SALOME
RICHARD STRAUSS
Bem-Vindo à ópera Seja bem-vindo ao Theatro Municipal de São Paulo. Veja abaixo algumas informações para você aproveitar da melhor forma esta experiência única.
Fotos e Vídeos Ficamos muito contentes quando você tira uma foto no Theatro Municipal. Inclusive criamos a hashtag #eunomunicipal para que possamos identificar sua foto nas mídias sociais e compartilhar no facebook do Theatro (/theatromunicipalsp). Entretanto, após o terceiro sinal e após os intervalos, pedimos que você desligue seu celular e tablet, pois mesmo a luminosidade da tela do aparelho tira a atenção de quem está ao seu lado. E queremos que os destaques da ópera sejam apenas os cantores no palco. Fotos com fins comerciais precisam de autorização prévia.
Conversas Por mais baixo que se fale, ou sussurre, as conversas e comentários atrapalham muito os outros espectadores. Espere o intervalo para compartilhar suas opiniões.
Cadeiras Nossas belas e centenárias cadeiras passam regularmente por manutenção, mas se alguma delas ranger com você, tenha paciência com ela e procure fazer o mínimo de barulho, pois apesar de terem presenciado um século de óperas elas não chegam a ser afinadas.
Aplausos Se você gostou muito da interpretação de uma ária, sinta-se à vontade para aplaudir, mas na ópera não há a necessidade dos aplausos a cada trecho cantado ou tocado. Aos finais dos atos e da ópera você pode se manifestar à vontade.
Alimentos Não é permitida a entrada com comidas e bebidas no interior da sala de apresentações. Pedimos especial atenção aos papeis de bala, que podem fazer um barulho e tanto. Tanto no térreo quanto no segundo andar há cafés, que ficam abertos antes do início da ópera e nos intervalos.
Crianças Indicamos a idade de 10 anos para que as crianças comecem a frequentar as óperas, mas pedimos especial atenção dos pais e responsáveis, pois além da duração, as óperas abordam diferentes temas, que podem não ser apropriados às crianças menores.
SALOME Ă“pera em quatro cenas MĂşsica de Richard Strauss Libreto de Hedwig Lachmann 150 anos do nascimento de Richard Strauss
Richard Strauss Salome Nova montagem do Theatro Municipal de São Paulo Setembro 2014
6 sábado 20h 9 terça 20h 11 quinta 20h 14 domingo 18h 16 terça 20h 18 quinta 20h 20 sábado 20h
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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Balé da Cidade de São Paulo
Direção Musical e Regência Direção Cênica Cenografia Figurinos Desenho de Luz Coreografia Salome Herodes Herodíades Iokanaan Narraboth Pajem de Herodíades
John Neschling Livia Sabag Nicolás Boni Veridiana Piovezan Wagner Pinto André Mesquita Nadja Michael
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Annemarie Kremer
16 18 20
Peter Bronder
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Jürgen Sacher
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Iris Vermillion
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Alejandra Malvino
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Mark Steven Doss
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Michael Kupfer
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Stanislas de Barbeyrac
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István Horváth
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Lidia Schäffer
1º Judeu
Paulo Chamié–Queiroz
2º Judeu
Rubens Medina
3º Judeu
Eduardo Trindade
4º Judeu
Miguel Geraldi
5º Judeu
Sérgio Righini
1º Nazareno
Carlos Eduardo Marcos
2º Nazareno
Sérgio Weintraub
1º Soldado
Saulo Javan
2º Soldado
Paulo Menegon
Capadócio
Jessé Vieira
Escravo
Elisabeth Ratzersdorf Programa sujeito a alterações.
Sinopse
Primeira Cena
No terraço do palácio de Herodes Antipas, tetrarca da Judeia, na época do Novo Testamento, em uma noite de luar, o sírio Narraboth, capitão da guarda, anseia pela princesa Salome enquanto monta guarda junto à cisterna em que está detido Iokanaan (o profeta João Batista). O prisioneiro lança imprecações contra os poderosos (em especial, Herodíades, mulher de Herodes) e anuncia a chegada do Filho do Homem.
Segunda Cena
Fugindo dos olhares de concupiscência do padrasto, Salome (filha do casamento anterior de Herodíades com o irmão de Herodes, ao qual o tetrarca arrebatou a esposa) sai do palácio, onde ocorre um banquete, e chega ao terraço. As vociferações do profeta despertam sua curiosidade, e ela convence Narraboth a permitir que o veja.
Terceira Cena
A princesa sente atração imediata por Iokanaan, e tenta seduzi-lo. Esse jogo erótico que leva o capitão da guarda ao desespero e ao suicídio. Salome permanece indiferente à sorte de Narraboth, fazendo propostas cada vez mais intensas ao profeta, que a amaldiçoa, retornando à sua cisterna.
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Quarta Cena
Entram Herodes e Herodíades, acompanhados pelos convidados do banquete. O tetrarca ordena a remoção do corpo de Narraboth e, tomado pela luxúria, persegue a enteada, convidando-a a se sentar no trono, no lugar da mãe. Iokanaan segue com suas acusações; Herodíades exorta o marido a entregá-lo aos judeus, que dão início a uma discussão teológica. Herodes, porém, hesita: ele crê que o profeta seja um santo homem, que viu Deus. Na verdade, o tetrarca parece interessado apenas em Salome. Herodes implora que a princesa dance para ele, em troca da recompensa que escolher. O tetrarca jura dar-lhe qualquer coisa, até mesmo a metade de seu reino. Sem levar em conta as objeções de Herodíades, Salome assente, e baila a dança dos sete véus. Com o fim da coreografia, Herodes agradece, extasiado, prometendo recompensar a enteada regiamente. Salome pede que a cabeça de Iokanaan seja-lhe entregue em uma bandeja de prata. O tetrarca fica chocado, tentando convencê-la a mudar de ideia, oferecendo-lhe tesouros e riquezas. Herodíades apoia a decisão da filha que, de qualquer forma, revela-se inflexível: não deseja nada além da cabeça do profeta. Herodes cede, por fim, e o carrasco traz a recompensa de Salome. Extasiada, a princesa entra em longo colóquio amoroso com a cabeça de Iokanaan para, no auge do arrebatamento, beijar sua boca. O tetrarca, horrorizado, ordena a execução da princesa, que é esmagada pelos escudos de seus soldados.
Duração aproximada
1h40
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Croquis dos cenรกrios de Nicolรกs Boni para a nova montagem de Salome no Theatro Municipal de Sรฃo Paulo.
Estreia mundial
Apresentações no
9 de dezembro de 1905
Theatro Municipal de São Paulo
Teatro da Corte, Dresden, Alemanha Ernst von Schuch Regência
14 de agosto de 1920
Marie Wittich Salome
Edoardo Vitale Regência
Karl Perron Iokanaan
Geneviève Vix Salome
Irene von Chavanne Herodíades
Armand Crabbé Herodes
Karel Burian Herodes
Anna Gramegna Herodíades
Rudolf Ferdinand Jäger Narraboth
Luigi Rossi-Morelli Iokanaan
Theodor Kruiz/Friedrich Plaschke Nazareno
Jean Ancelin Narraboth
Riza Eibenschütz Pajem de Herodíades
Maria Galeffi Pajem de Herodíades Mario Pinheiro Nazareno
Primeira apresentação no Brasil Julho de 1910
Outubro de 1923
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Vincenzo Bellezza Regência
Giuseppe Baroni Regência
Carlota Dahmen Salome
Gemma Bellincioni/Virginia Guerrini Salome
Walter Kirchoff Herodes Maria Olzcewska Herodíades Emil Schipper Iokanaan Luigi Nardi Narraboth Karl Braun Nazareno Outubro/novembro de 2003 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Ira Levin Regência Ana Carolina Direção Cênica Morenike Fadayomi Salome Wolfgang Schmidt Herodes Céline Imbert Herodíades Donnie Ray Albert Iokanaan Paulo Queiróz Narraboth Denise de Freitas Pajem de Herodíades
Salome Irineu Franco Perpetuo
Em 2014, o mundo da música celebra os 150 anos de nascimento de um dos mais gloriosos representantes da escola germânica: Richard Strauss (1864-1949). O compositor era oriundo de uma linhagem musical – mas não a primeira que vem à mente. Natural de Munique, ‘Richard III’ (apelido dado pelo regente Hans von Bülow, para o qual Wagner seria o ‘Richard I’, de uma grandeza tão enorme que não poderia haver um ‘Richard II’) não tem nada a ver com a dinastia dos Strauss de Viena, que fizeram o mundo valsar em ¾. Enquanto a mãe pertencia à família Pschorr – sobrenome célebre até hoje como fabricante de cervejas –, seu pai, Franz Strauss (1822-1905), foi o primeiro trompista da orquestra da corte de Munique, com uma destreza ao instrumento tão grande que o sempre espirituoso Bülow apelidou-o de Irineu Franco Perpetuo é jornalista e tradutor, ministra cursos na Casa do Saber e colabora com a Revista Concerto
‘Joachim da trompa’ (em alusão a Joseph Joachim, amigo de Brahms e exímio violinista da época). Richard Strauss emergiu como regente de talento, consolidando-se, ainda no final do século 19, como o principal
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compositor alemão da geração posterior à de Wagner e Brahms, graças à maestria demonstrada em um gênero criado por Liszt: o poema sinfônico. Obras-primas como Don Juan (1888), Tod und Verklärung (1889), Till Eulenspiegel (1895) e Also sprach Zarathustra (1896) causaram furor à época, estabelecendo-se até hoje como teste de virtuosismo e brilho para as grandes orquestras. Tendo se casado, em 1894, com a soprano Pauline de Ahna (1863-1950), Strauss demonstrara desde cedo dotes como compositor vocal: suas canções Opus 10, de 1885 (quando ele tinha 21 anos de idade), trazem alguns lieder de valor e maturidade, como Zueignung e Allerseelen, e o opus 27, escrito para celebrar o matrimônio, reúne pérolas como Ruhe, meine Seele, Cäcilie, Heimliche Aufforderung e Morgen!. Era de se prever que, ao unir o talento para escrever para voz à habilidade adquirida no manejo da orquestra, Strauss se tornasse também um soberbo autor de óperas. A primeira, Guntram (1894), fracassou miseravelmente; Feuersnot (1901) saiu-se um pouco melhor. Mas foi a terceira, Salome, que o consolidou como um dos maiores autores operísticos de todos os tempos, conferindo-lhe, na escola austro-germânica, ‘status’ análogo ao desfrutado por seu contemporâneo Giacomo Puccini (1858-1924) na vertente italiana.
Na Bíblia, o nome de Salome nem aparece – ele chegou a nós
Uma peça para
graças ao historiador romano Flávio Josefo, e não é raro, em
Sarah Bernhardt
algumas fontes, a personagem ser confundida com sua mãe, Herodíades. Contudo, mesmo designando-a apenas como ‘filha de Herodíades’, o Novo Testamento a responsabiliza pela morte de João Batista, nos evangelhos de Mateus (14, 3-11) e Marcos (6, 17-29), ao pedir a cabeça do profeta em um prato como recompensa por ter dançado para seu tio e padrasto Herodes, soberano da Judeia, em um banquete.
Ao longo dos séculos, o tema galvanizou a imaginação de artistas de diversas áreas, do compositor Alessandro Stradella (com o oratório San Giovanni Battista, de 1675) a pintores como Van der Weyden, Cranach o Velho, Ticiano e Caravaggio. Fadado a ditar tendências, o genial Heinrich Heine (1797-1856) parece ter começado, com o poema Atta Troll, de 1841, a febre Salome que se alastrou ao longo da segunda metade do século XIX, penetrando firme na belle-époque. Os Salons, mostra oficial de arte parisiense, exibiam a cada edição pelo menos cinco quadros retratando a princesa da Judeia, e Maurice Kraft, em 1912, contabilizou nada menos que 2.789 poemas em sua homenagem. Vieram quadros de Klimt e Kokoschka, poemas de Mallarmé e Apollinaire e, obviamente, uma ópera: Hérodiade (1881), de Jules Massenet (1842-1912), o célebre compositor de Thaïs, Manon e Werther, baseada no texto homônimo de Gustave Flaubert (1821-1880, autor de Madame Bovary) que integra os Três Contos de 1877 (os outros dois são Um coração simples e São João Hospitaleiro). Embora os comentadores já tenham assinalado a forte influência de Flaubert sobre Oscar Wilde (1854-1900) – inclusive na decisão de retomar o nome aramaico de João Batista (Iaokannan no escritor francês, Iokanaan no irlandês) –, a principal inspiração para o autor de Um Marido Ideal parece ter vindo da descrição que o escritor Joris-Karl Huysmans (1848-1907) faz das pinturas de Salome por Gustave Moreau (1826-1898), da década de 1870, em seu romance Às avessas (‘À rebours’). Na tradução de José Paulo Paes, o protagonista da obra via, nos quadros de Moreau, ‘enfim realizada aquela Salome sobre-humana e estranha que havia sonhado. Ela não era mais apenas a bailarina que arranca, com uma corrupta torsão de seus rins, o grito de desejo e de lascívia de um velho; que estanca a energia, anula a vontade de um rei por meio de ondulações de seios, sacudidelas de ventre, estremecimentos de coxas; tornava-se, de alguma maneira, a deidade simbólica da indestrutível
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luxúria, a deusa imortal Histeria, a Beleza maldita, entre todas eleita pela catalepsia, que lhe enteiriça as carnes e lhe enrija os músculos; a Besta monstruosa, indiferente, irresponsável, insensível, a envenenar, como a Helena antiga, tudo quanto dela se aproxima, tudo quanto vê, tudo quanto ela toca’. A ideia de Salome teria surgido de um encontro de Wilde, em Paris, em 1891, com o poeta simbolista Stéphane Mallarmé (1842-1898) – que, naquela época, trabalhava sobre o mesmo tema, em Herodíades. Com uma reputação literária consolidada depois do êxito de O Príncipe Feliz (1888), e tendo recentemente publicado O Retrato de Dorian Gray, O Crime de Lorde Artur Savile e Outros Contos e Intenções – Quatro Ensaios sobre Estética, Wilde sentia-se seguro o suficiente para arriscar-se numa nova empreitada: uma peça em francês, redigida de um só fôlego. Animado depois de uma refeição com jovens literatos (dentre os quais estava André Gide) na capital francesa, durante a qual falara longamente sobre o projeto de sua nova obra, Wilde chegou a seu hotel e começou a escrever Salome, interrompendo o trabalho apenas para jantar no Grand Café, que tinha música ao vivo. Consta que, completamente absorto pelo tema, o escritor pediu ao regente da orquestra do restaurante que tocasse música adequada para ‘uma mulher que dança descalça sobre o sangue de um homem que ela desejava e que manda matar’. Reza a lenda que os músicos executaram notas tão aterradoras que afugentaram os demais clientes do estabelecimento, enquanto Wilde voltou ao hotel e concluiu sua criação. Há quem diga que, ao escolher o idioma francês, o autor de The Importance of Being Earnest queria desafiar Flaubert e Mallarmé em seu próprio terreno. Na verdade, Wilde guiava-se por considerações mais práticas: ambicionava ter a diva Sarah Bernhardt (1844-1923) como protagonista de sua peça. Tendo adotado as repetições e metáforas características do universo poético do dramaturgo simbolista Maurice
Maeterlinck (1862-1949), autor de Pelléas et Mélisande, que inspirou a ópera homônima de Debussy, Wilde submeteu o texto a Pierre Louÿs para correções ortográficas e gramaticais. E Bernhardt, efetivamente, preparou-se para a première, em Londres – evento cancelado pela censura inglesa, escorada em uma antiga lei que proibia a representação de personagens bíblicos em cena. Amante de Wilde, Lorde Alfred Douglas fez uma (criticadíssima) tradução do texto para o inglês (as ilustrações de Aubrey Beardsley para esta edição, contudo, tornaram-se clássicas, e seriam reproduzidas em quase todas as publicações da peça desde então). A estreia acabou acontecendo em Paris, em 1896, mas o autor não pôde comparecer, pois estava preso, como consequência do infeliz processo que movera contra o marquês de Queensbury, pai de Douglas.
Luxúria, incesto,
O autor de De Profundis já havia falecido dois anos antes
decapitação e necrofilia
quando, em 1902, o mítico Max Reinhardt (1873-1943, parceiro de Richard Strauss, em 1920, na criação do Festival de Salzburgo) encenou, no Kleines Theater, em Berlim, a peça de Wilde, na tradução alemã de Hedwig Lachmann. No mesmo ano, Richard Strauss recebera o texto do poeta Anton Lindner (1874-1929), que propunha transformá-lo em ópera. Diante do interesse do compositor, Lindner colocou em versos as duas primeiras cenas da obra de Wilde. Ao ver o espetáculo de Reinhardt, porém, Strauss encantou-se com as possibilidades musicais do texto em alemão (em especial a primeira frase, Wie schön ist die Prinzessin Salome heute Nacht! - Que bela está a princesa Salome nesta noite!). Resolveu, assim, dispensar os serviços de Linder, e trabalhar diretamente sobre a tradução de Lachmann. Não houve adaptação; o compositor meramente fez cortes no texto de Wilde/Lachmann, tornando-o mais direto, objetivo e conciso. Ao abrir mão dos versos que até então eram convenção na
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ópera, Strauss também deixava de lado números musicais, como árias, duetos, trios etc. O resultado é uma prosa musical fluente, quase um ‘poema sinfônico vocal’, com rica e densa instrumentação pós-wagneriana. Em Salome (com acento em português e francês, sem acento em alemão e inglês), Strauss emprega uma orquestra grande, com amplo naipe de percussão, celesta, par de harpas, harmônio, órgão e profusão de metais e madeiras, incluindo um heckelfone (instrumento grave da família do oboé, que fez nesta ópera sua estreia, sendo empregado pelo compositor também em Elektra e Uma Sinfonia Alpina). O coquetel de luxúria, incesto, decapitação e necrofilia da peça de Wilde tinha tudo para escandalizar e atrair as plateias ávidas por novas sensações do início do século XX. Quem não encontrasse horrores suficientes nos fatos que se desenrolavam sobre o palco poderia assim mesmo se chocar com a agressiva bitonalidade do idioma musical de Strauss. ‘Por muito tempo critiquei o fato de que as óperas baseadas em temas orientais e judaicos careciam da cor oriental verdadeira e do sol abrasador’, escreveu o compositor, em 1942. ‘As necessidades do momento inspiraram-me com harmonias verdadeiramente exóticas, que cintilavam como tafetá, particularmente nas cadências estranhas. O desejo de caracterizar os personagens do modo mais claro possível levou-me à bitonalidade, já que a caracterização puramente rítmica que Mozart usa de forma tão engenhosa não me parecia suficiente para exprimir a antítese entre Herodes e os Nazarenos’. O compositor, contudo, não recomenda que seu exemplo seja imitado, devido às dificuldades da primeira produção. Strauss conta que, no primeiro ensaio com piano, todos os solistas devolveram os papéis ao regente. Foi o exemplo do tenor que cantava Herodes, Carl Burrian, que não apenas se recusou a desistir, como ainda sabia sua parte de cor, que fez os colegas recuarem e continuarem na produção.
As maiores queixas vieram de Marie Wittich, que encarnaria a protagonista, papel, de acordo com o próprio compositor, ‘de uma princesa de dezesseis anos com a voz de Isolda [de Wagner]’. Wittich disse claramente: ‘uma coisa dessas não se escreve, Herr Strauss, não se escreve’, deplorando tanto a dificuldade de sua parte, quanto o tamanho da orquestra. Havia lamentações também quanto à imoralidade da obra: ‘não vou fazer, sou uma mulher decente’. Com Wittich no elenco e regência de Ernst von Schuch, Salome estreou em Dresden, em 9 de dezembro de 1905. No relato do compositor, a apresentação ‘foi, como de hábito, um sucesso, mas os críticos reunidos no Hotel Bellevue depois da apresentação balançaram as cabeças e concordaram que a obra seria talvez apresentada em alguns teatros grandes e, depois, desapareceria’. Não seria nem a primeira, nem a única, nem a última vez que a crítica especializada se equivocaria. Em 1906, Strauss regeria Salome na cidade austríaca de Graz, na presença de alguns de seus principais contemporâneos, como Puccini, Mahler, Schönberg, Zemlinsky e Alban Berg (além, ao que parece, de um pintor frustrado chamado Adolf Hitler), e a ópera logo começaria a correr o planeta. No Metropolitan de Nova York, o escândalo foi tamanho que o título teve que ser tirado de cartaz depois da primeira apresentação, em 1907. Para garantir a encenação em Londres, em 1910, a história foi mudada para a Grécia, Iokanaan virou Mattaniah, e sua cabeça não aparece na cena final. Viena só poderia ver a ópera em 1918, e a estreia no Theatro Municipal de São Paulo ocorreria dois anos depois, em italiano, em uma apresentação complementada pela ‘Sinfonia n. 5’, de Beethoven. Em suas memórias, Strauss conta que o imperador alemão Guilherme II só permitiu a apresentação de Salome depois que Hulsen, o intendente da ópera, teve a ideia de diluir o choque da cena final ao colocar no palco a Estrela de Belém, representando a vinda dos Reis Magos e o nascimento do Cristo.
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O compositor escreve que o Kaiser ‘disse certa vez a seu intendente: 'lamento que Strauss tenha composto essa Salome. Gosto mesmo dele, mas isso vai lhe causar muito prejuízo'. E acrescenta, irônico: ‘foi esse prejuízo que me permitiu comprar minha vila em Garmisch’. O fato é que, enquanto Guilherme II teve que abdicar depois da derrota da Alemanha na I Guerra Mundial, em 1918, terminando assim com a monarquia prussiana, Richard Strauss continua a desfilar sua majestade pelas salas sinfônicas e teatros de ópera do mundo inteiro.
O Crepúsculo do Século XIX em Salome, de Oscar Wilde Por Munira Hamud Mutran
Todas as coisas já foram ditas, mas como ninguém as escuta, é preciso recomeçar sempre. André Gide, O Tratado de Narciso
‘Tennyson estava desanimado, Hardy, triste; Shaw, devastadoramente crítico, e Wilde brilhantemente cínico’, comenta Arthur Pollard em The Victorians. Como se vê, a reação ao fim de uma era e ao fim do Império Britânico manifestou-se de diferentes maneiras nos escritores e artistas; para muitos, a sensação de outono do século impregnou sua poesia e pintura. Contrariamente ao desânimo e tristeza daquele universo crepuscular, Wilde produziu comédias cheias de humor e sátira, de exuberante virtuosismo verbal, para criticar a vida em Londres. Usando o riso como estratégia subversiva, Munira Hamud Mutran
ele tentou solapar os alicerces da sociedade vitoriana com o
é Professora Associada de Estudos
fim de destruir sua hipocrisia; em The Importance of Being
Irlandeses na Universidade
Earnest, por exemplo, Wilde propõe uma visão pelo avesso
de São Paulo e autora do livro
das normas convencionais e denuncia uma realidade muito
Álbum de Retratos – George
mais complexa do que era percebida na literatura. Suas co-
Moore, Oscar Wilde e William
médias lhe deram muita fama e popularidade; hoje, porém,
Butler Yeats no fim do Século XIX: um momento cultural.
sabemos que o melhor de sua obra se encontra no romance The Picture of Dorian Gray e na peça Salome, ambos repre-
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sentantes daquela sensação de fim de mundo, permeada de ‘spleen’, de ‘ennui’ e da visão trágica da condição humana. Ao conceber a sua versão da história da jovem princesa, um dos objetivos de Wilde foi estabelecer paralelos entre a decadente sociedade do fim do século 19 com a atmosfera de decadência do início da era cristã representada por Herodes Antipas e sua corte. Salome, escrita em francês em 1891, foi traduzida para o idioma inglês por Lord Alfred Douglas (tradução certamente revista por Wilde) e ilustrada por Aubrey Beardsley, talentoso e original artista e escritor. Publicada em 1893 na França e em 1894 na Inglaterra, a tragédia causou polêmica e sua encenação foi proibida em Londres. No entanto, Salome também foi bem avaliada como a primeira obra dramática simbólica em língua inglesa, e descrita por Mallarmé como ‘peça que tem em cada página o indizível e o sonho’. Como Salome tem apenas um ato com um episódio central, a unidade e a intensidade dramática são garantidas. Embora alguns enredos secundários e polêmicas filosóficas entre romanos, judeus e nazarenos possam parecer desnecessários, sua função é produzir pausas para diminuir a tensa atmosfera de pesadelo que pairava sobre a corte. Na crítica contemporânea, Salome é considerada a obra-prima dos movimentos Simbolista e Decadentista; os tópicos mais discutidos em ensaios e livros tocam constantemente em questões como o porquê de o dramaturgo escolher a língua francesa (como faria Beckett meio século depois) e quais foram as suas fontes em obras literárias e artísticas. Um dos aspectos do debate privilegia os elementos autobiográficos da peça, estabelecendo analogias de Wilde com Herodes e com Salome. Esse é um argumento válido, visto que pode ser ilustrado por De Profundis, longa carta que Wilde escreveu na prisão de Reading; em um dos trechos da missiva, o escritor descreve minuciosamente o inferno de luxúria em que mergulhara por causa do egoísta, voluntarioso, cruel e sensual Bosie (apelido de Lord Alfred Douglas), principal causador
da destruição de sua arte e de sua vida, num perigoso jogo de ‘brincar com panteras’. Bosie seria, portanto, o homem fatal, como Salome é a mulher fatal. A paixão de Wilde por Bosie encontraria similar na obsessão do Sírio por Salome, de Herodes pela sobrinha e de Salome por Iokanaan, tudo levando a um fim trágico. Outro objeto de interesse para os críticos é a discussão das produções da peça de Wilde no século 20, e sua inspiração para a pintura, o cinema e a música devido à sua modernidade. Embora tenha morrido em 1900, Wilde anuncia várias tendências da dramaturgia do século XX. Se concordarmos que a gênese do Modernismo está na década de 1890, vale a pena tentar definir alguns aspectos da modernidade a partir de Salome. Como lembra Katherine Worth em Oscar Wilde, o dramaturgo irlandês não só explora o que se fala e como se age no palco, mas também realça a linguagem encantatória e poética, o arranjo de cores, o ritmo, as vozes, o silêncio, luz e sombra, a música e a dança, efeitos visuais e auditivos, que transmitem o que não é passível de tradução pela linguagem, e que fazem da encenação o que se convencionou chamar de 'teatro total', recriado mais tarde por Yeats em suas Peças para Dançarinos. A música é o tipo de arte perfeita ‘porque jamais revela seu supremo segredo’, afirmou Wilde em The Critic as Artist. Sendo contrário à representação mimética da vida, ele busca o tipo de arte que ‘é um véu e não um espelho’. Outra característica da modernidade é a recriação de obras do passado para discutir e compreender o presente. Wilde, que já havia reelaborado os mitos de Narciso e de Fausto em The Picture of Dorian Gray, escolhe um tema bíblico; sua opção se deve não apenas à surpreendente fascinação pela figura de Salome – que um crítico denominou Salome-mania – com a proliferação de obras sobre a mulher fatal, mas também pela atmosfera decadente da corte do Tetrarca. Sabe-se, ainda, que Wilde tinha profundo conhecimento da iconografia da famosa personagem: mas sua preferência, porém, era sem
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‘A Aparição’ (1876), óleo sobre tela de Gustave Moreau (1826-1898)
dúvida pelos quadros de Gustave Moreau (1826-1898), Salome Danse (1875) e L’Apparition (1876), telas mencionadas no romance À Rebours, de Joris-Karl Huysmans, cujo estilo ‘adornado’, ao mesmo tempo vívido, obscuro e simbólico, Wilde admirava. Sua releitura da história que se passa na Judeia distancia-se bastante dos textos de Marcos, Lucas e Mateus sobre a execução de João Batista (chamado de Iokanaan na peça). Assim, em Mateus se lê: ‘por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíade dançou ali e agradou a Herodes. Por essa razão ele prometeu, sob juramento, dar-lhe qualquer coisa que pedisse. Ela, por sugestão da mãe, disse: ‘Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista’’. Salome é apenas mencionada como a filha de Herodíade, e logo em seguida lemos: ‘A cabeça foi trazida num prato e entregue à moça que a levou à sua mãe’. Wilde apropria-se desse breve e singelo texto, e cria uma Salome adolescente, voluntariosa, ao mesmo tempo casta e sensual (refletindo a confusão vitoriana sobre a relação entre infância e sexualidade) que, longe de ser incitada pela mãe para vingar-se dos insultos de João Batista, revela-se uma mulher fatal como Carmen, Dalila, Cleópatra e tantas outras. A Salome de Wilde é bela e sedutora, mas não nos é dada informação sobre sua aparência física, a não ser de partes do corpo como que destacadas do ‘todo’. Dessa maneira, ficamos sabendo pelas palavras do Jovem Sírio, por ela apaixonado, que ‘a princesinha de véu amarelo’ e ‘pés de prata’ que se assemelham a ‘pombas brancas’ está lindíssima naquela noite: pálida, lembra a ‘imagem de uma rosa branca num espelho de prata’. Herodes canta a beleza de Salome e demonstra por ela um desejo obsessivo – seu olhar dela não se desvia, nem por um momento, e o que lhe pede revela seus sentimentos: ‘Gosto muito de ver a marca de teus pequeninos dentes numa fruta. Morde um pedacinho dessa fruta, e em seguida comerei o resto.’ Cabe a Salome subverter o costume masculino de louvar a beleza feminina, ao falar na alvura da pele, nos cabelos ne-
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gros e nos lábios rubros do Profeta, lábios que deseja beijar. No diálogo entre Salome e Iokanaan, sobressai a repetição hipnótica das palavras, com imagens de lírios para descrever a alvura da pele, de cachos de uvas negras, para definir a cor dos cabelos, e os lábios como a romã cortada com uma faca de marfim; palavras e imagens enunciadas em tom encantatório, como em um ritual, contrastam com as frases ditas por Iokanaan: ‘Filha de Sodoma, não te aproximes’ ou ‘Para trás, filha da Babilônia! Não te aproximes do escolhido do Senhor!’ Tais falas revelam, ainda, que no simbolismo da cor existe multiplicidade de sentidos. Para Salome, em sua declaração de amor pelo corpo do Profeta, o branco indica que é belo e puro como os lírios, como a neve, como as rosas brancas e a madrugada; todavia ao sentir rejeitado seu amor com violência, ela passa a ver o branco do corpo desejado como a cor da lepra, de um muro branco onde rastejaram víboras, de um sepulcro. Dos símbolos que entram na composição da tragédia de Wilde – a gigantesca escada e o velho poço cercado por paredes de bronze esverdeado, prisão de Iokanaan – a lua, que acompanha toda a ação, passa por diferentes cores para realçar a temática e ilustrar a multiplicidade dos significados do símbolo. Para o Pajem, que nutre paixão pelo Sírio, ‘a lua é como uma mulher levantando-se do túmulo. É como uma mulher morta’, enquanto que para o Sírio a lua é tal qual ‘uma princesa’ que tem ‘pés como pombinhas brancas’; Herodes, por sua vez, acha estranha a lua naquela noite, ‘uma mulher louca, uma mulher louca à procura de amantes. Está nua, completamente nua. As nuvens tentam vestir sua nudez, mas ela as afasta’. Herodíade, que não é de ver simbolismo nas coisas, retruca, sarcástica: ‘A lua é como a lua, eis tudo’. O valor cumulativo de tais interpretações intensifica a complexidade de significados para as diferentes personagens. Nesse aspecto, é de extrema importância lembrar que Salome é a lua que lhe ‘parece uma moeda de ouro, uma florzinha de prata’. Diz ela:
‘a lua é fria e casta... nunca se entregou aos homens, como outras deusas’. Salome deverá também, como a lua, passar por fases diversas: a do branco (pureza, castidade, beleza), a do vermelho (paixão, violência, sangue, morte) e a do negro (augúrio, escuridão, fatalidade, morte). Tal esquema de cores em todas as combinações possíveis aparece em situações e objetos, aumentando o pressentimento e o mistério – as asas negras de pássaros que Herodes imagina ouvir e que para Iokanaan são as ‘asas do Anjo da Morte’, ou o sangue do Sírio em que o Tetrarca, com horror, escorrega, ou o sangue da cabeça decepada do Profeta, e principalmente a lua que ficou rubra, prenunciam a morte de Salome após a cena climática em que ela beija os lábios da cabeça decepada de Iokanaan. Em Salome, que um amigo de Wilde chamou de ‘breviário da decadência’, Herodes não deixa de ser uma figura trágica: atormentado por seus crimes para se manter no poder, com medo do castigo por ter matado o irmão para casar-se com a cunhada, é levado à loucura em razão do desejo pela sobrinha. Não fica claro se a jovem princesa é sua sobrinha ou sua filha, configurando-se, de qualquer maneira, um desejo incestuoso por ela. Na atmosfera de excessiva sexualidade reprimida, a corte do Tetrarca tem ecos dos romances do Marquês de Sade (1740–1814), bastante populares no século 19, cujas narrativas de perversões sexuais ficaram conhecidas como ‘Sadismo’. Pelo excesso, Wilde consegue obter os efeitos de náusea, de saturação, de horror, causando, estranhamente, um efeito moral como ocorre em Dorian Gray, romance sobre o qual o autor declarou que é profundamente moral, embora o artista não tenha inclinações éticas. Na tragédia de Salome, o Tetrarca, apesar de todos os seus crimes e pecados, não suporta o horror do beijo e das palavras da princesa no final: ‘Beijei tua boca, Iokanaan. Beijei tua boca. Senti um gosto amargo em teus lábios. Era o gosto de sangue...? Beijei tua boca, Iokanaan’. No palco deserto e escuro a luz
da lua ilumina Salome, e Herodes exclama: ‘Matem aquela mulher!’ E a última rubrica indica que ‘os soldados avançam e esmagam, com seus escudos, Salome, filha de Herodíade, princesa da Judeia.’ Wilde escreveu a tragédia em 1891 para revelar a decadência dos anos de 1890, mas Salome é relevante para refletirmos sobre o recente fim do século 20. Ao recriar o antigo produzindo o novo, Wilde estaria reiterando as palavras da epígrafe deste texto: ‘todas as coisas já foram ditas, mas como ninguém as escuta, é preciso recomeçar sempre.’
O mundo de Salome Por Theo Hotz
No século 2 a.C., a região da então chamada Judeia encontrava-se sob domínio selêucida, dinastia helenista herdeira desta região conquistada anteriormente por Alexandre, o Grande. Antíoco IV, monarca selêucida, impôs uma dura política de helenização forçada em toda a região, procurando extinguir os vestígios culturais e religiosos dos judeus. Naquela época, o Segundo Templo de Jerusalém era o centro religioso da Judeia e do povo judeu, comandado por uma casta sacerdotal vigente à época. Aquele culto religioso era baseado em Theo Hotz é historiador formado
sacrifícios animais, oferendas vegetais e na leitura literal da
pela USP, onde também estudou
lei religiosa judaica, a Torá.
Língua, Literatura e Cultura Judaica. É coordenador e professor do
Desde os tempos de Alexandre, porém, o helenismo já havia deixado marcas no judaísmo da época, como o con-
Departamento Religioso da
tato com a filosofia grega, o surgimento de novos métodos
Congregação Israelita Paulista,
interpretativos dos textos sagrados, além do nascimento, por
professor do Centro da Cultura
assim dizer, da arte judaica. Também o uso de nomes gregos,
Judaica e professor visitante de
no lugar de nomes hebraicos ou aramaicos, passou a ser
Cultura Judaica da PUC-SP.
cada vez mais comum entre os habitantes da Judeia. Esse
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 26
contato com o helenismo, porém, não chegou a se tornar uma ameaça ao sistema religioso judaico de então, e até mesmo sacerdotes judeus eram helenizados. Contudo, na época de Antíoco IV (c. 175 a.C.), visando a assimilação completa da Judeia à cultura helenista selêucida, inclusive de sua tradição religiosa, o monarca colocou em prática várias medidas para atingir este objetivo: nomeou sacerdotes judeus helenistas como sumo-sacerdotes do Templo de Jerusalém, fez com que estátuas e símbolos de divindades gregas fossem colocadas dentro do recinto sagrado e cassou os direitos políticos do Sinédrio (antigo conselho nacional judaico, composto por 71 integrantes versados na lei judaica e em sua aplicação). Quando animais proibidos pela Torá foram oferecidos em sacrifício no altar de Jerusalém, em 166 a.C., uma revolta eclodiu entre os sacerdotes, que se espalharam pela Judeia, arregimentando tropas populares com o objetivo de derrubar o poderio selêucida, reconquistar e purificar o Templo profanado de Jerusalém e restabelecer a independência da Judeia. Lutando sob o comando da família sacerdotal de Matatias Hasmoneu e Judá, apelidado ‘Macabeu’, o exército judaico lutou por três anos até a conquista de Jerusalém, o restabelecimento do Sinédrio e a recuperação do Templo. A luta continuou até 142 a.C., quando o conselho nacional proclamou a Judeia como um reino soberano, tendo por rei o sumo-sacerdote Hasmoneu Jonatã Macabeu. Era a primeira vez na história judaica que os poderes político e religioso estavam concentrados nas mãos da mesma pessoa. Iniciava-se o período da Dinastia Hasmoneana.
Ao subir ao poder, o sucessor dos Macabeus, João Hircano
A dinastia Hasmoneana
Hasmoneu, acabou se mostrando extremamente intolerante
e o domínio romano
com tudo o que não fosse judaico de acordo com seu ponto de vista, e seu governo acabou desencadeando um dos
mais terríveis períodos da história judaica. De 134 a 37 a.C., os Hasmoneus ocuparam simultaneamente os cargos de chefe político e religioso. João Hircano (134 a 104 a.C.), por exemplo, em uma guerra pela anexação da Samaria, arrasou a cidade de Siquém, destruindo o templo samaritano do monte Guerizín, comandando o massacre da maior parte da população samaritana da época. Assim, numa trágica ironia da História, a partir da segunda geração após os Macabeus, que lutaram contra a assimilação helenística, impedindo o fim do judaísmo de então, surgiu uma família real que passou a governar da mesma forma como Antíoco governara outrora, desta vez impondo, por meio da violência, o judaísmo a todos os habitantes não judeus na região. Além disso, passaram a perseguir violentamente a população judaica seguidora de outras formas de judaísmo que não o judaísmo sacrificial do Templo. Foi assim que, durante o governo de Alexandre Janeu, uma guerra civil na Judeia terminou com o saldo de 50 mil mortos, entre eles seis mil partidários dos fariseus, opositores dos sacerdotes monarcas. Inúmeros outros sacerdotes monarcas reinaram sobre a Judeia no século I a.C., geralmente alçados ao poder por golpes políticos, que incluíam conspirações e assassinatos de outros herdeiros do trono e do sacerdócio. Em 47 a.C., Júlio César decide intervir na Judeia, restringindo o poder dos sacerdotes monarcas judeus, estabelecendo Antipater como procurador romano e governante da Judeia. Os Hasmoneus mantiveram o poder religioso em suas mãos, exercendo um governo de fachada como monarcas. A partir de então, os sacerdotes passaram a sistematicamente apoiar o Império Romano, para manter seu status na sociedade e permanecer perto das decisões do Império com relação à Judeia.
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No campo religioso, o judaísmo encontrava-se dividido ide-
Saduceus, Fariseus
ologicamente desde a época do domínio de Alexandre, o
e Essênios
Grande, por volta de 330 a.C. Ligados ao Templo e a seus sacrifícios, os sacerdotes compunham o grupo dos Saduceus (palavra derivada do nome Sadoc, um antigo sacerdote do Templo). Os saduceus fundamentalmente se apoiavam em uma leitura literal do texto sagrado e se viam como detentores e defensores do judaísmo original prescrito pela Torá, inclusive com suas penas de morte e leis mais duras. Embora constituíssem uma pequena porção populacional, detinham o poder político desde a época dos Macabeus. Opunham-se a eles o grupo dos Fariseus (do hebraico 'perushím', aqueles que buscam a explicação). Os fariseus eram favoráveis à adaptação do judaísmo a novas realidades, estimulavam o estudo e o questionamento da lei judaica, buscando novas explicações para o texto sagrado. Acreditavam que os sacrifícios oferecidos somente em Jerusalém poderiam (e deveriam) ser substituídos por orações pessoais à divindade, apoiando-se, sobretudo, nos escritos de Isaías e Jeremias, que pregavam o arrependimento, a retidão, as boas obras, o fim dos sacrifícios esvaziados de sentido e a defesa dos menos favorecidos, representados pelos órfãos, pobres e viúvas. Por sua abordagem interpretativa da Torá, acabavam sendo muito mais flexíveis na aplicação das leis criminais prescritas por ela. Majoritariamente, fugiam da aplicação das penas de morte, utilizando-se de aforismos que acabavam por colocar o executor da pena em posição semelhante à do eventual executado, clamando pelo abrandamento da pena, como no famoso caso, narrado pelo Novo Testamento, em que Jesus evoca a transgressão de todos para evitar o apedrejamento de uma mulher adúltera. Os Fariseus eram vistos pelos saduceus como inimigos e, inúmeras vezes, eram perseguidos pela classe dominante. Sua popularidade, no entanto, seguia em franco crescimento, apresentando à população, em geral, uma lei mais humana,
uma religião mais próxima de cada indivíduo e uma relação mais direta com a divindade, que não mais dependeria necessariamente da classe sacerdotal. Os essênios, um terceiro grupo, acreditavam que tanto a classe sacerdotal quanto os fariseus haviam se corrompido e que nenhum deles estava limpo e puro para seguir seu caminho espiritual. Esse grupo se afastou dos grandes centros urbanos, pregando a simplicidade, o celibato e o banho de imersão (tevilá, em hebraico; batismo, em grego) para o perdão das transgressões e purificação espiritual. De acordo com a descrição neotestamentária de João Batista, pode-se pensar nele como um essênio. De todo modo, por sua oposição à tirania do Império Romano e à perseguição religiosa dos saduceus, os essênios e os fariseus ansiosamente aguardavam a vinda de um libertador que os redimiria do jugo romano e sacerdotal. Assim, o século I se inicia com um alto fervor religioso e messiânico, despertando em Roma o constante temor por uma sedição na Judeia e levando os saduceus a práticas violentas extremas contra todo e qualquer líder popular que despontasse.
Herodes I e sua dinastia
Em 37 a.C., após o golpe de Estado que resultou na morte de Antígono II (último rei hasmoneu), Herodes I aliou-se ao Império Romano, implementando todas as determinações desse império. Herodes foi responsável pela romanização arquitetônica da Judeia (cujas ruínas podem ser visitadas até hoje em Israel e na Cisjordânia), fundando numerosas cidades, construídas segundo a arquitetura clássica, entre as quais se salienta o porto de Cesareia, no Mediterrâneo, ao norte de Jafa. Outras obras de Herodes são as famosas fortalezas de Massada e Herodion. O monarca também empreendeu a reforma de Jerusalém, dotando-a de um hipódromo e alguns anfiteatros para a representação de peças gregas e latinas. Também promoveu a ampliação do Segundo Templo,
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transformando-o num edifício bem maior e imponente. Mais tarde, quando da destruição do Templo em 70 d.C. pelos romanos, parte do muro ocidental do edifício herodiano permaneceria em pé. Este constitui, atualmente, o chamado Muro das Lamentações. Em síntese, Herodes se empenhou em acalmar o ânimo popular e manter uma relação pacífica com Roma. Mesmo assim, os cronistas da época o descrevem como um líder cruel e corrupto, cuja popularidade diminuía com o passar do tempor, e que era capaz de realizar inúmeras melhorias (como pavimentação de estradas outrora abertas pelos hasmoneus e criação de novas cidades), fazendo o comércio girar, ao mesmo tempo em que decidia condenar à morte 46 dos 71 sábios do Sinédrio, por não concordar com uma sentença promulgada por essa corte. Também mandou matar vários membros de sua própria família, incluindo dois de seus filhos e uma esposa, por suspeitar de que eles tramavam derrubá-lo do governo. Após sua morte, em 4 a.C., a Judeia passou a três de seus filhos, Herodes Arquelau, Herodes Felipe (que governaram certas regiões por algum tempo) e Herodes Antipas, que reinou por mais de 40 anos. Herodes Antipas, o Tetrarca da Judeia, governou as regiões da Judeia, Samaria/Galileia, Idumeia e Transjordânia. Foi durante seu reinado que se desenrolam as histórias de Jesus e também de João Batista e Salome, narradas por Oscar Wilde e Strauss, baseados na narrativa do Novo Testamento.
Quatro perguntas para a diretora cênica Livia Sabag
Tanto na peça de Oscar
Nessa obra há um complexo jogo de projeção psicológica.
Wilde, como na ópera,
A Lua funciona como uma espécie de espelho que sugere ao
a Lua aparece como um
mesmo tempo o universo interior dos personagens e diversas
motivo recorrente, que
facetas de Salome. As transformações pelas quais passa a
descreve as mudanças na
princesa são descritas simbolicamente pelos personagens
atmosfera da trama, mas
quando falam sobre o aspecto da Lua.
também está relacionada
Todas essas diferentes imagens são sugeridas durante a
à figura de Salome.
encenação, desde a mulher morta saindo da tumba ou a vir-
Como a Lua e Salome se
gem bela e pura, até a mulher bêbada à procura de amantes.
relacionam e como você
Por ser a Lua um veículo de emanação de significados,
trabalhou esse jogo?
optei por não representá-la com uma forma concreta, mas como uma luz que incide sobre o cenário. Desse modo, ela deve ser imaginada pelo público por meio das personagens.
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Entre as principais questões abordadas na obra, acredito
No século 19, o orientalismo
que Salome fale sobre a afirmação dos desejos humanos
encantou vários artistas e,
e sobre a possibilidade de transcendência pelo físico e o
em certa medida, foi uma
sensível em vez da sublimação metafísica, que termina por
forma usada por muitos
abafar os desejos que habitam o universo interior da alma
para tratar temas complexos
humana. Nessa montagem, procurei sublinhar a importância
e controversos, como a
do olhar como instrumento de busca desse universo sensível,
sensualidade e a dialética
onde residem o belo e o erótico.
entre razão e sensibilidade/
A dança dos sete véus, para mim, é um importante momento de representação dessa busca.
pathós. De qual maneira você conduziu estas questões nessa montagem?
De certo modo esses três personagens buscam, de formas
As três principais
diferentes, fugir ou sair das situações de opressão ou prisão
personagens, Salome,
em que se encontram. Cada um busca um alívio através do
João Batista e Herodes,
outro, gerando um ciclo crescente de tensões. Herodes busca
têm, aparentemente,
em Salome uma válvula de escape para seus medos; Salome
três rumos distintos que
busca em João Batista um universo que se opõe ao mundo
se cruzam, mas jamais
corrompido da corte de Herodes; e João Batista, em seu
convergem, tampouco se
Deus, sublimação do que considera mundano e imoral. Mas,
‘reconhecem’. Como você
como o olhar para o outro é paradoxalmente centrado em
concebeu essas relações?
si mesmo, não há conexão possível. A tragédia é inevitável.
O palácio de Herodes,
Com o enterramento do palácio procurei expressar simbo-
palco de toda ação,
licamente alguns conteúdos fundamentais da ópera, como
está quase enterrado,
o aprisionamento das emoções, a repressão dos desejos de
parcialmente encoberto
Salome e o medo existencial de Herodes. A ideia foi criar um
por dunas de areia.
espaço que pudesse sugerir não só um palácio, mas também
Qual foi o efeito que
uma tumba, uma caixa-forte, um bunker, entre outras pos-
você buscou com essa
sibilidades. Além disso, durante o processo de concepção
escolha de cenário?
do cenário, Nicolás e eu procuramos traduzir, no espaço, a envolvente atmosfera criada pela música de Strauss. Sempre me chamou a atenção o contraste entre sensualidade e aridez presentes na obra. Por isso criamos essa a coexistência da sinuosidade das dunas do deserto e a dureza do concreto do palácio.
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Oscar Wilde (Dublin, 16 de outubro de 1854 — Paris, 30 de novembro de 1900)
Richard Strauss (Munique, 11 de junho de 1864 Garmisch-Partenkirchen, 8 de setembro de 1949)
Gravações de referência
CDs
Regente Sir Georg Solti
Wiener Philharmoniker
Salome Birgit Nilsson
Deutsche Grammophon
Iokanaan Eberhard Wächter Herodes Gerhard Stolze Herodíades Grace Hoffman
Regente Erich Leinsdorf
London Symphony Orchestra
Salome Montserrat Caballé
RCA Victor
Iokanaan Sherrill Milnes Herodes Richard Lewis Herodíades Regina Resnik
Regente Herbert von Karajan
Wiener Philharmoniker
Salome Hildegard Behrens
EMI
Iokanaan José Van Dam Herodes Karl-Walter Böhm Herodíades Agnes Baltsa
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DVD
Regente Daniel Harding
Teatro alla Scala
Diretor Cênico Luc Bondy
Arthaus Musik
Salome Nadja Michael Iokanaan Falk Struckmann Herodes Peter Bronder Herodíades Iris Vermillion
BLU-RAY Regente Stefan Soltesz
Deutsches Symphonie-Orchester
Diretor Cênico Nikolaus Lehnhoff
Berlin
Salome Angela Denoke
Arthaus Musik
Iokanaan Alan Held Herodes Kim Begley Herodíades Doris Soffel
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Croquis de Veridiana Piovezan para a montagem de Salome no Theatro Municipal de S達o Paulo.
LIBRETO Salome
Edição: Adolph Fürstner, Berlin (1905) Tradução: Mário Videira Drama em
(Um grande terraço no Palácio de
(Eine große Terrasse im Palast des
um Ato
Herodes, contíguo ao salão de
Herodes, die an den Bankettsaal
Drama In
banquetes. Alguns soldados se
stößt. Einige Soldaten lehnen
Einem Aufzuge
Primeira Cena Erste Szene
Narraboth
apoiam no parapeito. À direita, uma
sich über die Brüstung. Rechts
imponente escadaria, à esquerda,
eine mächtige Treppe, links im
ao fundo, uma antiga cisterna com
Hintergrund eine alte Cisterne mit
uma guarnição de bronze verde. A
einer Einfassung aus grüner Bronze.
Lua brilha intensamente.)
Der Mond scheint sehr hell.)
(Narraboth, Pajem, Primeiro Soldado,
(Narraboth, Page, Erster Soldat,
Segundo Soldado, A voz de
Zweiter Soldat, Stimme des
Iokanaan, um Capadócio)
Jochanaan, Ein Cappadocier)
Como a princesa Salome está bela
Wie schön ist die Prinzessin Salome
esta noite!
heute Nacht!
Pajem
Veja a Lua, que aparência estranha
Sieh‘ die Mondscheibe, wie sie
Page
ela tem. Parece uma mulher que se
seltsam aussieht. Wie eine Frau, die
levanta do túmulo.
aufsteigt aus dem Grab.
Ela está muito estranha. Parece uma
Sie ist sehr seltsam. Wie eine kleine
Narraboth
Pajem Page
Primeiro Soldado Erster Soldat
pequena princesa, cujos pés são
Prinzessin, deren Füße weiße
como pombas brancas. Parece que
Tauben sind. Man könnte meinen,
ela está dançando.
sie tanzt.
Parece uma mulher que está morta.
Wie eine Frau, die tot ist. Sie gleitet
Ela se move vagarosamente.
langsam dahin.
(Ruído no salão de banquetes)
(Lärm im Bankettsaal)
Que tumulto! Que animais
Was für ein Aufruhr! Was sind das
selvagens são esses que estão
für wilde Tiere, die da heulen?
uivando ali?
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Segundo Soldado Zweiter Soldat
Primeiro Soldado Erster Soldat
Narraboth
Pajem Page
Narraboth
Primeiro Soldado Erster Soldat
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Primeiro Soldado
São os judeus. (seco) Eles são
Die Juden. (trocken) Sie
sempre assim. Estão discutindo
sind immer so. Sie streiten
sobre sua religião.
über ihre Religion.
Acho ridículo discutir a respeito
Ich finde es lächerlich, über solche
dessas coisas.
Dinge zu streiten.
(caloroso) Como a princesa Salome
(warm) Wie schön ist die Prinzessin
está bela esta noite!
Salome heute Abend!
(inquieto) Estás sempre olhando
(unruhig) Du siehst sie immer
para ela. Estás olhando demais
an. Du siehst sie zuviel an. Es ist
para ela. É perigoso olhar para as
gefährlich, Menschen auf diese
pessoas dessa forma. Algo terrível
Art anzusehn. Schreckliches
pode acontecer.
kann geschehn.
Ela está belíssima esta noite.
Sie ist sehr schön heute Abend.
O Tetrarca tem um
Der Tetrarch sieht
olhar sombrio.
finster drein.
Sim, ele tem um
Ja, er sieht
olhar sombrio.
finster drein.
Para quem ele está olhando?
Auf wen blickt er?
Não sei.
Ich weiß nicht.
Como está pálida a princesa. Nunca
Wie blaß die Prinzessin ist. Niemals
Erster Soldat
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Narraboth
Pajem Page
a vi assim, tão pálida. Ela é como o
habe ich sie so blaß gesehn. Sie ist
reflexo de uma rosa branca em um
wie der Schatten einer weißen Rose
espelho de prata.
in einem silbernen Spiegel.
(muito inquieto) Não deves olhar
(sehr unruhig) Du mußt sie nicht
para ela. Estás olhando demais para
ansehn. Du siehst sie zuviel an.
ela. Algo terrível pode acontecer.
Schreckliches kann geschehn.
A voz de Iokanaan Die Stime des Jochanaan
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Primeiro Soldado Erster Soldat
Um Capadócio
(da cisterna) Depois de mim
(aus der Cisterne) Nach mir wird
virá um outro que é mais forte
Einer kommen, der ist stärker als ich.
do que eu. Eu não sou digno de
Ich bin nicht wert, ihm zu lösen den
atar as tiras de suas sandálias.
Riemen an seinen Schuhn. Wenn
Quando ele vier, as terras desertas
er kommt, werden die verödeten
rejubilar-se-ão. Quando ele vier,
Stätten frohlocken. Wenn er kommt,
os olhos dos cegos verão o dia.
werden die Augen der Blinden
Quando ele vier, abrir-se-ão os
den Tag sehn. Wenn er kommt, die
ouvidos dos surdos.
Ohren der Tauben geöffnet.
Mande-o calar a boca! Ele sempre
Heiss ihn schweigen! Er sagt immer
diz coisas ridículas.
lächerliche Dinge.
Ele é um homem santo. Ele é muito
Er ist ein heil‘ger Mann. Er ist sehr
afável. Todos os dias, quando lhe
sanft. Jeden Tag, den ich ihm zu
dou comida, ele me agradece.
essen gebe, dankt er mir.
Quem é ele?
Wer ist es?
Um profeta.
Ein Prophet.
Como é seu nome?
Wie ist sein Name?
Iokanaan.
Jochanaan.
De onde ele vem?
Woher kommt er?
Do deserto. Um grupo de discípulos
Aus der Wüste. Eine Schar von
estava sempre ali, ao seu redor.
Jüngern war dort immer um ihn.
De que ele fala?
Wovon redet er?
É impossível entender o
Unmöglich ist‘s, zu verstehn,
que ele diz.
was er sagt.
Ein Cappadocier
Primeiro Soldado Erster Soldat
Um Capadócio Ein Cappadocier
Primeiro Soldado Erster Soldat
Um Capadócio Ein Cappadocier
Primeiro Soldado Erster Soldat
Um Capadócio Ein Cappadocier
Primeiro Soldado Erster Soldat
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Um Capadócio
Pode-se vê-lo?
Kann man ihn sehn?
Não, o Tetrarca proibiu.
Nein, der Tetrarch hat es verboten.
(muito agitado) A princesa está
(sehr erregt) Die Prinzessin
Ein Cappadocier
Primeiro Soldado Erster Soldat
Narraboth
Pajem
se levantando! Está deixando a
erhebt sich! Sie verlässt die
mesa. Ela está muito agitada.
Tafel. Sie ist sehr erregt.
Está vindo para cá.
Sie kommt hierher.
Não olhe para ela!
Sieh sie nicht an!
Sim, ela está vindo em
Ja, sie kommt auf
nossa direção.
uns zu.
Eu te peço, não olhe para ela!
Ich bitte dich, sieh sie nicht an!
Ela é como uma pomba
Sie ist wie eine verirrte
que está perdida.
Taube.
(Salome, Pajem, A voz de Iokanaan,
(Salome, Page, Die Stime des
Segundo Soldado, Narraboth,
Jochanaan, Zweiter Soldat,
Escravo, Primeiro Soldado)
Narraboth, Sklave, Erster Soldat)
(Salome entra, agitada)
(Salome tritt erregt ein)
Eu não quero ficar. Eu não posso
Ich will nicht bleiben. Ich kann
Page
Narraboth
Pajem Page
Narraboth
Segunda Cena Zweite Szene
Salome
ficar. Por que o Tetrarca me olha o
nicht bleiben. Warum sieht mich
tempo todo assim, com esses olhos
der Tetrarch fortwährend so an mit
de toupeira sob essas pálpebras
seinen Maulwurfsaugen unter den
convulsivas? É estranho que o
zuckenden Lidern? Es ist seltsam,
esposo de minha mãe me olhe
dass der Mann meiner Mutter mich
assim. Como o ar aqui está suave!
so ansieht. Wie süß ist hier die Luft!
Aqui eu posso respirar... Lá dentro
Hier kann ich atmen... Da drinnen
estão sentados judeus de Jerusalém,
sitzen Juden aus Jerusalem, die
que discutem entre si sobre seus
einander über ihre närrischen
Pajem Page
Salome
rituais insanos. Egípcios, calados e
Gebräuche in Stücke reißen.
astutos, por fim, os romanos, rudes
Schweigsame, listge Egypter und
e brutais, com o idioma grosseiro
brutale, ungeschlachte Römer mit
deles. Oh, como eu detesto esses
ihrer plumpen Sprache. O, wie ich
romanos!
diese Römer hasse!
(para Narraboth) Algo terrível
(zu Narraboth) Schreckliches
irá acontecer. Por que olhas assim
wird geschehn. Warum siehst du
para ela?
sie so an?
Como é bom ver a Lua. Ela é como
Wie gut ist‘s, in den Mond zu sehn.
uma flor de prata, fria e casta. Sim,
Er ist wie eine silberne Blume, kühl
como a beleza de uma virgem, que
und keusch. Ja, wie die Schönheit
permaneceu pura.
einer Jungfrau, die rein geblieben ist.
A voz de
Vede, é chegado o Senhor,
Siehe, der Herr ist gekommen,
Iokanaan
o Filho do Homem está próximo.
des Menschen Sohn ist nahe.
Quem foi esse que gritou?
Wer war das, der hier gerufen hat?
O profeta, Princesa.
Der Prophet, Prinzessin.
Die Stimme des Jochanaan
Salome
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Salome
Ah, o Profeta! Aquele de quem
Ach, der Prophet! Der, vor dem der
o Tetrarca tem medo.
Tetrarch Angst hat.
Segundo Soldado
Não sabemos nada a esse respeito,
Wir wissen davon nichts, Prinzessin.
Zweiter Soldat
Princesa. Quem gritou foi o profeta
Es war der Prophet Jochanaan,
Iokanaan.
der hier rief.
(para Salome) Vos apraz que eu
(zu Salome) Beliebt es Euch, dass ich
Narraboth
Salome
mande trazer vossa liteira, Princesa?
Eure Sänfte holen lasse, Prinzessin?
A noite está linda no jardim.
Die Nacht ist schön im Garten.
Ele diz coisas terríveis sobre minha
Er sagt schreckliche Dinge über
mãe, não é verdade?
meine Mutter, nicht wahr?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Salome
Um Escravo Ein Sklave
Salome
Salome
Narraboth
Salome
Nós nunca entendemos o que ele
Wir verstehen nie, was er sagt,
diz, Princesa.
Prinzessin.
Sim, ele diz coisas terríveis
Ja, er sagt schreckliche Dinge
sobre ela.
über sie.
(Entra um escravo)
(Ein Sklave tritt ein)
Princesa, o Tetrarca vos pede
Prinzessin, der Tetrarch ersucht Euch,
para voltar à festa.
wieder zum Fest hineinzugehn.
(irritada) Eu não quero entrar.
(heftig) Ich will nicht hineingehn.
(O escravo sai)
(Der Sklave geht ab)
Esse profeta é velho?
Ist dieser Prophet ein alter Mann?
(com mais insistência) Princesa,
(dringender) Prinzessin, es wäre
seria melhor entrar. Permiti que
besser hineinzugehn. Gestattet,
eu vos conduza.
dass ich Euch führe.
(decidida) O profeta é velho?
(gesteigert) Ist der Prophet ein alter Mann?
Primeiro Soldado
Não,Princesa. Ele é bastante jovem.
Nein, Prinzessin, er ist ganz jung.
A voz de
Não te rejubiles, ó terra da Palestina,
Jauchze nicht, du Land Palästina,
Iokanaan
só porque rompeu-se o bastão
weil der Stab dessen, der dich
Erster Soldat
Die Stimme des Jochanaan
daquele que te golpeava. Pois do
schlug, gebrochen ist. Denn aus
sêmen da serpente virá um basilisco
dem Samen der Schlange wird ein
e sua prole irá engolir os pássaros.
Basilisk kommen, und seine Brut wird die Vögel verschlingen.
Salome
Que voz estranha! Eu gostaria de
Welch seltsame Stimme! Ich möchte
falar com ele.
mit ihm sprechen.
Segundo Soldado
Princesa, o Tetrarca não tolera que
Prinzessin, der Tetrarch duldet nicht,
Zweiter Soldat
ninguém fale com ele. Proibiu que
dass irgend wer mit ihm spricht.
até mesmo o Sumo-Sacerdote
Er hat selbst dem Hohenpriester
falasse com ele.
verboten, mit ihm zu sprechen.
Eu desejo falar com ele.
Ich wünsche mit ihm zu sprechen.
Isto é impossível, princesa.
Es ist unmöglich, Prinzessin.
(cada vez mais irritada) Eu quero
(immer heftiger) Ich will mit ihm
falar com ele... Tragam esse profeta
sprechen... Bringt diesen Propheten
para fora!
heraus!
Nós não podemos, princesa.
Wir dürfen nicht, Prinzessin.
(aproxima-se da cisterna
(tritt an die Cisterne heran
e olha para baixo)
und blickt hinunter.)
Como é escuro lá embaixo! Deve
Wie schwarz es da drunten ist! Es
ser terrível viver assim, em uma
muß schrecklich sein, in so einer
cova tão negra... É como uma
schwarzen Höhle zu leben ... Es
tumba... (feroz) Você não ouviram?
ist wie eine Gruft... (wild) Habt ihr
Tragam o profeta! E quero vê-lo!
nicht gehört? Bringt den Propheten
Salome
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Salome
Segundo Soldado Zweiter Soldat
Salome
heraus! Ich möchte ihn sehn!
Primeiro Soldado
Princesa, não temos permissão para
Prinzessin, wir dürfen nicht tun, was
Erster Soldat
fazer o que nos pedis.
Ihr von uns begehrt.
Salome
(avista Narraboth) Ah!
(erblickt Narraboth) Ah!
Oh, que vai acontecer? Eu sei que
O, was wird geschehn? Ich weiß, es
algo terrível vai acontecer.
wird Schreckliches geschehn.
(aproxima-se de Narraboth, falando
(tritt an Narraboth heran, leise und
de modo vivaz, em voz baixa) Tu
lebhaft sprechend) Du wirst das für
Pajem Page
Salome
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 46
Narraboth
Salome
Narraboth
Salome
vais fazer isso por mim, Narraboth,
mich tun, Narraboth, nicht wahr?
não é verdade? Eu sempre fui
Ich war dir immer gewogen. Du
afetuosa contigo. Tu vais fazer isso
wirst das für mich tun. Ich möchte
por mim. Eu gostaria apenas de
ihn bloß sehn, diesen seltsamen
ver o estranho profeta. As pessoas
Propheten. Die Leute haben soviel
falaram tanto dele. Eu acho que o
von ihm gesprochen. Ich glaube, der
Tetrarca tem medo dele.
Tetrarch hat Angst vor ihm.
O Tetrarca proibiu expressamente
Der Tetrarch hat es ausdrücklich
que qualquer pessoa remova a
verboten, dass irgend wer den
tampa do poço.
Deckel zu diesem Brunnen aufhebt.
Tu vais fazer isso por mim,
Du wirst das für mich tun, Narraboth,
Narraboth, (muito precipitada) e
(sehr hastig) und morgen, wenn
amanhã, quando eu passar em
ich in meiner Sänfte an dem
minha liteira pela porta onde estão
Torweg, wo die Götzenbilder stehn,
as imagens dos ídolos, deixarei
vorbeikomme, werde ich eine kleine
cair uma pequena flor para ti, uma
Blume für dich fallen lassen, ein
florzinha verde.
kleines grünes Blümchen.
Princesa, eu não posso,
Prinzessin, ich kann nicht,
eu não posso.
ich kann nicht.
(mais decidida) Tu vais fazer isso
(bestimmter) Du wirst das für mich
por mim, Narraboth. Sabes que irás
tun, Narraboth. Du weißt, dass
fazer isso por mim. E amanhã cedo,
du das für mich tun wirst. Und
por entre os véus de musselina, irei
morgen früh werde ich unter den
lançar um olhar para ti, Narraboth.
Muss‘linschleiern dir einen Blick
Irei olhar para ti e pode até ser que
zuwerfen, Narraboth, ich werde dich
eu sorria para ti. Olha para mim,
ansehn, kann sein, ich werde dir
Narraboth, olha para mim. Ah!
zulächeln. Sieh mich an, Narraboth,
Sabes muito bem que irás fazer o
sieh mich an. Ah! Wie gut du weißt,
que estou te pedindo! Como sabes!
dass du tun wirst, um was ich dich
(enérgica) Sei que irás fazer isto.
bitte! Wie du es weißt! (stark) Ich weiß, du wirst das tun.
Narraboth
(dá um sinal aos soldados) Deixem
(gibt den Soldaten ein Zeichen) Laßt
o profeta sair... a princesa Salome
den Propheten herauskommen ...
deseja vê-lo.
die Prinzessin Salome wünscht ihn zu sehn.
Salome
Ah!
(O Profeta sai da cisterna.)
Ah!
(Der Prophet kommt aus der Cisterne.)
Terceira Cena Dritte Szene
Iokanaan Jochanaan
(Iokanaan, Salome, Narraboth)
(Jochanaan, Salome, Narraboth)
(Salome, absorta na contemplação
(Salome, in seinen Anblick versunken,
dele, recua lentamente)
weicht langsam vor ihm zurück)
(enérgico) Onde está ele, cujo cálice
(stark) Wo ist er, dessen
de pecados já está cheio? Onde
Sündenbecher jetzt voll ist? Wo ist
está ele, que um dia irá morrer
er, der eines Tages im Angesicht
diante de todo o povo envolto em
alles Volkes in einem Silbermantel
um manto de prata? Mande-o vir
sterben wird? Heißt ihn herkommen,
até aqui, para que ele ouça a voz
auf dass er die Stimme Dessen
daquele que pregou no deserto e
höre, der in der Wüste und in den
nas casas dos reis.
Häusern der Könige gekündet hat.
De quem ele está falando?
Von wem spricht er?
Ninguém pode dizer, Princesa.
Niemand kann es sagen, Prinzessin.
Iokanaan
Onde está ela, que se entregou à
Wo ist sie, die sich hingab der Lust
Jochanaan
concupiscência de seus olhos ao
ihrer Augen, die gestanden hat vor
contemplar as pinturas com imagens
buntgemalten Männerbildern und
Salome
Narraboth
Salome
Narraboth
de homens, e enviou embaixadores
Gesandte ins Land der Chaldäer
às terras dos Caldeus?
schickte?
(sem voz) Ele está falando
(tonlos) Er spricht von
de minha mãe.
meiner Mutter.
(impetuoso) Não, não, princesa.
(heftig) Nein, nein Prinzessin.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48
Salome
Iokanaan Jochanaan
Salome
Narraboth
Salome
(abatida) Sim, ele está falando
(matt) Ja, er spricht von
de minha mãe.
meiner Mutter.
Onde está ela, que se entregou
Wo ist sie, die den Hauptleuten
aos capitães dos Assírios? Que se
Assyriens sich gab? Wo ist sie, die
entregou aos jovens homens do
sich den jungen Männern der
Egito, resplandecentes em suas
Egypter gegeben hat, die in feinem
finas vestes de linho e pedras de
Leinen und Hyacinthgesteinen
hiacinto, com escudos de ouro e
prangen, deren Schilde von Gold
corpos de gigantes? Ide e ordenai
sind und die Leiber wie Riesen?
que se levante do seu leito de
Geht, heißt sie aufsteh‘n vom
abominações, do seu leito de
Bett ihrer Greuel, vom Bett ihrer
incesto; para que ela ouça as
Blutschande; auf dass sie die
palavras daquele que prepara
Worte Dessen vernehme, der dem
os caminhos do Senhor e que se
Herrn die Wege bereitet, und ihre
arrependa de suas iniquidades. E
Missetaten bereue. Und wenn
mesmo que ela não se arrependa,
sie gleich nicht bereut, heißt sie
ordenai que venha, pois o açoite do
herkommen, denn die Geißel des
Senhor já está em sua mão.
Herrn ist in seiner Hand.
Ele é terrível. Ele é realmente
Er ist schrecklich. Er ist wirklich
terrível.
schrecklich.
Não fiqueis aqui, Princesa. Eu vos
Bleibt nicht hier, Prinzessin, ich bitte
suplico!
Euch!
De tudo, o mais terrível são seus
Seine Augen sind von allem das
olhos. São como grutas negras,
Schrecklichste. Sie sind wie die
onde habitam os dragões! São
schwarzen Höhlen, wo die Drachen
como mares negros, agitados pelos
hausen! Sie sind wie schwarze Seen,
raios do luar. Julgais que ele falará
aus denen irres Mondlicht flakkert.
novamente?
Glaubt ihr, dass er noch einmal sprechen wird?
Narraboth
Salome
(cada vez mais nervoso) Não fiqueis
(immer aufgeregter) Bleibt nicht
aqui, Princesa. Eu vos suplico, não
hier, Prinzessin. Ich bitte Euch, bleibt
fiqueis aqui.
nicht hier.
Como ele é magro! Ele é como uma
Wie abgezehrt er ist! Er ist wie
estátua de marfim. Com certeza é
ein Bildnis aus Elfenbein. Gewiß
casto como a Lua. Sua carne deve
ist er keusch wie der Mond. Sein
ser muito fria, fria como o marfim.
Fleisch muß sehr kühl sein, kühl wie
Eu gostaria de vê-lo mais de perto.
Elfenbein. Ich möchte ihn näher beseh‘n.
Narraboth
Salome
Narraboth
Iokanaan Jochanaan
Salome
Iokanaan Jochanaan
Salome
Não, não, Princesa.
Nein, nein, Prinzessin.
Eu preciso vê-lo mais de perto.
Ich muß ihn näher beseh‘n.
Princesa! Princesa...
Prinzessin! Prinzessin...
Quem é essa mulher que me
Wer ist dies Weib, das mich ansieht?
observa? Não quero ter seus olhos
Ich will ihre Augen nicht auf mir
sobre mim. Por que ela me olha
haben. Warum sieht sie mich so
assim, com esses olhos dourados
an mit ihren Goldaugen unter den
sob as pálpebras radiantes? Não sei
gleißenden Lidern? Ich weiß nicht,
quem ela é. Não quero saber quem
wer sie ist. Ich will nicht wissen, wer
ela é. Mandem-na sair! Não quero
sie ist. Heißt sie gehn! Zu ihr will ich
falar com ela.
nicht sprechen.
Eu sou Salome, filha de Herodíades.
Ich bin Salome, die Tochter der
Princesa da Judeia.
Herodias. Prinzessin von Judäa
Para trás, filha da Babilônia! Não te
Zurück, Tochter Babylons! Komm
aproximes do escolhido do Senhor!
dem Erwählten des Herrn nicht
Tua mãe encheu a terra com o vinho
nahe! Deine Mutter hat die Erde
de sua concupiscência, e o excesso
erfüllt mit dem Wein ihrer Lüste, und
de seus pecados clama pelo castigo
das Unmaß ihrer Sünden schreit zu
de Deus.
Gott.
Fala mais, Iokanaan. Tua voz é como
Sprich mehr, Jochanaan, deine
música em meus ouvidos.
Stimme ist wie Musik in meinen Ohren.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50
Narraboth
Salome
Princesa! Princesa! Princesa!
Prinzessin! Prinzessin! Prinzessin!
Fala mais! Fala mais, Iokanaan, e
Sprich mehr! Sprich mehr,
dize, o que devo fazer?
Jochanaan, und sag‘ mir, was ich tun soll?
Iokanaan Jochanaan
Filha de Sodoma, não te aproximes
Tochter Sodoms, komm mir nicht
de mim! Ao invés disso, cobre teu
nahe! Vielmehr bedecke dein
rosto com um véu, espalha cinzas
Gesicht mit einem Schleier, streue
sobre tua cabeça, vai para o deserto
Asche auf deinen Kopf, mach dich
e procura o Filho do Homem.
auf in die Wüste und suche des Menschen Sohn.
Salome
Iokanaan Jochanaan
Quem é esse, o Filho do Homem?
Wer ist das, des Menschen Sohn? Ist
Ele é tão belo como tu, Iokanaan?
er so schön wie du, Jochanaan?
Afasta-te de mim! Ouço no palácio
Weiche von mir! Ich höre die
o rumor das asas do anjo da morte…
Flügel des Todesengels im Palaste rauschen...
Salome
Narraboth
Salome
Iokanaan!
Jochanaan!
Princesa, eu imploro, entrai!
Prinzessin, ich flehe, geh‘ hinein!
Iokanaan! Eu estou apaixonada por
Jochanaan! Ich bin verliebt in
teu corpo, Iokanaan! Teu corpo é
deinen Leib, Jochanaan! Dein Leib
branco como os lírios no campo,
ist weiß wie die Lilien auf einem
que nunca foram tocados pela foice.
Felde, von der Sichel nie berührt.
Teu corpo é branco como a neve
Dein Leib ist weiß wie der Schnee
nos montes da Judeia. As rosas no
auf den Bergen Judäas. Die Rosen
jardim da rainha da Arábia não são
im Garten von Arabiens Königin sind
tão brancas como o teu corpo. Nem
nicht so weiß wie dein Leib, nicht
as rosas no jardim da rainha, nem
die Rosen im Garten der Königin,
os pés da aurora sobre a folhagem,
nicht die Füße der Dämmerung auf
nem o seio da lua sobre o mar.
den Blättern, nicht die Brüste des
Nada no mundo é tão branco como
Mondes auf dem Meere, nichts in
teu corpo. Deixe-me tocá-lo, o teu
der Welt ist so weiß wie dein Leib.
corpo!
Laß mich ihn berühren, deinen Leib!
Iokanaan Jochanaan
Salome
Iokanaan Jochanaan
Salome
Para trás, filha da Babilônia! Foi
Zurück, Tochter Babylons! Durch
através da mulher que o mal veio ao
das Weib kam das Übel in die Welt.
mundo. Não fales comigo. Eu não
Sprich nicht zu mir. Ich will dich nicht
quero te ouvir! Eu ouço apenas a
anhör‘n! Ich höre nur auf die Stimme
voz do Senhor, meu Deus.
des Herrn, meines Gottes.
Teu corpo é horrendo. Ele é como
Dein Leib ist grauenvoll. Er ist
o corpo de um leproso. Ele é como
wie der Leib eines Aussätzigen.
uma parede caiada, por onde
Er ist wie eine getünchte Wand,
rastejaram as víboras; como uma
wo Nattern gekrochen sind; wie
parede caiada, onde os escorpiões
eine getünchte Wand, wo die
construíram o seu ninho. Ele é
Skorpione ihr Nest gebaut. Er ist
como um túmulo pintado de cal
wie ein übertünchtes Grab voll
e repleto de coisas repugnantes.
widerlicher Dinge. Er ist gräßlich,
Ele é horrível, teu corpo é horrível.
dein Leib ist gräßlich. In dein Haar
Por teu cabelo é que eu estou
bin ich verliebt, Jochanaan. Dein
apaixonada, Iokanaan. Teu cabelo
Haar ist wie Weintrauben, wie
é como as uvas, como um cacho de
Büschel schwarzer Trauben, an den
uvas negras, nas vinhas de Edom.
Weinstöcken Edoms. Dein Haar ist
Teu cabelo é como o cedro, os
wie die Cedern, die großen Cedern
grandes cedros do Líbano, que dão
von Libanon, die den Löwen und
sombra aos leões e aos ladrões. As
Räubern Schatten spenden. Die
longas noites negras, quando a
langen schwarzen Nächte, wenn der
Lua se esconde e as estrelas têm
Mond sich verbirgt, wenn die Sterne
medo, não são tão negras como
bangen, sind nicht so schwarz wie
teu cabelo. O silêncio da floresta...
dein Haar. Des Waldes Schweigen...
Nada no mundo é tão negro como
Nichts in der Welt ist so schwarz wie
teu cabelo. Deixa-me tocá-lo, teu
dein Haar. Laß mich es berühren,
cabelo!
dein Haar!
Para trás, filha de Sodoma! Não me
Zurück, Tochter Sodoms! Berühre
toques! Não profanes o templo do
mich nicht! Entweihe nicht den
Senhor, meu Deus!
Tempel des Herrn, meines Gottes!
Teu cabelo é horrível! Ele está
Dein Haar ist gräßlich! Es starrt
repleto de pó e imundície. É como
von Staub und Unrat. Es ist wie
se fosse uma coroa de espinhos
eine Dornenkrone auf deinen
posta sobre tua cabeça. É como
Kopf gesetzt. Es ist wie ein
um emaranhado de serpentes
Schlangenknoten gewickelt um
ao redor de teu pescoço. Eu não
deinen Hals. Ich liebe dein Haar
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52
gosto do teu cabelo. (com suprema
Iokanaan Jochanaan
Salome
nicht. (mit höchster Leidenschaft)
paixão) Tua boca é o que eu desejo,
Deinen Mund begehre ich,
Iokanaan. Tua boca é como uma fita
Jochanaan. Dein Mund ist wie ein
escarlate em uma torre de marfim.
Scharlachband an einem Turm von
Ela é como uma romã, cortada
Elfenbein. Er ist wie ein Granatapfel,
com uma faca de prata. As flores
von einem Silbermesser zerteilt. Die
da romã nos jardins de Tiro, mais
Granatapfelblüten in den Gärten
rubras do que as rosas, não são
von Tyrus, glüh‘nder als Rosen, sind
tão vermelhas. As rubras fanfarras
nicht so rot. Die roten Fanfaren
das trombetas que anunciam a
der Trompeten, die das Nah‘n von
aproximação dos reis, e diante das
Kön‘gen künden und vor denen
quais treme o inimigo, não são tão
der Feind erzittert, sind nicht so rot,
vermelhas como tua boca. Tua boca
wie dein roter Mund. Dein Mund ist
é mais vermelha que os pés dos
röter als die Füße der Männer, die
homens que esmagam uvas nos
den Wein stampfen in der Kelter. Er
lagares. Ela é mais vermelha que
ist röter als die Füße der Tauben,
os pés das pombas que habitam
die in den Tempeln wohnen. Dein
nos templos. Tua boca é como um
Mund ist wie ein Korallenzweig in
ramo de corais no mar, durante o
der Dämm‘rung des Meers, wie der
crepúsculo, é como a púrpura nas
Purpur in den Gruben von Moab,
minas de Moab, a púrpura dos reis...
der Purpur der Könige... (außer sich)
(fora de si) Nada no mundo é tão
Nichts in der Welt ist so rot wie dein
vermelho como tua boca. Deixa-me
Mund. Laß mich ihn küssen, deinen
beijá-la, a tua boca.
Mund.
(em voz baixa, num horror quase
(leise, in tonlosem Schauder)
sem voz) Jamais, filha da Babilônia,
Niemals, Tochter Babylons, Tochter
filha de Sodoma... Jamais!
Sodoms ... Niemals!
Quero beijar tua boca, Iokanaan.
Ich will deinen Mund küssen,
Quero beijar tua boca.
Jochanaan. Ich will deinen Mund küssen.
Narraboth
(com extremo pavor e desespero)
(in höchster Angst und Verzweiflung)
Princesa, Princesa, vós que sois
Prinzessin, Prinzessin, die wie ein
como um jardim de mirras, vós que
Garten von Myrrhen ist, die die
sois a pomba de todas as pombas,
Taube aller Tauben ist, sieh diesen
não olheis para este homem. Não
Mann nicht an. Sprich nicht solche
digais a ele essas palavras. Isto eu
Worte zu ihm. Ich kann es nicht
não posso suportar...
ertragen...
Salome
Salome
Iokanaan Jochanaan
Salome
Eu quero beijar tua boca, Iokanaan.
Ich will deinen Mund küssen,
Eu quero beijar
Jochanaan. Ich will deinen Mund
tua boca.
küssen.
(Narraboth se apunhala e cai morto
(Narraboth ersticht sich und fällt tot
entre Salome e Iokanaan)
zwischen Salome und Jochanaan)
Deixa-me beijar tua boca,
Laß mich deinen Mund küssen,
Iokanaan!
Jochanaan!
Não tens medo,
Wird dir nicht bange,
filha de Herodíades?
Tochter der Herodias?
Deixa-me beijar tua boca,
Laß mich deinen Mund küssen,
Iokanaan!
Jochanaan!
Iokanaan
Filha da luxúria, há apenas uma
Tochter der Unzucht, es lebt nur
Jochanaan
pessoa que te pode salvar. Vai e
Einer, der dich retten kann. Geh‘,
procura por ele. Procura por ele!
such‘ ihn. Such‘ ihn! (mit größter
Salome
Iokanaan Jochanaan
(com grande fervor) Ele está em
Wärme) Er ist in einem Nachen auf
um barco no mar da Galileia e fala
dem See von Galiläa und redet zu
a seus discípulos. (muito solene)
seinen Jüngern. (sehr feierlich) Knie
Ajoelha-te à beira do mar, chama
nieder am Ufer des Sees, ruf ihn an
por ele, e chama-o pelo nome.
und rufe ihn beim Namen. Wenn
Quando ele vier a ti, e ele vem a
er zu dir kommt, und er kommt zu
todos que o chamam, curva-te
allen, die ihn rufen, dann bücke dich
então aos seus pés, para que ele
zu seinen Füßen, dass er dir deine
perdoe os teus pecados.
Sünden vergebe
(como desesperada) Deixa-me
(wie verzweifelt) Laß mich deinen
beijar tua boca, Iokanaan!
Mund küssen, Jochanaan!
Maldita sejas, filha de mãe
Sei verflucht, Tochter der
incestuosa. Maldita sejas!
blutschänderischen Mutter. Sei verflucht!
Salome
Deixa-me beijar tua boca,
Laß mich deinen Mund küssen,
Iokanaan!
Jochanaan!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54
Iokanaan Jochanaan
Eu não quero olhar para ti. Estás
Ich will dich nicht ansehn. Du
amaldiçoada, Salome. Tu estás
bist verflucht, Salome. Du bist
amaldiçoada.
verflucht.
(Ele desce novamente para
(Er geht wieder in die
a cisterna)
Cisterne hinab)
Quarta Cena Vierte Szene
(Herodes, Herodíades, Primeiro
(Herodes, Herodias, Erster Soldat,
Soldado, Salome, Cinco Judeus,
Salome, Fünf Juden, Zwei Nazarener)
Dois Nazarenos) (Herodes, Herodias treten mit (Herodes e Herodíades entram com
Gefolge ein)
um séquito)
Herodes
Herodíades
Onde está Salome? Onde está a
Wo ist Salome? Wo ist die
princesa? Por que ela não voltou
Prinzessin? Warum kam sie nicht
para o banquete, como ordenei?
wieder zum Bankett, wie ich ihr
Ah! Aí está ela!
befohlen hatte? Ah! Da ist sie!
Não deves olhar para ela. Tu a
Du sollst sie nicht ansehn.
Herodias
observas o tempo todo!
Fortwährend siehst du sie an!
Herodes
Que aspecto tem a Lua esta noite!
Wie der Mond heute nacht aussieht!
Herodíades
Não é uma imagem estranha? Ela
Ist es nicht ein seltsames Bild? Es
parece uma mulher louca, que
sieht aus wie ein wahnwitziges Weib,
procura por amantes em toda
das überall nach Buhlen sucht..., wie
parte... parece uma mulher bêbada,
ein betrunkenes Weib, das durch
que cambaleia por entre as nuvens...
Wolken taumelt...
Não, a Lua parece a Lua, isso é tudo.
Nein, der Mond ist wie der Mond,
Herodias
Vamos entrar.
das ist alles. Wir wollen hineingehn.
Herodes
Eu quero ficar aqui. Manassah,
Ich will hier bleiben. Manassah,
estende os tapetes aqui! Acende as
leg Teppiche hierher! Zündet
tochas! Eu ainda quero beber vinho
Fackeln an! Ich will noch Wein mit
com meus convidados! Ah! Eu
meinen Gästen trinken! Ah! Ich bin
escorreguei. Pisei em sangue, isso
ausgeglitten. Ich bin in Blut getreten,
é um mau presságio. Por que há
das ist ein böses Zeichen. Warum ist
sangue aqui? E esse morto? Quem
hier Blut? Und dieser Tote? Wer ist
é esse morto? Eu não quero vê-lo.
dieser Tote hier? Wer ist dieser Tote? Ich will ihn nicht sehn.
Primeiro Soldado
É nosso capitão, senhor.
Es ist unser Hauptmann, Herr.
Erster Soldat
Herodes
Eu não dei ordem pra que o
Ich erließ keinen Befehl, dass er
matassem.
getötet werde.
Ele se suicidou, senhor.
Er hat sich selbst getötet, Herr.
Herodes
Isso me parece estranho. O jovem
Das scheint mir seltsam. Der
Herodes
sírio era belíssimo. Eu me lembro,
junge Syrier, er war sehr schön.
Primeiro Soldado Erster Soldat
Herodíades Herodias
eu vi seus olhos langorosos quando
Ich erinnere mich, ich sah seine
ele olhava para Salome. – Sumam
schmachtenden Augen, wenn er
com ele. (Eles levam embora
Salome ansah. – Fort mit ihm. (Sie
o cadáver) Está frio aqui. Está
tragen den Leichnam weg) Es ist kalt
soprando um vento... Não está
hier. Es weht ein Wind... Weht nicht
ventando?
ein Wind?
(secamente) Não, não há nenhum
(trocken) Nein, es weht kein Wind.
vento.
Herodes
Pois eu digo que está soprando um
Ich sage euch, es weht ein Wind. –
Herodes
vento. – E no ar eu ouço algo como
Und in der Luft hör ich etwas wie
o rumor de asas gigantescas... Não
das Rauschen von mächtigen
ouvis?
Flügeln... Hört ihr es nicht?
Não ouço nada.
Ich höre nichts.
Agora não ouço mais. Mas eu ouvi,
Jetzt höre ich es nicht mehr. Aber ich
Herodíades Herodias
Herodes
era o sopro do vento. Já passou.
habe es gehört, es war das Wehn
Escutai! Não ouvis? O rumor de
des Windes. Es ist vorüber. Horch!
asas gigantescas...
Hört ihr es nicht? Das Rauschen von mächt‘gen Flügeln...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56
Herodíades Herodias
Estás doente, vamos entrar.
Du bist krank, wir wollen hineingehn.
Eu não estou doente. Mas a tua filha
Ich bin nicht krank. Aber deine
está mortalmente doente. Nunca a
Tochter ist krank zu Tode. Niemals
vi assim, tão pálida.
hab‘ ich sie so blaß gesehn.
Eu te disse, não deves olhar
Ich habe dir gesagt, du sollst sie
Herodias
para ela.
nicht ansehn.
Herodes
Sirvam-me vinho. (Trazem vinho)
Schenkt mir Wein ein. (Es wird Wein
Salome, vem, bebe vinho comigo,
gebracht) Salome, komm, trink Wein
Herodes
Herodíades
Salome
Herodes
um vinho delicioso. Foi o próprio
mit mir, einen köstlichen Wein. Cäsar
César que me enviou. Molha teus
selbst hat ihn mir geschickt. Tauche
labiozinhos vermelhos aí, teus
deine kleinen roten Lippen hinein,
labiozinhos vermelhos, pois quero
deine kleinen roten Lippen, dann
esvaziar a taça.
will ich den Becher leeren.
Eu não tenho sede, Tetrarca.
Ich bin nicht durstig, Tetrarch.
Ouves como ela me responde, essa
Hörst du, wie sie mir antwortet,
tua filha?
diese deine Tochter?
Ela tem razão. Por que a olhas
Sie hat Recht. Warum starrst du sie
Herodias
sempre tão fixamente?
immer an?
Herodes
Tragam frutas maduras! (trazem
Bringt reife Früchte! (es werden
frutas) Salome, vem, come dessas
Früchte gebracht) Salome, komm, iss
Herodíades
frutas comigo. Gosto tanto de ver
mit mir von diesen Früchten. Den
a marca de teus dentinhos brancos
Abdruck deiner kleinen, weißen
em uma fruta. Morde apenas um
Zähne in einer Frucht seh‘ ich so
pouco, apenas um pouquinho dessa
gern. Beiß nur ein wenig ab, nur ein
fruta, pois quero comer o que restar.
wenig von dieser Frucht, dann will ich essen, was übrig ist.
Salome
Eu não tenho fome, Tetrarca.
Ich bin nicht hungrig, Tetrarch.
Herodes
(para Herodíades) Vês como
(zu Herodias) Du siehst, wie du diese
educaste essa tua filha!
deine Tochter erzogen hast!
Herodíades Herodias
Minha filha e eu somos
Meine Tochter und ich stammen aus
descendentes de sangue real. Teu
königlichem Blut. Dein Vater war
pai era um condutor de camelos e,
Kameeltreiber, dein Vater war ein
além disso, teu pai era um ladrão e
Dieb und ein Räuber obendrein.
um bandido.
Herodes
Salome
Herodíades Herodias
Herodes
Salome, vem, senta-te comigo.
Salome, komm, setz dich zu mir. Du
Deves sentar-te no trono de tua
sollst auf dem Thron deiner Mutter
mãe.
sitzen.
Eu não estou cansada, Tetrarca.
Ich bin nicht müde, Tetrarch.
Vês como ela te estima.
Du siehst, wie sie dich achtet.
Tragam-me... Que mais eu quero?
Bringt mir... Was wünsche ich denn?
Já esqueci. Ah! Ah! Lembrei-me...
Ich habe es vergessen. Ah! Ah! Ich erinnere mich...
A voz de
Vede, é chegado o tempo. O dia do
Siehe, die Zeit ist gekommen, der
Iokanaan
qual eu falava chegou.
Tag, von dem ich sprach, ist da.
Die Stimme des Jochanaan
Herodíades
Mandem-no calar a boca! Esse
Heiß‘ ihn schweigen! Dieser Mensch
Herodias
homem me insulta!
beschimpft mich!
Herodes
Ele não disse nada contra ti. Além
Er hat nichts gegen dich gesagt.
disso, ele é um grande profeta.
Überdies ist er ein sehr großer Prophet.
Herodíades
Eu não acredito em profetas. Mas tu,
Ich glaube nicht an Propheten. Aber
Herodias
tu tens medo dele!
du, du hast Angst vor ihm!
Herodes
Eu não tenho medo de ninguém.
Ich habe vor niemandem Angst.
Herodíades Herodias
Eu te digo, tu tens medo dele. Por
Ich sage dir, du hast Angst vor ihm.
que não o entregas aos judeus, que
Warum lieferst du ihn nicht den
há meses clamam por ele?
Juden aus, die seit Monaten nach ihm schreien?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
Primeiro Judeu Erster Jude
Herodes
Deveras, senhor, seria melhor
Wahrhaftig, Herr, es wäre besser, ihn
entregá-lo em nossas mãos!
in unsre Hände zu geben!
Basta! Não vou entregá-lo a vocês.
Genug davon! Ich werde ihn nicht in
Ele é um homem santo. Ele é um
eure Hände geben. Er ist ein heil‘ger
homem que viu Deus.
Mann. Er ist ein Mann, der Gott geschaut hat.
Primeiro Judeu Erster Jude
Isso não pode ser. Desde o profeta
Das kann nicht sein. Seit dem
Elias ninguém viu Deus. Ele foi o
Propheten Elias hat niemand Gott
último que viu a face de Deus. Em
gesehn. Er war der letzte, der Gott
nossos dias, Deus não se mostra.
von Angesicht geschaut. In unsren
Deus se oculta. Eis porque um
Tagen zeigt sich Gott nicht. Gott
grande mal se abateu sobre nossa
verbirgt sich. Darum ist großes Übel
terra, um grande mal.
über das Land gekommen, großes Übel.
Segundo Judeu Zweiter Jude
Em verdade, ninguém sabe se Elias
In Wahrheit weiß niemand, ob
de fato viu Deus. Possivelmente o
Elias in der Tat Gott gesehen hat.
que ele viu foi apenas a sombra de
Möglicherweise war es nur der
Deus.
Schatten Gottes, was er sah.
Terceiro Judeu
Deus não se oculta em nenhuma
Gott ist zu keiner Zeit verborgen.
Dritter Jude
época. Ele se mostra em todas as
Er zeigt sich zu allen Zeiten und an
épocas e em todos os lugares. Deus
allen Orten. Gott ist im schlimmen
está tanto no que é mau como no
ebenso wie im guten.
que é bom.
Quarto Judeu Vierter Jude
Quinto Judeu Fünfter Jude
Não devias dizer isto. Essa é
Du solltest das nicht sagen, es ist
uma doutrina muito perigosa,
eine sehr gefährliche Lehre aus
proveniente de Alexandria. E os
Alexandria. Und die Griechen sind
gregos são pagãos.
Heiden.
Ninguém pode dizer como Deus
Niemand kann sagen, wie Gott
age. Seus caminhos são muito
wirkt. Seine Wege sind sehr dunkel.
obscuros. A única coisa que
Wir können nur unser Haupt unter
podemos fazer é curvar nossas
seinen Willen beugen, denn Gott ist
cabeças aos Seus desígnios, pois
sehr stark.
Deus é muito forte.
Primeiro Judeu Erster Jude
Dizes a verdade. De fato, Deus é
Du sagst die Wahrheit. Fürwahr,
terrível. Mas no que diz respeito a
Gott ist furchtbar. Aber was diesen
esse homem, ele nunca viu Deus.
Menschen angeht, der hat Gott nie
Desde o profeta Elias ninguém viu
gesehn. Seit dem Propheten Elias
Deus. Ele foi o último que viu Deus
hat niemand Gott gesehn. Er war
face a face. Em nossos dias, Deus
der letzte, der Gott von Angesicht zu
não se mostra. Deus se oculta. Eis
Angesicht geschaut. In unsren Tagen
porque um grande mal se abateu
zeigt sich Gott nicht. Gott verbirgt
sobre nossa terra. Ele foi o último
sich. Darum ist großes Übel über
etc.
das Land gekommen. Er war der letzte usw.
Segundo Judeu Zweiter Jude
Em verdade, ninguém sabe se Elias
In Wahrheit weiß niemand, ob
de fato viu Deus. Possivelmente
Elias in der Tat Gott gesehen hat.
o que ele viu foi apenas a sombra
Möglicherweise war es nur der
de Deus. Em verdade, ninguém
Schatten Gottes, was er sah. In
sabe se Elias realmente viu Deus.
Wahrheit weiß niemand, ob Elias
Deus é terrível. Ele rompe os fortes
auch wirklich Gott gesehen hat. Gott
em pedaços, tanto os fortes como
ist furchtbar, er bricht den Starken
os fracos, pois todos são iguais
in Stücke, den Starken wie den
perante Ele. Possivelmente etc.
Schwachen, denn jeder gilt ihm gleich. Möglicherweise usw.
Terceiro Judeu
Deus não se oculta em nenhuma
Gott ist zu keiner Zeit verborgen. Er
Dritter Jude
época. Ele se mostra em todas as
zeigt sich zu allen Zeiten. Er zeigt
épocas e em todos os lugares. Deus
sich an allen Orten. Gott ist im
está tanto no mau como no bom.
schlimmen ebenso wie im guten.
Deus não se oculta em nenhuma
Gott ist zu keiner Zeit verborgen.
época. Deus se mostra em todas as
Gott zeigt sich zu allen Zeiten und
Quarto Judeu Vierter Jude
épocas e em todos os lugares. Deus
an allen Orten. Gott ist im guten
está tanto no bom como no mau...
ebenso wie im bösen...
(para o Terceiro Judeu) Não devias
(zum dritten) Du solltest das nicht
dizer isto. Essa é uma doutrina
sagen, es ist eine sehr gefährliche
muito perigosa, proveniente de
Lehre aus Alexandria. Und die
Alexandria. E os gregos são pagãos.
Griechen sind Heiden. Niemand
Ninguém pode dizer como Deus
kann sagen, wie Gott wirkt, denn
age, pois Deus é muito forte. Ele
Gott ist sehr stark. Er bricht den
rompe em pedaços tanto os fortes
Starken wie den Schwachen in
como os fracos. Deus é forte.
Stücke. Gott ist stark.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Quinto Judeu Fünfter Jude
Ninguém pode dizer como Deus
Niemand kann sagen wie Gott wirkt.
age. Seus caminhos são muito
Seine Wege sind sehr dunkel. Es
obscuros. É possível que as coisas
kann sein, dass die Dinge, die wir
que pensamos ser boas, sejam
gut nennen, sehr schlimm sind, und
muito ruins, e que as coisas que
die Dinge, die wir schlimm nennen,
pensamos ser más, sejam muito
sehr gut sind. Wir wissen von nichts
boas. Nós não sabemos de nada...
etwas...
Herodíades
(para Herodes, irritada) Manda-os
(zu Herodes, heftig) Heiß‘ sie
Herodias
calar a boca, eles me aborrecem.
schweigen, sie langweilen mich.
Herodes
Primeiro Judeu
Contudo eu ouvi dizer que Iokanaan
Doch hab‘ ich davon sprechen
seria, na verdade, o vosso profeta
hören, Jochanaan sei in Wahrheit
Elias.
euer Prophet Elias.
Isso não pode ser. Desde o tempo
Das kann nicht sein. Seit den Tagen
do profeta Elias já se passaram mais
des Propheten Elias sind mehr als
de trezentos anos.
dreihundert Jahre vergangen.
Estou seguro de que ele é o profeta
Mir ist sicher, dass er der Prophet
Elias.
Elias ist.
Isso não pode ser. Desde o tempo
Das kann nicht sein. Seit den Tagen
do profeta Elias já se passaram mais
des Propheten Elias sind mehr als
de trezentos anos...
dreihundert Jahre vergangen...
De modo algum! Ele não é o
Keineswegs, er ist nicht der Prophet
profeta Elias.
Elias.
Manda-os calar a boca!
Heiß‘ sie schweigen!
A voz de
Vede, o dia está próximo, o dia
Siehe, der Tag ist nahe, der Tag des
Iokanaan
do Senhor, e eu ouço sobre as
Herrn, und ich höre auf den Bergen
montanhas os passos Daquele que
die Schritte Dessen, der sein wird
será o salvador do mundo.
der Erlöser der Welt.
Erster Jude
Primeiro Nazareno Erster Nazarener
Primeiro Judeu Erster Jude
Segundo, Terceiro, Quarto e Quinto Judeus Zweiter, Dritter, Vierter und Fünfter Jude
Herodíades Herodias
Die Stimme des Jochanaan
Herodes
Primeiro Nazareno
O que isso quer dizer, o salvador do
Was soll das heißen, der Erlöser der
mundo?
Welt?
(enfático) É chegado o Messias.
Erster Nazarener
Primeiro Judeu
(emphatisch) Der Messias ist gekommen.
(gritando) O Messias não chegou.
Erster Jude
(schreiend) Der Messias ist nicht gekommen.
Primeiro Nazareno
Ele chegou, e por toda parte ele
Er ist gekommen, und allenthalben
Erster Nazarener
opera milagres. Ele transformou
tut er Wunder. Bei einer Hochzeit
Segundo Nazareno
água em vinho numa boda na
in Galiläa hat er Wasser in
Galileia. Ele curou dois leprosos em
Wein verwandelt. Er heilte zwei
Cafarnaum.
Aussätzige von Capernaum.
Apenas tocando neles!
Durch bloßes Berühren!
Ele também curou cegos. Já o viram
Er hat auch Blinde geheilt. Man hat
Zweiter Nazarener
Primeiro Nazareno Erster Nazarener
Herodíades Herodias
Primeiro Nazareno Erster Nazarener
Herodes
Primeiro e
sobre uma montanha, conversando
ihn auf einem Berge im Gespräch
com os anjos!
mit Engeln gesehn!
Oh! Eu não acredito em milagres, já
Oho! Ich glaube nicht an Wunder,
os vi em demasia!
ich habe ihrer zu viele gesehn!
Ele ressuscitou dos mortos a filha
Die Tochter des Jairus hat er von
de Jairo.
den Toten erweckt.
(apavorado) Como? Ele ressuscita
(erschreckt) Wie, er erweckt die
os mortos?
Toten?
Sim, ele ressuscita os mortos.
Jawohl. Er erweckt die Toten.
Eu o proíbo de fazer isso. Seria
Ich verbiete ihm, das zu tun. Es
terrível se os mortos retornassem!
wäre schrecklich, wenn die Toten
Onde está esse homem agora?
wiederkämen! Wo ist der Mann zur
Segundo Nazarenos Erster und Zweiter Nazarener
Herodes
Zeit?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
Primeiro Nazareno Erster Nazarener
Herodes
Segundo Nazareno Zweiter Nazarener
Primeiro Nazareno Erster Nazarener
Senhor, ele está por toda a parte.
Herr, er ist überall, aber es ist schwer,
Mas é difícil encontrá-lo.
ihn zu finden.
Esse homem tem que ser encontrado.
Der Mann muß gefunden werden.
Dizem que agora ele está na Samaria.
Es heißt, in Samaria weile er jetzt.
Ele deixou Samaria há alguns dias, creio que neste momento ele está
Vor ein paar Tagen verließ er
nas proximidades de Jerusalém.
Samaria, ich glaube, im Augenblick ist er in der Nähe von Jerusalem.
Herodes Herodes
Então ouçam: eu o proíbo de ressuscitar os mortos! Seria terrível
So hört: Ich verbiete ihm, die Toten
se os mortos retornassem!
zu erwecken! Es müßte schrecklich sein, wenn die Toten wiederkämen!
A voz de Iokanaan Die Stimme des Jochanaan
Oh, sobre essa mulher lasciva, a filha da Babilônia. Assim diz o
O über dieses geile Weib, die
Senhor, nosso Deus: uma multidão
Tochter Babylons. So spricht der
de homens irá se reunir contra
Herr, unser Gott: Eine Menge
ela, e eles tomarão de pedras e a
Menschen wird sich gegen sie
apedrejarão!
sammeln, und sie werden Steine nehmen und sie steinigen!
Herodíades Herodias
(enfurecida) Ordena-o, ele tem que se calar! Em verdade, isso é
(wütend) Befiehl ihm, er soll
vergonhoso!
schweigen! Wahrhaftig, es ist schändlich!
A voz de Iokanaan Die Stimme des Jochanaan
Os comandantes dos exércitos irão trespassá-la com suas espadas e irão esmagá-la com seus escudos!
Die Kriegshauptleute werden sie mit ihren Schwertern durchbohren, sie werden sie mit ihren Schilden zermalmen!
Herodíades
Ele tem que se calar!
Herodias
Er soll schweigen!
A voz de
Assim o é, para que eu possa acabar
Es ist so, dass ich alle Verruchtheit
Iokanaan
com toda a infâmia, para que eu
austilgen werde, dass ich alle
possa ensinar todas as mulheres a
Weiber lehren werde, nicht auf den
não andar nos caminhos de suas
Wegen ihrer Greuel zu wandeln!
Die Stimme des Jochanaan
atrocidades!
Herodíades
Tu ouves o que ele diz contra mim,
Du hörst, was er gegen mich sagt,
tu toleras que ele difame aquela
du duldest es, dass er die schmähe,
que é tua esposa.
die dein Weib ist.
Herodes
Ele não disse o teu nome.
Er hat deinen Namen nicht genannt.
A voz de
(muito solene) Há de vir um dia
(sehr feierlich) Es kommt ein Tag,
Iokanaan
em que o Sol se tornará escuro
da wird die Sonne finster werden
como um manto negro. E a Lua se
wie ein schwarzes Tuch. Und der
Herodias
Die Stimme des Jochanaan
Herodíades Herodias
Herodes
Herodíades Herodias
Salome
Herodes
tornará como sangue, e as estrelas
Mond wird werden wie Blut, und
do firmamento cairão sobre a terra
die Sterne des Himmels werden zur
como figos verdes da figueira. Há
Erde fallen wie unreife Feigen vom
de vir um dia em que tremerão os
Feigenbaum. Es kommt ein Tag, wo
reis da terra.
die Kön‘ge der Erde erzittern.
Ha ha! Esse profeta fala como
Ha ha! Dieser Prophet schwatzt wie
um bêbado... Mas eu não posso
ein Betrunkener... Aber ich kann den
suportar o som de sua voz, eu odeio
Klang seiner Stimme nicht ertragen,
sua voz. Ordena-o, ele tem que se
ich hasse seine Stimme. Befiehl ihm,
calar.
er soll schweigen.
Dança para mim, Salome.
Tanz für wich, Salome.
(irritada) Eu não quero que ela
(heftig) Ich will nicht haben, dass sie
dance.
tanzt.
(calma) Eu não tenho vontade de
(ruhig) Ich habe keine Lust, zu
dançar, Tetrarca.
tanzen, Tetrarch.
Salome, filha de Herodíades, dança
Salome, Tochter der Herodias, tanz
para mim!
für mich!
Eu não quero dançar, Tetrarca.
Ich will nicht tanzen, Tetrarch.
Vês como ela te obedece.
Du siehst, wie sie dir gehorcht.
Ele irá sentar-se sobre seu trono, ele
Er wird auf seinem Throne sitzen, er
Iokanaan
irá vestir-se em escarlate e púrpura.
wird gekleidet sein in Scharlach und
Die Stimme des
E o anjo do Senhor irá abatê-lo. Ele
Purpur. Und der Engel des Herrn
será devorado pelos vermes.
wird ihn darniederschlagen. Er wird
Salome
Herodíades Herodias
A voz de
Jochanaan
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64
von den Würmern gefressen werden.
Herodes
Salome
Herodíades Herodias
Herodes
Salome, Salome, dança para mim,
Salome, Salome, tanz für mich, ich
eu suplico. Estou triste esta noite,
bitte dich. Ich bin traurig heute
por isso, dança para mim. Salome,
nacht, drum tanz für mich. Salome,
dança para mim! Se tu dançares
tanz für mich! Wenn du für mich
para mim, podes me pedir o que
tanzest, kannst du von mir begehren,
quiseres, e eu te darei.
was du willst. Ich werde es dir geben.
(levantando-se) Desejas realmente
(aufstehend) Willst du mir wirklich
dar-me tudo o que eu te pedir,
alles geben, was ich von dir begehre,
Tetrarca?
Tetrarch?
Não dance, minha filha!
Tanze nicht, meine Tochter!
Tudo o que me pedires, nem que
Alles, was du von mir begehren
fosse a metade de meu reino.
wirst, und wär‘s die Hälfte meines Königreichs.
Salome
Tu juras, Tetrarca?
Du schwörst es, Tetrarch?
Herodes
Eu juro, Salome.
Ich schwör‘ es, Salome.
Salome
Pelo que queres jurar, Tetrarca?
Wobei willst du das beschwören, Tetrarch?
Herodes
Herodíades
Pela minha vida, pela minha coroa,
Bei meinem Leben, bei meiner
pelos meus deuses! Oh, Salome,
Krone, bei meinen Göttern. O
Salome, dança para mim!
Salome, Salome, tanz für mich!
Não dances, minha filha!
Tanze nicht, meine Tochter!
Herodias
Salome
Fizeste um juramento, Tetrarca.
Du hast einen Eid geschworen, Tetrarch.
Herodes
Herodíades Herodias
Eu fiz um juramento!
Ich habe einen Eid geschworen!
Minha filha, não dances!
Meine Tochter, tanze nicht!
Herodes
Mesmo que fosse a metade de meu
Und wär‘s die Hälfte meines
reino. Ficarás linda como rainha,
Königreichs. Du wirst schön sein
lindíssima. (com um calafrio) Ah! –
als Königin, unermeßlich schön.
está frio aqui. Está soprando um
(erschauernd) Ah! – es ist kalt hier.
vento gelado e eu ouço... Por que
Es weht ein eis‘ger Wind und ich
eu ouço no ar esse ruído de asas?
höre... Warum höre ich in der Luft
Ah! Não é como se um enorme
dieses Rauschen von Flügeln? Ah!
pássaro negro pairasse sobre o
Es ist doch so, als ob ein ungeheurer,
terraço? Por que eu não posso ver
schwarzer Vogel über der Terrasse
esse pássaro? Esse ruído é terrível. É
schwebte? Warum kann ich ihn
um vento cortante. Mas não, ele não
nicht sehn, diesen Vogel? Dieses
é frio, ele é quente. Joguem água
Rauschen ist schrecklich. Es ist ein
sobre minhas mãos, deem-me neve
schneidender Wind. Aber nein, er
para comer, tragam-me o manto.
ist nicht kalt, er ist heiß. Gießt mir
Rápido, rápido, tragam-me o manto!
Wasser über die Hände, gebt mir
Não! Deixem-no! Essa guirlanda
Schnee zu essen, macht mir den
está me apertando. Essas rosas são
Mantel los. Schnell, schnell, macht
como fogo. (Ele arranca a guirlanda
mir den Mantel los! Doch nein! Laßt
da cabeça e a joga sobre a mesa.)
ihn! Dieser Kranz drückt mich. Diese
Ah! Agora eu posso respirar. Agora
Rosen sind wie Feuer. (Er reißt sich
estou feliz. (extenuado) Queres
das Kranzgewinde ab und wirft es
dançar para mim, Salome?
auf den Tisch.) Ah! Jetzt kann ich atmen. Jetzt bin ich glücklich. (matt) Willst du für mich tanzen, Salome?
Herodíades Herodias
Salome
Eu não quero que ela dance!
Ich will nicht haben, dass sie tanze!
Eu quero dançar para ti.
Ich will für dich tanzen.
(Escravas trazem bálsamos e os
(Sklavinnen bringen Salben und die
sete véus e retiram as sandálias de
sieben Schleier und nehmen Salome
Salome.)
die Sandalen ab.)
A voz de
Quem é esse que vem de Edom,
Wer ist Der, der von Edom kommt,
Iokanaan
quem é esse que vem de Bosra,
wer ist Der, der von Bosra kommt,
Die Stimme des
cuja veste está tingida de púrpura,
dessen Kleid mit Purpur gefärbt
Jochanaan
que resplandece na beleza de suas
ist, der in der Schönheit seiner
roupas, que caminha poderoso em
Gewänder leuchtet, der mächtig
sua grandeza, por que sua veste
in seiner Größe wandelt, warum ist
está manchada de escarlate?
dein Kleid mit Scharlach gesteckt?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66
Herodíades Herodias
Herodes
Vamos entrar. A voz desse homem
Wir wollen hineingehen. Die Stimme
me põe louca. (cada vez mais
dieses Menschen macht mich
irritada) Eu não quero que minha
wahnsinnig. (immer heftiger) Ich will
filha dance, enquanto ele sempre
nicht haben, dass meine Tochter
se intromete aos gritos. Eu não
tanzt, während er immer dazwischen
quero que ela dance enquanto
schreit. Ich will nicht haben, dass sie
tu a observas desse modo. Numa
tanzt, während du sie auf solche Art
palavra: eu não quero que ela
ansiehst. Mit einem Wort: ich will
dance.
nicht haben, dass sie tanzt.
Não te levantes, minha esposa,
Steh nicht auf, mein Weib, meine
minha rainha. Isso não vai adiantar
Königin. Es wird dir nichts helfen, ich
em nada, eu não entrarei enquanto
gehe nicht hinein, bevor sie getanzt
ela não tiver dançado. Dança,
hat. Tanze, Salome, tanz für mich!
Salome, dança para mim!
Herodíades Herodias
Salome
Dança de Salome Salomes Tanz
Herodes
Não dances, minha filha!
Tanze nicht, meine Tochter!
Eu estou pronta, Tetrarca.
Ich bin bereit, Tetrarch.
(Os músicos começam uma
(Die Musikanten beginnen einen
dança frenética. Salome, de início
wilden Tanz. Salome, zuerst noch
ainda imóvel, ergue-se e dá aos
bewegungslos, richtet sich hoch
músicos um sinal, depois do qual
auf und gibt den Musikanten ein
o ritmo selvagem é imediatamente
Zeichen, worauf der wilde Rhythmus
moderado e passa a uma melodia
sofort abgedämpft wird und in eine
que os embala suavemente. Salome
sanft wiegende Weise überleitet.
executa, então, a “Dança dos
Salome tanzt sodann den “Tanz der
Sete Véus”. Ela parece cansar-se
sieben Schleier”.Sie scheint einen
por um momento, mas recobra o
Augenblick zu ermatten, jetzt rafft
ânimo como que renovada. Ela se
sie sich wie neubeschwingt auf.
demora um momento numa atitude
Sie verweilt einen Augenblick in
visionária ao lado da cisterna, na
visionärer Haltung an der Cisterne,
qual Iokanaan é mantido preso;
in der Jochanaan gefangen gehalten
depois ela se lança diante de
wird; dann stürzt sie vor und zu
Herodes e se joga aos seus pés.)
Herodes‘ Füßen.)
Ah! Esplêndido! Magnífico,
Ah! Herrlich! Wundervoll,
magnífico! (para Herodíades) Vês,
wundervoll! (zu Herodias) Siehst
a tua filha dançou para mim. Vem
du, sie hat für mich getanzt, deine
aqui, Salome, vem aqui, deves
Tochter. Komm her, Salome, komm
receber tua recompensa. Quero
her, du sollst deinen Lohn haben.
recompensar-te regiamente. Quero
Ich will dich königlich belohnen.
dar-te tudo o que teu coração
Ich will dir alles geben, was dein
desejar. Que queres ganhar? Fala!
Herz begehrt. Was willst du haben? Sprich!
Salome
(docemente) Eu gostaria que me
(süß) Ich möchte, dass sie mir gleich
trouxessem agora mesmo, em uma
in einer Silberschüssel...
bandeja de prata...
Herodes
(rindo) Em uma bandeja de prata – certamente – em uma bandeja de
Salome
Herodes
Herodíades
(lachend) In einer Silberschüssel – gewiß doch – in einer
prata... Ela é encantadora, não é
Silberschüssel... Sie ist reizend,
mesmo? E o que é que gostarias
nicht? Was ist‘s, das du in einer
que te trouxessem em uma bandeja
Silberschüssel haben möchtest,
de prata, ó doce e bela Salome, tu
o süße, schöne Salome, du, die
que és mais bela do que todas as
schöner ist als alle Töchter
filhas da Judeia? O que eles devem
Judäas? Was sollen sie dir in einer
trazer-te numa bandeja de prata?
Silberschüssel bringen? Sag es mir!
Dize-me! Não importa o que seja,
Was es auch sein mag, du sollst es
tu o receberás. Minhas riquezas
erhalten. Meine Reichtümer gehören
pertencem a ti. O que é que
dir. Was ist es, das du haben
gostarias de ter, Salome?
möchtest, Salome?
(levanta-se, sorrindo) A cabeça de
(steht auf, lächelnd) Den Kopf des
Iokanaan.
Jochanaan.
(sobressaltado) Não, não!
(fährt auf) Nein, nein!
Ah! Disseste bem, minha filha.
Ah! Das sagst du gut, meine Tochter.
Herodias
Disseste bem!
Das sagst du gut!
Herodes
Não, não, Salome; Não é isto o que
Nein, nein, Salome; das ist es nicht,
desejas! Não dês ouvidos à tua mãe.
was du begehrst! Hör nicht auf die
Ela sempre te deu maus conselhos.
Stimme deiner Mutter. Sie gab dir
Não obedeça a ela.
immer schlechten Rat. Achte nicht auf sie.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68
Salome
Herodes
Eu não estou dando ouvidos à
Ich achte nicht auf die Stimme
minha mãe. É para meu próprio
meiner Mutter. Zu meiner eignen
deleite que quero a cabeça de
Lust will ich den Kopf des
Iokanaan numa bandeja de prata.
Jochanaan in einer Silberschüssel
Fizeste um juramento, Herodes.
haben. Du hast einen Eid
Fizeste um juramento, não te
geschworen, Herodes. Du hast einen
esqueças disso!
Eid geschworen, vergiß das nicht!
(precipitado) Eu sei que fiz um
(hastig) Ich weiß, ich habe einen
juramento. Sei muito bem. Jurei
Eid geschworen. Ich weiß es wohl.
pelos meus deuses. Mas eu te
Bei meinen Göttern habe ich es
imploro, Salome, pede-me outra
geschworen. Aber ich beschwöre
coisa. Pede a metade de meu reino,
dich, Salome, verlange etwas andres
e eu te darei. Mas não exijas de mim
von mir. Verlange die Hälfte meines
o que os teus lábios acabaram de
Königreichs. Ich will sie dir geben.
pedir.
Aber verlange nicht von mir, was deine Lippen verlangten.
Salome
Herodes
(enérgica) Eu exijo de ti a cabeça de
(stark) Ich verlange von dir den Kopf
Iokanaan!
des Jochanaan!
Não, não, isso eu não quero te dar.
Nein, nein, ich will ihn dir nicht geben.
Salome
Fizeste um juramento, Herodes.
Du hast einen Eid geschworen, Herodes.
Herodíades
Sim, fizeste um juramento. Todos o
Ja, du hast einen Eid geschworen.
Herodias
ouviram.
Alle haben es gehört.
Herodes
Silêncio, mulher, não estou falando
Still, Weib, zu dir spreche ich nicht.
contigo!
Herodíades Herodias
Minha filha agiu corretamente ao
Meine Tochter hat recht daran
exigir a cabeça de Iokanaan. Ele me
getan, den Kopf des Jochanaan zu
cobriu de ignomínia e desonra. Bem
verlangen. Er hat mich mit Schimpf
se vê que ela ama à sua mãe. Não
und Schande bedeckt. Man kann
cedas, minha filha, não cedas! Ele
sehn, dass sie ihre Mutter liebt. Gib
fez um juramento.
nicht nach, meine Tochter, gib nicht nach! Er hat einen Eid geschworen.
Herodes
Silêncio, não fales comigo!
Still, sprich nicht zu mir! Salome, ich
Salome, eu te suplico: não sejas
beschwöre dich: Sei nicht trotzig!
teimosa! Vê, eu sempre gostei de
Sieh, ich habe dich immer lieb
ti. Pode ser que eu tenha gostado
gehabt. Kann sein, ich habe dich
excessivamente de ti. Por essa
zu lieb gehabt. Darum verlange
razão, não me exijas isso. A cabeça
das nicht von mir. Der Kopf eines
de um homem, separada de seu
Mannes, der vom Rumpf getrennt
tronco, é uma visão nauseabunda.
ist, ist ein übler Anblick. Hör‘, was
Ouve o que eu digo! Eu tenho uma
ich sage! Ich habe einen Smaragd.
esmeralda. É a esmeralda mais bela
Er ist der schönste Smaragd der
do mundo todo. Tu a queres, não é
ganzen Welt. Den willst du haben,
verdade? Pede e eu te darei a mais
nicht wahr? Verlang ihn von mir, ich
bela esmeralda.
will ihn dir geben, den schönsten Smaragd.
Salome
Herodes
Salome
Herodes
Eu exijo a cabeça de Iokanaan!
Ich fordre den Kopf des Jochanaan!
Tu não me ouves, tu não me ouves.
Du hörst nicht zu, du hörst nicht zu.
Não sejas intransigente, Salome!
Laß mich zu dir reden, Salome!
A cabeça de Iokanaan.
Den Kopf des Jochanaan.
Dizes isto apenas para me
Das sagst du nur, um mich zu
atormentar, porque eu te olhei
quälen, weil ich dich so angeschaut
daquela maneira. Tua beleza me
habe. Deine Schönheit hat mich
desnorteou. Oh! Oh! Tragam
verwirrt. Oh! Oh! Bringt Wein! Mich
vinho! Tenho sede! Salome, Salome,
dürstet! Salome, Salome, laß uns wie
sejamos como amigos! Reflete
Freunde zu einander sein! Bedenk‘
bem! Ah! O que eu queria dizer?
dich! Ah! Was wollt ich sagen? Was
O que era?... Ah! Lembrei-me!...
war‘s?... Ah! Ich weiß es wieder!...
Salome, tu conheces meus pavões
Salome, du kennst meine weißen
brancos, meus belos pavões
Pfauen, meine schönen weißen
brancos, que caminham entre os
Pfauen, die im Garten zwischen den
mirtos no jardim... Eu quero dar-te
Myrten wandeln... Ich will sie dir alle,
todos, todos eles. Não há nenhum
alle geben. In der ganzen Welt lebt
rei, no mundo inteiro, que tenha
kein König, der solche Pfauen hat.
pavões como esses. Eu tenho cerca
Ich habe bloß hundert. Aber alle
de cem. Mas eu quero dar-te todos
will ich dir geben. (Er leert seinen
eles. (Ele esvazia sua taça.)
Becher.)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70
Salome
Herodíades Herodias
Herodes
Salome
Herodes
Dá-me a cabeça de Iokanaan!
Gib mir den Kopf des Jochanaan!
Muito bem dito, minha filha! (para
Gut gesagt, meine Tochter! (zu
Herodes) E tu, tu és ridículo com
Herodes) Und du, du bist lächerlich
esses teus pavões.
mit deinen Pfauen.
Silêncio, mulher! Tu gritas como
Still, Weib! Du kreischest wie ein
uma ave de rapina. Tua voz me
Raubvogel. Deine Stimme peinigt
atormenta. Silêncio, já disse!
mich. Still sag ich dir! Salome,
Salome, reflete no que queres fazer.
bedenk, was du tun willst. Es kann
É possível que este homem seja um
sein, dass der Mann von Gott
enviado de Deus. Ele é um homem
gesandt ist. Er ist ein heil‘ger Mann.
santo. O dedo de Deus o tocou. Tu
Der Finger Gottes hat ihn berührt.
não gostarias que uma desgraça se
Du möchtest nicht, dass mich ein
abatesse sobre mim, não é mesmo,
Unheil trifft, Salome? Hör jetzt auf
Salome? Escuta-me agora!
mich!
Eu quero a cabeça de Iokanaan!
Ich will den Kopf des Jochanaan!
(sobressaltado) Ah! Tu não queres
(auffahrend) Ah! Du willst nicht auf
me escutar. Acalma-te, Salome.
mich hören. Sei ruhig, Salome. Ich,
Vês? Eu estou calmo. Escuta: (em
siehst du, bin ruhig. Höre: (leise
voz baixa e em segredo) Tenho
und heimlich) Ich habe an diesem
muitas joias escondidas neste
Ort Juwelen versteckt, Juwelen, die
lugar, joias que nem mesmo tua
selbst deine Mutter nie gesehen
mãe jamais viu. Eu tenho um colar
hat. Ich habe ein Halsband mit vier
com quatro fileiras de pérolas, e
Reihen Perlen, Topase, gelb wie die
topázios amarelos como os olhos
Augen der Tiger. Topase, hellrot
do tigre. Topázios de cor vermelho
wie die Augen der Waldtaube, und
claro, como os olhos da pomba
grüne Topase, wie Katzenaugen.
selvagem, e topázios verdes, como
Ich habe Opale, die immer funkeln,
os olhos dos gatos. Eu tenho
mit einem Feuer, kalt wie Eis. Ich
opalas que sempre cintilam, com
will sie dir alle geben, alle! (immer
uma chama fria como o gelo. Eu
aufgeregter) Ich habe Chrysolithe
te darei tudo, tudo! (cada vez
und Berylle, Chrysoprase und
mais nervoso) Eu tenho crisólitas
Rubine. Ich habe Sardonyx und
e berilos, crisoprásios e rubis. Eu
Hyacinthsteine und Steine von
tenho pedras de sardônica e de
Chalcedon. Ich will sie dir alle
hiacinto, e pedras de calcedônia.
geben, alle und noch andere Dinge.
Quero dar-te todas elas, todas
Ich habe einen Kristall, in den zu
elas e outras coisas mais. Eu tenho
schaun keinem Weibe vergönnt
um cristal para o qual nenhuma
ist. In einem Perlmutterkästchen
mulher tem permissão para olhar.
habe ich drei wunderbare Türkise:
Em uma caixinha de madrepérola
wer sie an seiner Stirne trägt, kann
tenho três maravilhosas turquesas:
Dinge sehn, die nicht wirklich sind.
quem as usa sobre a testa consegue
Es sind unbezahlbare Schätze. Was
ver coisas que não são reais. São
begehrst du sonst noch, Salome?
tesouros incalculáveis. O que mais
Alles, was du verlangst, will ich dir
desejas, Salome? Eu te darei tudo
geben, nur eines nicht: nur nicht das
o que desejares, apenas uma coisa
Leben dieses einen Mannes. Ich will
não te darei: a vida deste homem.
dir den Mantel des Hohenpriesters
Quero dar-te o manto do Sumo-
geben. Ich will dir den Vorhang des
Sacerdote. Quero dar-te o véu do
Allerheiligsten geben...
Santuário...
Os Judeus
Oh, oh, oh!
Oh, oh, oh!
(feroz) Dá-me a cabeça de
(wild) Gib mir den Kopf des
Iokanaan!
Jochanaan!
Die Juden
Salome
Herodes
(Desesperado, Herodes cai para trás
(Herodes sinkt verzweifelt auf seinen
em seu assento.)
Sitz zurück.)
(abatido) Deem-na o que ela está
(matt) Man soll ihr geben, was sie
pedindo! Ela é, de fato, a filha de
verlangt! Sie ist in Wahrheit ihrer
sua mãe!
Mutter Kind!
(Herodíades retira de seu dedo o
(Herodias zieht dem Tetrarchen den
anel da morte, entrega-o ao Primeiro
Todesring vom Finger und gibt ihn
Soldado, que o leva ao carrasco.)
dem ersten Soldaten, der ihn auf der Stelle dem Henker überbringt.)
Herodes
Quem tirou o meu anel? (O
Wer hat meinen Ring genommen?
carrasco desce à cisterna.) Eu tinha
(Der Henker geht in die Cisterne
um anel em minha mão direita.
hinab.) Ich hatte einen Ring an
Quem bebeu o meu vinho? Havia
meiner rechten Hand. Wer hat
vinho em minha taça. Ela estava
meinen Wein getrunken? Es war
cheia de vinho. Alguém o bebeu.
Wein in meinem Becher. Er war
(em voz baixa) Oh! Certamente a
mit Wein gefüllt. Es hat ihn jemand
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72
desgraça recairá sobre alguém.
ausgetrunken. (leise) Oh! Gewiß wird Unheil über einen kommen.
Herodíades Herodias
Herodes
Salome
Minha filha agiu corretamente!
Meine Tochter hat recht getan!
Eu tenho certeza de que acontecerá
Ich bin sicher, es wird ein Unheil
uma desgraça.
geschehn.
(espreitando a cisterna.) Não se
(an der Cisterne lauschend.) Es ist
escuta nenhum som. Não ouço nada.
kein Laut zu vernehmen. Ich höre
Por que esse homem não grita? Ah!
nichts. Warum schreit er nicht, der
Se alguém viesse me matar, eu iria
Mann? Ah! Wenn einer mich zu
gritar, eu iria me defender, eu não
töten käme, ich würde schreien, ich
iria aguentar!... Golpeia, golpeia,
würde mich wehren, ich würde es
Naaman, golpeia, eu te digo... Não,
nicht dulden!... Schlag zu, schlag
eu não ouço nada. (tensa) Que
zu, Naaman, schlag zu, sag‘ ich dir...
silêncio terrível! Ah! Algo caiu no
Nein, ich höre nichts. (gedehnt) Es
chão. Eu ouvi cair algo. Foi a espada
ist eine schreckliche Stille! Ah! Es ist
do carrasco. Ele tem medo, esse
etwas zu Boden gefallen. Ich hörte
escravo. Ele deixou a espada cair!
etwas fallen. Es war das Schwert
Ele não se atreve a matá-lo. É um
des Henkers. Er hat Angst, dieser
covarde, esse escravo. Mandem os
Sklave. Er hat das Schwert fallen
soldados para lá! (para o Pajem)
lassen! Er traut sich nicht, ihn zu
Vem aqui, tu eras o amigo desse
töten. Er ist eine Memme, dieser
morto, não é? Pois bem, eu te digo:
Sklave. Schickt Soldaten hin! (zum
ainda não há mortos em número
Pagen) Komm hierher, du warst der
suficiente. Vai até os soldados
Freund dieses Toten, nicht? Wohlan,
e ordena que desçam e que me
ich sage dir: Es sind noch nicht
tragam aquilo que eu exijo, aquilo
genug Tote. Geh zu den Soldaten
que o Tetrarca me prometeu, aquilo
und befiehl ihnen, hinabzusteigen
que é meu! (O Pajem se retira, e vai
und mir zu holen, was ich verlange,
em direção aos soldados.) Venham
was der Tetrarch mir versprochen
aqui, soldados, desçam à cisterna
hat, was mein ist! (Der Page weicht
e tragam-me a cabeça daquele
zurück, sie wendet sich den Soldaten
homem! (gritando) Tetrarca, Tetrarca,
zu.) Hierher, ihr Soldaten, geht ihr in
ordena a teus soldados que me
die Cisterne hinunter und holt mir
tragam a cabeça de Iokanaan!
den Kopf des Mannes! (schreiend) Tetrarch, Tetrarch, befiehl deinen
(Um enorme braço negro, o braço
Soldaten, dass sie mir den Kopf des
do carrasco, estica-se para fora da
Jochanaan holen!
cisterna segurando a cabeça de
(Ein riesengroßer, schwarzer Arm, der
Iokanaan sobre uma bandeja de
Arm des Henkers, streckt sich aus der
prata. Salome a agarra. Herodes
Cisterne heraus, auf einem silbernen
cobre seu rosto com o manto.
Schild den Kopf des Jochanaan
Herodíades se abana e sorri. Os
haltend. Salome ergreift ihn. Herodes
Nazarenos se ajoelham e começam
verhüllt sein Gesicht mit dem Mantel.
a rezar.)
Herodias fächelt sich zu und lächelt. Die Nazarener sinken in die Knie und beginnen zu beten.)
Salome
Ah! Tu não querias deixar-me
Ah! Du wolltest mich nicht deinen
beijar tua boca, Iokanaan! Pois
Mund küssen lassen, Jochanaan!
bem, agora irei beijá-la! Eu quero
Wohl, ich werde ihn jetzt küssen! Ich
mordê-la com meus dentes, como
will mit meinen Zähnen hineinbeißen,
se morde uma fruta madura. Sim,
wie man in eine reife Frucht beißen
irei beijar a tua boca, Iokanaan. Eu
mag. Ja, ich will ihn jetzt küssen,
disse que iria. Eu não disse? Sim,
deinen Mund, Jochanaan. Ich hab‘ es
eu disse que iria. Ah! Ah! Eu quero
gesagt. Hab‘ ich‘s nicht gesagt? Ja,
beijá-la agora... Mas por que não
ich hab‘ es gesagt. Ah! Ah! Ich will
olhas para mim, Iokanaan? Teus
ihn jetzt küssen... Aber warum siehst
olhos, que eram tão terríveis, tão
du mich nicht an, Jochanaan? Deine
cheios de fúria e desprezo, agora
Augen, die so schrecklich waren, so
estão fechados. Por que eles estão
voller Wut und Verachtung, sind
fechados? Abre teus olhos, levanta
jetzt geschlossen. Warum sind sie
tuas pálpebras, Iokanaan! Por que
geschlossen? Öffne doch die Augen,
não olhas para mim? Tens medo
so hebe deine Lider, Jochanaan!
de mim, Iokanaan, por isso não me
Warum siehst du mich nicht an? Hast
queres olhar? E tua língua não diz
du Angst vor mir, Jochanaan, dass
nenhuma palavra, Iokanaan? Essa
du mich nicht ansehen willst? Und
víbora escarlate, que lançou o seu
deine Zunge, sie spricht kein Wort,
veneno contra mim. É estranho,
Jochanaan, diese Scharlachnatter,
não? Como pode ser que essa
die ihren Geifer gegen mich spie.
víbora vermelha não se mova mais?
Es ist seltsam, nicht? Wie kommt
Disseste palavras injuriosas contra
es, dass diese rote Natter sich nicht
mim. Contra mim, Salome, filha de
mehr rührt? Du sprachst böse Worte
Herodíades, Princesa da Judeia.
gegen mich, gegen mich, Salome,
Pois bem! Eu ainda estou viva, mas
die Tochter der Herodias, Prinzessin
tu estás morto, e tua cabeça, tua
von Judäa. Nun wohl! Ich lebe noch,
cabeça pertence a mim! Posso fazer
aber du bist tot, und dein Kopf,
com ela o que eu quiser. Posso
dein Kopf gehört mir! Ich kann mit
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jogá-la para os cães e para as aves
ihm tun, was ich will. Ich kann ihn
dos céus. O que os cães deixarem
den Hunden vorwerfen und den
sobrar, será devorado pelas aves
Vögeln der Luft. Was die Hunde
dos céus... Ah! Ah! Iokanaan,
übrig lassen, sollen die Vögel der
Iokanaan, tu eras belo. Teu corpo
Luft verzehren... Ah! Ah! Jochanaan,
era uma coluna de marfim sobre
Jochanaan, du warst schön. Dein
pés de prata. Era um jardim repleto
Leib war eine Elfenbeinsäule auf
de pombas no esplendor dos lírios
silbernen Füßen. Er war ein Garten
prateados. Nada no mundo era
voller Tauben in der Silberlilien
tão branco como teu corpo. Nada
Glanz. Nichts in der Welt war so
no mundo era tão negro como
weiß wie dein Leib. Nichts in der
teu cabelo. No mundo inteiro,
Welt war so schwarz wie dein Haar.
nada era tão vermelho como tua
In der ganzen Welt war nichts so
boca. Tua voz era um incensário,
rot wie dein Mund. Deine Stimme
e quanto eu olhava para ti, ouvia
war ein Weihrauchgefäß, und
uma música misteriosa... (Perdida
wenn ich dich ansah, hörte ich
na contemplação da cabeça de
geheimnisvolle Musik... (In den
Iokanaan.) Ah! Por que não olhaste
Anblick von Jochanaans Haupt
para mim, Iokanaan? Tinhas os
versunken.) Ah! Warum hast du mich
olhos vendados, como alguém
nicht angesehen, Jochanaan? Du
que só queria olhar para o seu
legtest über deine Augen die Binde
Deus. Pois bem! Tu viste o teu Deus,
eines, der seinen Gott schauen
Iokanaan, mas a mim, tu nunca me
wollte. Wohl! Du hast deinen Gott
viste. Se tu me tivesses visto, terias
gesehn, Jochanaan, aber mich, mich
me amado! Estou sedenta por tua
hast du nie gesehn. Hättest du mich
beleza. Estou faminta pelo teu
gesehn, du hättest mich geliebt! Ich
corpo. Nem o vinho, nem as maçãs
dürste nach deiner Schönheit. Ich
podem saciar meu desejo... Que
hungre nach deinem Leib. Nicht
devo fazer agora, Iokanaan? Nem
Wein noch Äpfel können mein
as torrentes, nem os mares podem
Verlangen stillen... Was soll ich jetzt
extinguir esse desejo ardente. Oh!
tun, Jochanaan? Nicht die Fluten,
Por que não olhaste para mim?
noch die großen Wasser können
Se tu me tivesses visto, terias me
dieses brünstige Begehren löschen...
amado! Eu sei bem que terias me
Oh! Warum sahst du mich nicht
amado. E o mistério do amor é
an? Hättest du mich angesehn, du
maior do que o mistério da morte...
hättest mich geliebt. Ich weiß es wohl, du hättest mich geliebt. Und das Geheimnis der Liebe ist größer als das Geheimnis des Todes...
Herodes
Herodíades Herodias
Herodes
(para Herodíades, em voz baixa) Ela é um monstro, tua filha. Eu te digo,
Ungeheuer, deine Tochter. Ich sage
ela é um monstro!
dir, sie ist ein Ungeheuer!
(forte) Ela agiu corretamente. Agora
(stark) Sie hat recht getan. Ich
eu quero ficar aqui.
möchte jetzt hier bleiben.
(levanta-se) Ah! Aí fala a mulher de
(steht auf) Ah! Da spricht meines
meu irmão! (mais fraco) Vem, eu
Bruders Weib! (schwächer) Komm,
não quero ficar neste lugar. (irritado)
ich will nicht an diesem Orte bleiben.
Vem, eu te digo! Certamente irá
(heftig) Komm, sag‘ ich dir! Sicher,
acontecer algo terrível. Escondamo-
es wird Schreckliches geschehn.
-nos no palácio, Herodíades, estou
Herodes
(leise zu Herodias) Sie ist ein
Wir wollen uns im Palast verbergen,
começando a tremer...
Herodias, ich fange an zu erzittern...
(A Lua desaparece.)
(Der Mond verschwindet.)
(sobressaltado) Manassah, Issachar,
(auffahrend) Manassah, Issachar,
Ozias, apaguem as tochas.
Ozias, löscht die Fackeln aus.
Escondam a Lua, escondam as
Verbergt den Mond, verbergt
estrelas! Algo terrível irá acontecer.
die Sterne! Es wird Schreckliches geschehn.
Salome
(Os escravos apagam as tochas.
(Die Sklaven löschen die Fackeln aus.
As estrelas desaparecem. Uma
Die Sterne verschwinden. Eine große
grande nuvem passa sobre a Lua e a
Wolke zieht über den Mond und
oculta completamente. O palco fica
verhüllt ihn völlig. Die Bühne wird
completamente escuro. O Tetrarca
ganz dunkel. Der Tetrarch beginnt
começa a subir as escadas.)
die Treppe hinaufzusteigen.)
(extenuada) Ah! Eu beijei a tua
(matt) Ah! Ich habe deinen Mund
boca, Iokanaan. Ah! Eu beijei a tua
geküßt, Jochanaan. Ah! Ich habe
boca, e havia um gosto amargo em
ihn geküßt deinen Mund, es
teus lábios. Seria gosto de sangue?
war ein bitterer Geschmack auf
Não! Talvez fosse o gosto do amor...
deinen Lippen. Hat es nach Blut
Dizem que o amor tem gosto
geschmeckt? Nein! Doch es
amargo... Porém, que importa?
schmeckte vielleicht nach Liebe...
Que importa? Eu beijei a tua boca,
Sie sagen, dass die Liebe bitter
Iokanaan. Eu a beijei, tua boca.
schmecke... Allein, was tut‘s? Was tut‘s? Ich habe deinen Mund geküßt,
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Jochanaan. Ich habe ihn geküßt, deinen Mund.
Herodes
(A Lua aparece novamente e ilumina
(Der Mond bricht wieder hervor und
Salome.)
beleuchtet Salome.)
(volvendo a cabeça) Matem essa
(sich umwendend) Man töte dieses
mulher!
Weib!
(Os soldados se atiram sobre
(Die Soldaten stürzen sich auf
Salome, encobrindo-a debaixo de
Salome und begraben sie unter
seus escudos.)
ihren Schilden.)
A cortina desce rapidamente.
Der Vorhang fällt schnell.
Fim.
Ende.
Annemarie Kremer John Neschling Peter Bronder
Livia Sabag
Jürgen Sacher Nicolás Boni Iris Vermillion Veridiana Piovezan Alejandra Malvino Wagner Pinto Mark Steven Doss André Mesquita Michael Kupfer Nadja Michael Stanislas de Barbeyrac
István Horváth
Lidia Schäffer
Paulo Chamié–Queiroz
Paulo Menegon
Rubens Medina
Sérgio Weintraub
Eduardo Trindade
Jessé Vieira
Miguel Geraldi
Elisabeth Ratzersdorf
Saulo Javan
Sérgio Righini
Carlos Eduardo Marcos
Orquestra
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Sinfônica
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-
Municipal
nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de
de São Paulo
São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.
John Neschling
Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo, John
Direção Artística
Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se de-
e Regência
dicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos reestruturado a Osesp, transformando-a em um ícone da música sinfônica na América Latina. Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França), Massimo de Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos EUA, em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como regente sinfônico, tem uma longa experiência frente a grandes orquestras dos continentes americano, europeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N.1 de Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone
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como um dos melhores da história. No momento, está gravando o terceiro volume das obras de Respighi pela gravadora sueca BIS, frente à Filarmônica Real de Liège, Bélgica. Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua formação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Brasil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos EUA. É membro da Academia Brasileira de Música.
O Balé da Cidade de São Paulo foi criado em 1968, com o
Balé da Cidade
nome de Corpo de Baile Municipal. Inicialmente com a pro-
de São Paulo
posta de acompanhar as óperas do Theatro Municipal, a partir de 1974 a companhia assumiu também o perfil de dança contemporânea, tornando-se presença destacada no cenário da dança sul-americana. Em 1981 passou a se chamar Balé da Cidade de São Paulo. A bem-sucedida carreira internacional da companhia teve início com a participação na Bienal de Dança de Lyon, França, em 1996. Desde então, as turnês européias têm sido aclamadas tanto pela crítica especializada quanto pelo público de todos os grandes teatros onde se apresenta. Desde 2001, a atuação do Balé da Cidade de São Paulo se estende também a programas de formação de plateia e de ações culturais paralelas, principalmente em mostras didáticas pela cidade de São Paulo, partilhando seu patrimônio artístico com a população da cidade. A longevidade do Balé da Cidade de São Paulo, o rigor e padrão técnico de seu elenco e equipe artística atraem os mais importantes coreógrafos brasileiros e internacionais interessados em criar obras para seus bailarinos e artistas.
Iracity Cardoso
Formada pela Escola de Dança de São Paulo, teve sua pri-
Direção Artística
meira experiência internacional como bailarina entre 1964 e
do Balé da Cidade
1967, na Alemanha, França e México. Foi professora do Ballet Stagium e diretora do Balé da Cidade de São Paulo. Em 1980, foi assistente de direção e bailarina no Ballet du Grand Théâtre de Genebra e, em 1988, se tornou Diretora Artística Adjunta. Depois de 1996, passou a trabalhar como Diretora Artística do Ballet Gulbenkian em Lisboa. De volta ao Brasil, em 2006, foi Assessora de Dança da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo,, quando reativou o Centro de Dança da Galeria Olido. Promoveu a publicação do Primeiro Edital de Fomento à Dança e iniciou um projeto de dança vocacional. Em 2008, tornou-se Diretora Artística Fundadora da São Paulo Companhia de Dança. Foi jurada no Concurso Internacional de Dança do Prix de Lausanne em 2010. Em 2013, foi convidada pelo Maestro John Neschling para assumir a Direção Artística do Balé da Cidade de São Paulo.
Livia Sabag
A paulistana Livia Sabag é formada em Artes Cênicas pela
Direção Cênica
Universidade de São Paulo. Desde sua estreia como diretora cênica de espetáculos operísticos em 2003, vem se tornando uma das mais importantes profissionais da área no país. Em 2013, dirigiu a elogiada produção de The Turn of the Screw de Britten (finalista do Prêmio da Revista Concerto e do Prêmio Folha de São Paulo como melhor espetáculo operístico de 2013), no Theatro São Pedro, e Madama Butterfly, realizada no Jardim Japonês da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte. No ano anterior, dirigiu O Rouxinol de Stravinsky no Theatro Municipal de São Paulo e Lucia di Lammermoor de Donizetti na Manhattan School of Music em Nova York. Em 2011, dirigiu a produção de L’Enfant et les Sortilèges de Ravel nas comemorações dos 100 anos do Theatro Municipal de São Paulo e realizou sua estreia internacional dirigindo a ópera
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Falstaff na Manhattan School of Music. L’Enfant et les Sortilèges recebeu seis prêmios no XV Prêmio Carlos Gomes, entre eles os de Melhor Espetáculo e Melhor Direção Cênica. Entre 2007 e 2010, dirigiu as óperas Rigoletto de Verdi, I Pagliacci de Leoncavallo, A Water Bird Talk de Dominick Argento, The Bear de William Walton, Amelia al Ballo de Menotti e Il Matrimonio Segreto de Cimarosa. Ainda em 2014 será a diretora cênica de As Bodas de Fígaro de Mozart no Theatro São Pedro.
Formado em artes plásticas e música pela Universidade Na-
Nicolás Boni
cional de Rosario, na Argentina, Nicolás Boni é doutorando
Cenografia
em historia da arte e membro do Centro de Pesquisas de Arte Argentina e Latino-americana dessa mesma instituição. Além disso, estudou cenografia e direção no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón de Buenos Aires. Trabalhou como cenógrafo em diversos teatros da América Latina e Estados Unidos, como Dallas City Performance Hall, Teatro Municipal de Lima, Teatro de Bellas Artes e Teatro Municipal Jorge Eliécer Gaitán de Bogotá, Theatro Municipal de São Pedro, Teatro Solís de Montevideo, Teatro Sucre de Quito, Teatro Argentino de La Plata, Teatro Avenida de Buenos Aires, Teatros El Círculo de Rosario e o Teatro Libertador de Córdoba, tendo produzido cenários para óperas como O Barbeiro de Sevilha, Cavalleria Rusticana, Madama Butterfly, I Pagliacci, Carmen, Os Contos de Hoffmann, Don Giovanni, La Rondine, Lucia de Lammermoor, As Bodas de Fígaro, Don Carlo, Manon, La Bohème, Um Baile de Máscaras, Macbeth, Lucrezia Borgia, The Turn of the Screw, Rigoletto e Falstaff. Participou da montagem de Tannhäuser de Richard Wagner com regência de Gustavo Dudamel.
Veridiana Piovezan
Formada em história pela Universidade Federal de Santa Cata-
Figurinos
rina e pós-graduada em figurino em Milão, Veridiana Piovezan é figurinista e professora de Figurino e História do Traje. Durante a estadia em Milão, trabalhou como assistente técnico-criativo na Casa d’Arte Fiore, conceituado ateliê especializado na criação e construção de figurinos e acessórios cênicos. Com experiência na concepção e elaboração de figurinos para cinema e artes cênicas, participou de produções de teatro, cinema e ópera em Milão e São Paulo. Lecionou como convidada no curso de Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro e na Escola Panamericana de Arte e Design. Em 2013, em parceria com a diretora cênica Livia Sabag, assinou os figurinos das óperas Madama Butterfly no Palácio das Artes, em Belo Horizonte e The Turn of the Screw de Britten no Theatro São Pedro, em São Paulo. Desde 2013 é figurinista residente no Theatro Municipal de São Paulo, coordenando as produções de figurino.
Vencedor do Prêmio Carlos Gomes em 2012, na categoria IluWagner Pinto
minação, por L’Enfant et les Sortilèges, produzido no Theatro
Desenho de Luz
Municipal de São Paulo, Wagner Pinto conquistou também o Prêmio Femsa 2010 por Quem Tem Medo de Curupira?; os Prêmios Apetesp e Apta 1989 pela Trilogia Kafka; e o Prêmio Shell 1994 por Penteseléias. Iniciou a carreira em 1982, aos 17 anos, como assistente de iluminação de Aurélio de Simoni e Luiz Paulo Nenen, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, assinou o primeiro trabalho de desenho de luz em Imaculada. Em 1985, foi assistente de desenho de luz em Quatro Vezes Beckett, de Gerald Thomas, e no ano seguinte em Quartett. Em 1989, teve a primeira experiência internacional ao assinar, em parceria com Gerald Thomas, o desenho de luz de todos os espetáculos da Cia de Ópera Seca, da qual é um dos fundadores. Estagiou em Nova York no Teatro La MaMa e no Metropolitan Ópera House.
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Recentemente assinou o desenho de luz de Entredentes e de várias óperas, como Iphigénie en Tauride e The Turn of the Screw no Theatro São Pedro; O Rouxinol e A Flauta Mágica no TMSP; Madama Butterfly na Fundação Clóvis Salgado de Belo Horizonte; Macbeth no Palácio das Artes de Belo Horizonte; e Lohengrin no Teatro da Paz, em Belém.
Português, nascido em 1979, André Mesquita é formado
André Mesquita
pela Academia de Dança Contemporânea de Setúbal e
Coreógrafo
pela Companhia Nacional de Bailado de Lisboa. Iniciou a carreira como bailarino na CeDeCe (Setúbal) e na Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo de Vasco Wellenkamp. Desenvolve atividade independente desde 2006, quando deixou a Tanz Companie do Stadttheater Hildesheim. É fundador da TOK’ART, em parceria com Teresa Alves da Silva, onde desempenha também a função de coreógrafo associado. Coreografou em companhias como o Ballet Real de Flandres em Antuérpia, Balé da Cidade de São Paulo, Dansk Danseteater de Copenhague, Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo e Tanz Luzern Theater, na Suíça. Em 2009, recebeu o prêmio Uncontainable II, do Ballet Real de Flandres, e foi também premiado no 13° International Solo-Tanz-Theater Festival de Stuttgart. Foi artista residente do Centro Cultural do Cartaxo de 2007 a 2011 e do Teatro Viriato entre 2013 e 2015. Em Portugal, por meio da TOK’ART, desenvolveu trabalhos em parceria com a EGEAC, o Teatro Maria Matos, o Teatro Viriato, a Cia. Nacional de Bailado e o Teatro Nacional de São João, no Porto. Em 2014, criou Romeu e Julieta para o Ballet da Cidade de Niterói e Heaven – ou ainda tu, e Salto, esta última destacada pela Sociedade Portuguesa de Autores com o prêmio de melhor coreografia do ano 2014.
Nadja Michael
A soprano alemã Nadja Michael se apresenta regularmente
Soprano
em importantes teatros, como o Metropolitan Opera, a Ópera de Viena, o La Scala de Milão, a Bayerischen Staatsoper de Munique e o Teatro Real de Madri. Protagonizou várias gravações, de óperas como Don Carlos na Ópera de Viena; Salome no La Scala e na Royal Opera House Covent Garden; Tosca no Bregenzer Festspiele; Medea in Corinto de Simon Mayr na Bayerischen Staatsoper de Munique; e Medéia de Cherubini no Théâtre de la Monnaie de Bruxelas. Ainda este ano, interpretará Lady Macbeth em Macbeth de Verdi, no Metropolitan Opera de Nova York, o papel principal em Medeia de Cherubini, no Théâtre des Champs Élysées em Paris, Popeia em A Coroação de Popéia de Monteverdi, em Madri e no Théâtre du Châtelet em Paris, e Judith em O Castelo do Barba-Azul de Béla Bartók, no Metropolitian Opera.
Annemarie Kremer
Nascida nos Países Baixos, a soprano Annemarie Kremer
Soprano
estudou com Mya Besselink no Conservatório de Maastricht e com Carlo Bergonzi e Cristina Deutekom no Dutch Opera Studio. Participou de montagens de Agrippina de Händel, Idomeneo e Don Giovanni de Mozart, La Fille du Régiment de Donizetti, Norma de Bellini, I Lombardi e Rigoletto de Verdi, Madama Butterfly e Tosca de Puccini, Carmen de Bizet, O Morcego de J. Strauss II, As Alegres Comadres de Windsor de Otto Nicolai, West-Side Story de Bernstein, entre outras. Annemarie é frequentemente convidada a se apresentar em teatros como o Royal Concertgebouw de Amsterdã, Opera North de Leeds, Teatro Verdi di Sassari, Óperas de Leipzig, Chemnitz e Dortmund, no Stadttheater Aachen, Staatsoper Stuttgart e Novaya Opera de Moscou. A participação em Norma no Opera North, sob direção de Christopher Alden, foi premiada com o Achievement in Opera no Prêmio TMA de 2012, no Reino Unido, e Annema-
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rie foi nomeada ao International Opera Oscars e ao Prêmio Cantora do Ano do Opernwelt-Jahresbuch, também em 2012.
Nascido em Hertfirdshire, na Inglaterra, estudou na Royal
Peter Bronder
Academy of Music de Londres e no National Opera Studio,
Tenor
antes de interpretar os primeiros papéis na Glyndebourne e na Welsh National Opera. Cantou papéis principais para tenor em Così fan Tutte, Idomeneo, La Clemenza di Tito e A Flauta Mágica de Mozart; La Sonnambula e I Puritani de Bellini; O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Don Pasquale, Maria Stuarda e Lucia di Lammermoor de Donizetti; La Traviata, La Forza del Destino, Otello, Falstaff e Rigoletto de Verdi; O Ouro do Reno e Siegfrid de Wagner; La Bohème e Tosca de Puccini; Eugene Oneguin de Tchaikovsky; Salome e O Cavaleiro da Rosa de Strauss, entre outros. Apresentou-se também no Royal Opera House Covent Garden, English National Opera, Scottish Opera, Bayerische Staatsoper de Munique, Frankfurt Opera, Théâtre du Châtelet de Paris, Teatro Regio de Turim, Metropolitan Opera de Nova York, entre outros. Colaborou com maestros como Richard Armstrong, Andrew Davis, Colin Davis, Charles Mackerras, Rafael Fruebeck de Burgos, John Eliot Gardiner, Bernard Haitink, Richard Hickox, James Levine e Antonio Pappano, entre outros.
Nascido em Augsburg, Alemanha, Jürgen Sacher estudou
Jürgen Sacher
canto com Leonore Kirschstein e, logo após graduar-se, par-
Tenor
ticipou da primeira gravação com a WDR em Colonia. Estreou em Heidelberg, onde se apresentou regularmente por duas temporadas, seguidas por outras três na Ópera de Dortmund. É membro da Ópera de Hamburg desde 1991 e já interpretou papéis em óperas de Mozart, Wagner, Strauss, Humperdinck e Otto Nicolai, dentre outros.
Jürgen Sacher se apresentou com maestros como Claudio Abbado, Kent Nagano, Semyon Bychkov, Horst Stein, Christian Thielemann, Ingo Metzmacher, Bertrand de Billy, Michael Boder, Kirill Petrenko, Daniel Barenboim e Simone Young; e em importantes palcos como o Teatro alla Scala de Milão, Festival de Salzburgo, Ópera de Berlim, Ópera de Hamburgo e também em Viena, Bruxelas, Barcelona, Copenhaguem e Amsterdã. Foi vencedor de vários prêmios, como as bolsas de estudos da Associação Richard Wagner e da Ópera de Hamburgo.
Iris Vermillion
Iris Vermillion se apresenta regularmente nos palcos de im-
Mezzo-Soprano
portantes teatros e companhias de ópera de todo o mundo. Do seu repertório, destacam-se as participações em Elektra, A Mulher sem Sombra e Salome de Strauss, Hansel und Gretel de Humperdinck e Penthesilea de Othmar Schoeck. Apresentou-se em teatros como o La Scala de Milão, óperas de Viena e Graz na Áustra, Bayerische Staatsoper de Munique, Teatro Colón de Buenos Aires e em concertos e recitais em Genebra, Roma, Tóquio, Copenhague, Viena, Hamburgo, Berlim, Paris e Barcelona. Em 2008, venceu o Prêmio Der Faust da Deutscher Bühnenverein, da Alemanha. Colaborou com Claudio Abbado, Semyon Bychkov, Christian Thielemann, Daniel Barenboim, Riccardo Chailly, Christoph von Dohnány, Christoph Eschenbach, Nikolaus Harnoncourt, René Jacobs, Kent Nagano, Philippe Jordan, Kurt Masur, Georges Prêtre, Guiseppe Sinopoli e Georg Solti.
Alejandra Malvino
Nascida em Buenos Aires, Alejandra Malvino é mestre em
Mezzo-Soprano
canto pelo Instituto Superior de Arte do Teatro Colón de Buenos Aires. Foi semifinalista nos concursos internacionais Belvedere (1994) e Luciano Pavarotti (1995) e, desde 1994, participa das temporadas líricas do Teatro Colón.
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Participou de diversas produções, como Carmen de Bizet, Rigoletto e Um Baile de Máscaras de Verdi, Madama Butterfly de Puccini, O Castelo do Barba-Azul de Bartók, Boris Godunov de Mussorsky, O Ouro do Reno e A Valquíria de Wagner, Wozzeck de Alban Berg, Armida de Rossini e Violanta e A Cidade Morta de Korngold. Apresentou-se com Daniel Barenboim e a Sinfônica de Chicago em Buenos Aires e São Paulo, em El Sombrero de Tres Picos de Manuel de Falla. Colaborou com Francisco Rettig, Ira Levin, Alejo Perez, Ligia Amadio, Mario Perusso; em teatros como o Municipal de Santiago e o Regional del Maule no Chile, o Argentino de La Plata e a Sala São Paulo. Atualmente, é professora do curso de Canto do Instituto Superior de Arte do Teatro Colón de Buenos Aires.
Vencedor do Grammy, Mark Steven Doss cantou 85 papéis
Mark Steven Doss
em mais de 60 grandes casas de ópera, incluindo o Teatro
Baixo-Barítono
alla Scala de Milão, Ópera de Viena, Covent Garden em Londres, Lyric Opera de Chicago e San Francisco Opera. Doss abriu a temporada 2013-14 com Amonasro em Aida, no Teatro de la Maestranza em Sevilha, seguido dos quatro vilões em Os Contos de Hoffmann com o Novo Teatro Nacional de Tóquio. Em seguida, foi Simone em Uma Tragédia Florentina de Zemlinsky no Teatro Regio de Turim, terminando com Amonasro em Aida e Pizarro em Fidelio com o Festival de Ópera de Dorset, no Reino Unido. Destaques da temporada 2012-13 incluem Escamillo em Carmen com o Teatro Regio, Alfio em Cavalleria Rusticana com o Teatro de la Maestranza, o papel principal em O Navio Fantasma no Teatro Comunale de Bolonha, Amonasro, no San Diego Opera e, novamente, o Holandês em O Navio Fantasma no Festival de Ópera de Dorset. Futuras apresentações incluem a parte barítono primário em uma estreia mundial de Nicholas Lens, intitulado Shell
Shock, no Théâtre de la Monnaie, em Bruxelas, o solista baixo na Missa da Réquiem de Verdi com o Ottawa Choral Society; Giorgio Germont em La Traviata na Hyogo Performing Arts Center, no Japão. Michael Kupfer
Nascido em Ravensburg, na Alemanha, o barítono Michael
Barítono
Kupfer já se apresentou em teatros como a Royal Albert Hall de Londres, Concertgebouw de Amsterdã, Tonhalle de Zurique, Bayerischen Staatsoper de Munique, Teatro Comunale de Bolonha e o Teatro Bolshoi de Moscou. Desde 2000 apresenta-se regularmente no Tiroler Festspiele, em papéis como Donner e Gunther na tetralogia wagneriana, Kurwenal em Tristão e Isolda, Klingsor em Parsifal, Wolfram em Tannhäuser, Orestes em Elektra de Strauss e o Conde Almaviva em As Bodas de Fígaro. Trabalhou com regentes como Ingo Metzmacher, Marek Janowski, Gustav Kuhn, Marcello Viotti, Paul Daniels e Markus Stenz, e diretores cênicos como Harry Kupfer, Willi Decker, Eike Grams, Pierre Audi, Keith Warner, Georges Delnon e François de Carpentier; com orquestras como a Sinfônica da BBC, Bayerischen Staatsorchester, Tonhalle de Zurique, Bayerischen Rundfunkorchester e Rotterdam Philharmonisch Orkest. No ano passado, apresentou-se no Theatro Municipal de São Paulo como Wotan em O Ouro do Reno. Vencedor de diversos prêmios, foi escolhido, em 2009, o artista revelação pela revista Opernwelt.
Stanislas de Barbeyrac Tenor
Nascido em 1984, estudou no Conservatório de Bordeaux e no Opera Studio da Opéra National de Paris. Apresentou-se em várias produções, como de Salome em Toulouse e na Opéra National de Paris; La Traviata e Rigoletto de Verdi no Festival Chorégies d'Orange, na França; Tristão e Isolda de Wagner e Manon Lescaut de Puccini em Nice; Tannhäuser de Wagner, Fausto de Philippe Fenelon,
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Mirandolina de Martinů e o oratório Le Roi David de Honegger na Opéra National de Paris; Lucia di Lammermoor de Donizetti em Metz; I Pagliacci de Leoncavallo em Marselha; Così fan Tutte de Mozart em Libourne; A Criação de Haydn na Sorbonne em Paris; Carmen de Bizet no Festival Ninon Vallin; e Lenski em Eugene Onegin de Tchaikovsky no Théâtre du Châtelet em Paris. Recebeu o primeiro prêmio na Competição Nacional de Ópera de Béziers e na Competição Internacional de Marmande; o Prêmio Carpeaux em Paris; o Prêmio A.R.O.P. National de Paris; e a Queen Elisabeth International Competition. Em 2013, foi solista no Réquiem de Mozart, sob a regência de Rinaldo Alessandrini, no Theatro Municipal de São Paulo.
Nascido na Hungria em 1980, o tenor István Horváth estu-
István Horváth
dou piano, violão e acordeon na sua juventude. Em 2006, se
Tenor
formou como cantor de ópera pela Universidade de Ciências de Pécs e estreou no Teatro Nacional da mesma cidade como Almaviva em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini. Desde então, já interpretou diversos papéis como Fenton em As Alegres Comadres de Windsor de Otto Nicolai, Ernesto em Don Pasquale de Donizetti, Um Jovem em Moisés e Aarão de Schönberg, Lêucipos em Dafne de Strauss e Belmonte em O Rapto do Serralho de Mozart. Desde 2010, apresenta-se regularmente na Ópera Húngara de Budapeste e é solista convidado permanente da Orquestra Nacional Húngara, sob a regência de Zoltán Kocsis. Participou de festivais como o de Primavera de Budapeste, o Internacional Bartók, o Internacional de Ópera de Miskolc e o de Veszprém. No palco, apresentou-se com Andrea Rost, Erika Miklosa, Roberto Scandiuzzi, Juan Pons, entre outros.
Lidia Schäffer
Bacharel em Canto pela Unesp, Lidia Schäffer vem se des-
Mezzo-Soprano
tacando no repertório de mezzo–soprano dramático e contralto. Foi premiada no 8º Concurso Carlos Gomes, em 1998, e no Concurso Nacional de Canto Edmar Ferretti, em 2005. Já atuou frente a grandes orquestras, como a Sinfônica Municipal de São Paulo, Experimental de Repertório, Osesp, Orquestra Sinfônica de Campinas, Filarmônica de Ribeirão Preto, Sinfonia Cultura e OSB, entre outras, com maestros como John Neschling, Claudio Cruz, Roberto Tibiriçá, Aylton Escobar, Mário Zaccaro, Jamil Maluf e Luiz Fernando Malheiro. No Theatro São Pedro, atuou em Il Matrimonio Segreto, Un Ballo in Maschera e em Carmen; no Theatro Municipal de São Paulo, em A Flauta Mágica, Andrea Chénier, Amelia al Ballo, A Valquíria e em O Crepúsculo dos Deuses. Participou da estreia brasileira de Midsummer Night´s Dream de Britten com a OSB e, em julho deste ano, foi solista na Sinfonia N. 3 de Gustav Mahler, ambas no Theatro Municipal de São Paulo. Integra o Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo desde 2002 e atualmente é orientada por Isabel Maresca.
Paulo
O tenor Paulo Chamié-Queiroz estudou no Brasil com Eliane
Chamié–Queiroz
Sampaio e na Europa com Reri Grist e Nicolai Gedda. Es-
Tenor
treou cantando O Messias de Händel no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob regência de David Machado. Dono de uma voz versátil, Paulo teve grande sucesso de crítica em trabalhos realizados no Theatro Municipal de São Paulo, cantando papéis em óperas como As Bodas de Fígaro de Mozart, Os Contos de Hoffmann de Offenbach, Elektra, Salome, Ariadne em Naxos e O Cavaleiro da Rosa de Strauss, Candide de Leonard Bernstein, Andrea Chénier de Giordano, Falstaff de Verdi, Maddalena de Prokofiev, L’Enfant et les Sortilèges de Ravel, Carmen de Bizet, Violanta de Korngold, O Ouro do Reno e Siegfried de Wagner, e em concertos sinfônicos com a Orquestra Sinfônica Municipal, como o Ora-
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tório Child of Our Time de Michael Tippett, Os Sinos de Rachmaninov e a Sinfonia N. 9 de Beethoven. Trabalhou com maestros como Gábor Ötvös, Reinaldo Censabella, Rodolfo Fischer, Ira Levin, Sir Richard Armstrong, John Neschling, Isaac Karabtchevsky, Jamil Maluf e Victor Hugo Toro.
Nascido em São Paulo, Rubens Medina estudou canto com
Rubens Medina
Marcel Klass e, posteriormente, passou a estudar interpre-
Tenor
tação e técnica vocal com Helly-Anne Caran. Interpretou diversos papéis em óperas como La Bohème, Tosca, Il Tabarro e Gianni Schicchi de Puccini; Nabucco, La Traviata e A Força do Destino de Verdi; I Pagliacci de Leoncavallo; Cavalleria Rusticana de Mascagni; Carmen de Bizet; O Franco-Atirador de Carl Maria Von Weber; Il Cappello di Paglia di Firenze de Nino Rota; O Guarany e Fosca de Carlos Gomes; Dido e Eneas de Purcell; e O Anjo Negro de João Guilherme Ripper. Além dos personagens líricos, Rubens Medina tem se dedicado também ao repertório sinfônico e de câmara, como na apresentação solista, em 2001, no Réquiem de Verdi, no Theatro Municipal de São Paulo. Realizou um concerto de canções brasileiras no Consulado Brasileiro em Berlim ao lado da mezzo-soprano Adriana Clis e do pianista Ricardo Balestero, no projeto Cultura na Copa.
O tenor Eduardo Trindade é bacharel em canto pela Univer-
Eduardo Trindade
sidade Estadual Paulista (Unesp), sob a orientação de Mar-
Tenor
tha Herr. Cursou a Escola Municipal de Música de São Paulo, com a professora Elenís Guimarães, e estudou também com o renomado tenor Benito Maresca, com Ricardo Ballestero, na Universidade de São Paulo, e com Juvenal de Moura. Participou das montagens de Il Trovatore, La Traviata, Aida e Rigoletto de Verdi, no Theatro Municipal de São
Paulo, e se apresentou em O Feiticeiro de Arthur Sullivan e em El Hijo Fingido de Joaquim Rodrigo, ambas no Theatro São Pedro, com o Núcleo Universitário de Ópera. Atuou como solista do Coro de Câmara da Unesp no oratório Lobgesang de Mendelssohn e no Oratório de Natal de Camille Saint-Saëns. Atualmente, integra o Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.
Miguel Geraldi
Após estudar com Gledys Pierri e Neyde Thomas, Miguel
Tenor
Geraldi integrou os grupos Armonico Tributo, Coro Bach e Camerata Antiqua de Curitiba. Venceu o V Concurso Carlos Gomes, o II Concurso Aldo Baldin e o III Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão, entre outros. Debutou no Theatro Municipal de São Paulo como Alfredo Germont em La Traviata de Verdi, em 2001. Atuou junto a orquestras como a Sinfônica Municipal de São Paulo, Experimental de Repertório, Osesp, Sinfônica do Paraná e Filarmónica de Bogotá, sob a regência de maestros como John Neschiling, Walter Polischuk, Ira Levin, Nicolau de Figueiredo, José Maria Florêncio, Mario Zaccaro, Jamil Maluf, Emiliano Patarra, Luciano Camargo, Edmundo Hora, Roberto Di Regina, Reynaldo Censabela, Alessandro Sangiorgio, Hirofumi Yoshida, Gioigio Paganini, Roberto Duarte, Luís Gustavo Petri, Abel Rocha, entre outros. Destacam-se em seu repertório lírico a participação em montagens de O Elixir de Amor e Rita e Poliuto de Donizetti, La Bohème e Turandot de Puccini, Rigoletto e La Traviata de Verdi, I Pagliacci de Leoncavallo, Carmen de Bizet, Cecilia de Licinio Refice, Loreley de Catalani e A Viúva Alegre de Léhar.
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Paulista da cidade de Agudos, cantor do Coro Lírico Thea-
Sérgio Righini
tro Municipal de São Paulo desde 1990, Sergio Righini atuou
Baixo
como solista em produções de óperas como Don Giovanni, Idomeneo e A Flauta Mágica de Mozart; Fidelio de Beethoven; A Filha do Regimento de Donizetti; Andrea Chénier de Giordano; La Traviata de Verdi; e La Gioconda de Ponchielli. Trabalhou com maestros como Isaac Karabtchevsky, Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi e José Maria Florencio. Recentemente cantou em produções do Theatro Municipal de São Paulo, como em Pelléas et Mélisande, sob a regência do maestro Abel Rocha, e de La Bohème, sob a regência do maestro John Neschling.
Presença constante nas principais casas de ópera do Brasil,
Carlos Eduardo
Carlos Eduardo Marcos tem interpretado os principais pa-
Marcos
péis em óperas como Arianna e Orfeu de Monteverdi; Hércu-
Baixo
les de Händel; La Serva Padrona de Pergolesi; O Matrimônio Secreto de Cimarosa; As Bodas de Fígaro de Mozart; O Barbeiro de Sevilha, La Cenerentola e Il Signor Bruschino de Rossini; O Elixir de Amor e Lucia di Lammermoor de Donizetti; Aida, Nabucco, Rigoletto e A Força do Destino de Verdi; Gianni Schicchi, Madama Butterfly e Tosca de Puccini; O Guarany e Condor de Carlos Gomes; Lohengrin de Wagner; Pelléas et Mélisande de Debussy; e Salome, Ariadne em Naxos e O Cavaleiro da Rosa de Strauss. Já cantou sob a regência de Aylton Escobar, Francesco La Vecchia, Ira Levin, John Neschling, Nicolau de Figueiredo, Isaac Karabtchevsky, Roberto Minczuk, Carlos Moreno, Celso Antunes, Cláudio Cruz, Jamil Maluf, José Maria Florêncio, László Marosi, Ligia Amadio, Luiz Fernando Malheiro, Lutero Rodrigues, Mário Zaccaro, Roberto Tibiriçá, Túlio Colaccioppo, Victor Hugo Toro, entre outros.
Sérgio Weintraub
Formado pela Faculdade Santa Marcelina, o tenor Sérgio
Tenor
Weintraub se apresenta regularmente nas temporadas líricas do Teatro Colón de Buenos Aires, Theatro Municipal de São Paulo, Teatro da Paz de Belém, Festival Amazonas de Ópera, Camerata Florianópolis e da Sinfônica de Porto Alegre, entre outras. Trabalhou com importantes maestros, como Ira Levin, Luiz Fernando Malheiro, Isaac Karabitchevsky e Reinaldo Censabella. Atuou em produções de La Clemenza di Tito, Don Giovanni e A Flauta Mágica de Mozart; Lucia de Lammermoor e O Elixir de Amor de Donizetti; Otello de Rossini; Falstaff de Verdi; La Bohème, Gianni Schicchi e Turandot de Puccini; Carmen de Bizet; Eugene Onegin de Tchaikovsky; Romeu e Julieta de Gounod; Werther de Massenet; Jenufa e O Caso Makropulos de Janácek; O Amor das Três Laranjas de Prokofiev; entre outras. Destacam-se em seu repertório sinfônico títulos como a Sinfonia N. 9 de Beethoven; A Criação e As Estações de Haydn; Magnificat, Missas e Oratórios de J.S. Bach; O Messias de Händel; Réquiem de Mozart, entre outros.
Saulo Javan
Reconhecido pela crítica como um dos principais artistas de
Baixo
ópera do Brasil, Saulo Javan se apresenta em casas de concerto e ópera como a Sala São Paulo e os teatros Municipal de São Paulo, São Pedro, Tobias Barreto e Santa Isabel. Gravou a Sinfonia Ameríndia de Heitor Villa-Lobos com a Osesp; interpretou papéis principais em Magdalena de Villa-Lobos, O Rouxinol de Stravinsky, Aida de Verdi, O Elixir do Amor e Don Pasquale de Donizetti e Gianni Schicchi de Puccini. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou na estreia de Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Outras performances incluem Mozart & Salieri de Rimsky-Korsakov, O Homem dos Crocodilos de Arrigo Barnabé, O Franco Atirador de Weber, Don Giovanni e As Bodas de Fígaro de Mozart, Alcina de Händel, Carmen de Bizet e Tree-
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monisha de Scott Joplin. Nas temporadas 2013 e 2014 do Theatro Municipal de São Paulo, apresentou-se nas óperas The Rake’s Progress, Don Giovanni, La Bohème e Falstaff. Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos. Estudou canto com Carmo Barbosa e hoje é orientada por Marconi Araújo.
Cantor do Coral Paulistano da Fundação Theatro Municipal
Paulo Menegon
desde 1989, Paulo Menegon é professor de Canto da FMU/
Baixo
FAAM e orientador vocal licenciado do Coral da PUC. Bacharel em Canto e Piano pela Faculdade Santa Marcelina na classe do professor Carmo Barbosa, ministrou cursos de técnica vocal pelo Movimento Coral do Estado de São Paulo. Como solista, entre as principais atuações estão os papéis de Leporello em Don Giovanni de Mozart e, no Theatro Municipal de São Paulo, do Conde di Ceprano em Rigoletto, sob a regência de Isaac Karabtchevsky, além da participação em Olga, do compositor brasileiro Jorge Antunes. Paulo Menegon é mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde defendeu a dissertação Metáforas no Ensino de Canto e seus Efeitos na Qualidade Vocal: um Estudo Acústico-Perceptivo, orientado pela professora doutora Sandra Madureira.
Nascido em Itapeva, interior de São Paulo, Jessé Vieira estu-
Jessé Vieira
dou violoncelo no Conservatório de Tatuí antes de ter aulas
Barítono
de canto com Caio Ferraz na Escola Municipal de Música de São Paulo e se formar pela Emesp. Foi solista do Coro do Conservatório de Tatuí em concertos sinfônicos, tendo cantado obras como o Réquiem de Fauré, Vesperas Solenes de Mozart, Missa Lord Nelson de Haydn e a Missa de Villani-Côrtes. No Teatro São Pedro,
apresentou-se nos papéis de Aristée/Pluton em Orfeu no Inferno de Jacques Offenbach, Biscroma em Viva La Mamma de Donizetti e Kilian em O Franco-Atirador de Carl Maria Von Weber. Gravou trechos de La Bohème de Puccini, A Flauta Mágica de Mozart e Giulio Cesare de Händel para a TV, sob direção de Mauro Wrona. Tomou parte em masterclass com Nathalie Stutzmann, Daniela Dessì, Luis Lima, Carlo Colombara. Atualmente desenvolve técnica vocal com o tenor Miguel Geraldi e cursa bacharelado em música na Faculdade Alcântara Machado.
Elisabeth Ratzersdorf
Aluna de Niza de Castro Tank, debutou em Carmen de Bizet
Soprano
como Frasquita, sob regência de Sílvio Barbato. Aclamada pela crítica por sua interpretação de Ballata em O Guarany, de Carlos Gomes, com a Sinfônica de Campinas, destacou-se também pela participação solista na Cantata Acadêmica, no CD América Portuguesa. Apresentou-se no Theatro Municipal de São Paulo como Gilda em Rigoletto de Verdi, com Marcelo Vanucci e David Marcondes. Trabalhou sob regência de maestros como Karl Martin, Edmundo Hora, Parcival Modolo, Nicolau de Figueiredo e Gil Jardim. De seu repertório sinfônico, destacam-se as canções de Carlos Gomes, Réquiem e árias de bravura de Mozart, Messias de Händel, além de obras de J.S. Bach e do Barroco francês.
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Salome
Assistente de Execução
Julio Cesar de Souza
Elisani Souza
Jonas Soares
Coordenação Equipe de
Giulia Piantino
Regente Assistente
Desenho de luz
Marcenaria
Gleice Diana Leão
Eduardo Strausser
Wagner Pinto
Francolino Gomes
Inais Tereza
Assistente de luz
Alicio Silva
Isabel Vieira
Pianistas Correpetidores
Iarlei Rangel
Equipe
Lua Gimenez
Anderson Brenner
Mapa de luz e 3D
Renato dos Santos
Mara Feres
Paulo Almeida
Túlio Pezzoni
João Pereira
Marcela Costa
Rafael Andrade
Produtora de luz
Gilberto Ferreira
Mari Souza
Cristina Flória
Guilherme Nascimento
Sheila Campos
Atores
Coordenação
Erlany Pereira Dos Santos
Amanda Zucchi
de Esculturas
Antonio Augusto
Figurinos
André Di Peroli
Luis Carlos Rossi
Cesar Renzi
Veridiana Piovezan
Carla Martelli
Escultores
Andre Rodriguez
Cynthya Diniz
Antonio Ribeiro
Isabella Neves
Assessoria de Alfaiataria
Edison Vigil
Roberto Pádua
Thais Oliveira
Masculina e Draping
Felipe Barros
Julio Ricciardi
Coordenação de
Maurice Fückner
Gabriel Castilho
Assistentes
Serralheria
Henrique Rizzo
Valdir Batista
Amadeu Fernandes
Interpretação e corte/
Janaína Alves
Michael Almeida
Equipe
Alfaiataria Masculina
Juliana Portugal
Everton Jacare
Genilson Alencar
Sergio Alves
Karina Dias
Aplicação de Fibra
Marcelo de Carvalho
Leila Bass
Cassio Omae
Givaldo Gomes
Costureiras
Thiago Alves
Kleyton Willy
Reginaldo Nascimento
Elisangela Dally
Victor Gomes
Texturização
Rogerio de Almeida
Célia Pereira Rocha
Wanderley Salgado
Coordenação
Administração
Cristina França
Karen Luizi
Isabela Nascimento
Silvia Aparecida de
Produção de Cenografia
Julia Lopez
Jorge e Denis Produções
Assistentes
Visagista
Cenográficas
Agda Camilla
Simone Batata
Chapelaria
Coordenação de
Satie Inafuko
Assistente de Visagismo
(Judeus e Herodíades)
Execução Cenográfica
Luisa Camacho
Tiça Camargo
Eduardo Laurino
Jorge Ferreira Silva
Adriana Dias
Maquiadores
Denis Nascimento
Jackeline Nascimento
Diogo Souza
Estagiários
Pintura de Arte
Biah Bombom
Luiza Dimitrova
Castro
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Èrica Grizendi
Orquestra Sinfônica
Oxana Dragos
Adriano Costa Chaves
Municipal de São Paulo
Ricardo Bem-Haja
Miguel Dombrowski
Sara Szilagyi
Ricardo Busatto
Diretor Artístico
Ugo Kageyama
Vinicius Frate
John Neschling
Wellington R. Guimarães
Walter Müller
Violas
Flautas
Adereços Boca de Cena
Cabeça de João Batista Confecção das Cabeças
Primeiros-violinos
Alexandre De León*
Cássia Carrascoza*
Marcelo Amp
Pablo De León (spalla)
Silvio Catto*
Marcelo Barboza*
Assistente de Lifecast
Martin Tuksa (spalla)
Abrahão Saraiva
Andréa Vilella
Isabel Maciel
Fabian Figueiredo
Tânia de Araújo Campos
Cristina Poles
Ricardo Argenton
Maria Fernanda Krug
Adriana Schincariol
Renan Dias Mendes
Próteses de olhos e
Adriano Mello
Bruno de Luna
Oboés
dentes
Fábio Brucoli
Cindy Folly
Alexandre Ficarelli*
Thiago Camargo
Fábio Chamma
Eduardo Cordeiro
Rodrigo Nagamori*
Fernando Travassos
Eric Schafer Licciardi
Marcos Mincov
Sinopse e gravações
Francisco Ayres Krug
Jessica Wyatt
Victor Astorga**
de referência
Heitor Fujinami
Pedro Visockas
Clarinetes
Irineu Franco Perpetuo
John Spindler
Roberta Marcinkowski
Otinilo Pacheco*
Legendas
José Fernandes Neto
Tiago Vieira
Diogo Maia Santos
MP Legendas
Liliana Chiriac
Violoncelos
Domingos Elias
Mizael da Silva Júnior
Mauro Brucoli*
Marta Vidigal
Revisor do Programa
Paulo Calligopoulos
Raïff Dantas Barreto*
Thiago Naguel**
Gabriel Rath Kolinyak
Rafael Bion Loro
Mariana Amaral
Fagotes
Sílvio Balaz
Alberto Kanji
Fábio Cury*
Victor Bigai
Charles Brooks
Matthew Taylor*
Segundos-violinos
Cristina Manescu
Marcelo Toni
Andréa Campos*
Joel de Souza
Marcos Fokin
Laércio Diniz*
Maria Eduarda
Osvanilson Castro
Nadilson Gama
Canabarro
Trompas
Otávio Nicolai
Moisés F. dos Santos
André Ficarelli*
André Luccas
Sandro Francischetti
Luiz Garcia*
Djavan Caetano
Teresa Catto
Eric Gomes da Silva
Edgar Montes Leite
Contrabaixos
Rogério Martinez
Evelyn Carmo
Sanderson Cortez Paz***
Vagner Rebouças
Helena Piccazio
Taís Gomes***
Douglas Costa**
Rafael Fróes**
Carlos Nunes
Balé da Cidade
Leonardo Hoehne Polato
Thiago Ariel**
Montadores
de São Paulo
Luiz Oliveira
Trompetes
Alexandre Greganyck
Fernando Guimarães*
Paulo Broda
Diretora Artística
Marcel Anselmé
Marcos Motta*
Rafael de Sá
Iracity Cardoso
Marcos Novais
Assistentes de Direção
Yasser Díaz
Breno Fleury
Malcolm Matheus
Eduardo Madeira
* Chefe de naipe
Raymundo Costa
Produção Executiva
Albert Santos**
** Músico convidado
Silvana Marani
Maya Mecozzi
Trombones
***Chefe de naipe interino
Coordenação de Ensaios
Coordenação de
Roney Stella*
Suzana Mafra
Logística
Hugo Ksenhuk
Assistentes de
Deoclides Fraga Neto
Luiz Cruz
Coreografia
Coordenadora Técnica
Marim Meira
Kênia Genaro
Melissa Guimarães
Eduardo Machado**
Roberta Botta
Iluminador
Tuba
Suzana Mafra
Marcelo Esteves
Gian Marco de Aquino*
Maître de Ballet
Sonoplasta
Harpa
Liliane Benevento
Leandro Lima
Jennifer Campbell*
Professores Convidados
Coordenadora do
Paola Baron*
Alex Soares
Figurino
Piano
Allan Falieri
Bruna Fernandes
Cecília Moita*
Armando Duarte
Assistente
Percussão
Milton Kennedy
Juliana Andrade
Marcelo Camargo*
Pianista
Maquinista
César Simão
Wirley Francini
Alessander Rodrigues
Magno Bissoli
Bailarinos
José Hilton Jr.
Sérgio Coutinho
Erika Ishimaru
Secretaria
Thiago Lamattina
Eugênia Granha
Doralice de Queiróz
Tímpanos
Liliane de Grammont
Coordenação do Acervo
Danilo Valle*
Marina Giunti
Raymundo Costa
Márcia Fernandes*
Roberta Botta
Gerente da Orquestra
Shamara Bacelar
Paschoal Roma
Simone Camargo
Assistente
Victoria Oggiam
Manuela Cirigliano
Gleidson Vigne
Inspetor
Gustavo Barros
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102
Prefeitura do Município
Diretoria Geral
Assistente de Direção
Centro de Documentação
de São Paulo
Assessora
de Palco Cênico
Chefe de seção
Prefeito
Maria Carolina G.
Caroline Vieira
Mauricio Stocco
Fernando Haddad
de Freitas
Assistente de Direção
Equipe
Secretário Municipal
Secretárias
Cênica Residente
Lumena A. de M. Day
de Cultura
Ana Paula S. Monteiro
Julianna Santos
Juca Ferreira
Marcia de Medeiros Silva
Segunda Assistente de
Diretoria de Produção
Monica Propato
Direção Cênica
Produção Executiva
Fundação Theatro
Cerimonial
Ana Vanessa
Anna Patrícia Araújo
Municipal de São Paulo
Egberto Cunha
Assistente de Direção
Nathália Costa
Direção Geral
Bilheteria
Cênica e Casting
Rosa Casalli
José Luiz Herencia
Nelson F. de Oliveira
Sérgio Spina
Produtores
Figurinista Residente
Aelson Lima
Diretora de Gestão Ana Flávia Cabral S. Leite
Diretoria Artística
Veridiana Piovezan
Pedro Guida
Diretor de Formação
Assessoria de Direção
Produção de Figurinos
Miguel Teles
Leonardo Martinelli
Artística
Fernanda Câmara
Nivaldo Silvino
Stefania Gamba
Arquivo Artístico
Assistente de Produção
Instituto Brasileiro de
Luís Gustavo Petri
Coordenadora
Arthur Costa
Gestão Cultural
Clarisse De Conti
Maria Elisa P. Pasqualini
Presidente do Conselho
Secretária
Assistente
Palco
Cláudio Jorge Willer
Eni Tenório dos Santos
Ana Raquel Alonso
Chefe da Cenotécnica
Diretor Executivo
Assistente Administrativa
Arquivistas
Aníbal Marques (Pelé)
William Nacked
Luana Pirondi
Ariel Oliveira
Técnicos de Palco
Diretora Técnica
Coordenação de
Guilherme Prioli
Rodrigo Nascimento
Isabela Galvez
Programação Artística
Karen Feldman
Thiago dos Santos
Diretor Financeiro
João Malatian
Leandro José Silva
Panfieti
Neil Amereno
Diretor Técnico
Paulo César Codato
Marcelo Luiz Frosino
Diretor Artístico
Juan Guillermo Nova
Copista
Emerlindo Terribele
John Neschling
Assistente de Direção
Cassio Mendes
Sobrinho
Diretora de Produção
Técnica
Cristiane Santos
Daniela Gogoni
Ação Educativa
Conceição
Direitos Autorais
Diretor de Palco Cênico
Aureli Alves de Alcântara
Manoel Lucas de Souza
Olivieri Advogados
Ronaldo Zero
Associados
Lorival Fonseca
Conceição Paulo Miguel de Souza Filho
Cristiano Texeira do
Luciano Paes
Cristina Gonçalves Nunes
Escola de Dança
Santos
Fernando Azambuja
João Paulo Alves Souza
de São Paulo
Julio Cesar Souza de
Ubiratan Nunes
Juçara A. de Oliveira
Coordenadora Artística
Oliveira
Camareiras
Juliana do Amaral Torres
Susana Yamauchi
Aristide Ribeiro Costa
Alzira Campiolo
Oziene O. dos Santos
Assistente Artístico
Antonio Oliveira Almeida
Isabel Rodrigues Martins
Paula Melissa Nhan
Luis Ribeiro
Edival Dias
Katia Souza
Vera Lucia Manso
Projetos Especiais
Antonio Carlos da Silva
Lindinalva M. Celestino
Estagiários
Daniela Stasi
Alex Sandro Nunes
Maria Auxiliadora
Guilherme Telles
Assistência
Pinheiro
Maria Gabriel Martins
Andressa Pareira de
Administrativa
Lucas Lemes
Marlene Collé
Almeida
Roberto Quaresma
Claudio Nunes Pinheiro
Nina de Mello
Assistente
Regiane Bierrenbach
Diretoria de Formação
Maria do Carmo
Ivone Ducci
Tonia Grecco
Assessora
Corpo de Apoio
Helen Gallo
Irinéia da Cruz
Assistente Técnica
Marilene Santos
Jéssica Secco
Estagiários
Contrarregragem Carlos Bessa Contrarregras
Central de Produção "Chico Giacchieri"
Camareira
Peter Silva Mendes
Coordenação de Costura
Alexandre Malerba
Oliveira
Emília Reily
Escola Municipal de
Angélica da Silva
Sandra Satomi Yamamoto
Acervo de Figurinos
Música de São Paulo
Carmen Alexandrina
Eneias Rodrigues Leite
Marcela de Lucca M.
Coordenador Artístico
João Amaro
Neto
Dutra
Antonio Ribeiro
Aloísio Sales de Souza
Assistente
Assistente Artístico
Assistência
Chefe de Som
Ivani Rodrigues Umberto
Valdemir Aparecido
Administrativa
Sérgio Luis Ferreira
Acervo de Cenário
Assistente Administrativa
Alexandro R. Bertoncini
Operadores de Som
e Aderecista
Sônia Gusmão de Lima
Seção de Pessoal
Guilherme Ramos
Aloísio Sales
Corpo de Apoio
Cleide C. da Mota
Daniel Botelho
Expediente
José Roberto da Silva
José Luiz P. Nocito
Kelly Cristina da Silva
José Carlos Souza
Flávio Aureliano Paixão
Solange F. França Reis
Chefe de Iluminação
José Lourenço
Maria Aparecida Malcher
Tarcísio Bueno Costa
Valéria Lovato
Paulo Henrique Souza
Estagiário Ricardo Farão
Iluminadores Alexandre Bafe
Diretoria de Gestão
Igor Augusto F. de
Lais Gabriele Weber
Oliveira
Carolina Paes Simão
Parcerias Suzel Maria P. Godinho
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104
Contabilidade
Estagiários
Impressão
Alberto Carmona
Victor Hugo A. Lemos
Formags Gráfica e
Cristiane Maria Silva
Yudji A. Otta
Editora LTDA
Luciana Cadastra
Arquitetura
Agradecimentos
Marcio Aurélio O.
Lilian Jaha
Escarlate
Diego Silva
Cameirão Meire Lauri
Hotel Marabá Seção Técnica de Manutenção
Compras e Contratos
Narciso Martins Leme
George Augusto
Estagiário
Rodrigues
Vinícius Leal
Jessica Elias Secco Marina Aparecida
Comunicação
Augusto
Editor e Coordenador
Infraestrutura
Marcos Fecchio
Marly da Silva dos Santos
Editor assistente
Antonio Teixera Lima
Gabriel Navarro Colasso
Eva Ribeiro
Mídias Eletrônicas
Israel Pereira de Sá
Desirée Furoni
Luiz Antonio de Mattos
Assessoras de Imprensa
Maria Apa da C. Lima
Amanda Sena
Pedro Bento Nascimento
Daniela Oliveira
Rita de Cássia Souza Banchi
Design Gráfico
Wagner Cruz
Kiko Farkas / Máquina
Almoxarifado
Estúdio
Nelsa A.Feitosa da Silva
Designers Assistentes
Bens Patrimoniais
Ana Lobo
José Pires Vargas
André Kavakama Atendimento
Informática Ricardo Martins da Silva Renato Duarte
Michele Alves
Theatro Municipal de São Paulo Temporada Lírica 2014
Outubro
Palestra sobre as óperas Cavalleria Rusticana e I Pagliacci com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo sáb (11) às 17h Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca
Cavalleria Rusticana Pietro Mascagni I Pagliacci Ruggero Leoncavallo ter (21 / 28), qua (29), qui (23) e sáb (18 / 25) às 20h dom (19 / 26) às 18h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Ira Levin Regência Pier Francesco Maestrini Direção Cênica (Cavalleria Rusticana) William Pereira Direção Cênica (I Pagliacci) Juan Guillermo Nova Cenografia Carla Galleri Figurino (Cavalleria Rusticana) Gianluca Falaschi Figurino (I Pagliacci) Santuzza Tuija Knihtlä/Elena Lo Forte Turiddu Giancarlo Monsalve/Marcello Vannucci Alfio Angelo Veccia/Luca Grassi Lola Luciana Bueno/Mere Oliveira Mamma Lucia Lídia Schäffer Canio Walter Fraccaro/Richard Bauer Nedda Inva Mula/Marina Considera Tonio Angelo Veccia/Luca Grassi Beppe Daniele Zanfardino/Saverio Fiore Silvio Davide Luciano/Norbert Steidl
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106
Novembro / Dezembro
Palestra sobre a ópera Tosca com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo sáb (22) às 17h Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca
Tosca Giacomo Puccini Nov sáb (29) às 20h e dom (30) às 18h Dez ter (02 / 09), qui (04 / 11) e sáb (06 / 13) às 20h dom (07) às 18h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Oleg Caetani Regência Marco Gandini Direção Cênica Italo Grassi Cenografia Simona Morresi Figurino Floria Tosca Ainhoa Arteta/Ausrine Stundyte Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez/Stuart Neill Scarpia Roberto Frontali/Nelson Martinez Cesare Angelotti Massimiliano Catellani Sacristão Saulo Javan Spoletta Luca Casalin
Programação sujeita a alterações.
patrocinadores
apoio
execução
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
realização
MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO