconda, de Ponchielli, pela EMI, e L’Arlesiana de Francesco Cilea, pela Bongiovanni.
Depois de ter estudado em Turim, Veneza e Siena, Romina
Romina Boscolo
Boscolo foi para a Salzburgo e, sob a orientação de Christa
Mezzo-Soprano
Ludwig, foi apresentada ao universo mahleriano; sua estreia cantando o ciclo Kindertotenlieder foi recebida com muito entusiasmo. Aos 20 anos, estreou no palco dramático como Ramiro em La Finta Giardiniera de Mozart, no Teatro Gustavo Modena de Gênova. Anos depois, interpretou pela primeira vez uma personagem protagonista, como Isabella em A Ita-
liana em Argel, no Teatro Carignano de Turim. Em 2005, recebeu o primeiro reconhecimento internacional com o Prêmio Jovem Promessa do Concurso Renata Tebaldi em San Marino. Nos anos seguintes alcançou sucessos em concertos, como no Réquiem de Dvorák, Édipo Rei de Stravinsky, Stabat Mater de Pergolesi e algumas estreias operísticas como Adalgisa em Norma, Maddalena em Rigoletto, Ottavia em L'incoronazione di Poppea de Claudio Monteverdi. Dentre os trabalhos recentes e futuros, destacam-se Il Trítico pucciniano em Colônia, Falstaff em Sassari e Jesi, Gianni Schicchi de Puccini em Parma e o Messias de Händel em Bari.
Saverio Fiore
Saverio fez sua estreia em 1998 na ópera Il fortunato inganno
Tenor
de Gaetano Donizetti, no Festival della Valle D’Itria; desde então, participou de montagens de La bohème, Madama Butterfly, Don Pasquale, La traviata, Don Carlo e Werther. Em 2009, estreou no Festival de Salzburgo com Riccardo Muti. Foi muito aclamado em Lucia di Lammermoor no Teatro del Maggio Musicale de Florença e no Parsifal em Valência, ambas montagens com regência de Lorin Maazel. Cantou em importantes teatros da Itália, como o Teatro Filarmonico in Verona, o Teatro La Fenice de Veneza, Teatro dell’Opera de Roma, e com grandes maestros como Seiji Ozawa, Renato Palumbo e Zubin Mehta. No último ano, se apresentou em Florença e em Roma e para este ano está escalado a participar de montagens de Nabucco em Salzburgo, Aida, Rigoletto, Gala Verdi em Verona, I Pagliacci em Cagliari, Nabucco e Simon Boccanegra em turnê pelo Japão com o Teatro dell’Opera de Roma.
Diógenes Ranges
Nascido em São Paulo, Diógenes Randes recebeu seu pri-
Baixo
meiro pepel no Theater Freiburg aos 24 anos e, naquele te-
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atro, interpretou por três anos importantes papeis como Sarastro, na Flauta Mágica, Banco em Macbeth, Sparafucile em Rigoletto, Guglielmo em Così fan Tutte e Timur em Turandot. Anos mais tarde, Diógenes fez parte da Staatsoper de Hamburgo, onde atuou em importantes óperas de Mozart, Wagner, Verdi, Puccini e Palestrina. Recentemente, Diógenes Randes foi ouvido interpretando Gurnemanz em Parsifal, em Manaus, Padre Guardiano em A Força do Destino, em Barcelona, Daland em O Holandês Voador, em Tóquio, como Pistola em Falstaff e como Colline em La Bohème em Toulouse, Hans Foltz em Os Mestres Cantores de Nuremberg e Fafner em O Ouro do Reno, em Bayreuth. Atuou sob a regência de grandes maestros como Claudio Abbado, Riccardo Chailly, Daniele Gatti, Maurizio Benini e Christian Thielemann.
Reconhecido pela crítica como um dos grandes artistas de
Saulo Javan
ópera do Brasil, tem se apresentado nas principais casas de
Baixo
concerto do país, como a Sala São Paulo, o Theatro Municipal de São Paulo, Theatro São Pedro, Teatro Tobias Barreto, Teatro Santa Isabel, entre outros. Gravou a Sinfonia Ameríndia, de Heitor Villa-Lobos, com a Osesp, interpretou Padre José em Magdalena, de Villa-Lobos, Bonzo em O Rouxinol, de Stravinsky, Ramphis em Aida, de Verdi, Dulcamara em O Elixir do Amor e Don Pasquale, ambas de Donizetti e Simone em Gianni Schicchi, de Puccini. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou o papel de Bozo na estreia da ópera Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Outras performances incluem Salieri, em Mozart & Salieri, de Rimsky-Korsakov, O Homem dos Crocodilos, de Arrigo Barnabé, O Franco Atirador, de Weber, Don Giovanni e As Bodas de Fígaro, de Mozart, Alcina, de Händel, Escamillo em Carmen, de Bizet, e Treemonisha, de Scott Joplin. Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos, em Araçatuba.
Stefano Consolini
Formado pelo Teatro Comunale de Bolonha, sob orientação
Tenor
do Maestro Paride Venturi, Stefano Consolini iniciou prontamente uma carreira brilhante. Foi residente de alguns teatros e festivais internacionais, como o Teatro Indipendente de Santa Fé, na Argentina, Sava Center, de Belgrado, Teatro Nazionale da Tunísia, Festival de Santander, apesar de ter concentrado sua carreira principalmente na Itália, onde cantou em importantes teatros: Teatro alla Scala, Teatro Massimo de Palermo, Teatro Donizetti de Bérgamo, Teatro dell’Opera de Roma, Teatro Carlo Felice de Gênova, Teatro La Fenice de Veneza, Teatro Comunale de Bolonha, Teatro Verdi de Trieste, Teatro Regio de Turim e Teatro San Carlo de Nápoles. Seu repertório é vasto, incluindo La Traviata, Um Baile de Máscara, Il Trovatore, Rigoletto, Nabucco e Falstaff, de Verdi; Tosca, Turandot, Manon Lescaut, La Bohème e Madama Butterfly, de Puccini; A Falsa Simples e Le Nozze di Figaro, de Mozart; Lucia di Lammermoor, de Donizetti; A Viúva Alegre, de Franz Lehár; Orfeu no Inferno, de Jacques Offenbach, dentre outros.
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Theatro Municipal de São Paulo Temporada Lírica 2014
Maio e Junho
Carmen Georges Bizet Mai qui (29) às 20h, sáb (31) às 20h Jun ter (03 / 10), qua (11) qui (05 / 11) e sáb (07) às 20h, dom (01 / 08) às 18h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Regência Ramón Tebar Direção Cênica Filippo Tonon Cenografia Juan Guillermo Nova Carmen Rinat Shaham / Luisa Francesconi Don José Thiago Arancam / Fernando Portari Escamillo Rodrigo Esteves / David Marcondes Micaela Lana Kos / Andrea Aguilar Frasquita Marta Torbidoni Mercedes Malena Dayen Dancairo Francis Dudziak Remendado Rodolphe Briand Morales Norbert Steidl / Vinícius Atique Zuñiga Massimiliano Catellani
Setembro
Salomé Richard Strauss ter (09 / 16), qui (11 / 18) e sáb (06 / 20) às 20h dom (14) às 18h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Regência John Neschling Direção Cênica Livia Sabag Cenografia Nicolás Boni Figurinos Veridiana Piovezan Desenho de Luz Wagner Pinto Coreografia Ana Paula Mastrodi Salomé Nadja Michael / Alexandrina Pendatchanska Herodes Peter Bronder / Jürgen Sacher Herodias Iris Vermillion / Alejandra Malvino Jochanaan Steven Mark Doss / Michael Kupfer
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 160
Narraboth Stanislas De Barbeyrac / István Horváth
Novembro / Dezembro
1º Judeu Paulo Chamié–Queiroz 2º Judeu Rubens Medina 3º Judeu Eduardo Trindade 4º Judeu Miguel Geraldi 5º Judeu Sérgio Righini 1º Nazareno Carlos Eduardo Marcos
Tosca Giacomo Puccini Nov sáb (29) às 20h | dom (30) às 18h Dez ter (02 / 09), qui (04 / 11) e sáb (06 / 13) às 20h dom (07 ) às 18h
2º Nazareno Sérgio Weintraub
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
1º Soldado Marcos Carvalho
Coro Lírico Municipal de São Paulo
2º Soldado Paulo Menegon
Regência Oleg Caetani
Capadócio Jonas Mendes
Direção Cênica Marco Gandini
Pajem de Herodias Elaine Martorano Escravo Elisabeth Ratzersdorf
Outubro
Floria Tosca Amanda Echalaz / Ausrine Stundyte Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez / Stuart Neill Scarpia Roberto Frontali / Nelson Martinez Cesare Angelotti Massimiliano Catellani
Cavalleria Rusticana / I Pagliacci
Sacristão Saulo Javan
Pietro Mascagni / Ruggero Leoncavallo
Spoletta Luca Casalin
ter (21 / 28), qua (29), qui (23) e sáb (18 / 25) às 20h dom (19 / 26) às 18h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Regência Ira Levin Direção Cênica (Cavalleria Rusticana) Pier Francesco Maestrini Direção Cênica (I Pagliacci) Francesco Micheli Cenografia Juan Guillermo Nova Santuzza Tuija Knihtlä / Elena Lo Forte Turiddu Giancarlo Monsalve / Marcello Vannucci Alfio Angelo Veccia / Francesco Landolfi Lola Luciana Bueno Mamma Lucia Lídia Schäffer Canio Walter Fraccaro / Richard Bauer Nedda Inva Mula / Marina Considera Tonio Angelo Veccia / Francesco Landolfi Beppe Daniele Zanfardino / Saverio Fiore Silvio Davide Luciano / Norbert Steidl
Programação sujeita a alterações.
FALSTAFF
Juliana Neves
Isabel Vieira
Sinopse e gravações
Diego Rocha de Carvalho
Lua Gimenez
de referência
Regente Assistente
Aderecistas
Mara Feres
Irineu Franco Perpetuo
Michelangelo Mazza
Allan Torquatto
Marcela Costa
André Vizotto
Marina Peev
Tradução do Libreto
Pianistas Correpetidores
Assistentes
Samara Cardoso
e Legendas
Anderson Brenner
de Aderecista
Sheila Campos
Hugo Casarini
Paulo Almeida
Alicio Silva
Tamyris Alves
Rafael Andrade
Karen Luizi
Croquis dos figurinos
Michael Costa Almeida
Modelistas
Nery Mordoch
Nilda Dantas
Alex Bingó
Rúbia de Campos
Judite de Lima
Alexandra Ucanda
Cenotécnicos
Elizangela Dally
André Madrini
João Ferreira de Oliveira
Tandara Hoffman
Andréia Ferriello
Pedro Lino de Oliveira
Alfaiates
Felipe Barros
Produtor de Cenografia
Betto Rigor
Gabriel Castilho
Marcos Terra
Miguel Arrua
Atores
Giballin Gilberto
Serralheiros
Helena Cukier
José Gomes dos Santos
Costureiras
Henrique Rizzo
David de Souza Oliveira
Antonio Fernandes
Leila Bass
Diogo Junior V. de Jesus
Claudineia Cavalcante
Nubia Cabral
Samuel de S. Nascimento
Cristina França
Renan Sant'Anna
Secretaria Administrativa
Dilma de Oliveira
Renato Caetano
Any Ribeiro
Dirlene Emilio
Victor Gomes
Assistente de Produção
Ivete Dias
Dhones R. dos Santos
Josefa Maria Gomes
Visagista
Lucia Medeiros
