Lohengrin - Theatro Municipal de São Paulo de 2015

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LOHENGRIN Ópera em três atos Música e libreto de Richard Wagner



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Datas de apresentação Elenco

Richard Wagner e o drama musical Mário Videira

06 Sinopse

10 Quatro perguntas ao diretor cênico Henning Brockhaus

16 Lohengrin Irineu Franco Perpetuo

30 A Lenda do Graal na tradição judaico-cristã Theo Hotz

36 Histórico de apresentações

40 Gravações de Referência

44 Libreto

114 Biografias dos artistas

142 Ficha Técnica

146 Amigos do Theatro Municipal de São Paulo


Nova montagem do Theatro Municipal de São Paulo

OUTUBRO quinta 8, às 20h sábado 10, às 20h domingo 11, às 18h terça 13, às 20h quinta 15, às 20h sábado 17, às 20h domingo 18, às 18h terça 20, às 20h

5 4 Datas de Apresentação & Elenco

LOHENGRIN RICHARD WAGNER


Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo John Neschling Direção musical e regência Eduardo Strausser Regente assistente 10 13 18 Henning Brockhaus Direção cênica Valentina Escobar Coreografia e Assistência de Direção Cênica

Yannis Kounellis Cenografia Patricia Toffolutti Figurinos Guido Levi Iluminação Lohengrin

Tomislav Mužek 8 11 15 17 20 Viktor Antipenko 10 13 18 Elsa de Brabante

Marion Ammann 8 11 15 17 20 Natalie Bergeron 10 13 18

Ortrud

Marianne Cornetti 8 11 15 17 20 Johanna Rusanen 10 13 18

Frederico de Telramund Tómas Tómasson 8 11 15 17 Johmi Steinberg 10 13 18 20 Henrique, o Passarinheiro

Luiz-Ottavio Faria

Arauto do Rei

Carlos Eduardo Marcos

Primeiro Nobre

Miguel Geraldi

Segundo Nobre

Walter Fawcett

Terceiro Nobre

Sebastiao Teixeira

Quarto Nobre

Leonardo Pace

Quatro Pajens

Elaine Caserh Elaine Moraes Keila de Morais Magda Painno


7 Sinopse

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[Indicações cênicas do libreto original.]

Ato I 64’

Antuérpia, século 10. O rei Henrique deseja o apoio do ducado de Brabante para combater os húngaros, mas antes deve resolver uma querela local. O conde Frederico de Telramund acusa Elsa de ter assassinado o irmão dela e herdeiro brabantino, Godofredo, e reivindica para si o trono do ducado. Instada a se defender, Elsa, em transe, só consegue falar da visão de um cavaleiro celestial que intervirá em seu favor. Henrique decreta, então, que a questão será decidida em combate entre Telramund e o defensor de Elsa. Os arautos chamam por duas vezes, e apenas na terceira apresenta-se o defensor da moça: um cavaleiro puxado por um cisne. O nobre se compromete a lutar por Elsa e com ela se casar, desde que a moça prometa jamais perguntar seu nome ou origem. Elsa concorda, o combate ocorre e o cavaleiro do cisne sai vencedor, poupando, porém, a vida de seu oponente. Além de se casar com Elsa, ele irá comandar as tropas que se unirão ao rei Henrique no combate contra os húngaros.

Intervalo 25’


Ato II 85’

Condenado ao exílio, Frederico confabula com a esposa, Ortrud, cujo plano é jogar com a desconfiança de Elsa, forçando a moça a fazer a pergunta proibida ao misterioso cavaleiro. Frederico parte, e Elsa entra em cena. Ortrud roga-lhe piedade e, ao mesmo tempo, começa a incutir dúvidas em seu coração. No dia seguinte, Elsa se aproxima da igreja para o casamento, mas é interrompida por Ortrud, que lança acusações contra o cavaleiro do cisne. Este chega com o rei e os nobres, e Elsa se refugia junto a seu noivo. Agora, porém, quem se apresenta é Telramund, reforçando os ataques de sua mulher contra o incógnito recém-chegado. Pressionado a revelar sua identidade, este diz que apenas Elsa poderá obrigá-lo a fazê-lo. A moça vacila, agitada e, ao entrar no templo com o noivo, vê Ortrud erguer o braço em um misto de advertência e triunfo.

Intervalo 15’

Ato III

58’ O Coro Nupcial, uma das mais célebres melodias de Wagner, marca a união dos apaixonados. Sozinha com o noivo, Elsa acaba por lhe fazer a pergunta proibida sobre sua identidade. Nesse momento, o quarto do casal é invadido por Telramund e seus asseclas. O cavaleiro abate o agressor, cujo corpo é levado à presença do rei Henrique. Este fica sabendo que o marido de Elsa não mais poderá chefiar seus soldados na batalha, pois a mulher rompeu a promessa, obrigando-o a se identificar e partir. O misterioso nobre revela então ser Lohengrin, filho de Parsifal e cavaleiro do Santo Graal. Diz ainda a Elsa que, se eles tivessem vivido juntos por um ano, Godofredo, seu irmão, voltaria. Agora, contudo, é ele, Lohengrin, quem deve regressar aos seus. O cisne aparece para buscá-lo. Ortrud, em júbilo, afirma que a ave é na verdade Godofredo, vítima de um feitiço seu. Lohengrin ajoelha-se e reza em silêncio. Uma pomba branca desce do céu e o cisne desaparece, surgindo Godofredo em seu lugar. O encanto foi rompido. Lohengrin proclama o menino duque de Brabante e parte de vez. Ortrud perde os sentidos, e Elsa morre.



Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.


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QUATRO PERGUNTAS PARA HENNING BROCKHAUS


Esta é a sua primeira montagem de Lohengrin. Como você entende esta ópera de Wagner? Lohengrin é uma ópera muito difícil. Eu já vi várias montagens, mas nunca entendi quem é Lohengrin, quem é o cisne, porque a história é frequentemente contada de uma maneira realista. Na minha opinião, todas as óperas de Wagner não são histórias realistas, mas parábolas. E tudo o que é dito na forma de parábola necessita de uma outra linguagem, que não é a realista, mas a simbólica. Quando eu sonho, os acontecimentos são as histórias dos meus sentimentos – aqueles vividos de uma maneira ruim, ou que não foram resolvidos, vêm à tona –, e são essas histórias as que mais se encaixam na música, na partitura. As técnicas utilizadas pelos compositores são assim; e Wagner é um grande mestre neste assunto. Para ele, o leitmotiv é um indicador de sentimentos; essa é a verdadeira expressão de Wagner. Minha interpretação é que Lohengrin é um mundo de cultura, de música, de teatro, de poesia, de pintura, de escultura... de todas as artes. Para Wagner, é neste mundo que vale a pena viver. E como se apresenta este seu Lohengrin? Na minha interpretação, quando Lohengrin chega, todas as pessoas ao seu redor mudam. No início da ópera elas usarão máscaras, pois estão deformadas, maltrapilhas, como zumbis. Quando Lohengrin chega com sua música fantástica, ele modifica a todos e as pessoas retiram as máscaras e as vestimentas. Depois, ao longo da história, elas retornam a esta condição de brutalidade. Por não aceitarem Lohengrin, não estão prontas a deixar a feiura. E isto é muito atual. Eu não conheço a situação do Brasil, mas na Itália e em outros países estão destruindo a cultura, os teatros não têm dinheiro, as orquestras não têm dinheiro. A cultura não interessa a ninguém e isso pode levar a um final ruim. Para a cenografia, você convidou o renomado artista Yannis Kounellis. O que podemos esperar dos elementos de cena? Eu o escolhi para a cenografia por ele ser um grande artista e trabalhar com o simbolismo, linguagem que eu queria presente nesta montagem. Ele inventa espaços certos para eu contar a história. O cisne, por exemplo, não é real, é uma escultura criada por Kounellis, em formato de um cubo prateado de metal com partes do cisne. Trata-se de uma escultura moderna, não um objeto realista. Toda a cenografia é feita neste estilo. Trata-se de uma instalação. Quando Lohengrin chega e a roupa das pessoas se transforma, o que é acompanhado pela mudança de iluminação, vem à tona uma cortina de instrumentos, que representa a música. Os espaços são feitos de tonalidades de preto e cinza até a chegada do personagem principal à cena.


13 12 Quatro Perguntas para o Diretor Cênico Henning Brockhaus

Você considera Lohengrin uma ópera tradicional dentro do universo wagneriano? Lohengrin é uma ópera muito popular porque é uma história simples, com uma música simpática também. É uma ópera em que ainda se identifica um conjunto de árias, não é Tristão, nem Parsifal, mas em Lohengrin as melodias infinitas estão ali e você nunca verá uma estrutura tradicional. Wagner diz que a cultura do cristianismo está falida, que no fim do caminho não há maneira de seguir em frente e que a solução é “escute a minha música e siga a minha mensagem”.


A Globo é Mantenedora do Theatro Municipal de São Paulo e apresenta a Série Domingos II da Temporada Lírica 2015.

xxxx de Yannis Kounellis Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.



Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.


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LOHENGRIN IRINEU FRANCO PERPETUO

Irineu Franco Perpetuo ĂŠ jornalista e tradutor, ministra cursos na Casa do Saber e colabora com a Revista Concerto.


“Recordo-me que, desde os primeiros compassos, experimentei uma dessas impressões felizes que quase todos os homens imaginativos conheceram, pelo sonho, no sono. Senti-me liberto das ligações com a gravidade e reencontrei pela recordação a extraordinária volúpia que circula nos lugares altos […]. Em seguida, retratei-me involuntariamente o estado delicioso de um homem às voltas com um grande devaneio numa solidão absoluta, mas uma solidão com um imenso horizonte e uma ampla luz difusa; a imensidão sem outro cenário senão ela própria. Logo provei a sensação de uma claridade mais viva, de uma intensidade de luz que aumentava com tal rapidez, que as nuanças fornecidas pelo dicionário não bastariam para exprimir esse acréscimo sempre renascente de ardor e brancura. Assim, concebi plenamente a ideia de uma alma se movendo num meio luminoso, de um êxtase feito de volúpia e de conhecimento, e planando acima e bem longe do mundo natural”. Assim o poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867) descreve sua reação ao prelúdio de Lohengrin. A imaginação do autor das Flores do Mal esteve longe de ser a única estimulada pela sugestiva música de Wagner. Sexta ópera do compositor, Lohengrin revelou-se uma ferramenta especialmente efetiva de divulgação do credo wagneriano em países latinos: foi a primeira ópera do autor executada na Itália, em 1871, e também a receber encenação em São Paulo – no Teatro São José, em 1892, em tradução italiana (Lohengrin só seria cantado por aqui no idioma original em 1923, no Theatro Municipal). Diferentemente do que ocorrera com sua antecessora imediata, Tannhäuser – que o compositor revisaria


No queixo redondo, usa óculos As três óperas anteriores de

Wagner – Rienzi, O Navio Fantasma e Tannhäuser – tinham subido à cena pela primeira vez no Königlich Sächsisches Hoftheater, em Dresden, onde o compositor ocupava, desde 1843, o cargo de Kapellmeister, ou seja, diretor musical. Tudo indicava que o mesmo deveria acontecer com Lohengrin. O ano de conclusão da peça, 1848, porém, viu a eclosão de insurreições de cunho liberal em toda Europa. Em maio do ano seguinte, a agitação chegava a Dresden, quando o rei da Saxônia se recusou a aceitar a constituição elaborada pela assembleia de Frankfurt. Companheiro do célebre anarquista russo Mikhail Bakúnin, Wagner tomou participação ativa na revolta contra o monarca: segundo alguns relatos, envolveu-se na fabricação de granadas de mão, subindo à torre da Kreuzkirche para informar sobre a movimentação de tropas. Em 9 de maio, começou a retirada dos rebeldes derrotados; uma semana mais tarde, foi emitido um mandado de prisão contra o músico. “Wagner tem entre 37 e 38 anos, de estatura mediana, tem cabelos e sobrancelhas castanhos, fronte ampla; olhos cinza-azulado, nariz e boca bem proporcionados; no queixo redondo, usa óculos. Sinais particulares: rapidez de movimentos e de fala. Vestimenta: sobretudo de pele de gamo verde-escuro, calças negras, colete de veludo, lenço de seda, chapéu de feltro comum e botas”.

19 18 Lohengrin Irineu Franco Perpetuo

de forma substancial, e com a qual jamais ficaria plenamente satisfeito -, Lohengrin teve um processo de composição relativamente tranquilo. Wagner entrou em contato com a lenda medieval do filho de Parsifal pela primeira vez no inverno de 1841-2, em uma sinopse com comentário no relatório anual da Sociedade Germânica de Königsberg. As fontes que ele estudaria em uma hidroterapia em Marienbad, em 1845, evocam outras de suas óperas: Parzivâl e Titurel (personagens que surgiriam em sua última criação para o palco, Parsifal), livros do poeta do século 13 Wolfram von Eschenbach (que Wagner transformou em personagem de Tannhäuser), bem como uma edição do épico anônimo Lohengrin. Em sua autobiografia, o compositor afirmaria que a obra “surgiu na minha frente, subitamente revelada em cada detalhe de sua construção dramática”. A música foi concluída em 1848, e a única mudança relevante foi pedida a Liszt, pouco antes de sua primeira audição mundial: um corte que abrevia a narração de Lohengrin, no terceiro ato. Tal alteração teve que ser feita à distância, já que, se a criação da partitura ocorreu sem sobressaltos, sua estreia teve uma história bastante distinta.


Tal é a descrição do compositor que circulava entre os policiais da Saxônia. Com a ajuda de Liszt, Wagner escapou para a Suíça. A encenação de sua ópera em Dresden, porém, encontrava-se fora de questão. Será o amigo e futuro sogro Liszt quem lhe oferecerá, mais uma vez, apoio. O autor das Rapsódias Húngaras estava radicado em Weimar, onde abandonara as atividades de pianista de concerto itinerante para se tornar Kapellmeister da cidade onde florescera o pensamento de Goethe e Schiller, e onde ele fazia de tudo para promover a música vanguardista da assim chamada Nova Escola Alemã. “O seu Lohengrin será apresentado nas condições mais excepcionais e favoráveis ao sucesso”, escreveu-lhe Liszt. “A direção gastará quase dois mil táleres – soma sem precedentes em Weimar… já compramos uma clarineta baixo”. Superprodução para os padrões da época, Lohengrin estreou em 28 de agosto de 1850 – aniversário de Goethe e data da inauguração do monumento a Herder em Weimar. Banido de território germânico, e sem comparecer à ocasião por medo de ser detido, o próprio compositor só teria a oportunidade de ouvir sua obra 11 anos mais tarde, em 1861, em Viena. Entre uma apresentação e outra, teve a oportunidade de dedicar ao regente da primeira audição a partitura editada da ópera, escrevendo, em 1852: “Meu caro Liszt! Você é aquele que deu uma vida radiante e sonora aos sinais inscritos em minha partitura. Sem a sua amizade única, minha obra ainda estaria adormecida, silenciosa – talvez esquecida até de mim mesmo. Nenhum ouvido teria escutado aquilo que comoveu meu coração e excitou minha imaginação enquanto compunha essa obra. Sua façanha transformou meus desejos em realidade, atraindo novos amigos para mim. Apresso-me agora em tentar despertar nos outros o desejo de seguir o seu exemplo. Que você sirva de modelo àqueles que são capazes de me amar: é assim que eu o apresento a eles, dedicando-lhe minha obra perante o mundo”.

Entre Antígona e Tristão “Com Lohengrin, você põe fim ao velho

mundo da ópera. O espírito plana acima das águas e a luz vai aparecer!”, escreveu Liszt a Wagner mais tarde (1858). Inspirada, como foi a regra ao longo da produção do compositor, na mitologia medieval germânica, a ópera, contudo, também estava enraizada na Antiguidade clássica. Baudelaire, por exemplo, observou nela “uma surpreendente analogia com o mito da Psique antiga, também ela vítima da demoníaca curiosidade e que, não querendo respeitar o incógnito de seu divino esposo, perdeu, perscrutando o mistério, toda a sua felicidade”. Ao explicá-la, o próprio Wagner afirmou que “o traço fundamental do mito de Lohengrin provém de


21 20 Lohengrin Irineu Franco Perpetuo

outro mito grego: o de Zeus e Sêmele. Nesse mito, o deus ama uma humana, mas ela exige ver seu amante em sua aparência real. Zeus cede a Sêmele com tristeza, pois sabe que seu brilho divino aniquilará a mulher que ama”. O compositor ainda traçaria um paralelo com a trilogia tebana, de Sófocles, afirmando que Lohengrin “tem um significado similar para nós que Antígona tinha – guardadas as devidas proporções – para a vida pública grega”. Ao avançar na análise da obra, contudo, Wagner acaba aproximando-a de suas outras criações. Afirma, assim: “Elsa é o inconsciente, a involuntária que atrai o ser cheio de vontade que é Lohengrin. Mas esse desejo (involuntário por definição) não é nada além da necessidade inconsciente de aniquilação dos dois amantes”. Uma declaração que faz de Lohengrin uma antecipação de Tristão e Isolda. Em sua reflexão sobre o protagonista, talvez seja possível ver algo da imagem que Wagner tinha de si mesmo: um artista genial e solitário, em eterna busca por compreensão. Pois ele diz: “Lohengrin, de sua parte, buscava uma mulher que acreditasse nele, que o amasse como ele é, sem perguntar de onde vem nem quem é. Por essa razão, devia esconder sua natureza superior, pois não teria obtido nada além da admiração e da adoração, quando só o amor, a compreensão pelo amor poderiam livrá-lo de sua solidão. Em plena consciência e com absoluto conhecimento, Lohengrin não queria nada além de se tornar um homem realizado, verdadeiro, que sente e sentido como tal. Um homem, então, e não um deus, ou seja, um artista absoluto”. Lohengrin foi ainda a primeira criação wagneriana que Giuseppe Verdi, o grande antípoda do compositor alemão, ouviu no palco. O autor de Aida deslocou-se a Bolonha, em 1871, expressamente para conhecer a obra daquele autor tão célebre, ao qual costumava ser comparado – e pelo qual foi acusado de ser influenciado. Meticuloso, Verdi foi à récita munido de uma partitura de Lohengrin, na qual deixou uma série de anotações documentando sua opinião sobre a obra. Dada a diferença estética e de temperamento artístico entre ambos os compositores, bem como a rivalidade latente, suas ressalvas surpreendem menos do que os elogios que ele consegue dedicar a Wagner. Verdi se queixa bastante da “interpretação medíocre”, com “muita verve, mas nenhum refinamento”, e, “nas passagens difíceis, sempre uma desgraça”. Nessas condições tão desfavoráveis, não espanta que a obra tenha deixado nele uma “impressão medíocre”, queixando-se que “a ação, como o texto, move-se lentamente”. Reconhece, porém “belos efeitos instrumentais”, e que a música é “bela, quando é clara e nela existe pensamento”.


O Wagner mais puro, mais nobre e mais belo O cânone

wagneriano costuma descartar as três primeiras óperas do compositor – Die Feen, Das Liebesverbot e Rienzi, nas quais sua linguagem ainda estaria demasiado sujeita a influências externas, e que jamais são encenadas no Festival de Bayreuth – e colocar Lohengrin, depois de O Navio Fantasma e Tannhäuser, como a última das “óperas românticas”, nas quais o compositor já dominava um idioma musical individual, porém ainda não afirmara os princípios dos “dramas musicais” que viriam em seguida. Desse ponto de vista, Gustave Kobbé, em seu O Livro Completo da Ópera, faz uma interessante análise da partitura, que aqui vale a pena reproduzir na íntegra: “A orquestra comporta vários temas típicos, mas não chegam a receber o tipo de tratamento variado que permitiria chamá-los de motivos principais, ou leitmotiven. Na orquestração, por outro lado, abundam os detalhes fascinantes. Wagner usa os metais basicamente para acompanhar o rei, e, é claro, os coros marciais; as madeiras, queixosas e espiritualizadas, são reservadas a Elsa; o corne inglês e a sombria clarineta baixo (o instrumento que teve de ser comprado para a orquestra de Weimar) para Ortrud; e os violinos, especialmente nas harmonias mais elevadas, para fazer alusão ao Santo Graal e seu representante, Lohengrin. Até mesmo as tonalidades empregadas são característica. É na tonalidade brilhante de dó maior que o trompete do arauto soa para anunciar a chegada do rei. Fá sustenido menor é a tonalidade escura e ameaçadora que acompanha o aparecimento de Ortrud. Lá maior, a mais pura para as cordas e de efeito mais etéreo, dada a maior facilidade para a utilização de 'harmônico', anuncia a chegada de Lohengrin e a sutil influência do Graal”. Por fim, embora a crítica costume tratar os libretos wagnerianos de forma bem mais severa do que suas partituras, o caso de Lohengrin constitui exceção. “Quando falo daquelas centelhas de genialidade linguística espalhadas pelo seu diletantismo audacioso, estou pensando em especial no Anel do Nibelungo; no Lohengrin, que como criação textual representa talvez o que Wagner alcançou de mais puro, de mais nobre, de mais belo”. Esse elogio vem de um dos maiores autores da língua alemã de todos os tempos: Thomas Mann, autor de A Montanha Mágica e Doutor Fausto, e Prêmio Nobel de Literatura de 1929.



Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.


Mário Videira é professor de piano, estética musical e história da ópera no Departamento de Música da USP. Desde 2013 é o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Música da ECA/USP.

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RICHARD WAGNER E O DRAMA MUSICAL MÁRIO VIDEIRA


muitos historiadores consideram que a ópera romântica

na Alemanha teria surgido com a estreia de Der Freischütz, do compositor Carl Maria von Weber, no ano de 1821. Alguns anos antes da estreia dessa obra, numa resenha publicada no prestigioso Allgemeine musikalische Zeitung (1817), Weber criticava as convenções formais às quais a ópera de seu tempo deveria se submeter e expunha alguns dos ideais que norteariam sua própria produção operística: primeiramente, era preciso superar a fragmentação causada pela própria estrutura formal das cenas, com sua subdivisão tradicional em recitativos, árias e cabalettas. Além disso, numa época em que o nacionalismo começava a tomar impulso, seria necessário pensar nas especificidades de uma ópera genuinamente alemã. Na visão de Weber, esta deveria ser “uma obra de arte completa em si mesma, na qual as contribuições parciais das artes colaboradoras se fundem num todo, desaparecem e, ao desaparecer, formam uma espécie de novo mundo”. Esses pontos de vista serão partilhados pelo jovem Richard Wagner, que em diversos textos deixa clara a sua insatisfação com os rumos da produção musical de seu tempo, buscando justificar a todo custo uma radical superação da ópera, tal como entendida e praticada pelos seus contemporâneos, em favor da constituição de uma “obra de arte do futuro”. Assim, a partir de meados do século 19, o compositor publica uma série de escritos teóricos — a saber: A arte e a Revolução (1849), A Obra de Arte do Futuro (escrita em 1849 e publicada em 1850), Ópera e Drama (escrita entre 1850-51 e publicada em 1852) — nos quais expõe suas ideias sobre a “mais elevada obra de arte que é possível conceber: o Drama”. Em A Obra de Arte do Futuro, por exemplo, Wagner afirma que dança, música e poesia,


27 26 Richard Wagner e o Drama Musical Mário Videira

consideradas isoladamente, são artes limitadas. Seria apenas através da reunião de todas essas modalidades artísticas que essas limitações poderiam deixar de existir, “e passará a haver apenas a arte, a arte em si, ilimitada e coletiva”. No programa estético que Wagner se propõe empreender a partir dessa época destaca-se principalmente a retomada do ideal da tragédia grega, em que poesia, música e dança constituiriam uma unidade. No entanto, Wagner não defendia pura e simplesmente uma mera cópia da tragédia grega. O diagnóstico wagneriano, pelo contrário, partia de uma observação de cunho histórico-sociológico: incapaz de refletir os anseios da sociedade, e construída sob medida para o entretenimento dos entediados, o teatro poderia ser considerado como o espelho mais fiel do espírito dominante na sociedade de seu tempo, refletindo a “podridão de um estado de coisas vazio, destituído de espírito e contrário à natureza”. Wagner não aceita nem a primazia concedida à ópera, como algo independente da ação dramática, nem tampouco o destaque concedido à música absoluta, isto é, à musica puramente instrumental e independente de programas. O alvo preferencial de suas críticas era a ópera que, a seu ver, não passaria de um simulacro frente aos verdadeiros ideais da Antiguidade: “Estamos, de fato, longe de poder reconhecer na arte dos nossos teatros públicos a verdadeira arte dramática, a obra única, indivisível e grandiosa do espírito humano. O nosso teatro limita-se a fornecer um espaço complicado para uma apresentação atraente de atos cênicos isolados, superficialmente interligados, defeituosamente artísticos ou, para ser mais exato, artificiosos”. Wagner acentua ainda a incapacidade em que se encontrava a arte cênica de sua época “para efetuar a unificação dos diversos ramos estéticos numa expressão mais elevada e mais perfeita, ou seja, na verdadeira arte dramática”. Wagner considerava que a ópera sempre esteve baseada numa concepção artística equivocada: “o erro do gênero operístico consiste no fato de que um meio de expressão (a Música) foi transformado em finalidade; ao passo que a finalidade da expressão (o Drama), foi transformado em meio”. Tal formulação suscitou inúmeras polêmicas, notadamente com o crítico musical vienense Eduard Hanslick, para o qual a ópera deveria ser, em primeiro lugar, “música”, e não “drama”, ou seja, a preferência deveria ser dada sempre à exigência musical. Para Hanslick, o projeto de se criar uma ópera em que a música fosse empregada apenas como meio da expressão dramática seria um verdadeiro “absurdo musical”. No entanto, como bem lembra o musicólogo Carl Dahlhaus, “quando Wagner fala da música como de uma função do drama, ele não entende por ‘Drama’ o texto poético, mas sim, o evento cênico, no qual colaboram a ação cênica, a palavra cantada e a melodia orquestral”.


Wagner critica duramente o caráter de entretenimento que a arte assumira: em Ópera e Drama, ele descreve a ópera de seu tempo como uma arte frívola: a busca de grandiosos efeitos cênicos - tal como ocorria na Grand Opéra francesa - visava satisfazer a espectadores limitados, que procuravam apenas por divertimento e distração. Além disso, a ópera era considerada mero pretexto para as exibições virtuosísticas dos cantores durante as suas árias - tal como ocorria no bel canto italiano. Seu livro A Obra de Arte do Futuro, escrito por volta da mesma época em que Wagner estava concluindo o Lohengrin, é um documento crucial para compreender sua produção posterior, que pretendia ser uma demonstração prática de suas ideias em torno da ópera. Um primeiro aspecto que chama a atenção na reforma musical levada a cabo por Wagner é a valorização da continuidade da ação. Com isso, ele se afasta da estrutura tradicional da “ópera de números” (recitativo, ária, cabaletta) em favor de uma estrutura musical executada sem interrupção ao longo de cada ato (“durchkomponiert”). Na opinião de críticos como Thomas Grey, a estruturação mais livre das cenas já aponta para uma continuidade “naturalista” fundamental para a ideia de drama musical: “solilóquios, diálogos e outros confrontos dramáticos ocupam a maior parte da ação cênica”. Ainda assim, podemos encontrar em Lohengrin alguns trechos que remetem à forma clássica de ária solo (por exemplo, a célebre “Einsam in trüben Tagen”). Por ser uma obra de transição entre a ópera romântica e o drama musical, podem-se notar também em Lohengrin alguns traços remanescentes dos efeitos cênicos grandiosos característicos da Grand Opéra, tais como a aparição miraculosa de Lohengrin, trazido por um cisne, ou a procissão nupcial no segundo ato. Quanto aos aspectos puramente musicais, destacam-se o uso de determinadas tonalidades para caracterizar certos personagens, bem como o emprego de motivos temáticos (por exemplo, o motivo do Graal e da Frageverbot). Numa carta endereçada a Wagner logo após a estreia da ópera em Weimar, o compositor Franz Liszt escreveu: “Teu Lohengrin é uma ópera sublime do início ao fim. A ópera inteira é um milagre. A música dessa ópera tem como característica principal uma tal unidade de concepção e de estilo, que nela não há nenhuma frase melódica, nenhuma peça de conjunto, absolutamente nenhuma passagem que possa ser compreendida isolada do todo”. Esse ideal romântico de organicidade, unidade e coerência se originava - enquanto técnica e ideia estética - dos princípios do estilo sinfônico, sobretudo do trabalho temático-motívico beethoveniano. A partir de Wagner a ópera tornava-se fortemente sinfônica: a hierarquia entre voz e orquestra é invertida; a trama orquestral deixa de ser meio acompanhamento para a voz, e assume um papel-chave na música. Para Dahlhaus, a técnica dos motivos con-


29 28 Richard Wagner e o Drama Musical Mário Videira

dutores é “constitutiva” no sentido formal, e fundamenta a estrutura de dentro para fora. Com efeito, numa carta a um amigo, escrita logo após o término de O Ouro do Reno, Wagner afirma: “Consegui uma perfeita unidade; não há um só compasso na grade orquestral que não tenha se desenvolvido a partir dos motivos precedentes”. A técnica motívica que Wagner emprega nos dramas musicais a partir de O Ouro do Reno, distingue-se das suas “óperas românticas” anteriores. Para Carl Dahlhaus, a diferença fundamental está no fato de que, nas óperas românticas (tais como Tannhäuser e Lohengrin), os “motivos de reminiscência” (Erinnerungsmotive) limitavam-se aos pontos cruciais da ação, e ligavam um determinado momento dramático com um acontecimento anterior. Por outro lado, nos dramas musicais os “motivos condutores” (Leitmotive) “penetram toda a parte orquestral e determinam a estrutura a cada instante”, criando uma forma musical que não se baseia no equilíbrio de períodos melódicos, mas sim, de uma lógica motívica. Na opinião do compositor Arnold Schoenberg, a técnica de Leitmotive representa a grandiosa intenção de “unificação do material temático de uma ópera inteira, e mesmo de uma tetralogia inteira.” Outra contribuição fundamental de Wagner está no campo da harmonia, com o desenvolvimento da ideia de cromatismo e de tonalidade expandida (erweiterten Tonalität), que levariam à saturação e destruição do sistema tonal. Com efeito, a harmonia de Wagner promoveu uma mudança na lógica e no poder construtivo da harmonia, de tal modo que a evolução da harmonia se expandiu em uma evolução da forma. Como bem notou o musicólogo Tomas Grey, “se o drama musical poderia se orgulhar por ter absorvido as técnicas e o prestígio estético da sinfonia pós-Beethoven, foi a absorção desses elementos num contexto dramático-linguístico que pode ser considerada como aquilo que forneceu à técnica sinfônica um novo sopro de vida e uma nova pretensão de significação cultural. Para Wagner, tanto a sinfonia como a ópera foram ‘redimidos’ para o futuro na Gesamtkunstwerk dramático-musical”.


O Santander é Patrocinador-Mantenedor do Theatro Municipal de São Paulo e apresenta a Série Terças da Temporada Lírica 2015.

xxxx de Yannis Kounellis Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.


Theo Hotz é historiador formado pela USP, onde também estudou Língua, Literatura e Cultura Judaica. É coordenador e professor do Departamento Religioso da Congregação Israelita Paulista, professor do Centro da Cultura Judaica e professor visitante de Cultura Judaica da PUC-SP.

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A LENDA DO GRAAL NA TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ THEO HOTZ


Era meados de abril em algum ponto da década de 30 do século 1 na terra de Israel, então Judeia, ocupada pelo Império Romano. O mês judaico de nissán anunciava a chegada da primavera, e as flores brancas despontavam nas amendoeiras, as púrpuras íris cobriam o monte Guilboa e as anêmonas vermelhas cobriam as planícies do norte e os planaltos de Jerusalém. Aproximava-se a época do Pêssach, a Páscoa, festa da primavera e dos pães sem fermento, que lembrava a já milenar saída dos hebreus do Egito, onde haviam sido escravos por séculos. Na noite da primeira lua cheia da primavera, a noite do equinócio, centenas de milhares de judeus se reuniam em suas casas, com seus familiares ou amigos, inúmeros mestres fariseus (chamados de rabi, rabán, ou rabôni) reuniam-se com seus discípulos para uma ceia memorial, em lembrança do êxodo liderado por Moisés. Como toda festividade judaica, o vinho, símbolo máximo da vida segundo aquela tradição, não podia faltar. Desde séculos antes de Cristo o costume era beber quatro cálices de vinho no decorrer do jantar, celebrando a santidade daquela data, a primavera que começava, o reinício do ciclo agrícola na região e o exaltado valor da liberdade – que muitos dos mestres viam como aviltado pela perda da soberania judaica, desde o início da intervenção romana na terra dos descendentes de Abraão, Isaac e Jacó. Mas, naquela Páscoa específica, em um salão emprestado, a ceia mais famosa de Páscoa viria a ocorrer:


Da Bíblia à boca do povo O tempo passou e, à medida que o cris-

tianismo se consolidava como uma nova tradição religiosa, conquistando boa parte dos cidadãos do Império (que se estendia por quase toda a Europa), é possível que algumas lendas populares sobre o paradeiro do cálice sagrado usado por Jesus em sua última ceia tenham começado a surgir, junto com as lendas sobre demais relíquias sagradas. Embora não documentadas, estas lendas podem ter sobrevivido por tradição oral, desde o final da Idade Antiga até o Medievo. No século 12, a palavra graal aparece documentada pela primeira vez, no Conto do Graal, do trovador francês Chrétien de Troyes, embora o autor nunca tenha se referido ao Graal como sendo o Cálice da Santa Ceia. Em sua obra, a palavra graal se refere a um objeto mítico (“uma coisa muito santa” – “tante sainte chose”), introduzido no castelo de um rei em uma procissão solene, presenciada por Percival, herói do conto, aspirante a cavaleiro, que havia conhecido alguns dos cavaleiros arturianos. Coube a autores posteriores a criação de continuações para a história de Percival, já que Chrétien de

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Jesus, um dos tantos mestres daquele período, sentava-se à mesa com doze seguidores, invocava as bênçãos judaicas sobre o vinho e sobre os pães ázimos dando início ao sagrado ofício religioso. Os textos bíblicos cristãos narram como ele instituiu uma nova Páscoa naquela noite, declarando que aquele pão ázimo era seu próprio corpo que seria entregue em sacrifício pela expiação dos pecados de toda a humanidade e que o vinho daquele cálice era seu próprio sangue, derramado em tal sacrifício, o qual estabeleceria a nova e eterna aliança entre Deus e os seres humanos. Na mesma madrugada, Jesus foi julgado e condenado, seja por ser visto como líder de uma sedição contra o Império Romano, seja por ser visto como um herege pelos sacerdotes saduceus, que o acusavam de ter se declarado divino, que o acusavam de ter se declarado como ‘messias’ – termo hebraico que se refere à unção de um rei. Enquanto seu corpo pendia na cruz, José de Arimateia, um homem rico, seguidor dos ensinamentos do mestre da Galileia, ofereceu uma gruta em suas propriedades para que servisse de sepultura para seu rabi. É então que um soldado romano lhe transpassa o peito com uma lança, fazendo-lhe verter seu sangue. José de Arimateia, segundo evangelhos apócrifos, recolhe em um cálice o sangue que jorrava do peito aberto de seu mestre.


Troyes acabou falecendo antes da conclusão do poema épico. Foram esses autores os responsáveis por estabelecer a ligação entre o objeto de Chrétien de Troyes e o Cálice de Cristo. Apenas cinquenta anos após a morte do autor de O Conto do Graal, já havia surgido nada mais que dezoito publicações contendo continuações, prólogos e novas versões da história do Graal, o que demonstra um enorme sucesso de tais lendas. Também são estes autores posteriores que estabeleceram que o cálice usado por José de Arimateia para recolher o sangue de Cristo na cruz havia sido o mesmo cálice que Jesus teria utilizado na Última Ceia. Eschenbach é o autor que, no século 13, escreveu sobre Lohengrin, o filho de Percival, também Cavaleiro do Graal, cuja identidade e origem deveriam ser mantidas em segredo, até mesmo de sua amada Elsa – conto que inspirou a obra de Wagner, no século 19. Inúmeras outras histórias vão sendo associadas ao Graal no decorrer dos séculos seguintes, associando-os a personagens reais ou mitológicos que remontavam a centenas de anos, ou a personagens contemporâneos (como os Cavaleiros Templários), espalhando e cristalizando as lendas. Assim, no decorrer da Idade Média tornou-se comum acreditar que o Cálice Sagrado teria poderes sobrenaturais de cura e revitalização, podendo conceder vida eterna a todo aquele que fosse puro e digno de beber dele. Também surgiram inúmeras versões para o Graal, que poderia ser tanto o cálice utilizado por Jesus, quanto alguma das travessas ou tigelas utilizadas na sua última ceia de Pêssach. Também houve várias descrições do Graal, desde um cálice simples, de cerâmica ou madeira, até cálices de cristal, vidro, ouro ou prata, digno do “Rei dos reis”.

O Graal na vida real Estas histórias, contudo, sobreviveram uni-

camente como contos populares, passaram por períodos de ostracismo, sendo novamente revisitados nos séculos 19, ganhando nova e mítica popularidade, sendo que ainda existem aqueles que, na atualidade, buscam encontrar o Graal físico, definitivamente uma das maiores relíquias arqueológicas sagradas. Para a Igreja Católica, tal busca é injustificável e infrutífera, visto que, do seu ponto de vista, pouco importa o cálice em si mesmo, mas sim seu simbolismo eucarístico. Fora disso, qualquer história sobre poderes mágicos atribuídos ao cálice não passa de lenda, segundo a maior parte dos teólogos e estudiosos católicos.


NOTAS ¹ Região próxima ao Mar Morto, onde habitou a antiga seita judaica dos essênios. Em 1948 (e em anos seguintes) vários manuscritos foram encontrados nas cavernas de Qumran, sendo popularmente conhecidos por "manuscritos do Mar Morto". São os pergaminhos judaicos mais antigos já encontrados, datados entre os séculos 1 a.C. e 1 d.C..

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De volta à realidade e com os pés no chão, é sabido que artefatos de cerâmica ou madeira do século 1 não se encontram intactos após dois mil anos, salvo raras exceções, como os vasos em que foram encontrados os pergaminhos manuscritos do Mar Morto. A madeira é um material orgânico que se decompõe com o passar do tempo, e a cerâmica utilizada nos espaços urbanos não poderia resistir por vinte séculos, passando pela guerra judaico-romana, que destruiu Jerusalém entre os anos 66 e 73 d.C., pelas inúmeras batalhas pérsico-romanas, pelos movimentos islâmicos de conquista territorial, pelas cruzadas, pelo Império Turco Otomano e pelas guerras árabe-israelenses desde 1948. Mesmo que tomássemos por base as lendas que sugerem que o Graal teria sido levado para a Europa (França, Espanha, Inglaterra ou Alemanha, dependendo da versão da lenda) em meados do século 5, ainda assim seria muito difícil que o objeto tivesse permanecido intacto até lá, a não ser que tivesse sido protegido e escondido, como os manuscritos de Qumran1. De todo modo, mesmo que o cálice da última ceia fosse comprovadamente encontrado, qualquer história sobre ele após o Pêssach de Jesus não passa de lenda, incluindo a de José de Arimateia recolhendo o sangue de Jesus no mesmo cálice. Mas é graças às lendas que a imaginação humana, a criatividade dos escritores e o indubitável gênio dos compositores podem se manifestar. As lendas arturianas não existiriam não fosse pelo Graal. As lendas de Percival e Lohengrin não existiriam não fossem as histórias sobre o Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. No Lohengrin de Wagner, a lenda se torna História e a História se torna tão viva quanto as púrpuras íris do monte Guilboa e as anêmonas vermelhas dos planaltos de Jerusalém.


apresenta

Série Sábados Temporada Lírica 2015 do Theatro Municipal de São Paulo


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HISTÓRICO DE APRESENTAÇÕES


/ ESTREIA MUNDIAL

28 de agosto de 1850 Hoftheater, Weimar, Alemanha Franz Liszt Regente Karl Beck Lohengrin August Höfer Rei Henrique Rosa von Milde Elsa Hans von Milde Telramund Josephine Fastlinger Ortrud August Pätsch Arauto

/ PRIMEIRA APRESENTAÇÃO NO BRASIL

11 de outubro de 1892 Teatro São José, São Paulo Arnaldo Conti Regente Michele Mariacher Lohengrin Remo Ercolani Rei Henrique Concetta Bordalba Elsa Tito Terzi Telramund Erina Borlinetto-Conti Ortrud Napoleone Limonta Arauto

/ APRESENTAÇÕES NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

11 de agosto de 1920 Edoardo Vitale Regente Beniamino Gigli Lohengrin Giulio Cirino Rei Henrique Ofélia Nieto Elsa José Segura-Tallien Telramund Elvira Casazza Ortrud

/AGOSTO DE 1921

Gino Marinuzzi Regente Beniamino Gigli Lohengrin Giulio Cirino Rei Henrique Madeleine Bugg Elsa Luigi Rossi-Morelli Telramund Fanny Anitua Ortrud Salvatore Persichetti Arauto


/ JUNHO DE 1924

Federico del Cupolo Regente Franco Tafuro Lohengrin Luigi Manfrini Rei Henrique Natalina de Sanctis Elsa Carlo Tagliabue Telramund Rhea Toniolo Ortrud Silvio Vieira Arauto

/ JUNHO DE 1926

Federico del Cupolo Regente Ciro Scafa Diretor Cênico Vincenzo Sempere Lohengrin Luigi Ferroni Rei Henrique Rosina Sasso Elsa Carlo Tagliabue Telramund Gabriella Galli Ortrud Antonio Serpo Arauto

/ SETEMBRO DE 1940

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Arturo de Angelis Regente Mario Girotti Diretor Cênico Domenico Mastronardi Lohengrin Duilio Baronti Rei Henrique Lina Passalacqua Elsa Giuseppe Manacchini Telramund Maria Benedetti Ortrud Felipe Carone Arauto

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Ira Levin Regente Cleber Papa Diretor Cênico Leonid Zachozhaev Lohengrin Stephen Bronk Rei Henrique Graciela de Gyldenfeldt Elsa Lício Bruno Telramund Leila Guimarães Ortrud José Gallisa Arauto

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/ NOVEMBRO DE 2004

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Gino Marinuzzi Regente Walter Kirchoff Lohengrin Karl Braun Rei Henrique Carlota Dahmen Elsa Emil Schipper Telramund Maria Olzcewska Ortrud Heinrich Thiemer Arauto

Histórico de Apresentações

/ OUTUBRO DE 1923


O IRB Brasil RE, maior ressegurador latino-americano, é patrocinador da Série Mista II da Temporada Lírica de 2015 do Theatro Municipal de São Paulo.


Claudio Abbado Regência Siegfried Jerusalem Lohengrin Cheryl Studer Elsa Waltraud Meier Ortrud Hartmut Welker Telramund Filarmônica de Viena Deutsche Grammophon

Daniel Barenboim Regência Peter Seiffert Lohengrin Falk Struckmann Telramund Emily Magee Elsa Brabant Deborah Polaski Ortrud Staatskapelle Berlim Teldec

Rudolf Kempe Regência Jess Thomas Lohengrin Elisabeth Grümmer Elsa Christa Ludwig Ortrud Dietrich Fischer-Dieskau Telramund

Filarmônica de Viena EMI

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GRAVAÇÕES DE REFERÊNCIA


Peter Schneider Regência Werner Herzog Direção cênica Paul Frey Lohengrin Cheryl Studer Elsa Gabriele Schnaut Ortrud Ekkehard Wlaschiha Telramund Festival de Bayreuth Deutsche Grammophon

Kent Nagano Regência Richard Jones Direção cênica Jonas Kaufmann Lohengrin Anja Harteros Elsa Wolfgang Koch Telramund Michaela Schuster Ortrud Bayerisches Staatsorchester Decca



Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.


Ópera romântica em três atos Texto e música de Richard Wagner Antuérpia, primeira metade do século 10 Henrique o Passarinheiro, rei alemão Lohengrin Elsa de Brabante Frederico de Telramund conde de Brabante Ortrud esposa de Frederico Arauto do Rei Quatro nobres brabantes Quatro pajens Duque Godofredo irmão de Elsa Condes e nobres saxões e turíngios condes e nobres brabantes senhoras da nobreza homens do povo, mulheres e servos Tradução de Vicente Sampaio

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LIBRETO LOHENGRIN


PRIMEIRO ATO ERSTER AKT Primeira Cena Erste Scene

[Uma várzea às margens do rio Escalda, em Antuérpia. – Rei Henrique sob o carvalho judicial. Ao seu lado, condes e nobres saxônicos, seus vassalos. Defronte, condes e nobres brabantes, Frederico de Telramund os encabeça com Ortrud ao seu lado. – O arauto caminha de entre os vassalos até o meio: sob seu sinal, quatro trombeteiros do Rei soam a convocação.]

[Eine Aue am Ufer der Schelde bei Antwerpen. – König Heinrich unter der Gerichts-Eiche; zu seiner Seite Grafen und Edle vom sächsichen Heerbann. Gegenüber brabantische Grafen und Edle, an ihrer Spitze Friedrich von Telramund, zu dessen Seite Ortrud. – Der Heerrufer ist aus dem Heerbann des Königs in die Mitte geschritten: auf sein Zeichen blasen vier Trompeter des Königs den Aufruf.]

Arauto Heerrufer

Escutai! Condes, nobres, homens livres de Brabante! Henrique, o Rei alemão, chegou à cidade, para tratar convosco conforme a Lei do Império. De boa paz e obedientes, aceitais o comando?

Hört! Grafen, Edle, Freie von Brabant! Heinrich, der Deutschen König, kam zur Statt, mit euch zu dingen nach des Reiches Recht. Gebt ihr nun Fried’ und Folge dem Gebot?

Brabantes Die Brabanter

De boa paz e obedientes, aceitamos o comando! [Batendo nas armas.] Bem-vindo, bem-vindo, Rei, a Brabante! [O Rei se levanta.]

Wir geben Fried’ und Folge dem Gebot! [an die Waffen schlagend] Willkommen, willkommen, König, in Brabant! [Der König erhebt sich.]

Rei Henrique König Heinrich

Que Deus vos saúde, caros homens de Brabante! Não foi o ócio que me fez viajar até vós; vim lembrar das urgências do Império! Será que primeiro devo noticiar aflições que, vindas do Oriente, tanto têm assaltado a terra alemã? Nestes extremos, ordenastes que mulheres e crianças rezem: “Senhor Deus, livrai-nos da ira dos húngaros!”. Mas era a mim, cabeça do Império, que cabia conceber um fim para tão feroz injúria. Como prêmio pela vitória na

Gott grüß’ euch, liebe Männer von Brabant! Nicht müßig tat zu euch ich diese Fahrt; der Not des Reiches seid von mir gemahnt! Soll ich euch erst der Drangsal Kunde sagen, die deutsches Land so oft aus Osten traf? In fernster Mark hießt Weib und Kind ihr beten: “Herr Gott, bewahr’ uns vor der Ungarn Wut!”. Doch mir, des Reiches Haupt, mußt’ es geziemen solch wilder Schmach ein Ende zu ersinnen; als Kampfes Preis gewann ich


[Batendo nas armas.] Adiante! Com Deus, pela honra do Império Alemão!

[an die Waffen schlagend] Wohlauf! Mit Gott für deutschen Reiches Ehr’!

Rei König

Venho agora até vós, homens de Brabante, para convocá-los com suas tropas até a Mogúncia, Com que dor e pesar tenho de ver que, sem um príncipe, viveis na discórdia! De confusão e de feroz disputa eu tive notícia. Por isso, chamo-te, Frederico de Telramund! Sei-te digno de todas as virtudes, agora fala para que eu saiba a razão da aflição.

Komm’ ich zu euch nun, Männer von Brabant, zur Heeresfolg’ nach Mainz euch zu entbieten, wie muß mit Schmerz und Klagen ich erseh’n, dass ohne Fürsten ihr in Zwietracht lebt! Verwirrung, wilde Fehde wird mir kund; drum ruf’ ich dich, Friedrich von Telramund! Ich kenne dich als aller Tugend Preis, jetzt rede, dass der Drangsal Grund ich weiß.

Frederico Friedrich

Agradeço-te, Rei, por teres vindo fazer justiça! A verdade eu direi, pois não sei ser infiel. Quando estava moribundo, o Duque de Brabante confiou seus filhos à minha tutela: Elsa, a menina, e Godofredo, o menino. Cultivei fielmente a grandiosa

Dank, König, dir, dass du zu richten kamst! Die Wahrheit künd’ ich, Untreu’ ist mir fremd. Zum Sterben kam der Herzog von Brabant, und meinem Schutz empfahl er seine Kinder, Elsa die Jungfrau und Gottfried den Knaben;

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Saxões Die Sachsen

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Frieden auf neun Jahr’, – ihn nützt’ ich zu des Reiches Wehr: beschirmte Städt’ und Burgen ließ ich bau’n, den Heerbann übte ich zum Widerstand. Zu End’ ist nun die Frist, der Zins versagt, mit wildem Drohen rüstet sich der Feind. [mit großer Wärme] Nun ist es Zeit des Reiches Ehr’ zu wahren; ob Ost, ob West? das gelte allen gleich! Was deutsches Land heißt, stelle Kampfes Schaaren, dann schmäht wohl Niemand mehr das deutsche Reich.

Libreto Lohengrin

guerra, ganhei paz por nove anos. Aproveitei-a para proteger o Império: mandei construírem cidades e fortalezas, recrutei exércitos para a resistência. Agora esse período acabou: os impostos não são pagos e com ferozes ameaças o inimigo se arma. [Com grande veemência.] Agora é a hora de defender a honra do Império. De Leste a Oeste, isso vale para todos! A toda terra que se diz alemã ordeno: reúna tropas, pois ninguém há de injuriar de novo o Império Alemão!


juventude do rapaz, sua vida era essa jóia de minha honra. Imagine, Rei, quão atroz foi minha dor quando essa jóia de minha honra foi roubada! Passeando, um dia Elsa levou o menino para a floresta, mas voltou sem ele. Com falsa preocupação, perguntou pelo irmão, pois, tendo se perdido dele sem querer, segundo disse, logo perdeu seu rastro. Foram vãos todos os esforços para achar o desaparecido. Quando pressionei Elsa com ameaças, ela então ficou lívida e trêmula de apreensão, deixando-nos ver a confissão do abominável crime. Tomou-me um horror da moça. À sua mão, que o pai a mim concedera, renunciei contente e voluntariamente, desposando outra mulher, mais afim aos meus sentimentos: [Apresenta Ortrud, que se inclina diante do Rei.] Ortrud, descendente de Radbod, príncipe da Frísia. [Frederico avança solenemente alguns passos.] Agora, levanto acusação contra Elsa de Brabante; eu a denuncio por crime de fratricídio. Esta terra, porém, eu arrogo a mim, por Direito, pois sou o mais próximo de sangue do Duque, e minha mulher, além disso, vem de uma estirpe que outrora também deu príncipes a estas terras. Ouviste a acusação, Rei! Julga com justiça!

mit Treue pflag ich seiner großen Jugend, sein Leben war das Kleinod meiner Ehre. Ermiß nun, König, meinen grimmen Schmerz, als meiner Ehre Kleinod mir geraubt! Lustwandelnd führte Elsa den Knaben einst zum Wald, doch ohne ihn kehrte sie zurück; mit falscher Sorge frug sie nach dem Bruder, da sie, von ungefähr von ihm verirrt, bald seine Spur, so sprach sie, nicht mehr fand. Fruchtlos war all’ Bemüh’n um den Verlor’nen; als ich mit Drohen nun in Elsa drang, da ließ in bleichem Zagen und Erbeben der gräßlichen Schuld Bekenntnis sie uns seh’n. Es faßte mich Entsetzen vor der Magd; dem Recht auf ihre Hand, vom Vater mir verlieh’n, entsagt’ ich willig da und gern, und nahm ein Weib, das meinem Sinn gefiel: [Er stellt Ortrud vor, diese verneigt sich vor dem König.] Ortrud, Radbods, des Friesenfürsten Sproß. [Er schreitet feierlich einige Schritte vor.] Nun führ’ ich Klage wider Elsa von Brabant; des Brudermordes zeih’ ich sie. Dies Land doch sprech’ ich für mich an mit Recht, da ich der Nächste von des Herzogs Blut, mein Weib dazu aus dem Geschlecht, das einst auch diesen Landen seine Fürsten gab. Du hörst die Klage, König! Richte recht!


Rei König

Que acusação terrível proferes! Como seria possível um crime assim tão grave?

Welch fürchterliche Klage sprichst du aus! Wie wäre möglich solche große Schuld?

Frederico Friedrich

[Cada vez mais agressivo.] Ó meu senhor, perdida em sonhos está a moça vaidosa, que, cheia de arrogância, desprezou minha mão. Por isso, de secreta relação amorosa a acuso: [Cada vez mais denunciando uma excitação colérica.] Ela decerto fantasiou que, livre do irmão, então poderia, como senhora de Brabante, por direito, recusar sua mão ao vassalo e abertamente cuidar de seu amor secreto. [Com um gesto grave, o Rei o interrompe Frederico em seu fervor.]

[immer heftiger] O Herr, traumselig ist die eitle Magd, die meine Hand voll Hochmut von sich stieß. Geheimer Buhlschaft klag’ ich drum sie an: [immer mehr einen bitter gereizten Zustand verratend] sie wähnte wohl, wenn sie des Bruders ledig, dann könnte sie als Herrin von Brabant mit Recht dem Lehnsmann ihre Hand verwehren, und offen des geheimen Buhlen pflegen. [Der König unterbricht durch eine ernste Gebärde Friedrichs Eifer.]

Rei König

Chamai a acusada! [Muito solene.] O julgamento deve começar agora! Que Deus me permita ser sábio! [O arauto caminha solenemente para o centro.]

Ruft die Beklagte her! [sehr feierlich] Beginnen soll nun das Gericht! Gott lass mich weise sein! [Der Heerrufer schreitet feierlich in die Mitte.]

Arauto Heerrufer

Aqui, realizar-se-á o julgamento por Lei e Autoridade? [O Rei pendura com solenidade seu escudo no carvalho.]

Soll hier nach Recht und Macht Gericht gehalten sein? [Der König hängt mit Feierlichkeit den Schild an der Eiche auf.]

Rei König

Que o escudo não me proteja antes que eu tenha julgado com rigor e compaixão. [Todos os homens desembainham as espadas, os saxões e turíngios as fincam na terra, os brabantes as estendem no chão.]

Nicht eh’r soll bergen mich der Schild, bis ich gerichtet streng und mild. [Alle Männer entblößen die Schwerter, die Sachsen stoßen sie vor sich in die Erde, die Brabanter strecken sie flach vor sich nieder.]

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[in feierlichem Grau’n] Ha, schwerer Schuld zeiht Telramund! Mit Grau’n werd’ ich der Klage kund!

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[Com um horror contido.] Ah, Telramund a denuncia por um crime gravíssimo! Que horror me causa saber dessa acusação!

Libreto Lohengrin

Todos os homens Alle Männer


Todos os homens Alle Männer

Que a espada não retorne à bainha antes que o julgamento faça justiça.

Nicht eh’r zur Scheide kehr’ das Schwert, bis ihm das Urteil Recht gewährt

Arauto Heerrufer

Onde vedes pendente o escudo do Rei, Lá vereis a justiça feita por julgamento! Assim, chamo em clara e alta voz: Elsa, apresenta-te neste recinto!

Wo ihr des Königs Schild gewahrt, dort Recht durch Urteil nun erfahrt! Drum ruf’ ich klagend laut und hell: Elsa, erscheine hier zur Stell’!

Segunda Cena Zweite Scene

[Elsa aparece e permance por alguns momentos no fundo do palco. Então avança bem lentamente e bastante encabulada para o centro. Mulheres a seguem, mas permanecem primeiramente no fundo, no limite extremo do círculo do julgamento.]

[Elsa tritt auf; sie verweilt eine Zeit lang im Hintergrunde; dann schreitet sie sehr langsam und mit großer Verschämtheit der Mitte des Vordergrundes zu; Frauen folgen ihr, diese bleiben aber zunächst im Hintergrunde an der äußersten Gränze des Gerichtskreises.]

Todos os homens Alle Männer

Olhai! Aproxima-se aquela que foi duramente acusada. Ah, como parece pura e cheia de luz! Aquele que ousou incriminá-la tão gravemente, como deve estar seguro do crime!

Seht hin! Sie naht, die hart Beklagte. Ha! wie erscheint sie so licht und rein! Der sie so schwer zu zeihen wagte, wie sicher muß der Schuld er sein!

Rei König

Tu és Elsa de Brabante? [Elsa anui com a cabeça.] Tu me reconheces como teu juiz? [Elsa se volta para o Rei, olha-o nos olhos e então responde que sim com um gesto confiante.] Então, eis minha próxima pergunta: tens conhecimento da grave acusação que aqui foi levantada contra ti? [Elsa dirige o olhar para Frederico e Ortrud, inclina com tristeza a cabeça e anui.] O que dizes em resposta à acusação? [Elsa, com um gesto, diz “Nada”.]

Bist du es, Elsa von Brabant? [Elsa neigt das Haupt bejahend.] Erkennst du mich als deinen Richter an? [Elsa wendet ihr Haupt nach dem König, blickt ihm in’s Auge und bejaht dann mit vertrauensvoller Gebärde.] So frage ich weiter, ist die Klage dir bekannt, die schwer hier wider dich erhoben? [Elsa erblickt Friedrich und Ortrud, neigt traurig das Haupt und bejaht.] Was entgegnest du der Klage? [Elsa – durch eine Gebärde: “nichts”.]

Rei König

Portanto confessas tua culpa?

So bekennst du deine Schuld?


Todos os homens Die Männer

Que espantoso! Que comportamento insólito.

Wie wunderbar! Welch’ seltsames Gebahren!

Rei König

Diga, Elsa! Tens algo para confidenciar-me? [Silêncio cheio de expectativa.]

Sag’, Elsa! was hast du mir zu vertrau’n? [Erwartungsvolles Schweigen.]

elsa

[Olhando calmamente para o infinito.] Sozinha, em dias sombrios, rezei para deus. A mais funda dor do peito derramei em minha oração. Eis que de meu lamento surgiu um som tão triste, que vibrou com violência e pelos ares se espalhou. Eu o escutei ecoar de longe até que deixasse meus ouvidos. Meus olhos se fecharam e mergulhei num doce sono.

[ruhig vor sich hinblickend] Einsam in trüben Tagen hab’ ich zu Gott gefleht, des Herzens tiefstes Klagen ergoß ich im Gebet: – da drang aus meinem Stöhnen ein Laut so klagevoll, der zu gewalt’gem Tönen weit in die Lüfte schwoll: – ich hört’ ihn fern hin hallen, bis kaum mein Ohr er traf; mein Aug’ ist zugefallen, ich sank in süßen Schlaf.

Homens Die Männer

Que estranho! – Estará sonhando? – Estará delirando?

Wie sonderbar! – Träumt sie? – Ist sie entrückt?

Rei König

[Como se quisesse acordar Elsa de um sonho.] Elsa, defenda-te perante o tribunal! [A face de Elsa muda da expressão, indo do devaneio onírico para uma transfiguração extasiada.]

[als wolle er Elsa aus dem Traum wecken] Elsa, verteid’ge dich vor dem Gericht! [Elsas Mienen gehen von dem Ausdruck träumerischen Entrücktseins zu der schwärmerischen Verklärung über.]

elsa

Em armadura luminosa, radiante, um cavaleiro se aproximou. Era de pureza tão virtuosa, como eu jamais havia visto. Trazia um chifre dourado à cinta, apoiado sobre a espada. Assim, surgido dos ares, ele veio para mim, o valoroso herói. Com gestos cheios de decoro infundiu-me consolo ... Pelo cavaleiro eu esperarei! [Exaltada.] Ele há de ser meu paladino!

In lichter Waffen Scheine ein Ritter nahte da, so tugendlicher Reine ich keinen noch ersah: ein golden Horn zur Hüften, gelehnet auf sein Schwert, – so trat er aus den Lüften zu mir, der Recke wert; mit züchtigem Gebahren gab Tröstung er mir ein; – des Ritters will ich wahren, [schwärmerisch] er soll mein Streiter sein!

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[blickt eine Zeit lang traurig vor sich hin.] Mein armer Bruder!

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[Por alguns momentos, com um triste olhar para o infinito.] Meu pobre irmão!

Libreto Lohengrin

elsa


Todos os homens Alle Männer

[Muito impressionados.] Que o Céu nos conceda a bênção de ver com clareza quem aqui é o culpado!

[sehr gerührt] Bewahre uns des Himmels Huld, dass klar wir sehen, wer hier Schuld!

Rei König

Frederico, tu, homem honrado, medita bem. Quem estás acusando?

Friedrich, du ehrenwerter Mann, bedenke wohl, wen klagst du an?

Frederico Friedrich

Os devaneios de sua índole não me enganam. Vós escutastes, ela se exalta por um amante! Estou seguro da razão pela qual a incrimino. De seu delito, tenho provas dignas de fé. Mas dissipar vossas dúvidas com outro testemunho, isso, em verdade, ofenderia o meu orgulho! Aqui estou, aqui está minha espada! Quem de vós ousará combater contra a minha honra?

Mich irret nicht ihr träumerischer Mut; ihr hört, sie schwärmt von einem Buhlen! Wes ich sie zeih’, des hab’ ich sich’ren Grund. Glaubwürdig ward ihr Frevel mir bezeugt; doch eurem Zweifel durch ein Zeugnis wehren, das stünde wahrlich übel meinem Stolz! Hier steh’ ich, hier mein Schwert: – wer wagt von euch zu streiten wider meiner Ehre Preis?

Brabantes Die Brabanter

Nenhum de nós! Combatemos somente por ti!

Keiner von uns! Wir streiten nur für dich!

Frederico Friedrich

Rei, e tu? Recorda-te de meus serviços? Como venci a luta com os ferozes dinamarqueses?

Und König, du? Gedenkst du meiner Dienste, wie ich im Kampf den wilden Dänen schlug?

Rei König

Que impróprio seria se tivesses que me lembrar disso! Folgo em estimar-te como homem da mais alta virtude. Eu não gostaria de ver esta terra sob a guarda de ninguém mais que não seja tu mesmo. [Tomando uma decisão de modo solene.] É somente Deus quem deve decidir agora a questão.

Wie schlimm, ließ’ ich von dir daran mich mahnen! Gern geb’ ich dir der höchsten Tugend Preis; in keiner and’ren Hut, als in der deinen, möcht’ ich die Lande wissen. – [mit feierlichem Entschluß] Gott allein soll jetzt in dieser Sache noch entscheiden.

Todos os homens Alle Männer

Ao ordálio! Ao ordálio! Vamos! [O Rei saca a espada e a finca no solo diante de si.]

Zum Gottesgericht! Zum Gottesgericht! Wohlan! [Der König zieht sein Schwert und stößt es vor sich in die Erde.]


Frederico Friedrich

Sim!

Ja!

Rei König

E agora pergunto a ti, Elsa de Brabante! Aceitas que aqui, em luta de vida ou morte, um campeão combata por ti neste ordálio?

Und dich nun frag’ ich, Elsa von Brabant! Willst du, dass hier auf Leben und auf Tod im Gottesgericht ein Kämpe für dich streite?

Elsa

[Sem levantar os olhos.] Sim!

[ohne die Augen aufzuschlagen] Ja!

Rei König

Quem tu escolhes como paladino?

Wen wählest du zum Streiter?

Frederico Friedrich

Notai agora o nome de seu amante!

Vernehmet jetzt den Namen ihres Buhlen!

Brabantes Die Brabanter

Atenção! [Elsa não sai do lugar e permanece com expressão de êxtase. Todos olham para ela com apreensão.]

Merket auf! [Elsa hat ihre Stellung und schwärmerische Miene nicht verlassen; Alles blickt mit Gespanntheit auf sie.]

Elsa

[Com firmeza.] Espero pelo cavaleiro, ele há de ser meu paladino! [Sem olhar ao redor.] Ao enviado de Deus, escutai o que dou como garantia. Nas terras de meu pai ele deverá portar a coroa. Feliz eu hei de considerar-me se ele se apossar de meus bens. Caso queria me chamar de esposa, dar-lhe-ei o que sou!

[fest] Des Ritters will ich wahren, er soll mein Streiter sein! [ohne sich umzublicken] Hört, was dem Gottgesandten ich biete zu Gewähr: – in meines Vaters Landen die Krone trage er; mich glücklich soll ich preisen, nimmt er mein Gut dahin; – will er Gemahl mich heißen, geb’ ich ihm, was ich bin!

Todos os homens Alle Männer

[Falando para si próprios.] Belo prêmio, se for da vontade de Deus! [Entre si.] Mas quem lutar por ele terá de pagar um alto penhor!

[für sich] Ein schöner Preis, stünd’ er in Gottes Hand! [unter sich] Wer um ihn stritt, wohl setzt’ er schweres Pfand!

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Dich frag’ ich, Friedrich, Graf von Telramund! Willst du durch Kampf auf Leben und auf Tod im Gottesgericht vertreten deine Klage?

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Pergunto-te, Frederico, Conde de Telramund! Aceitas sustentar, em luta de vida ou morte, tua acusação neste ordálio?

Libreto Lohengrin

Rei König


Rei König

É meio-dia, o sol está a pino: chegou a hora, que se faça o chamado! [O arauto avança com os quatro trombeteiros. Ele lhes indica os quatro pontos cardinais nos limites do círculo judicial e ordena a convocação.]

Im Mittag hoch steht schon die Sonne: so ist es Zeit, dass nun der Ruf ergeh’! [Der Heerrufer tritt mit den vier Trompetern vor, die er den vier Himmelsgegenden zugewendet an die äußersten Grenzen des Gerichtskreises vorschreiten und so den Ruf blasen lässt.]

Arauto Heerrufer

Quem aqui veio para combater no ordálio por Elsa de Brabante, que avance! Que avance! [Longo silêncio – Elsa, que até então permanecera sempre tranqüila, começa a demonstrar inquietação com a espera.]

Wer hier im Gotteskampf zu streiten kam für Elsa von Brabant, der trete vor! Der trete vor! [Langes Stillschweigen. – Elsa, welche bisher in ununterbrochen ruhiger Haltung verweilt, zeigt entstehende Unruhe der Erwartung.]

Todos os homens Alle Männer

O chamado ecoou sem resposta.

Ohn’ Antwort ist der Ruf verhallt.

Frederico Friedrich

[Apontando para Elsa.] Vede, vede! Por acaso fiz uma falsa acusação?

[auf Elsa deutend] Gewahrt, gewahrt, ob ich sie fälschlich schalt?

Todos os homens Alle Männer

Ela se encontra num impasse!

Um ihre Sache steht es schlecht!

Frederico Friedrich

A justiça está do meu lado!

Auf meiner Seite bleibt das Recht!

Elsa

[Achegando-se ao Rei.] Meu amável Rei, deixa-me pedir-te mais um chamado ao meu cavaleiro! [Cheia de inocência.] Decerto ele ainda está longe e não o escuta.

[etwas näher zum König tretend] Mein lieber König, lass dich bitten, noch einen Ruf an meinen Ritter! [sehr unschuldig] Wohl weilt er fern und hört’ ihn nicht.

Rei König

[Ao arauto.] Que se faça mais uma vez o chamado para o julgamento. [Ao sinal do arauto, os trombeteiros se voltam novamente para os quatro pontos cardinais.]

[zum Heerrufer] Noch einmal rufe zum Gericht. [Auf das Zeichen des Heerrufers richten die Trompeter sich wieder nach den vier Himmelsgegenden.]

Arauto Heerrufer

Quem aqui veio para combater no ordálio por Elsa de Brabante, que

Wer hier im Gotteskampf zu streiten kam für Elsa von Brabant, der trete


Deus julga com um sombrio silêncio. [Elsa cai de joelhos em fervorosa oração. As mulheres, preocupadas com sua senhora, avançam um pouco para a frente do palco.]

In düst’rem Schweigen richtet Gott! [Elsa sinkt zu inbrünstigem Gebet auf die Knie. Die Frauen, in Besorgnis um ihre Herrin, treten etwas näher in den Vordergrund.]

ELSA

Tu levaste até ele o meu lamento, a mim ele veio por teu mandado. Ó Senhor! Agora, diz ao meu cavaleiro que ele deve me acudir em minha aflição!

Du trugest zu ihm meine Klage, zu mir trat er auf dein Gebot: – O Herr! Nun meinem Ritter sage, dass er mir helf’ in meiner Not!

Mulheres Die Frauen

[Caindo de joelhos.] Senhor! Envia ajuda para ela! Senhor Deus! Escuta-nos!

[auf die Knie sinkend] Herr! Sende Hilfe ihr! Herr Gott! Höre uns!

ELSA

[Num entusiasmo crescente.] Deixa-me vê-lo como antes o vi. [Com uma expressão alegremente transfigurada.] Como antes o vi, que a mim ele chegue.

[in wachsender Begeisterung] Lass mich ihn seh’n, wie ich ihn sah, [mit freudig verklärter Miene] wie ich ihn sah, sei er mir nah’!

[O primeiro coro é formado pelos homens que estão imediatamente às margens do rio. São eles que percebem a chegada de Lohengrin, o qual aparece ao longe, no rio, dentro de um bote puxado por um cisne. O segundo coro é formado pelos homens que estão distantes das margens; de início, eles não saem do lugar e se voltam aos que estão mais próximos das margens, com perguntas e com curiosidade cada vez mais viva; depois, em pequenos grupos, abandonam a frente do palco para ir à margem e poder ver com os próprios olhos.]

[Den ersten Chor bilden die dem Ufer des Flußes zunächst stehenden Männer; sie gewahren zuerst die Ankunft Lohengrins, welcher in einem Nachen, von einem Schwan gezogen, auf dem Fluße in der Ferne sichtbar wird. Den zweiten Chor bilden die dem Ufer entfernter stehenden Männer im Vordergrunde, welche, ohne zunächst ihren Platz zu verlassen, mit immer regerer Neugier sich fragend an die dem Ufer näher Stehenden wenden; sodann verlassen sie in einzelnen Haufen den Vordergrund, um selbst am Ufer nachzusehen.]

Vede! Vede! Que milagre estranho! Como pode ser? Um cisne?! Lá vai um cisne a puxar um bote

Seht! Seht! Welch’ ein seltsam Wunder! Wie? Ein Schwan?! Ein Schwan zieht einen Nachen dort heran!

Homens Die Männer

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Homens Die Männer

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vor! Der trete vor! [Wiederum langes, gespanntes Stillschweigen.]

Libreto Lohengrin

avance! Que avance! [Novamente um longo e apreensivo silêncio.]


para cá! Dentro dele, está de pé um cavaleiro. Como brilha a sua armadura! Os olhos se enlevam perante tamanho fulgor!

Ein Ritter drin hoch aufgerichtet steht. Wie glänzt sein Waffenschmuck! Das Aug’ vergeht vor solchem Glanz!

[Aqui, Lohengrin desaparece dos olhos do público na curva do rio, à direita e atrás das árvores. Os atores, porém, o vêem à direita da cena, aproximando-se cada vez mais.]

[Hier ist Lohengrin in der Biegung des Flußes rechts hinter den Bäumen dem Auge des Publikums entschwunden: die Darstellenden jedoch sehen ihn rechts in der Scene immer näher kommen.]

Um bote? Quem o conduz? Como? O quê? De fato, é um cavaleiro! Que milagre estranho! Vede, o bote está cada vez mais perto! Atrelado a uma corrente de ouro, o cisne o puxa! Olhai para lá! Ele se aproxima! [Aqui, os últimos homens também se apressam para o fundo. Na frente permanecem apenas o Rei, Elsa, Frederico, Ortrud e as mulheres. Fortemente impactados, todos se precipitam para frente do palco. De seu assento mais elevado, o Rei lança um olhar sobre tudo que se passa. Frederico e Ortrud estão tomados de horror e espanto. Elsa, que escutava os gritos dos homens num crescente transporte extático, permanece em sua posição no meio do palco; é como se ela não ousasse olhar ao redor de si.]

Einen Nachen? Wen führt er? Wie? Was? Wahrlich, ein Ritter ist’s! Welch’ seltsam Wunder! Seht, näher kommt er schon heran! An einer gold’nen Kette zieht der Schwan! Seht hin! Er naht! [Auch die Letzten eilen hier noch nach dem Hintergrund; im Vordergrunde bleiben nur der König, Elsa, Friedrich, Ortrud und die Frauen. In höchster Ergriffenheit stürzen hier Alle nach vorn. Von seinem erhöhten Platze aus überblickt der König Alles: Friedrich und Ortrud sind durch Schreck und Staunen gefesselt; Elsa, die mit steigender Entzückung den Ausrufen der Männer gelauscht hat, verbleibt in ihrer Stellung in der Mitte der Bühne; sie wagt gleichsam nicht sich umzublicken.]

Todos os homens Alle Männer

Milagre! Milagre! Aconteceu um milagre! Um milagre inaudito, jamais visto!

Ein Wunder, ein Wunder, ein Wunder ist gekommen, ein unerhörtes, nie geseh’nes Wunder!

Mulheres Die Frauen

[Caindo de joelhos.] Obrigada, Senhor e Deus, tu que proteges essa frágil mulher! [Aqui, o olhar de todos se volta novamente para o fundo do palco, cheio de expectativas.]

[auf die Knie sinkend] Dank, du Herr und Gott, der die Schwache beschirmet! [Hier wendet sich der Blick Aller wieder erwartungsvoll nach dem Hintergrunde.]


elsa

Ah! [O bote puxado pelo cisne chega à margem do rio, no fundo do palco. Dentro dele, Lohengrin está de pé, portando uma resplandecente armadura de prata, o capacete sobre a cabeça, o escudo nas costas. Um pequeno chifre dourado está à cintura, apoiado na espada. Estupefato e sem palavras, Frederico fita Lohengrin. – Ortrud, que durante o julgamento permanecera com uma atitude fria e orgulhosa, é tomada de grande horror ao avistar o cisne. Sob intensa comoção, todos tiram seus chapéus.]

Ha! [Der Nachen, vom Schwan gezogen, erreicht hier in der Mitte des Hintergrundes das Ufer; Lohengrin, in glänzender Silberrüstung, den Helm auf dem Haupte, den Schild im Rücken, ein kleines gold’nes Horn zur Seite, steht, auf sein Schwert gelehnt, darin. – Friedrich blickt in sprachlosem Erstaunen auf Lohengrin hin. – Ortrud, die während des Gerichtes in kalter, stolzer Haltung verblieben, gerät bei dem Anblick des Schwanes in tödlichen Schreck. Alles entblößt in höchster Ergriffenheit das Haupt.]

Todos os homens e todas as mulheres Alle Männer und Frauen

Saudações, homem enviado por Deus! [Assim que Lohengrin faz o primeiro movimento para deixar o bote, instaura-se um silêncio tenso e cheio de expectativa.]

Sei gegrüß, du gottgesandter Mann! [So wie Lohengrin die erste Bewegung macht, den Kahn zu verlassen, tritt bei Allen sogleich das gespannteste Schweigen ein.]

Lohengrin

[Ainda com um pé no bote, inclina-se para o cisne.] Recebe agora a minha gratidão, caro cisne! Navega de volta pelo extenso rio, para o lugar de onde teu bote me trouxe, retorna em nome de nossa felicidade: que assim se cumpra fielmente teu serviço! Adeus! Adeus, meu caro cisne!

[mit einem Fuß noch im Nachen, neigt sich zum Schwan] Nun sei bedankt, mein lieber Schwan! Zieh’ durch die weite Flut zurück, dahin, woher mich trug dein Kahn, kehr’ wieder nur zu uns’rem Glück: drum sei getreu dein Dienst getan! Leb’ wohl! Leb’ wohl, mein lieber Schwan!

[O cisne manobra o barco lentamente e singra o rio de volta. Lohengrin o mira por alguns instantes, com tristeza nos olhos.]

[Der Schwan wendet langsam den Nachen und schwimmt den Fluß zurück. Lohengrin sieht ihm eine Weile wehmütig nach.]

[Muito impressionados e sussurrando.] Que doce e ditoso temor nos toma, Que delicado poder nos encanta!

[voll Rührung und im leisesten Flüsterton] Wie fasst uns selig süßes Grauen, welch holde Macht hält uns

Homens e mulheres Die Männer und Frauen

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[Hier hat Elsa sich umgewandt und schreit bei Lohengrins Anblick laut auf.]

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[Aqui, Elsa se volta para Lohengrin e solta um grito ao vê-lo.]

Libreto Lohengrin

Terceira Cena Dritte Scene


[Aqui Lohengrin deixa a margem do rio e caminha lenta e solenemente para a frente do palco.] Como é lindo e majestoso ver aquele que um milagre trouxe à nossa terra!

gebannt! [Hier verlässt Lohengrin das Ufer und schreitet langsam und feierlich nach dem Vordergrund.] Wie ist er schön und hehr zu schauen, den solch ein Wunder trug an’s Land!

Lohengrin

[Inclina-se reverente diante do rei.] Salve, Rei Henrique! Que as bênçãos de Deus estejam com a tua espada! Famoso e grandioso, teu nome jamais há de desaparecer desta terra!

[verneigt sich vor dem König] Heil, König Heinrich! Segenvoll mög’ Gott bei deinem Schwerte steh’n! Ruhmreich und groß dein Name soll von dieser Erde nie vergeh’n!

Rei König

Receba minha gratidão! Se reconheço corretamente o poder que te trouxe até esta terra, então tu vens até nós enviado por Deus?

Hab’ Dank! Erkenn’ ich recht die Macht, die dich in dieses Land gebracht, so nahst du uns von Gott gesandt?

Lohengrin

Para defender em combate uma donzela contra a qual pesa uma grave acusação, eu fui enviado. Agora, deixai-me ver se fiz o certo quando vim encontrá-la! [Volta-se para mais perto de Elsa.] Então fala, Elsa de Brabante: se eu for nomeado teu paladino, tu irás, sem receio e temor, confiar-te à minha proteção? [Elsa está paralisada desde que viu Lohengrin, qual sob o efeito de um encanto. Quando ela é como que acordada pelas palavras dele, mergulha aos seus pés, arrebatada por um sentimento de alegria.]

Zum Kampf für eine Magd zu steh’n, der schwere Klage angetan, bin ich gesandt. Nun laßt mich seh’n, ob ich zu recht sie treffe an! – [Er wendet sich etwas näher zu Elsa.] So sprich denn, Elsa von Brabant: – wenn ich zum Streiter dir ernannt, willst du wohl ohne Bang’ und Grau’n dich meinem Schutze anvertrau’n? [Elsa, die, seitdem sie Lohengnin erblickte, wie in Zauber regungslos festgebannt war, sinkt, wie durch seine Ansprache erweckt, in überwältigend wonnigem Gefühle zu seinen Füßen.]

elsa

Meu herói, meu cavaleiro! Aceitame! A ti, dou tudo o que sou!

Mein Held, mein Retter! Nimm mich hin! Dir geb’ ich Alles, was ich bin!

Lohengrin

[Bem carinhosamente.] Se eu vencer o combate por ti,

[mit größerer Wärme] Wenn ich im Kampfe für dich siege,


elsa

Tão certo como agora estou aos teus pés, a ti vou me entregar de corpo e alma.

Wie ich zu deinen Füßen liege, geb’ ich dir Leib und Seele frei.

Lohengrin

Elsa, se hei de me tornar teu esposo se hei de amparar tua terra e tua gente, se doravante nada há de me arrancar de ti, então uma só coisa tu deves me prometer: Jamais me perguntarás, e jamais te preocuparás em saber de onde eu vim em minha viagem e qual é meu nome e a minha estirpe.

Elsa, soll ich dein Gatte heißen, soll Land und Leut’ ich schirmen dir, soll nichts mich wieder von dir reißen, mußt Eines du geloben mir: – Nie sollst du mich befragen, noch Wissens Sorge tragen, woher ich kam der Fahrt, noch wie mein Nam’ und Art.

elsa

[Em voz baixa, quase inconsciente.] Jamais, senhor, há de me ocorrer a pergunta!

[leise, fast bewußtlos] Nie, Herr, soll mir die Frage kommen!

Lohengrin

[Com mais intensidade, muito sério.] Elsa! Tu me compreendeste bem? – [Ainda mais determinado.] Jamais me perguntarás, e jamais te preocuparás em saber de onde eu vim em minha viagem e qual é meu nome e a minha estirpe.

[gesteigert, sehr ernst] Elsa! hast du mich wohl vernommen? – [noch bestimmter] Nie sollst du mich befragen, Noch Wissens Sorge tragen, woher ich kam der Fahrt, noch wie mein Nam’ und Art.

elsa

[Com grande emoção, levantando os olhos para ele.] Meu defensor! Meu anjo! Meu redentor, que crê com tanta firmeza na minha inocência! Que crime seria maior do que ter dúvidas que me roubariam a fé em ti? Tal como tu me defendes na minha aflição, manter-me-ei fiel ao teu mandamento!

[mit großer Innigkeit zu ihm aufblickend] Mein Schirm! Mein Engel! Mein Erlöser, der fest an meine Unschuld glaubt! Wie gäb’ es Zweifelschuld, die größer, als die an dich den Glauben raubt? Wie du mich schirmst in meiner Not, so halt’ in Treu’ ich dein Gebot!

Lohengrin

[Levantando Elsa junto ao seu peito.] Elsa! Eu te amo!

[Elsa an seine Brust erhebend] Elsa! Ich liebe dich! [Beide verweilen eine Zeit lang in

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willst du, dass ich dein Gatte sei?

Libreto Lohengrin

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queres que eu seja teu esposo?


[Ambos permanecem por alguns instantes nessa posição.]

dieser Stellung.]

Homens e mulheres Die Männer und Frauen

[Em voz baixa e comovidos.] Que maravilha é essa que estou vendo? Será um feitiço que lançaram em mim? [Lohengrin conduz Elsa ao Rei, deixando-a aos seus cuidados.] Sinto meu coração desvanecer ao ver este homem amável e grandioso! [Lohengrin avança solenemente para o centro do círculo.]

[leise und gerührt] Welch’ holde Wunder muss ich seh’n? Ist’s Zauber, der mir angetan? [Lohengrin geleitet Elsa zum König und übergiebt sie dessen Hut.] Ich fühl’ das Herze mir vergeh’n, schau’ ich den hehren, wonnenvollen Mann! [Lohengrin schreitet feierlich in die Mitte des Kreises.]

Lohengrin

Agora, escutai! A vós, do povo e da nobreza, anuncio: Elsa de Brabante está livre de toda culpa. Que a acusação é falsa, conde de Telramund, saberás pelo juízo de Deus!

Nun hört! Euch, Volk und Edlen, mach’ ich kund: frei aller Schuld ist Elsa von Brabant. Dass falsch dein Klagen, Graf von Telramund, durch Gottes Urteil werd’ es dir bekannt!

Nobres brabantes Brabantische Edle

[Em segredo para Frederico.] Desiste da luta! Se o desafias, jamais serás capaz de vencê-lo. Se ele está protegido por um poder supremo, diz, do que te serviria tua brava espada? Desiste da luta! Por lealdade, nós te exortamos! Aguarda-te a derrota, um amargo arrependimento!

[heimlich zu Friedrich] Steh’ ab vom Kampf! Wenn du ihn wagst, zu siegen nimmer du vermagst. Ist er von höchster Macht geschützt, sag’, was dein tapf’res Schwert dir nützt? Steh’ ab vom Kampf! Wir mahnen dich in Treu’! Dein harret Unsieg, bitt’re Reu’!

Frederico Friedrich

[Que fixou um olhar perscrutador sobre Lohengrin. Com violência.] Antes morto do que covarde! Não importa a magia que te trouxe até aqui, estrangeiro que tão valente se mostra. Tuas soberbas ameaças não me atingem, pois estou certo de que não minto jamais. Assim, a luta contigo eu aceito com fé na vitória e na justiça!

[der unverwandt sein Auge forschend auf Lohengrin geheftet hat; heftig] Viel lieber tot als feig! Welch’ Zaubern dich auch hergeführt, Fremdling, der mir so kühn erscheint; dein stolzes Droh’n mich nimmer rührt, da ich zu lügen nie vermeint: Den Kampf mit dir drum nehm’ ich auf, und hoffe Sieg nach Rechtes Lauf!


Rei König

Que avancem três homens para cada combatente a fim de medir bem a roda da contenda! [Três nobres saxões avançam para Lohengrin, três nobres brabantes para Frederico. Eles caminham solenemente, medindo a área de combate e cruzando um o caminho do outro. Assim que os seis terminam de marcar todo o círculo, estacam a lança na terra.]

So tretet vor zu drei für jeden Kämpfer, und messet wohl den Ring zum Streite ab! [Drei sächsische Edle treten für Lohengrin, drei brabantische für Friedrich vor; sie schreiten feierlich an einander vorüber und messen so den Kampfplatz ab; – als die sechs einen vollständigen Kreis gebildet haben, stoßen sie die Speere in die Erde.]

Arauto Der Heerrufer

[No meio do círculo de combate.] Agora, escutai-me e prestai atenção: aqui, ninguém deve intervir no combate! Permanecei distantes da área marcada, pois quem não respeita a Lei da Paz, se for homem livre, perderá a mão, se for servo, perderá a cabeça!

[in der Mitte des Kampfringes] Nun höret mich, und achtet wohl: den Kampf hier keiner stören soll! Dem Hage bleibet abgewandt, denn wer nicht wahrt des Friedens Recht, der Freie büß’ es mit der Hand, mit seinem Haupte büß’ es der Knecht!

Todos os homens Alle Männer

Se for homem livre, perderá a mão, se for servo, perderá a cabeça!

Der Freie büß’ es mit der Hand, mit seinem Haupte büß’ es der Knecht!

Arauto Der Heerrufer

Escutai também vós, combatentes deste julgamento! Respeitai com lealdade as regras do combate! Com artimanhas e truques de feitiçaria, não corrompais a integridade deste ordálio. Deus vos julgará com direito e justiça, confiai n’Ele, não em vossa própria força!

Hört auch, ihr Streiter vor Gericht! Gewahrt in Treue Kampfes Pflicht! Durch bösen Zaubers List und Trug stört nicht des Urtheils Eigenschaft: – Gott richtet euch nach Recht und Fug, so trauet ihm, nicht eurer Kraft!

Lohengrin e Frederico Lohengrin und Friedrich

[Ambos de pé e em lados opostos, fora do círculo de combate.] Que Deus me julgue com direito e justiça! Pois n’Ele eu confio, não em

[zu beiden Seiten außerhalb des Kampfkreises stehend] Gott richte mich nach Recht und Fug! So trau’ ich ihm, nicht meiner

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Nun, König, ord’ne unsren Kampf! [Alles begiebt sich in die erste Gerichtsstellung.]

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Agora, Rei, dá a ordem de combate! [Todos se dirigem para os lugares que antes ocupavam no julgamento.]

Libreto Lohengrin

Lohengrin


minha própria força! [O Reiavança para o centro com grande solenidade.]

Kraft! [Der König schreitet mit großer Feierlichkeit in die Mitte vor.]

Rei König

Meu Senhor e Deus, agora eu o invoco, ... [Aqui todos tiram os chapéus em sinal da mais profunda devoção.] ... para que presencies esta luta! Através da vitória da espada, pronuncia o veredicto que demonstra claramente a verdade e a mentira! Ao braço do inocente, dá a força de um herói, e que esmoreça a força de quem mente. Assim, Deus, ajuda-nos nesta hora, porque nossa sabedoria é inepta.

Mein Herr und Gott, nun ruf’ ich dich, [Hier entblößen Alle das Haupt und lassen sich zur feierlichsten Andacht an.] dass du dem Kampf zugegen sei’st! Durch Schwertes Sieg ein Urteil sprich, das Trug und Wahrheit klar erweist! Des Reinen Arm gieb Heldenkraft, des Falschen Stärke sei erschlafft: so hilf uns, Gott, zu dieser Frist, weil uns’re Weisheit Einfalt ist.

Elsa e Lohengrin Elsa und Lohengrin

Agora darás a conhecer teu verdadeiro juízo, meu Deus e Senhor. Por isso, não hesito!

Du kündest nun dein wahr’ Gericht, mein Gott und Herr, drum zag’ ich nicht!

Ortrud

Tenho confiança na sua força, que lhe dá a vitória onde quer que ele lute.

Ich baue fest auf seine Kraft, die, wo er kämpft, ihm Sieg verschafft.

Frederico Friedrich

Apresento-me confiante ao teu julgamento! Senhor Deus, não abandones agora a minha honra!

Ich geh’ in Treu’ vor dein Gericht! Herr Gott, nun verlaß’ mein’ Ehre nicht!

Rei König

Meu Senhor e Deus, agora eu o invoco, para que presencies esta luta! Através da vitória da espada, pronuncia o veredicto que demonstra claramente a verdade e a mentira! Assim, anuncia agora teu juízo verdadeiro, Senhor meu Deus, assim, anuncia agora teu juízo verdadeiro! Meu Senhor e Deus, agora e sem mais tardar!

Mein Herr und Gott, dich rufe jetzt ich an, dass du dem Kampf zugegen seist. Durch Schwertes Sieg sprich ein Urteil, das Trug und Wahrheit klar erweist. So künde nun dein wahr‘ Gericht, Herr mein Gott, so künde nun dein wahr‘ Gericht! Mein Herr und Gott, nun zög‘re nicht!

Arauto e todos os homens Der Heerrufer und alle Männer

Ao braço do inocente, dá a força de um herói, e que esmoreça a força de quem mente.

Des Reinen Arm gieb Heldenkraft, des Falschen Stärke sei erschlafft: so hilf uns, Gott, zu dieser Frist, weil uns’re Weisheit Einfalt ist!


Lohengrin

Mein Herr und Gott! Seg’ne ihn!

[Todos retornam aos seus lugares em intensa e solene agitação. As seis testemunhas permanecem junto a suas lanças, no perímetro do círculo. Os demais homens se posicionam ao redor dele a pouca distância. Elsa e as mulheres estão na frente, sob o carvalho, junto ao rei. Ao sinal do arauto, os trombeteiros soam a convocação para o combate. Lohengrin e Frederico terminam de preparar suas armas. O Rei arranca sua espada da terra e com ela bate três vezes no escudo pendurado no carvalho. Primeira batida: Lohengrin e Frederico entram no círculo. Segunda batida: levantam os escudos em guarda e sacam as espadas. Terceira batida: começam a lutar. Lohengrin ataca primeiro. Aqui, Lohengrin derruba Frederico com um golpe largo e violento. Frederico tenta se levantar novamente, caminha trôpego por alguns passos e sucumbe ao chão. Soam-se as trombetas ao sinal do arauto.]

[Alle treten unter großer, feierlicher Aufregung an ihre Plätze zurück; die sechs Kampfzeugen bleiben bei ihren Speeren dem Ringe zunächst, die übrigen Männer stellen sich in geringer Weite um ihn her. Elsa und die Frauen im Vordergrunde unter der Eiche beim Könige. Auf des Heerrufers Zeichen blasen die Trompeter den Kampfruf: – Lohengrin und Friedrich vollenden ihre Waffenrüstung. Der König zieht sein Schwert aus der Erde und schlägt damit dreimal auf den an der Eiche aufgehängten Schild. Erster Schlag. Lohengrin und Friedrich treten in den Ring. Zweiter Schlag. Sie legen den Schild vor und ziehen das Schwert. Dritter Schlag. Sie beginnen den Kampf: Lohengrin greift zuerst an. Hier streckt Lohengrin mit einem weitausgeholten Streiche Friedrich nieder. Friedrich versucht sich wieder zu erheben, taumelt einige Schritte zurück und stürzt zu Boden. Die Trompeter fallen auf das Zeichen des Heerrufers ein.]

[Pondo a espada na garganta de Frederico.] Pela vitória de Deus, agora tua vida é minha: [Deixando-o.] Presenteio-te com ela. Que tu a consagres ao arrependimento! [Todos os homens pegam de volta suas espadas e as embainham. As testemunhas do combate arrancam as lanças da terra. O rei retoma seu escudo do carvalho. Em júbilo, todos

[das Schwert auf Friedrichs Hals setzend] Durch Gottes Sieg ist jetzt dein Leben mein: – [von ihm ablaßend] ich schenk’ es dir – mögst du der Reu’ es weih’n! [Alle Männer nehmen ihre Schwerter wieder an sich und stoßen sie in die Scheiden: die Kampfzeugen ziehen die Speere aus der Erde; der König nimmt seinen Schild von der Eiche. Alles

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Meus Senhor e Deus! Abençoa-o!

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So künde nun dein wahr’ Gericht, du Herr und Gott, nun zög’re nicht!

Libreto Lohengrin

Mulheres Die Frauen

Assim, Deus, ajuda-nos nesta hora, porque nossa sabedoria é inepta! Assim, anuncia agora teu juízo verdadeiro, tu, Senhor e Deus, agora e sem mais tardar!


se precipitam para o centro e ocupam o espaço onde estava o círculo de combate. Elsa corre para Lohengrin.]

stürzt jubelnd nach der Mitte und erfüllt so den vorherigen Kampfkreis. Elsa eilt auf Lohengrin zu.]

Homens e mulheres Männer und Frauen

Vitória! Vitória! Vitória! Glória a ti, herói!

Sieg! Sieg! Sieg! Heil dir, Held!

Rei König

[Também embainhando sua espada.] Vitória! Vitória!

[sein Schwert ebenfalls in die Scheide stoßend] Sieg! Sieg!

ELSA

Quem dera encontrar cantos de alegria à altura da tua glória, dignos de louvar-te, cheios de elogio supremo! Em ti eu tenho de extinguir-me, diante de ti desvaneço. Para que eu me veja feliz, recolhe tudo que sou. [Cai sobre o peito de Lohengrin.]

O fänd’ ich Jubelweisen, deinem Ruhme gleich, dich würdig zu preisen, an höchstem Lobe reich! In dir muss ich vergehen, vor dir schwind’ ich dahin, soll ich mich selig sehen, nimm Alles, was ich bin. [Sie sinkt an Lohengrins Brust.]

Rei e homens Der König und die Männer

Ó canto da vitória, entoa para o herói, bem alto, um elogio supremo! Glória à tua viagem, louvor à tua vinda! Salves à tua estirpe, protetor dos devotos! [Com entusiasmo crescente.] Tu defendeste o Direito dos devotos! Louvor à tua vinda! Salves à tua estirpe! [Com extremo entusiasmo.] Cantaremos tão só a tua glória, por ti ressoarão nossas canções! Herói igual a ti jamais retornará a esta terra!

Ertöne, Siegesweise, dem Helden laut zum höchsten Preise! Ruhm deiner Fahrt, Preis deinem Kommen! Heil deiner Art, Schützer der Frommen! [in wachsender Begeisterung] Du hast gewahrt das Recht der Frommen! Preis deinem Kommen! Heil deiner Art! [in höchster Begeisterung] Dich nur besingen wir, dir schallen uns’re Lieder! Nie kehrt ein Held gleich dir zu diesen Landen wieder!

Ortrud

[Com olhar funesto, fixo sobre Lohengrin; furiosa.] Quem é que o derrotou? Quem é que me faz impotente? Se eu me resignar diante dele, minhas esperanças não estariam perdidas?

[den finstern Blick unverwandt auf Lohengrin gerichtet; wütend] Wer ist’s, der ihn geschlagen? Durch den ich machtlos bin? Sollt’ ich vor ihm verzagen, wär’ all’ mein Hoffen hin?

Mulheres Die Frauen

Quem dera encontrar cantos de alegria à altura de sua glória,

Wo fänd’ ich Jubelweisen, seinem Ruhme gleich, ihn würdig zu preisen,


[Levantando Elsa de seu peito.] A vitória eu conquistei somente graças à tua pureza. Agora, o que sofreste, a ti será pago de volta.

[Elsa von seiner Brust erhebend] Den Sieg hab’ ich erstritten durch deine Rein’ allein; nun soll, was du gelitten, dir reich vergolten sein!

elsa

Quem dera encontrar cantos de alegria à altura da tua glória, dignas de louvar-te, cheias de elogio supremo! Em ti eu tenho de extinguir-me, diante de ti desvaneço. Para que eu me veja feliz, recolhe tudo que sou. Acolhe, acolhe tudo!

O fänd’ ich Jubelweisen, deinem Ruhme gleich, dich würdig zu preisen, an höchstem Lobe reich! In dir muss ich vergehen, vor dir schwind’ ich dahin, soll ich mich selig sehen, nimm Alles, was ich bin. Nimm es hin, alles hin!

Frederico Friedrich

Ai, Deus me derrotou, por meio d’Ele fui derrotado! Ao sagrado devo me resignar! Lá se foram a glória e a honra! [Frederico desmaia aos pés de Ortrud.]

Weh’, mich hat Gott geschlagen, durch ihn ich sieglos bin! Am Heil muss ich verzagen! Mein Ruhm und Ehr’ ist dahin! [Friedrich sinkt zu Ortruds Füßen ohnmächtig zusammen.]

[Jovens guerreiros levantam Lohengrin sobre seu escudo e Elsa sobre o escudo do Rei, que já está coberto por muitos mantos dela. Dessa maneira, ambos são levados do palco sob gritos de alegria]

[Junge Männer erheben Lohengrin auf seinen Schild und Elsa auf den Schild des Königs, auf welchen zuvor mehrere ihre Mäntel gebreitet haben: so werden beide unter Jauchzen avongetragen.]

[Cai o pano.]

[Der Vorhang fällt.]

[A cena acontece no burgo de Antuérpia. No fundo do palco está o castelo. Na frente do palco, à esquerda, está a Kemenate [o cômodo das mulheres], à direita está a catedral. É noite. Ortrud e Frederico, ambos em andrajos

[Die Scene ist in der Burg von Antwerpen: im Hintergrunde der Palas, links im Vordergrunde die Kemenate [Frauenwohnung], rechts der Münster. Es ist Nacht. Ortrud und Friedrich, beide in dunkler knechtischer

segundo ATO ZWEITER AKT Primeira Cena Erste Scene

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Lohengrin

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an höchstem Lobe reich! Du hast gewahrt das Recht der Frommen; Preis deinem Kommen! Heil deiner Fahrt!

Libreto Lohengrin

dignos de louvá-lo, cheios de elogio supremo! Tu defendeste o Direito dos devotos! Louvor à tua vinda! Salves à tua estirpe!


de serviçais, estão sentados nos degraus da catedral. Frederico voltado sombriamente para si mesmo, Ortrud tem os olhos fixos na janela do palácio, que está bem iluminada]

Tracht, sitzen auf den Stufen des Münsters: Friedrich finster in sich gekehrt,Ortrud die Augen unverwandt auf die hell erleuchteten Fenster des Palas gerichtet]

[De fora do castelo, escuta-se uma alegre música.]

[Aus dem Palas hört man jubelnde Musik.]

Frederico Friedrich

[Erguendo-se bruscamente.] Levanta-te, companheira da minha vergonha! O dia nascente não deve nos ver por aqui.

[erhebt sich rasch] Erhebe dich, Genossin meiner Schmach! Der junge Tag darf hier uns nicht mehr seh’n.

Ortrud

[Sem mudar de posição.] Não posso partir, um feitiço aqui me prende. Desse esplendor que vem da janela de nosso inimigo deixa-me sorver um veneno terrível, fatal, que dê fim à nossa vergonha e à alegria deles.

[ohne ihre Stellung zu ändern] Ich kann nicht fort, hieher bin ich gebannt, aus diesem Glanz des Festes uns’res Feindes laß’ saugen mich ein furchtbar tödlich Gift, das unsre Schmach und ihre Freuden ende!

Frederico Friedrich

[Sombrio, caminhando para diante de Ortrud.] Tu, mulher terrível, que feitiço ainda me atrai para a tua companhia? [Com sua cólera crescendo rapidamente] Por que não te deixo sozinha e fujo para longe, longe, ... [com pesar] ... onde minha consciência reencontre paz! [Numa explosão violentíssima de intensa dor e fúria.] Por ti, fui levado a perder minha honra, toda a minha glória. Nunca mais o louvor há de me enfeitar, meu heroísmo é só vergonha! O desterro me foi sentenciado, minha espada foi feita em pedaços, meu brasão foi destruído, amaldiçoada foi minha linhagem!

[finster vor Ortrud hintretend] Du fürchterliches Weib, was bannt mich noch in deine Nähe? [mit schnell wachsender Heftigkeit] Warum laß’ ich dich nicht allein, und fliehe fort, dahin, dahin, [schmerzlich] wo mein Gewissen Ruhe wieder fänd’! [im heftigsten Ausbruch schmerzlicher Leidenschaft und Wut] Durch dich mußt’ ich verlieren mein’ Ehr’, all’ meinen Ruhm; nie soll mich Lob mehr zieren, Schmach ist mein Heldentum! Die Acht ist mir gesprochen, zertrümmert liegt mein Schwert, mein Wappen ward zerbrochen, verflucht mein Vaterherd! Wohin ich nun mich wende, gebannt, gefehmt bin ich, dass ihn mein Blick nicht schände,


[Musik aus dem Palas.]

Ortrud

[Sempre na mesma posição, enquanto Frederico se levanta.] Mas o que te faz perder-te num lamento tão feroz?

[immer in ihrer ersten Stellung, während Friedrich sich erhebt] Was macht dich in so wilder Klage doch vergeh’n?

Frederico Friedrich

É que até mesmo da arma fui privado ... [Com um movimento brusco.] ... com a qual eu te mataria!

Dass mir die Waffe selbst geraubt, [mit einer heftigen Bewegung] mit der ich dich erschlüg’!

Ortrud

[Tranquila e com escárnio.] Ó Frederico, o Pacífico, conde de Telramund, por que desconfias de mim?

[mit ruhigem Hohn] Friedreicher Graf von Telramund, weshalb mißtraust du mir?

Frederico Friedrich

Tu ainda perguntas? Não foi teu testemunho, tua palavra que me enredou na acusação da inocente? Tu não mentiste para mim quando disse

Du fragst? War’s nicht dein Zeugnis, deine Kunde, die mich bestrickt, die Reine zu verklagen? Die du im düst’ren Wald zu Haus, logst du

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[Uma música vem do castelo.]

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flieht selbst der Räuber mich. Durch dich mußt’ ich verlieren mein’ Ehr’, all’ meinen Ruhm; nie soll mich Lob mehr zieren, Schmach ist mein Heldentum! Die Acht ist mir gesprochen, zertrümmert liegt mein Schwert, mein Wappen ward zerbrochen, verflucht mein Vaterherd! O, hätt’ ich Tod erkoren, [fast weinend] da ich so elend bin! [in höchster Verzweiflung] Mein’ Ehr’, mein’ Ehr’ hab’ ich verloren, mein’ Ehr’, mein’ Ehr’ ist hin! [Er stürzt, von wüthendem Schmerz überwältigt, zu Boden.]

Libreto Lohengrin

Para onde quer que agora eu me volte, sou um degredado, um condenado. Com vergonha da minha presença, até o bandido foge de mim. Por ti, fui levado a perder minha honra, toda a minha glória. Nunca mais o louvor há de me enfeitar, meu heroísmo é só vergonha! O desterro me foi sentenciado, minha espada foi feita em pedaços, meu brasão foi destruído, amaldiçoada foi minha linhagem! Oh, eu teria preferido a morte, ... [Quase chorando.] ... pois sou um miserável! [Em total desespero.] Minha honra, eu perdi minha honra! Minha honra, minha honra se foi! [Cai ao chão, dominado por uma dor furiosa.]


que, de teu selvagem palácio, a viste cometer o crime na escura floresta ao lado de tua casa, que viste com teus próprios olhos como Elsa afogou o irmão na lagoa? Não enredaste meu coração orgulhoso com a profecia de que a antiga e nobre casta de Radbod logo floresceria de novo e reinaria em Brabante? Desse modo, não me levaste a desistir da mão de Elsa, a Pura, para tomar a ti como esposa, porque és o último descendente de Radbod?

mir nicht, von deinem wilden Schlosse aus die Untat habest du verüben seh’n? mit eig’nem Aug’, wie Elsa selbst den Bruder im Weiher dort ertränkt? Umstricktest du mein stolzes Herz durch die Weissagung nicht, bald würde Radbods alter Fürstenstamm von neuem grünen und herrschen in Brabant? Bewogst du so mich nicht von Elsas Hand, der Reinen, abzusteh’n, und dich zum Weib zu nehmen, weil du Radbods letzter Sproß?

Ortrud

[Em voz baixa, mas colérica.] Ah, com que crueldade tu me ofendes! [Em voz alta.] Sim! A ti, eu disse e testemunhei tudo isso!

[leise, doch grimmig] Ha, wie tödlich du mich kränkst! [laut] Dies alles, ja, ich sagt’ und zeugt’ es dir!

Frederico Friedrich

E não fizeste de mim, cujo nome era reverenciado, cuja a vida era digna da mais alta virtude, um ignóbil companheiro de tua mentira?

Und machtest mich, des’ Name hochgeehrt, des’ Leben aller höchsten Tugend Preis zu deiner Lüge schändlichem Genossen?

Ortrud

[Teimando.] Quem mentiu?

[trotzig] Wer log?

Frederico Friedrich

Tu! Através do julgamento, Deus não me puniu por isso?

Du! Hat nicht durch sein Gericht Gott mich dafür geschlagen?

Ortrud

[com um terrível escárnio] Deus?

[mit fürchterlichem Hohne] Gott?

Frederico Friedrich

Que horror! Como soa terrível o nome d’Ele em tua boca!

Entsetzlich! Wie tönt aus deinem Munde furchtbar der Name!

Ortrud

Ah, chamas tua covardia de “Deus”?

Ha, nennst du deine Feigheit Gott?

Frederico Friedrich

Ortrud!

Ortrud!


Frederico Friedrich

Quanto mais fraco ele fosse, mais violenta seria a força de Deus no combate!

Je schwächer er, desto gewalt’ger kämpfte Gottes Kraft!

Ortrud

Força de Deus? Pois sim! Dá-me aqui algum poder, que eu te mostro bem como é fraco o Deus que o protege.

Gottes Kraft? Ha, ha! Gib hier mir Macht, und sicher zeig’ ich dir, welch’ schwacher Gott es ist, der ihn beschützt.

Frederico Friedrich

[Tomado de pavor, em voz baixa e trêmula.] Tu, selvagem advinha, como podes querer enfeitiçar meu espírito mais uma vez?

[von Schauer ergriffen, mit leiser, bebender Stimme] Du wilde Seherin, wie willst du doch geheimnisvoll den Geist mir neu berücken!

Ortrud

[Apontando para o palácio, cujas luzes se apagaram.] Os pândegos já se deitam para luxuoso descanso. Senta ao meu lado! É chegada a hora em que meus olhos proféticos hão de iluminar-te. [Frederico se aproxima cada vez mais de Ortrud, inclina-se até ela e a escuta com atenção] Sabes quem é esse herói que a estas margens trouxe um cisne?

[auf den Palas deutend, in dem das Licht verlöscht ist] Die Schwelger streckten sich zur üpp’gen Ruh’; setz’ dich zur Seite mir! Die Stund’ ist da, wo dir mein Seherauge leuchten soll. [Friedrich nähert sich Ortrud immermehr und neigt sein Ohr aufmerksam zu ihr herab.] Weißt du, wer dieser Held, den hier ein Schwan gezogen an das Land?

Frederico Friedrich

Não!

Nein!

Ortrud

O que então me darias para sabê-lo, se eu te dissesse que, caso ele fosse obrigado a declarar seu nome e sua estirpe,

Was gäbst du doch, es zu erfahren, wenn ich dir sag’, ist er gezwungen

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Willst du mir droh’n? Mir, einem Weibe, droh’n? Oh Feiger, hättest du so grimmig ihm gedroht, der jetzt dich in das Elend schickt, wohl hättest Sieg für Schande du erkauft! Ha, wer ihm zu entgegnen wüßt’, der fänd’ ihn schwächer als ein Kind!

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Queres ameaçar-me? Ameaçar a mim, uma mulher? Oh, covarde! Se tivesses ameaçado tão colericamente aquele que agora te lança na desgraça, decerto teria obtido vitória em vez de vergonha! Ah, quem o soubesse enfrentar, descobriria que ele é mais fraco que uma criança!

Libreto Lohengrin

Ortrud


teria fim toda a sua força, que laboriosamente um feitiço lhe confere?

zu nennen wie sein Nam’ und Art, all’ seine Macht zu Ende ist, die mühvoll ihm ein Zauber leiht?

Frederico Friedrich

Ah! Já compreendi o porquê da proibição!

Ha! dann begriff ich sein Verbot.

Ortrud

Agora escuta! Ninguém aqui tem poder de arrebatar-lhe o segredo, exceto aquela que ele proibiu absolutamente de lhe fazer a pergunta.

Nun hör’! Niemand hier hat Gewalt, ihm das Geheimnis zu entreißen, als die, der er so streng verbot, die Frage je an ihn zu tun.

Frederico Friedrich

Portanto, é preciso induzir Elsa a não o desobrigar da pergunta.

So gält’ es, Elsa zu verleiten, dass sie die Frag’ ihm nicht erließ?

Ortrud

Ah, como entendes rápido e bem!

Ha, wie begreifst du schnell und wohl!

Frederico Friedrich

Mas como é que se pode conseguir isso?

Doch wie soll das gelingen?

Ortrud

Escuta! O mais importante é não fugir daqui. Portanto, emprega toda tua argúcia para despertar nela a justa suspeita! Vá em frente, ... [Muito determinada.] ... acusa-o do feitiço com o qual fraudou o julgamento!

Hör’! – Vor allem gilt’s von hinnen nicht zu flieh’n; drum schärfe deinen Witz! Gerechten Argwohn ihr zu wecken, tritt vor, [sehr bestimmt] klag’ ihn des Zaubers an, mit dem er das Gericht getäuscht!

Frederico Friedrich

[Irando-se cada vez mais de modo terrível.] Ah! A trapaça e o ardil da feitiçaria!

[mit fürchterlich wachsender innerer Wut] Ha! Trug und Zaubers List! –

Ortrud

Se isso falhar, ainda resta o recurso da violência!

Mißglückt’s, so bleibt ein Mittel der Gewalt!

Frederico Friedrich

Violência?

Gewalt?

Ortrud

Não é em vão que sou perita nas artes mais secretas. Assim, muita atenção ao que vou dizer!

Umsonst nicht bin ich in geheimsten Künsten tief erfahren; drum achte wohl was ich dir sage!


Ah, se tu falas a verdade!

Ha, sprächst du wahr!

Ortrud

Oh, se na luta tivesses ferido só um dedo dele, aliás, só uma falange do dedo, o herói estaria agora em teu poder!

O hättest du im Kampf nur einen Finger ihm, ja, eines Finger’s Glied entschlagen, der Held – er war in deiner Macht!

Frederico Friedrich

Que horror! Ah, o que me fazes ouvir! Tive a ilusão de que havia sido derrotado por Deus. [Com um terrível amargor] Ora, foi uma fraude que deturpou o julgamento, foi por causa do ardil da magia que perdi minha honra! Mas será que eu poderia vingar minha vergonha? Será que poderia comprovar minha fidelidade? Eu poderia debelar a fraude do amante e ganhar de volta a minha honra! Ó mulher, que vejo diante de mim em plena noite, se agora ainda estás a me enganar, então ai de ti! Ai de ti!

Entsetzlich! Ha, was lässest du mich hören! Durch Gott geschlagen wähnt’ ich mich: – [mit furchtbarer Bitterkeit] nun ließ durch Trug sich das Gericht betören, – durch Zaubers List verlor mein’ Ehre ich! Doch meine Schande könnt’ ich rächen, bezeugen könnt’ ich meine Treu’? Des Buhlen Trug, ich könnt’ ihn brechen, und meine Ehr’ gewönn’ ich neu! O Weib, das in der Nacht ich vor mir seh’, – betrügst du jetzt mich noch, dann weh’ dir! Weh’!

Ortrud

Ah, como deliras! Sê calmo e sensato! E então te ensinarei os doces prazeres da vingança! [Frederico se senta lentamente ao lado de Ortrud.]

Ha, wie du rasest! Ruhig und besonnen! So lehr’ ich dich der Rache süße Wonnen! [Friedrich setzt sich langsam an Ortruds Seite nieder.]

Ortrud e Frederico Ortrud und Friedrich

A obra da vingança seja agora evocada, vinda da noite selvagem do meu peito! Vós que estais perdidos num doce sono, sabei que a desgraça vela por vós!

Der Rache Werk sei nun beschworen aus meines Busens wilder Nacht! Die ihr in süßem Schlaf verloren, wißt, dass für euch das Unheil wacht!

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Frederico Friedrich

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Jed’ Wesen, das durch Zauber stark, wird ihm des Leibes kleinstes Glied entrissen nur, muß sich alsbald ohnmächtig zeigen, wie es ist!

Libreto Lohengrin

Todo ser que se torna forte pela magia, quando uma mínima parte de seu corpo é arrancada, logo se mostra impotente, tal como é!


[Aqui se abre a porta da Kemenate que dá para o terraço.]

[Hier öffnet sich in der Kemenate die Türe zum Söller.]

segunda Cena Zweite Scene

[Elsa, em trajes brancos, aparece no terraço; ela se aproxima do parapeito e apóia a cabeça na mão. Frederico e Ortrud estão diante dela, sentados nos degraus da catedral.]

[Elsa, in weissem Gewande, erscheint auf dem Söller; sie tritt an die Brüstung und lehnt den Kopf auf die Hand; Friedrich und Ortrud, ihr gegenüber auf den Stufen des Münsters sitzend.]

elsa

Vós, ares do céu que meu triste lamento tantas vezes preencheram, a vós, dando graças, tenho de dizer como a minha felicidade se revelou!

Euch Lüften, die mein Klagen so traurig oft erfüllt, euch muß ich dankend sagen, wie sich mein Glück enthüllt!

Ortrud

É ela!

Sie ist es!

Frederico Friedrich

Elsa!

Elsa!

elsa

Graças a vós, ele veio, vós que favorecestes a viagem. Vós que das selvagens vagas marinhas o preservastes fielmente.

Durch euch kam er gezogen, ihr lächeltet der Fahrt, auf wilden Meereswogen habt ihr ihn treu bewahrt.

Ortrud

Ela há de amaldiçoar o momento em que me olhar face a face!

Der Stunde soll sie fluchen, in der sie jetzt mein Blick gewahrt!

elsa

Para secar minhas lágrimas tantas vezes vos solicitei. Agora havei de refrescar minha face ardente de amor!

Zu trocknen meine Zähren hab’ ich euch oft gemüht; wollt Kühlung nun gewähren der Wang’, in Lieb’ erglüht!

ortrud

Para longe! Afasta-te daqui por um instante!

Hinweg! Entfern’ ein Kleines dich von hier!

Frederico Friedrich

Por quê?

Warum?

Ortrud

Ela e minha. O heroi dela pertence a ti. [Frederico se afasta e desaparece no fundo do palco.]

Sie ist für mich – ihr Held gehöre dir! [Friedrich entfernt sich und verschwindet im Hintergrunde.]

elsa

Agora havei de refrescar minha face ardente de amor! De amor!

Wollt Kühlung nun gewähren der Wang’, in Lieb’ erglüht! In Liebe!


elsa

Quem chama? Quão aterrador e plangente soa meu nome no fundo da noite?

Wer ruft? Wie schauerlich und klagend ertönt mein Name durch die Nacht?

Ortrud

Elsa! Será a minha voz assim tão estranha a ti? Hás de renegar a pobre coitada que envias ao mais distante exílio?

Elsa! Ist meine Stimme dir so fremd? Willst du die Ärmste ganz verleugnen, die du in’s fernste Elend schickst?

elsa

Ortrud? És tu? O que é que fazes aqui, mulher desafortunada?

Ortrud? – bist du’s? Was machst du hier, unglücklich Weib?

Ortrud

“Mulher desafortunada!” Com certeza, tens razão de me chamar assim! Na longínqua solidão da floresta, onde eu vivia quieta e pacificamente, o que é que te fiz? O que é que te fiz? Enquanto eu vivia sem alegrias, só chorando a desgraça que há muito tempo pesa sobre minha família, o que é que te fiz? O que é que te fiz?

“Unglücklich Weib!” – wohl hast du Recht so mich zu nennen! In ferner Einsamkeit des Waldes, wo still und friedsam ich gelebt, – was tat ich dir? was tat ich dir? Freudlos, das Unglück nur beweinend, das lang belastet meinen Stamm, – was tat ich dir? was tat ich dir?

elsa

Por Deus, do que me acusas? Fui eu que te trouxe o sofrimento?

Um Gott, was klagest du mich an? War ich es, die dir Leid gebracht?

Ortrud

É verdade, como poderias invejar em mim a felicidade de ser escolhida como esposa do homem que alegremente desprezaste?

Wie könntest du fürwahr mir neiden das Glück, dass mich zum Weib erwählt der Mann, den du so gern verschmäht?

elsa

Meu bom Deus! Mas o que posso fazer?

Allgüt’ger Gott! Was soll mir das?

Ortrud

Por certo, uma desditosa loucura o induziu a acusar-te de um crime do qual és inocente ... agora seu coração está

Mußt’ ihn unsel’ger Wahn betören, dich Reine einer Schuld zu zeih’n, – von Reu’ ist nun sein Herz zerrissen,

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[laut, mit klagendem Ausdruck] Elsa!

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[Em voz alta, com expressão plangente] Elsa!

Libreto Lohengrin

Ortrud


dilacerado pelo remorso, e ele está condenado a uma amarga expiação.

zu grimmer Buß’ ist er verdammt.

elsa

Deus é justo!

Gerechter Gott!

Ortrud

Oh, tu és feliz! Após um sofrimento breve, de doce inocência, só vês a vida a sorrir-te. De mim, podes apartar-te alegremente, a mim, tu pões no rastro da morte, para que a sinistra visão de meu flagelo jamais se faça notar em teus festins!

O, du bist glücklich! – Nach kurzem, unschuldsüßem Leiden siehst lächeln du das Leben nur; von mir darfst selig du dich scheiden, mich schickst du auf des Todes Spur, – dass meines Jammers trüber Schein nie kehr’ in deine Feste ein!

elsa

[Muito comovida.] Eu não louvaria dignamente a tua bondade, ó Todo Poderoso, que me traz tanta felicidade, se eu afastasse de mim a infelicidade que se prostra no pó, diante de mim! Oh, jamais! Ortrud! Aguarda-me! Eu mesma vou permitir a sua entrada! [Ela se arroja de volta para a Kemenate. Ortrud levanta-se dos degraus com um salto, em selvagem entusiasmo]

[sehr bewegt] Wie schlecht ich deine Güte priese, Allmächt’ger, der mich so beglückt, wenn ich das Unglück von mir stieße, das sich im Staube vor mir bückt! – O nimmer! Ortrud! Harre mein! Ich selber lass’ dich zu mir ein! [Sie eilt in die Kemenate zurück. – Ortrud springt in wilder Begeisterung von den Stufen auf.]

Ortrud

Deuses profanos! Ajudai agora a minha vingança! Puni a ignomínia que aqui vos foi feita! Fortalecei-me para que eu sirva à vossa causa sagrada! Aniquilai o delírio pérfido dos apóstatas! Wodan! Invoco-te, Deus da Força! Freia! Augusta, escuta-me! Abençoai meu dolo e minha hipocrisia para que minha vingança tenha sucesso!

Entweihte Götter! Helft jetzt meiner Rache! Bestraft die Schmach, die hier euch angetan! Stärkt mich im Dienst eurer heil’gen Sache! Vernichtet der Abtrünn’gen schnöden Wahn! Wodan! Dich Starken rufe ich! Freia! Erhab’ne, höre mich! Segnet mir Trug und Heuchelei, dass glücklich meine Rache sei!


Ortrud

[Atirando-se ao chão diante Elsa, cheia de humildade.] Aqui, aos teus pés.

[sich demütig vor Elsa niederwerfend] Hier, zu deinen Füßen.

elsa

[Ao ver Ortrud, recua assustada.] Deus acuda! É preciso que eu te veja assim, a ti, que eu só via cheia de orgulho e de luxo?! Serei sufocada pelo meu coração se te vir assim humilhada perto de mim! Levanta-te! Oh, poupa-me de tuas súplicas! Se tinhas ódio de mim, eu te perdoo. O que até agora já sofreste por minha causa, por isso, eu suplico, perdoa-me também! Por isso, eu suplico, perdoa-me também!

[bei Ortruds Anblick erschreckt zurücktretend] Hilf Gott! So muß ich dich erblicken, die ich in Stolz und Pracht nur sah! Es will das Herze mir ersticken, seh’ ich so niedrig dich mir nah! Steh’ auf! O, spare mir dein Bitten! Trugst du mir Haß – verzieh’ ich dir; was du schon jetzt durch mich gelitten, das, bitte ich, verzeih’ auch mir! Das, bitte ich, verzeih’ auch mir!

Ortrud

Oh, eu te agradeço por tanta bondade!

O habe Dank für so viel Güte!

elsa

Àquele que amanhã será meu esposo, à sua alma tão caridosa rogarei que demonstre também a Frederico sua misericórdia.

Der morgen nun mein Gatte heißt, anfleh’ ich sein liebreich Gemüte, dass Friedrich auch er Gnad’ erweist.

Ortrud

Tu me prendes em laços de gratidão!

Du fesselst mich in Dankes Banden!

elsa

[Com alegre e sempre crescente excitação.] Já ao alvorcer, deixa-me ver-te preparada, enfeitada com vestes luxuosas. Tu deves vir comigo para a catedral. Lá vou aguardar pelo meu herói ... [Alegre e orgulhosa.] ... para tornar-me diante de Deus

[mit immer gesteigerter heiterer Erregtheit] In Früh’n laß mich bereit dich seh’n, – geschmückt mit prächtigen Gewanden sollst du mit mir zum Münster geh’n: Dort harre ich des Helden mein, [freudig stolz] vor Gott sein Eh’gemahl zu sein,

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[noch außerhalb] Ortrud, wo bist du? [Elsa und zwei Mägde mit Lichten treten aus der unteren Tür auf.]

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[Ainda fora do palco.] Ortrud, onde estás? [Elsa e duas criadas com luzes saem das portas inferiores da Kemenate]

Libreto Lohengrin

elsa


sua esposa, para tornar-me diante de Deus sua esposa. [Num êxtase de felicidade.] Sua esposa!

vor Gott sein Eh’gemahl zu sein. [selig entzück] Sein Eh’gemahl!

Ortrud

Como posso retribuir-te tamanho favor, já que sou impotente e miserável? Se morar contigo por misericórdia, permanecerei sempre uma pedinte! [Achegando-se cada vez mais perto de Elsa.] Somente um poder me restou, que nenhuma lei roubou de mim. Com ele talvez eu proteja tua vida, preservando-a das aflições do remorso

Wie kann ich solche Huld dir lohnen, da machtlos ich und elend bin? Soll ich in Gnaden bei dir wohnen, stets bleibe ich die Bettlerin! [immer näher zu Elsa tretend] Nur eine Macht ist mir geblieben, sie raubte mir kein Machtgebot; – durch sie vielleicht schütz’ ich dein Leben, bewahr’ es vor der Reue Not.

elsa

[Ingênua e alegremente.] O queres dizer com isso?

[unbefangen und freundlich] Wie meinst du?

Ortrud

[Bruscamente.] Estou te advirtindo ... [Contendo-se.] ... a não confiar cegamente em tua felicidade. Para que não sejas atraída a uma desgraça, deixa-me ver o futuro para ti.

[heftig] Wohl dass ich dich warne, [sich mäßigend] zu blind nicht deinem Glück zu trau’n, dass nicht ein Unheil dich umgarne, lass mich für dich zur Zukunft schau’n.

elsa

[Escondendo o temor.] Que desgraça?

[mit heimlichem Grauen] Welch’ Unheil?

Ortrud

[Cheia de mistério.] Se tu compreendesses quão maravilhosa é a estirpe desse homem, ele jamais poderia te abandonar do mesmo modo que chegou a ti: pela magia! [Elsa, tomada de pavor, dá as costas contrafeita. Depois, cheia de tristeza e compaixão, volta-se novamente para Ortrud.]

[sehr geheimnisvoll] Könntest du erfassen, wie dessen Art so wundersam, der nie dich möge so verlassen, wie er durch Zauber zu dir kam. [Elsa, von Grausen erfaßt, wendet sich unwillig ab; voll Trauer und Mitleid wendet sie sich dann wieder zu Ortrud.]

elsa

Tu, pobre criatura, por acaso não podes conceber que meu coração ama sem ter

Du Ärmste kannst wohl nie ermessen, wie zweifellos mein Herze liebt?


[Para si mesma.] Pois sim! Esse orgulho há de me ensinar a combater a fidelidade dela! Contra ele eu voltarei minhas armas, de sua arrogância virá seu remorso! De sua arrogância virá seu remorso!

[für sich] Ha! dieser Stolz, er soll mich lehren, wie ich bekämpfe ihre Treu’! Gen ihn will ich die Waffen kehren, durch ihren Hochmut werd’ ihr Reu’! Durch ihren Hochmut werd’ ihr Reu’!

elsa

Deixa-me te ensinar como é doce o prazer da pura fidelidade! Deixa-me converter-te à fé: há uma felicidade, há uma felicidade que é sem remorso! Uma felicidade que é sem remorso! [Ortrud, guiada por Elsa, entra com uma hesitação fingida pela portinhola. As criadas iluminam o caminho e fecham a portinhola depois que todos já entraram.] [Começa a romper a aurora.] [Frederico aparece, saído do fundo do palco]

Laß’ mich dich lehren, wie süß die Wonne reinster Treu’! Laß’ zu dem Glauben dich bekehren: es gibt ein Glück, ein Glück, das ohne Reu’! ein Glück, das ohne Reu’! [Ortrud, von Elsa geleitet, tritt mit heuchlerischem Zögern durch die kleine Pforte ein; die Mägde leuchten voran und schließen, nachdem Alle eingetreten.] [Erstes Tagesgrauen.] [Friedrich tritt aus dem Hintergrunde vor.]

Frederico Friedrich

Assim a desgraça penetra nesta casa! Cumpre, mulher, aquilo que tua astúcia maquinou. Para deter tua obra, sinto que não tenho poder. A desgraça começou com a minha queda! Que sucumba agora aquela que me causou isso! Só vejo uma coisa diante de mim,

So zieht das Unheil in dies Haus! – Vollführe, Weib, was deine List ersonnen; Dein Werk zu hemmen fühl’ ich keine Macht. Das Unheil hat mit meinem Fall begonnen, – nun stürzet nach, die mich dahin gebracht! Nur Eines seh’ ich mahnend vor mir steh’n:

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Ortrud

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Du hast wohl nie das Glück besessen, das sich uns nur durch Glauben gibt? [freundlich] Kehr’ bei mir ein! Laß’ mich dich lehren, wie süß die Wonne reinster Treu’! Laß’ zu dem Glauben dich bekehren: es gibt ein Glück, es gibt ein Glück, das ohne Reu’!

Libreto Lohengrin

dúvidas? Tu por acaso nunca possuiste a felicidade que só se dá a nós através da fé? [Alegremente.] Entra em minha casa! Deixa-me te ensinar como é doce o prazer da pura fidelidade! Deixa-me converter-te à fé: há uma felicidade, há uma felicidade que é sem remorso!


incitando-me: o ladrão da minha honra deve perecer!

der Räuber meiner Ehre soll vergeh’n!

[Aos poucos irrompe o dia. Dois vigias entoam da torre a canção matinal. De uma torre distante escuta-se a resposta.]

[Allmächlicher Tagesanbruch. Zwei Wächter blasen vom Turm das Morgenlied; von einem entfernterem Turme hört man antworten.]

[Os portões do castelo se abrem. Os quatro trombeteiros do Rei marcham para fora e soam o chamado.]

[Die Pforte des Palas öffnet sich von Neuem, die vier Trompeter des König’s schreiten heraus und blasen den Ruf.]

[Os trombeteiros retornam ao castelo. Os serviçais já deixaram o palco.]

[Die Trompeter treten in den Palas zurück. Die Dienstmannen haben die Bühne verlassen.]

[A partir daqui entram os nobres e habitantes do burgo, aos poucos e em número sempre maior. Parte vem da área urbana, parte vem das diferentes cercanias.]

[Von hier treten die Edlen und Burgbewohner, teils vom Stadtweg, theils aus den verschiedenen Gegenden der Burg her kommend, nach und nach immer zahlreicher auf.]

Nobres e homens do povo Die Edlen und Männer

Pela manhã nos reúne o chamado, por certo, o dia promete muito! Aquele que aqui já fez maravilhas tão sublimes ainda pode realizar novos atos grandiosos. Com toda certeza! Hoje ele realizará muitos atos de valor! Pela manhã nos reúne o chamado, por certo, o dia promete muito! Muito! Muito! [O arauto marcha para fora do castelo, com os quatro trombeteiros à frente.] [Todos se voltam cheios de viva expectativa para o fundo do palco.]

In Früh’n versammelt uns der Ruf, gar viel verheißet wohl der Tag! Der hier so hehre Wunder schuf, manch’ neue Tat vollbringen mag. Ganz gewiss! Manch’ kühne Tat vollbringt er heut’! In Früh’n versammelt uns der Ruf, gar viel verheet wohl der Tag! Gar viel! Gar viel! [Der Heerrufer schreitet aus dem Palas, die vier Trompeter ihm voran.] [Alle wenden sich in lebhafter Erwartung dem Hintergrunde zu.]

Arauto Der Heerrufer

[No promontório, diante dos portões do castelo.] Da palavra e do desejo do Rei vos dou notícia. Portanto, atenção ao que digo em seu nome!

[auf der Höhe vor der Pforte des Palas] Des Königs Wort und Will’ tu’ ich euch kund; drum achtet wohl, was euch durch mich er sagt!

terceira Cena dritte Scene


Maldito seja! Maldito seja o infiel que encontrou o juízo de Deus! A inocente deve evitá-lo, que dele fujam a paz e o sono! Maldito seja! Maldito seja o infiel! [O soar das trombetas chama novamente a atenção do povo.]

Fluch ihm! Fluch ihm, dem Ungetreuen, den Gottes Urteil traf! Ihn soll der Reine scheuen, es flieh’ ihn Ruh’ und Schlaf! Fluch ihm! Fluch ihm, dem Ungetreuen, [Beim Rufe der Trompeten sammelt sich das Volk schnell wieder zur Aufmerksamkeit.]

Arauto Der Heerrufer

E o Rei também vos dá a conhecer: ele dotará o estrangeiro, enviado de Deus, que Elsa pretende ter como esposo, com a terra e a coroa de Brabante. Todavia, o herói não quer ser chamado de “Duque”, vós deveis chamá-lo de “Protetor de Brabante”!

Und weiter kündet euch der König an, dass er den fremden, gottgesandten Mann, den Elsa zum Gemahle sich ersehnt, mit Land und Krone von Brabant belehnt. Doch will der Held nicht Herzog sein genannt, – ihr sollt ihn heißen: Schützer von Brabant!

Nobres e homens do povo Die Edlen und Männer

Ao alto, ao alto o varão tão aguardado! Glória ao enviado de Deus! Seremos súditos fiéis do Protetor de Brabante! Glória! Glória!

Hoch, hoch der ersehnte Mann! Heil ihm, den Gott gesandt! Treu sind wir untertan dem Schützer von Brabant! Heil! Heil!

Arauto Der Heerrufer

Agora, escutai o que ele manda que eu vos diga: Hoje ele celebrará convosco suas bodas, mas amanhã deveis voltar para cá armados para a luta, para o dever da guerra, como bons súditos do Rei. Ele mesmo se recusa a entregarse à doce tranquilidade. Ele vos liderará, rumo à bênção de uma glória sublime.

Nun hört, was Er durch mich euch sagen läßt: – Heut’ feiert er mit euch sein Hochzeitfest, – doch morgen sollt ihr kampfgerüstet nah’n, zur Heeresfolg’ dem König untertan; er selbst verschmäht der süßen Ruh’ zu pflegen, er führt euch an zu hehren Ruhmes Segen.

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nobres e homens do povo Die Edlen und Männer

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In Bann und Acht ist Friedrich Telramund, weil untreu er den Gotteskampf gewagt: – wer sein noch pflegt, wer sich zu ihm gesellt, nach Reiches Recht derselben Acht verfällt.

Libreto Lohengrin

Frederico de Telramund está sob degredo e desterro, pois, como um infiel, ousou apresentar-se ao ordálio. Quem lhe der acolhida ou estiver em sua companhia estará sob o mesmo degredo, conforme a Lei do Império.


[Após alguns instantes, o arauto retorna ao castelo com os quatro trombeteiros.]

[Der Heerrufer geht nach einiger Zeit mit den vier Trompetern in den Palas zurück.]

Nobres e homens do povo Die Edlen und Männer

[Com entusiasmo.] Ao combate, sem tardar! Vamos! O augusto vos conduzirá! Quem lutar com ele bravamente verá a estrada da glória lhe sorrir. Vamos! Sem tardar, ao combate! O augusto vos conduzirá! Foi Deus que o enviou para a grandeza de Brabante! Por Deus ele foi enviado! [Enquanto o povo se agita, misturando-se alegremente, quatro nobres que eram vassalos de Frederico avançam.]

[mit Begeisterung] Zum Streite säumet nicht, auf, führt euch der Hehre an! Wer mutig mit ihm ficht, dem lacht des Ruhmes Bahn; auf! Säum’t zu streiten nicht, führt euch der Hehre an! Gott hat ihn gesandt zur Größe von Brabant! Von Gott ist er gesandt! [Während das Volk freudig durcheinander wogt, treten im Vordergrunde vier Edle, Friedrichs sonstige Lehnsmannen, zusammen.]

Terceiro nobre Der dritte Edle

Ecutai-me agora. Ele quer nos tomar esta terra!

Nun hört, dem Lande will er uns entführen!

Segundo nobre Der zweite Edle

Contra um inimigo que jamais nos ameaçou?

vGen einen Feind, der uns noch nie bedroht?

Quarto nobre Der vierte Edle

Não deveria lhe ser consentido começar assim tão ousado.

Solch kühn Beginnen sollt’ ihm nicht gebühren.

Primeiro nobre Der erste Edle

Quem pode impedi-lo, se ele já decretou a expedição?

Wer wehret ihm, wenn er die Fahrt gebot?

Frederico Friedrich

[Que se imiscuiu entre eles sem ser percebido.] Eu! [Descobre a cabeça. Eles recuam assustados.]

[ist unhemerkt unter sie getreten] Ich! [Er enthüllt sein Haupt; sie fahren entsetzt zurück.]

Quarto nobre Der vierte Edle

Ah! Quem és tu? Frederico! Estarei vendo bem? Tu te arriscas aqui, mesmo podendo ser presa de um servo?

Ha! Wer bist du? Friedrich! Seh’ ich recht? Du wagst dich her, zur Beute jedem Knecht?

Frederico Friedrich

E, por certo, logo me atreverei a muito mais. Vossos olhos verão resplandecer um novo dia! Aquele que com tanta valentia vos envia à expedição, será por mim acusado de fraude contra Deus!

Gar bald will ich wohl weiter noch mich wagen, vor euren Augen soll es leuchtend tagen! Der euch so kühn die Heerfahrt angesagt, der sei von mir des Gottestrugs beklagt!


As quatro pajens Vier Edelknaben

[Do promontório, diante do castelo.] Abram alas! Abram alas para Elsa, nossa dama. Em devoção a Deus, ela quer ir para a catedral. [Abrindo alas entre os nobres, que prontamente recuam, as quatro pajens avançam de modo a formar um largo corredor até os degraus da catedral, onde por fim tomam suas posições.] [Quatro outras pajens saem com gestos medidos, solenes, da porta da Kemenate para o terraço e se posicionam ali mesmo, à espera da procissão das damas que devem guiar.]

[auf der Höhe vor dem Palas] Macht Platz! Macht Platz für Elsa, uns’re Frau: die will in Gott zum Münster geh’n. [Sie schreiten nach vorn, indem sie durch dieeilig zurückweichenden Edlen eine breite Gasse bis zu den Stufen des Münsters bilden, wo sie dann sich selbst aufstellen.] [Vier andere Edelknaben treten gemessen und feierlich aus der Tür der Kemenate auf den Söller und stellen sich daselbst auf, um den Zug der Frauen, den sie erwarten, zu geleiten.]

quarta Cena vierte Scene

[Uma longa procissão de damas em vestes luxuosas caminha lentamente, saindo do portão da Kemenate para o terraço. A procissão se volta para a esquerda, seguindo a via principal ao largo do castelo, e de lá segue adiante até a catedral, sobre os degraus da qual se posicionam os primeiros a chegar.] [Elsa aparece na procissão] [Os nobres tiram os chapéus em sinal de reverência]

[Ein langer Zug von Frauen in prächtigen Gewändern schreitet langsam aus der Pforte der Kemenate auf den Söller; er wendet sich links auf dem Hauptwege am Palas vorbei und von da wieder nach vorn dem Münster zu, auf dessen Stufen die zuerstgekommenen sich aufstellen.] [Elsa tritt im Zuge auf] [Die Edlen entblößen ehrfurchtsvoll die Häupter.]

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Was hör’ ich? Rasender! Was hast du vor? Verlor’ner du, hört dich des Volkes Ohr! Hört dich das Volk! [Sie drängen Friedrich nach dem Münster, wo sie ihn vor dem Blicke des Volkes zu verbergen suchen. Vier Edelknaben treten aus der Tür der Kemenate auf den Söller, laufen munter den Hauptweg hinab und stellen sich vor dem Palas auf der Höhe auf. Das Volk, das die Knaben gewahrt, drängt sich mehr nach dem Vordergrund.]

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Será que escutei bem? Estás louco! O que pretendes fazer? Estás perdido se o povo te ouvir! Ai, se o povo te ouvir! [Eles impelem Frederico para a catedral, onde buscam escondê-lo do olhar do povo. Quatro pajens saem da porta da Kemenate para o terraço, caminham animadamente pela via central e se posicionam diante do castelo, no promontório. O povo, observado pelos jovens, avança cada vez mais.]

Libreto Lohengrin

Os quatro nobres Die vier Edlen


Nobres e homens do povo Die Edlen und Männer

Abençoada ela há de caminhar, ela que tanto sofreu com humildade. Que Deus a guie! Que Deus proteja seus passos! [Os nobres, que sem querer avançaram novamente para dentro do corredor, recuam mais uma vez diante das pajens que abrem caminho para a procissão, a qual já está diante do castelo.] [Aqui Elsa já chegou ao promontório diante do palácio. O corredor está novamente aberto. Todos podem ver Elsa, que se demora por alguns instantes] Ela se aproxima, a angelical, inflamada por casto ardor! [A partir daqui, Elsa caminha lentamente do fundo para a frente, através do corredor de homens.] Salve, ó virtuosa! Salve, Elsa de Brabante! Damas e pajens, salve! Abençoada ela há de caminhar, ela que tanto sofreu com humildade. Prouvera a Deus guiá-la! Que Deus proteja seus passos! [Aqui, além das pajens, também as damas já chegaram à escadaria da catedral, onde se posicionam cedendo o passo para Elsa entrar na Igreja. Quando Elsa alcança o segundo degrau da catedral, Ortrud, que até então caminhara entre as últimas mulheres da procissão, avança num rompante e alcança o mesmo degrau, pondo-se diante de Elsa e impedindo-lhe o caminho.]

Gesegnet soll sie schreiten, die lang’ in Demut litt; Gott möge sie geleiten, Gott hüte ihren Schritt! [Die Edlen, die unwillkürlich die Gasse wieder vertreten hatten, weichen hier vor den Edelknaben aufs neue zurück, welche dem Zuge, der bereits vor dem Palas angekommen ist, Bahn machen.] [Hier ist Elsa auf der Erhöhung vor dem Palas angelangt. Die Gasse ist wieder offen, alle können Elsa sehen, welche eine Zeitlang verweilt.] Sie naht, die Engelgleiche, von keuscher Glut entbrannt! [Von hier an schreitet Elsa aus dem Hintergrunde langsam nach vorn durch die Gasse der Männer.] Heil dir, o Tugendreiche! Heil Elsa von Brabant! Frauen und Edelknaben Heil dir! Gesegnet soll sie schreiten, die lang’ in Demut litt; Gott möge sie geleiten, Gott hüte ihren Schritt! [Hier sind, außer den Edelknaben, auch die vordersten Frauen bereits auf der Treppe des Münsters angelangt, wo sie sich aufstellen, um Elsa den Vortritt in die Kirche zu lassen. Als Elsa den Fuß auf die zweite Stufe des Münsters setzt, tritt Ortrud, welche bisher unter den letzten Frauen des Zuges gegangen, heftig hervor, schreitet auf dieselbe Stufe und stellt sich so Elsa entgegen.]

Ortrud

Para trás, Elsa! Não vou mais tolerar ter de seguir-te como uma serviçal! Deves ceder-me o passo em toda parte, deves inclinar-te diante de mim humildemente!

Zurück, Elsa! Nicht länger will ich dulden, dass ich gleich einer Magd dir folgen soll! Den Vortritt sollst du überall mir schulden, vor mir dich beugen sollst du demuthsvoll!


Was will das Weib? Zurück!

elsa

[Muito assustada.] Em nome de Deus! O que é que estou vendo? [Eles impelem Ortrud para trás, até o meio do palco.] Que brusca mudança é essa que revelas?

[heftig erschrocken] Um Gott! Was muß ich seh’n! [Ortrud wird von ihnen nach der Mitte der Bühne zurückgedrängt.] Welch’ jäher Wechsel ist mit dir gescheh’n?

Ortrud

Porque esqueci de meu valor só por um momento, tu crês que tenho de arrastar-me diante de ti? Vou me vangloriar por vingar meu sofrimento. O que me é devido, agora vou receber! [Espanto e viva agitação de todos.]

Weil eine Stund’ ich meines Werts vergessen, glaubest du, ich müsste dir nur kriechend nah’n? Mein Leid zu rächen will ich mich vermessen, was mir gebührt, das will ich nun empfah’n! [Lebhaftes Staunen und Bewegung Aller.]

elsa

Ai, será que me deixei induzir por tua hipocrisia, tu que esta noite vieste a mim furtivamente e lamuriosa? Como queres agora, tão arrogante, que eu te ceda o passo, tu, esposa de um homem condenado por Deus?!

Weh’, ließ ich durch dein Heucheln mich verleiten, die diese Nacht sich jammernd zu mir stahl? Wie willst du nun in Hochmut vor mir schreiten, du eines Gottgerichteten Gemahl!

Ortrud

[Fingindo estar profundamente ofendida, com o orgulho ferido.] Um falso juízo pode ter banido meu esposo, porém, seu nome foi muito honrado nesta terra. Quando dele só falavam que era digno de toda virtude, conhecida e temida era sua brava espada. Mas e o teu? Diz! Quem aqui há de conhecê-lo? Tu mesma não és capaz de dizer o seu nome!

[mit dem Anschein tiefer Gekränktheit und stolz] Wenn falsch Gericht mir den Gemahl verbannte, war doch sein Nam’ im Lande hoch geehrt; als aller Tugend Preis man ihn nur nannte, gekannt, gefürchtet war sein tapfres Schwert. Der Deine, sag’! Wer sollte hier ihn kennen, vermagst du selbst den Namen nicht zu nennen!

Homens, mulheres e pajens Männer, Frauen und Knaben

O que é que ela está dizendo? Ah, do que é que está falando? Blasfêmia! Calai a boca dela!

Was sagt sie? Ha, was tut sie kund? Sie lästert! Wehret ihrem Mund!

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O que é que essa mulher pretende? Para trás!

Libreto Lohengrin

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Pajens e homens Die Edelknaben und Männer


Ortrud

Podes nomeá-lo? Podes dizer a nós se sua linhagem demonstra a sua nobreza? De onde é que as águas o trouxeram até ti? Quando e para onde ele se apartará de ti? Ah, não! Isso decerto o deixaria em terríveis apuros. Eis porque o astuto herói proibiu a pergunta.

Kannst du ihn nennen, kannst du uns es sagen, ob sein Geschlecht, sein Adel wohl bewährt? Woher die Fluten ihn zu dir getragen, wann und wohin er wieder von dir fährt? Ha, nein! Wohl brächte ihm es schlimme Not, – der kluge Helde die Frage drob verbot.

Homens, mulheres e pajens Männer, Frauen und Knaben

Ah, será que ela diz a verdade? Ela o ofende! Que grave ausação! Como ela ousa?

Ha, spricht sie wahr? Sie schmähet ihn! Welch’ schwere Klagen! Darf sie es wagen?

elsa

[Após uma grande perplexidade, tomando coragem.] Tu, blasfemadora! Mulher infâme! Escuta se tenho ou não coragem de responder! Tão pura e nobre é a sua essência, tão virtuoso é o magnífico homem, que jamais há de livrar-se da desgraça quem puder duvidar de sua missão.

[nach großer Betroffenheit sich ermannend] Du Lästerin! Ruchlose Frau! Hör’, ob ich Antwort mir getrau’! So rein und edel ist sein Wesen, so tugendreich der hehre Mann, dass nie des Unheils soll genesen, wer seiner Sendung zweifeln kann!

Homens DIE Männer

Certamente! Certamente!

Gewiß! Gewiß!

elsa

Por meio de Deus, meu valoroso herói não venceu teu esposo na luta? [Ao povo.] Agora vós todos deveis dizer, conforme a Lei: quem dos dois é o único inocente?

Hat nicht durch Gott im Kampf geschlagen mein theurer Held den Gatten dein? [zum Volke] Nun sollt nach Recht ihr alle sagen, wer kann da nur der Reine sein?

Homens, mulheres e pajens Männer, Frauen und Knaben

Somente ele! Somente ele! Teu herói somente!

Nur er! Nur er! Dein Held allein!

Ortrud

[Escarnecendo de Elsa] Ah, esse teu herói inocente, ele logo ficaria tão maculado se tivesse de declarar a magia

[Elsa verspottend] Ha, diese Reine deines Helden, wie wäre sie so bald getrübt, müßt’ er des Zaubers Wesen


[Apoiando Elsa.] Ajudai-a contra o ódio dessa mulher infame!

[Elsa unterstützend] Helft ihr vor der Verruchten Haß!

Homens DIE Männer

[Olhando para o fundo do palco] Abri caminho! Abri caminho! O Rei se aproxima! O Rei!

[dem Hintergrunde zu blickend] Macht Platz! Macht Platz! Der König naht! Der König!

quinta Cena Fünfte Scene

[O Rei, Lohengrin e os condes e nobres saxões já saíram em solene procissão do castelo. A confusão na frente do palco interrompe a procissão. O Rei e Lohengrin avançam para frente com ímpeto]

[Der König, Lohengrin und die sächsischen Grafen und Edlen sind in feierlichem Zuge aus dem Palas getreten; durch die Verwirrung im Vordergrunde wird der Zug unterbrochen. Der König und Lohengrin schreiten lebhaft vor.]

Brabantes Die Brabanter

Glória! Glória ao Rei! Glória ao Protetor de Brabante!

Heil! Heil dem König! Heil dem Schützer von Brabant!

Rei König

Que disputa é essa?

Was für ein Streit?

Elsa

[Exasperada, lançando-se ao peito de Lohengrin] Meu senhor! Ó meu amado!

[sehr aufgeregt an Lohengrins Brust stürzend] Mein Herr! O mein Geliebter!

Lohengrin

O que se passa?

Was ist?

Rei König

Quem é que ousa aqui perturbar o cortejo até a igreja?

Wer wagt es hier den Kirchengang zu stören?

Séquito real Des Königs Gefolge

Que disputa é essa que escutamos?

Welcher Streit, den wir vernahmen?

Lohengrin

[Avistando Ortrud.] O que é que estou vendo? Essa desgraçada ao teu lado?

[Ortrud erblickend] Was seh’ ich! das unsel’ge Weib bei dir?

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Mulheres Die Frauen

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melden, durch den hier solche Macht er übt; wagst du ihn nicht darum zu fragen, [sehr bestimmt] so glauben Alle wir mit Recht, du müßest selbst in Sorge zagen, um seine Reine steh’ es schlecht! [Der Palas wird geöffnet, die vier Trompetern des Königs schreiten heraus und blasen.]

Libreto Lohengrin

com a qual exerce aqui tamanho poder. Se não ousares perguntar-lhe isso, ... [Muito determinada.] ... todos nós acreditaremos, com razão, que tu te preocupas, receando que sua inocência esteja em maus lençóis! [O castelo se abre, os quatro trombeteiros do Rei saem e sopram seus instrumentos.]


Elsa

Meu salvador! Proteja-me dessa mulher! Censura-me se não fui obediente a ti! Eu a vi diante deste portão, num estado lastimável. Retirei-a da indigência e a acolhi comigo. Agora, vê de que modo terrível ela me retribui a bondade: ela me censura por confiar demais em ti!

Mein Retter! Schütze mich vor dieser Frau! Schilt mich, wenn ich dir ungehorsam war! In Jammer sah ich sie vor dieser Pforte aus ihrer Not nahm ich sie bei mir auf: – nun sieh’, wie furchtbar sie mir lohnt die Güte, – sie schilt mich, dass ich dir zu sehr vertrau’!

Lohengrin

[Com um olhar fixo e encantatoriamente paralisante em Ortrud. Diante dele, ela é incapaz de mover-se] Tu, mulher funesta, fica longe dela! Aqui tu jamais sairás vencedora! [Volta-se amavelmente para Elsa.] Diz, Elsa, diz para mim, ela foi capaz de infundir seu veneno no teu coração? [Elsa cobre o rosto chorando em seu peito.] [Levantando-lhe a cabeça e apontando para a catedral] Vem, deixa que essas lágrimas corram de alegria, lá dentro! [Ele se volta para a procissão e a lidera com Elsa e o Rei em direção à catedral. Todos se alinham organizadamente para segui-los. Frederico aparece nas escadarias da catedral. Horrorizadas, as pajens e as mulheres ao seu redor recuam.]

[den Blick fest und bannend auf Ortrud heftend, welche vor ihm sich nicht zu regen vermag] Du fürchterliches Weib, steh’ ab von ihr! Hier wird dir nimmer Sieg! – [Er wendet sich freundlich zu Elsa.] Sag’, Elsa, mir, vermocht’ ihr Gift sie in dein Herz zu gießen? [Elsa birgt ihr Gesicht weinend an seine Brust.] [sie aufrichtend und nach dem Münster deutend] Komm’, laß’ in Freude dort diese Tränen fließen! [Er wendet sich mit Elsa und dem Könige dem Zuge voran nach dem Münster; Alle lassen sich an wohlgeordnet zu folgen. Friedrich tritt auf der Treppe des Münsters hervor; die Frauen und Edelknaben weichen entsetzt aus seiner Nähe.]

Frederico Friedrich

Ó Rei! Ó príncipes iludidos pela fraude! Alto lá!

O König! Trugbetörte Fürsten! Haltet ein!

Todos os homens Alle Männer

O que é que ele quer aqui? Maldito! Vai-te daqui!

Was will der hier? Verfluchter! Weich’ von dannen!

Rei König

O que é que ele quer aqui?

Was will der hier?

Frederico Friedrich

Oh, escuta-me!

O hört mich an!

homens DIE Männer

Para longe! A morte se acerca de ti, homem! A morte se acerca de ti, homem!

Hinweg! Du bist des Todes, Mann! Des Todes bist du, Mann!


Zurück! Weiche von dannen!

Frederico Friedrich

Escutai-me, pois cometestes uma tremenda injustiça!

Hört mich, dem grimmes Unrecht ihr getan!

Rei König

Para longe!

Hinweg!

homens DIE Männer

Para longe! Vai-te daqui!

Hinweg! Weich’ von dannen!

Frederico Friedrich

O ordálio, ele foi desonrado, fraudado! Fostes enganados pela astúcia de um mago!

Gottes Gericht, es ward entehrt, betrogen! Durch eines Zaub’rers List seid ihr belogen!

homens e rei Die Männer und der König

Apanhem o infame!

Greift den Verruchten!

homens DIE Männer

Escutai! Ele blasfema contra Deus! [De todos os lados, arremetem contra Frederico.]

Hört! Er lästert Gott! [Sie dringen von allen Seiten auf ihn ein.]

Frederico Friedrich

[Num imenso esforço por ser ouvido, com os olhos fixos em Lohengrin e ignorando os homens que se aglomeram ao seu redor.] Este homem que vejo diante de mim em esplendor, eu o acuso de magia! [Assustados, os homens tomam distância de Frederico e finalmente o escutam com atenção.] Como poeira diante do alento de Deus, que se pulverize o poder que ele ganhou com ardil! Como zelastes mal pelo julgamento que deveras me arrebatou a honra, pois vós o poupastes de uma pergunta quando ele veio para lutar no ordálio! A pergunta, agora não deveis impedir. Que ela seja agora colocada por

[mit der fürchterlichsten Anstrengung um gehört zu werden, seinen Blick nur auf Lohengrin geheftet und der Andringenden nicht achtend] Den dort im Glanz ich vor mir sehe, den klage ich des Zaubers an! [Die Andringenden schrecken vor Friedrich zurück und hören endlich aufmerksam zu.] Wie Staub vor Gottes Hauch verwehe die Macht, die er durch List gewann! Wie schlecht ihr des Gerichtes wahrtet, das doch die Ehre mir benahm, da eine Frag’ ihr ihm erspartet, als er zum Gotteskampfe kam! Die Frage nun sollt ihr nicht wehren, dass sie ihm jetzt von mir gestellt! [in gebieterischer Stellung] Nach Namen, Stand und Ehren frag’ ich ihn laut vor aller Welt!

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Para trás! Vai-te daqui!

Libreto Lohengrin

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Rei König


mim! [Assumindo uma posição de comando.] Seu nome, sua classe e suas honrarias eu pergunto a ele, diante de todo mundo! [Agitação e grande perplexidade entre todos.] Quem é o homem que veio a esta terra navegando, puxado por um cisne selvagem? A inocência de quem se vale desses seres mágicos considero um delírio! Agora ele deve justificar-se perante a acusação. Se for capaz disso, então sofri justiça, se não for, então haveis de vislumbrar que sua inocência está em maus lençóis! [Todos olham atônitos e cheios de expectativa para Lohengrin.]

[Bewegung großer Betroffenheit unter allen.] Wer ist er, der an’s Land geschwommen, gezogen von einem wilden Schwan? Wem solche Zaubertiere frommen, des Reinheit achte ich für Wahn! Nun soll der Klag’ er Rede steh’n; vermag er’s, so geschah mir Recht, wo nicht, so sollet ihr erseh’n, um seine Reine steh’ es schlecht! [Alle blicken bestürzt und erwartungsvoll auf Lohengrin.]

Homens, mulheres, pajens e Rei Die Männer, Frauen, Knaben, der König

Que duras acusações! O que ele irá retrucar?

Welch’ harte Klagen! Was wird er ihm entgegnen?

Lohengrin

Diante de ti, que é tão esquecido da própria honra, não sou obrigado a justificar-me. Cabe-me rechaçar as dúvidas de um homem vil. Diante delas, a inocência jamais vai sucumbir!

Nicht dir, der so vergaß der Ehren, hab’ Not ich Rede hier zu steh’n; des Bösen Zweifel darf ich wehren, vor ihm wird Reine nie vergeh’n!

Frederico Friedrich

Se ele não me permite por considerar-me indigno, apelo a ti, reverendíssimo Rei. Acaso ele censurará também em ti a falta de nobreza, a fim de impedir que tu mesmo faças a pergunta?

Darf ich ihm nicht als würdig gelten, dich ruf’ ich, König hoch geehrt; wird er auch dich unadlig schelten, dass er die Frage dir verwehrt?

Lohengrin

Sim, cabe-me impedir o próprio Rei e a confederação suprema de todos os príncipes! Por certo não os oprime o fardo da dúvida,

Ja, selbst dem König darf ich wehren, und aller Fürsten höchstem Rat! Nicht darf sie Zweifels Last beschweren,


Qual segredo o herói tem de guardar? Se o deixar em apuros, que fiel sua boca o guarde! Nós protegeremos o nobre dos perigos. Através de seu ato, sua fidalguia nos foi revelada.

Welch’ ein Geheimnis muß der Held bewahren? Bringt es ihm Not, so wahr’ es treu sein Mund! Wir schirmen ihn, den Edlen, vor Gefahren, durch seine That ward uns sein Adel kund.

Mulheres e pajens Die Frauen und Knaben

Qual segredo o herói tem de guardar? Que fiel sua boca se cale. Se o segredo o deixar em apuros, que fiel sua boca o guarde!

Welch’ ein Geheimnis muß der Held bewahren? Verschweig’ es treu sein Mund! Bringt sein Geheimnis ihr Not. so wahr’ es treu sein Mund!

Ortrud e Frederico Ortrud und Friedrich

Posso peceber que ela medita atormentada. A dúvida germina no fundo de seu coração. Ele está vencido: àquele que nesta terra me levou à indigência, será feita a pergunta.

In wildem Brüten darf ich sie gewahren, der Zweifel keimt in ihres Herzens Grund. Er ist besiegt, der mir zur Not in dieses Land gefahren, wird ihm die Frage kund.

Lohengrin

Percebo que ela medita atormentada! Terá sido persuadida pela boca mentirosa do ódio? Ó céus! Protegei seu coração dos perigos! Que jamais a dúvida se insinue nesta inocente!

In wildem Brüten muß ich sie gewahren! hat sie betört des Haßes Lügenmund? O Himmel! schirm’ ihr Herz vor den Gefahren! Nie werde Zweifel dieser Reinen kund!

Elsa

[Alheia ao que se passa ao redor e olhando para o infinito.] O que ele oculta talvez o lançaria em perigos se sua boca o expressasse aqui diante de todos. Justo aquela que ele salvou ... Ai! É impensável ... que eu o traia e o force a revelar

[der Umgebung entrückt vor sich hinblickend] Was er verbirgt, wohl brächt’ es ihm Gefahren, vor aller Welt spräch’ es hier aus sein Mund; die er errettet, weh’ mir Undankbaren! verriet ich ihn, dass hier es werde

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Todos os homens e Rei Alle Männer und König

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sie sahen meine gute Tat! Nur Eine ist’s, der muß ich Antwort geben: Elsa… [Lohengrin hält betroffen an, als er, sich zu Elsa wendend, diese mit heftig wogender Brust in wildem inneren Kampfe vor sich hinstarren sieht.] Elsa! – wie seh’ ich sie erbeben!

Libreto Lohengrin

eles viram meu bom ato! Só devo resposta a uma única pessoa: Elsa ... [Lohengrin se detém consternado quando se volta para Elsa e a vê com o coração em tormenta e os olhos fixos no infinito, numa violenta luta interna.] Elsa! Como estás trêmula?


o segredo! Se soubesse o seu fado, fiel eu o guardaria! Em dúvida, porém, estremece o fundo do meu peito!

kund! Wüßt’ ich sein Los, ich wollt’ es treu unbewahren! Im Zweifel doch erbebt des Herzens Grund!

Rei König

Caro herói, combata com bravura o infiel! És grandioso demais para temer sua acusação!

Mein Held, entgegne kühn dem Ungetreuen! Du bist zu hehr, um, was er klagt, zu scheuen!

Nobres saxões e brabantes Die sächsischen und brabantischen Edlen

[Aglomerando-se ao redor de Lohengrin] Estamos ao teu lado, não nos arrependeremos de reconhecer em ti a insígnia dos heróis Estende-nos a mão! Acreditamos fielmente em ti, que grandioso é o seu nome, mesmo que não seja nomeado.

[sich an Lohengrin drängend] Wir steh’n zu dir, es soll uns nicht gereuen, dass wir der Helden Preis in dir erkannt! Reich’ uns die Hand! Wir glauben dir in Treuen, dass hehr dein Nam’, auch wenn er nicht genannt.

Lohengrin

Vós, heróis, não vos arrependereis de acreditar em mim, mesmo que meu nome e estirpe nunca sejam nomeados. [Frederico se aproxima de Elsa e fica bem junto dela, que está de lado e sozinha, com um olhar meditativo para o infinito. Os homens fazem um círculo em volta de Lohengrin. Um a um, em roda, eles dão seu aperto de mão a Lohengrin.]

Euch Helden soll der Glaube nicht gereuen, werd’ euch mein Nam’ und Art auch nie genannt. [Friedrich drängt sich dicht an Elsa, welche vor sich hinbrütend einsam im Vordergrunde zur Seite steht. Die Männer schließen einen Ring um Lohengrin; er empfängt von Jedem der Reihe nach den Handschlag.]

Frederico Friedrich

[Interpelando-a com fervor, mas em voz baixa.] Confia em mim! Trata de buscar um meio de ter certeza!

[leise, mit leidenschaftlicher Unterbrechung] Vertraue mir! Laß dir ein Mittel heißen, das dir Gewißheit schafft!

Elsa

[Horrorizada, mas em voz baixa] Para longe de mim!

[erschrocken, doch leise] Hinweg von mir!

Frederico Friedrich

Deixa-me feri-lo minimamente, a ponta do dedo, e eu te juro: o que ele oculta de ti, verás bem à tua frente. Se ele for fiel a ti, jamais há de deixar-te!

Laß mich das kleinste Glied ihm nur entreißen, des Fingers Spitze, und ich schwöre dir, was er dir hehlt, sollst frei du vor dir seh’n, dir treu, soll nie er dir von hinnen geh’n!


Ha! Nimmermehr!

Frederico Friedrich

À noite estarei por perto ... se me chamas, sem dor e rapidamente tudo estará feito!

Ich bin dir nah’ zur Nacht, – rufst du, ohn’ Schaden ist es schnell vollbracht!

Lohengrin

[Caminhando rapidmente para a frente do palco.] Elsa, com quem conversavas aí? [Com uma voz terrível para Ortrud e Frederico] Para longe dela, amaldiçoados! Que os meus olhos jamais vos vejam de novo perto dela. [Frederico faz um gesto da mais dolorosa cólera. Lohengrin se volta para Elsa, que ao seu primeiro chamado sucumbe como que fulminada aos seus pés.] Elsa, levanta-te! Em tua mão, em tua fidelidade, encontra-se o penhor de toda felicidade! O poder da dúvida não a deixa em paz? Queres fazer-me a pergunta?

[schnell in den Vordergrund tretend] Elsa, mit wem verkehrst du da? [mit fürchterlicher Stimme zu Ortrud und Friedrich] Zurück von ihr, Verfluchte! Dass nie mein Auge je euch wieder bei ihr seh’! [Friedrich macht eine Gebärde der schmerzlichsten Wut. Er wendet sich zu Elsa, welche bei seinem ersten Zurufe wie vernichtet ihm zu Füßen gesunken ist.] Elsa, erhebe dich! In deiner Hand, in deiner Treu’ liegt alles Glückes Pfand! Läßt nicht des Zweifels Macht dich ruh’n? Willst du die Frage an mich tun?

Elsa

[Com uma violenta agitação interna e numa confusão envergonhada.] Meu redentor, que me trouxe a salvação! Meu herói, em quem tenho de extinguir-me, [Com importância e decisão.] Bem acima do poder de toda dúvida há de estar o meu amor! [Ela cai em seu peito.] [O órgão soa da catedral. Dobre de sinos.]

[in heftigster innerer Aufregung und in schamvoller Verwirrung] Mein Retter, der mir Heil gebracht! Mein Held, in dem ich muß vergeh’n, [mit Bedeutung und Entschluß] hoch über alles Zweifels Macht soll meine Liebe steh’n! [Sie sinkt an seine Brust.] [Die Orgel ertönt aus dem Münster; Glockengeläute.]

Lohengrin

Glória a ti, Elsa!

Heil dir, Elsa!

Homens Die Männer

[Num entusiasmo comovido] Vede, ele é um enviado de Deus!

[in begeisterter Rührung] Seht, er ist von Gott gesandt!

Lohengrin

Agora, vamos até diante de Deus!

Nun laß vor Gott uns geh’n!

Mulheres e pajens Die Frauen und Knaben

Salve! Salve! Salve! [Passando pelos nobres, Lohengrin conduz Elsa

Heil! Heil! Heil! [Lohengrin führt Elsa feierlich an den Edlen vorüber zum König. Wo

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Ah! Jamais!

Libreto Lohengrin

90

Elsa


solenemente até o Rei. À medida que Lohengrin e Elsa vão passando, os homens abrem caminho em sinal de reverência.]

Lohengrin mit Elsa vorbei kommt, machen die Männer ehrerbietig Platz.]

Homens Die Männer

Glória a vós! Glória a Elsa de Brabante! Glória a ti, Elsa! [Liderados pelo Rei, Lohengrin e Elsa caminham lentamente para a catedral.] Abençoada tu hás de caminhar! Que Deus te guie!

Heil euch! Heil Elsa von Brabant! Heil dir, Elsa! [Von dem König geleitet, schreiten Lohengrin und Elsa langsam dem Münster zu.] Gesegnet sollst du schreiten! Gott möge dich geleiten!

Homens, mulheres e pajens Die Männer, Frauen und Knaben

Glória a ti, virtuosa! Glória a Elsa de Brabante! Glória a ti! [Aqui o Rei atingiu com a noiva o degrau mais alto da escadaria da catedral. Elsa se volta muito emocionada para Lohengrin, que a toma em seus braços. Ainda abraçada, ela olha para baixo com apreensão e vê Ortrud ao pé da escadaria, à direita. Ortrud levanta os braços na direção de Elsa como se estivesse certa da vitória. Elsa vira o rosto apavorada. Quando Elsa e Lohengrin, conduzidos pelo Rei, ultrapassam a entrada da catedral, cai o pano.]

Heil dir, Tugendreiche! Heil Elsa von Brabant! Heil dir! [Hier hat der König mit dem Brautpaar die höchste Stufe zum Münster erreicht; Elsa wendet sich in großer Ergriffenheit zu Lohengrin, dieser empfängt sie in seinen Armen. Aus dieser Umarmung blickt sie mit scheuer Besorgnis rechts von der Treppe hinab und gewahrt Ortrud, welche den Arm gegen sie erhebt, als halte sie sich des Sieges gewiss; Elsa wendet erschreckt ihr Gesicht ab. Als Elsa und Lohengrin, wieder vom König geführt, dem Eingange des Münsters weiter zuschreiten, fällt der Vorhang.]

Primeira Cena Erste Scene

[O aposento do casal. À direita, uma torre de janela saliente Música atrás do palco. A música primeiramente está distante, depois começa a se aproximar. No meio da música, abrem-se à direita e à esquerda portas no fundo do palco: à direita aparecem as mulheres, lideradas por Elsa; à esquerda aparecem os homens com o Rei, liderados por Lohengrin. Pajens com luzes vão à frente.]

[Das Brautgemach; rechts ein Erkerturm mit offenem Fenster. Musik hinter der Bühne; der Gesang ist erst entfernt, dann näher kommend. In der Mitte des Liedes werden rechts und links im Hintergrunde Türen geöffnet: rechts treten Frauen auf, welche Elsa, – links die Männer mit dem König, welche Lohengrin geleiten; Edelknaben mit Lichtern voraus.]

Homens e mulheres Männer und Frauen

Fielmente conduzidos, passai para o lugar

Treulich geführt ziehet dahin, wo euch in Frieden die Liebe

TERCEIRO ATO DRITTER AKT


[Hier werden die Türen geöffnet.]

Que o quarto perfumado, enfeitado para o amor, agora vos acolha, longe do esplendor. Fielmente conduzidos, agora entrai onde o amor vos conservará em bênçãos! A coragem triunfal e a cortesia com tanta pureza vos unem na fidelidade, como o mais bem-aventurado casal. O mais bem-aventurado casal! Na fidelidade!

Duftender Raum, zur Liebe geschmückt, nehm’ euch nun auf, dem Glanze entrückt. Treulich geführt ziehet nun ein, wo euch in Segen die Liebe bewahr’! Siegreicher Mut, Minne so rein eint euch in Treue zum seligsten Paar. Zum seligsten Paar! In Treue!

[Quando ambos os cortejos se encontram no centro do palco, Elsa é conduzida pelas mulheres até Lohengrin. Eles se abraçam e ficam de pé no centro. Oito mulheres circundam solenemente Lohengrin e Elsa, enquanto pajens os despem de seus pesados mantos.] Oito mulheres Acht Frauen

[Als die beiden Züge in der Mitte der Bühne sich begegneten, ist Elsa von den Frauen Lohengrin zugeführt worden; sie umfassen sich und bleiben in der Mitte stehen. Acht Frauen umschreiten feierlich Lohengrin und Elsa, während diese von den Edelknaben ihrer schweren Obergewänder entkleidet werden.]

[Depois de dar uma volta ao redor deles.]

[nach dem Umschreiten]

Tal como Deus vos consagrou à beatitude, nós vos consagramos às alegrias.

Wie Gott euch selig weihte, zu Freuden weih’n euch wir.

[Dão uma segunda volta.] Na companhia da felicidade do amor recordai por muito tempo desta hora!

[Sie halten einen zweiten Umgang.] In Liebesglücks Geleite denkt lang’ der Stunde hier!

93

[Aqui as portas são abertas.]

92

bewahr’! Siegreicher Mut, Minnegewinn eint euch in Treue zum seligsten Paar. Streiter der Tugend, schreite voran! Zierde der Jugend, schreite voran! Rauschen des Festes seid nun entronnen, Wonne des Herzens sei euch gewonnen!

Libreto Lohengrin

onde o amor vos conservará em paz! A coragem triunfal e a conquista da cortesia vos unem na fidelidade, como o mais bem-aventurado casal. Combatentes da virtude, avante! Jóias da juventude, avante! Escapai agora do burburinho da festa para conquistar as delícias do coração!


Homens e mulheres Männer und Frauen

[O Rei abraça e abençoa Lohengrin e Elsa. As pajens dão o sinal para a saída de todos. Os cortejos se formam novamente e passam ao lado dos recém casados durante a canto que se segue, de modo que os homens deixam o palco à direita e as mulheres à esquerda.]

[Der König umarmt und segnet Lohengrin und Elsa. Die Edelknaben mahnen zum Aufbruch. Die Züge ordnen sich wieder, und während des Folgenden schreiten sie an den Neuvermählten vorüber, so dass die Männer rechts, die Frauen links das Gemach verlassen.]

Fielmente guardados, permanecei onde o amor vos conservará em bênçãos! A coragem triunfal, a cortesia e a felicidade vos unem na fidelidade como o mais bem-aventurado casal. Combatentes da virtude, permanecei no lar! Jóias da juventude, permanecei no lar! Escapai agora do burburinho da festa para conquistar as delícias do coração! Que o quarto perfumado, enfeitado para o amor, agora vos acolha, longe do esplendor.

Treulich bewacht bleibet zurück, wo euch in Segen die Liebe bewahr’. Siegreicher Mut, Minne und Glück eint euch in Treue zum seligsten Paar. Streiter der Tugend, bleibe daheim! Zierde der Jugend, bleibe daheim! Rauschen des Festes seid nun entronnen, Wonne des Herzens sei euch gewonnen! Duftender Raum, zur Liebe geschmückt, nahm euch nun auf, dem Glanze entrückt.

[Aqui, os cortejos já deixaram inteiramente o palco: as portas são fechadas pelas últimas pajens.]

[Hier haben die Züge die Bühne gänzlich verlassen: die Thüren werden von den letzten Knaben geschlossen.] [allmählig immer entfernter]

[Com o canto se distanciando aos poucos.] Fielmente guardados, permanecei aqui onde o amor vos conservará em bênçãos! A coragem triunfal, a cortesia e a felicidade vos unem na fidelidade como o mais bem-aventurado casal. [Com o canto ao longe, quase extinto.] O mais bem-aventurado casal! Na fidelidade!

Treulich bewacht bleibet zurück, wo euch in Segen die Liebe bewahr’! Siegreicher Mut, Minne und Glück eint euch in Treue zum seligsten Paar. [ganz verhallend] Zum seligsten Paar! In Treue!


Lohengrin

A doce canção chega ao fim, estamos a sós, pela primeira vez a sós desde que nos vimos . Agora já estamos apartados do mundo, Ninguém pode espreitar as saudações do coração! Elsa, minha mulher! Tu, doce e pura esposa! Que eu saiba agora se estás feliz!

Das süße Lied verhallt; wir sind allein, zum ersten Mal allein, seit wir uns sah’n. Nun sollen wir der Welt entronnen sein, kein Lauscher darf des Herzens Grüßen nah’n! Elsa, mein Weib! Du süße, reine Braut! Ob glücklich du, das sei mir jetzt vertraut!

Elsa

Como seria frio dizer-me agora apenas feliz, possuo toda a bem-aventurança dos céus! Sinto meu coração arder tão docemente por ti, respiro delícias que somente Deus consente.

Wie wär’ ich kalt, mich glücklich nur zu nennen, besitz’ ich aller Himmel Seligkeit! Fühl’ ich zu dir so süß mein Herz entbrennen, atme ich Wonnen, die nur Gott verleiht.

Lohengrin

[Com ardor.]

[feurig]

Querida, se podes dizer-te feliz, tu dás a mim também a bemaventurança dos céus!

Vermagst du, Holde, glücklich dich zu nennen, giebst du auch mir des Himmels Seligkeit!

[Carinhosamente.]

[zärtlich]

Sinto meu coração arder tão docemente por ti, respiro delícias que só Deus consente.

Fühl’ ich zu dir so süß mein Herz entbrennen, atme ich Wonnen, die nur Gott verleiht.

Lohengrin e Elsa Lohengrin und Elsa

Sinto meu coração arder tão docemente por ti, respiro delícias que só Deus consente.

Fühl’ ich zu dir so süß mein Herz entbrennen, atme ich Wonnen, die nur Gott verleiht.

Lohengrin

Quão nobre é a natureza de nosso amor!

Wie hehr erkenn’ ich uns’rer Liebe Wesen!

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[Elsa ist, als die Züge das Gemach verlassen haben, wie überselig Lohengrin an die Brust gesunken. Lohengrin setzt sich, während der Gesang verhallt, auf einem Ruhebett am Erkerfenster nieder, indem er Elsa sanft nach sich zieht.]

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[Quando os cortejos já deixaram o aposento, Elsa está estreitada junto ao peito de Lohengrin num estado de extrema felicidade. Enquanto o canto se extingue, Lohengrin se senta em um divã junto à janela, e delicadamente traz Elsa até si.]

Libreto Lohengrin

segunda Cena Zweite Scene


Antes de nos vermos, já pressentíamos um ao outro. Quando fui eleito o teu paladino, o amor abriu o caminho que me levou a ti. Teus olhos me disseram que és pura e inocente ... ... tua visão me forçou a servir à tua graça.

Die nie sich sah’n, wir hatten uns geahnt; war ich zu deinem Streiter auserlesen, hat Liebe mir zu dir den Weg gebahnt: Dein Auge sagte mir dich rein von Schuld, – mich zwang dein Blick zu dienen deiner Huld.

Elsa

Mas eu já havia te visto antes, num sonho venturoso tu vinhas até mim. Ao acordar, quando te vi de pé à minha frente, dei-me conta de que vieste por conselho de Deus. Então quis derreter diante de tua visão, quis correr pelos teus pés como um riacho! Como uma flor perfumada no campo, extasiada, quis dobrar-me aos teus passos! Será que isso é apenas amor? Qual é nome disso? Será uma palavra tão indizivelmente deliciosa quanto ... teu nome? Nome que jamais conhecerei, pelo qual jamais chamarei quem mais adoro!

Doch ich zuvor schon hatte dich gesehen, in sel’gem Traume warst du mir genaht; als ich nun wachend dich sah vor mir stehen, erkannt’ ich, dass du kamst auf Gottes Rat. Da wollte ich vor deinem Blick zerfließen, gleich einem Bach umwinden deinen Schritt, gleich einer Blume, duftend auf der Wiesen, wollt’ ich entzückt mich beugen deinem Tritt! Ist dies nur Liebe? Wie soll ich es nennen, Dies Wort, so unaussprechlich wonnevoll, wie ach! dein Name, den ich nie soll kennen, bei dem ich nie mein Höchstes nennen soll!

Lohengrin

[Lisongeiro.] Elsa!

[schmeichelnd] Elsa!

Elsa

Como meu nome ecoa docemente da tua boca! [Um pouco hesitante.] Tu não me concedes o lindo som do teu? Mas quando nos acharmos na quietude do amor, tu hás de permitir que a minha boca o diga.

Wie süß mein Name deinemMund entgleitet! [etwas zögernd] Gönnst du des deinen holden Klang mir nicht? Nur, wenn zur Liebesstille wir geleitet, sollst du gestatten, dass mein Mund ihn spricht.

Lohengrin

Minha doce mulher!

Mein süßes Weib!

Elsa

Nós sozinhos, quando todos

Einsam, wenn Niemand wacht –


Lohengrin

elsa

[Lohengrin umfaßt Elsa freundlich und deutet durch das offene Fenster auf den Blumengarten.]

Tu não sentes também esses doces perfumes? Oh, com que delicadeza eles embriagam os sentidos! Misteriosamente eles se aproximam pelos ares e sem hesitar eu me entrego ao seu encanto ... [Exclamando.] Assim é o encanto que me prendeu a ti quando te vi, minha doçura, pela primeira vez. Eu não precisava informar-me da tua estirpe, no que meus olhos te viram, meu coração te compreendeu. Tal qual os perfumes inebriam meus sentidos com delicadeza, embora venham a mim de uma noite enigmática, ... [Ardorosamente.] ... assim também a tua pureza me arrebatou, embora eu tenha te encontrado sob tão grave acusação.

Atmest du nicht mit mir die süßen Düfte? O wie so hold berauschen sie den Sinn! Geheimnisvoll sie nahen durch die Lüfte, fraglos geb’ ihrem Zauber ich mich hin. – [mit erhobener Stimme] So ist der Zauber, der mich dir verbunden, da als ich zuerst, du Süße, dich ersah; nicht deine Art ich brauchte zu erkunden, dich sah mein Aug’, mein Herz begriff dich da. Wie mir die Düfte hold den Sinn berücken nah’n sie mir gleich aus rätselvoller Nacht: [feurig] so deine Reine mußte mich entzücken, traf ich dich auch in schwerer Schuld Verdacht.

[Elsa esconde seu encabulamento ao aconchegarse humildemente a ele.]

[Elsa birgt ihre Beschämung, indem sie sich demütig an ihn schmiegt.]

Ah, se eu pudesse mostrar-me digna de ti, se eu não tivesse que sumir diante de ti, se algum mérito me unisse a ti, se me fosse dado sofrer por ti! Tal qual me encontraste sob tão grave acusação, oh, se tu estivesses em aflição, quem dera eu soubesse! Que corajosamente eu carregue o fardo,

Ach, könnt’ ich deiner wert erscheinen, müßt’ ich vor dir nicht bloß vergeh’n; könnt’ ein Verdienst mich dir vereinen, dürft’ ich in Pein für dich mich seh’n! Wie du mich trafst vor schwerer Klage, o wüßte ich auch dich in Not; dass mutvoll ich ein Mühen trage,

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[Lohengrin abraça Elsa amavelmente e, da janela que está aberta, aponta o jardim cheio de flores.]

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nie sei der Welt er zu Gehör gebracht!

Libreto Lohengrin

dormem ... jamais ele será lançado aos ouvidos do mundo!


se souber que algum tormento te ameaça! Seria isto o segredo que a todo mundo tua boca cala? [Sempre mais misteriosa.] Talvez a desgraça te aguarde se ele for revelado a todo mundo? Nesse caso, se eu pudesse sabêlo, se me fosse dado tê-lo em meu poder, nenhuma ameaça o arrancaria de mim, por ti, eu desejaria encontrar a morte.

kennt’ ich ein Sorgen, das dir droht! Wär’ das Geheimnis so geartet, das aller Welt verschweigt dein Mund? [immer geheimnisvoller] Vielleicht, dass Unheil dich erwartet, würd’ aller Welt es offen kund? Wär’ es so, und dürft’ ich’s wissen, dürft’ ich in meiner Macht es seh’n, durch Keines Droh’n sei mir’s entrissen, für dich wollt’ ich zum Tode geh’n.

Lohengrin

Minha amada!

Geliebte!

elsa

[Sempre mais apaixonadamente.] Oh, torna-me orgulhosa da tua confiança, para que eu não pereça sem valor! Faz teu segredo manifestar-se a mim, para que eu veja claramente quem tu és!

[immer leidenschaftlicher] O, mach’ mich stolz durch dein Vertrauen, dass ich in Unwert nicht vergeh’! Lass’ dein Geheimnis mich durchschauen, dass, wer du bist, ich offen seh’!

Lohengrin

Ah, cala-te, Elsa!

Ach, schweige, Elsa!

elsa

[Pressionando-o cada vez mais] À minha fidelidade revela o valor da tua fidalguia! De onde vens, diz sem arrependimento ... Que a força do silêncio em mim se demonstre.

[immer drängender] Meiner Treue enthülle deines Adels Wert! Woher du kamst, sag’ ohne Reue, – durch mich sei Schweigens Kraft bewährt.

Lohengrin

[Recuando alguns passos, severo e sério.] Já deves me agradecer por uma suprema confiança, pois acreditei de bom grado em teu juramento. Se jamais vacilares diante de meu mandamento, serás para mim a mais valorosa, acima de toda mulher. [Voltando-se rapidamente para Elsa, com doçura.] Achega-te ao meu peito, ó doce

[streng und ernst einige Schritte zurücktretend] Höchstes Vertrau’n hast du mir schon zu danken, da deinem Schwur ich Glauben gern gewährt; wirst nimmer du vor dem Gebote wanken, hoch über alle Frau’n dünkst du mich wert. [Er wendet schnell sich wieder liebevoll zu Elsa.] An meine Brust, du Süße, Reine!


elsa

Hilf Gott, was muß ich hören! Welch’ Zeugnis gab dein Mund! Du wolltest mich betören, nun wird mir Jammer kund! Das Los, dem du entronnen, es war dein höchstes Glück; du kamst zu mir aus Wonnen und sehnest dich zurück! Wie soll ich Ärmste glauben, dir g’nüge meine Treu’? Ein Tag wird dich mir rauben durch deiner Liebe Reu’!

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Deus ajude, o que é que estou ouvindo! Que testemunho deu a tua boca! Tu desejavas me fascinar, e agora a mim se revela a desgraça! O destino que abandonaste era a tua suprema felicidade. Vieste a mim de um lugar de delícias e anseias por voltar! Como poderei eu, pobre coitada, acreditar que minha fidelidade te basta? Um dia tu me serás roubado pelo arrependimento de teu amor.

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Sei meines Herzens Glühen nah’, dass mich dein Auge sanft bescheine, in dem ich all’ mein Glück ersah! [feurig] O, gönne mir, dass mit Entzücken ich deinen Atem sauge ein; lass’ fest, ach! fest an mich dich drücken, dass ich in dir mög’ glücklich sein! Dein Lieben muß mir hoch entgelten für das, was ich um dich verließ; kein Los in Gottes weiten Welten wol edler als das meine hieß. Böt’ mir der König seine Krone, ich dürfte sie mit Recht verschmäh’n. Das Einz’ge, was mein Opfer lohne, muß ich in deiner Lieb’ erseh’n. Drum wolle stets den Zweifel meiden, dein Lieben sei mein stolz Gewähr! Denn nicht komm’ ich aus Nacht und Leiden, aus Glanz und Wonne kam ich her!

Libreto Lohengrin

e pura! Fica perto da brasa do meu coração, para que me iluminem teus olhos meigos, nos quais vislumbrei toda a minha felicidade! [Com ardor.] Oh, conceda-me que em êxtase eu respire o teu alento. Ah, deixa! Deixa eu te abraçar bem forte, para que em ti eu possa ser feliz! Teu amor será minha suprema recompensa em troca do que abandonei por tua causa. Nos amplos mundos de Deus, jamais existiu um destino mais nobre do que o meu. Se o Rei me oferecesse sua coroa, eu teria razão para rechaçá-la. É no teu amor que eu vislumbro a única coisa que vale o meu sacrifício. Por isso, trata de sempre evitar a dúvida! Amando-me, faz-me certo e orgulhoso disso! Pois não venho da noite e do sofrimento, Eu vim da luz e da alegria!


Lohengrin

Para de torturar-te!

Halt’ ein, dich so zu quälen!

elsa

És tu que me torturas! Devo contar os dias que ainda permaneces comigo? A preocupação com a tua permanência murchará o meu rosto ... ... e então partirás correndo, e eu ficarei aqui, na desgraça!

Was quälest du mich doch! Soll ich die Tage zählen, die du mir bleibest noch? In Sorg’ um dein Verweilen verblüht die Wange mir; – dann wirst du mir enteilen, im Elend bleib’ ich hier!

Lohengrin

Jamais teu encanto desaparecerá, se te mantiveres livre da dúvida!

Nie soll dein Reiz entschwinden, bleibst du von Zweifel rein!

elsa

Ah, prender-te a mim, que força tenho eu para isso! Cheio de mágica é o teu ser, vieste por meio de um milagre. Como poderei me recuperar disso? Como ter certeza do que falas? [Muito exasperada, ela se detém horrorizada, como se buscasse escutar algo.] Não escutaste nada? Não notaste que alguém se aproxima?

Ach, dich an mich zu binden, wie sollt’ ich mächtig sein! Voll Zauber ist dein Wesen, durch Wunder kamst du her; – wie sollt’ ich da genesen, wo fänd’ ich dein Gewähr? [Sie schreckt in heftigster Aufregung zusammenmund hält an, wie um zu lauschen.] Hörtest du nichts? Vernahmest du kein Kommen?

Lohengrin

Elsa!

Elsa!

elsa

Ah, não! [Fixando os olhos adiante de si.] Sim, lá ... o cisne ... o cisne! Lá vem ele nadando pelas águas ... Tu o chamas ... ele está trazendo o bote!

Ach nein! [vor sich hinstarrend] Doch dort, – der Schwan – der Schwan! Dort kommt er auf der Wasserflut geschwommen, – du rufest ihm, – er zieht herbei den Kahn! –

Lohengrin

Elsa! Para! Sossega o teu delírio!

Elsa! Halt’ ein! Beruh’ge deinen Wahn!

elsa

Nada pode me trazer a paz, nada me livrará do delírio, exceto ... ainda que me custe a vida ... saber quem tu és!

Nichts kann mir Ruhe geben, dem Wahn mich nichts entreißt, als – gelt’ es auch mein Leben, – zu wissen, wer du sei’st!

Lohengrin

Elsa, o que vais ousar?

Elsa, was willst du wagen?

elsa

Desgraçado, formoso homem! Escuta a pergunta que tenho de te fazer! O nome, diz para mim!

Unselig holder Mann, hör’ was ich dich muß fragen! Den Namen sag’ mir an!


Halt’ ein!

elsa

De onde vieste?

Woher die Fahrt?

Lohengrin

Ai de ti!

Weh’ dir!

elsa

Qual é a tua estirpe?

Wie deine Art?

Lohengrin

Ai de nós! O que estás fazendo?

Weh’ uns! Was tatest du?

[Ela percebe Frederico e seus quatro companheiros, que, com as espadas em punho, irrompem no cômodo pela porta traseira.]

[Sie gewahrt Friedrich und seine vier Genossen,welche mit gezückten Schwerten durch eine hintere Tür hereinbrechen.]

[Após um grito.] Salva-te! Tua espada! Tua espada!

[nach einem Schrei] Rette dich! Dein Schwert! Dein Schwert!

[Agilmente ela pega a espada que está apoiada no divã e a dá a Lohengrin, que rapidamente a saca da bainha. Frederico avança sobre Lohengrin que o perfura com um só golpe, deixando-o morto no chão. Elsa se atira ao peito de Lohengrin e lentamente cai desmaida de seus braços no chão. Longo silêncio. Lohengrin muito abalado, é o único que resta de pé.]

[Sie reicht das am Ruhebett angelehnte Schwert hastig Lohengrin, so dass dieser schnell es aus der Scheide, welche sie hält, ziehen kann. Lohengrin streckt Friedrich, welcher nach ihm ausholt, mit einem Streiche tot zu Boden; den entsetzten Edlen entfallen die Schwerter, sie stürzen zu Lohengrin’s Füßen auf die Knie. Elsa, die sich an Lohengrin’s Brust geworfen hatte, sinkt ohnmächtig langsam an ihm zu Boden. Langes Stillschweigen. Lohengrin, tieferschüttert, steht allein aufrecht.]

Lohengrin

Ai, agora se foi toda a nossa felicidade! [Abaixa-se até Elsa, levanta-a delicadamente e a apoia no divã.]

Weh’, nun ist all’ unser Glück dahin! [Er neigt sich zu Elsa hinab, erhebt sie sanft und lehnt sie auf das Ruhebett.]

elsa

[Extenuada, abrindo os olhos.] Deus eterno, tem piedade de mim!

[matt, die Augen aufschlagend] Allewiger, erbarm’ dich mein!

[Ao sinal de Lohengrin, os quatro nobres se levantam.]

[Auf Lohengri’s Zeichen erheben sich die vier Edlen.]

Levai o morto ao Rei, para que seja julgado!

Tragt den Erschlag’nen vor des König’s Gericht!

elsa

Lohengrin

100 101

Para!

Libreto Lohengrin

Lohengrin


terceira Cena dritte Scene

[Os quatro nobres recolhem o corpo de Frederico e se afastam com ele por uma porta à direita. Lohengrin puxa a corda de uma sineta: duas mulheres entram vindas do lado direito.]

[Die vier Edlen nehmen die Leiche Friedrichs auf, und entfernen sich mit ihr durch eine Türe rechts. Lohengrin läutet an einem Glockenzuge: zwei Frauen treten von links ein.]

A fim conduzi-la à presença do rei enfeitai Elsa, minha doce mulher! Ali lhe darei uma resposta. para que ela saiba a estirpe do marido!

Sie vor den König zu geleiten, schmückt Elsa, meine süße Frau! – Dort will ich Antwort ihr bereiten, dass sie des Gatten Art erschau’!

[Ele se vai com uma postura tristemente solene. As mulheres conduzem Elsa, que não tem forças para dizer nada, para a esquerda do palco. O dia começa lentamente a raiar. As velas se apagam. Um grande pano cai na frente do palco e o cobre totalmente. Cornetas são ouvidas no palco, mas como se viessem de longe, do pátio do castelo.]

[Er geht mit traurig feierlicher Haltung ab. – Die Frauen geleiten Elsa, die keines Wortes mächtig ist, nach links von dannen. Der Tag hat langsam begonnen zu grauen; die Kerzen sind verloschen. Ein großer Vorhang fällt im Vordergrunde zusammen und schließt die Bühne gänzlich. Trompeten auf der Bühne, tief wie aus dem Burghof vernehmbar.]

[Quando a cortina frontal é novamente levantada, o palco apresenta mais uma vez a várzea às margens do Escalda, como no Primeiro Ato. Alvorecer vermelho, paulatino raiar do sol até pleno dia. Um conde entra com suas tropas à direita do palco, desce do cavalo e o entrega a um servo. Duas pajens carregam seu escudo e sua espada. Ele planta seu estandarte no chão, em volta do qual suas tropas se reúnem. Quando um segundo conde entra no prado, tal como o primeiro, já se ouvem as cornetas de um terceiro se aproximando. Igualmente, um terceiro conde entra com suas tropas no palco. As novas hostes se reúnem ao redor de seus respectivos estandartes. Os condes e nobres se saúdam e depois inspecionam e elogiam suas respectivas armas etc..]

[Als der vordere Vorhang wieder aufgezogen wird, stellt die Bühne die Aue am Ufer der Schelde dar, wie im ersten Akt; glühende Morgenröte, allmählicher Anbruch des vollen Tages. Ein Graf mit seinem Heergefolge zieht im Vordergrunde rechts auf, steigt vom Pferde und übergiebt dies einem Knechte. Zwei Edelknaben tragen ihm Schild und Speer. Er pflanzt sein Banner auf, sein Heergefolge sammelt sich um dasselbe. Während ein zweiter Graf auf die Weise, wie der erste, einzieht, hört man bereits die Trompeten eines dritten sich nähern. Ein dritter Graf zieht mit seinem Heergefolge eben so ein. Die neuen Schaaren sammeln sich um ihre Banner; die Grafen und Edlen begrüßen sich, prüfen und loben ihre Waffen usw.]


[O Rei entra à esquerda com a hoste saxônica já arregimentada.]

[Der König mit seinem sächsischen Heerbann zieht von links ein.]

Todos os homens Alle Männer

[Batendo nos escudos, assim que o Rei se coloca sob o carvalho.] Glória ao Rei Henrique! Ao Rei Henrique, glória!

[an die Schilde schlagend, als der König unter der Eiche angelangt ist] Heil König Heinrich! König Heinrich Heil!

Rei König

Agradeço-vos, caros homens de Brabante! Que orgulho sentirei em meu coração inflamado, se encontrar em cada parte da terra alemã reunião de tropas tão numerosa e poderosa! Agora, que o inimigo se aproxime do Império, nós o receberemos com valentia: depois disso, de seu ermo Oriente, ele jamais há de ousar um novo ataque! Para a terra alemã, a espada alemã! Que assim se prove a força do Império!

Habt Dank, ihr Lieben von Brabant! Wie fühl’ ich stolz mein Herz entbrannt, find’ ich in jedem deutschen Land so kräftig reichen Heerverband! Nun soll des Reiches Feind sich nah’n, wir wollen tapfer ihn empfah’n: aus seinem öden Ost daher soll er sich nimmer wagen mehr! Für deutsches Land das deutsche Schwert! So sei des Reiches Kraft bewährt!

Todos os homens Alle Männer

Para a terra alemã, a espada alemã! Que assim se prove a força do Império!

Für deutsches Land das deutsche Schwert! So sei des Reiches Kraft bewährt!

Rei König

Onde se demora agora o enviado por Deus para a fama, para a grandeza de Brabante?

Wo weilt nun der, den Gott gesandt zum Ruhm, zur Größe von Brabant?

[Surge um pequeno tumulto. Os quatro nobres trazem num féretro o cadáver de Frederico e o depositam no meio do círculo.]

[Ein scheues Gedränge ist entstanden; die vier Edlen bringen auf einer Bahre Friedrichs Leiche und setzen sie in der Mitte des Kreises nieder. ]

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[Ein vierter Graf zieht mit seinem Heergefolge von rechts herein und stellt sich bis in dieMitte des Hintergrundes auf. Als die Trompeten des Königs vernommen werden, eilt Alles sich um die Banner zu ordnen.]

Libreto Lohengrin

[Um quarto conde entra com suas tropas à direita e se coloca no meio do palco, na parte de trás. Quando as cornetas do Rei são percebidas, todos se apressam para assumir suas posições junto aos estandartes.]


Todos os homens Alle Männer

O que é estão trazendo? Que notícia eles vêm anunciar? São homens de Telramund.

Was bringen die? Was tun sie kund? Die Mannen sind’s des Telramund.

Rei König

Quem trazeis até aqui? O que estou prestes a ver? Vossa presença me enche de temor!

Wen führt ihr her? Was soll ich schau’n? Mich faßt bei eurem Anblick Grau’n!

Os quatro nobres Die vier Edlen

Assim o quer o Protetor de Brabante: É ele que revelará quem é esse homem.

So will’s der Schützer von Brabant: Wer dieser ist, macht er bekannt.

[Elsa, com um grande séquito de mulheres, aparece e caminha lentamente, com passos vacilantes.]

[Elsa,mit einem großen Gefolge von Frauen, tritt auf und schreitet langsam, wankenden Schrittes vor.]

Vede! Elsa se aproxima, a virtuosa!

Seht! Elsa naht, die Tugendreiche!

[O Rei vai ao encontro de Elsa e a guia para um assento defronte o carvalho.]

[Der König geht Elsa entgegen und geleitet sie zu einem Sitze der Eiche gegenüber.]

Como sua face está abatida e pálida!

Wie ist ihr Antlitz trüb’ und bleiche!

Como é tão triste o teu aspecto! Nossa partida te abala tanto assim?

Wie muß ich dich so traurig seh’n! Will dir so nah’ die Trennung geh’n?

[Elsa tenta levantar os olhos para ele, mas não consegue. Grande tumulto no fundo do palco.]

[Elsa versucht vor ihm aufzublicken, vermag es aber nicht. Großes Gedränge im Hintergrunde.]

Vozes Stimmen

Abri espaço, abri espaço para o Herói de Brabante!

Macht Platz, macht Platz dem Helden von Brabant!

Todos os homens Alle Männer

Salve! Salve o Herói de Brabante! Salve!

Heil! Heil dem Helden von Brabant! Heil!

[Lohengrin, com todas as suas armas como no Primeiro Ato, aparece e caminha solenemente para a frente do palco.]

[Lohengrin, ganz so gewaffnet wie im ersten Akte, tritt auf und schreitet feierlich und Ernst in den Vordergrund.]

Salve à tua vinda, valoroso herói! Aqueles que tu chamaste para a batalha esperam por ti, ávidos pelo

Heil deinem Kommen, teurer Held! Die du so treulich riefst ins Feld, die harren dein in Streites Lust, von dir geführt, des Sieg’s

Homens Die Männer

Rei König

Rei König


Todos os homens Alle Männer

Esperamos por ti, ávidos pelo combate, certos da vitória sob tua liderança.

Wir harren dein in Streites Lust, von dir geführt, des Sieg’s bewußt.

Lohengrin

Meu senhor e Rei, deixa-me anunciar-te: Aqueles que convoquei, estes bravos heróis, não os poderei liderar na batalha. [Todos expressam profunda consternação]

Mein Herr und König, lass’ dir melden: die ich berief, die kühnen Helden, zum Streit sie führen darf ich nicht. [Alle drücken höchste Betroffenheit aus.]

Rei e todos os homens König und alle Männer

Deus ajude! Que palavras tão duras ele diz!

Hilf Gott! Welch’ hartes Wort er spricht!

Mulheres Die Frauen

Deus ajude!

Hilf Gott!

Lohengrin

Eu vim até vós como companheiro de armas, que agora eu seja ouvido por vós como querelante!

Als Streitgenoß bin nicht ich euch gekommen; – als Kläger sei ich jetzt von euch vernommen!

[Ele descobre o cadáver de Frederico, diante do qual todos desviam o olhar com aversão.]

[Er enthüllt Friedrichs Leiche, vor deren Anblick sich Alle mit Abscheu abwenden.]

Lohengrin

[Solenemente diante do cadáver.] Primeiro, apresento uma queixa diante de todos vós e peço uma sentença conforme o direito e a justiça: Uma vez que este homem me atacou em plena noite, dizei se eu estava no direito de matá-lo.

[feierlich vor der Leiche] Zum ersten Klage laut ich vor euch allen, und frag’ um Spruch nach Recht und Fug: Da dieser Mann zur Nacht mich überfallen, sagt, ob ich ihn mit Recht erschlug?

Rei e todos os homens König und alle Männer

[Estendo o braço solenemente na direção do cadáver.] Tal como tua mão o mataste nesta terra, assim Deus há de puni-lo no além.

[die Hand feierlich nach der Leiche ausstreckend] Wie deine Hand ihn schlug auf Erden, soll dort ihm Gottes Strafe werden.

Lohengrin

Agora, porém, escutareis uma segunda queixa. Queixo-me em alto e bom som diante de todos:

Zum and’ren aber sollt ihr Klage hören, denn aller Welt nun klag’ ich laut: dass zum Verrat an mir sich ließ

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bewußt.

Libreto Lohengrin

combate, certos da vitória sob tua liderança.


Deixou-se enganar e traiu-me a mulher que Deus me confiou!

betören das Weib, das Gott mir angetraut!

[Profundamente abalados e consternados.]

[heftig erschrocken und betrübt]

Elsa! Como isso pôde acontecer? Como pudeste desviar-te assim?

Elsa! Wie mochte das gescheh’n? Wie konntest du dich so vergeh’n?

Rei König

Elsa! Como pudeste desviar-te assim?

Elsa! Wie konntest du dich so vergeh’n?

Mulheres Die Frauen

[Olhando para Elsa com gestos de reprovação.]

[mit klagenden Gebärden auf Elsa blickend]

Ai de ti! Elsa!

Wehe dir! Elsa!

[Cada vez mais severo.]

[immer streng]

Vós todos escutastes quando ela me prometeu que jamais iria perguntar quem eu sou? Agora ela quebrou o seu valoroso juramento, sacrificou seu coração por um pérfido conselho.

Ihr hörtet alle, wie sie mir versprochen, dass nie sie woll’ erfragen, wer ich bin? Nun hat sie ihren teuren Schwur gebrochen, treulosem Rat gab sie ihr Herz dahin!

[Todos expressam a mais profunda consternação.]

[Alle drücken die heftigste Erschütterung aus.]

Para fazer jus às cruéis perguntas de sua dúvida, agora a resposta não será mais poupada. Era-me dado recusá-la aos apelos do inimigo, mas agora tenho de declarar meu nome e estirpe.

Zu lohnen ihres Zweifels wildem Fragen sei nun die Antwort länger nicht gespart; des Feindes Drängen durft’ ich sie versagen, – nun muß ich künden wie mein Nam’ und Art.

[Com seu rosto a transfigurar-se cada vez mais.]

[mit immer steigender Verklärung seiner Mienen]

Agora, observai bem, se preciso temer a luz do dia! Diante de todos, do Rei e do Império revelo meu segredo fielmente!

Nun merket wohl, ob ich den Tag muß scheuen! Vor aller Welt, vor König und vor Reich enthülle mein Geheimnis ich in Treuen!

[Erguendo-se.]

[sich hoch aufrichtend]

Homens Die Männer

Lohengrin


Agora, escutai se não sou igual a vós em fidalguia!

Nun hört, ob ich an Adel euch nicht gleich!

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todos os homens alle Männer

Que coisa inaudita hei agora de escutar? Oh, quem dera ele não fosse forçado a declarar!

Welch Unerhörtes muß ich nun erfahren? O, könnt’ er die erzwung’ne Kunde sich ersparen!

Libreto Lohengrin

Rei König

Que coisa inaudita hei agora de escutar? Oh, quem dera ele não tivesse de declarar!

Was muß ich nun erfahren? O, könnt’ er die Kunde sich ersparen!

Lohengrin

Numa terra distante, inalcançável aos vossos passos, há um burgo, que se chama Montsalvat. Um templo cheio de luz se ergue no meio, tão precioso como nada mais nesta terra. Nele, um cálice milagroso e bendito é guardado como a suprema relíquia. Para que os homens mais puros o velassem, ele foi trazido até ali por uma hoste de anjos. Todo ano vem do céu uma pomba para renovar seu poder milagroso. Ele se chama Graal, e uma fé bendita e pura se concede por meio dele à sua Irmandade dos Cavaleiros. Quem então é eleito para servir ao Graal é munido por ele de um poder supraterreno. Neste homem todos os ardis do mal não têm vez, quando ele os enfrenta, a noite da morte o evita. Mesmo quem o Graal envia a uma terra distante, como paladino da Justiça e da Virtude, não é privado de seu santo poder se ali permanecer ignoto como seu cavaleiro.

In fernem Land, unnahbar euren Schritten, liegt eine Burg, die Monsalvat genannt; ein lichter Tempel stehet dort in mitten, so kostbar als auf Erden nichts bekannt; drin ein Gefäß von wundertät’gem Segen wird dort als höchstes Heiligtum bewacht: es ward, dass sein der Menschen reinste pflegen, herab von einer Engelschaar gebracht; alljährlich naht vom Himmel eine Taube, um neu zu stärken seine Wunderkraft: es heißt der Gral, und selig reinster Glaube erteilt durch ihn sich seiner Ritterschaft. Wer nun dem Gral zu dienen ist erkoren, den rüstet er mit überirdischer Macht; – an dem ist jedes Bösen Trug verloren, wenn ihn er sieht, weicht dem des Todes Nacht; selbst wer von ihm in ferne Land’ entsendet, zum Streiter für der Tugend Recht ernannt, dem wird nicht seine heil’ge Kraft entwendet, bleibt als sein Ritter dort er


Mas a benção do Graal é tão grandiosa, que, se revelada, seu cavaleiro tem de evitar os não iniciados. Por isso, não deveis alimentar dúvidas sobre o cavaleiro: se o reconheceis ... então ele terá de vos deixar. Agora escutai como faço jus à pergunta proibida! Pelo Graal fui enviado até vós: Meu pai, Parsifal, carrega sua própria coroa. Eu, seu cavaleiro, sou chamado Lohengrin.

unerkannt; so hehrer Art doch ist des Grales Segen, enthüllt muss er des Laien Auge flieh’n: – Des Ritter’s drum sollt Zweifel ihr nicht hegen, erkennt ihr ihn – dann muss er von euch zieh’n. – Nun hört, wie ich verbot’ner Frage lohne! Vom Gral ward ich zu euch daher gesandt; mein Vater Parzival trägt seine Krone, – sein Ritter ich – bin Lohengrin genannt.

Rei, todos os homens e todas as mulheres König, alle Männer und Frauen

[Todos muitíssimo impactados] Enquanto o escuto dando provas de sua estirpe sublime, meus olhos se inflamam com lágrimas de santas delícias!

[Alle in höchster Rührung] Hör’ ich so seine höchste Art bewähren, entbrennt mein Aug’ in heil’gen Wonnezähren!

elsa

O chão me foge dos pés ... Que noite terrível! ... Oh, ar!... Ar para esta desventurada!

Mir schwankt der Boden! – Welche Nacht! – O Luft, – Luft der Unglücksel’gen!

[Ela está a ponto de desfalecer no chão. Lohengrin a apanha em seus braços.]

[Sie droht umzusinken; Lohengrin faßt sie in seine Arme.]

[No fundo do palco.] O cisne! O cisne!

[im Hintergrunde] Der Schwan! Der Schwan!

[Aqui o cisne avança pela curva frontal do rio. Ele puxa o barco vazio.]

[Hier kommt der Schwan um die vordere Flußbiegung herum. – Er zieht den leeren Nachen.]

O cisne! O cisne! Vede, lá vem ele de volta! O cisne! Ai, ele está vindo! Ele está vindo, o cisne!

Der Schwan! Der Schwan! Seht dort ihn wieder nah’n! Der Schwan! Weh’, er naht! Er naht, der Schwan!

[Elsa acorda de seu estado letárgico, soergue-se em seu assento e olha para as margens.]

[Elsa, aus ihrer Betäubung erweckt, erhebt sich auf den Sitz gestützt, und blickt nach dem Ufer.]

Que horror! O cisne!

Entsetzlich! Ha! Der Schwan!

Parte dos homens Ein Teil der Männer

Homens e mulheres Die Männer und die Frauen

elsa


Lohengrin

[Comovido.] O Graal já manda buscar aquele que tarda!

[erschüttert] Schon sendet nach dem Säumigen der Gral!

[Sob máxima apreensão dos demais, Lohengrin se aproxima da margem e se inclina até o cisne, fitando-o com um olhar melancólico.]

[Unter der gespanntesten Erwartung der Üebrigen tritt Lohengrin dem Ufer näher und neigt sich zu dem Schwan, ihn wehmütig betrachtend.]

Meu caro cisne! Ah, esta última viagem triste, como eu gostaria de poupar-te dela! Depois de um ano, quando o tempo do teu serviço já estivesse cumprido, e tu fosses libertado pelo poder do Graal, então eu iria rever-te de uma outra maneira! [Numa explosão de dor, retorna a Elsa na frente.] Ó Elsa! Desejei tanto ser testemunha da tua felicidade por ao menos um ano! Então, com a escolta bendita do Graal, teu irmão, que imaginavas morto, retornaria.

Mein lieber Schwan! Ach, diese letzte traur’ge Fahrt, wie gern hätt’ ich sie dir erspart! In einem Jahr, wenn deine Zeit im Dienst zu Ende sollte geh’n, dann, durch des Grales Macht befreit, wollt’ ich dich anders wiederseh’n! [Er wendet sich im Ausbruch heftigen Schmerzes in den Vordergrund zu Elsa zurück. ] O Elsa! Nur ein Jahr an deiner Seite hatt’ ich als Zeuge deines Glücks ersehnt! Dann kehrte, selig in des Gral’s Geleite, dein Bruder wieder, den du todt gewähnt.

[Todos expressam sua grande surpresa.]

[Alle drücken ihre lebhafte Überraschung aus.]

[Enquanto entrega para Elsa seu chifre, sua espada e seu anel.] Ele voltará ao lar quando eu já estiver longe ... este chifre, esta espada e este anel tu deves dar a ele. Este chifre lhe trará ajuda no perigo. Na luta feroz, esta espada lhe trará a vitória. Mas com este anel ele há de se recordar de mim, que um dia também a ti livrei da

[während er sein Horn, sein Schwert und seinen Ring Elsa überreicht] Kommt er dann heim, wenn ich ihm fern im Leben, – dies Horn, dies Schwert, den Ring sollst du ihm geben: – dies Horn soll in Gefahr ihm Hülfe schenken, – in wildem Kampf dies Schwert ihm Sieg verleiht; – doch bei dem Ringe soll er mein gedenken, der einst auch dich aus Schmach

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[Sie verbleibt lange Zeit wie erstarrt in ihrer Stellung.]

Libreto Lohengrin

Lohengrin

[Ela permanece um longo tempo como que paralisada na mesma posição.]


vergonha e da aflição!

und Not befreit! –

[Enquanto beija Elsa repetidamente. Ela permanece incapaz de falar.]

[während er Elsa, die keines Ausdrucks mächtig ist, wiederholt küßt]

Adeus! Adeus! Adeus, minha doce mulher! Adeus! O Graal se enfurecerá se eu ficar mais tempo! Adeus!Adeus!

Leb’ wohl! Leb’ wohl! Leb’ wohl, mein süßes Weib! Leb’ wohl! Mein zürnt der Gral, wenn ich noch bleib’! Leb’ wohl! Leb’ wohl!

[Apressa-se para a margem.]

[Er eilt schnell dem Ufer zu.]

Homens, mulheres e Rei Männer, Frauen und König

Ai! Ai! Tu, nobre e formoso homem! Que dura aflição impões a nós!

Weh’! Weh’! Du edler, holder Mann! Welch’ harte Not tust du uns an!

Ortrud

[Aparecendo na frente do palco.] Vai para casa! Para casa, herói orgulhoso, para que eu, exultante, possa contar à tola, quem é que te trouxe no bote. Pelo cordão com que o envolvi vejo bem quem é este cisne: é o herdeiro de Brabante!

[im Vordergrunde auftretend] Fahr’ heim! Fahr’ heim, du stolzer Helde, dass jubelnd ich der Törin melde, wer dich gezogen in dem Kahn; am Kettlein, das ich um ihn wand, ersah ich wohl, wer dieser Schwan: es ist der Erbe von Brabant!

Mulheres e homens Frauen und Männer

Ai!

Ha!

Ortrud

[Para Elsa.] Obrigada por teres expulsado o cavaleiro! Agora, o cisne lhe fará escolta até seu lar! O herói, se ficasse por mais tempo, também teria libertado teu irmão!

[zu Elsa] Dank, dass den Ritter du vertrieben! Nun giebt der Schwan ihm Heimgeleit! Der Held, wär’ länger er geblieben, den Bruder hätt’ er auch befreit!

Homens Die Männer

[Com enorme indignação.] Mulher abominável! Ah, que crime revelas com escárnio insolente!

[in äußerster Entrüstung] Abscheulich Weib! Ha, welch’ Verbrechen hast du in frechem Hohn bekannt!

Mulheres Die Frauen

Mulher abominável!

Abscheulich Weib!

Ortrud

Aprendei como é a vingança dos deuses que vós deixastes de venerar!

Erfahrt, wie sich die Götter rächen, von deren Huld ihr euch gewandt!


Lohengrin

elsa

Seht da den Herzog von Brabant, – zum Führer sei er euch ernannt.

[Ortrud desfalace com um grito ao ver Godofredo. Lohengrin salta agilmente para dentro do barco, cuja corrente a pomba apanhara e que agora passa a puxar. Transfigurada numa última alegria, Elsa lança o olhar para Godofredo, que avança e se inclina diante do Rei. Todos o contemplam com um espanto feliz, os brabantes caem sobre os joelhos, prestando-lhe homenagem. Godofredo se precipita para os braços de Elsa. Após um breve êxtase de alegria, ela se volta bruscamente para as margens, onde não avista mais Lohengrin.]

[Ortrud sinkt bei Gottfrieds Anblick mit einem Schrei zusammen. Lohengrin springt schnell in den Kahn, den die Taube an der Kette gefaßt hat und sogleich fortzieht. Elsa blickt mit letzter freudiger Verklärung auf Gottfried, welcher nach vorn schreitet und sich vor dem König verneigt: Alle betrachten ihn mit seligem Erstaunen, die Brabanter senken sich huldigend vor ihm auf die Knie. Gottfried eilt in Elsas Arme; diese nach einer kurzen freudigen Entrückung, wendet hastig den Blick nach dem Ufer, wo sie Lohengrin nicht mehr erblickt.]

Meu marido! Meu marido!

Mein Gatte! Mein Gatte!

[Ao longe, Lohengrin torna-se novamente visível. Ele está de pé no barco, com a cabeça caída, tristemente apoiada sobre seu escudo. Com essa visão, todos irrompem num alto clamor de dor.]

[In der Ferne wird Lohengrin wieder sichtbar. Er steht mit gesenktem Haupte, traurig auf seinen Schild gelehnt, im Nachen; bei diesem Anblick bricht Alles in einen lauten Weheruf aus. ]

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Eis aí o Duque de Brabante ... ... que ele seja nomeado o vosso líder.

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[Sie bleibt in wilder Verzückung hoch aufgerichtet stehen. – Lohengrin, bereits am Ufer angelangt, hat Ortrud genau vernommen und sinkt jetzt zu einem stummen Gebet feierlich auf die Knie. Aller Blicke richten sich mit gespannter Erwartung auf ihn. – Die weisse Grals-Taube schwebt über den Nachen herab. Lohengrin erblickt sie; mit einem dankenden Blicke springt er auf und lost dem Schwan die Kette, worauf dieser sogleich untertaucht; an seiner Stelle hebt Lohengrin einen schönen Knaben in glänzendem Silbergewande – Gottfried – aus dem Fluße an das Ufer.]

Libreto Lohengrin

[Ela permanece em pé, num êxtase selvagem. Lohengrin, que já chegara à margem, escutou atentamente a Ortrud. Agora ele se põe solenemente de joelhos numa oração calada. Todos os olhares se dirigem com muita apreensão para ele. A pomba branca do Graal aparece flutuando sobre o barco. Lohengrin a vê e, com um olhar de agradecimento, se levanta e solta o cisne da corrente. Imediatamente o cisne mergulha no rio e em seu lugar Lohengrin levanta um belo rapaz, em vestes prateadas e brilhantes. Godofredo. Ele sai do rio e vai para a margem.]


elsa

Ai!

Ach

Rei, mulheres e homens Der König, Frauen und Männer

Oh, dor!

Weh’!

[Elsa desfalece sem vida nos braços de Godofredo, caindo lentamente até chegar ao chão. Enquanto Lohengrin é visto se distanciando cada vez mais, cai lentamente o pano.]

[Elsa sinkt entseelt in Gottfrieds Armen zu Boden. Während Lohengrin immer ferner gesehen wird, sinkt langsam der Vorhang.]



Croqui de figurino de Patricia Toffolutti.


No início do século 20, havia em São Paulo conjuntos orquestrais mantidos por associações e colégios, mas não uma orquestra profissional especializada em ópera. As companhias líricas internacionais que se apresentavam no Theatro Municipal traziam, além dos solistas, músicos e corais completos. Na década de 1920, uma orquestra profissional foi montada e passou a realizar apresentações esporádicas no Theatro Municipal, mas somente em 1939 o grupo tornou–se permanente e passou a se apresentar com maior frequência, sob o nome de Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Em 1949, um projeto de lei oficializou o conjunto, que passou a se chamar Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e a fazer parte das temporadas líricas e de dança do Theatro. Com atuações de destaque em todos esses anos, em 1940 a orquestra inaugurou o estádio do Pacaembu e, em 1955, tocou na reabertura de Theatro Municipal a ópera Pedro Malazarte, de Camargo Guarnieri, regida pelo próprio autor. Realizou, ainda, concerto em homenagem aos participantes dos Jogos Pan–Americanos de 1963, em São Paulo, e fez sua primeira excursão ao exterior em 1971, com todo o elenco, para apresentação da ópera II Guarany, de Carlos Gomes, no Teatro San Carlo, na Itália. Muitos mestres da música contribuíram para o crescimento da Orquestra Sinfônica Municipal, entre eles Arturo de Angelis, Zacharias Autuori, Edoardo Guarnieri, Lion Kasniefski, Souza Lima, Eleazar de Carvalho e Armando Belardi. Atualmente, John Neschling é o Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo e regente da Orquestra Sinfônica Municipal.

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ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO


CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Formado por cantores que se apresentam regularmente como solistas nos principais teatros do país, o Coro Lírico Municipal de São Paulo atua nas montagens de óperas das temporadas do Theatro Municipal, em concertos com a Orquestra Sinfônica Municipal, com o Balé da Cidade e em apresentações próprias. Desde 2013 sob o comando de Bruno Greco Facio, o grupo passou por um aprimoramento técnico e vocal e hoje conta com mais de 80 integrantes, prontos a interpretar diferentes papeis, em óperas cantadas em idiomas como o italiano, alemão, francês, russo e espanhol, como acontece na atual temporada. O Coro Lírico foi criado em 1939 e teve, como primeiro diretor, o maestro Fidélio Finzi, que preparou o grupo para a estreia em Turandot, em 13 de junho de 1939. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, somente em 1951, o coro foi oficializado, sendo dirigido posteriormente por Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti, Fábio Mechetti e Mário Zaccaro. O Coro Lírico Municipal recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral de 1996, pela APCA, e o Carlos Gomes 1997 na categoria Ópera.


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regência e direção artística

Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo desde 2013, John Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se dedicou à carreira na Europa. Antes desse período, e durante 12 anos, reestruturou a Osesp, transformando-a em um ícone da música sinfônica na América Latina. Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França) e Massimo de Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos Estados Unidos, em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como regente sinfônico, tem uma longa experiência frente a grandes orquestras dos continentes americano, europeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N. 1 de Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone como um dos melhores da história. No momento, o maestro grava pela produtora sueca BIS toda a obra sinfônica de Ottorino Respighi com a Orquestra Filarmônica Real de Liège. O terceiro volume da integral acaba de ser lançado e o quarto está em processo de finalização. Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua formação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Brasil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Música.

Biografias dos artistas

JOHN NESCHLING


EDUARDO STRAUSSER

regente residente

Desde agosto de 2014, Eduardo Strausser é assistente do maestro John Neschling e regente residente do Theatro Municipal de São Paulo. Na atual temporada, rege Otello, de Verdi, Eugene Onegin, de Tchaikovsky, Lohengrin, de Wagner, Ainadamar, de Osvaldo Golijov e Um Homem Só de Camargo Guarnieri. Entre 2012 e 2014, Strausser foi Diretor Artístico da Orchesterverein Wiedikon de Zurique e da Kammerorchester Kloten (Suíça); estudou na Zürcher Hochschule der Künste, onde recebeu com distinção os títulos de mestre e especialista na classe do renomado Professor Johannes Schlaefli. Participou de masterclasses com Bernard Haitink e David Zinman, na Suíça, e com Kurt Masur, em Nova York. Na temporada passada, Strausser se apresentou com a Kurpfälzischen Kammerorchester, de Mannheim, a Orquestra Sinfônica de Berna, a Südwestdeutsche Philharmonie de Konstanz, a Berliner Camerata e Luzern Festival Strings; com a Meininger Hofkapelle, dirigiu A Flauta Mágica, de Mozart. Em 2008, foi selecionado para participar do prestigiado Fórum Internacional de Regentes do Ferienkurse für Neue Musik em Darmstadt, onde teve a oportunidade de trabalhar com compositores como György Kurtág e Brian Ferneyhough. Em 2007, estudou análise e interpretação com Karlheinz Stockhausen em Kürten, Alemanha. Nascido em São Paulo, Eduardo Strausser estudou viola na infância e aos 16 anos teve suas primeiras aulas de regência.


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direção cênica

O alemão Henning Brockhaus estudou clarinete e composição na NordwestDeutsche Musikakademie de Detmold. Após uma carreira promissora de clarinetista, inscreveu- se na Freie Universität de Berlim, onde estudou psicologia, filosofia e ciência do teatro, e, em paralelo, trabalhou como assistente de direção de produções do Volksbühne Berlin DDR com Benno Besson e Heiner Müller, no Berliner Ensemble com Manfred Weckwerth e na Staatsoper Berlin com Ruth Berghaus. Tornou-se, em 1975, assistente e colaborador de Giorgio Strehler no Piccolo Teatro de Milão, e trabalhou em diversas produções teatrais. Sua colaboração com Strehler proseguiu no La Scala com montagens de Lohengrin, O Rapto do Serralho, Simon Boccanegra, Don Giovanni e As Bodas de Fígaro. De 1984 a 1989, foi diretor do Théâtre de l'Odeon, em Paris. Em 1989, retornou ao Piccolo Teatro; em 1990, assinou a direção de A Dona do Mar, de Ibsen, no Teatro Argentina de Roma. Nos anos seguintes, continuou dirigindo importantes produções teatrais. Montou, no teatro de Pina Bausch em Wuppertal, Un Ballo in Maschera; Andorra, de Max Frisch; Don Carlos, de Schiller; Otello, de Verdi, em Saarbrücken; Parsifal, de Wagner, em Utrecht; e Il Matrimonio Segreto, na Staatsoper Berlin. Desde então, dirigiu títulos como Beatrice di Tenda, Rigoletto, Lucia di Lammermoor, Attila, Otello, La Traviata, Macbeth, Turandot, Tosca, Madama Butterfly, Fausto, Elektra; em teatros como o Maggio Musicale Fiorentino, Massimo de Palermo, San Carlo de Nápoles, Teatro dell'Opera de Roma, Carlo Felice de Gênova, Verdi de Trieste, Comunale de Bolonha, Palau de les Arts de Valência, Nationale Reisopera-Holland, Teatro Nacional de Tóquio. Em 2003, venceu o Prêmio Abbiati. Desenvolve uma longa carreira como docente de direção cênica na I.U.A.V. de Veneza e na Accademia di Belle Arti de Macerata.

Biografias dos artistas

HENNING BROCKHAUS


VALENTINA ESCOBAR

coreografia e assistência de direção cênica Diretora cênica e coreógrafa, a italiana Valentina Escobar, após estudar canto, teoria musical e teatro, participou de masterclasses com Peter Brook e Peter Stein no Piccolo Teatro de Milão. Desde que começou a carreira, em 2000, trabalhou com Henning Brockhaus, Marise Flach, Robert Carsen, Tiziana Fabbricini , Mariella Devia, Maria Guleghina, Dimitra Theodossiou, Sonia Ganassi, Leo Nucci, Sonia Prina, Roberto Scandiuzzi, Jessica Pratt, Daniel Oren, John Neschling, Zubin Metha e Stefan Anton Reck, entre outros. Participou de produções em teatros como a Accademia del Teatro alla Milano, Verdi de Trieste, Massimo de Palermo, Petruzzelli de Bari, Carlo Felice de Gênova, Lirico de Cagliari, Comunale de Bolonha, Verdi de Busseto, Regio de Parma, Festival Verdi, San Carlo de Nápoles, Municipale de Piacenza, Pavarotti de Modena, Comunale de Ferrara, l'Alighieri de Ravenna, Festival della Valle D'Itria, Macerata Opera Festival, La Fondazione Toscanini de Parma, Maggio Musicale Fiorentino, Victorian Opera de Melbourne, Royal Opera House de Muscat, Teatro d'Opera de Astana, Municipal de São Paulo, Maestranza de Sevilha, Arena di Verona. Colabora, há alguns anos, com Henning Brockhaus, como coreógrafa e assistente de direção, tendo participado de diversas produções: La Serva Padrona; La Traviata; Macbeth; Lohengrin; Lucia di Lammermoor; Rigoletto; e remontou Otello para o San Carlo de Nápoles e para o La Maestranza. Também trabalhou em montagens de Così fan Tutte; La Clemenza di Tito; Tosca; Gianni Schicchi; La Voix Humaine; A Valquíria; Siegfried; O Crepúsculo dos Deuses; Norma; Idomeneo; Semiramide; Salomé; Efigênia em Tauris; Napoli Milionaria de Nino Rota; I Pagliacci; Cavalleria Rusticana; Il Viaggio a Reims; e Elisir d’amore.


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cenografia

Pintor e escultor, Yannis Kounellis nasceu em Pireu, na Grécia, em 1936. Em 1956, mudou-se para Roma, onde frequentou a Academia de Belas Artes e fez sua primeira exposição. Em meados dos anos sessenta, sua obra transcende os limites da pintura e da escultura, e passa a criar obras performáticas e cenários para óperas e peças de teatro. Foi um dos principais colaboradores para o que ficou conhecido como ‘Arte Povera’. Kounellis já expôs em museus e galerias do mundo todo. Criou cenários para ópera e teatro importantes teatros e exposições como Teatro Stabile de Turim, Documenta de Kassel, Nouvelle Biennale de Paris, Rosenfest Berlin, Bienal de Veneza, Teatro Malibran, Teatro Olimpico de Roma, Wiener Festwochen, Hebbel-Theater de Berlim, De Nederlandse Opera, Teatro Antico de Segesta, Deutsches Theater de Berlim, Staatsoper Berlin; em produções de óperas como Lohengrin; Elektra, de Richard Strauss; Erwartung, Die glückliche Hand, Von heute auf morgen, de Arnold Schönberg; Opera Beuys, com texto de Joseph Beuys e música de Franz Hummel; e com maestros e diretores cênicos como Daniel Barenboim, Edo de Waart, Teodor Currentzis, Orazio Tuccella, Dieter Dorn, Pierre Audi, Hermann Schneider, Carlo Quartucci, Andrea di Bari, Ana Badora, Valery Fokin, Moni Ovadia e Giancarlo Cauteruccio.

Biografias dos artistas

YANNIS KOUNELLIS


PATRICIA TOFFOLUTTI

figurino

Nascida em Berlim Oriental, vive em Veneza desde 1986, onde se formou na Accademia di Belle Arti como Cenógrafa e Figurinista. Desde 1991 colabora como assistente de cenografia e figurinista com artistas e cenógrafos como Yannis Kounellis e Erich Wonder, e diretores cênicos como Heiner Müller, Jürgen Flimm, Hans Lietzau, Jérome Savary e Benno Besson; em grandes teatros como o Deutsches Theater, o Schillertheater de Berlim e o La Scala de Milão. Entre 1995 e 1998, produziu cenários e figurinos para espetáculos de Philippe Besson e Claudio Puglisi na Alemanhã e na Suíça. Desde 1998, assina os figurinos dos espetáculos do diretor cênico Henning Brockhaus, como Parsifal, Tristão e Isolda, Otello, Tosca, Medeia, La Traviata, Rigoletto e Lucia di Lammermoor, em teatros como Teatro Lirico Sperimentale de Spoleto, Teatro Lirico de Cagliari, Nationale Reisopera dos Países Baixos, Staatstheater Saarbrücken, Teatro Regio di Parma, Hamburgische Staatsoper, Teatro Allighieri de Ravenna, Fondazione Pergolesi Spontini de Jesi, Teatro San Carlo de Nápoles e o Teatro Massimo de Palermo. Também colaborou como figurinista em produções de teatro, ópera, balé e cinema com diretores como Leander Haussmann, Nuno Carinhas, Ignacio Garcia, Fabio Sparvoli, Marco Filiberti e com o coreógrafo Robert North em teatros como o Wiener Festwochen, La Fenice de Veneza, Teatro Nacional de São Carlos de Lisboa, Aalto Theater Essen, Pergolesi Festival di Primavera em Jesi e Teatro Municipal de Santiago.


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iluminação

Desde seu debut no Teatro Stabile de Turim, em 1974, Guido Levi trabalhou em diversas produções líricas e teatrais, e colaborou com Dario Fo, Mario Missirali, Pierluigi Pier 'Alli, Giancarlo Cobelli, Werner Herzog, Yannis Kokkos, Jonathan Miller, Luca Ronconi, Klaus Gruber, Emilio Sagi, Daniele Abbado, Henning Brockhaus, Antoine Bourseiller, Stéphane Roche, Jean-Christophe Mast e Vincent Boussard; e em grandes teatros e festivais como o La Fenice de Veneza, La Scala, Teatro Comunale de Bolonha, Châtelet de Paris, Royal Opera House, Staatsoper Berlin, San Francisco Opera, Teatro Real de Madrid, Maggio Musicale Fiorentino, Los Angeles, Tóquio, Chorégies d'Orange, Festival d'Aix en Provence, Montepulciano, Wexford. Em 1998, iluminou Turandot na Cidade Proibida em Pequim, sob a regência de Zubin Mehta e direção artística de Zhang Yimou. Seus compromissos recentes incluíram Rodomisto, em Viena; Don Pasquale, La Favorite e Un Ballo in Maschera no Théâtre du Capitole, Toulouse; Os Pescadores de Pérolas na Opéra National du Rhin; Apocalipse de São João, de Pierre Henry, no Théâtre du Capitole; Mahagonny na Berlin Staatsoper; La Bohème na Opéra Bastille, Paris; L'Ami Fritz na Strasbourg Opéra; La Fanciulla del West na Staatsoper Hamburg; La Traviata na Ópera de Tóquio. Seus próximos compromissos incluem La Traviata na Opéra National du Rhin; Otello no Festival de Hamburgo; Carmen no Théâtre du Capitole; I Capuletti e i Montechi no Gran Teatro del Liceu Barcelona; e Hamlet em Toulouse.

Biografias dos artistas

GUIDO LEVI


BRUNO GRECO FACIO

regente do coro lírico

Paulistano, graduado em composição e regência pelas Faculdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos, dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Em 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou–se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.


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tenor

O tenor croata Tomislav Mužek estudou em Viena. Venceu, em 1999, o primeiro prêmio da Competição Internacional Ferruccio Tagliavini em Deutschlandsberg, na Áustria. No mesmo ano, tornou-se membro da companhia do Wiener Staatsoper. Em 2000, transferiu-se para o teatro de Bremen, onde permaneceu até 2002. Desde então, trabalha como artista freelance e já passou por diversos teatros, como o La Scala, Bayerische Staatsoper, Staatsoper Berlin, Staatsoper Hamburg, Opéra Bastille de Paris, Teatro Real de Madrid, Volksoper de Viena, Comunale de Florença, Comunale de Bolonha, Regio de Turim, San Carlo de Nápoles, Ópera de Zurique, Grand Théâtre de Genebra, Théâtre du Capitole de Toulouse, Lyon Opéra, Opéra Marseille, Massimo de Palermo, Teatro Nacional de Tóquio, Festival Hong Kong; e esteve sob a regência de Zubin Mehta, Pierre Boulez, Bernard Haitink, Daniele Gatti, Gustavo Dudamel, Gianandrea Noseda, Riccardo Muti, Myun Whun Chung, Kazushi Ono, Christian Thielemann, entre outros. No Festival de Bayreuth, fez sua estreia em O Navio Fantasma, em 2003, e voltou, em 2013, para interpretar o mesmo título, sob a regência de Christian Thielemann, produção que foi gravada em DVD/Blu-ray. Em 2007, com a Filarmônica de Berlim, sob a regência de Bernard Haitink, foi solista na Missa Solemnis, de Beethoven, em Berlim e em Salzburgo. Seu repertório inclui papéis como Don Ottavio, Tamino, Rodolfo, Pinkerton, Edgardo, Nemorino, Lensky, Erik e Lohengrin. Tornou-se, na temporada 2014/2015, membro da Semperoper Dresden, onde cantou os papéis de Rodolfo, Tamino, Erik, Macduff, Don Carlo e Lensky; foi Koenigssohn em nova produção de Koenigskinder, de Humperdinck; e Max em O Franco Atirador.

Biografias dos artistas

TOMISLAV MUŽEK


VIKTOR ANTIPENKO

tenor

O tenor russo Viktor Antipenko estudou canto na Escola Coral Glinka de São Petersburgo, onde gravou On Guard for Peace, de Prokofiev, com Yuri Temirkanov e a Filarmônica de São Petersburgo. Ao se formar, entrou para a companhia da Ópera Mariinsky. Também estudou no Conservatório de São Petersburgo e na Academy of Vocal Arts da Filadélfia (com Bill Schuman).Venceu, neste ano, o Metropolitan Opera National Council Auditions Eastern Region. Foi Pinkerton com a Opera Las Vegas, logo após sua estreia como Lohengrin em Rouen, França. Sob regência de Yuri Bashmet, foi Don José em concerto de gala em Sochi. Foi Luigi em Il Tabarro no seu retorno à Vero Beach Opera e cantou com a Russian Chamber Arts Society em Washington. Nessa temporada, fez sua estreia em Karlsruhe em Boris Godunov e em Oviedo como Pinkerton. Já se apresentou em teatros como o Bolshoi, Connecticut Concert Opera, Opera Fairbanks, Opéra de Lyon, Kimmel Center; com orquestras como Philadelphia Orchestra, New York Metamorphoses Orchestra, Russian Chamber Arts Society de Washington, Allentown Symphony. Seu repertório inclui papéis em Carmen, O Navio Fantasma, Tristão e Isolda, Macbeth, Ernani, Tosca, Il Tabarro, Oberto; Sinfonia Os Sinos, de Rachmaninov; Psalmus Hungaricus, de Kodály. Na próxima temporada cantará em Mazeppa, de Tchaikovsky, em Oviedo e em Madama Butterfly em Karlsruhe. Prepara-se para interpretar o papel título de Sadko, de Rimsky-Korsakov.


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soprano

Nascida em Zurique, Marion Ammann se formou na Academia de Música de Lucerna e estudou, posteriormente, em Biel. Recebeu uma bolsa da Associação Richard Wagner de Bayreuth e participou de masterclasses de Ernst Haefliger, Edith Mathis, Kurt Widmer, Daniel Ferro e Helmuth Rilling. Seus primeiros compromissos aconteceram nos teatros da Basileia, Genebra, Zurique, St. Gallen, Lucerna, Besançon e Lübeck, em papéis como Contessa Almaviva em As Bodas de Fígaro, Senta em O Navio Fantasma, Salome e Tosca. Participou de concertos do Festival de Páscoa de Lucerna e do Bohuslav Martinů Days na Basiléia; cantou no Concertgebouw, no Casino Basel, no Porto, em Montreux, Kyoto e Osaka. Fez sua estreia no La Scala na produção de Jenufa. Seus compromissos recentes incluiram Lohengrin em Buenos Aires, Leipzig e Colônia (sob a regência de Bychkov); Norma em Stuttgart; Tristão e Isolda em Colônia e Münster; A Valquíria em Wels e Neuschwanstein; Die Frau ohne Schatten em Karlsruhe e Tristão e Isolda no Tonhalle Zürich. Seus próximos compromissos incluem Die Frau ohne Schatten em Graz, Helsinque, Saarbrücken e Antuérpia; Tristão e Isolda em Weimar, Gent, Antuérpia e Praga; Arabella, de Richard Strauss, em Weimar, Dresden e Lübeck; Das Liebesverbot, de Richard Wagner, em Estrasburgo; Elektra em Zurique; A Valquíria em Buenos Aires, Genebra e Darmstadt; O Ouro do Reno em Biel; Die Tote Stadt, de Korngold, em Chemnitz e Graz; Penthesilea, de Schoeck, em Frankfurt; Richard III, de Giorgio Battistelli, em Genebra; Il Prigioniero, de Luigi Dallapiccola, em Frankfurt; Sinfonia N. 8, de Mahler, em Pequim; As Quatro Últimas Canções, de Richard Strauss, e Sinfonia N. 4, de Mahler, em Anverse e Gent; Missa Solemnis, de Beethoven, na Basileia.

Biografias dos artistas

MARION AMMANN


NATALIE BERGERON

soprano

Recentemente, Natalie Bergeron venceu o prêmio Wagner da competição da Fundação Liederkranz, o que a levou a sua estreia no Weill auditorium do Carnegie Hall. Contracenou com Marcello Giordani e Alberto Gazale em Andrea Chénier, com a Orchestra La Verdi de Milão, e em diversos concertos em Milão, Memphis e Birmingham. Na temporada 2012/2013, também com a Orchestra La Verdi, foi Abigaille em Nabucco na Arena di Verona; na temporada 2013/2014, foi solista no Réquiem, de Verdi. Foi aceita no Evelyn Lear/Thomas Stewart Emerging Wagnerian Artists Program em Washington e foi Blanche Germont na Première de Dodici Personaggi in Cerca di Voce, de Bruno Rigacci. Participou de montagens de Don Carlo, Ernani, e La Forza del Destino com a IVAI em Tel Aviv; estreou como Ines em Il Trovatore na Memphis Opera. Já interpretou uma série de personagens, como Donna Elvira em Don Giovanni; Rosalinda em O Morcego; Lady Billows em Albert Herring, de Britten; Condessa Almaviva em As Bodas de Fígaro; Sylvianne em A Viúva Alegre, de Lehár; Musetta em La Bohème; e, com a Opera Birmingham, Giovanna em Rigoletto. Cantou como convidada da Alabama Symphony com o Birmingham Concert Chorale, da Huxford Symphony, da Tuscaloosa Symphony, do Beethoven Club of Memphis, e em Tel Aviv com a Israel Chamber Orchestra, sob a regência de Paul Nadler.


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mezzo-soprano

No início da carreira, Marianne Cornetti interpretou papéis secundários em importantes teatros americanos, como o Metropolitan Opera, Pittsburgh Opera Center e o Wolf Trap Opera. Suas interpretações de Azucena no La Scala, na Arena di Verona e no Teatro dell’Opera de Roma lhe renderam reconhecimento internacional. Desde então, se apresentou em grandes teatros, como o Regio de Parma, Comunale de Florença, San Carlo de Nápoles, Carlo Felice de Gênova, Chorégies D’Orange, Teatro Comunale de Bolonha, Regio de Turim, Verdi de Trieste, Royal Opera House, Carnegie Hall, Bayerische Staatsoper, Deutsche Oper Berlin, Wiener Staatsoper, Théâtre Royale de la Monnaie de Bruxelas, Gran Teatro del Liceo de Barcelona, Netherlands Opera, Bregenz Festival, Opéra de Montpellier, Teatro Nacional da China, Minnesota Opera. Seu repertório lírico inclui Amneris em Aida, Azucena em Il Trovatore, Eboli em Don Carlo, Principessa di Bouillon em Adriana Lecouvreur, Preziosilla em La Forza del Destino, Ulrica em Un Ballo in Maschera, Rosa em L’Arlesiana, Santuzza em Cavalleria Rusticana, Laura em La Gioconda, Ortrud em Lohengrin, Brangäne em Tristão e Isolda. Seu repertório sinfônico inclui Réquiem, de Verdi; Sinfonia N. 9, de Beethoven; Stabat Mater, Rossini; Sea Picture, de Elgar; e El Amor Brujo, de Manuel de Falla. Gravou L’Arlesiana, de Cilea, e Edgar, de Puccini, com Plácido Domingo. Seus compromissos da temporada 2015/16 incluem Azucena em Il Trovatore em La Coruña, e Jezibaba em Rusalka na Minnesota Opera.

Biografias dos artistas

MARIANNE CORNETTI


JOHANNA RUSANEN

soprano

Nascida em uma família de músicos em Kuopio, Finlândia, Johanna Rusanen é mestre em música pela Academia Sibelius de Helsinki e estudou em Berlim e Viena. Foi membro do programa de jovens artistas da Deutsche Oper Berlin por dois anos. Já se apresentou em diversos teatros e festivais, como Savonlinna Opera Festival, Ópera Nacional da Finlândia, Deutsche Oper Berlin, Nilsiä’s Cava Opera Festival, em Vantaa e Turku e na Ópera Bolshoi. Seu repertório inclui Tatiana em Eugene Onegin; Marie em Wozzeck; Amelia em Un Ballo di Maschera; Mimì em La Bohème; Lauretta em Gianni Schicchi; Donna Elvira em Don Giovanni; Margarite em Fausto; Primeira Dama em A Flauta Mágica; Anja em Juha, de Merikanto; Riitta em Last Temptations, de Kokkonen. Em 2010, na Ópera Nacional da Finlândia, foi Lady Billows em Albert Herring e participou da première mundial de Robin Hood, de Jukka Linkola, com Matti Salminen. Cantou o papel principal na gravação de Kaivos, de Einojuhani Rautavaara, para o selo Ondine. Fez sua estreia como Venus em Tannhäuser na Tampere Opera, em 2012, com direção de Vilppu Kiljunen. Cantou o papel principal na première mundial de Purge, de Jüri Reinvere, baseada no romance de Sofi Oksanen. Estreou como Turandot na Ópera Nacional da Finlândia em 2013, papel que logo reapresentou no Teatro Regio de Turim, com Pinchas Steinberg, no ano seguinte. Em 2014, estreou como Tosca em Tampere e como Isolda na Ópera Nacional da Finlândia.


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baixo-barítono

Tómas Tómasson estudou na Escola de Música de Reykjavik e suas primeiras atuações profissionais foram na Ópera da Islândia, interpretando papéis mozartianos e verdianos e em recitais e concertos, cantando obras como A Paixão segundo São João, de Bach; Missa Nelson, de Haydn; Missa de Coroação, Missa Brevis e Réquiem, de Mozart. Sua carreira internacional deslanchou após concluir a Opera School do Royal College of Music de Londres. Fez sua estreia no repertório para Heldenbariton em A Dama de Espadas e O Navio Fantasma no Théâtre de la Monnaie de Bruxelas, e em Wozzeck na Opéra Nancy. Já apresentou-se em importantes teatros, como o Royal Opera House, La Scala, Regio de Turim, Staatsoper Berlin, Innsbruck Festival, Grand Théâtre de Genebra, Vlaamse Opera, Baltimore Opera Company, Opéra de Lausanne, Teatro Real de Madri, Royal Danish Opera de Copenhagem, San Carlo de Nápoles, Köln Oper, Bayerische Staatsoper, Opéra de Monte Carlo, Netherlands Opera, Hamburgische Staatsoper, Frankfurt Oper, Los Angeles Opera, Houston Grand Opera, San Francisco Opera e a Lyric Opera of Chicago. Colaborou com regentes como Riccardo Muti, Daniel Barenboim, Lorin Maazel, Antonio Pappano, Andrew Davis, Mark Elder, Daniel Oren, Carlo Rizzi, Andris Nelsons, Genadi Rostestvenski, René Jacobs, Ivor Bolton, Jesús López-Cobos, Donald Runnicles, Hartmut Haenchen, Christian Badea, Michel Plasson, Sebastian Weigle, Sebastian Lang-Lessing, Massimo Zanetti e Kazushi Ono. Seu repertório inclui óperas de Verdi, Wagner, Strauss, Puccini, Tchaikovsky, Mussorgsky, Prokofiev, Monteverdi, Glass e Zemlinsky.

Biografias dos artistas

TÓMAS TÓMASSON


JOHMI STEINBERG

baixo-barítono

Johmi Steinberg estudou canto na Hochschule für Musik de Frankfurt, com Martin Grundler, e em Milão, com Carla Castellani. Seu desenvolvimento vocal o levou do repertório para barítono lírico ao repertório italiano e ao repertório para ‘Heldenbariton’ germânico. Essas duas mudanças no repertório foram acompanhadas por sua orientadora, a búlgara Milkana Nikolova. Venceu o primeiro prêmio do Bundesgesangswettbewerb em Berlim e participou de várias transmissões de TV e gravações de CD. Foi membro das companhias da ópera de Kiel e da Staatsoper Hannover; atualmente integra a companhia do Tiroler Landestheater em Innsbruck. Já cantou em grandes teatros, como Royal Opera House de Londres, Tonhalle Zurich, Musikhalle Hamburg, Teatro Maestranza em Sevilha, Megaron em Atenas, Sala São Paulo, Palau de la Música em Valência, Lisinski Halle em Zagreb, Liederhalle em Stuttgart, e salas em Antuérpia, Basiléia, Bruxelas, Lisboa e Tel Aviv; e em festivais em Atenas, Liubliana, Ludwigsburg, Pula, Erfurt, Saloniki, Schwerin e Wiesbaden. Colaborou com grandes diretores cênicos, como Werner Herzog, Dieter Dorn, Gustav Rudolf Sellner, Kurt Horres e Brigitte Fassbaender. Seu repertório inclui diversos papéis como Iago, Macbeth, Conte Luna, Pizarro, Barak, Boris Timofejewitsch, Jochanaan, Gunther, Kurwenal, Sixtus Beckmesser, Wotan, Alberich, Holländer e Wozzeck. Seus compromissos recentemente incluiram Heerrufer em Lohengrin no Massimo de Palermo; Alberich em Siegfried no Teatro Petruzelli de Bari e na Opera North; Alberich em O Ouro do Reno na Opera North em Leeds; Telramund em Lohengrin em Innsbruck; Jochanaan em Salomé em Bozen, Modena e Piacenza; Alberich em O Ouro do Reno no Theatro Municipal de São Paulo e em Biel; Alberich em O Crepúsculo dos Deuses em Leeds.


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baixo

Luiz-Ottavio Faria fez sua estreia como Tom em Un Ballo in Maschera com o lendário tenor Carlo Bergonzi no Theatro Municipal de São Paulo e no do Rio de Janeiro. Desde então, desenvolveu a carreira em diversos palcos do mundo, tanto no campo operístico, como no sinfônico. Ganhou diversos títulos e bolsas de estudos, como a 23a Competição Carmen Gomes (1988); o prêmio Guilhermo Damiano, a Juilliard School Scholarship (1989); a William Randolph Hearst Foundation e o Meistersinger em Aims, Áustria (1994); o Opera Index, a YWCA Vocal Competition e a Great Buffalo Opera Competition (1995); a New Jersey State Opera Vocal Singing Competition e a Lola Hayes Vocal Competition (1996); a William Matthews Sullivan Foundation (1997). Já se apresentou em teatros como o La Scala, Teatro Real de Madrid, Arena di Verona, Carlo Felice de Gênova, Massimo de Palermo, Carnegie Hall de Nova York, Festival de Ópera de La Coruña, Teatro São Carlos de Lisboa, Ópera Nacional Grega. Seus últimos compromissos incluem Stabat Mater, de Dvořák, e Zaccaria em Nabucco no Massimo de Palermo; Osmin em O Rapto do Serralho na Ópera de Las Palmas de Gran Canarias; Ramphis em Aida no Theatro Municipal de São Paulo e na Opéra de Marseille; Alvise em La Gioconda no São Carlos de Lisboa; Réquiem, de Verdi, na Opéra de Québec; o papel título em Attila no Festival de Ópera de La Coruña. Seus futuros compromissos incluem Fillipo II em Don Carlo e Gajolo em Fosca, ambos no Theatro Municipal de São Paulo; Sparafucile em Rigoletto em Pamplona; Réquiem, de Verdi, no Festival de Ópera de La Coruña.

Biografias dos artistas

LUIZ-OTTAVIO FARIA


CARLOS EDUARDO MARCOS

baixo

Carlos Eduardo graduou-se em Música e estudou canto lírico com Mitzi Frölich, Caio Ferraz e Benito Maresca. Já interpretou os principais papéis de seu registro nas óperas Otello, Nabucco, Aida, Rigoletto, La Forza Del Destino, Il Guarany, Condor, As Bodas de Fígaro, O Barbeiro de Sevilha, La Cenerentola, Il Signor Bruschino, The Rake’s Progress, Lohengrin, Gianni Schicchi, Madama Butterfly, Tosca, La Bohème, L’Elisir D’Amore, Pellèas et Mélisande, Salome, Ariadne Auf Naxos, Der Rosenkavalier, Jenufa, Il Matrimonio Segreto, La Serva Padrona, Hercules, Arianna, Candide, Orfeo, Amelia al Ballo, The Bear e A Hand of Bridge; e em estreias mundiais de óperas brasileiras como O Anjo Negro, de J. G. Ripper; A Tempestade, de R. Miranda; Eros-ion!, de P. Chagas; O Rei que Ninguém Viu, de A. Travassos; A Ceia dos Cardeais, de I. Lemos; e Olga, de J. Antunes. Seu repertório sinfônico inclui O Messias, de Händel; Paixão segundo São João, Paixão segundo São Mateus, Magnificat e Missa em Si Menor, de Bach; A Criação e As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Haydn; Elias, de Mendelssohn, A Child of Our Time, de Tippett; L’Enfance du Christ, de Berlioz; Stabat Mater, de Rossini; Vespro Della Beata Vergine, de Monteverdi; Ganguzama e Salmo 130 ‘De Profundis’, de Mário Tavares; Cenas de Fausto, de Schumann; Stabat Mater, de Dvorák; e Les Noces, de Stravinsky. Já cantou sob a regência de Francesco La Vecchia, Gianluca Martinenghi, Gianluca Zampieri, Ira Levin, José Luis Domínguez, John Neschling, Karl Martin, Kristian Commichau, László Marosi, Isaac Karabtchevsky, Richard Armstrong, Carlos Moreno, Eduardo Strausser, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Silvio Viegas, Víctor Hugo Toro, entre outros. Atualmente é professor de canto lírico na Escola Municipal de Música.


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tenor

Miguel Geraldi estudou com Gledys Pierri e se aperfeiçoou com Neyde Thomas. Integrou os grupos Armonico Tributo, Coro Bach e Camerata Antiqua de Curitiba. Venceu o 5o Concurso Carlos Gomes, o 2o Concurso Aldo Baldin e o 3o Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão, entre outros. Debutou no Theatro Municipal de São Paulo como Alfredo Germont em La Traviata de Verdi, em 2001. Atuou junto a orquestras como a Sinfônica Municipal de São Paulo, Experimental de Repertório, Osesp, Sinfônica do Paraná e Filarmónica de Bogotá, sob a regência de maestros como John Neschling, Wagner Polistchuk, Ira Levin, Nicolau de Figueiredo, José Maria Florêncio, Mario Zaccaro, Jamil Maluf, Emiliano Patarra, Luciano Camargo, Edmundo Hora, Roberto Di Regina, Reynaldo Censabela, Alessandro Sangiorgio, Hirofumi Yoshida, Giorgio Paganini, Roberto Duarte, Luís Gustavo Petri e Abel Rocha. Destacam–se em seu repertório lírico a participação em montagens de O Elixir de Amor e Rita e Poliuto de Donizetti, La Bohème e Turandot de Puccini, Rigoletto e La Traviata de Verdi, I Pagliacci de Leoncavallo, Carmen de Bizet, Cecilia de Licinio Refice, Loreley de Catalani e A Viúva Alegre de Lehár. Em 2014, participou de Salomé, com direção cênica de Livia Sabag e regência de John Neschling, e, em 2015, foi Triquet em Eugene Onigin, ambas produções do Theatro Municipal de São Paulo. Atualmente, integra o Coro Lírico Municipal.

Biografias dos artistas

MIGUEL GERALDI


WALTER FAWCETT

tenor

Walter Fawcett iniciou a carreira como solista do Moody Chorale de Chicago, no qual atuou durante alguns anos, participando de turnês nos Estados Unidos, Canadá e Austrália. Foi duas vezes o principal solista na produção de Candlelight Carols. Em seguida, foi convidado a fazer parte do grupo de solistas do Gordon Collegiate Chorus, instituição onde estudou ópera e se formou em Music Performance. Participou de laboratórios operísticos na Wiener Hochshule für Musik, com Curt Malm e Margarita Lilowa; e do curso de aperfeiçoamento em canto lírico com Julia Graddy, em Chicago. Transferiu-se para o México, onde atou como solista em diversas salas do país, na direção musical de diversos espetáculos e em regravações de muitos programas da Direct TV e Multivision. Desde o seu ingresso no Coro Lírico Municipal de São Paulo, tem atuado como coralista e/ou solista em quase todas as produções operísticas do Theatro Municipal de São Paulo. Nos Estados Unidos, estudou com Maria Lagios, em Chicago, e C.Thommas Brooks, em Boston. Atualmente, trabalha com Helly-Anne Caram e Marcelo Ferreira.


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barítono

O mineiro Sebastião Teixeira estudou canto lírico em Belo Horizonte com Marcos Thadeu e Geraldo Chagas; em São Paulo, estudou com Carmo Barbosa, Helly-Anne Caram e Luiz Tenaglia, e se aperfeiçoa com Isabel Maresca. Venceu duas vezes o APCA na categoria de melhor cantor erudito. Em 1996, cantou em Colombo, Fosca e Maria Tudor, em concertos no Memorial da América Latina e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Como Iberê na ópera Lo Schiavo, de Carlos Gomes, fez turnê pelo Brasil, papel que lhe rendeu Prêmio Carlos Gomes, em 1999, e a Medalha de Honra ao Mérito da Fundação Clóvis Salgado. Seu repertório inclui papéis em O Barbeiro de Sevilha, La Bohème, Carmen, La Forza del Destino, Tiradentes, Don Pasquale, Madama Butterfly, Cavalleria Rusticana, I Pagliacci, Il Cappello di Paglia di Firenze, Pedro Malazarte, Dido e Enéias, Pelléas et Mélisande, Candide, Os Pescadores de Pérolas, L’Italiana in Algeri, Il Trovatore, Rigoletto, Jenufa e Salvator Rosa; Anjo Negro, de João Guilherme Ripper; A Tempestade, de Ronaldo Miranda. Cantou ao lado de artistas como Elena Obraztsova, Leona Mitchell, Fernando Portari, Lando Bartolini e Arthur Thompson; colaborou com maestros como Eugene Kohn, John Neschling, Osvaldo Colarusso, Sílvio Viegas, Isaac Karabtchevsky, Jamil Maluf, Silvio Barbato, Ira Levin, Emílio de César, Paulo de Tarso, Luís Gustavo Petri, Karl Martin, Mário Valério Zaccaro, Roberto Tibiriçá, Leon Halegua, Roberto Minczuk, Túlio Collaccioppo, Roberto Duarte, Naomi Munakata, Ira Levin, Abel Rocha, Luiz Fernando Malheiro, Lutero Rodrigues, Aylton Escobar, Flávio Florence, Alessandro Sangiorgi, Lionel Friend, Sérgio Magnani, Percival Módulo, Mateus Araújo e Guilherme Mannis; e diretores cênicos: Bibi Ferreira, Jorge Takla, Naum Alves de Souza, William Pereira, André Heller, Walter Neiva e Cleber Papa.

Biografias dos artistas

SEBASTIÃO TEIXEIRA


LEONARDO PACE

baixo

Membro do Coro Lírico Municipal, Leonardo Pace foi solista nas produções do Theatro Municipal de São Paulo de Os Contos de Hoffmann, em 2003; Andréa Chénier em 2006; I Pagliacci, em 2009 e 2011; L’Enfant et les Sortilèges, em 2011; O Rouxinol, em 2012; Ça Ira, em 2013; Il Trovatore, em 2014; Otello e Manon Lescaut, em 2015. Ainda cantou Carmen no Theatro da Paz; Lieder Eines Fahrenden Gesellen de Gustav Mahler, com a Sinfonia Cultura, e El Niño Judio e Manon Lescaut no Theatro São Pedro. Em 2002 e 2003, foi premiado com Bolsa de Estudos pela Fundação Vitae do Brasil; em 2003, foi um dos vencedores do IV Concurso de Canto Bidu Sayão de Belém. Em 2008 participou do XII Festival Amazonas de Ópera cantando no concerto Barroca e nas óperas Ariadne em Naxos e Ça Ira. Destacou-se em O Messias de Händel com a OER, em 2009. Participou do projeto Ópera Cantada e Contada como Escamillo, Germont e Marcello; foi solista no Réquiem de Brahms, em Curitiba, e em A Origem do Fogo, de Sibelius, na Sala São Paulo. Estudou canto com seu pai, Hector Pace, com Leilah Farah e Lenice Prioli.


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soprano

Natural de Goiânia, Elaine Caserh é formada em Canto pela Universidade Federal de Goiás. Atualmente está sob a orientação vocal e musical da professora Isabel Maresca e integra o Coro Lírico Municipal de São Paulo. Venceu o prêmio Revelação no 2° Concurso Nacional de Canto Lírico realizado pela Funarte em Brasília, em 1994; 1° lugar no Concurso Nacional de Canto Cidade de Araçatuba, em 2003; melhor intérprete de Carlos Gomes no 7° Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas em Jacareí, em 2005; e 1° lugar no Concurso Nacional de Canto Edmar Ferretti da cidade de Bebedouro, em 2005. Foi solista em obras como Réquiem de Mozart; Missa em Dó Maior, de Beethoven; Missa Brevis, de Kodály; Te Deum, de Charpentier; A Paixão segundo São João, de Bach; Glória, de Vivaldi; Invocação em Defesa da Pátria de Villa-Lobos; Glória, de Poulenc; Réquiem, de Verdi; Salmo 42, de Mendellsohn; Missa de Nossa Sra. da Conceição, de Carlos Gomes; Petite Messe Solennelle, de Rossini; Vesperae Solennes de Confessore, de Mozart; Missa Glagolítica, de Janáček; Elias, de Mendelssohn; Sinfonia N. 9, de Beethoven; Sinfonia N. 8, de Mahler; Lohengrin, de Wagner; As Bodas de Fígaro, de Mozart; A Valquiria, de Wagner; participou da série de Pocket Ópera do Teatro São Pedro, em São Paulo, em Ballo in Maschera, de Verdi, e Les Nuits d’Eté, de Berlioz. Seu próximo trabalho será cantar o Réquiem de Verdi com a Orquestra Filarmônica de Goiás.

Biografias dos artistas

ELAINE CASERH


ELAINE MORAES

soprano

Eliane Moraes estudou piano clássico e teoria musical no Conservatório Dramático e Musical de Guarulhos e canto na ULM - Tom Jobim, com Lenice Prioli. Em 2005, recebeu a Bolsa Vitae para aperfeiçoamento artístico. Participou de masterclasses com Carlos Vial, Kalud Kaludov, Eliane Coelho, Elena Obraztsova, Carlo Colombara, Cesar Tello, entre outros. Desde 2008, recebe orientação da professora Isabel Maresca. Cursou a oficina de interpretação para cantores no curso Ópera Estúdio de São Paulo e integrou o coral Sinfônico da Osesp. Atualmente é cantora do Coro Lírico Municipal de São Paulo e atua tanto como coralista quanto como solista. Trabalhou com maestros como Mara Campos, Ricardo Bernardes, Graham Griffiths, Jaime Guimarães, João Mauricio Galindo, Mário Zaccaro, José Maria Florêncio e Júlio Medaglia. Interpretou Lady Billows na estreia brasileira da ópera Albert Herring, de Britten, no Teatro São Pedro. Em 2007, no Theatro Municipal de São Paulo, foi Giovanna em concerto com trechos da ópera Ernani. Em 2008, fez Aida no Teatro Claudio Santoro e João e Maria no Centro de Cultura Judaica. Em 2009, participou de montagens de Yerma, de Villa-Lobos, no CPFL Cultura de Campinas; La Damoiselle Elue, de Debussy no Theatro Municipal de São Paulo. Interpretou vários papéis na série Vesperais Líricas do Theatro Municipal de São Paulo. Em 2012, interpretou o papel de Duchesa na ópera Powder Her Face, de Thomas Adès, no CPFL Cultura de Campinas. Foi solista no Concerto de Abertura da Temporada 2013 e no Concerto Gala Lírica, ambos sob a regência de John Neschling. Interpretou Amelia em Um Ballo in Maschera, em 2013, no Palacio das Artes de Belo Horizonte, com regencia de Marcelo Ramos e direcao de Fernando Bicudo.


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mezzo-soprano

Keila de Moraes já se apresentou nas principais salas de concerto brasileiras e se destacou em papéis como Popova em The Bear, de Walton; Octavian em O Cavaleiro da Rosa, de Strauss; Maddalena em Rigoletto, de Verdi; Bradamante em Alcina, de Händel. No Theatro Municipal de São Paulo, obteve grande êxito em A Valquíria e O Crepúsculo dos Deuses, de Wagner, nos papéis de Waltraute e Segunda Norna (2011 / 2012); Marie Therese em Ça Ira, de Roger Waters (2013); e Madame Larina em Eugene Onegin, de Tchaikovsky (2015). Participou do Festival Amazonas de Ópera como Gertrud em Hänsel und Gretel, de Humperdinck; Gertrude em Roméo et Juliette, de Gounod; e Primeira Velha em Yerma, de Villa-Lobos;, além de ter sido solista em Frauenliebe und leben, de Schumann, nas Canções Polonesas, de Chopin, e na estreia latino-americana da Cantata Dramática Fero Dolore, de Corghi, ao lado da violista russa Ana Serova. Em 2014, interpretou Valquíria na estreia nacional da ópera O Perigo da Arte, de Tim Rescala, na reinauguração da Sala Cecília Meirelles, Rio de Janeiro. Entre as obras sinfônicas destacam-se Stabat Mater, de Pergolesi; Les Nuits d’Été, de Berlioz; Magnificat e Missa em Si Menor, de Bach; Réquiem e Missa da Coroação, de Mozart; El Amor Brujo, de Manuel de Falla; e o Oratório de Natal, de Saint-Saëns. Bacharel em canto pela Faculdade de Artes Alcântara Machado e formada em piano pelo Conservatório Dramático e Musical Orestes Sinatra. Foi premiada como Melhor Intérprete de Mozart no VII Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas, e teve como professoras de canto as sopranos Neyde Thomas (Brasil) e Sylvia Sass (Hungria).

Biografias dos artistas

KEILA DE MORAES


MAGDA PAINNO

mezzo-soprano

Como solista no Theatro Municipal de São Paulo cantou em La Traviata, Rigoletto, Otello, Madama Butterfly, Romeu e Julieta, Tosca, Lucia Di Lammermoor, Os Contos de Hoffmann, Olga; Grande Missa em Dó Menor, de Mozart; Sinfonia N. 9, de Beethoven; Cenas de Fausto, de Schumann; Gloria, de Vivaldi; Sonhos de uma Noite de Verão, de Mendelssohn; Paixão segundo São João, de Bach; além de inúmeras Vesperais Líricas. Interpretou Carmen em Buenos Aires, Belém do Pará e em várias montagens em São Paulo, capital e interior. No Teatro Amazonas foi Welgunde e Waltraute no ciclo d’O Anel Dos Nibelungos, Zerlina em Don Giovanni; Lola em Cavaleria Rusticana; Teresa em Magdalena, de Villa-Lobos; Javotte em Manon; Julieta em Romeu e Julieta; e Carmen em Florencia en El Amazonas, de Daniel Catan. Nas produções de Bea Esteves, foi Lulu em The Jumping Frog; Ms. Kneebone em A Dinner Engagement, e uma escrava em El Niño Judio, montadas no Theatro São Pedro. Também interpretou La Ciesca, Suzuki, Dido, Mercedes, 2ª e 3ª Damas, Mamma Lucia, Mignon, Cherubino, Annius, Maddalena e Siebel; cantou em diversos teatros brasileiros Stabat Mater, de Rossini; Réquiem e Missa da Coroação, de Mozart; Magnificat, de Bach; O Messias, de Händel; Missa Caiçara, de Kilza Setti; Magnificat, de Villa Lobos; e Stabat Mater, de Pergolesi. Cantou a Sinfonia N. 9, de Beethoven, na Sala São Paulo, em 2012, e no Castro Alves de Campinas, em 2013. É Bacharel em Canto pela UNESP, estudou técnica vocal com Carmo Barbosa, Helly-Anne Caran, Luiz Tenaglia e Benito Maresca e repertório com Abel Rocha. Venceu os concursos Maria Callas e Aldo Baldin, em 2002. Desde 1990 é integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal de São Paulo.


Damiano Urbano

Assistente de Figurino Sara Spoladore

Pianistas Correpetidores

Andreia Martins dos Santos Celia Pereira Rocha Cleonice Barros Correa Edmeia Evaristo Mazé

Modelistas Danielle Arruda Tandara Hoffmann

Anderson Brenner Paulo Almeida

TINGIMENTO

bailarinos

Walamis Santos Silva

Adeilton Ribeiro Camila Freitas Cesar Nunes Diogo de Carvalho Eduardo Telma Junior Gadelha Luisa Biella Mari Rosinski Nathália Miguel Sabrina Cavallari Ricardo Silva Roberta Franco

Equipe de construção da cenografia Tkceno Cenografia e Produção Ltda

Coordenação de Cenotécnica Dilson Diniz Tavares

Cenotécnicos Paulo Rogerio Renato Santos Edison Silva Quina

ASSISTENTE DE CENOTÉCNICA Henrique Vergara Tavares

Serralheria Francisco de Sousa Ivanildo Bezerra Elenildo Pinheiro da Silva

Pintura de arte Bruna Priscilla Saraiva Joziane Lugh Dias Paula Rosa Roberto Casal Rey Sati Inafuku

PRODUÇÃO DE FIGURINOS Tatiana Brescia

Assistente de Produção de Figurino Inês Bergamim

Visagista Simone Batata

Visagista assistente Tiça Camargo

Maquiadores Adrielle Santana Biah Bombom Gabriela Schembeck Giulia Piantino Isabel Vieira Luciana Santini Marcela Costa Mari Souza Nathalia Maciel Paz Casanello Sheila Campos

INDICADORES DE SALA

Adryane dos Reis Alyne C. dos Reis Andrea B. da Silva Andressa Severa Romero Danielle Bambace Jessica Dias Jonas Silva de Sousa Jorge Ramiro da Silva Santos Marcela Costa Marcelo Souza Ferreira Maria dos Remédios Mariana Ferreira da

Silva Marilivia Fazolo Patricia de Moura Mesquita Pedro Henrique Oliveira Roseli Deatchuk Rosimeire Pontes Carvalho Sandra Marisa Peracini Suely Guimarães Sousa Sylvia Carolina S A Caetano Tatiane Lima da Costa Vilma Aparecida Carneiro

Tradução do Libreto Vicente Sampaio

Sinopse e gravações de referência Irineu Franco Perpetuo

Legendas

MP Legendas

Revisora Juliana Winkel

Croquis de Figurino Patricia Toffolutti

PALESTRA PREPARATÓRIA Sérgio Molina

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO Diretor Artístico John Neschling

Primeirosviolinos Michelangelo Mazza (spalla) Pablo De León (spalla) Amanda Martins de Lima Martin Tuksa Adriano Mello Fabian Figueiredo Fábio Brucoli Fábio Chamma Fernando Travassos Francisco Krug Heitor Fujinami John Spindler Liliana Chiriac Paulo Calligopoulos Rafael Bion Loro Sílvio Balaz Victor Bigai Wellington Rebouças

Segundosviolinos Andréa Campos* Maria Fernanda Krug*

Nadilson Gama André Luccas Djavan Caetano Edgar Leite Evelyn Carmo Helena Piccazio Mizael da Silva Júnior Oxana Dragos Ricardo Bem-Haja Ugo Kageyama

Violas

Alexandre De León* Silvio Catto* Tânia Campos Abrahão Saraiva Adriana Schincariol Bruno de Luna Cindy Folly Eduardo Cordeiro Eric Schafer Licciardi Jessica Wyatt Pedro Visockas

Roberta Marcinkowski Tiago Vieira

Violoncelos Mauro Brucoli* Raïff Dantas Barreto* Mariana Amaral Alberto Kanji Charles Brooks Cristina Manescu Joel de Souza Maria Eduarda Canabarro Moisés Ferreira Teresa Catto

Contrabaixos

Sanderson Cortez Paz*** Taís Gomes*** Adriano Costa Chaves André Teruo Miguel Dombrowski Ricardo Busatto Vinicius Paranhos Walter Müller

Flautas

Cássia Carrascoza* Marcelo Barboza* Andrea Vilella Cristina Poles Renan Mendes

Oboés

Alexandre Ficarelli* Rodrigo Nagamori* Marcos Mincov Rodolfo Hatakeyama** Victor Astorga**

Clarinetes

Camila Barrientos Ossio* Tiago Francisco Naguel* Diogo Maia Santos Domingos Elias Marta Vidigal

Fagotes

Fábio Cury* Matthew Taylor* Marcelo Toni Marcos Fokin Osvanilson Castro

Trompas

André Ficarelli* Thiago Ariel* Eric Gomes da Silva Rafael Fróes Rogério Martinez Vagner Rebouças

142 143

Assistente de Cenografia

Costureiras

Ficha Técnica

LOHENGRIN


Daniel Filho**

Trompetes

Fernando Lopez* Marcos Motta* Breno Fleury Eduardo Madeira Thiago Araújo

Trombones

Coro Lírico Municipal de São Paulo Regente Titular Bruno Greco Facio

Regente Assistente Sergio Wernec

Eduardo Machado* Roney Stella* Hugo Ksenhuk Luiz Cruz Marim Meira

Pianistas

Harpa

Sopranos

Jennifer Campbell* Paola Baron*

Adriana Magalhães Angélica Feital Antonieta Bastos Berenice Barreira Cláudia Neves Elayne Caser Elaine Moraes Elisabeth Ratzersdorf Graziela Sanchez Jacy Guarany Juliana Starling Laryssa Alvarazi Marcia Costa Marivone Caetano Marta Mauler Milena Tarasiuk Monique Corado Rita Marques Rosana Barakat Sandra Félix Sarah Chen Viviane Rocha

Piano

Cecília Moita*

Percussão

Marcelo Camargo* César Simão Magno Bissoli Sérgio Ricardo Silva Coutinho Thiago Lamattina

Tímpanos

Danilo Valle* Márcia Fernandes*

Gerente da Orquestra Manuela Cirigliano

Assistente

Mariana Bonzanini

Inspetor

Carlos Nunes

Montadores Alexandre Greganyck Paulo Broda Rafael de Sá

Aprendiz

Gabriel Cardoso Vieira *Chefe de Naipe **Músico Convidado ***Chefe de Naipe Interino

Marcos Aragoni Marizilda Hein Ribeiro

Mezzo-Sopranos Ana Carolina Sant'Anna * Carla Campinas Caroline Jadach * Cláudia Arcos Erika Belmonte Juliana Valadares Keila Moraes Marilu Figueiredo Mônica Martins Robertha Faury *

Contraltos

Celeste Moraes Clarice Rodrigues Elaine Martorano Lidia Schäffer Ligia Monteiro Magda Painno Maria Favoinni Vera Ritter

Tenores

Alex Flores Alexandre Bialecki Antonio Carlos Britto

Bruno Rodriguez * Dimas Carmo Eduardo Góes Eduardo Pinho Eduardo Trindade Eliseu Ottaviani * Fernando de Castro Gilmar Ayres Job Vinci * Luciano Silveira Luiz Doné Marcello Mesquita * Marcello Vannucci Márcio Valle Miguel Geraldi Murilo Sousa * Paulo ChamiéQueiroz Renato Tenreiro Rodrigo Morales * Rubens Medina Rúben Oliveira Sérgio Macedo Thiago Furlan *Valter Estefano Walter Fawcett

Barítonos

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Cerimonial

Prefeito

Diretoria Artística Assessoria de Direção Artística

Fernando Haddad

Secretário Municipal de Cultura Nabil Bonduki

FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

Juliana Tondin Mengardo

Montador

Bruno Silva Farias *Músico convidado

Secretária

Eni Tenório dos Santos

Aprendiz

Carolyni Amorim Marques da Silva

João Malatian

Leonardo Martinelli Pablo Zappelini de Leon

Diretor Técnico

Direção Geral

Daniela Gogoni

Juan Guillermo Nova

Assistente de Direção Técnica

José Luiz Herencia

Diretora de Gestão

Diretor de Palco Cênico

Carolina Paes Simão

Ronaldo Zero

Diretor Financeiro

Inspetoria

Eduardo Strausser Thomas Yaksic Clarisse De Conti

Presidente

Claudio Guimarães Fernando Gazoni Leonardo Pace Marcos Carvalho Matheus França Orlando Marcos Rafael Thomas Rogério Nunes Sérgio Righini

Elisabeth De Pieri Eugenia Sansone

Nelson F. de Oliveira

Coordenação de Programação Artística

Conselho

Diretor de Formação

Assistente Administrativo

Bilheteria

Deliberativo Nabil Bonduki –

Alessandro Gismano Daniel Lee David Marcondes Diógenes Gomes Eduardo Paniza Guilherme Rosa Jang Ho Joo Jessé Vieira Marcio Marangon Miguel Csuzlinovics Roberto Fabel Sandro Bodilon Sebastião Teixeira

Baixos

Egberto Cunha

Leonardo Martinelli

INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO CULTURAL Presidente do Conselho Cláudio Jorge Willer

Diretor Executivo William Nacked

Neil Amereno

Diretor Artístico John Neschling

Assistente de Direção de Palco Cênico Caroline Vieira

Assistente de Direção Cênica Residente Julianna Santos Segunda Assistente de Direção Cênica Ana Vanessa

Coordenação de Figuração Edison Vigil

AUXILIAR ADMINISTRATIVA Ana Luiza Alves

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO

Figurinista Residente

Cristiane Santos Bernardo Guerra

Imme Moller

Olivieri Advogados Associados

Fernanda Câmara

Direitos Autorais

Diretoria Geral Assessora Maria C. G. de Freitas

Produção de Figurinos Arquivo Artístico Coordenadora Maria Elisa P. Pasqualini

Secretárias

Assistente de Coordenação

Marcia de M. Silva Monica Propato

Milton Tadashi Nakamoto


AUXILIAR ADMINISTRATIVA Maria de Fátima

Ação Educativa Alana dos Santos Schambacler

Centro de Documentação Chefe de seção

Carregadores

Estagiárias

Carlos da S. Ribeiro Marcos C. Rocha Rui da Silva Costa

Gabriela Carolina Assunção Souza Aline R. de Souza

Luiz Carlos Lemes Maria Aparecida Gonçalo da Silva

Escola de Dança de São Paulo Coordenadora Artística

Mecânica cênica

Alex Sandro N. Pinheiro Anderson S. de Assis

Contrarregras

Eneas R. Leite Neto Paloma Neves da Costa Sandra S. Yamamoto

Aprendiz

Carlos Eduardo Santos

Chefe de Som

Sérgio Luis Ferreira

Operadores de Som

AUXILIAR ADMINISTRATIVO

Diretoria de Gestão Cristina G. Nunes João Paulo A. Souza Juçara A. de Oliveira Juliana do Amaral Torres Oziene O. dos Santos Paula Melissa Nhan Carlos A. De Cicco Ferreira Filho Catarina Elói de Oliveira

Mauricio Stocco

Daniel Botelho Kelly Cristina da Silva Sergio Nogueira

Lumena A. de M. Day

Valéria Lovato

Diretoria de Produção Produção Executiva

Fernando Azambuja Igor Augusto F. Oliveira Lelo Cardoso Olavo Cadorini Ubiratan Nunes Camareiras Alzira Campiolo Isabel Rodrigues Martins Katia Souza Lindinalva M. Celestino Maria Auxiliadora Maria Gabriel Martins Marlene Collé Nina de Mello Regiane Bierrenbach Tonia Grecco

Guilherme Telles Andressa P. de Almeida

CENTRAL DE PRODUÇÃO “CHICO GIACCHIERI” Coordenação de Costura

Antonio Tavares Ribeiro

Equipe

Anna Patrícia Nathália Costa Rosa Casalli

Produtores

Aelson Lima Pedro Guida Nivaldo Silvino

Assistente de Produção Arthur Costa

APRENDIZ

Laysa Padilha de Souza Oliveira

Palco Chefe da Cenotécnica Aníbal Marques (Pelé)

Chefe de Maquinária

Thiago dos S. Panfieti

Subchefe de Maquinária

Paulo M. de S. Filho

Acervo de Ferramentas

Chefe de Iluminação Iluminadores

Emília Reily

Acervo de Figurinos Assistente Ivani Rodrigues Umberto

AUXILIAR ADMINISTRATIVA

Estagiários

Diretoria de Formação Assessora Helen Gallo

ASSISTENTE ARTÍSTICO Tiago Gati

Escola Municipal de Música de São Paulo Diretor Assistente de Direção

Projetos Especiais

Bens Patrimoniais José Pires Vargas

Informática

Ricardo Martins da Silva Renato Duarte

Estagiários

Victor Hugo A. Lemos Yudji A. Otta

Arquitetura

Daniela Stasi

Lilian Jaha

Roberto Quaresma Adriana Menezes Ana Paula Sgobi

Narciso Martins Leme

Irinéia da Cruz

GERENTE DE COMUNICAÇÃO

Alexandre Malerba Angélica da Silva Marina Oliveira Vanessa Reis

Marcos Fecchio

Assistência Administrativa

Gabriel Navarro Colasso

Assistência Administrativa

equipe

Estagiários

Alexandre R. Bertoncini

Seção de Pessoal

Cleide C. da Mota José Luiz P. Nocito Tarcísio Bueno Costa

Parcerias

Suzel Maria P. Godinho

Contabilidade

Alberto Carmona Alexandre Quintino Ananias Diego Silva Luciana Cadastra Marcio Aurélio O. Cameirão Meire Lauri

Seção Técnica de Manutenção Estagiário Vinícius Leal

ANALISTA DE COMUNICAÇÃO Gisele Pennella

Editor

EDITORA WEB Desirée Furoni

COORDENADORA DE IMPRENSA Amanda Sena

ASSESSORAS DE IMPRENSA Caroline Zeferino Vanessa Beltrão

REVISÃO MUSICAL Paschoal Roma

ESTAGIÁRIAS

Beatriz Cunha Paola Micheletti

Design Gráfico Designers Assistentes

Maíra Ferreira

George A. Rodrigues Marina Aparecida Augusto Marly da S. dos Santos Antonio Teixera Lima Eva Ribeiro Israel Pereira de Sá Luiz Antonio de Mattos Maria Apa da C. Lima Pedro B. Nascimento Rita de Cássia S.

Michele Alves

AUXILIAR ARTÍSTICO

Assistente Técnica

Marcelo Luiz Frozino

Ermelindo Terribele

Expediente

Maria A. Malcher Grazieli A. Guerra

João Paulo Gonçalves

José Carlos Souza José Lourenço Paulo Henrique Souza

José Roberto Silva Ricardo Farão

Técnicos de Palco

Luis Ribeiro

Nelsa A.Feitosa da Silva

Compras e Contratos

Jéssica Elias Secco

Chefe de Contrarregragem

Assistente Artístico

Almoxarifado

Valdemir Aparecido da Silva

Ana Claudia R. Aragues

Acervo de Cenário

Susana Yamauchi

Banchi Wagner Cruz

Equipe

Montadores

Infraestrutura

Kiko Farkas/ Máquina Estúdio

Ana Lobo

Atendimento Impressão Formags Gráfica e Editora LTDA

Agradecimento Escarlate

144 145

Ariel Oliveira Cássio Mendes Guilherme Prioli Jonatas Ribeiro Karen Feldman Leandro José Silva Paulo César Codato Raíssa Encinas Roberto Dorigatti

Maquinistas Alberto dos Santos Aristides da Costa neto Carlos Roberto Ávila Ivaildo Bezerra Lopes Peter Silva M. de Oliveira Uiler Ulisses Silva Wilian Danieli Peroso

Ficha Técnica

Copistas e Arquivistas


O BNDES é um dos maiores apoiadores da cultura brasileira e apresenta a Série Mista III da Temporada Lírica 2015 do Theatro Municipal de São Paulo.


AMIGOS DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO O Programa Amigos do Theatro Municipal de São Paulo (TMSP) permite que pessoas físicas façam contribuições ao Theatro Municipal, sendo que o valor da doação pode ser deduzido em 100% na sua próxima declaração de Imposto de Renda, respeitando-se o limite de 6% do total devido. Contribua com o aprimoramento do trabalho artístico do Theatro, com a realização de ações de sensibilização de novos públicos e com as Escolas de Música e de Dança do Theatro Municipal. Ao participar, você recebe um cartão de Amigo do Theatro e desfruta de benefícios, de acordo com o valor doado, como descontos em ingressos e assinaturas, programas das óperas, ingressos para concertos, convites para eventos especiais, dentre várias outras vantagens.

Contatos para doações T +55 (11) 4571 0454 - Seg. a Sex. / 10 às 17h e amigos@theatromunicipal.org.br Mais informações no site www.theatromunicipal.org.br


/ PLANO 1

R$ 100 a 499,99

· Cartão de associado · Divulgação do nome no site e no relatório anual do TMSP1 · Retirada gratuita de um Programa de cada ópera na Temporada Lírica 20162 · 10% de desconto no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · 10% de desconto na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20163

/ PLANO 2

R$ 500 a 1.999,99

Benefícios do Plano 1 + · Ampliação do desconto para 20% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 20% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20163 · Um par de ingressos para um concerto na Sala do Conservatório4

/ PLANO 3

R$ 2 MIL a 9.999,99

Benefícios do Plano 2 + · Ampliação do desconto para 30% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 30% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20163 · Um par de ingressos para dois concertos na Sala do Conservatório4 · Uma visita exclusiva ao edifício histórico do TMSP para o doador e seus convidados5

/ PLANO 4

R$ 10 MIL a 24.999,99

Benefícios do Plano 3 + · Ampliação do desconto para 40% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 40% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20163 · Um par de ingressos para um concerto no TMSP4

/ PLANO 5

CONSELHO DE AMIGOS DO THEATRO a partir de R$ 25 MIL

Benefícios do Plano 4 + · Ampliação do desconto para 50% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 50% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20163 · Um par de ingressos para dois concertos no Theatro Municipal4 · Acesso ao camarim do TMSP para cumprimentos ao maestro e solistas6 · Uma visita monitorada ao edifício histórico do TMSP para programas e/ou instituições sociais indicados pelo doador7 · 10% de desconto nas refeições realizadas no restaurante do TMSP8 · Convite para integrar o Conselho de Amigos do TMSP9

1 A divulgação do nome do doador é opcional. // 2 Válido para um Programa por ópera, apresentando o cartão de associado nas mesas de compra dentro do Theatro. // 3 Válido para produções da Fundação Theatro Municipal do São Paulo, apresentando o cartão de associado diretamente na bilheteria, de acordo com a disponibilidade de assentos. // 4 Válido para produções do Theatro Municipal do São Paulo, exceto óperas, de acordo com a disponibilidade de assentos. Os ingressos devem ser solicitados com até 3 dias úteis de antecedência à apresentação. // 5 Máximo de 10 pessoas. // 6 O acesso ao camarim deve ser solicitado com até 3 dias úteis de antecedência à apresentação. // 7 Máximo de 30 pessoas. // 8 Desconto válido para até 4 pessoas, não incluindo bebidas, mediante apresentação do cartão de associado, durante o ano de 2016. // 9 A participação no Conselho de Amigos do Theatro Municipal de São Paulo é opcional.


mantenedor - série domingos II

patrocinador mantenedor - série terças

patrocinador - série sábados

patrocinador

patrocinador - série mista II

copatrocinador

agência de negócios e relações institucionais

execução

realização

patrocinador - série mista III

apoiador



MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO


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