Washington Lins
Cenografia
Simone Batata
Laurita Machado
Giò Forma
Assistente de Visagismo
Aderecistas
Assistente de Cenografia
Tiça Camargo
João Carlos Silva
Nathalie Deana
Maquiadores
Beto Casal de Rey
Produção de Cenografia
Alina Peixoto
Edu Paiva
Praxinoscópio Produções
Bia Bombom
Estagiários
Cenográficas
Bruno Cezar
João Paulo Bertini
Coordenação de
Caroline Gonzaga
Ana Oliveira
Execução Cenográfica
Diogo Souza
Rogério Pinto
Renato Theobaldo
Elisani Souza
Nina Nuerenberger
Roberto Rolnik
Giulia Piantino
Renata Candido
Equipe de Projeto
Gleice Diana
Rosana Rocha
Eduardo Orelana
Inais Tereza
Gabriela Menacho
Gianluca Falaschi
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Orquestra Sinfônica
Gerson Nonato**
Flautas
Roney Stella*
Municipal de São Paulo
Kleberson Buso**
Cássia Carrascoza*
Hugo Ksenhuk
Karen Crippa**
Marcelo Barboza*
Luiz Cruz
Diretor Artístico
Violas
Andréa Vilella
Marim Meira
John Neschling
Alexandre De León*
Cristina Poles
Agnelson Gonçalves**
Silvio Catto*
Renan Dias Mendes
Tuba
Primeiros-violinos
Abrahão Saraiva
Michel de Paula**
Gian Marco de Aquino*
Martin Tuksa (spalla)
Tânia de Araújo Campos
Oboés
Harpa
Pablo De León (spalla)
Adriana Schincariol
Alexandre Ficarelli*
Jennifer Campbell*
Maria Fernanda Krug
Bruno de Luna
Rodrigo Nagamori*
Paola Baron*
Fabian Figueiredo
Cindy Folly Farias
Marcos Mincov
Piano
Adriano Mello
Eduardo Cordeiro
Victor Astorga**
Cecília Moita*
Fábio Brucoli
Eric Schafer Licciardi
Clarinetes
Percussão
Fábio Chamma
Jessica Wyatt
Luís Afonso Montanha*
Marcelo Camargo*
Fernando Travassos
Pedro Visockas
Otinilo Pacheco*
César Simão
Francisco Ayres Krug
Roberta Marcinkowski
Diogo Maia Santos
Magno Bissoli
Heitor Fujinami
Tiago Vieira
Domingos Elias
Sérgio Coutinho
John Spindler
Everton de Souza**
Marta Vidigal
Thiago Lamattina
José Fernandes Neto
Violoncelos
Fagotes
Tímpanos
Liliana Chiriac
Mauro Brucoli*
Fábio Cury*
Danilo Valle*
Mizael da Silva Júnior
Raïff Dantas Barreto*
Marcos Fokin*
Márcia Fernandes*
Paulo Calligopoulos
Mariana Amaral
Matthew Taylor*
Violão
Rafael Bion Loro
Alberto Kanji
Marcelo Toni
Vitor Garbelotto**
Sílvio Balaz
Charles Brooks
Osvanilson Castro
Gerente da Orquestra
Victor Bigai
Cristina Manescu
Renato Perez**
Paschoal Roma
Segundos-violinos
Joel de Souza
Trompas
Assistentes
Andréa Campos*
Maria Eduarda Canabarro
André Ficarelli*
Yara de Melo
Laércio Diniz*
Moisés F. dos Santos
Luiz Garcia*
Manuela Cirigliano
Nadilson Gama
Sandro Francischetti
Eric Gomes da Silva
Inspetor
Otávio Nicolai
Teresa Catto
Rogério Martinez
Carlos Nunes
André Luccas
Ana Chamorro**
Vagner Rebouças
Montadores
Dajvan Caetano
Contrabaixos
Flavio Vilela Faria**
Alexandre Greganyck
Edgar Montes Leite
Taís Gomes*
Mario Rocha**
Paulo Broda
Evelyn Carmo
Sanderson Cortez Paz
Trompetes
Helena Piccazio Ornellas
Adriano Costa Chaves
Fernando Guimarães*
* Chefe de naipe
Oxana Dragos
Miguel Dombrowski
Marcos Motta*
** Músico convidado
Ricardo Bem-Haja
Ricardo Busatto
Breno Fleury
Sara Szilagyi
Vinicius Frate
Eduardo Madeira
Ugo Kageyama
Walter Müller
Albert Santos**
Wellington R. Guimarães
André Teruo**
Trombones
Coro Lírico do
Mônica Martins
Diógenes Gomes
Prefeitura do Município
Theatro Municipal
Contraltos
Eduardo Paniza
de São Paulo
Celeste do Carmo
Jang Ho Joo
Prefeito
Regente Titular
Claudia Arcos
Luis Orefice
Fernando Haddad
Bruno Greco Facio
Clarice Rodrigues
Marcio Martins
Secretário Municipal
Regente Assistente
Elaine Martorano
Miguel Csuzlinovics
de Cultura
Sérgio Wernec
Lidia Schäffer
Roberto Fabel
Juca Ferreira
Pianistas
Magda Painno
Sandro Bodilon
Marcos Aragoni
Mara Dalva de Alvarenga
Baixos
Fundação Theatro
Marizilda Hein Ribeiro
Margarete Loureiro
Claudio Guimarães
Municipal de São Paulo
Sopranos
Maria José da Silveira
Fernando Gazoni
Direção Geral
Adriana Magalhães
Vera Ritter
Jessé Vieira
José Luiz Herencia
Berenice Barreira
Tenores
José Nissan
Diretora de Gestão
Claudia Neves
Alex Flores de Souza
Josué Silva
Ana Flávia Cabral S. Leite
Elaine Moraes
Antonio Carlos Britto
Leonardo Amadeo Pace
Elayne Caser
Dimas do Carmo
Marcos Carvalho
Instituto Brasileiro
Elisabeth Ratzersdorf
Eduardo Pinho
Orlando Marcos
de Gestão Cultural
Graziela Sanchez
Eduardo de Góes
Rafael Thomas
Presidente do Conselho
Huang Shu Chen
Eduardo Trindade
Sérgio Righini
Cláudio Jorge Willer
Ivete Montoro
Fernando de Castro
Assistente
Diretor Executivo
Jacy Guarany
Gilmar Ayres
Cristina Cavalcante
William Nacked
Juliana Starling
Joaquim Rollemberg
Inspetora
Diretora Técnica
Marcia Costa
José Silveira
Eugenia Sansone
Isabela Galvez
Angélica Feital
Luciano Goés
Montador
Diretor Financeiro
Maria Antonieta Soares
Luiz Antonio Doné
Alfredo Barreto de Souza
Neil Amereno
Milena Tarasiuk
Marcello Vannucci
Diretor Artístico
Monique Corado
Márcio Lucas Valle
John Neschling
Marivone P. Caetano
Miguel Geraldi
Diretora de Produção
Marta Mauler
Paulo Chamié Queiroz
Cristiane Santos
Nadja Sousa
Renato Tenreiro
Direitos Autorais
Rita de Cassia Polistchuk
Rúben de Oliveira
Olivieri Advogados Associados
Rosana Barakat
Rubens Medina
Sandra Félix
Sérgio Sagica
Mezzo-Sopranos
Valter Felipe
Diretoria Geral
Elisa Nemeth
Valter Estefano Mesquita
Assessora
Erika Mendes Belmonte
Barítonos
Maria Carolina G. de Freitas
Heloísa Junqueira
Alessandro Gismano
Secretárias
Keila de Moraes
Ary Lima Jr.
Ana Paula S. Monteiro
Juliana Valadares
Daniel Lee
Marcia de Medeiros Silva
Maria Luisa Figueiredo
Davi Marcondes
Monica Propato
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 164
Cerimonial
Arquivo Artístico
Antonio Oliveira Almeida
Lindinalva M. Celestino
Egberto Cunha
Coordenadora
Alexandre N. Pinheiro
Maria Auxiliadora
Sofia Amaral Ramos
Maria Elisa P. Pasqualini
Aristide da Costa Neto
Maria Gabriel Martins
Bilheteria
Assistente
Cláudio Nunes Pinheiro
Marlene Collé
Nelson F. de Oliveira
Ana Raquel Alonso
Cristiano T. dos Santos
Nina de Mello
Arquivistas
Edival Dias
Regiane Bierrenbach
Diretoria Artística
Ariel Oliveira
Ermelindo T. Sobrinho
Tonia Grecco
Assessoria de
Guilherme Prioli
Julio de Oliveira
Direção Artística
Karen Feldman
Lourival F. Conceição
Stefania Gamba
Leandro José Silva
Marcelo Luiz Frosino
"Chico Giacchieri"
Luís Gustavo Petri
Leandro Ligocki
Paulo Miguel Filho
Coordenação de Costura
Central de Produção
Clarisse De Conti
Copista
Rodrigo Nascimento
Emília Reily
Secretária
Ana Cláudia Oliveira
Thiago Panfieti
Acervo de Figurinos
Eni Tenório dos Santos Coordenação de
Ação Educativa
Programação Artística
Aureli Alves de Alcântara
João Malatian
Assistentes
Marcela de Lucca M. Dutra
Elisabeth de Pieri
Assistente
Ivone Ducci
Ivani Rodrigues Umberto
Contrarregras
Acervo de Cenário
Diretor Técnico
Centro de Documentação
Alessander de O. Rodrigues
e Aderecista
Juan Guillermo Nova
Chefe de seção
Bruno Farias
Aloísio Sales
Assistente de
Mauricio Stocco
Carlos Bessa
Expediente
Direção Técnica
Equipe
Eneas Leite
José Carlos Souza
Giuseppe Cangemi
Lumena A. de Macedo Day
Marcelo Luiz Frosino
José Lourenço
Piter Silva
Paulo Henrique Souza
Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero
Diretoria de Produção
Sandra Satomi Yamamoto
Assistente de Direção
Produção Executiva
Chefe de Som
de Palco Cênico
Anna Patrícia Araújo
Sérgio Luis Ferreira
Lais Gabriele Weber
Sabrina Mirabelli
Rosa Casalli
Operadores de Som
Carolina Paes Simão
Assistente de Direção
Produtores
Guilherme Ramos
Cristina Gonçalves Nunes
Cênica Residente
Aelson Lima
Daniel Botelho
João Paulo Alves Souza
Julianna Santos
Pedro Guida
Kelly Cristina da Silva
Juçara A. de Oliveira
Segunda Assistente
Miguel Teles
Chefe de Iluminação
Juliana do Amaral Torres
de Direção Cênica
Nathalia Costa
Valéria Lovato
Oziene O. dos Santos
Ana Vanessa
Assistente de Produção
Iluminadores
Paula Melissa Nhan
Assistente de Direção
Arthur Costa
Alexandre de Souza
Vera Lucia Manso
Diretoria de Gestão
Igor Augusto F. de Oliveira
Cênica e Casting Sérgio Spina
Palco
Luciano Paes
Assistência
Figurinista Residente
Chefe da Cenotécnica
Fernando Azambuja
Administrativa
Veridiana Piovezan
Aníbal Marques (Pelé)
Ubiratan Nunes
Alexandro R. Bertoncini
Produção de Figurinos
Técnicos de Palco
Camareiras
Seção de Pessoal
Fernanda Câmara
Antonio Carlos da Silva
Alzira Campiolo
Cleide Chapadense da Mota
José Luiz P. Nocito
Informática
Designer Assistente
Agradecimentos
Solange F. França Reis
Ricardo Martins da Silva
Ana Lobo
Escarlate
Tarcísio Bueno Costa
Renato Duarte
André Kavakama
Hotel Marabá
Estagiários
Atendimento
Parcerias
Victor Hugo A. Lemos
Michele Alves
Suzel Maria P. Godinho
Yudji A. Otta
Impressão Imprensa Oficial do
Contabilidade
Arquitetura
Alberto Carmona
Lilian Jaha
Cristiane Maria Silva
Estagiários
Diego Silva
Marina Castilho
Luciana Cadastra
Vitória R. R. Dos Santos
Estado de São Paulo
Marcio Aurélio O. Cameirão Meire Lauri
Seção Técnica de Manutenção
Compras e Contratos
Edisangelo R. da Rocha
George Augusto
Eli de Oliveira
Rodrigues
Narciso Martins Leme
Jessica Elias Secco
Estagiário
Marina Aparecida Augusto
Vinícius Leal
Infraestrutura
Comunicação
Marly da Silva dos Santos
Editor e Coordenador
Antonio Teixera Lima
Marcos Fecchio
Cleide da Silva
Editor assistente
Eva Ribeiro
Gabriel Navarro Colasso
Israel Pereira de Sá
Mídias Eletrônicas
Luiz Antonio de Mattos
Desirée Furoni
Maria Apª da C. Lima
Assessoras de Imprensa
Pedro Bento Nascimento
Amanda Sena
Therezinha P. da Silva
Daniela Oliveira
Almoxarifado Nelsa A.Feitosa da Silva
Design Gráfico
Bens Patrimoniais
Kiko Farkas/ Máquina
José Pires Vargas
Estúdio
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 166
co-realização
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
patrocínio
apoio
MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO