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O OURO DO RENO / DAS RHEINGOLD Música e libreto de Richard Wagner Ópera em quatro cenas Primeira parte da tetralogia O Anel do Nibelungo / Der Ring des Nibelungen
Estreia mundial Teatro Nacional de Munique, em 22 de setembro de 1869 Franz Wüllner – Regente August Kindermann (Wotan), Heinrich Vogl (Loge), Karl Fischer (Alberich), Max Schlosser (Mime), Sophie Stehle (Fricka), Henriette Müller (Freia), Karl Heinrich (Donner), Franz Nachbaur (Froh), Emma Seehofer (Erda), Toni Petzer (Fasolt), Kaspar Bausewein (Fafner), Ann Kaufmann, Therese Vogl e Wilhelmine Ritte (Filhas do Reno). Primeira apresentação do Anel do Nibelungo Bayreuth, 13, 14, 16 e 17 de agosto de 1876 Hans Richter – Regente Franz Betz (Wotan), Heinrich Vogel (Loge), Karl Hill (Alberich), Max Schlosser (Mime), Friederike Grün (Fricka), Marie Haupt (Freia), Eugen Gura (Donner), Georg Unger (Froh), Luise Jaide (Erda), Albert Eilers (Fasolt), Franz von Reichenberg (Fafner), Lilli Lehmann, Marie Lehmann e Minna Lammert (Filhas do Reno). Estreia no Brasil Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 15 de setembro de 1922 Felix Weingartner – Regente Walther Kirchoff, Helene Hirn, Alice Mertens, Weigert, Hans Bechstein, Rudolf Bandler, Emile Schipper, Karl Braun e Teofilo Dentale.
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O OURO DO RENO RICHARD WAGNER Novembro 2013 09 sáb 20h | 12 ter 20h | 14 qui 20h | 16 sáb 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Regente
Luiz Fernando Malheiro
Wotan (Baixo-barítono)
Michael Kupfer
Loge (Tenor)
Stefan Margita
Fricka (Mezzo-soprano)
Denise de Freitas
Freia (Soprano)
Gabriella Pace
Donner (Baixo-barítono)
Fabrizio Claussen
Froh (Tenor)
Paulo Chamié-Queiroz
Erda (Contralto)
Angela Diel
Alberich (Baixo-barítono)
Marcus Jupither
Mime (Tenor)
Peter Bronder
Fasolt (Baixo-barítono)
Jens-Erik Aasbø
Fafner (Baixo)
Sávio Sperandio
Woglinde (Soprano)
Maíra Lautert
Wellgunde (Soprano)
Flávia Fernandes
Flosshilde (Mezzo-soprano)
Laura Aimbiré
CENA I No fundo do Reno, as três ninfas do rio nadam e brincam, quando chega o anão Alberich, que, maravilhado, deseja se juntar a elas. As filhas do Reno incitam o nibelungo a persegui-las, apenas para tripudiar dele. Rejeitado sucessivamente por cada uma delas, Alberich tem a atenção atraída por um brilho súbito: é o ouro do Reno, vigiado pelas ninfas. Elas comentam que aquele que renunciar ao amor poderá fundir, com o ouro, um anel que lhe garantirá poder ilimitado. Alberich não hesita: amaldiçoa o amor e desaparece com o ouro do Reno, para consternação das moças. CENA II Wotan e Fricka, casal de deuses, despertam, tendo ao fundo um castelo. Trata-se do Valhala, nova moradia das divindades, erigida para Wotan pelos gigantes, os irmãos Fasolt e Fafner. Fricka se preocupa, pois o marido prometeu dar sua irmã, Freia, como pagamento pela fortaleza. O deus supremo, contudo, tenta tranquilizar a esposa: Loge, o ardiloso semideus do fogo, prometeu que arrumaria outra recompensa aos gigantes. Fasolt e Fafner entram, exigindo o pagamento. Wotan tenta tergiversar, mas os gigantes são inflexíveis, e lembram ao deus que ele deve seu poder aos contratos, simbolizados por runas inscritas em sua lança. Desse modo, Wotan é forçado a manter sua promessa, impedindo a tentativa dos outros deuses, Froh e Donner, de libertar Freia. Wotan já se vê na iminência de ceder a cunhada, cujas maçãs encantadas garantem a juventude eterna e imortalidade dos deuses, quando Loge finalmente aparece, contando a história do roubo do ouro do Reno por Alberich, bem como do anel que assegura poder sem limites a seu proprietário. Todos se mostram extremamente interessados na joia. Finalmente, os gigantes partem, levando Freia como refém: o preço do resgate é o anel do nibelungo.
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CENA III Wotan e Loge descem ao Nibelheim, morada subterrânea dos nibelungos, onde encontram Mime, irmão de Alberich, que foi obrigado pelo dono do anel a lhe fazer o Tarnhelm – elmo mágico que permite a seu proprietário adquirir a forma que bem desejar, ou ficar invisível. Alberich escravizou todos os nibelungos, explorando seu trabalho para amealhar enorme tesouro. Ao ver os deuses, ameaça-os, alardeando seu desejo de dominar a tudo e a todos; incitado por Loge, faz uma demonstração do poder do Tarnhelm. Inicialmente, transforma-se em enorme réptil e, depois, adquire a forma de um minúsculo sapo – que é imediatamente capturado pelos deuses, e levado para a superfície. CENA IV Wotan exige o tesouro e o anel do nibelungo. Alberich resiste, e o anel lhe é arrancado à força. Libertado, lança uma maldição sobre a joia: todo aquele que se apoderar do anel há de perecer. O nibelungo desaparece, dando lugar a Fasolt e Fafner, trazendo Freia para finalizar a negociação. Seu preço é uma quantidade de ouro equivalente ao tamanho da deusa, e acabam exigindo, além do tesouro, o Tarnhelm e o anel. Devido à relutância de Wotan em entregar a joia, a terra se abre, e a deusa ancestral Erda adverte-o dos riscos da posse do anel. Wotan finalmente cede, e os gigantes começam a partilha do butim. Os irmãos brigam: Fafner acaba por matar Fasolt, levando consigo todo o tesouro, o elmo e o anel. Donner, o deus do trovão, convoca uma tempestade para dispersar o clima pesado. O céu se abre, surgindo um arco-íris: é a ponte que deve conduzir os deuses ao Valhala. No meio do caminho, são interrompidos pelo lamento das ninfas do Reno, que pedem a devolução do anel. Seus rogos são rejeitados, e os deuses entram na nova morada.
O INÍCIO DA SAGA Irineu Franco Perpetuo
“A meu ver, a composição de uma ópera sobre os nibelungos seria certamente um passo à frente, e acredito que o compositor que conseguisse se desincumbir de modo adequado desta tarefa tornar-se-ia a personalidade de sua época”, disse, em 1845, Franz Brendel (1811-1868), então editor do Neue Zeitschrift für Musik (Novo Jornal de Música), com forte influência no meio musical germânico desde sua fundação, em Leipzig, por Schumann, em 1834. Hegeliano, Brendel era um ativista da unificação social e política da Alemanha, bem como da Neudeutsche Schule – Nova Escola Alemã, termo por ele cunhado em 1859 para designar as tendências “vanguardistas” de seu tempo. Não é de se estranhar, assim, que seu desafio tenha sido respondido por aquele que se tornaria um dos mais proeminentes membros da Nova Escola Alemã: Richard Wagner, ambicioso Kapellmeister (ou seja, regente) da corte do rei da Saxônia, em Dresden, que, em 4 de outubro de 1848, redigiu um esboço em prosa daquela que seria sua iniciativa estética mais absorvente e poderosa, Der Nibelungen – Mythus: Als Entwurf zu einem Drama (O mito dos nibelungos como esboço para um drama). Assim como os cineastas de hoje lançam mão de um profissional chamado roteirista para escrever o script de seus filmes, os autores de ópera de então contratavam poetas para elaborar os libretos de suas óperas. Wagner, contudo, era exceção: redigia não apenas o argumento, como todos os versos e rubricas teatrais de suas óperas, para depois compor a música e orquestrá-la. Naquela época, ele havia concluído seis obras do gênero, com destaque para O Navio Fantasma, Tannhäuser e Lohengrin. Suas ideias so-
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bre a ópera como Gesamtkunstwerk (obra de arte total) estruturada em torno de uma teia de leitmotifs (motivos condutores), que encontrariam no Anel sua mais metódica sistematização, ainda não haviam sido formuladas. A trama inicial se concentrava em torno dos acontecimentos de O Crepúsculo dos Deuses – que, à época, tinha o título provisório de Siegfrieds Tod (A Morte de Siegfried). Até então, a ideia era fazer apenas uma ópera baseada na saga medieval germânica dos nibelungos. Contudo, A Morte de Siegfried remetia a tantos fatos anteriores que Wagner achou necessário elaborar uma ópera descrevendo a ação prévia, chamada Der junge Siegfried (O jovem Siegfried, posteriormente rebatizada simplesmente de Siegfried), em 1851. Também essa solução se revelou insatisfatória e, logo em seguida, em 1851/2, o compositor redigiu os libretos que completariam a tetralogia: Die Walküre (A Valquíria) e Das Rheingold (O Ouro do Reno). Se os textos das óperas foram escritos na ordem inversa de sua aparição no ciclo, a música, por seu turno, foi composta na ordem direta. Assim, O Ouro do Reno, criada entre 1853 e 1854, foi a primeira partitura concluída pelo autor. Trata-se do prólogo do Anel; a tetralogia como um todo só seria finalizada em 1874 – culminando 26 anos de labuta. Não foram poucos os eventos que marcaram a vida de Wagner entre a composição do Ouro do Reno e sua estréia, 15 anos mais tarde. Nesse meio tempo, ele se envolveu com a revolução constitucional da Saxônia, em 1849, sendo, em consequência, banido por décadas do solo germânico; tentou a sorte em Paris, fracassando miseravelmente; compôs Tristão e Isolda; envolveu-se em um escandaloso romance com Cosima, filha de Liszt (que, à época, era casada com o regente Hans von Bülow, colaborador próximo do compositor); e conheceu Ludwig II, o jovem rei da Baviera que era obcecado por sua música e lhe daria inestimável apoio material. O rei resgatou Wagner da instabilidade financeira, em 1864, pagando suas dívidas, instalando-o em sua capital, Munique, com todas as mordomias e luxos imagináveis, e promovendo a estreia de suas óperas Tristão e Isolda e Os Mestres Cantores de Nurembergue. Forçado no ano seguinte a expulsar o compositor de seus domínios,
o monarca seguiu apoiando-o, e à sua música. Fazia ouvidos moucos às críticas da imprensa ao estilo extravagante de vida de Wagner, e só acreditou que ele estava tendo um caso com Cosima quando esta finalmente rompeu com Bülow, após a primeira audição de Os Mestres Cantores, em 1868. A estreia de O Ouro do Reno, no ano seguinte, marcaria um dos momentos de maior tensão entre o compositor e seu real mecenas. Ludwig II queria que a ópera fosse produzida em Munique, em 1869. Wagner fez o que pôde para sabotar a iniciativa, alegando desde motivos médicos (estava em tratamento de saúde, e uma produção sem sua presença estaria fadada ao fracasso) a estéticos (os efeitos cênicos não funcionavam a contento). Tendo partido de Munique depois de ser abandonado por Cosima, Bülow não regeria a estreia; a incumbência ficou com Hans Richter que, instigado por Wagner, recusou-se a dirigir a ópera às vésperas de data marcada, forçando o adiamento da produção. A primeira audição mundial de O Ouro do Reno estava sendo aguardada com expectativa no cenário internacional. Figuras de renome, como os compositores Liszt e Saint-Saëns, e o escritor russo Ivan Turguêniev, compareceram ao ensaio geral da ópera. Dono dos direitos de performance do Anel, Ludwig II se irritou com a rebelião de Wagner e seus asseclas e resolveu, em suas próprias palavras, “cortar o mal pela raiz”, posto que jamais havia sofrido “tamanha afronta”. O rei escreveu: “O modo que Wagner e a canalha teatral estão se comportando é realmente criminoso, e completamente desavergonhado. Trata-se de desafio aberto a minhas ordens, coisa que não posso permitir. Definitivamente, Richter deve ser impedido de voltar a reger, e demitido imediatamente. Isso é irrevogável. O pessoal do teatro deve obedecer às minhas ordens, e não aos caprichos de Wagner”. O compositor chegou a ir a Munique – apenas para descobrir que sua entrada nos ensaios estava proibida. De volta a Tribschen (junto ao lago de Lucerna, na Suíça), onde residia, Wagner escreveu uma carta ameaçadora a Franz Wüllner, o regente que substituiria Richter: “Tire as mãos de minha partitura! Aceite meu conselho, senhor, ou vá para o inferno!”. Acrescentou, depois, com a característica arrogância: “Pes-
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soas como o senhor terão que tomar muitas aulas de um homem como eu até compreenderem que não são capazes de entender nada”. De nada adiantou o piti. Cumprindo as determinações reais, O Ouro do Reno estreou em Munique, em 22 de setembro de 1869. Assim como Wotan, o deus dos deuses que funciona como seu alter ego na tetralogia, Wagner, por mais poderoso que se achasse, foi constrangido a se curvar a um poder que lhe era superior. Do mito à ópera Relegados durante séculos ao esquecimento, os textos medievais foram paulatinamente redescobertos a partir da segunda metade do século XVIII. De meras curiosidades filológicas, passam a poderoso material literário com o florescimento do Romantismo, quando uma Alemanha em busca de identidade nacional e unificação política olhava saudosamente para os tempos da dinastia dos Hohenstaufen (séculos XII e XIII) como modelo e inspiração. Não deve causar surpresa, assim, a atração especial que o medievalismo exercia sobre Wagner. Enquanto Verdi, nascido no mesmo ano de 1813, buscava inspiração no teatro de Shakespeare e Schiller, ou em temas contemporâneos, o autor do Anel ia à Idade Média para falar de mestres cantores, de cavaleiros do Graal, de Lohengrin, Tannhäuser e Parsifal. No caso do Anel, as principais fontes são anônimas, nórdicas e germânicas, compiladas possivelmente no século XIII, como a Edda, livro primordial da mitologia islandesa; ou a Saga dos Volsungos, também originária da Islândia, nos anos 1300. O nome “volsungo” (Wälsung) aparece em A Valquíria, mas Wagner aproveita do livro muito mais do que a nomenclatura. Transcrevemos abaixo a cena do roubo do anel, e sua subsequente maldição. O Alberich wagneriano aqui se chama Andvari, anão filho de Oin (também anão – não confundir com Odin, o deus dos deuses), que vive na cachoeira de Andvarafors. Loge (denominado Loki) apanha-o com uma rede: Foi então até Andvarafors e atirou a rede diante do lúcio, que caiu nela. Então Loki pronunciou:
Que peixe é este que corre na corrente, não é capaz de ver o seu azar? A tua cabeça salva de Hel e encontra-me a chama do poço. Andvari é meu nome, Oin foi meu pai, muitas cachoeiras já desci. Uma norna maldita determinou, em priscas eras, que nas águas eu errasse. Loki vê o ouro que Andvari tem. Mas, depois que este lhe havia entregado o ouro, permaneceu com um anel, que Loki lhe tomou. O anão caminhou adentro na rocha e pronunciou que qualquer um que possuísse aquele anel e mais todo o ouro deveria morrer. As semelhanças não param aí, pois Fafnir comete um assassinato para se apoderar da riqueza, recusando-se a compartilhá-la - e se transformando em serpente para vigiá-la. Wagner chama Fafnir de Fafner – gigante em O Ouro do Reno, transfigurado posteriormente (na ópera Siegfried) em dragão, a guardar seu tesouro. Outra saga consultada pelo compositor é a Canção dos Nibelungos, germânica, anônima, datada por volta de 1200 (e filmada por Fritz Lang, em 1924). Lá, como na tetralogia wagneriana, o ouro dos nibelungos é descrito como “rubro”, e sua posse também confere poderes especiais ao proprietário: Deveis agora ouvir maravilhas sobre esse tesouro: doze carros seriam necessários para trazê-lo da montanha em quatro dias e quatro noites, fazendo três viagens por dia. Era só ouro e pedras preciosas e, ainda que todas as pessoas do mundo fossem presenteadas com ele, não perderia sequer um marco de seu valor. Hagen [personagem que Wagner fará aparecer em O Crepúsculo dos Deuses] tinha bons motivos para cobiçá-lo. A peça mais
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preciosa era um pequeno bastão de ouro – quem descobrisse seu segredo poderia tornar-se senhor do mundo. Do ponto de vista musical, Wagner dizia que a inspiração inicial de O Ouro do Reno (os arpejos em mi bemol maior) haviam lhe ocorrido em uma espécie de transe, em La Spezia (localidade italiana situada na Ligúria, no centro do sugestivamente denominado Golfo dos Poetas). Embora os biógrafos divirjam sobre a verossimilhança de tal visão, não é possível negar o caráter visionário de uma partitura na qual o compositor aplica, pela primeira vez, e do modo mais rigoroso, os princípios que dali por diante norteariam sua estética. A divisão da ópera em “números” (árias, duos, trios, etc.) estava definitivamente abandonada; a orquestra deixa de ser mero acompanhamento das vozes, urdindo uma tapeçaria de motivos condutores claramente identificáveis e associáveis a cada um dos personagens, objetos ou motivações da trama. Para desempenhar seu papel de protagonista do drama, a orquestra reúne efetivos consideráveis: 64 instrumentos de cordas, seis harpas e uma seção de metais reforçada, incluindo trompete baixo, trombone contrabaixo e as célebres “tubas wagnerianas”, um instrumento criado especialmente para o Anel e posteriormente adotado por outros compositores, notadamente Bruckner. (Na verdade, considera-se esse nome algo inadequado, pois se tratam de trompas modificadas, não sendo tocadas por tubistas, e sim por trompistas). Além disso, na transição da segunda para a terceira cena, requerem-se 18 bigornas, batendo ritmadamente para simbolizar o trabalho de forja dos nibelungos. Para Wagner, porém, as inovações estavam longe de constituir um fim em si mesmo. Cada decisão musical só valia se motivada pelo contexto dramático. E, caso este requeresse, o compositor devia até mesmo adotar soluções “conservadoras” - como ele mesmo escreve, a respeito de O Ouro do Reno, em Da Aplicação da Música ao Drama, texto de 1879:
Jamais encontrei compositor jovem que não esperasse, antes de qualquer coisa, que eu aprovasse suas ‘ousadias’. Sempre me surpreendi ao constatar que as precauções que tomo com bastante atenção, tanto no domínio das modulações, quanto no da orquestração, tenham sido tão pouco notadas. Assim, por exemplo, foi-me impossível, no prelúdio de O Ouro do Reno, abandonar a tônica, precisamente porque não tinha razão para fazê-lo. Uma grande parte da cena que se segue, entre as Filhas do Reno e Alberich, só podia ser composta utilizando tonalidades vizinhas, já que, ali, a paixão se exprime em sua ingenuidade mais primitiva. Nada de primazia da música, portanto. Assim como todos os demais recursos envolvidos na obra, ela também estava submetida a uma finalidade dramática que lhe era superior, e que lhe servia como motivação e justificativa. Wagner não queria compor “simplesmente” música, mas ambicionava produzir a síntese de todas as manifestações artísticas: em uma palavra, Gesamtkunstwerk.
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A AGONIA DOS DEUSES Luiz Felipe Pondé
O que é mais importante, o amor ou o poder? O que define a natureza do homem e da mulher? Existe o bem e o mal? Ou vale tudo quando se trata da vida, essa batalha infinita por poder e glória? Qual deus devo adorar? Jesus, Apolo ou Dionísio, sob pena de pagar com a minha vida e a minha alma o preço da escolha? Estas são questões imortais, que sempre habitaram o mundo dos deuses e dos homens. Presos ao universo monoteísta judaico-cristão como somos, acabamos por esquecer que outros deuses e deusas habitam o mundo das crenças e dos mitos. Conhecemos um povo pelo modo como ele cria seus deuses. E pelos conflitos que eles vivem. Esta é a matéria dos mitos, e os mitos são feitos da mesma matéria da alma. O Ouro do Reno é uma ópera sobre mitos germânicos e escandinavos helenizados pela paixão de Richard Wagner pela tragédia antiga (a tragédia grega “relida” em alemão romântico do século XIX), por isso, é uma história sobre deuses e deusas imersos em desejos que nunca morrem, pois são desejos de seres imortais. Muitas vezes a morte é uma benção porque justamente viramos pedra, e a pedra não deseja. Os deuses não têm esse luxo dos mortais, e se tivessem, morreria de medo como nós. O Ouro do Reno é a primeira parte da “tetralogia do anel”, formada, além do Ouro do Reno, pelas peças A Valquíria, filha preferida do deus Wotan – vamos voltar a ele logo –, Siegfried e O Crepúsculo dos Deuses. Portanto, O Ouro do Reno é apenas o começo de uma série de quatro óperas que descrevem uma tragédia, a “tragédia do anel” do nibelungo, um anão deformado, Alberich, que representa a luta entre o amor, entendido como liberdade e natureza na sua potência criativa absoluta e amoral (estamos longe da moral cristã), e o poder, caracte-
rizado pelos limites impostos pela lei e pela civilização. Mas, o amor e a lei podem ser destrutivos. E pior: os dois polos nunca são puros, não se pode supor que o “amor é lindo e benigno” e a lei “cruel e desumana”. A “tetralogia do anel” não nos permite determinar uma axiologia (critério de bem e mal) simples, e com isso ela rompe com a visão cristã e se coloca ao lado do mundo obscuro da Grécia trágica. E qual é esse mundo? O Ouro do Reno canta esse mundo obscuro. Visto assim, percebe-se logo um entrecruzamento de alguns temas caros ao pensamento alemão do século XIX (românticos como Goethe e Schiller, idealistas como Fichte e Schelling, trágicos como Nietzsche e Schopenhauer) e a fonte grega antiga, conhecida como tragédia ática (Sófocles e Eurípedes, entre outros). Wagner faz, de certa forma, uma “modernização” da visão ática de mundo como um conflito imortal e repetitivo entre forças que jamais repousam. E estas forças estão tanto no universo quanto dentro de nós. Os deuses e seus mitos são, desta forma, espelhos das agonias (“agon” em grego ático é conflito) que devastam os seres humanos. Se lembrarmos da leitura nietzschiana da tragédia grega (num período em que se sente ainda a influencia de Wagner sobre Nietzsche), veremos que a oposição entre a “pulsão” (“Trieb”, termo imortalizado por Freud posteriormente, como sendo a “substância” do psiquismo) apolínea (ordem, lei, medida, razão) e a “pulsão” dionisíaca (arte, violência, desordem, loucura) percorre o enredo wagneriano no qual deuses e deusas combatem forças tectônicas opostas: devo optar pelo amor (impulso pautado pelo deus Dionísio, livre e sem interesses a não ser o próprio gozo de si mesmo e do ser amado) ou pelo poder (um exclui o outro), traço do deus Apolo, que tudo controla, submetendo a vida à lei e à forma? Mas, Apolo e Dionísio não vêm separados, e esta mistura é em si um elemento essencial da tragédia: a paixão pela lei e pelo poder é em si uma deformidade, a recusa da lei e da civilização em nome do amor é também uma perdição, como a loucura do desejo pela beleza de uma mulher irresistível. Os alemães do século XIX, assim como Wagner, flertavam com a superação da mítica bíblica em favor de uma helenização da vida espiritual. Para autores como Wagner e Nietzsche, essa superação, ainda que
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implicando em agonia, devolveria o Eros morto por um cristianismo comedido e excessivamente apolíneo. Mas, o que é um mito e o que esse flerte com a superação do mundo cristão significa? Estudiosos dos mitos como Mircea Eliade, Carl Gustav Jung e Joseph Campbell entendem os mitos não como meras fantasias irreais, mas como estruturas psíquicas atávicas (das quais nunca nos libertamos) que descrevem processos profundos e irracionais da alma humana desde seus primórdios pré-históricos. São, nesse sentido, uma verdade não factual, mas espiritual, que fala de como nos vemos enquanto seres humanos – narrativas que respondem aos nossos anseios, nossos afetos e nosso terrores. Por isso, quando na abertura de Ouro do Reno as três irmãs ninfas Woglinde, Wellgunde e Flosshilde (esta mais velha e mais responsável), donzelas que receberam como missão guardar o ouro do Reno, se divertem com o anão deformado Alberich (o nibelungo), vemos a ação da beleza feminina no seu caráter amoral, mergulhadas na beleza do rio Reno e na própria delícia de serem jovens, belas e desejáveis. A natureza das ninfas aqui revela já a superação do modelo de contenção dos impulsos da juventude feminina (cruel porque segura de sua potência), típico do cristianismo clássico. Na sequencia, Alberich, magoado diante do fato que sua deformação física o tornar ridículo aos olhos das jovens ninfas, se vira para a beleza do ouro em detrimento da beleza que o recusou. O ressentimento, deformação da alma dos fracos e feios (mais uma vez, superação moral cristã que prega a misericórdia para com os infelizes), afeto desprezado tanto por Wagner quanto por Nietzsche e demais românticos alemães, toma conta de Alberich e ele revela sua natureza mesquinha e vingativa. Criatura da escuridão dos abismos, ele representa as fraquezas de uma alma impotente para seduzir as ninfas. As ninfas, percebendo o interesse de Alberich pelo ouro do Reno, o alertam que quem quiser tê-lo precisará abrir mão do amor. Ser poderoso, mas tornar-se incapaz de amar e ser amado é a maldição de quem tiver o ouro do Reno. Alberich, já tomado pela humilhação, opta facilmente pelo poder do ouro, aprofundando sua consciência de que ser amado para ele é impossível. Não há qualquer demonstração de cuidado por parte das ninfas para com a agonia de Alberich, e o infeliz
monstro se torna o senhor do ouro do Reno. Mas não por muito tempo. Wotan, de natureza descuidada, ambicioso por habitar num palácio inigualável, pouco deu atenção ao fato que a promessa feita aos horrorosos gigantes Fasolt e Fafner implicaria na desgraça de sua cunhada, Freia, a bela deusa do amor e da juventude, que passaria a ser o objeto de luxúria dos dois odiosos gigantes. Fricka o acusa de ser insensível ao sofrimento das mulheres, mas ele a lembra que perdera um olho para conseguir tê-la como esposa. E mais: ela mesma tinha dado a ideia de construir um novo lar. Deus e deusa se defrontam com desejos de privilégios e poder e as consequências maléficas de seus projetos de grandeza. Mas a agonia não é apenas de Freia, os deuses todos, Wotan, Fricka, Dooner (deus do trovão) e Froh (deus da primavera), estes dois irmãos de Freia, dependem das maçãs douradas que ela cultiva, sem a qual todos envelhecerão e morrerão. A batalha é, então, pela beleza eterna; Freia é a chave da divindade dos deuses. Humano, demasiado humano, diria Nietzsche. Quando Alberich é capturado por Wotan e Loge, ele está inebriado pelo poder do ouro, do anel e do elmo mágico. Na cega certeza de seu poder, se transforma em presa fácil. Toda a sequência dessa trama, que se desenrolará ao longo da cena final, revela a desordem que é a obsessão pelo ouro, pela moradia majestosa, pela juventude e pelo amor como troféu. Tendo perdido tudo, o nibelungo amaldiçoa quem tiver o anel, pois quem o desejar não o terá e quem o tiver será infeliz. Assim, como a ninfas, o anão amaldiçoa aquele que tiver a posse do poder. Os gigantes aceitam a troca de Freia pelo tesouro, mas brigam na sua divisão e Fafner mata Fasolt. Wotan perde tudo (levado por Fafner), mas fica com a majestosa moradia e Freia é libertada, com ajuda da deusa Erda (deusa da terra), que anuncia, enquanto os deuses seguem para Valhala, o crepúsculo dos deuses a vir, enquanto o céu escurece e a tempestade se anuncia no horizonte. As ninfas lamentam a perda do ouro do Reno que estava sob sua guarda, e o mundo dos deuses vislumbra sua decadência. Um ciclo agônico de paixões envolvendo amor, sede de juventude eterna, morte, poder, vingança, traição, nada que nós, seres humanos, não pudéssemos ensinar aos deuses.
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Richard Wagner (1813-1883), por Franz
Dom Pedro II (1825-1891), imperador
nesta casa. Foto de Carlo Naya (1816-
Hanfstaengl (1804-1877).
do Brasil e admirador de Wagner, che-
1882), tirada em 1870.
Rei Ludwig II da Baviera (1845-1886),
compositor para se apresentar no Tea-
Estudos para o cenário da primeira
também chamado de Rei Louco. Apai-
tro Lírico do Rio de Janeiro.
apresentação completa do ciclo do
gou a convidar diversas vezes o
anel, realizada em Bayreuth em 1876,
xonado pelas obras de Wagner, em cartas chamava sua noiva de Elsa, per-
Cosima Wagner (1837-1930), segunda
sonagem da ópera Lohengrin.
esposa do compositor e filha de Franz Liszt (1811-1886).
feitos por Josef Hoffmann (1831-1904). As três damas do Reno, na primeira
Castelo de Neuschwanstein, constru-
apresentação de 1876.
ído pelo Rei Ludwig II. Além de pa-
Ca’ Vendramin Calergi, em Veneza. Fu-
trono de Wagner, o rei era também
gindo do inverno de Bayreuth, Wag-
um entusiasta construtor de palácios
ner passa seus últimos meses de vida
Construção do teatro de Bayreuth.
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RICHARD WAGNER 1813
Nascimento de Richard Wagner, em 22 de maio,em Leipzig, Alemanha, o mais novo de nove filhos.
1831
Abandonando seu desejo de ser um grande escritor como Goethe ou Shakespeare, Richard Wagner ingressa na Universidade de Leipzig para estudar composição musical.
1839
Perseguido por credores, Wagner e sua esposa Minna fogem de Riga, Rússia, levando o manuscrito inacabado de Rienzi. A viagem terrível pelo Mar do Norte inspirou o compositor a escrever Der Fliegende Holländer (O Holandês Voador/ O Navio Fantasma).
1842
Rejeitado pela cena musical de Paris, Wagner tenta traduzir seus libretos para o francês na tentativa de obter algum reconhecimento. De volta à Alemanha, vê o rio Reno pela primeira vez, e se encanta pela terra natal. No dia 20 de outubro sua ópera Rienzi é finalmente aceita por um teatro em Dresden e encenada pela primeira vez.
1843
Estreia de Der Fliegende Holländer. Dois anos depois, estreia Tannhäuser.
1848
Encantado pelo modo com que os gregos utilizavam os mitos como material para suas peças, Richard Wagner se torna um leitor voraz do folclore alemão, e de obras como Deutsche Mythologie, de Jacob Grimm, os Eddas escandinavos, os épicos germânicos e o poeta medieval Wolfram von Eschenbach (um personagem de sua ópera anterior, Tannhäuser). Em 28 de abril ele termina a obra Lohengrin. No mesmo ano, com ajuda de Franz Liszt (seu futuro sogro), Wagner foge para a Suíça, sendo perseguido por sua participação nas revoltas populares que tomaram a Alemanha e a Áustria.
1850
Fugido da Alemanha, Wagner não vê a estreia e Lohengrin, conduzida por Liszt (1811-1886).
1860
Aos quinze anos, o príncipe Ludwig II da Baviera (1845-1886) assiste a uma ópera pela primeira vez: é Lohengrin, que leva
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o príncipe às lágrimas. Ludwig se tornará o principal mecenas de Wagner, contribuindo inclusive para a construção do teatro em Bayreuth. Antes que Ludwig oferecesse ajuda, Wagner recebeu cartas de Dom Pedro II (1825-1891), fã ardoroso do compositor, convidando-o para trabalhar no Rio de Janeiro. Declinando do convite, Wagner argumentou que os cantores italianos, que por aqui se apresentavam, não estariam prontos para interpretar os dramas musicais que ele queria compor. 1865
Estreia de Tristão e Isolda, obra descrita por Strauss (18641949) como “o fim do romantismo” e um marco musical. O regente da estreia, Hans von Bülow, era casado com Cosima (1837-1930), que além de se tornar amante e, futuramente, a segunda esposa de Wagner, era filha de Franz Liszt.
1869
Nasce Sigfried Wagner, filho do compositor e Cosima. No mesmo ano, Ludwig da Baviera insiste para assistir a estreia de Das Rheingold (O Ouro do Reno) antes que as outras obras do ciclo fiquem prontas.
1876
Wagner constrói em Bayreuth um teatro especialmente para suas óperas, com ajuda financeira de Ludwig II. O teatro é inaugurado com a apresentação integral da tetralogia do Anel do Nibelungo. Na platéia estavam o Rei Ludwig II da Baviera, o Imperador Dom Pedro II, Friedrich Nietzsche e Piotr Illitch Tchaikovsky. O mecanismo para o pescoço do dragão se mover não chegou para a estreia de Siegfried, por ter sido enviado para Beirute ao invés de Bayreuth.
1882
Em Bayreuth estreia da ópera Parsifal. Considerando a ópera sagrada, Wagner exigiu que ela só fosse apresentada em Bayreuth, e que o regente, Herman Levi (1839-1900), se convertesse ao cristianismo. Este se recusou, e Wagner teve de aceitar: além de conhecer profundamente a música, Levi era o melhor regente da Alemanha na época.
1883
Wagner falece em 13 de fevereiro em Veneza.
GRAVAÇÕES DE REFERÊNCIA CD Orquestra Filarmônica de Viena Sir Georg Solti – Regente George London (Wotan), Gustav Neidlinger (Alberich), Set Svanholm (Loge), Kirsten Flagstad (Fricka), Claire Watson (Freia), Waldemar Kmentt (Froh), Eberhard Wächter (Donner), Paul Kuen (Mime), Jean Madeira (Erda), Walter Kreppel (Fasolt), Kurt Böhme (Fafner), Oda Balsborg (Woglinde), Hetty Plümacher (Wellgunde), Ira Malaniuk (Flosshilde) Decca Orquestra do Festival de Bayreuth Hans Hotter (Wotan), Gustav Neidlinger (Alberich), Rudolf Lustig (Loge), Georgine von Milinkovic (Fricka), Hertha Wilfert (Freia), Josef Traxel (Froh), Toni Blankenheim (Donner), Paul Kuen (Mime), Maria von Ilosvay (Erda), Ludwig Weber (Fasolt), Josef Greindl (Fafner), Jutta Vulpius (Woglinde), Elisabeth Schärtel (Wellgunde), Maria Graf (Flosshilde) Testament Orquestra do Teatro Mariinsky Valery Gergiev – Regente René Pape (Wotan), Nikolai Putilin (Alberich), Stephan Rügamer (Loge), Ekaterina Gubanova (Fricka), Viktoria Yastrebova (Freia), Zlata Bulycheva (Erda), Andrei Popov (Mime), Evgeny Nikitin (Fafner), Mikhail Petrenko (Fafner), Sergei Semishkur (Froh), Alexei Markov (Donner), Zhanna Dombrovskaya (Woglinde), Irina Vasilieva (Wellgunde), Ekaterina Sergeeva (Flosshilde) Mariinsky
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DVD Orquestra de la Comunitat Valenciana Zubin Mehta – Regente La Fura del Baus – Direção Cênica Juha Uusitalo (Wotan), Franz-Josef Kapellmann (Alberich), John Daszak (Loge), Gerhard Siegel (Mime), Matti Salminen (Fasolt), Stephen Milling (Fafner) Sabina von Walter (Freia), Anna Larsson (Fricka), Christa Mayer (Erda), Silvia Vázquez (Woglinde), Ann-Katrin Naidu (Wellgunde), Hannah Esther Minutillo (Flosshilde), German Villar (Froh), Ilya Bannik (Donner) Unitel Classica Orquestra do Metropolitan Opera de Nova York James Levine – Regente Otto Schenk – Direção Cênica James Morris (Wotan), Siegfried Jerusalem (Loge), Ekkehard Wlaschiha (Alberich), Christa Ludwig (Fricka), Mari Anne Häggander (Freia), Birgitta Svendén (Erda), Heinz Zednik (Mime), Matti Salminen (Fafner), Jan-Hendrik Rootering (Fasolt), Mark Baker (Froh), Alan Held (Donner), Kaaren Erickson (Woglinde), Diane Kesling (Wellgunde), Meredith Parsons (Flosshilde) Deutsche Grammophon
Libreto
Libretto
PRELÚDIO E PRIMEIRA CENA
VORSPIEL UND ERSTE SZENE
No fundo do Reno.
Auf dem Grunde des Rheines.
[Amanhecer esverdeado, mais claro em cima, mais escuro
[Grünliche Dämmerung, nach oben zu lichter, nach unten zu
embaixo. A parte de cima está cheia de água, ondulando
dunkler. Die Höhe ist von wogendem Gewässer erfüllt, das
incessantemente da direita para a esquerda. Nas
rastlos von rechts nach links zu strömt. Nach der Tiefe zu lösen
profundezas, a torrente se dissolve em uma neblina úmida
die Fluten sich in einen immer feineren feuchten Nebel auf, so
cada vez mais fina, de modo que o espaço do tamanho de
dass der Raum in Manneshöhe vom Boden auf gänzlich frei
um homem parece estar livre da água, como se fosse uma
vom Wasser zu sein scheint, welches wie in Wolkenzügen über
nuvem a passar sobre o fundo escuro. De todos os lados,
den nächtlichen Grund dahinfliesst. Überall ragen schroffe
recifes íngremes erguem-se das profundezas, marcando os
Felsenriffe aus der Tiefe auf und grenzen den Raum der Bühne
limites do palco; o chão inteiro é um emaranhado selvagem
ab; der ganze Boden ist in ein wildes Zackengewirr zerspalten,
de pontas, sem ficar plano em lugar algum, e por toda parte,
so dass er nirgends vollkommen eben ist und nach allen Seiten
na mais espessa escuridão, adivinham-se desfiladeiros ainda
hin in dichtester Finsternis tiefere Schlüfte annehmen lässt.
mais profundos.
Um ein Riff in der Mitte der Bühne, welches mit seiner
Em um recife no meio do palco, cuja ponta delgada se
schlanken Spitze bis in die dichtere, heller dämmernde
projeta na superfície clara e densa das ondas, uma das filhas
Wasserflut hinauftragt, kreist in anmutig schwimmender
do Reno nada graciosamente, em círculos]
Bewegung eine der Rheintöchter]
WOGLINDE
WOGLINDE
Weia! Waga!
Weia! Waga!
Vagueie, minha onda,
Woge, du Welle,
ondeie até o berço!
walle zur Wiege!
Wagala weia!
Wagala weia!
Wallala, weiala weia!
Wallala, weiala weia!
VOZ DE WELLGUNDE
WELLGUNDE STIMME
[Do alto]
[Von oben]
Woglinde, você está vigiando sozinha?
Woglinde, wachst du allein?
WOGLINDE
WOGLINDE
Com Wellgunde, seremos duas.
Mit Wellgunde wär' ich zu zwei.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
[Mergulha na direção do recife]
[Taucht aus der Flut zum Riff herab]
Vejamos como você vigia!
Lass sehn, wie du wachst!
[Tenta agarrar Woglinde]
[Sie sucht Woglinde zu erhaschen]
WOGLINDE
WOGLINDE
[Escapa dela, nadando]
[Entweicht ihr schwimmend]
Longe de você!
Sicher vor dir!
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[Provocam-se e tentam pegar uma a outra, brincando]
[Sie necken sich und suchen sich spielend zu fangen]
VOZ DE FLOSSHILDE
FLOSSHILDE STIMME
[De cima]
[Von oben]
Heiaha weia!
Heiaha weia!
Irmãs selvagens!
Wildes Geschwister!
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Flosshilde, nade!
Flosshilde, schwimm'!
Woglinde está escapando:
Woglinde flieht:
ajude-me a capturar a fugitiva!
hilf mir die Fliessende fangen!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Mergulha e se enfia entre as brincalhonas]
[Taucht herab und fährt zwischen die Spielenden]
Vocês estão guardando mal
Des Goldes Schlaf
o sono do ouro!
hütet ihr schlecht!
Vigiem melhor
Besser bewacht
o leito do adormecido,
des schlummernden Bett,
ou vão pagar pelas brincadeiras!
sonst büsst ihr beide das Spiel!
[Com gritos alegres, ambas se distanciam.
[Mit muntrem Gekreisch fahren die beiden auseinander.
Flosshilde tenta pegar uma, depois a outra; elas escapam,
Flosshilde sucht bald die eine, bald die andere zu
e começam uma perseguição conjunta a Flosshilde.
erhaschen; sie entschlüpfen ihr und vereinigen sich endlich,
Rápidas como peixes, elas vão de recife em recife, rindo e
um gemeinschaftlich auf Flosshilde Jagd zu machen. So
gracejando.
schnellen sie gleich Fischen von Riff zu Riff, scherzend und
Enquanto isso, do abismo escuro, surge Alberich, escalando
lachend. Aus einer finstern Schluft ist währenddem Alberich,
um recife. Rodeado pela escuridão, ele se detém,
an einem Riffe klimmend, dem Abgrunde entstiegen. Er hält,
observando a brincadeira das filhas do Reno com crescente
noch vom Dunkel umgeben, an und schaut dem Spiele der
satisfação]
Rheintöchter mit steigendem Wohlgefallen zu]
ALBERICH
ALBERICH
Hehe! Oh ninfas!
Hehe! Ihr Nicker!
Como vocês são graciosas,
Wie seid ihr niedlich,
criaturas invejáveis!
neidliches Volk!
Vindo da noite do Nibelheim,
Aus Nibelheims Nacht
eu adoraria chegar perto,
naht' ich mich gern,
se fosse bem recebido!
neigtet ihr euch zu mir!
[As moças param de brincar ao ouvir a
[Die Mädchen halten, sobald sie Alberichs Stimme hören, mit
voz de Alberich]
dem Spiele ein]
WOGLINDE
WOGLINDE
Ei! Quem está aí?
Hei! Wer ist dort?
WELLGUNDE
WELLGUNDE
É sombrio e nos chama!
Es dämmert und ruft!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Olhem quem está nos espiando!
Lugt, wer uns belauscht!
[mergulham mais fundo e reconhecem o nibelungo]
[Sie tauchen tiefer herab und erkennen den Nibelung]
WOGLINDE E WELLGUNDE
WOGLINDE UND WELLGUNDE
Argh! O feioso!
Pfui! Der Garstige!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Subindo rapidamente]
[Schnell auftauchend]
Vigiem o ouro!
Hütet das Gold!
O pai nos advertiu
Vater warnte
a respeito desse inimigo.
vor solchem Feind.
[As outras a seguem, e as três rapidamente se
[Die beiden andern folgen ihr, und alle drei
reúnem no recife central]
versammeln sich schnell um das mittlere Riff]
ALBERICH
ALBERICH
Vocês, aí em cima!
Ihr, da oben!
WOGLINDE, WELLGUNDE, FLOSSHILDE
WOGLINDE, WELLGUNDE, FLOSSHILDE
O que quer você, daí de baixo?
Was willst du dort unten?
ALBERICH
ALBERICH
Eu atrapalho sua brincadeira
Stör' ich eu'r Spiel,
se ficar aqui, pasmado?
wenn staunend ich still hier steh'?
Se vocês vierem para baixo
Tauchtet ihr nieder,
o nibelungo terá prazer
mit euch tollte
em participar da diversão!
und neckte der Niblung sich gern!
WOGLINDE
WOGLINDE
Ele quer brincar conosco?
Mit uns will er spielen?
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Ele está de gozação?
Ist ihm das Spott?
ALBERICH
ALBERICH
Vocês resplandecem cintilantes e belas
Wie scheint im Schimmer
em meio à luz!
ihr hell und schön!
Com que prazer eu tomaria
Wie gern umschlänge
as esbeltas em meus braços,
der Schlanken eine mein Arm,
se elas viessem para cá!
schlüpfte hold sie herab!
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FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Agora dou risada do meu temor:
Nun lach' ich der Furcht:
o inimigo está apaixonado!
der Feind ist verliebt!
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Besta lasciva!
Der lüsterne Kauz!
WOGLINDE
WOGLINDE
Vai saber quem somos!
Lasst ihn uns kennen!
[Chega à ponta do recife em cuja
[Sie lässt sich auf die Spitze des Riffes hinab,
base Alberich está]
an dessen Fusse Alberich angelangt ist]
ALBERICH
ALBERICH
Ela está vindo.
Die neigt sich herab.
WOGLINDE
WOGLINDE
Chegue mais perto!
Nun nahe dich mir!
ALBERICH
ALBERICH
[Mesmo tendo que repetir várias vezes a tentativa, sobe à
[Klettert mit koboldartiger Behendigkeit, doch wiederholt
ponta do recife com agilidade de gnomo]
aufgehalten, der Spitze des Riffes zu]
Rocha nojenta,
Garstig glatter
lisa, fugidia!
glitschiger Glimmer!
Estou escorregando!
Wie gleit' ich aus!
Nem com as mãos, nem com os pés
Mit Händen und Füssen
consigo segurar
nicht fasse noch halt' ich
essa pedra lambida!
das schlecke Geschlüpfer!
[Bufa]
[Er prustet]
Meu nariz
Feuchtes Nass
se enche de líquido:
füllt mir die Nase:
Maldito espirro!
verfluchtes Niesen!
[Chega perto de Woglinde]
[Er ist in Woglindes Nähe angelangt]
WOGLINDE
WOGLINDE
[Rindo]
[Lachend]
Eis que vem bufando
Prustend naht
meu glorioso pretendente!
meines Freiers Pracht!
ALBERICH
ALBERICH
Seja minha amada,
Mein Friedel sei,
menina encantadora!
du fräuliches Kind!
[Tenta agarrá-la]
[Er sucht sie zu umfassen]
WOGLINDE
WOGLINDE
[Escapando-lhe]
[Sich ihm entwindend]
Se quer me cortejar,
Willst du mich frei'n,
corteje-me aqui!
so freie mich hier!
[Mergulha na direção de outro recife; as irmãs riem]
[Sie taucht zu einem andern Riff auf, die Schwestern lachen]
ALBERICH
ALBERICH
[Coçando a cabeça]
[Kratzt sich den Kopf]
Ai de mim! Você fugiu?
O weh! Du entweichst?
Volte!
Komm' doch wieder!
O que você faz tão fácil
Schwer ward mir,
é difícil para mim.
was so leicht du erschwingst.
WOGLINDE
WOGLINDE
[Nada para um terceiro recife, ainda mais fundo]
[Schwingt sich auf ein drittes Riff in grösserer Tiefe]
Desça até o chão,
Steig' nur zu Grund,
daí você me pega!
da greifst du mich sicher!
ALBERICH
ALBERICH
[Apressando-se, para baixo]
[Hastig hinab kletternd]
Lá embaixo é muito melhor!
Wohl besser da unten!
WOGLINDE
WOGLINDE
[Subindo rapidamente em um outro
[Schnellt sich rasch aufwärts nach
recife, ao lado]
einem höheren Riff zur Seite]
Agora aqui em cima!
Nun aber nach oben!
[Wellgunde e Flosshilde riem]
[Wellgunde und Flosshilde lachen]
ALBERICH
ALBERICH
Como faço para pegar
Wie fang' ich im Sprung
esse peixe esquivo no pulo?
den spröden Fisch?
Espere, sua falsa!
Warte, du Falsche!
[Tenta subir, precipitadamente, na direção dela]
[Er will ihr eilig nachklettern]
WELLGUNDE
WELLGUNDE
[Que foi parar em um recife profundo, do outro lado]
[Hat sich auf ein tieferes Riff auf der andern Seite gesenkt]
Olá, charmoso!
Heia, du Holder!
Não está me escutando?
Hörst du mich nicht?
ALBERICH
ALBERICH
[Voltando-se]
[Sich umwendend]
Está me chamando?
Rufst du nach mir?
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WELLGUNDE
WELLGUNDE
Estou lhe dando um conselho:
Ich rate dir wohl:
evite Woglinde,
zu mir wende dich,
e venha atrás de mim!
Woglinde meide!
ALBERICH
ALBERICH
[Percorre apressadamente o leito do rio, na direção de
[Indem er hastig über den Bodengrund zu Wellgunde hin
Wellgunde]
klettert]
Você é muito mais bonita
Viel schöner bist du
do que aquela medrosa,
als jene Scheue,
que é muito menos brilhante
die minder gleissend
e escorregadia demais.
und gar zu glatt.
Venha mais para baixo
Nur tiefer tauche,
se quiser me agradar.
willst du mir taugen.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
[Chegando um pouco mais para baixo]
[Noch etwas mehr sich herabsenkend]
Já estou perto?
Bin nun ich dir nah?
ALBERICH
ALBERICH
Ainda não o suficiente!
Noch nicht genug!
Lance em volta de mim
Die schlanken Arme
esses braços delgados,
schlinge um mich,
para que eu toque
dass ich den Nacken
o seu pescoço,
dir neckend betaste,
e me estreite contra o seu peito arquejante
mit schmeichelnder Brunst
com lisonjeiro ardor.
an die schwellende Brust mich dir schmiege.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Já que você está apaixonado
Bist du verliebt
e ávido por amor,
und lüstern nach Minne,
vejamos, meu belo,
lass sehn, du Schöner,
como é a sua aparência.
wie bist du zu schau'n? -
Argh! Seu janota
Pfui! Du haariger,
peludo e corcunda!
höckriger Geck!
Anão escuro,
Schwarzes, schwieliges
caloso, sulfuroso!
Schwefelgezwerg!
Procure uma amada
Such' dir ein Friedel,
que você agrade!
dem du gefällst!
ALBERICH
ALBERICH
[Tenta tomá-la à força]
[Sucht sie mit Gewalt zu halten]
Embora eu não lhe agrade,
Gefall' ich dir nicht,
vou pegá-la assim mesmo!
dich fass' ich doch fest!
WELLGUNDE
WELLGUNDE
[Nada rapidamente para o recife central]
[Schnell zum mittleren Riff auftauchend]
Então pegue, ou eu fujo!
Nur fest, sonst fliess' ich dir fort!
[Woglinde e Flosshilde riem]
[Woglinde und Flosshilde lachen]
ALBERICH
ALBERICH
[Xingando Wellgunde, irado]
[Wellgunde erbost nachzankend]
Menina falsa!
Falsches Kind!
Seu peixe frio e cheio de espinhas!
Kalter, grätiger Fisch!
Se você não me acha belo,
Schein' ich nicht schön dir,
formoso e brincalhão,
niedlich und neckisch,
liso e brilhante,
glatt und glau
então vá namorar as enguias,
hei, so buhle mit Aalen,
se tem nojo da minha pele!
ist dir eklig mein Balg!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Por que está ralhando, gnomo?
Was zankst du, Alp?
Já desanimou?
Schon so verzagt?
Você tentou com duas:
Du freitest um zwei:
se fosse atrás da terceira,
frügst du die dritte,
um doce consolo
süssen Trost
ela lhe reservaria!
schüfe die Traute dir!
ALBERICH
ALBERICH
Que suave canção
Holder Sang
Eu ouço aqui!
singt zu mir her!
Que bom que
Wie gut, dass ihr
elas são mais do que uma!
eine nicht seid!
De tantas, uma eu tenho que agradar!
Von vielen gefall' ich wohl einer:
Se houvesse uma só, ninguém me escolheria!
bei einer kieste mich keine! -
Para eu acreditar em você,
Soll ich dir glauben,
desça até aqui!
so gleite herab!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Mergulha na direção de Alberich]
[Taucht zu Alberich herab]
Irmãs, como vocês são tolas
Wie törig seid ihr,
e estúpidas,
dumme Schwestern,
por não o acharem belo!
dünkt euch dieser nicht schön!
ALBERICH
ALBERICH
[Apressando-se na direção dela]
[Hastig ihr nahend]
Para mim elas são
Für dumm und hässlich
estúpidas e feias
darf ich sie halten,
desde que vi você, a mais bela.
seit ich dich Holdeste seh'.
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FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Bajulando-o]
[Schmeichelnd]
Oh, continue cantando
O singe fort
de modo tão doce e belo,
so süss und fein,
sublime sedução dos meus ouvidos!
wie hehr verführt es mein Ohr!
ALBERICH
ALBERICH
[Tocando-a com ternura]
[Zutraulich sie berührend]
Meu coração hesita,
Mir zagt, zuckt
palpita e vacila,
und zehrt sich das Herz,
quando um elogio tão gracioso me sorri.
lacht mir so zierliches Lob.
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Afastando-o suavemente]
[Ihn sanft abwehrend]
Como a sua graça
Wie deine Anmut
alegra meus ouvidos,
mein Aug' erfreut,
e a suavidade do seu sorriso
deines Lächelns Milde
refresca meu espírito!
den Mut mir labt!
[Puxa-o com ternura em sua direção]
[Sie zieht ihn zärtlich an sich]
Homem adorado!
Seligster Mann!
ALBERICH
ALBERICH
Doce garota!
Süsseste Maid!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Se você me quisesse!
Wär'st du mir hold!
ALBERICH
ALBERICH
Que eu a tenha para sempre.
Hielt' ich dich immer.
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Estreitando-o nos braços]
[Ihn ganz in ihren Armen haltend]
Seu olhar penetrante,
Deinen stechenden Blick,
sua barba desgrenhada,
deinen struppigen Bart,
que eu os veja e agarre para sempre!
o säh ich ihn, fasst' ich ihn stets!
Que os cachos robustos
Deines stachligen Haares
do seu cabelo espetado
strammes Gelock,
sempre esvoacem em torno de Flosshilde!
umflöss' es Flosshilde ewig!
Que a sua forma de sapo,
Deine Krötengestalt,
que a sua voz de gralha,
deiner Stimme Gekrächz,
sejam as únicas coisas que eu veja,
o dürft' ich staunend und stumm
espantada e sem fala!
sie nur hören und sehn!
[Woglinde e Wellgunde mergulham
[Woglinde und Wellgunde sind nahe herabgetaucht
e riem]
und lachen]
ALBERICH
ALBERICH
[Sobressaltado e aterrorizado, nos braços de Flosshilde]
[Erschreckt aus Flosshildes Armen auffahrend]
Suas malvadas, estão rindo de mim?
Lacht ihr Bösen mich aus?
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
[Afastando-se subitamente]
[Sich plotzlich ihm entreissend]
Que fim chocho para a canção!
Wie billig am Ende vom Lied!
[Sobe rapidamente com as irmãs]
[Sie laucht mit den Schwestern schnell auf]
[Woglinde e Wellgunde riem]
[Woglinde und Wellgunde lachen]
ALBERICH
ALBERICH
[Com voz gritada]
[Mit kreischender Stimme]
Ai de mim! Ai de mim!
Wehe! Ach wehe!
Oh dor! Oh dor!
O Schmerz! O Schmerz!
A terceira, tão querida,
Die dritte, so traut,
também me traiu!
betrog sie mich auch?
Ralé ignominiosa,
Ihr schmählich schlaues,
maliciosa, traidora e malvada!
lüderlich schlechtes Gelichter!
A traição é o seu único alimento,
Nährt ihr nur Trug,
suas ninfas desleais?
ihr treuloses Nickergezücht?
AS TRÊS FILHAS DO RENO
DIE DREI RHEINTÖCHTER
Wallala! Lalaleia! Leialalei!
Wallala! Lalaleia! Leialalei!
Heia! Heia! Haha!
Heia! Heia! Haha!
Tenha vergonha, seu gnomo!
Schäme dich, Albe!
Não fique xingando aí embaixo!
Schilt nicht dort unten!
Escute o que lhe dizemos!
Höre, was wir dich heissen!
Seu medroso, por que você
Warum, du Banger,
não pegou a garota
bandest du nicht
que amava?
das Mädchen, das du minnst?
Somos fieis
Treu sind wir
e não traímos
und ohne Trug
o pretendente que nos agarra.
dem Freier, der uns fängt.
Basta pegar
Greife nur zu,
e não ter medo!
und grause dich nicht!
Não é fácil fugir na água!
In der Flut entflieh'n wir nicht leicht!
Wallala! Lalaleia! Leialalei!
Wallala! Lalaleia! Leialalei!
Heia! Heia! Hahei!
Heia! Heia! Hahei!
[Nadam separadas, para lá e para cá, ora mais para o fundo,
[Sie schwimmen auseinander, hierher und dorthin, bald tiefer,
ora mais para a superfície, provocando Alberich a sair em
bald höher, um Alberich zur Jagd auf sie
seu encalço]
zu reizen]
ALBERICH
ALBERICH
Que fogo incandescente
Wie in den Gliedern
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arde e queima
brünstige Glut
em meus membros!
mir brennt und glüht!
Raiva e paixão,
Wut und Minne,
selvagem e poderosas,
wild und mächtig,
agitam-me o espírito!
wühlt mir den Mut auf!
Podem rir e mentir,
Wie ihr auch lacht und lügt,
minha luxúria deseja vocês,
lüstern lechz' ich nach euch,
e uma há de sucumbir!
und eine muss mir erliegen!
[Sai no encalço delas com esforço desesperado; com
[Er macht sich mit verzweifelter Anstrengung zur Jagd auf; mit
terrível agilidade, escala recife depois de recife, pula de
grauenhafter Behendigkeit erklimmt er Riff für Riff, springt von
um para outro, tenta pegar ora essa, ora aquela garota, que
einem zum andern, sucht bald dieses, bald jenes der Mädchen
escapa com gritos de alegria. Ele tropeça e cai no abismo,
zu erhaschen, die mit lustigem Gekreisch stets ihm entweichen.
voltando a subir apressadamente para uma nova caçada.
Er strauchelt, stürzt in den Abgrund hinab, klettert den hastig
Elas descem um pouco. Ele quase as alcança, mas volta a
wieder in die Höhe zu neuer Jagd. Sie neigen sich etwas herab.
cair e faz uma nova tentativa. Por fim, ele para, espumando
Fast erreicht er sie, stürzt abermals zurück und versucht es
de raiva e sem fôlego, agitando o punho cerrado na direção
nochmals. Er hält endlich, vor Wut schäumend, atemlos an und
das garotas]
streckt die geballte Faust nach den Mädchen hinauf]
ALBERICH
ALBERICH
[Quase fora de si]
[Kaum seiner mächtig]
Se eu pusesse essa mão em cima de uma!
Fing' eine diese Faust!...
[Permanece em ira muda, olhando para cima,
[Er verbleibt in sprachloser Wut, den Blick aufwärts gerichtet,
subitamente atraído e fascinado pelo seguinte espetáculo.
wo er dann plötzlich von dem folgenden Schauspiele
Do alto, por entre as ondas, penetra uma claridade cada vez
angezogen und gefesselt wird. Durch die Flut ist von oben
mais forte; ela se transforma, no lugar mais alto do recife
her ein immer lichterer Schein gedrungen, der sich an
central, em um cintilante raio de ouro;
einer hohen Stelle des mittelsten Riffes allmählich zu einem
a partir dali, uma dourada luz mágica
blendend hell strahlenden Goldglanze entzündet: ein
se irradia pelas águas]
zauberisch goldenes Licht bricht von hier durch das Wasser]
WOGLINDE
WOGLINDE
Olhem, irmãs!
Lugt, Schwestern!
A alvorada sorri lá no fundo.
Die Weckerin lacht in den Grund.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Por entre as águas verdes
Durch den grünen Schwall
ela saúda o deleite adormecido.
den wonnigen Schläfer sie grüsst.
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Agora beija os seus olhos,
Jetzt küsst sie sein Auge,
para que os abra.
dass er es öffne.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Vejam, ele sorri
Schaut, er lächelt
à luz brilhante.
in lichtem Schein.
WOGLINDE
WOGLINDE
O astro radiante passa
Durch die Fluten hin
por entre as ondas!
fliesst sein strahlender Stern!
AS TRÊS FILHAS DO RENO
DIE DREI RHEINTÖCHTER
[Nadando graciosamente em volta do recife]
[Zusammen das Riff anmutig umschwimmend]
Heiajaheia!
Heiajaheia!
Heiajaheia!
Heiajaheia!
Wallalalalala leiajahei!
Wallalalalala leiajahei!
Ouro do Reno!
Rheingold!
Ouro do Reno!
Rheingold!
Alegria cintilante,
Leuchtende Lust,
que sorri tão clara e sublime!
wie lachst du so hell und hehr!
Glória incandescente,
Glühender Glanz
emanação santa das vagas!
entgleisset dir weihlich im Wag!
Heiajahei!
Heiajahei!
Heiajaheia!
Heiajaheia!
Acorde, amigo,
Wache, Freund,
Acorde feliz!
Wache froh!
Vamos lhe oferecer
Wonnige Spiele
jogos deliciosos:
spenden wir dir:
o rio cintila,
flimmert der Fluss,
as ondas flamejam,
flammet die Flut,
quando mergulhamos,
umfliessen wir tauchend,
cantando e dançando,
tanzend und singend
em seu leito, em maravilhoso banho!
im seligem Bade dein Bett!
Ouro do Reno!
Rheingold!
Ouro do Reno!
Rheingold!
Heiajaheia!
Heiajaheia!
Wallalalalala heiajahei!
Wallalalalala heiajahei!
[Com alegria cada vez mais desenfreada, as moças dançam
[Mit immer ausgelassenerer Lust umschwimmen die
em torno do recife. O rio inteiro cintila com o brilho
Mädchen das Riff. Die ganze Flut flimmert in hellem
incandescente do ouro]
Goldglanze]
ALBERICH
ALBERICH
[Cujos olhos, poderosamente atraídos pelo
[Dessen Augen, mächting von dem Glanze
brilho, fixam-se no ouro]
angezogen, starr an dem Golde haften]
Seres esquivos, o que é isso
Was ist's, ihr Glatten,
que está brilhando e cintilando tanto?
das dort so glänzt und gleisst?
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 36
AS TRÊS GAROTAS
DIE DREI MÄDCHEN
Seu tosco, de onde você vem
Wo bist du Rauher denn heim,
que nunca ouviu falar do ouro do Reno?
dass vom Rheingold nie du gehört?
WELLGUNDE
WELLGUNDE
O gnomo não sabe
Nichts weiss der Alp
do olho dourado,
von des Goldes Auge,
que vela e dorme alternadamente?
das wechselnd wacht und schläft?
WOGLINDE
WOGLINDE
Da estrela sublime
Von der Wassertiefe
das profundezas das águas,
wonnigem Stern,
que brilha, gloriosa, por entre as vagas?
der hehr die Wogen durchhellt?
AS TRÊS GAROTAS
DIE DREI MÄDCHEN
Veja com que alegria
Sieh, wie selig
deslizamos por seu esplendor!
im Glanze wir gleiten!
Seu tosco,
Willst du Banger
se quiser se banhar nele,
in ihm dich baden,
nade e se regale conosco!
so schwimm' und schwelge mit uns!
Wallalalala leialalai!
Wallalalala leialalai!
Wallalalala leiajahei!
Wallalalala leiajahei!
ALBERICH
ALBERICH
O ouro só serve para suas
Eurem Taucherspiele
brincadeiras de mergulho?
nur taugte das Gold?
Para mim, é pouco!
Mir gält' es dann wenig!
WOGLINDE
WOGLINDE
Ele não caluniaria
Des Goldes Schmuck
a beleza do ouro
schmähte er nicht,
se soubesse de suas maravilhas!
wüsste er all seine Wunder!
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Ganharia para si
Der Welt Erbe
a herança do mundo
gewänne zu eigen,
aquele que, a partir do ouro do Reno,
wer aus dem Rheingold
forjasse o anel,
schüfe den Ring,
que lhe daria poder ilimitado.
der masslose Macht ihm verlieh'.
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Foi o pai quem disse,
Der Vater sagt' es,
e ele nos ordenou
und uns befahl er,
que vigiássemos com prudência
klug zu hüten
o tesouro dourado,
den klaren Hort,
para que nenhum falso o roubasse;
dass kein Falscher der Flut ihn entführe:
portanto, calem-se, suas tagarelas!
drum schweigt, ihr schwatzendes Heer!
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Espertíssima irmã,
Du klügste Schwester,
você está realmente nos acusando?
verklagst du uns wohl?
Então você não sabe
Weisst du denn nicht,
quem é o único
wem nur allein
que poderá forjar o ouro?
das Gold zu schmieden vergönnt?
WOGLINDE
WOGLINDE
Apenas quem renunciar
Nur wer der Minne
ao poder do amor,
Macht versagt,
apenas quem se recusar
nur wer der Liebe
aos deleites do amor,
Lust verjagt,
só esse vai conseguir o feitiço necessário
nur der erzielt sich den Zauber,
para moldar um anel a partir do ouro.
zum Reif zu zwingen das Gold.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
De modo que estamos seguras
Wohl sicher sind wir
e sem preocupação;
und sorgenfrei:
pois tudo que vive quer amar,
denn was nur lebt, will lieben,
ninguém vai evitar o amor.
meiden will keiner die Minne.
WOGLINDE
WOGLINDE
Menos ainda esse aí,
Am wenigsten er,
o gnomo lascivo;
der lüsterne Alp;
a avidez de amor
vor Liebesgier
é capaz de matá-lo!
möcht' er vergehn!
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Não tenho medo dele,
Nicht fürcht' ich den,
depois que eu o encontrei;
wie ich ihn erfand:
a chama de seu amor
seiner Minne Brunst
quase me queimou.
brannte fast mich.
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Um incêndio de enxofre
Ein Schwefelbrand
na torrente das vagas:
in der Wogen Schwall:
ele assobiava bem alto
vor Zorn der Liebe
colérico de amor!
zischt er laut!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 38
AS TRÊS DONZELAS
DIE DREI MÄDCHEN
Wallala! Wallaleialala!
Wallala! Wallaleialala!
Gnomo amoroso!
Lieblichster Albe!
Não vai rir também?
Lachst du nicht auch?
O brilho do ouro faz
In des Goldes Scheine
você resplandecer belo!
wie leuchtest du schön!
Oh venha, querido, ria conosco!
O komm', Lieblicher, lache mit uns!
Heiajaheia! heiajaheia!
Heiajaheia! heiajaheia!
Wallalalala leiajahei!
Wallalalala leiajahei!
[Nadam, a rir, pelo esplendor das águas]
[Sie schwimmen lachend im Glanze auf und ab]
ALBERICH
ALBERICH
[Com os olhos fixos no ouro, depois de ter ouvido
[Die Augen starr auf das Gold gerichtet, hat dem Geplauder
atentamente a tagarelice das irmãs]
der Schwestern wohl gelauscht]
Graças a ele vou ganhar
Der Welt Erbe
a herança do mundo?
gewänn' ich zu eigen durch dich?
Já que não consegui obter amor,
Erzwäng' ich nicht Liebe,
conseguirei satisfazer, com astúcia, minha luxúria?
doch listig erzwäng' ich mir Lust?
[Terrivelmente alto]
[Furchtbar laut]
Podem tirar sarro!
Spottet nur zu! -
O nibelungo está chegando perto do seu brinquedo!
Der Niblung naht eurem Spiel!
[Pula selvagemente no recife central, escalando-o com
[Wütend springt er nach dem mittleren Riff hinüber und
horrenda pressa.
klettert in grausiger Hast nach dessen Spitze hinauf. - Die
As garotas se dispersam com gritos agudos,
Mädchen fahren kreischend auseinander und tauchen nach
subindo em diversas direções]
verschiedenen Seiten hinauf]
AS TRÊS GAROTAS
DIE DREI MÄDCHEN
Heia! Heia! Heia jahei!
Heia! Heia! Heia jahei!
Salve-se quem puder!
Rettet euch!
O gnomo enlouqueceu:
Es raset der Alp:
a água borbulha
in den Wassern sprüht's,
por onde ele passa:
wohin er springt:
o amor deixou-o doido!
die Minne macht ihn verrückt!
[Riem, nos excessos de uma alegria ensandecida]
[Sie lachen im tollsten Übermut]
ALBERICH
ALBERICH
[Chegando à ponta do recife com um último salto]
[Gelangt mit einem letzten Satze zur Spitze]
Vocês ainda não estão com medo?
Bangt euch noch nicht?
Então fique namorando nas trevas,
So buhlt nun im Finstern,
ralé molhada!
feuchtes Gezücht!
[Estende a mão na direção do Ouro]
[Er streckt die Hand nach dem Gold aus]
Vou apagar a sua luz,
Das Licht lösch' ich euch aus,
tirar o ouro do recife,
entreisse dem Riff das Gold,
forjar o anel da vingança;
schmiede den rächende Ring;
ouçam-me, águas:
denn hör' es die Flut:
estou amaldiçoando o amor!
so verfluch' ich die Liebe!
[Com força terrível, arranca o ouro do recife, precipitando-se
[Er reisst mit furchtbarer Gewalt das Gold aus dem Riffe und
com ele nas profundezas, onde desaparece rapidamente.
stürzt damit hastig in die Tiefe, wo er schnell verschwindet.
Faz-se subitamente uma noite espessa. As garotas
Dichte Nacht bricht plötzlich überall herein. Die Mädchen
mergulham atrás do ladrão]
tauchen dem Räuber in die Tiefe nach]
FLOSSHILDE
FLOSSHILDE
Pega ladrão!
Haltet den Räuber!
WELLGUNDE
WELLGUNDE
Salvem o ouro!
Rettet das Gold!
WOGLINDE E WELLGUNDE
WOGLINDE UND WELLGUNDE
Socorro! Socorro!
Hülfe! Hülfe!
AS TRÊS DONZELAS
DIE DREI MÄDCHEN
Ai de nós! Ai de nós!
Weh'! Weh'!
[As águas se precipitam com elas nas profundezas. Do
[Die Flut fällt mit ihnen nach der Tiefe hinab. Aus
mais fundo do abismo, ouve-se a gargalhada zombeteira
dem untersten Grunde hört man Alberichs gellendes
de Alberich. Os recifes desaparecem na escuridão espessa;
Hohngelächter. In dichtester Finsternis verschwinden die
o palco inteiro, de cima até embaixo, é preenchido por
Riffe; die ganze Bühne ist von der Höhe bis zur Tiefe von
ondas negras de água, que parecem continuar a descer
schwarzem Wassergewoge erfüllt, das eine Zeitlang immer
por um tempo. Pouco a pouco, as ondas se transformam
nach abwärts zu sinken scheint. Allmählich sind die Wogen
em nuvens que, conforme uma alvorada cada vez mais
in Gewölk übergegangen, welches, als eine immer heller
clara vem chegando, transfiguram-se em uma bruma ligeira.
dämmernde Beleuchtung dahinter tritt, zu feinerem Nebel
Quando a bruma se dispersa em pequenas nuvens, no
sich abklärt. Als der Nebel in zarten Wolken sich gänzlich in
alto, distingue-se, ao amanhecer, uma região livre, no alto
der Höhe verliert, wird im Tagesgrauen eine freie Gegend auf
de uma montanha. Wotan e, ao seu lado, Fricka, ambos
Bergeshöhen sichtbar. Wotan und neben ihm Fricka, beide
adormecidos, jazem ao lado, no solo florido]
schlafend, liegen zur Seite auf blumigen Grunde]
SEGUNDA CENA
ZWEITE SZENE
Espaço aberto no alto da montanha
Freie Gegend auf Bergeshöhen
[O nascer do dia ilumina, com brilho crescente, um castelo
[Der hervorbrechende Tag beleuchtet mit wachsendem
de ameias cintilantes, no topo de um penhasco, ao fundo;
Glanze eine Burg mit blinkenden Zinnen, die auf einem
entre ele e a frente do palco, imagina-se um vale profundo,
Felsgipfel im Hintergrunde steht, zwischen diesem und dem
cortado pelo Reno. Wotan e Fricka adormecidos. O castelo
Vordergrunde ist ein tiefes Tal, durch das der Rhein fliesst,
se torna totalmente visível. Fricka desperta; seus olhos se
anzunehmen. Wotan und Fricka schlafend. Die Burg ist ganz
deparam com o castelo]
sichtbar geworden. Fricka erwacht; ihr Auge fällt auf die Burg]
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 40
FRICKA
FRICKA
[Espantado]
[Erschrocken]
Wotan, meu esposo, acorde!
Wotan, Gemahl, erwache!
WOTAN
WOTAN
[Sonhando]
[Forträumend]
A sublime sala das delícias
Der Wonne seligen Saal
tem portões e portas para me guardar;
bewachen mir Tür und Tor:
A honra humana,
Mannes Ehre,
o poder eterno,
ewige Macht,
alçam-se à glória infinita!
ragen zu endlosem Ruhm!
FRICKA
FRICKA
[Sacode-o]
[Rüttelt ihn]
Vamos, saia dos sonhos
Auf, aus der Träume
e das ilusões prazerosas!
wonnigem Trug!
Acorde, homem, e reflita!
Erwache, Mann, und erwäge!
WOTAN
WOTAN
[Acorda e se ergue um pouco;
[Erwacht und erhebt sich ein wenig;
seu olhar é imediatamente atraído pela
sein Auge wird so gleich vom Anblick
visão do castelo]
der Burg gefesselt]
A obra eterna está terminada!
Vollendet das ewige Werk!
No topo da montanha
Auf Berges Gipfel
o castelo dos deuses;
die Götterburg;
o imponente edifício
prächtig prahlt
ergue-se majestoso!
der prangende Bau!
Como eu o vi em sonho,
Wie im Traum ich ihn trug,
como era meu desejo,
wie mein Wille ihn wies,
forte e belo
stark und schön
ele se mostra à vista;
steht er zur Schau;
magnífico, soberbo edifício!
hehrer, herrlicher Bau!
FRICKA
FRICKA
Só lhe causa deleite
Nur Wonne schafft dir,
aquilo que me amedronta?
was mich erschreckt?
Você está feliz com o castelo,
Dich freut die Burg,
eu temo por Freia!
mir bangt es um Freia!
Temerário, vou lhe recordar
Achtloser, lass mich erinnern
do pagamento estabelecido!
des ausbedungenen Lohn's!
O castelo está pronto,
Die Burg ist fertig,
é hora de pagar:
verfallen das Pfand:
você se esqueceu da sua promessa?
vergassest du, was du vergabst?
WOTAN
WOTAN
Sei muito bem o que estipularam
Wohl dünkt mich's, was sie bedangen,
os que construíram o castelo para mim;
die dort die Burg mir gebaut;
por contrato eu domei
durch Vertrag zähmt' ich
aquela raça altiva,
ihr trotzig Gezücht,
para que edificassem para mim
dass sie die hehre
esse prédio magnífico;
Halle mir schüfen;
ei-lo aí, graças à sua força:
die steht nun, dank den Starken: -
quanto ao preço, não se preocupe.
um den Sold sorge dich nicht.
FRICKA
FRICKA
Seu frívolo risonho e criminoso!
O lachend frevelnder Leichtsinn!
Otimista desalmado!
Liebelosester Frohmut!
Se eu sobesse do seu contrato,
Wusst' ich um euren Vertrag,
teria evitado a fraude;
dem Truge hätt' ich gewehrt;
porém, vocês, homens,
doch mutig entferntet
afastam as mulheres deliberadamente,
ihr Männer die Frauen,
para tratar sozinhos com os gigantes,
um taub und ruhig vor uns,
tranquilos e surdos ao que dizemos:
allein mit den Riesen zu tagen:
Daí você não teve vergonha
so ohne Scham
de presentear os insolentes
verschenktet ihr Frechen
com Freia, minha bela irmã,
Freia, mein holdes Geschwister,
em alegre falcatrua!
froh des Schächergewerbs!
Seus durões, não existe nada
Was ist euch Harten
sagrado nem importante
doch heilig und wert,
quando vocês, homens, estão atrás de poder!
giert ihr Männer nach Macht!
WOTAN
WOTAN
[Tranquilo]
[Ruhig]
Fricka não tinha
Gleiche Gier
a mesma cobiça
war Fricka wohl fremd,
quando me implorou o prédio?
als selbst um den Bau sie mich bat?
FRICKA
FRICKA
Preocupada com a fidelidade de meu esposo,
Um des Gatten Treue besorgt,
tive que pensar, com tristeza,
muss traurig ich wohl sinnen,
como segurá-lo junto a mim,
wie an mich er zu fesseln,
quando queria ir para longe:
zieht's in die Ferne ihn fort:
uma magnífica morada,
herrliche Wohnung,
com móveis esplêndidos
wonniger Hausrat
deveria forçá-lo
sollten dich binden
a um moroso descanso.
zu säumender Rast.
Porém, ao construi-la, você só pensou
Doch du bei dem Wohnbau sannst
em defesas e trincheiras;
auf Wehr und Wall allein;
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 42
ela deve aumentar
Herrschaft und Macht
o seu poder e domínio;
soll er dir mehren;
esse castelo só foi erguido
nur rastlosern Sturm zu erregen,
para levantar tempestades sem fim.
erstand dir die ragende Burg.
WOTAN
WOTAN
[Rindo]
[Lächelnd]
Mulher, embora você quisesse
Wolltest du Frau
me aprisionar na fortaleza,
in der Feste mich fangen,
a mim, um Deus, você deveria consentir que,
mir Gotte musst du schon gönnen,
mesmo trancado no castelo,
dass, in der Burg
conquistasse, lá de dentro,
gebunden, ich mir
o mundo.
von aussen gewinne die Welt.
Tudo que vive ama
Wandel und Wechsel
a mudança e a variedade;
liebt, wer lebt;
não consigo desistir desse passatempo!
das Spiel drum kann ich nicht sparen!
FRICKA
FRICKA
Homem insensível e
Liebeloser,
insuportável!
leidigster Mann!
Por poder e domínio,
Um der Macht und Herrschaft
por futilidades ociosas,
müssigen Tand
você seria capaz de abrir mão, em um jogo blasfemo, do
verspielst du in lästerndem Spott
amor e do valor da mulher?
Liebe und Weibes Wert?
WOTAN
WOTAN
[Sério]
[Ernst]
Para ganhar você como esposa,
Um dich zum Weib zu gewinnen,
empenhei um de meus olhos
mein eines Auge
ao cortejá-la;
setzt' ich werbend daran;
como sua recriminação é boba!
wie törig tadelst du jetzt!
Eu honro as mulheres
Ehr' ich die Frauen
mais do que você gosta;
doch mehr als dich freut;
e Freia, a boa,
und Freia, die gute,
eu não vou ceder;
geb' ich nicht auf;
nunca pensei nisso a sério.
nie sann dies ernstlich mein Sinn.
FRICKA
FRICKA
[Olhando para o palco com tensão e medo]
[Mit ängstlicher Spannung in die Szene blickend]
Então proteja-a agora;
So schirme sie jetzt:
indefesa e temerosa, está correndo
in schutzloser Angst
para cá, atrás de ajuda!
läuft sie nach Hülfe dort her!
FREIA
FREIA
[Entra, em fuga precipitada]
[Tritt, wie in hastiger Flucht auf]
Ajude-me, irmã!
Hilf mir, Schwester!
Defenda-me, cunhado!
Schütze mich, Schwäher!
Lá daquele rochedo
Vom Felsen drüben
Fasolt vem me ameaçando,
drohte mir Fasolt,
veio para pegar a mim, Holda!
mich Holde käm' er zu holen.
WOTAN
WOTAN
Que ameace à vontade!
Lass ihn droh'n!
Você não viu Loge?
Sahst du nicht Loge?
FRICKA
FRICKA
Você sempre prefere confiar
Dass am liebsten du immer
nesse malandro!
dem Listigen traust!
Ele já nos fez muito mal,
Viel Schlimmes schuf er uns schon,
mas você sempre volta a se encantar com ele.
doch stets bestrickt er dich wieder.
WOTAN
WOTAN
Onde adianta apenas a coragem,
Wo freier Mut frommt,
vou sozinho, e não peço conselhos.
allein frag' ich nach keinem.
Porém, para tirar proveito
Doch des Feindes Neid
da inveja do inimigo,
zum Nutz sich fügen,
são necessárias esperteza e astúcia,
lehrt nur Schlauheit und List,
como só Loge tem a manha de empregar.
wie Loge verschlagen sie übt.
Ele me aconselhou a fazer esse contrato, prometendo
Der zum Vertrage mir riet,
libertar Freia:
versprach mir, Freia zu lösen:
estou contando com ele.
auf ihn verlass' ich mich nun.
FRICKA
FRICKA
E ele o abandonou!
Und er lässt dich allein!
Os gigantes estão vindo para cá
Dort schreiten rasch
com pressa; cadê o espertalhão
die Riesen heran:
do seu assistente?
wo harrt dein schlauer Gehülf'?
FREIA
FREIA
Cadê os meus irmãos,
Wo harren meine Brüder,
para me trazer ajuda, já que meu cunhado me abandona,
dass Hilfe sie brächten,
frágil?
da mein Schwäher die Schwache verschenkt?
Socorro, Donner!
Zu Hilfe, Donner!
Aqui, aqui!
Hieher, hieher!
Salve Freia, meu Froh!
Rette Freia, mein Froh!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 44
FRICKA
FRICKA
Os que a traíram nesse pacto funesto agora estão todos
Die in bösem Bund dich verrieten,
escondidos!
sie alle bergen sich nun!
[Fasolt e Fafner, de estatura gigantesca, entram, armados de
[Fasolt und Fafner, beide in riesiger Gestalt, mit starken
grossas estacas]
Pfählen bewaffnet, treten auf]
FASOLT
FASOLT
Enquanto o sonho
Sanft schloss
fechava docemene seus olhos
Schlaf dein Aug';
nós dois construíamos
wir beide bauten
a fortaleza, insones.
Schlummers bar die Burg.
O trabalho duro
Mächt'ger Müh'
não nos cansou jamais,
müde nie,
empilhamos
stauten starke
pedras maciças;
Stein' wir auf;
uma torre íngreme,
steiler Turm,
um portão e uma porta,
Tür und Tor,
cobrem e protegem
deckt und schliesst
a sala do elegante castelo.
im schlanken Schloss den Saal.
[Apontando para o castelo]
[Auf die Burg deutend]
Lá está
Dort steht's,
o que nós erigimos,
was wir stemmten,
brilhando, cintilante,
schimmernd hell,
à luz do dia:
bescheint's der Tag:
agora entre
zieh nun ein,
e nos pague!
uns zahl' den Lohn!
WOTAN
WOTAN
Diga, minha gente, qual o pagamento:
Nennt, Leute, den Lohn:
o que pensam em exigir?
was dünkt euch zu bedingen?
FASOLT
FASOLT
Exigimos
Bedungen ist,
o que achamos justo:
was tauglich uns dünkt:
sua memória é tão fraca?
gemahnt es dich so matt?
Freia, a bela,
Freia, die Holde,
Holda, a livre,
Holda, die Freie,
está no contrato,
vertragen ist's,
vamos levá-la.
sie tragen wir heim.
WOTAN
WOTAN
[Rápido]
[Schnell]
Vocês estão loucos
Seid ihr bei Trost
com esse contrato?
mit eurem Vertrag?
Pensem em outra recompensa:
Denkt auf andern Dank:
Freia não está à venda!
Freia ist mir nicht feil!
FASOLT
FASOLT
[Consternado, depois de ficar sem fala por um momento]
[Steht, in höchster Bestürzung, eine Weile sprachlos]
O que você está dizendo?
Was sagst du?
Ha, está pensando em trair?
Ha, sinnst du Verrat?
Trair o contrato?
Verrat am Vertrag?
Então as runas na sua lança,
Die dein Speer birgt,
as marcas do nosso pacto,
sind sie dir Spiel,
são apenas uma brincadeira?
des berat'nen Bundes Runen?
FAFNER
FAFNER
[Com desdém]
[Höhnisch]
Querido irmão,
Getreu'ster Bruder,
está vendo, seu palerma, a traição?
merkst du Tropf nun Betrug?
FASOLT
FASOLT
Oh filho do dia,
Lichtsohn du,
cheio de agilidade!
leicht gefügter!
Escute e preste atenção:
Hör' und hüte dich:
Honre os seus contratos!
Verträgen halte Treu'!
Você deve aos contratos
Was du bist,
aquilo que é;
bist du nur durch Verträge;
o seu poder é condicionado
bedungen ist,
e muito bem limitado.
wohl bedacht deine Macht.
Sua sabedoria
Bist weiser du
é maior do que a nossa,
als witzig wir sind,
a nós, que éramos livres,
bandest uns Freie
você impôs a paz:
zum Frieden du:
vou amaldiçoar toda sua sabedoria
all deinem Wissen fluch' ich,
e fugir de sua paz
fliehe weit deinen Frieden,
se você não honrar seus contratos
weisst du nicht offen,
de modo franco,
ehrlich und frei
honrado e livre!
Verträgen zu wahren die Treu'! -
Um gigante estúpido
Ein dummer Riese
está lhe dando esse conselho:
rät dir das:
aprenda com ele, seu sabichão.
du Weiser, wiss' es von ihm.
WOTAN
WOTAN
Que esperteza é levar a sério o que foi combinado só de
Wie schlau für Ernst du achtest,
brincadeira!
was wir zum Scherz nur beschlossen!
A amável deusa, leve e luminosa;
Die liebliche Göttin,licht und leicht,
de que serve o charme dela para vocês, seus brutamontes?
was taugt euch Tölpeln ihr Reiz?
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 46
FASOLT
FASOLT
Você está de gozação?
Höhnst du uns?
Ah, que injustiça!
Ha, wie unrecht!
Vocês, que governam pela beleza,
Die ihr durch Schönheit herrscht,
raça brilhante e gloriosa,
schimmernd hehres Geschlecht,
como é louca sua aspiração
wir törig strebt ihr
por torres de pedra,
nach Türmen von Stein,
e, por uma fortaleza e uma sala,
setzt um Burg und Saal
empenham a formosura feminina!
Weibes Wonne zum Pfand!
Nós, toscos, nos esfalfamos e suamos,
Wir Plumpen plagen uns
com calos nas mãos,
schwitzend mit schwieliger Hand,
para ganhar uma mulher
ein Weib zu gewinnen,
que, doce e sublime,
das wonnig und mild
viva entre nós, os coitados;
bei uns Armen wohne;
e agora você quer anular o trato?
und verkehrt nennst du den Kauf?
FAFNER
FAFNER
Chega de tagarelice,
Schweig' dein faules Schwatzen,
não vamos tirar proveito disso:
Gewinn werben wir nicht:
Ficar com Freia
Freias Haft
é de pouca serventia;
hilft wenig,
o que importa bastante
doch viel gilt's,
é tirá-la dos deuses.
den Göttern sie zu entreissen.
[Baixo]
[Leise]
Maçãs douradas
Goldene Aepfel
crescem eu seus jardins;
wachsen in ihrem Garten;
apenas ela sabe
sie allein
cultivar as maçãs!
weiss die Äpfel zu pflegen!
Ao comer os frutos
Der Frucht Genuss
seus parentes obtém
frommt ihren Sippen
uma juventude eterna,
zu ewig nie
sem jamais envelhecer;
alternder Jugend:
doentes e pálidos
siech und bleich
eles vão sucumbir,
doch sinkt ihre Blüte,
velhos e fracos,
alt und schwach
irão perecer,
schwinden sie hin,
se tiverem que perder Freia,
müssen Freia sie missen.
[Rude]
[Grob]
Vamos arrancá-la deles!
Ihrer Mitte drum sei sie entführt!
WOTAN
WOTAN
[Para si]
[Für sich]
Loge está demorando demais!
Loge säumt zu lang!
FASOLT
FASOLT
Resolva logo!
Schlicht gib nun Beschied!
WOTAN
WOTAN
Pensem em outro pagamento!
Sinnt auf andern Sold!
FASOLT
FASOLT
Nenhum outro: só Freia!
Kein andrer: Freia allein!
FAFNER
FAFNER
Você aí! Siga-nos!
Du da! Folg' uns fort!
[Fafner e Fasolt importunam Freia.
[Fafner und Fasolt drigen auf Freia zu.
Froh e Donner acorrem]
Froh und Donner kommen eilig]
FREIA
FREIA
[Socorro]
[Fliehend]
Socorro! Salvem-me dos brutos!
Helft! Helft, vor den Harten!
FROH
FROH
[Tomando Freia nos braços]
[Freia in seine Arme fassend]
Aqui, Freia!
Zu mir, Freia!
[Para Fafner]
[Zu Fafner]
Deixe-a em paz, seu atrevido!
Meide sie, Frecher!
Froh vai defender a beldade!
Froh schützt die Schöne.
DONNER
DONNER
[Colocando-se na frente de ambos os gigantes]
[Sich vor die beiden Riesen stellend]
Fasolt e Fafner,
Fasolt und Fafner,
vocês já estão sentindo
fühltet ihr schon
o golpe duro do meu martelo?
meines Hammers harten Schlag?
FAFNER
FAFNER
Que ameaça é essa?
Was soll das Drohn?
FASOLT
FASOLT
O que você está fazendo?
Was dringst du her?
Não estamos atrás de briga,
Kampf kiesten wir nicht,
só exigimos nosso pagamento.
verlangen nur unsern Lohn.
DONNER
DONNER
Já paguei muitas vezes
Schon oft zahlt' ich
o salário dos gigantes.
Riesen den Zoll.
Venham cá, que vão receber
Kommt her, des Lohnes Last
uma remuneração de peso!
wäg' ich mit gutem Gewicht!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 48
[Balança o martelo]
[Er schwingt den Hammer]
WOTAN
WOTAN
[Colocando a lança entre os adversários]
[Seinen Speer zwischen die Streitenden ausstreckend]
Páre, seu selvagem!
Halt, du Wilder!
Nada de força!
Nichts durch Gewalt!
O cabo da minha lança
Verträge schützt
protege o contrato:
meines Speeres Schaft:
segure o seu martelo!
spar' deines Hammers Heft!
FREIA
FREIA
Ai de mim! Ai de mim!
Wehe! Wehe!
Wotan me abandonou!
Wotan verlässt mich!
FRICKA
FRICKA
Será que eu estou entendendo você, seu cruel?
Begreif' ich dich noch, grausamer Mann?
WOTAN
WOTAN
[Vira-se e vê Loge chegando]
[Wendet sich ab und sieht Loge hommen]
Finalmente Loge!
Endlich Loge!
Essa é a sua pressa
Eiltest du so,
na hora de concluir
den du geschlossen,
o mau negócio que você inventou?
den schlimmen Handel zu schlichten?
LOGE
LOGE
[Surgindo do vale que está ao fundo]
[Ist im Hintergrunde aus dem Tale heraufgestiegen]
Como assim? Que negócio
Wie? Welchen Handel
eu inventei?
hätt' ich geschlossen?
Esse que você acertou
Wohl was mit den Riesen
em conselho com os gigantes?
dort im Rate du dangst?
Minhas tendências me levam
In Tiefen und Höhen
aos abismos e às alturas:
treibt mich mein Hang:
Casa e lar
Haus und Herd
não me interessam.
behagt mir nicht.
Donner e Froh
Donner und Froh,
pensam em teto e segurança,
die denken an Dach und Fach,
quando quiserem se casar,
wollen sie frei'n,
ficarão felizes em ter casa.
ein Haus muss sie erfreu'n.
Uma sala imponente,
Ein stolzer Saal,
um castelo sólido,
ein starkes Schloss,
esse era o desejo de Wotan.
danach stand Wotans Wunsch.
Casa e corte,
Haus und Hof,
sala e castelo,
Saal und Schloss,
a magnífica fortaleza,
die selige Burg,
foi solidamente construída.
sie steht nun fest gebaut.
Testei eu mesmo
Das Prachtgemäuer
as esplêndidas muralhas,
prüft' ich selbst,
olhei bastante
ob alles fest,
se estava tudo sólido:
forscht' ich genau:
Fasolt e Fafner
Fasolt und Fafner
se revelaram confiáveis:
fand ich bewährt:
as pedras estão todas firmes.
kein Stein wankt in Gestemm'.
Eu não estava ocioso,
Nicht müssig war ich,
como muitos aqui;
wie mancher hier;
mente quem me acusa de preguiça!
der lügt, wer lässig mich schilt!
WOTAN
WOTAN
Você está me evitando
Arglistig
com astúcia:
weichst du mir aus:
tome cuidado
mich zu betrügen
para não me trair!
hüte in Treuen dich wohl!
Entre todos os deuses
Von allen Göttern
seu único amigo
dein einz'ger Freund,
acolhio em meio
nahm ich dich auf
à desconfiança geral.
in der übel trauenden Tross. -
Quando os construtores do castelo
Nun red' und rate klug!
exigiram Freia
Da einst die Bauer der Burg
como pagamento,
zum Dank Freia bedangen,
você sabe que
du weisst, nicht anders
o que me fez concordar
willigt' ich ein,
foi sua promessa
als weil auf Pflicht du gelobtest,
de liberar a nobre recompensa.
zu lösen das hehre Pfand.
LOGE
LOGE
Pensar,
Mit höchster Sorge
com o maior cuidado
drauf zu sinnen,
em como liberá-la,
wie es zu lösen,
isso eu prometi.
das hab' ich gelobt.
Porém, conseguir encontrar
Doch, dass ich fände,
o que não existe,
was nie sich fügt,
o que não é possível,
was nie gelingt, -
como eu podria prometer isso?
wie liess sich das wohl geloben?
FRICKA
FRICKA
[Para Wotan]
[Zu Wotan]
Veja em que maroto enganador
Sieh, welch trugvollem
você confia
Schelm du getraut!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 50
FROH
FROH
Você se chama Loge,
Loge heisst du,
mas eu o chamo de mentiroso!
doch nenn' ich dich Lüge!
DONNER
DONNER
Maldito fogo,
Verfluchte Lohe,
vou apagá-lo!
dich lösch' ich aus!
[Donner ergue o braço na direção de Loge]
[Donner holt auf Loge aus]
LOGE
LOGE
Para encobrir sua vergonha
Ihre Schmach zu decken,
os idiotas me insultam!
schmähen mich Dumme!
[Wotan intervém]
[Wotan tritt dazwischen]
WOTAN
WOTAN
Deixem meu amigo em paz!
In Frieden lasst mir den Freund!
Vocês não conhecem a arte de Loge:
Nicht kennt ihr Loges Kunst:
seu conselho é mais valoroso
reicher wiegt
quando ele hesita
seines Rates Wert,
em dá-lo.
zahlt er zögernd ihn aus.
FAFNER
FAFNER
Sem hesitações!
Nichts gezögert!
Pagamento rápido!
Rasch gezahlt!
FASOLT
FASOLT
O pagamento está demorando muito!
Lang währt's mit dem Lohn!
[Wotan se dirige a Loge]
[Wotan wendet sich hart zu Loge]
WOTAN
WOTAN
[Com pressa]
[Drängend]
Agora ouça, seu teimoso!
Jetzt hör', Störrischer!
Preste atenção!
Halte Stich!
Por onde você andou perambulando?
Wo schweiftest du hin und her?
LOGE
LOGE
A ingratidão sempre é
Immer ist Undank
a recompensa de Loge!
Loges Lohn!
Preocupado apenas com você
Für dich nur besorgt,
fiquei olhando por aí,
sah ich mich um,
expondo-me às tempestades
durchstöbert' im Sturm
em todos os cantos do mundo,
alle Winkel der Welt,
em busca de um substituto para Freia
Ersatz für Freia zu suchen,
que fosse digno dos gigantes.
wie er den Riesen wohl recht.
Procurei em vão,
Umsonst sucht' ich,
e agora vejo bem:
und sehe nun wohl:
no globo terrestre
in der Welten Ring
não há nada de tão rico
nichts ist so reich,
que possa substituir, para um homem,
als Ersatz zu muten dem Mann
o deleite e o valor da mulher!
für Weibes Wonne und Werth!
[Todos ficam espantados, e são afetados de formas
[Alle geraten in Erstaunen und verschiedenartige
distintas]
Betroffenheit]
Onde houvesse vida e movimento,
So weit Leben und Weben,
na água, terra e ar,
In Wasser, Erd' und Luft,
perguntei muito,
viel frug' ich,
pesquisei em todos os lugares
forschte bei allen,
onde a força se mexe
wo Kraft nur sich rührt,
e os germes se agitam:
und Keime sich regen:
o que os homens poderiam
was wohl dem Manne
achar mais poderoso que
mächt'ger dünk',
o deleite e o valor da mulher?
als Weibes Wonne und Wert?
E onde houvesse vida e movimento
Doch so weit Leben und Weben,
minha manhosa pergunta
verlacht nur ward
foi objeto de riso:
meine fragende List:
na água, terra e ar
in Wasser, Erd' und Luft,
ninguém queria renunciar
lassen will nichts
ao amor e à mulher.
von Lieb' und Weib.
[Movimentação generalizada]
[Gemischte Bewegung]
Eu só vi um ser,
Nur einen sah' ich,
que renunciou ao amor:
der sagte der Liebe ab:
pelo ouro encarnado
um rotes Gold
deixou de lado o favor das mulheres.
entriet er des Weibes Gunst.
As límpidas filhas do Reno
Des Rheines klare Kinder
me confiaram sua miséria:
klagten mir ihre Not:
o nibelungo,
der Nibelung,
Alberich das trevas,
Nacht-Alberich,
em vão solicitou
buhlte vergebens
o favor das banhistas;
um der Badenden Gunst;
então, como vingança, o ladrão
das Rheingold da
furtou o ouro do Reno:
raubte sich rächend der Dieb:
agora ele o considera
das dünkt ihn nun
o bem supremo,
das teuerste Gut,
acima do querer das mulheres.
hehrer als Weibes Huld.
As moças me prestaram queixa
Um den gleissenden Tand,
pelo brinquedo reluzente
der Tiefe entwandt,
arrancado das profundezas:
erklang mir der Töchter Klage:
a você, Wotan,
an dich, Wotan,
elas recorrem,
wenden sie sich,
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 52
para dar um jeito no ladrão,
dass zu Recht du zögest den Räuber,
restituir o ouro das águas
das Gold dem Wasser
para que ele seja
wieder gebest,
delas para sempre.
und ewig es bliebe ihr Eigen.
[Todos se agitam]
[Hingebende Bewegung aller]
Prometi às moças
Dir's zu melden,
informá-lo:
gelobt' ich den Mädchen:
Loge acaba de manter a palavra.
nun löste Loge sein Wort.
WOTAN
WOTAN
Você é um doido,
Törig du bist,
ou um malvado completo!
wenn nicht gar tückisch!
Está me vendo em dificuldades:
Mich selbst siehst du in Not:
como posso ajudar os outros?
wie hülft' ich andern zum Heil?
FASOLT
FASOLT
[Para Fafner, depois de ouvir atentamente]
[Der aufmerksam zugehört, zu Fafner]
Invejo o ouro do anão;
Nicht gönn' ich das Gold dem Alben;
esse nibelungo nos causou muitos problemas,
viel Not schon schuf uns der Niblung,
porém, ardilosamente,
doch schlau entschlüpfte unserm
sempre acabou nos escapando.
Zwange immer der Zwerg.
FAFNER
FAFNER
O nibelungo vai planejar
Neue Neidtat
novas intrigas contra nós
sinnt uns der Niblung,
se o Ouro lhe der poder. -
gibt das Gold ihm Macht. -
Pois bem, Loge!
Du da, Loge!
Diga sem mentir:
Sag' ohne Lug:
qual o tamanho do valor do ouro,
was Grosses gilt denn das Gold,
já que o nibelungo o acha suficiente?
dass dem Niblung es genügt?
LOGE
LOGE
Nas profundezas das águas,
Ein Tand ist's
trata-se de um brinquedo,
in des Wassers Tiefe,
para alegrar as crianças risonhas,
lachenden Kindern zur Lust,
porém se forjado
doch ward es zum runden
em um anel circular,
Reife geschmiedet,
confere o poder supremo,
hilft es zur höchsten Macht,
conquista o mundo para seu dono.
gewinnt dem Manne die Welt.
WOTAN
WOTAN
[Meditanto]
[Sinnend]
Ouvi rumores
Von des Rheines Gold
sobre o ouro do Reno:
hört' ich raunen:
seu brilho encarnado abriga
Beute-Runen
runas de riquezas;
berge sein roter Glanz;
Poder e tesouros desmedidos
Macht und Schätze
seriam adquiridos com o anel.
schüf ohne Mass ein Reif.
FRICKA
FRICKA
[Baixo, para Loge]
[Leise zu Loge]
O brinquedo dourado
Taugte wohl
poderia servir
des goldnen Tandes
de adorno brilhante para
gleissend Geschmeid
embelezar as mulheres?
auch Frauen zu schönem Schmuck?
LOGE
LOGE
A mulher se asseguraria
Des Gatten Treu'
da fidelidade do esposo
ertrotzte die Frau,
se usasse
trüge sie hold
o adorno cintilante
den hellen Schmuck,
que o anão forjou
den schimmernd Zwerge schmieden,
sob a forma de anel.
rührig im Zwange des Reifs.
FRICKA
FRICKA
[Sedutora, para Wotan]
[Schmeichelnd zu Wotan]
Meu esposo poderia ganhar
Gewänne mein Gatte
o ouro para si?
sich wohl das Gold?
WOTAN
WOTAN
[Em estado crescente de fascinação]
[Wie in einem Zustande wachsenden Bezauberung]
Obter o anel
Des Reifes zu walten,
me parece uma boa ideia.
rätlich will es mich dünken.
Porém, Loge, como posso
Doch wie, Loge,
aprender a arte?
lernt' ich die Kunst?
Como vou forjar a gema?
Wie schüf' ich mir das Geschmeid'?
LOGE
LOGE
Um feitiço das runas
Ein Runenzauber
transforma o ouro em anel;
zwingt das Gold zum Reif;
ninguém o conhece;
keiner kennt ihn;
porém, é fácil adquiri-lo
doch einer übt ihn leicht,
renunciando ao sublime amor.
der sel'ger Lieb' entsagt.
[Wotan se afasta, irritado]
[Wotan wendet sich unmutig ab]
Pode se poupar disso;
Das sparst du wohl;
você está atrasado:
zu spät auch kämst du:
Alberich não hesitou.
Alberich zauderte nicht.
Foi ousado, e conquistou
Zaglos gewann er
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 54
o poder do feitiço:
des Zaubers Macht:
[Vivo]
[Grell]
O anel é dele!
geraten ist ihm der Ring!
DONNER
DONNER
[Para Wotan]
[Zu Wotan]
O anão vai nos submeter
Zwang uns allen
todos a seu domínio se não
schüfe der Zwerg,
lhe arrancarmos o anel.
würd' ihm der Reif nicht entrissen.
WOTAN
WOTAN
Tenho que ter o anel!
Den Ring muss ich haben!
FROH
FROH
Agora é fácil ganhá-lo
Leicht erringt
sem amaldiçoar o amor!
ohne Liebesfluch er sich jetzt.
LOGE
LOGE
[Vivo]
[Grell]
Bem fácil, sem artimanhas,
Spottleicht,
brincadeira de criança!
ohne Kunst, wie im Kinderspiel!
WOTAN
WOTAN
Aconselhe: como?
So rate, wie?
LOGE
LOGE
Roubando!
Durch Raub!
O que um ladrão roubou,
Was ein Dieb stahl,
você rouba ao ladrão;
das stiehlst du dem Dieb;
tem coisa mais fácil?
ward leichter ein Eigen erlangt?
Porém, Alberich se protege
Doch mit arger Wehr
com uma defesa cerrada;
wahrt sich Alberich;
você deve ser
klug und fein
esperto e sutil
musst du verfahren,
para submeter o ladrão ao Direito
ziehst den Räuber du zu Recht,
e o brinquedo encarnado,
um des Rheines Töchtern,
o ouro,
den roten Tand,
[Acalorado]
[Mit Wärme]
devolver às filhas do Reno;
das Gold wiederzugeben;
é o que elas lhe imploram.
denn darum flehen sie dich.
WOTAN
WOTAN
Devolver a elas?
Des Rheines Töchtern?
Qual a serventia de tal conselho?
Was taugt mir der Rat?
FRICKA
FRICKA
Não quero saber
Von dem Wassergezücht
dessa ralé aquática;
mag ich nichts wissen:
para minha tristeza
schon manchen Mann
já seduziram muitos homens em seus banhos amorosos.
- mir zum Leid verlockten sie buhlend im Bad.
[Wotan fica calado, lutando consigo mesmo; os demais
[Wotan steht stumm mit sich kämpfend; die übrigen
deuses fitam-no, em tensão silenciosa. Enquanto isso, Fafner
Götter heften in schweigender Spannung die Blicke auf ihn.
conferencia com Fasolt]
Währenddem hat Fafner beiseite mit Fasolt beraten]
FAFNER
FAFNER
[Para Fasolt]
[Zu Fasolt]
Acredite-me, tiraríamos mais proveito do ouro brilhante do
Glaub' mir, mehr als Freia
que de Freia:
frommt das gleissende Gold:
quem comanda a magia do ouro
auch ew'ge Jugend erjagt,
ganha também juventude eterna.
wer durch Goldes Zauber sie zwingt.
[Fasolt indica com um gesto estar persuadido, a
[Fasolt Gebärde deutet an, dass er sich wider Willen
contragosto.
überredet fühlt]
Fafner e Fasolt se dirigem a Wotan]
[Fafner tritt mit Fasolt wieder an Wotan heran]
Ouça, Wotan,
Hör', Wotan,
o que diz quem ficou à espera!
der Harrenden Wort!
Freia pode ficar em paz com vocês;
Freia bleib' euch in Frieden;
a solução
leicht'ren Lohn
é um pagamento mais simples:
fand ich zur Lösung:
para os rudes gigantes basta
uns rauhen Riesen genügt
o ouro escarlate do nibelungo.
des Niblungen rotes Gold.
WOTAN
WOTAN
Você sabe o que está falando?
Seid ihr bei Sinn?
Sem-vergonha, como posso dar
Was nicht ich besitze,
aquilo que não possuo?
soll ich euch Schamlosen schenken?
FAFNER
FAFNER
O difícil foi
Schwer baute
construir a fortaleza;
dort sich die Burg;
com o poder da astúcia
leicht wird dir's
você conseguirá facilmente
mit list'ger Gewalt
o que não obtivemos pela força:
[was im Neidspiel nie uns gelang]
subjugar o nibelungo.
den Niblungen fest zu fahn.
WOTAN
WOTAN
Então, por sua causa,
Für euch müht' ich
eu vou me meter com o gnomo?
mich um den Alben?
Devo capturar o inimigo por vocês?
Für euch fing' ich den Feind?
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 56
Estúpidos, minha dívida
Unverschämt
transformou-os em ambiciosos
und überbegehrlich,
sem nenhum pudor!
macht euch Dumme mein Dank!
FASOLT
FASOLT
[Agarra Freia de repente e a leva, com Fafner]
[Ergreift plötzlich Freia und führt sie mit Fafner zur Seite]
Para cá, moça!
Hieher, Maid!
Em nosso poder!
In unsre Macht!
Você será nossa refém
Als Pfand folgst du uns jetzt,
até resolvermos o pagamento!
bis wir Lösung empfah'n!
FREIA
FREIA
[Gritando]
[Schreiend]
Ai! Ai! Ai!
Wehe! Wehe! Wehe!
[Os deuses ficam totalmente consternados]
[Alle Götter sind in höchster Bestürzung]
FAFNER
FAFNER
Vamos raptá-la,
Fort von hier
levá-la para longe!
sei sie entführt!
Prestem atenção:
Bis Abend - achtet's wohl -
será nossa refém até o anoitecer;
pflegen wir sie als Pfand;
voltaremos;
wir kehren wieder;
porém se, quando viermos
doch kommen wir,
o ouro do Reno, encarnado e cintilante, não for nosso
und bereit liegt nicht als Lösung
pagamento...
das Rheingold licht und rot -
FASOLT
FASOLT
Daí será o fim do prazo:
Zu End' ist die Frist dann,
Freia será nossa
Freia verfallen:
e nos seguirá para sempre!
für immer folge sie uns!
FREIA
FREIA
[Gritando]
[Schreiend]
Irmã! Irmãos!
Schwester! Brüder!
Salvem-me! Socorro!
Rettet! Helft!
[Os gigantes a levam, em fuga precipitada]
[Sie wird von den hastig enteilenden Riesen fortgetragen]
FROH
FROH
Vamos atrás deles!
Auf, ihnen nach!
DONNER
DONNER
Vamos quebrar tudo!
Breche denn alles!
[Lançam um olhar interrogativo para Wotan]
[Sie blicken Wotan fragend an]
FREIA
FREIA
[De longe]
[Aus der Ferne]
Salvem-me! Socorro!
Rettet! Helft!
LOGE
LOGE
[Seguindo os gigantes com os olhos]
[Den Riesen nachsehend]
Marcham sobre paus e pedras
Über Stock und Stein zu Tal
na direção do vale:
stapfen sie hin:
os gigantes atravessam
durch des Rheines Wasserfurt
as águas do Reno.
waten die Riesen.
Sem nenhuma alegria,
Fröhlich nicht
Freia está pendurada
hängt Freia
nas costas dos brutos!
den Rauhen über dem Rücken!
Heia! Hei!
Heia! hei!
Olha os patetas cambaleando!
wie taumeln die Tölpel dahin!
Já avançam pesadamente pelo vale.
Durch das Tal talpen sie schon.
Só vão fazer uma parada
Wohl an Riesenheims Mark
na fronteira da terra dos gigantes. -
erst halten sie Rast. -
[Volta-se para os deuses]
[Er wendet sich zu den Göttern]
Por que Wotan está tão pensativo?
Was sinnt nun Wotan so wild?
O que é feito dos sublimes deuses?
Den sel'gen Göttern wie geht's?
[Uma névoa pálida enche o palco, com espessura crescente;
[Ein fahler Nebel erfüllt mit wachsender Dichtheit die Bühne;
nela, os deuses assumem uma aparência mais pálida, e
in ihm erhalten die Götter ein zunehmend bleiches und
envelhecida; todos, em ansiosa expectativa, olham para
ältliches Aussehen; alle stehen bang und erwartungsvoll auf
Wotan, cujos olhos estão fixos no chão, de forma pensativa]
Wotan blickend, der sinnend die Augen an den Boden heftet]
LOGE
LOGE
Uma neblina está me enganando?
Trügt mich ein Nebel?
Um sonho está zombando de mim?
Neckt mich ein Traum?
Vocês estão murchando tão rápido,
Wie bang und bleich
pálidos e temerosos!
verblüht ihr so bald!
O brilho foge de suas faces;
Euch erlischt der Wangen Licht;
a luz de seus olhos se apaga!
der Blick eures Auges verblitzt!
Coragem, meu Froh,
Frisch, mein Froh,
ainda é cedo!
noch ist's ja früh!
Donner, a sua mão
Deiner Hand, Donner,
está deixando o martelo cair!
entsinkt ja der Hammer!
O que acontece com Fricka?
Was ist's mit Fricka?
Não está contente ao ver
Freut sie sich wenig
o cabelo grisalho de Wotan,
ob Wotans grämlichem Grau,
que faz dele quase um ancião?
das schier zum Greisen ihn schafft?
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 58
FRICKA
FRICKA
Ai! Ai!
Wehe! Wehe!
O que houve?
Was ist geschehen?
DONNER
DONNER
Minha mão falha!
Mir sinkt die Hand!
FROH
FROH
Meu coração vacila!
Mir stockt das Herz!
LOGE
LOGE
Já sei: eis o que acontece!
Jetzt fand' ich's: hört, was euch fehlt!
Hoje vocês ainda não provaram
Von Freias Frucht
o fruto de Freia.
genosset ihr heute noch nicht.
As maçãs douradas
Die goldnen Äpfel
de seu jardim,
in ihrem Garten,
que dão força e valor
sie machten euch tüchtig und jung,
ao serem comidas diariamente.
asst ihr sie jeden Tag.
A jardineira
Des Gartens Pflegerin
agora é refém;
ist nun verpfändet;
os frutos secam e murcham
an den Ästen darbt
nos galhos,
und dorrt das Obst,
logo vão cair e apodrecer.-
bald fällt faul es herab. -
Isso não me afeta tanto;
Mich kümmert's minder;
Freia sempre foi avarenta comigo,
an mir ja kargte
poupando
Freia von je
o precioso fruto:
knausernd die köstliche Frucht:
pois eu sou apenas um semideus,
denn halb so echt nur
não tão sublime quanto vocês!
bin ich wie, Selige, ihr!
Vocês, porém, dependem completamente do fruto da
Doch ihr setztet alles
juventude:
auf das jüngende Obst:
os gigantes sabiam muito bem disso;
das wussten die Riesen wohl;
Eles atentaram contra
auf eurer Leben
a sua vida:
legten sie's an:
tentem preservá-la!
nun sorgt, wie ihr das wahrt!
Sem as maçãs,
Ohne die Äpfel,
velha e grisalha,
alt und grau,
pálida e morosa,
greis und grämlich,
motivo de riso do mundo todo,
welkend zum Spott aller Welt,
a estirpe dos deuses perece.
erstirbt der Götter Stamm.
FRICKA
FRICKA
[Inquieta]
[Bang]
Wotan, esposo,
Wotan, Gemahl,
infeliz!
unsel'ger Mann!
Veja como sua leviandade
Sieh, wie dein Leichtsinn
risonha trouxe a todos nós
lachend uns allen
ultraje e vergonha!
Schimpf und Schmach erschuf!
WOTAN
WOTAN
[Subitamente resoluto]
[Mit plötzlichem Entschluss auffahrend]
Vamos, Loge,
Auf, Loge,
desça comigo!
hinab mit mir!
Vamos ao Nibelheim;
Nach Nibelheim fahren wir nieder:
vou obter o ouro.
gewinnen will ich das Gold.
LOGE
LOGE
As filhas do Reno
Die Rheintöchter
recorreram a você:
riefen dich an:
Podem esperar ser ouvidas?
so dürfen Erhörung sie hoffen?
WOTAN
WOTAN
[Veemente]
[Heftig]
Calado, seu tagarela!
Schweige, Schwätzer!
Freia, a boa,
Freia, die Gute,
Freia devemos libertar!
Freia gilt es zu lösen!
LOGE
LOGE
Às suas ordens;
Wie du befiehlst
Vou conduzi-lo de bom grado
führ' ich dich gern
até lá embaixo
steil hinab
Vamos pelo Reno?
steigen wir denn durch den Rhein?
WOTAN
WOTAN
Pelo Reno não!
Nicht durch den Rhein!
LOGE
LOGE
Então vamos nos meter por entre
So schwingen wir uns
o abismo de enxofre:
durch die Schwefelkluft:
escorregue atrás de mim!
dort schlüpfe mit mir hinein!
[Vai na frente e desaparece, de lado, em um abismo, do
[Er geht voran und verschwindet seitwärts in einer Kluft, aus
qual saem vapores sulfurosos]
der sogleich ein schwefliger Dampf hervorquillt]
WOTAN
WOTAN
Vocês esperem aqui
Ihr andern harrt
até o anoitecer:
bis Abend hier:
vou conquistar a juventude perdida
verlorner Jugend
com o ouro redentor!
erjag' ich erlösendes Gold!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 60
[Segue Loge no abismo;
[Er steigt Loge nach in die Kluft hinab: der aus ihr dringende
os vapores sulfurosos que dele
Schwefeldampf verbreitet sich über die ganze Bühne und
saem espalham-se pelo palco, enchendo-o de nuvens
erfüllt diese schnell mit dichtem Gewölk. Bereits sind die
espessas. Impossível ver os deuses]
Zurückbleibenden unsichtbar]
DONNER
DONNER
Boa viagem, Wotan!
Fahre wohl, Wotan!
FROH
FROH
Boa sorte! Boa sorte!
Glück auf! Glück auf!
FRICKA
FRICKA
Volte logo
O kehre bald
para sua esposa inquieta!
zur bangenden Frau!
[O vapor sulfuroso escurece até virar uma nuvem
[Der Schwefeldampf verdüstert sich zu ganz schwarzem
completamente negra, de cima até embaixo; ela se
Gewölk, welches von unten nach oben steigt; dann
transfigura em uma fina e escura galeria de rochas,
verwandelt sich dieses in festes, finstres Steingeklüft, das
movendo-se cada vez mais para cima, para dar a impressão
sich immer aufwärts bewegt, so dass es den Anchein
de que o cenário está entrando gradualmente no chão. Um
hat, als aänke die Szene immer tiefer in die Erde hinab.
raio vermelho escuro brilha de diversas direções, ao fundo;
Von verschiedenen Seiten her dämmert aus der Ferne
um barulho crescente, de forja, surge por todas as partes.
dunkelroter Schein auf: wachsendes Geräusch wie von
O ruído das bigornas se perde. Uma gruta subterrânea se
Schmiedenden wird überall her vernommen. Das Getöse
estende, a perder de vista, e se revela aos poucos, dando
der Ambosse verliert sich. Eine unabsehbar weit sich
a impressão de se abrir de todos os lados em estreitas
dahinziehende unterirdische Kluft wird erkennbar, die sich
galerias]
nach allen Seien hin in enge Schachte auszumünden schient]
TERCEIRA CENA
DRITTE SZENE
Nibelheim
Nibelheim
[De um buraco, Alberich puxa pelas orelhas Mime, que
[Alberich zerrt den kreischenden Mime aus einer
grita]
Seitenschluft herbei]
ALBERICH
ALBERICH
Hehe! Hehe!
Hehe! Hehe!
Para cá! Para cá!
Hieher! Hieher!
Pérfido anão!
Tückischer Zwerg!
Vou moê-lo
Tapfer gezwickt
de pancadas se você
sollst du mir sein,
não terminar em tempo
schaffst du nicht fertig,
a minha encomenda,
wie ich's bestellt,
a joia fina!
zur Stund' das feine Geschmeid'!
MIME
MIME
[Uivando]
[Heulend]
Ai! Ai!
Ohe! Ohe!
Ui! Ui!
Au! Au!
Deixe-me em paz!
Lass mich nur los!
Está pronta,
Fertig ist's,
como você mandou,
wie du befahlst,
foi feita
mit Fleiss und Schweiss
com trabalho e suor:
ist es gefügt:
[Vivo]
[Grell]
Só tire as unhas da minha orelha!
nimm nur die Nägel vom Ohr!
ALBERICH
ALBERICH
[Liberando-o]
[Loslassend]
Por que você está demorando
Was zögerst du dann
e ainda não acabou?
und zeigst es nicht?
MIME
MIME
Pobre de mim, tinha medo
Ich Armer zagte,
de que ainda faltasse algo.
dass noch was fehle.
ALBERICH
ALBERICH
O que ainda não está pronto?
Was wär' noch nicht fertig?
MIME
MIME
[Embaraçado]
[Verlegen]
Aqui – e ali.
Hier - und da.
ALBERICH
ALBERICH
Como assim?
Was hier und da?
Dê-me a joia!
Her das Geschmeid'!
[Tenta pegar de novo a orelha do outro; aterrorizado, Mime
[Er will ihm wieder an das Ohr fahren; vor Schreck~lässt
deixa cair o objeto de metal que segurava com força.
Mime ein metallenes Gewirke, das er krampfhaft in den
Alberich recolhe-o rapidamente e o examina]
Händen hielt, sich entfallen. Alberich hebt hastig auf und
Veja, seu malandro!
prüft es genau]
Completamente forjado
Schau, du Schelm!
e finalizado
Alles geschmiedet
como mandei!
und fertig gefügt,
Então o palerma queria
wie ich's befahl!
me passar a perna,
So wollte der Tropf
guardando para si
schlau mich betrügen?
a esplêndida joia
Für sich behalten
que minha astúcia
das hehre Geschmeid',
ensinou-o a forjar?
das meine List
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 62
Desmascarei o ladrão idiota?
ihn zu schmieden gelehrt?
[Assenta Tarnhelm, o elmo mágico,
Kenn' ich dich dummen Dieb?
na cabeça]
[Er setzt das Gewirk als Tarnhelm auf den Kopf]
O elmo coube na cabeça;
Dem Haupt fügt sich der Helm:
será que o feitiço funciona?
ob sich der Zauber auch zeigt?
[Baixinho] “Noite e neblina diferente de tudo!”
[Sehr leise] "Nacht und Nebel niemand gleich!"
[Sua forma desaparece; no seu lugar há uma coluna de
[Seine Gestalt verschwindet; statt ihrer gewahrt man eine
vapor]
Nebelsäule]
Está me vendo, irmão?
Siehst du mich, Bruder?
MIME
MIME
[Olha, maravilhado]
[Blickt sich verwundert um]
Cadê você? Não o vejo.
Wo bist du? Ich sehe dich nicht.
ALBERICH
ALBERICH
[Invisível]
[Unsichtbar]
Então me sinta,
So fühle mich doch,
seu patife, imbecil!
du fauler Schuft!
Essa é pela sua vontade de roubar!
Nimm das für dein Diebesgelüst!
MIME
MIME
[Verga sob os golpes que caem sobre ele, sem que se veja
[Windet sich unter empfangenen Geisselhieben, deren Fall
quem gopeia]
man vernimmt, ohne die Geissel selbst zu sehen]
Ui, ui!
Ohe, Ohe!
Ai! Ai! Ai!
Au! Au! Au!
ALBERICH
ALBERICH
[Rindo – invisível]
[Lachend - unsichtbar]
Obrigado, seu idioita!
Hab' Dank, du Dummer!
Seu trabalho é bom!
Dein Werk bewährt sich gut!
Hoho! Hoho!
Hoho! Hoho!
Todos os nibelungos
Niblungen all',
têm que se curvar a Alberich!
neigt euch nun Alberich!
Ele está em todas as partes
Überall weilt er nun,
para vigiá-los:
euch zu bewachen;
Paz e tranquilidade
Ruh' und Rast
acabaram para vocês;
ist euch zerronnen;
vocês têm que trabalhar para ele
ihm müsst ihr schaffen
mesmo sem vê-lo;
wo nicht ihr ihn schaut;
mesmo sem percebê-lo,
wo nicht ihr ihn gewahrt,
saibam que ele está lá!
seid seiner gewärtig!
Vocês estão submetidos para sempre!
Untertan seid ihr ihm immer!
[Vivo]
[Grell]
Hoho! Hoho!
Hoho! Hoho!
Ouçam, ele se aproxima:
Hört' ihn, er naht:
o Senhor dos nibelungos!
der Niblungen Herr!
[A coluna de vapor desaparece ao fundo; o clamor e os
[Die Nebelsäule verschwindet dem Hintergrunde zu; man
xingamentos de Alberich ficam cada vez mais longe;
hört in immer weiterer Ferne Alberichs Toben und Zanken;
eles são respondidos por uivos e gritos na gruta, abaixo,
Geheul und Geschrei antwortet ihm aus den untern Klüften,
distanciando-se gradualmente.
das sich endlich in immer weitere Ferne unhörbar verliert.
Mime está prostrado de dor]
Mime ist vor Schmerz zusammengesunken]
[Wotan e Loge surgem de um barranco]
[Wotan und Loge lassen sich aus einer Schluft von oben herab]
LOGE
LOGE
O Nibelheim é aqui:
Nibelheim hier:
que faíscas são essas
Durch bleiche Nebel
brilhando em meio à neblina pálida?
was blitzen dort feurige Funken?
MIME
MIME
Ai! Ai! Ai!
Au! Au! Au!
WOTAN
WOTAN
Estão gemendo alto:
Hier stöhnt es laut:
quem jaz nas pedras?
was liegt im Gestein?
LOGE
LOGE
[Inclinando-se para Mime]
[Sich zu Mime neigend]
Seu esquisito, está se queixando de quê?
Was Wunder wimmerst du hier?
MIME
MIME
Ui! Ui!
Ohe! Ohe!
Ai! Ai!
Au! Au!
LOGE
LOGE
Ei, Mime! Anão alegre!
Hei, Mime! Munt'rer Zwerg!
O que tanto o perturba?
Was zwickt und zwackt dich denn so?
MIME
MIME
Deixe-me em paz!
Lass mich in Frieden!
LOGE
LOGE
Com muito gosto,
Das will ich freilich,
e ainda mais; escute:
und mehr noch, hör':
quero ajudá-lo, Mime!
helfen will ich dir, Mime!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 64
[levanta-o, com esforço]
[Er stellt ihn mühsam aufrecht]
MIME
MIME
Quem vai me ajudar?
Wer hälfe mir?
Devo obedecer
Gehorchen muss ich
meu querido irmão
dem leiblichen Bruder,
que me aprisionou.
der mich in Bande gelegt.
LOGE
LOGE
Quem lhe deu o poder
Dich, Mime, zu binden,
de aprisionar?
was gab ihm die Macht?
MIME
MIME
Com perversa astúcia
Mit arger List
Alberich forjou
schuf sich Alberich
um anel amarelo
aus Rheines Gold
com o ouro do Reno:
einem gelben Reif:
seu poderoso feitiço
seinem starken Zauber
nos faz tremer de admiração:
zittern wir staunend;
ele nos domina a todos,
mit ihm zwingt er uns alle,
a raça noturna dos nibelungos.
der Niblungen nächt'ges Heer.
Ferreiros despreocupados,
Sorglose Schmiede,
até então nós fazíamos
schufen wir sonst wohl
adornos para nossas mulheres,
Schmuck unsern Weibern,
joias graciosas,
wonnig Geschmeid',
graciosos brinquedos de nibelungos;
niedlichen Niblungentand;
ríamos, alegres, no trabalho.
wir lachten lustig der Müh'.
Agora o malvado nos força
Nun zwingt uns der Schlimme,
a nos enfiarmos nas cavernas
in Klüfte zu schlüpfen,
e trabalhar o tempo todo
für ihn allein
apenas para ele.
uns immer zu müh'n.
Através do anel de ouro,
Durch des Ringes Gold
sua cobiça adivinha
errät seine Gier,
onde novos brilhos
wo neuer Schimmer
se escondem nas galerias:
in Schachten sich birgt:
nós temos que espreitar,
da müssen wir spähen,
sentir, cavar,
spüren und graben,
fundir os despojos
die Beute schmelzen
e forjar o minério
und schmieden den Guss,
sem descanso nem repouso,
ohne Ruh' und Rast
amontoando o tesouro do patrão.
dem Herrn zu häufen den Hort.
LOGE
LOGE
Então foi a sua preguiça
Dich Trägen soeben
que suscitou a ira dele!
traf wohl sein Zorn?
MIME
MIME
Coitado de mim, ai!
Mich Ärmsten, ach!
Ele me obrigou ao pior:
mich zwang er zum Ärgsten:
mandou que eu forjasse
ein Helmgeschmeid'
um elmo:
hiess er mich schweissen;
ordenou o modo exato
genau befahl er,
de aprontá-lo.
wie es zu fügen.
Reparei muito bem
Wohl merkt' ich klug,
que força poderosa
welch mächtige Kraft
vinha da obra
zu eigen dem Werk,
que modelei a partir do minério;
das aus Erz ich wob;
eu queria que o elmo
für mich drum hüten
ficasse comigo;
wollt' ich dem Helm;
com sua magia
durch seinen Zauber
escapar ao domínio de Alberich:
Alberichs Zwang mich entzieh'n:
talvez – sim, talvez
vielleicht - ja vielleicht
passar a perna no importuno,
den Lästigen selbst überlisten,
tê-lo em meu poder,
in meine Gewalt ihn zu werfen,
tomar o anel dele
den Ring ihm zu entreissen,
para que o atual escravo do tirano
dass, wie ich Knecht jetzt dem Kühnen
[Vivo]
[Grell]
se libertasse e o escravizasse!
mir Freien er selber dann fröhn!
LOGE
LOGE
Espertalhão, por que você
Warum, du Kluger,
não conseguiu?
glückte dir's nicht?
MIME
MIME
Ah, embora eu tenha feito o trabalho,
Ach, der das Werk ich wirkte,
não aprendi direito o feitiço que o aciona!
den Zauber, der ihm entzuckt,
Aquele que me deu o trabalho
den Zauber erriet ich nicht recht!
e o tirou de mim
Der das Werk mir riet
ensinou – só que,
und mir's entriss,
infelizmente, tarde demais -
der lehrte mich nun,
a astúcia que há no elmo: Ele desapareceu da minha vista,
- doch leider zu spät, welche List läg' in dem Helm:
porém, cego,
Meinem Blick entschwand er,
levei golpes
doch Schwielen dem Blinden
de seu braço invisível.
schlug unschaubar sein Arm.
[uivando e soluçando]
[Heulend und schluchzend]
Eis o que ganhei
Das schuf ich mir Dummen
por minha estupidez!
schön zu Dank!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 66
[Passa a mão nas costas. - Wotan e Loge riem]
[Er streicht sich den Rücken. - Wotan und Loge lachen]
LOGE
LOGE
[Para Wotan]
[Zu Wotan]
Admita, a captura
Gesteh', nicht leicht
não vai ser fácil.
gelingt der Fang.
WOTAN
WOTAN
O inimigo vai acabar sucumbindo
Doch erliegt der Feind,
graças à sua astúcia!
hilft deine List!
MIME
MIME
[Surpreso pelos risos dos deuses, fita-os
[Von dem Lachen der Götter betroffen, betrachtet diese
com atenção]
aufmerksamer]
Com todas essas perguntas,
Mit eurem Gefrage,
quem são vocês, estrangeiros?
wer seid denn ihr Fremde?
LOGE
LOGE
Seus amigos;
Freunde dir;
livraremos os nibelungos
von ihrer Not
de sua miséria!
befrei'n wir der Niblungen Volk!
MIME
MIME
[Estremece, ao ouvir Alberich regressar]
[Schrickt zusammen, da er Alberich sich wieder nahen hört]
Fiquem de olho!
Nehmt euch in acht!
Alberich vem aí.
Alberich naht.
[Corre para lá e para cá, amedrontado]
[Er rennt vor Angst hin und her]
WOTAN
WOTAN
[Acomoda-se tranquilamente em uma pedra. Loge se
[Ruhig sich auf einen Stein setzend. Loge lehnt ihm zur Seite]
encosta a seu lado]
Sein' harren wir hier.
Esperemos aqui.
[Alberich, der den Tarnhelm vom Huple genommen und an
[Alberich, que tirou o Tarnhelm da cabeça para pendurá-lo
den Gürtel gehängt hat, treibt mit geschwungener Geissel
na cintura, surge de uma gruta subterrânea, agitando um
aus der unteren, tiefer gelegenen Schlucht aufwärts eine
chicote e atiçando um bando de nibelungos,
Schar Nibelungen vor sich her; diese sind mit goldenem und
carregados de joias de ouro e prata que,
silbernem Geschmeide beladen, das sie, unter Alberichs
coagidos constantemente pelo chefe,
steter Nötigung, all auf einen Haufen speichern und so zu
empilham o tesouro]
einem Horte häufen]
ALBERICH
ALBERICH
Aqui! Ali!
Hieher! Dorthin!
Hehe! Hoho!
Hehe! Hoho!
Turba indolente!
Träges Heer!
Coloquem o tesouro
Dort zu Hauf
na pilha!
schichtet den Hort!
Você ai, de pé!
Du da, hinauf!
Adiante!
Willst du voran?
Povinho vergonhoso!
Schmähliches Volk!
Depositem as joias!
Ab das Geschmeide!
Terei que ajudar?
Soll ich euch helfen?
Tudo aqui!
Alle hieher!
[Avista subitamente Wotan e Loge]
[Er gewahrt plötzlich Wotan und Loge]
Ei! Quem está aí?
He! Wer ist dort?
Quem ousa entrar aqui?
Wer drang hier ein?
Mime, venha cá!
Mime, zu mir!
Patife sórdido!
Schäbiger Schuft!
Você andou de fofoca
Schwatztest du gar
com essa dupla de vagabundos?
mit dem schweifenden Paar?
Vá, preguiçoso!
Fort, du Fauler!
Vá trabalhar e forjar!
Willst du gleich schmieden und schaffen?
[A golpes de chicote, empurra Mime para a multidão de
[Er treibt Mime mit Geisselhieben unter den Haufen der
nibelungos]
Nibelungen hinein]
Ei! Ao trabalho!
He! An die Arbeit!
Todos para fora!
Alle von hinnen!
Já para baixo!
Hurtig hinab!
Extraiam o ouro
Aus den neuen Schachten
dos veios novos!
schafft mir das Gold!
O chicote vai lhes cumprimentar
Euch grüsst die Geissel,
se não trabalharem rápido!
grabt ihr nicht rasch!
Mime é testemunha
Dass keiner mir müssig,
de que ninguém pode ficar parado
bürge mir Mime,
ou vai pagar caro
sonst birgt er sich schwer
com golpes de meu chicote!
meiner Geissel Schwunge!
Ele sabe muito bem
Dass ich überall weile,
que estou em todos os lugares,
wo keiner mich wähnt,
onde vocês menos me esperam!
das weiss er, dünkt mich, genau!
Ainda estão demorando?
Zögert ihr noch?
Ainda estão hesitando?
Zaudert wohl gar?
[Tira o anel do dedo, beija-o e o brande, com gesto
[Er zieht seinen Ring vom Finger, küsst ihn und streckt ihn
ameaçador]
drohend aus]
Chacoalhe e trema
Zittre und zage,
turba subjugada!
gezähmtes Heer!
Obedeça prontamente
Rasch gehorcht
o senhor do anel!
des Ringes Herrn!
[Com gritos e uivos, os nibelungos – dentre os quais Mime –
[Unter Geheul und Gekreisch stieben die Nibelungen - unter
dispersam-se em todas as direções,
ihnen Mime – auseinander und schlüpfen nach allen Stein in
nas galerias inferiores]
die Schachte hinab]
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 68
[Desconfiado, olha longamente para Wotan e Loge]
[Betrachtet lange und misstrauisch Wotan und Loge]
O que vocês querem aqui?
Was wollt ihr hier?
WOTAN
WOTAN
Ouvimos relatos recentes
Von Nibelheims nächt'gem Land
da terra noturna dos nibelungos;
vernahmen wir neue Mär':
Alberich aqui opera
mächtige Wunder
milagres poderosos;
wirke hier Alberich;
ávidos para saboreá-los,
daran uns zu weiden,
viemos visitá-lo.
trieb uns Gäste die Gier.
ALBERICH
ALBERICH
A inveja
Nach Nibelheim
os trouxe a Nibelheim;
führt euch der Neid:
esse tipo ousado de visitante
so kühne Gäste,
eu conheço bem – acreditem!
glaubt, kenn' ich gut!
LOGE
LOGE
Você me conhece bem,
Kennst du mich gut,
gnomo infantil?
kindischer Alp?
Então diga quem sou,
Nun sag', wer bin ich,
para você latir desse jeito.
dass du so bellst?
No buraco frio
Im kalten Loch,
em que você jazia, coberto,
da kauern du lagst,
quem teria lhe dado luz
wer gab dir Licht
e chama aquecedora,
und wärmende Lohe,
se Loge não lhe tivesse sorrido?
wenn Loge nie dir gelacht?
De que lhe serviria saber forjar
Was hülf' dir dein Schmieden,
se eu não aquecesse sua forja?
heizt' ich die Schmiede dir nicht?
Sou seu primo
Dir bin ich Vetter,
e fui seu amigo:
und war dir Freund:
seu agradecimento não é nada educado!
nicht fein drum dünkt mich dein Dank!
ALBERICH
ALBERICH
Loge, esse malandro astuto,
Den Lichtalben
agora sorri
lacht jetzt Loge,
aos deuses da luz:
der list'ge Schelm:
você é um amigo tão falso deles
bist du falscher ihr Freund,
como um dia foi meu amigo.
wie mir Freund du einst warst:
Haha! Fico contente!
haha! Mich freut's!
Assim não tenho nada a temer!
Von ihnen fürcht' ich dann nichts.
LOGE
LOGE
Então acho que você pode confiar em mim.
So denk' ich, kannst du mir traun?
ALBERICH
ALBERICH
Confio na sua deslealdade,
Deiner Untreu trau' ich,
não na lealdade!
nicht deiner Treu'!
[Assume uma postura desafiadora]
[Eine herausfordernde Stellung annehmend]
Não tenho medo de desafiar vocês todos!
Doch getrost trotz' ich euch allen!
LOGE
LOGE
Seu poder
Hohen Mut
lhe dá a maior coragem;
verleiht deine Macht;
sua força virou
grimmig gross
tremendamente enorme!
wuchs dir die Kraft!
ALBERICH
ALBERICH
Você está vendo o tesouro
Siehst du den Hort,
que a minha horda
den mein Heer
empilhou para mim?
dort mir gehäuft?
LOGE
LOGE
Nunca vi um tão invejável.
So neidlichen sah ich noch nie.
ALBERICH
ALBERICH
Isso é só o de hoje,
Das ist für heut',
uma parcela desprezível!
ein kärglich Häufchen!
Ousado e poderoso,
Kühn und mächtig
ele vai crescer no futuro.
soll er künftig sich mehren.
WOTAN
WOTAN
De que lhe serve o tesouro
Zu was doch frommt dir der Hort,
se o Nibelheim é triste
da freudlos Nibelheim,
e não tem nada que o ouro possa comprar?
und nichts für Schätze hier feil?
ALBERICH
ALBERICH
A noite de Nibelheim é útil
Schätze zu schaffen
para acumular riquezas
und Schätze zu bergen,
e para esconder riquezas.
nützt mir Nibelheims Nacht.
Porém com o tesouro
Doch mit dem Hort,
empilhado na caverna
in der Höhle gehäuft,
pretendo operar milagres:
denk' ich dann Wunder zu wirken:
vou conquistar
die ganze Welt
o mundo inteiro para mim!
gewinn' ich mit ihm mir zu eigen!
WOTAN
WOTAN
Meu bom, por onde você vai começar?
Wie beginnst du, Gütiger, das?
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 70
ALBERICH
ALBERICH
Vocês, que vivem na brisa suave,
Die in linder Lüfte Weh'n
lá em cima,
da oben ihr lebt,
sorrindo e amando:
lacht und liebt:
vou capturá-los todos, deuses,
mit goldner Faust
com meu punho de ouro!
euch Göttliche fang' ich mir alle!
Já que renunciei ao amor,
Wie ich der Liebe abgesagt,
todos os seres vivos
alles, was lebt,
também devem renunciar!
soll ihr entsagen!
Aprisionados pelo ouro, vocês só vão ambicionar o ouro!
Mit Golde gekirrt,
Vocês descansam
nach Gold nur sollt ihr noch gieren!
em deliciosas alturas,
Auf wonnigen Höh'n,
em suave balanço;
in seligem Weben
em mordomia eterna, vocês despezam
wiegt ihr euch;
os gnomos escuros!
den Schwarzalben
Atenção!
verachtet ihr ewigen Schwelger!
Atenção!
Habt acht!
Pois enquanto vocês, homens,
Habt acht!
vão servir o meu poder,
Denn dient ihr Männer
suas formosas mulheres,
erst meiner Macht,
que desdenharam meus galanteios,
eure schmucken Frau'n,
vão se submeter à
die mein Frei'n verschmäht,
luxúria do anão,
sie zwingt zur Lust sich der Zwerg,
mesmo sem amor!
lacht Liebe ihm nicht!
[Ri selvagemente]
[Wild lachend]
Haha, haha!
Haha, haha!
Ouviram!
Habt ihr's gehört?
Atenção!
Habt acht!
Atenção!
Habt acht vor dem nächtlichen Heer,
Prestem atenção na horda noturna, quando o tesouro dos
entsteigt des Niblungen Hort
nibelungos sair do abismo mudo à luz do dia!
aus stummer Tiefe zu Tag!
WOTAN
WOTAN
[Irritado]
[Auffahrend]
Caia morto, doido criminoso!
Vergeh, frevelnder Gauch!
ALBERICH
ALBERICH
O que ele disse?
Was sagt der?
LOGE
LOGE
[Intrometendo-se]
[Dazwischen tretend]
Mantenha a cabeça no lugar!
Sei doch bei Sinnen!
[Para Alberich]
[Zu Alberich]
Quem não desmaiaria de pasmo ao ver a obra de Alberich?
Wen doch fasste nicht Wunder,
Se a sua astúcia magistral conseguir
erfährt er Alberichs Werk?
tudo o que você exige com o tesouro
Gelingt deiner herrlichen List,
vou louvá-lo como o mais poderoso:
was mit dem Horte du heischest:
A lua, as estrelas
den Mächtigsten muss ich dich rühmen;
e o sol a brilhar
denn Mond und Stern',
tampouco terão outra coisa a fazer,
und die strahlende Sonne,
a não ser servi-lo.
sie auch dürfen nicht anders,
Porém, o mais importante de tudo,
dienen müssen sie dir.
para mim, é que os que
Doch - wichtig acht' ich vor allem,
acumulam o tesouro,
dass des Hortes Häufer,
a horda dos nibelungos,
der Niblungen Heer,
sirvam-no sem inveja.
neidlos dir geneigt.
Com audácia, você brandiu um anel;
Einen Reif rührtest du kühn;
o povo tremeu diante dele:
dem zagte zitternd dein Volk: -
porém, se, durante o sono,
doch, wenn im Schlaf
um ladrão vier de surpresa,
ein Dieb dich beschlich',
e manhosamente furtar o anel,
den Ring schlau dir entriss', -
como você se defenderia, oh sábio?
wie wahrtest du, Weiser, dich dann?
ALBERICH
ALBERICH
Loge se acha o mais esperto;
Der Listigste dünkt sich Loge;
sempre considera
andre denkt er
os outros estúpidos;
immer sich dumm:
esse ladrão gostaria
dass sein' ich bedürfte
que eu precisasse dele
zu Rat und Dienst,
para conselhos e serviço,
um harten Dank,
e lhe desse bela recompensa!
das hörte der Dieb jetzt gern!
Eu mesmo concebi
Den hehlenden Helm
o elmo para esconder;
ersann ich mir selbst;
o mais hábil ferreiro, Mime,
der sorglichste Schmied,
teve que forjá-lo para mim;
Mime, musst' ihn mir schmieden:
O elmo permite que eu
schnell mich zu wandeln,
me transforme rapidamente,
nach meinem Wunsch
de acordo com meu desejo,
die Gestalt mir zu tauschen,
na forma que quiser.
taugt der Helm.
Ninguém que me procura
Niemand sieht mich,
me vê;
wenn er mich sucht;
porém, estou em todas as partes,
doch überall bin ich,
oculto aos olhares.
geborgen dem Blick.
Portanto, sem preocupações,
So ohne Sorge
estou muito a salvo de você,
bin ich selbst sicher vor dir,
doce e preocupado amigo!
du fromm sorgender Freund!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 72
LOGE
LOGE
Já vi muita coisa,
Vieles sah ich,
encontrei raridades,
Seltsames fand ich,
mas, uma maravilha dessas
doch solches Wunder
jamais contemplei.
gewahrt' ich nie.
Não posso acreditar
Dem Werk ohnegleichen
em obra tão singular;
kann ich nicht glauben;
se isso fosse possível,
wäre das eine möglich,
seu poder seria eterno!
deine Macht währte dann ewig!
ALBERICH
ALBERICH
Você acha que eu sou mentiroso
Meinst du, ich lüg'
e fanfarrão como Loge?
und prahle wie Loge?
LOGE
LOGE
Até que seja provado,
Bis ich's geprüft,
duvidarei da sua palavra, anão.
bezweifl' ich, Zwerg, dein Wort.
ALBERICH
ALBERICH
O imbecil está inchado de esperteza
Vor Klugheit bläht sich
até estourar!
zum Platzen der Blöde!
Então morra de inveja!
Nun plage dich Neid!
Escolha: em que forma devo
Bestimm', in welcher Gestalt
aparecer agora diante de você?
soll ich jach vor dir stehn?
LOGE
LOGE
Naquela que quiser;
In welcher du willst;
deixe-me mudo de espanto.
nur mach' vor Staunen mich stumm.
ALBERICH
ALBERICH
[Coloca o elmo] “Dragão gigante
[Setzt den Helm auf] "Riesenwurm
tocendo e retorcendo!”
winde sich ringelnd!"
[Desaparece imediatamente. Em seu lugar, uma enorme
[Sogleich verschwindet er. Statt seiner windet sich eine
cobra gigante surge no chão, erguendo-se de presas
ungeheure Riesenschlange am Boden; sie bäumt sich und
abertas sobre Wotan e Loge]
streckt den aufgesperrten Rachen nach Wotan und Loge hin]
LOGE
LOGE
[Fingindo ser tomado pelo medo]
[Stellt sich von Furcht ergriffen]
Ui! Ui!
Ohe! Ohe!
Terrível cobra,
Schreckliche Schlange,
não me devore!
verschlinge mich nicht!
Poupe a vida de Loge!
Schone Logen das Leben!
WOTAN
WOTAN
[Rindo]
[Lachend]
Muito bem, Alberich!
Gut, Alberich!
Muito bem, espertalhão!
Gut, du Arger!
Como ele cresceu rápido,
Wie wuchs so rasch
de anão virou dragão!
zum riesigen Wurme der Zwerg!
[A cobra desaparece; em seu lugar, Alberich surge
[Die Schlange verschwindet; statt ihrer erscheint sogleich
imediatamente, em sua forma real]
Alberich wieder in seiner wirklichen Gestalt]
ALBERICH
ALBERICH
Hehe! E então, sabichões,
Hehe! Ihr Klugen,
agora acreditam em mim?
glaubt ihr mir nun?
LOGE
LOGE
[Com voz trêmula]
[Mit zitternder Stimme]
Meu tremor pode confirmá-lo.
Mein Zittern mag dir's bezeugen.
Você virou rapidamente
Zur grossen Schlange
uma cobra enorme:
schufst du dich schnell:
agora que testemunhei, acredito
weil ich's gewahrt,
de boa vontade no milagre.
willig glaub' ich dem Wunder.
Porém, assim como cresceu,
Doch, wie du wuchsest,
você conseguiria ficar miúdo,
kannst du auch winzig
bem pequeno?
und klein dich schaffen?
Parece-me a forma mais sábia
Das Klügste schien' mir das,
e astuciosa de escapar ao perido:
Gefahren schlau zu entfliehn:
mas acho que é difícil demais!
das aber dünkt mich zu schwer!
ALBERICH
ALBERICH
Difícil demais para você,
Zu schwer dir,
que é burro demais!
weil du zu dumm!
Quão pequeno devo ficar?
Wie klein soll ich sein?
LOGE
LOGE
Você teria que caber na menor fenda,
Dass die feinste Klinze dich fasse,
onde um sapo se esconde.
wo bang die Kröte sich birgt.
ALBERICH
ALBERICH
Ah! Nada mais fácil!
Pah! Nichts leichter!
Olha só!
Luge du her!
[Coloca o elmo]
[Er setzt den Helm auf]
“Curvo e cinzento, rasteja, sapo!”
"Krumm und grau krieche Kröte!"
[Desaparece; os deuses percebem
[Er verschwindet; die Götter gewahren im Gestein eine Kröte
um sapo nas pedras]
sich zukriechen]
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 74
LOGE
LOGE
[Para Wotan]
[Zu Wotan]
O sapo está lá:
Dort, die Kröte,
pegue-o, rápido!
greife sie rasch!
[Wotan coloca o pé no sapo, Loge o agarra pela cabeça e
[Wotan setzt seinen Fuss auf die Kröte, Loge fährt ihr nach
segura o Tarnhelm]
dem Kopfe und hält den Tarnhelm in der Hand]
ALBERICH
ALBERICH
[Torna-se subitamente visível em sua forma real, retorcido
[Ist plötzlich in seiner wirklichen Gestalt sichtbar geworden,
sob o pé de Wotan]
wie er sich unter Wotans Fusse windet]
Ai! Maldição!
Ohe! Verflucht!
Fui preso!
Ich bin gefangen!
LOGE
LOGE
Segure-o firme,
Halt' ihn fest,
até eu amarrá-lo.
bis ich ihn band.
[Loge pega uma corda, amarrando as mãos e as pernas de
[Loge hat ein Bastseil hervorgeholt und bindet Alberich
Alberich]
damit Hände und Beine]
Para cima, rápido:
Nun schnell hinauf:
lá ele é nosso!
dort ist er unser!
[Ambos pegam o amordaçado, que se debate furiosamente,
[Den Geknebelten, der sich wütend zu wehren sucht, fassen
e o arrastam para a gruta de onde vieram.
beide und schleppen ihn mit sich zu der Kluft, aus der sie
Lá desaparecem, sempre a subir. -
herabkamen. Dort verschwinden sie, aufwärts steigend. - Die
O cenário muda, como antes, porém na direção inversa. -
Szene verwandelt sich, nur in umgekehrter Weise, wie zuvor. -
A transformação continua, passando pelas bigornas dos
Die Verwandlung führt wieder an den Schmieden vorüber -
ferreiros, e subindo. - Wotan e Loge, trazendo Alberich amarrado,
Fortdauernde Verwandlung nach oben. - Wotan und Loge, den gebundenen Alberich mit sich führend, steigen aus der
saem da gruta]
Kluft herauf]
QUARTA CENA
VIERTE SZENE
Espaço aberto no topo da montanha
Freie Gegend auf Bergeshöhen
[A visão continua encoberta pela tênue neblina, como no
[Die Aussicht ist noch in fahle Nebel verhüllt wie am Schluss
final da segunda cena]
der zweiten Szene]
LOGE
LOGE
Aí, primo,
Da, Vetter,
fique bem sentado.
sitze du fest!
Olhe, querido,
Luge Liebster,
lá está o mundo,
dort liegt die Welt,
que você, vagabundo, queria conquistar:
die du Lungrer gewinnen dir willst:
diga-me, que lugarzinho você reservou
welch Stellchen, sag',
para o meu estábulo?
bestimmst du drin mir zu Stall?
[Tripudia, dançando]
[Er schlägt tanzend ihm Schnippchen]
ALBERICH
ALBERICH
Ladrão infame!
Schändlicher Schächer!
Malandro! Vigarista!
Du Schalk! Du Schelm!
Solte a corda,
Löse den Bast,
desamarre-me, seu meliante,
binde mich los,
ou vai pagar por isso!
den Frevel sonst büssest du Frecher!
WOTAN
WOTAN
Você está preso,
Gefangen bist du,
e muito bem amarrado,
fest mir gefesselt,
do jeito que você queria o mundo,
wie du die Welt,
e tudo que vive e se move;
was lebt und webt,
ei-lo atado diante de mim,
in deiner Gewalt schon wähntest,
Seu medroso,
in Banden liegst du vor mir,
não há como negar!
du Banger kannst es nicht leugnen!
Para se libertar,
Zu ledigen dich,
terá que pagar um resgate.
bedarf 's nun der Lösung.
ALBERICH
ALBERICH
Fui um palerma,
O ich Tropf,
um tonto sonhador!
ich träumender Tor!
Como fui estúpido ao acreditar
Wie dumm traut' ich
na sua astúcia de ladrão!
dem diebischen Trug!
Uma fúria terrível
Furchtbare Rache
vingará essa falta!
räche den Fehl!
LOGE
LOGE
Se quer se vingar,
Soll Rache dir frommen,
liberte-se de qualquer modo;
vor allem rate dich frei:
quem é livre não teme a injúria
dem gebundnen Manne
de quem está preso.
büsst kein Freier den Frevel.
Portanto, se você pensa em vingança,
Drum, sinnst du auf Rache,
preocupe-se primeiro com o resgate,
rasch ohne Säumen
rápido, e sem demora!
sorg' um die Lösung zunächst!
[Estalando os dedos, demonstra como obter o resgate]
[Er zeigt ihm, den Fingern schnalzend, die Art der Lösung an]
ALBERICH
ALBERICH
[Rude]
[Barsch]
Então digam o que querem.
So heischt, was ihr begehrt!
WOTAN
WOTAN
O tesouro e seu ouro brilhante.
Den Hort und dein helles Gold.
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 76
ALBERICH
ALBERICH
Bando de vigaristas ávidos!
Gieriges Gaunergezücht!
[Para si]
[Für sich]
Se eu ficar só com o anel
Doch behalt' ich mir nur den Ring,
posso me separar do tesouro sem problemas;
des Hortes entrat' ich dann leicht;
pois tenho como ganhá-lo de volta
denn von neuem gewonnen
e aumentá-lo rapidamente
und wonnig genährt
graças ao controle do anel:
ist er bald durch des Ringes Gebot:
essa advertência
eine Witzigung wär's,
vai me deixar mais sábio;
die weise mich macht;
a lição não vai me sair muito cara
zu teuer nicht zahl' ich,
se o pagamento for essa bagatela.
lass' für die Lehre ich den Tand.
WOTAN
WOTAN
Vai entregar o tesouro?
Erlegst du den Hort?
ALBERICH
ALBERICH
Solte a minha mão,
Löst mir die Hand,
para que eu possa reuni-lo.
so ruf' ich ihn her.
[Loge destata os nós da mão direita]
[Loge löst ihm die Schlinge an der rechten Hand]
[Toca o anel com os lábios e murmura uma ordem, em
[Berührt den Ring mit den Lippen und murmelt heimlich
segredo]
einen Befehl]
Muito bem, já convoquei
Wohlan, die Nibelungen
os nibelungos.
rief ich mir nah'.
Obedecem o mestre,
Ihrem Herrn gehorchend,
e posso ouvir o tesouro
hör' ich den Hort
sair das profundezas para a luz do dia:
aus der Tiefe sie führen zu Tag:
agora libertem-me dessas amarras importunas!
nun löst mich vom lästigen Band!
WOTAN
WOTAN
Só quando tudo for pago.
Nicht eh'r, bis alles gezahlt.
[Os nibelungos saem da gruta,
[Die Nibelungen steigen aus der Kluft herauf, mit den
carregando as joias do tesouro,
Geschmeiden des Hortes beladen. - Während des
que começam a empilhar]
Folgenden schichten die Nibelungen den Hort auf]
ALBERICH
ALBERICH
Oh, humilhação vergonhosa!
O schändliche Schmach!
Meus escravos trêmulos
Dass die scheuen Knechte
estão me vendo acorrentado!
geknebelt selbst mich ersch'aun!
[Para os nibelungos]
[Zu den Nibelungen]
Tragam para cá
Dorthin geführt,
como eu mandei!
wie ich's befehlt'!
Empilhem
All zu Hauf
o tesouro!
schichtet den Hort!
Terei que ajudá-los, seus aleijados?
Helf' ich euch Lahmen?
Não olhem para cá!
Hieher nicht gelugt!
Rápido, rápido!
Rasch da, rasch!
Depois saiam daqui
Dann rührt euch von hinnen,
e voltem a trabalhar para mim!
dass ihr mir schafft!
De volta para as cavernas!
Fort in die Schachten!
Ai de vocês se fizerem corpo mole!
Weh' euch, find' ich euch faul!
Estarei nos seus calcanhares!
Auf den Fersen folg' ich euch nach!
[Beija o anel e o segura, imperiosamente. -
[Er küsst seinen Ring und streckt ihn gebieterisch aus. - Wie
Como se tivessem levado um golpe,
von einem Schlage getroffen, drängen sich die Nibelungen
os nibelungos voltam para a gruta, trêmulos e temerosos,
scheu und ängstlich der Kluft zu, in die sie schnell
sumindo rapidamente]
hinabschlüpfen]
Já paguei:
Gezahlt hab' ich;
agora me deixem partir:
nun lasst mich zieh'n:
e podem me devolver
und das Helmgeschmeid',
esse elmo
das Loge dort hält,
que Loge está segurando!
das gebt mir nun gütlich zurück!
LOGE
LOGE
[Colocando o Tarnhelm na pilha]
[Den Tarnhelm auf den Hort werfend]
O butim faz parte da multa.
Zur Busse gehört auch die Beute.
ALBERICH
ALBERICH
Maldito ladrão!
Verfluchter Dieb!
[Baixo]
[Leise]
Paciência!
Doch nur Geduld!
Quem me fez o velho
Der den alten mir schuf,
poderá me fazer um novo;
schafft einen andern:
continuo tendo o poder
noch halt' ich die Macht,
de obrigar Mime.
der Mime gehorcht.
É duro, porém,
Schlimm zwar ist's,
deixar minha mais ardilosa defesa
dem schlauen Feind
nas mãos do inimigo espertalhão!
zu lassen die listige Wehr!
Pois bem! Alberich
Nun denn! Alberich
já deu tudo:
liess euch alles:
agora me desamarrem, seus malvados.
jetzt löst, ihr Bösen, das Band.
LOGE
LOGE
[Para Wotan]
[Zu Wotan]
Está satisfeito?
Bist du befriedigt?
Devo soltá-lo?
Lass' ich ihn frei?
WOTAN
WOTAN
Um anel dourado
Ein goldner Ring
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 78
repousa no seu dedo;
ragt dir am Finger;
está me ouvindo, gnomo?
hörst du, Alp?
Creio que ele também faz parte do tesouro.
Der, acht' ich, gehört mit zum Hort.
ALBERICH
ALBERICH
[Horrorizado]
[Entsetzt]
O anel?
Der Ring?
WOTAN
WOTAN
Para ficar livre
Zu deiner Lösung
você tem que entregá-lo.
musst du ihn lassen.
ALBERICH
ALBERICH
[Trêmulo]
[Bebend]
Minha vida, mas não o anel!
Das Leben, doch nicht den Ring!
WOTAN
WOTAN
[Veemente]
[Heftiger]
Exijo o anel:
Den Reif' verlang' ich,
com a vida, pode fazer o que quiser!
mit dem Leben mach', was du willst!
ALBERICH
ALBERICH
Se vou salvar meu corpo e alma,
Lös' ich mir Leib und Leben,
também tenho que salvar o anel;
den Ring auch muss ich mir lösen;
Mão e cabeça,
Hand und Haupt,
olhos e ouvidos,
Aug' und Ohr
não são mais meus do que
sind nicht mehr mein Eigen,
esse anel escarlate!
als hier dieser rote Ring!
WOTAN
WOTAN
Você está chamando o anel de seu?
Dein Eigen nennst du den Ring?
Ficou bravo, gnomo sem-vergonha?
Rasest du, schamloser Albe?
Diga-me de verdade,
Nüchtern sag',
de quem você tirou o ouro,
wem entnahmst du das Gold,
com o qual fez o anel brilhante?
daraus du den schimmernden schufst?
Era seu aquilo
War's dein Eigen,
que você, seu pérfido,
was du Arger
tirou do fundo das águas?
der Wassertiefe entwandt?
Pergunte
Bei des Rheines Töchtern
às filhas do Reno
hole dir Rat,
se foi de bom grado
ob ihr Gold sie
que elas lhe deram o ouro
zu eigen dir gaben,
que você roubou para fazer o anel!
das du zum Ring dir geraubt!
ALBERICH
ALBERICH
Perfídia descarada!
Schmähliche Tücke!
Traição vergonhosa!
Schändlicher Trug!
Ladrão, você me joga na cara
Wirfst du Schächer
a culpa por algo
die Schuld mir vor,
que tanto desejou?
die dir so wonnig erwünscht?
Você roubaria de bom grado
Wie gern raubtest
o ouro do Reno
du selbst dem Rheine das Gold,
se conseguisse com facilidade
war nur so leicht
a arte de forjar o anel!
die Kunst, es zu schmieden, erlangt?
Seu hipócrita,
Wie glückt es nun
como foi conveniente para você,
dir Gleissner zum Heil,
que eu, o nibelungo,
dass der Niblung, ich,
na mais vergonhosa miséria,
aus schmählicher Not,
enlouquecido de raiva,
in des Zornes Zwange,
tenha obtido o terrível feitiço
den schrecklichen Zauber gewann,
cuja obra agora lhe sorri.
dess' Werk nun lustig dir lacht?
O ato maldito,
Des Unseligen,
terrível,
Angstversehrten
realizado pelo ser desgraçado,
fluchfertige,
cheio de medo,
furchtbare Tat,
vai ser o seu brinquedo principesco,
zu fürstlichem Tand
vai lhe servir alegremente,
soll sie fröhlich dir taugen,
minha maldição será a sua alegria.
zur Freude dir frommen mein Fluch? -
Tome cuidado,
Hüte dich,
oh deus autoritário!
herrischer Gott!
Se eu pequei,
Frevelte ich,
pequei livremente contra mim mesmo;
so frevelt' ich frei an mir:
porém você, imortal, estará pecando
doch an allem, was war,
contra tudo que foi,
ist und wird,
é e será,
frevelst, Ewiger, du,
se me arrancar o anel!
entreissest du frech mir den Ring!
WOTAN
WOTAN
Passa o anel!
Her der Ring!
Sua tagarelice não comprova
Kein Recht an ihm
nenhum direito a ele.
schwörst du schwatzend dir zu.
[Agarra Alberich, arrancando-lhe
[Er ergreift Alberich und entzieht seinem Finger mit heftiger
violentamente o anel]
Gewalt den Ring]
ALBERICH
ALBERICH
[Com um grito medonho]
[Grässlich aufschreiend]
Ah! Destruído! Arruinado!
Ha! Zertrümmert! Zerknickt!
O mais triste dos escravos!
Der Traurigen traurigster Knecht!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 80
WOTAN
WOTAN
[Olhando para o anel]
[Den Ring betrachtend]
Agora tenho o que me eleva
Nun halt' ich, was mich erhebt,
ao mais poderoso dentre os poderosos!
der Mächtigen mächtigsten Herrn!
[Coloca o anel]
[Er steckt den Ring an]
LOGE
LOGE
[Para Wotan]
[Zu Wotan]
Ele está livre?
Ist er gelöst?
WOTAN
WOTAN
Solte-o!
Bind' ihn los!
[Loge desamarra Alberich]
[Loge löst Alberich vollends die Bande]
LOGE
LOGE
[Para Alberich]
[Zu Alberich]
Pode se arrastar de volta!
Schlüpfe denn heim!
Nenhuma amarra o retém:
Keine Schlinge hält dich:
está livre!
frei fahre dahin!
ALBERICH
ALBERICH
[Levantando-se]
[Sich erhebend]
Estou livre?
Bin ich nun frei?
[Com um riso furioso]
[Wütend lachend]
Livre mesmo?
Wirklich frei? -
Então lhes deixo a primeira
So grüss' euch denn
saudação de minha liberdade!
meiner Freiheit erster Gruss! -
Já que ele me chegou pela maldição,
Wie durch Fluch er mir geriet,
agora amaldiçoo o anel!
verflucht sei dieser Ring!
Assim como seu ouro me deu
Gab sein Gold
poder desmedido,
mir Macht ohne Mass,
que seu feitiço traga
nun zeug' sein Zauber
morte, a quem o usar!
Tod dem, der ihn trägt!
Ninguém vai ficar
Kein Froher soll
alegre com ele,
seiner sich freun,
seu brilho cintilante
keinem Glücklichen lache
não sorrirá a ninguém!
sein lichter Glanz!
Quem o tiver,
Wer ihn besitzt,
vai se consumir de preocupação,
den sehre die Sorge,
e quem não o tiver,
und wer ihn nicht hat,
vai se comer de inveja!
den nage der Neid!
Todos vão ansiar
Jeder giere
pelo seu bem
nach seinem Gut,
mas ninguém vai desfrutar
doch keiner geniesse
de seus benefícios!
mit Nutzen sein!
Seu senhor o guardará sem proveito;
Ohne Wucher hüt' ihn sein Herr;
e o assassino será atraído por ele!
doch den Würger zieh' er ihm zu!
Condenado à morte,
Dem Tode verfallen,
o covarde vai tremer de medo,
fessle den Feigen die Furcht:
e, enquanto viver,
solang er lebt,
vai desejar a morte,
sterb' er lechzend dahin,
o senhor do anel,
des Ringes Herr
será o escravo do anel;
als des Ringes Knecht:
até que o que foi roubado
bis in meiner Hand
volte para as minhas mãos!
den geraubten wieder ich halte! -
Assim, em supremo pesar,
So segnet
o nibelungo abençoa
in höchster Not
o seu anel!
der Nibelung seinen Ring!
Guardem-no agora,
Behalt' ihn nun,
[Rindo]
[Lachend]
tomem conta dele:
hüte ihn wohl:
[Raivoso]
[Grimming]
não escaparão da minha maldição!
meinem Fluch fliehest du nicht!
[Some rapidamente na gruta. A densa neblina da frente do
[Er verschwindet schnell in der Kluft. - Der dichte Nebelduft
palco se dissolve gradualmente]
des Vordergrundes klärt sich allmählich auf]
LOGE
LOGE
Você ouviu
Lauschtest du
sua saudação amorosa?
seinem Liebesgruss?
WOTAN
WOTAN
[Absorto na contemplação do anel em sua mão]
[In den Anblick des Ringes an seiner Hand versunken]
Deixemo-lhe o prazer de vociferar!
Gönn' ihm die geifernde Lust!
[Vai ficando cada vez mais claro]
[Er wird immer heller]
LOGE
LOGE
[Olhando para a direita do palco]
[Nach rechts in die Szene blickend]
Fasolt e Fafner
Fasolt und Fafner
vêm chegando, ao longe;
nahen von fern:
estão trazendo Freia.
Freia führen sie her.
[Donner, Froh e Fricka surgem da neblina que se dispersa
[Aus dem sich immer mehr zerteilenden Nebel erscheinen
cada vez mais, e chegam à frente]
Donner, Froh und Fricka und eilen dem Vordergrunde zu]
FROH
FROH
Voltaram!
Sie kehren zurück!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 82
DONNER
DONNER
Bem-vindos, irmãos!
Willkommen, Bruder!
FRICKA
FRICKA
[Preocupada, para Wotan]
[Besorgt zu Wotan]
Você traz boas notícias?
Bringst du gute Kunde?
LOGE
LOGE
[Apontando para o tesouro]
[Auf den Hort deutend]
A tarefa foi levada a cabo
Mit List und Gewalt
com astúcia e força;
gelang das Werk:
aí está o que vai libertar Freia.
dort liegt, was Freia löst.
DONNER
DONNER
Holda está voltando
Aus der Riesen Haft
da prisão dos gigantes.
naht dort die Holde.
FROH
FROH
Que brisa suave
Wie liebliche Luft
volta a soprar entre nós,
wieder uns weht,
que sensação doce
wonnig' Gefühl
a preencher os sentidos!
die Sinne erfüllt!
Seria triste para todos nós,
Traurig ging es uns allen,
ficarmos separados dela para sempre,
getrennt für immer von ihr,
ela que nos dá juventude eterna e sem penas
die leidlos ewiger Jugend
e uma alegria exultante.
jubelnde Lust uns verleiht.
[Fasolt e Fafner entram, trazendo Freia. A frente do palco
[Fasolt und Fafner treten auf, Freia zwischen sich führend.
voltou a ficar bem iluminada; a aparência dos deuses
Der Vordergrund ist wieder ganz hell geworden; das
recuperou seu frescor inicial;
Aussehen der Götter gewinnt durch das Licht wieder die
ao fundo, ainda reina a neblina,
erste Frische; über dem Hintergrunde haftet jedoch noch
de modo que o distante castelo permanece invisível.
der Nebelschleier, so dass die ferne Burg unsichtbar bleibt.
Fricka corre alegremente para a irmã, para abraçá-la]
Fricka eilt freudig auf die Schwester zu, um sie zu umarmen]
FRICKA
FRICKA
Querida irmã,
Lieblichste Schwester,
doce alegria!
süsseste Lust!
Ganhei-a de volta?
Bist du mir wieder gewonnen?
FASOLT
FASOLT
[Interpondo-se]
[Ihr wehrend]
Alto! Não a toque!
Halt! Nicht sie berührt!
Ela ainda nos pertence!
Noch gehört sie uns.
Paramos na fronteira
Auf Riesenheims
da Terra dos Gigantes
ragender Mark
para descansar;
rasteten wir;
Cuidamos
mit treuem Mut
fielmente
des Vertrages Pfand
da refém.
pflegten wir.
Por mais que lamente,
So sehr mich's reut,
trago-a de volta:
zurück doch bring' ich's,
paguem o resgate
erlegt uns Brüdern
aos irmãos!
die Lösung ihr.
WOTAN
WOTAN
Eis o resgate:
Bereit liegt die Lösung:
vamos medir direito
des Goldes Mass
a massa de ouro.
sei nun gütlich gemessen.
FASOLT
FASOLT
Você sabe o quanto me doi
Das Weib zu missen,
perder a mulher:
wisse, gemutet mich weh:
para que ela suma de meu pensamento,
soll aus dem Sinn sie mir schwinden
empilhe o ouro
des Geschmeides Hort
de modo a esconder
häufet denn so,
a bela
dass meinem Blick
do meu olhar!
die Blühende ganz er verdeck'!
WOTAN
WOTAN
Que Freia seja a medida
So stellt das Mass
do monte de ouro!
nach Freias Gestalt!
[Ambos os gigantes colocam Freia no meio. -
[Freia wird von den beiden Riesen in die Mitte gestellt. -
Em seguida, fincam, no chão,
Darauf stossen sie ihre Pfähle zu Freias beiden Seiten so
estacas em ambos os lados de Freia, para marcar sua altura
in den Boden, dass sie gleiche Höhe und Breite mit ihrer
e largura]
Gestalt messen]
FAFNER
FAFNER
As estacas estão fincadas,
Gepflanzt sind die Pfähle
de acordo com o tamanho da refém;
nach Pfandes Mass;
agora preencham o espaço com o tesouro!
Gehäuft nun füll' es der Hort!
WOTAN
WOTAN
Corram com a tarefa;
Eilt mit dem Werk:
ela me enoja!
widerlich ist mir's!
LOGE
LOGE
Ajude-me, Froh!
Hilf mir, Froh!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 84
FROH
FROH
Corro rápido para acabar
Freias Schmach
com a vergonha de Freia.
eil' ich zu enden.
[Loge e Froh amontoam às pressas as
[Loge und Froh häufen hastig zwischen den Pfählen das
pilhas de joias]
Geschmeide]
FAFNER
FAFNER
Está muito mole,
Nicht so leicht
juntem mais!
und locker gefügt!
[Com o máximo de força, junta as joias o quanto pode]
[Er drückt mit roher Kraft die Geschmeide dicht zusammen]
Preencham o espaço
Fest und dicht
de modo firme e compacto!
füll' er das Mass.
[Inclina-se para ver se há buracos]
[Er beugt sich, um nach Lücken zu spähen]
Consigo enxergar aqui no meio:
Hier lug' ich noch durch:
tapem os buracos!
verstopft mir die Lücken!
LOGE
LOGE
Para trás, seu tosco!
Zurück, du Grober!
Não toque em nada!
Greif' mir nichts an!
FAFNER
FAFNER
Aqui! Cubram a fissura!
Hierher! die Klinze verklemmt!
WOTAN
WOTAN
[Vira-se, mal-humorado]
[Unmutig sich abwendend]
A injúria arde fundo
Tief in der Brust
em meu peito!
brennt mir die Schmach!
FRICKA
FRICKA
[Fixando o olhar em Freia]
[Den Blick auf Freia geheftet]
Olha a vergonha
Sieh, wie in Scham
e humilhação que cobrem a pura:
schmählich die Edle steht:
implora pela libertação
um Erlösung fleht
com um olhar silencioso e de dor.
stumm der leidende Blick.
Homem mau!
Böser Mann!
Esse é o seu presente à querida!
der Minnigen botest du das!
FAFNER
FAFNER
Mais!
Noch mehr!
Mais! Aqui!
Noch mehr hierher!
DONNER
DONNER
Mal consigo me conter:
Kaum halt' ich mich:
esse zé-mané sem vergonha
schäumende Wut
me faz espumar de ódio!
weckt mir der schamlose Wicht!
Aqui, seu cachorro!
Hierher, du Hund!
Se você quer medir,
Willst du messen,
meça-se comigo!
so miss dich selber mit mir!
FROH
FAFNER
Calma, Donner!
Ruhig, Donner!
Deixe a braveza para outra hora:
Rolle, wo's taugt:
aqui não adiante matraquear!
hier nützt dein Rasseln dir nichts!
DONNER
DONNER
[Recuando]
[Ausholend]
Nem para fazer um bandido em pedaços?
Nicht dich Schmähl'chen zu zerschmettern?
WOTAN
WOTAN
Paz!
Friede doch!
Acho que Freia já está coberta.
Schon dünkt mich Freia verdeckt.
LOGE
LOGE
O tesouro acabou.
Der Hort ging auf.
FAFNER
FAFNER
[Mede o tesouro com o olhar, procurando lacunas]
[Misst den Hort genau mit dem Blick und späht nach Lücken]
O cabelo de Holda ainda brilha:
Noch schimmert mir Holdas Haar:
jogue aquele objeto
dort das Gewirk
na pilha!
wirf auf den Hort!
LOGE
LOGE
Como? O elmo também?
Wie? Auch den Helm?
FAFNER
FAFNER
Passe para cá, rápido!
Hurtig, her mit ihm!
WOTAN
WOTAN
Tudo bem, deixa!
Lass ihn denn fahren!
LOGE
LOGE
[Coloca o Tarnhelm na pilha]
[Wirft den Tarnhelm auf den Hort]
Então é isso!
So sind wir denn fertig!
Estão satisfeitos?
Seid ihr zufrieden?
FASOLT
FASOLT
Não vejo mais
Freia, die Schöne,
Freia, a bela:
schau' ich nicht mehr:
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 86
então ela está livre?
so ist sie gelöst?
Terei que deixá-la?
Muss ich sie lassen?
[Aproxima-se e começa a espreitar o tesouro]
[Er tritt nahe hinzu und späht durch den Hort]
Ai! Ainda posso ver
Weh! Noch blitzt
o brilho de seu olhar;
ihr Blick zu mir her;
A estrela de seus olhos
des Auges Stern
continuam cintilando do para mim:
strahlt mich noch an:
eu os vejo
durch eine Spalte
através de uma fenda.
muss ich's erspäh'n.
[Fora de si]
[Ausser sich]
Vejo os olhos maravilhosos,
Seh' ich dies wonnige Auge,
e não consigo desistir da mulher!
von dem Weibe lass' ich nicht ab!
FAFNER
FAFNER
Ah! Meu conselho é que
He! Euch rat' ich,
tapem a fenda!
verstopft mir die Ritze!
LOGE
LOGE
Insaciáveis!
Nimmersatte!
Vocês não estão vendo
seht ihr denn nicht,
que o ouro acabou?
ganz schwand uns das Gold?
FAFNER
FAFNER
De jeito nenhum, meu amigo!
Mitnichten, Freund!
No dedo de Wotan
An Wotans Finger
cintila um anel de ouro:
glänzt von Gold noch ein Ring:
tapem a fenda com ele!
den gebt, die Ritze zu füllen!
WOTAN
WOTAN
O quê? Com esse anel?
Wie! Diesen Ring?
LOGE
LOGE
Vou lhe dar um conselho!
Lasst euch raten!
Esse ouro pertence
Den Rheintöchtern
às filhas do Reno;
gehört dies Gold;
Wotan vai devolvê-lo.
ihnen gibt Wotan es wieder.
WOTAN
WOTAN
Que papo é esse?
Was schwatztest du da?
O que foi tão difícil de conquistar
Was schwer ich mir erbeutet,
vou guardar para mim, sem temor!
ohne Bangen wahr' ich's für mich!
LOGE
LOGE
Isso vai ficar mal
Schlimm dann steht's
para a promessa que dei
um mein Versprechen,
àquelas que se queixavam!
das ich den Klagenden gab!
WOTAN
WOTAN
A promessa é sua, não minha;
Dein Versprechen bindet mich nicht;
o anel é meu butim.
als Beute bleibt mir der Reif.
FAFNER
FAFNER
Então ele tem que
Doch hier zur Lösung
fazer parte do resgate.
musst du ihn legen.
WOTAN
WOTAN
Sejam atrevidos, exijam o que quiserem,
Fordert frech, was ihr wollt,
darei tudo,
alles gewähr' ich;
porém, nem pelo mundo todo
um alle Welt, doch
vou largar do anel!
nicht fahren lass' ich den Ring!
FASOLT
FASOLT
[Puxa Freia furiosamente de trás do tesouro]
[Zieht wütend Freia hinter dem Horte hervor]
Então acabou,
Aus denn ist's,
ficamos com o acordo antigo;
beim Alten bleibt's;
Freia é nossa para sempre!
nun folgt uns Freia für immer!
FREIA
FREIA
Socorro! Socorro!
Hülfe! Hülfe!
FRICKA
FRICKA
Deus cruel,
Harter Gott,
ceda a eles!
gib ihnen nach!
FROH
FROH
Não poupe o ouro!
Spare das Gold nicht!
DONNER
DONNER
Entregue o anel de uma vez!
Spende den Ring doch!
[Fafner detém Fasolt, que está para partir; todos ficam
[Fafner hält den fortdrängenden Fasolt noch auf: alle stehen
consternados]
bestürzt]
WOTAN
WOTAN
Deixem-me em paz!
Lasst mich in Ruh'!
O anel eu não entrego!
Den Reif geb' ich nicht!
[Wotan se vira, bravo. O cenário volta a escurecer. - De uma
[Wotan wendet sich zürnend zur Seite. Die Bühne hat sich
fratura na rocha, ao lado, entra um brilho azulado, no qual,
von neuem verfinstert. - Aus der Felskluft zur Seite bricht ein
de repente, avista-se Erda, que emerge do abismo até a
bläulicher Schein hervor; in ihm wird plötzlich Erda sichtbar,
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 88
metade de seu corpo; sua forma nobre é emoldurada por
die bis zu halber Leibeshöhe aus der Tiefe aufsteigt; sie ist
uma longa cabeleira negra]
von edler Gestalt, weithin von schwarzem Haar umwallt]
ERDA
ERDA
[Esticando a mão na direção de Wotan]
[Die Hand maknend gegen Wotan ausstreckend]
Ceda, Wotan! Ceda!
Weiche, Wotan! Weiche!
Fuja da maldição do anel!
Flieh' des Ringes Fluch!
A posse dele
Rettungslos
vai lhe trazer
dunklem Verderben
destruição sombria e irremediável.
weiht dich sein Gewinn.
WOTAN
WOTAN
Quem é você, mulher ameaçadora?
Wer bist du, mahnendes Weib?
ERDA
ERDA
Sei tudo que foi,
Wie alles war - weiss ich;
tudo que é,
wie alles wird,
tudo que será, -
wie alles sein wird, -
Vejo também,
seh' ich auch,
o mundo eterno
der ew'gen Welt
Urwala,
Urwala,
Erda, adverte a sua coragem.
Erda, mahnt deinen Mut.
Meu ventre deu à luz
Drei der Töchter,
três filhas,
urerschaff'ne,
concebidas nos primórdios:
gebar mein Schoss;
o que eu vejo,
was ich sehe,
as Nornas lhe contam, à noite.
sagen dir nächtlich die Nornen.
Extremo perigo, porém,
Doch höchste Gefahr
traz-me hoje em pessoa
führt mich heut'
até você.
selbst zu dir her.
Ouça! Ouça! Ouça!
Höre! Höre! Höre!
Tudo que existe vai acabar.
Alles was ist, endet.
Um dia sombrio
Ein düst'rer Tag
se abate sobre os deuses:
dämmert den Göttern:
eu aconselho: fuja do anel!
dir rat' ich, meide den Ring!
[Erda mergulha lentamente, até o peito, enquanto a luz
[Erda versinkt langsam bis an die Brust, während der
azulada começa a escurecer]
bläuliche Schein zu dunkeln beginnt]
WOTAN
WOTAN
Suas palavas são cheias de
Geheimnishehr
mistério e poder!
hallt mir dein Wort:
Fique, para eu saber mais!
weile, dass mehr ich wisse!
ERDA
ERDA
[Afundando]
[Im Versinken]
Já fiz a advertência;
Ich warnte dich;
você sabe o suficiente:
du weisst genug:
pense a respeito, com cuidado e preocupação!
sinn' in Sorg' und Furcht!
[Desaparece completamente]
[Sie verschwindet gänzlich]
WOTAN
WOTAN
Se devo ter cuidado e preocupação,
Soll ich sorgen und fürchten,
vou agarrá-la,
dich muss ich fassen,
para saber de tudo!
alles erfahren!
[Wotan quer desaparecer no buraco para ir atrás dela;
[Wotan will der Verschwindenden in die Kluft nach um sie zu
Froh e Fricka vão em sua direção
halten, Froh und Fricka werfen sich him entgegen und halten
e o detém]
ihn zurück]
FRICKA
FRICKA
Está querendo o que, seu raivoso?
Was willst du, Wütender?
FROH
FROH
Pare, Wotan!
Halt' ein, Wotan!
Respeite a nobre,
Scheue die Edle,
leve suas palavras em conta!
achte ihr Wort!
[Wotan olha para a frente, meditativo]
[Wotan starrt sinnend vor sich hin]
DONNER
DONNER
[Voltando-se para os gigantes, resoluto]
[Sich entschlossen zu den Riesen wendend]
Ouçam, gigantes!
Hört, ihr Riesen!
Voltem e esperem:
Zurück, und harret:
vocês vão receber o ouro.
das Gold wird euch gegeben.
FREIA
FREIA
Posso ter esperança?
Darf ich es hoffen?
Vocês realmente acham Holda
Dünkt euch Holda
digna de resgate?
wirklich der Lösung wert?
[Todos olham tensos para Wotan que, depois de profunda
[Alle blicken gespannt auf Wotan; dieser, nach tiefem Sinnen
meditação, volta a si, pega a lança e a brande, como sinal de
zu sich kommend, erfasst seinen Speer und schwenkt ihn,
corajosa resolução]
wie zum Zeichen eines mutigen Entschlusses]
WOTAN
WOTAN
Venha cá, Freia!
Zu mir, Freia!
Você está livre.
Du bist befreit.
Compramos de volta
Wieder gekauft
a juventude!
kehr' uns die Jugend zurück!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 90
Gigantes, tomem o seu anel!
Ihr Riesen, nehmt euren Ring!
[Joga o anel na pilha. Os gigantes libertam Freia, que se
[Er wirft den Ring auf den Hort. Die Riesen lassen Freia los;
precipita alegremente na direção dos deuses, os quais
sie eilt freudig auf die Götter zu, die sie abwechselnd längere
passam longo tempo em demonstrações de afeto. - Fafner
Zeit in höchster Freude liebkosen. - Fafner breitet sogleich
tira da pilha um enorme saco, e começa a enchê-lo com o
einen ungeheuren Sack aus und macht sich über den Hort
tesouro]
her, um ihn da hinein zu schichten]
FASOLT
FASOLT
[Indo na direção do irmão]
[Dem Bruder sich entgegenwerfend]
Pare, guloso!
Halt, du Gieriger!
Deixe algo para mim!
Gönne mir auch was!
Uma divisão justa
Redliche Teilung
vai nos beneficiar a ambos.
taugt uns beiden.
FAFNER
FAFNER
Você estava mais de olho na garota que no ouro,
Mehr an der Maid als am Gold
seu trouxa amoroso:
lag dir verliebtem Geck:
Deu muito trabalho convencê-lo
mit Müh' zum Tausch
a fazer a troca, sua besta;
vermocht' ich dich Toren;
Você queria Freia para si,
Ohne zu teilen,
sem compartilhar;
hättest du Freia gefreit:
então, ao dividir o tesouro,
teil' ich den Hort,
é justo que eu pegue
billig behalt' ich
a maior parte para mim!
die grösste Hälfte für mich.
FASOLT
FASOLT
Seu patife!
Schändlicher du!
Vai me afrontar desse jeito?
Mir diesen Schimpf?
[Aos deuses]
[Zu den Göttern]
Convoco-os como juízes:
Euch ruf' ich zu Richtern:
dividam nosso tesouro
teilet nach Recht
com justiça e honestidade!
uns redlich den Hort!
[Wotan se afasta, com desprezo]
[Wotan wendet sich verächtlich ab]
LOGE
LOGE
[A Fasolt]
[Zu Fasolt]
Deixe-o levar o tesouro;
Den Hort lass ihn raffen;
preocupe-se apenas com o anel!
halte du nur auf den Ring!
FASOLT
FASOLT
[Lançando-se contra Fafner, que continuou a colocar ouro
[Stürzt sich auf Fafner, der immerzu eingesackt hat]
no saco]
Zurück! Du Frecher!
Para trás! Seu atrevido!
Mein ist der Ring;
O anel é meu, em troca do olhar de Freia!
mir blieb er für Freias Blick!
[Precipita-se sobre o anel; os gigantes lutam]
[Er greift hastig nach dem Reif; sie ringen]
FAFNER
FAFNER
Tire a mão daí!
Fort mit der Faust!
O anel é meu!
Der Ring ist mein!
[Fasolt tira o anel de Fafner]
[Fasolt entreisst Fafner den Ring]
FASOLT
FASOLT
Peguei! É meu!
Ich halt' ihn, mir gehört er!
FAFNER
FAFNER
[Brandindo sua estaca]
[Mit seinem Pfahle ausholend]
Segure bem, para ele não cair!
Halt' ihn fest, dass er nicht fall'!
[Com um golpe, derruba Fafner no chão, arrancado
[Er streckt Fasolt mit einem Streiche zu Boden: dem
rapidamente o anel do moribundo]
Sterbenden entreisst er dann hastig den Ring]
Pode piscar para Freia agora!
Nun blinzle nach Freias Blick!
Nunca mais você vai tocar no anel!
An den Reif rührst du nicht mehr!
[Coloca o anel no saco para depois recolher calmamente
[Er steckt den Ring in den Sack und rafft dann gemächlich
o tesouro. Os deuses ficam todos aterrorizados: silêncio
den Hort vollends ein. Alle Götter stehen entsetzt: feierliches
solene]
Schweigen]
WOTAN
WOTAN
[Chocado]
[Erschüttert]
Vejo agora como é terrível a força da maldição!
Furchtbar nun erfind' ich des Fluches Kraft!
LOGE
LOGE
Wotan, o que pode igualar
Was gleicht, Wotan,
a sua sorte?
wohl deinem Glücke?
O ganho do anel
Viel erwarb dir
foi muito lucrativo;
des Ringes Gewinn;
que o tenham arrancado de você
dass er nun dir genommen,
é melhor ainda:
nützt dir noch mehr:
veja! - seus inimigos
deine Feinde - sieh!
matam uns aos outros
fällen sich selbst
por causa do ouro que você cedeu.
um das Gold, das du vergabst.
WOTAN
WOTAN
Fui, porém, tomado pelo medo!
Wie doch Bangen mich bindet!
Cuidado e preocupação
Sorg' und Furcht
se apoderam da minha mente;
fesseln den Sinn:
Erda vai me dizer
wie sie zu enden,
como acabar com isso:
lehre mich Erda:
vou atrás dela!
zu ihr muss ich hinab!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 92
FRICKA
FRICKA
[Dócil e lisonjeira]
[Schmeichelnd sich an ihn schmiegend]
O que você está esperando, Wotan?
Wo weilst du, Wotan?
A majestosa fortaleza
Winkt dir nicht hold
está acenando para você,
die hehre Burg,
esperando abrigar
die des Gebieters
seu proprietário.
gastlich bergend nun harrt?
WOTAN
WOTAN
[Sombrio]
[Düster]
Paguei o prédio
Mit bösem Zoll
com moeda podre.
zahlt' ich den Bau.
DONNER
DONNER
[Apontando para o fundo, que ainda está envolto em névoa]
[Auf den Hintergrund deutend, der noch in Nebelgehüllt ist]
Um vapor abafado
Schwüles Gedünst
paira no ar:
schwebt in der Luft;
essa pressão sombria
lästig ist mir
me oprime!
der trübe Druck!
Reunirei as pálidas nuvens
Das bleiche Gewölk
em uma tempestade
samml' ich zu blitzendem Wetter,
para clarear o céu.
das fegt den Himmel mir hell.
[Donner sobe em uma rocha elevada, junto ao vale, e agita
[Donner besteigt einen hohen Felsstein am Talabhange und
seu martelo, o que faz as nuvens
schwint dort seinen Hammer; mit dem Folgenden ziehen die
se juntarem ao seu redor]
Nebel sich um ihn zusammen]
Heda! Heda! Hedo!
Heda! Heda! Hedo!
Venha, fumaça!
Zu mir, du Gedüft!
Venham, vapores!
Ihr Dünste, zu mir!
Donner, seu chefe,
Donner, der Herr,
está chamando!
ruft euch zu Heer!
[Agita o martelo]
[Er schwingt den Hammer]
Venham para cá,
Auf des Hammers Schwung
ao balançar do martelo!
schwebet herbei!
Fumaça vaporosa!
Dunstig Gedämpf!
Vapores em suspensão!
Schwebend Gedüft!
Donner, seu chefe,
Donner, der Herr,
está chamando!
ruft euch zu Heer!
Heda! Heda! Hedo!
Heda! Heda! Hedo!
[Donner desaparece completamente, em uma nuvem de
[Donner verschwindet völlig in einer immer finsterer sich
tempestade cada vez mais espessa e negra. Ouve-se a dura
ballenden Gewitterwolke. Man hört Donners Hammerschlag
batida de seu martelo contra a pedra. Uma luz forte sai
schwer auf den Felsstein fallen. Ein starker Blitz entfährt der
da nuvem, seguido de um trovão violento. Froh sumiu na
Wolke: ein heftiger Donnerschlag folgt. Froh ist im Gewölk
nuvem]
verschwunden]
DONNER
DONNER
[Invisível]
[Unsichtbar]
Irmão, venha cá!
Bruder, zu mir!
Mostre o caminho da ponte!
Weise der Brücke den Weg!
[As nuvens se dissipam subitamente; Donner e Froh se
[Plötzlich verzieht sich die Wolke; Donner und Froh werden
tornam visíveis; a seus pés, cintilante,
sichtbar: von ihren Füssen aus zieht sich, mit blendendem
estende-se uma ponte de arco-íris,
Leuchten, eine Regenbogen-Brücke über das Tal hinüber bis zur
levando do vale à fortaleza, que resplandece à luz do
Burg, die, von der Abendsonne beschienen, im hellsten Glanze
entardecer. Fafner, que finalmente terminou de recolher o
erstrahlt. Fafner, der neben der Leiche seines Bruders endlich
tesouro, junto ao corpo de seu irmão, abandonou o palco com
den ganzen Hort eingerafft, hat den ungeheuren Sack auf dem
o saco às costas, durante a tempestade mágica de Donner]
Rücken, während Donners Gewitterzauber die Bühne verlassen]
FROH
FROH
[Com o braço esticado, indica o caminho da ponte sobre o
[Der der Brücke mit der ausgesireckten Hand den Weg über
vale para os deuses]
das Tal angewiesen, zu den Göttern]
A ponte conduz ao castelo;
Zur Burg führt die Brücke,
os pés vão achá-la leve, porém firme:
leicht, doch fest eurem Fuss:
percorram com coragem
beschreitet kühn
esse caminho seguro!
ihren schrecklosen Pfad!
[Wotan e os demais deuses estão sem palavras,
[Wotan und die andern Götter sind sprachlos in den
desnorteados com a magnífica visão]
prächtigen Anblick verloren]
WOTAN
WOTAN
O olho do sol
Abendlich strahlt
irradia o brilho do entardecer;
der Sonne Auge;
em seu reluzir glorioso
in prächtiger Glut
o castelo cintila, suntuoso.
prangt glänzend die Burg.
À luz da manhã,
In des Morgens Scheine
ele brilhava, corajoso,
mutig erschimmernd,
porém, grandioso e sedutor,
lag sie herrenlos,
estava sem dono.
hehr verlockend vor mir.
Não foi fácil obtê-lo,
Von Morgen bis Abend,
entre penas e angústias,
in Müh' und Angst,
de manhã até a noite!
nicht wonnig ward sie gewonnen!
A noite se aproxima:
Es naht die Nacht:
ele nos oferece abrigo
vor ihrem Neid
contra a inveja.
biete sie Bergung nun.
[Como que tomado por uma grande ideia, e bastante
[Wie von einem grossen Gedanken ergriffen, sehr
determinado]
entschlossen]
Assim saúdo a fortaleza,
So grüss' ich die Burg,
a salvo de medo e horror!
sicher vor Bang' und Grau'n!
[Volta-se solenemente para Fricka]
[Er wendet sich feierlich zu Fricka]
Siga-me, mulher:
Folge mir, Frau:
vamos morar no Valhala!
in Walhall wohne mit mir!
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 94
FRICKA
FRICKA
O que significa esse nome?
Was deutet der Name?
Acho que jamais o ouvi.
Nie, dünkt mich, hört' ich ihn nennen.
WOTAN
WOTAN
O que minha coragem conseguiu,
Was, mächtig der Furcht,
dominando o medo,
mein Mut mir erfand,
ao viver vitorioso,
wenn siegend es lebt,
ele vai lhe explicar o significado!
leg' es den Sinn dir dar!
[Toma Fricka pela mão, conduzindo-a lentamente à ponte;
[Er fasst Fricka an der Hand und schreitet mit ihr langsam der
Froh, Freia e Donner vão em seguida]
Brücke zu; Froh, Freia und Donner folgen]
LOGE
LOGE
[Fica embaixo, olhando
[Im Vordergrunde verharrend und den Göttern
para os deuses]
nachblickend]
Correm para seu fim,
Ihrem Ende eilen sie zu,
esses que se acham tão fortes.
die so stark in Bestehen sich wähnen.
Quase me envergonho
Fast schäm' ich mich,
de colaborar com eles;
mit ihnen zu schaffen;
tenho a alegre tentação
zur leckenden Lohe
de retomar minha forma
mich wieder zu wandeln,
de chama ondulante:
spür' ich lockende Lust:
consumir
sie aufzuzehren,
aqueles que um dia me dominaram,
die einst mich gezähmt,
em vez de tolamente me perder
statt mit den Blinden
com esses cegos,
blöd zu vergehn,
por mais divinos que eles sejam!
und wären es göttlichste Götter!
Isso não me parece bobagem!
Nicht dumm dünkte mich das!
Vou refletir:
Bedenken will ich's:
quem sabe o que vou fazer?
wer weiss, was ich tu'!
[Junta-se aos deuses,
[Er geht, um sich den Göttern in nachlässiger Haltung
em atitude negligente]
anzuschliessen]
AS TRÊS FILHAS DO RENO
DIE DREI RHEINTÖCHTER
[No fundo do vale, invisíveis]
[In der Tiefe des Tales, unsicktbar]
Ouro do Reno! Ouro do Reno!
Rheingold! Rheingold!
Ouro puro!
Reines Gold!
Puro e brilhante
Wie lauter und hell
você reluzia entre nós!
leuchtest hold du uns!
Sua perda, oh claro,
Um dich, du klares,
agora lamentamos:
wir nun klagen:
deem-nos o ouro!
gebt uns das Gold!
Devolvam-nos o puro!
O gebt uns das reine zurück!
WOTAN
WOTAN
[Prestes a colocar o pé na ponte,
[Im Begriff, den Fuss auf die Brücke zu setzen, hält an und
para e se volta]
wendet sich um]
Que lamento é esse que chega até aqui?
Welch' Klagen klingt zu mir her?
LOGE
LOGE
[Olhando para o vale]
[Späht in das Tal hinab]
As filhas do Reno
Des Rheines Kinder
lamentam o ouro roubado!
beklagen des Goldes Raub!
WOTAN
WOTAN
Malditas ninfas!
Verwünschte Nicker!
[Para Loge]
[Zu Loge]
Faça pararem com essa ladainha!
Wehre ihrem Geneck!
LOGE
LOGE
[Gritando na direção do vale]
[In das Tal hinabrufend]
Vocês aí, na água,
Ihr da im Wasser,
que choro é esse?
was weint ihr herauf?
Ouçam o que Wotan deseja para vocês!
Hört, was Wotan euch wünscht!
Se o ouro não brilha mais
Glänzt nicht mehr
para vocês, moças,
euch Mädchen das Gold,
banhem-se então
in der Götter neuem Glanze
no novo brilho dos deuses!
sonnt euch selig fortan!
[Os deuses riem e começam a atravessar a
[Die Götter lachen und beschreiten mit dem Folgenden sie
ponte]
Brücke]
AS TRÊS FILHAS DO RENO
DIE DREI RHEINTÖCHTER
Ouro do Reno! Ouro do Reno!
Rheingold! Rheingold!
Ouro rico!
Reines Gold!
Ah, se o seu brilho puro
O leuchtete noch
continuasse a reluzir nas profundezas!
in der Tiefe dein laut'rer Tand!
Ele só é real e fiel
Traulich und treu
nas profundezas:
ist's nur in der Tiefe:
falso e covarde
falsch und feig
é tudo que se alegra aí em cima!
ist, was dort oben sich freut!
[O pano cai à medida que os deuses atravessam a ponte,
[Während die Götter auf der Brücke der Burg zuschreiten,
rumo à fortaleza]
fällt der Vorhang]
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 96
Luiz Fernando Malheiro
Marcus Jupither
Michael Kupfer
Peter Bronder
Stefan Margita
Jens-Erik Aasbø
Denise de Freitas
Sávio Sperandio
Gabriella Pace
Maíra Lautert
Fabrizio Claussen
Flávia Fernandes
Paulo Chamié-Queiroz
Laura Aimbiré
Angela Diel
theatro municipal de são paulo_temporada 2013_pg 98
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Municipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, além de Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013 a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.
LUIZ FERNANDO MALHEIRO Regente Diretor Artístico da Orquestra Amazonas Filarmônica e do Festival Amazonas de Ópera (FAO), Luiz Fernando Malheiro tem em seu repertório mais de 60 títulos. Foi também diretor artístico do Municipal do Rio de Janeiro. Recebeu o Prêmio Carlos Gomes como melhor Regente de Ópera (2012, 2011 e 2009) e Universo da Ópera (2000). Em 2005 regeu a primeira montagem brasileira do Anel do Nibelungo, recebendo mais dois prêmios: Universo da Ópera e Espetáculo do Ano. Regeu no Festival de La Coruña, Festival de Taormina, Sinfônica de Roma, Sinfônica de Miami, Teatro Olímpico de Vicenza, Ópera Nacional de Sófia, Sinfônica de Porto Rico, Teatro de Bellas Artes de Bogotá, Teatro de Bellas Artes do México e Teatro Del Libertador de Córdoba, Municipal de São Paulo, Municipal do Rio de Janeiro, a Sinfônica Brasileira, a Osesp, a Filarmônica de Minas Gerais, dentre outras. Gravou Fosca e Maria Tudor em vídeo e CD. Estudou composição com J. Targosz e com R. Dionisi e regência com T. Colacioppo, K. Missona, Leonard Bernstein, F. Leitner e Carlo Maria Giulini.
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MICHAEL KUPFER Baixo-barítono Michael Kupfer nasceu em Ravensburg, na Alemanha. Teve suas primeiras aulas de canto no Städtischen Musikschule. Depois da conclusão dos estudos econômicos, começou a estudar no Mozarteum de Salzburgo com Wilma Lipp. Em 1995 entra para da Opera Studio da Bayerischen Staatsoper de Mônaco. Interpretou os papés de Donner, Conde Almaviva, Conde de Eberbach, Papageno, Arlecchino, Danilo, Sharpless, Ping, Silvio e Nick Shadow. Trabalhou com importantes diretores, como Roberto Abbado, Michael Boder, Paolo Daniels, Mark Elder, Gustav Kuhn, Marek Janowski e Ingo Metzmacher. Entre as orquestras com as quais colaborou estão a Stateorchestra da Baviera, a Rotterdam Philharmonisch Orkest, a BBC Symphony Orchestra, a Orquestra Haydn de Trento e a Filarmônica NDR Radio de Hannover.
STEFAN MARGITA Tenor Stefan Margita ganhou reconhecimento com sua atuação como Laca na peça Jenufa de Janáček, tendo interpretado o papel em diversas casas de ópera da Europa e do Japão. Como Luka, de Da Casa dos Mortos, outra ópera de Janáček, apresentou-se com os regentes Esa Pekka Salonen, Simon Rattle e Pierre Boulze. Após sua estreia no papel de Loge, na montagem de Das Rheingold de 2008 em São Francisco, sob a regência de Donald Runnicles, foi convidado para retornar ao papel outras vezes: sob a regência de Fabio Luisi, na Metropolitan Opera de São Francisco; sob Kent Nagano na Bayerische Staatsoper; e em Amsterdã com Hartmut Haenchen. Outro papel com o qual ganhou reconhecimento foi Shuysky, de Bóris Godunov, interpretado em 2011 no Chicago Lyric Opera e em 2012 sob Haenchen em Madri.
Seu repertório de concertos inclui peças de Mozart, Beethoven, Dvorak, Mahler e Bártok.
DENISE DE FREITAS Mezzo-soprano Tem conquistado o público com suas atuações no drama e na comédia. Em 2013, brilhou como Azucena em Il Trovatore no Festival do Teatro da Paz, e como Fricka em Die Walküre no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2012 cantou Waltraute em O Crepúsculo dos Deuses, no Theatro Municipal de São Paulo. Recebeu o Prêmio Carlos Gomes em 2004, 2009 e 2011 por suas interpretações em A Valquíria, L’enfant et les Sortilèges, Nabucco, Les Dialogues des Carmélites (Mère Marie), Samson et Dalila e Ariadne auf Naxos (Compositor). Apresentou-se com a ópera Yerma, de Villa-Lobos, em Berlim, Paris e Lisboa. Seu repertório inclui Cherubino, Nicklausse (Les Contes d’Hoffmann), Hänsel, Siebel (Fausto), Orfeu, O Raposo (A Raposinha Esperta), Marquise de Berkenfield, Suzuki, Laura, Carmen, Adalgisa, Charlotte. Tem se apresentado sob regência de Isaac Karabtchevsky, Luiz Fernando Malheiro, John Neschling, S. Viegas, Jamil Maluf, M. de Jesus e sob a direção de Jorge Takla, Aidan Lang, C. Camurati, W. Pereira, Lívia Sabag e André Heller. Estudou com L. Prioli e se aperfeiçoou com C. Green e P. McCaffrey (NY) e com S. Sass (França).
GABRIELLA PACE Soprano Vencedora do Prêmio Carlos Gomes 2010 pela participação na ópera A Menina das Nuvens, Gabriella Pace já cantou sob a regência de maestros como Lorin Maazel, Isaac Karabtchevsky, John Neschling, Roberto Minczuk, Rodolfo Fischer, Luiz Fernando Malheiro, Fábio Mechetti, Sílvio Viegas e Abel Rocha. Foi Tytania em Sonho de uma Noite de Verão de Britten, Ilia em Idomeneo, Eurídice em Orfeo ed Euridice, Giulietta
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em I Capuleti e i Montecchi, Susanna em As Bodas de Fígaro, Ceci em Il Guarany, Pamina em A Flauta Mágica e Adina em O Elixir do Amor, dentre muitas outras. Foi solista na Quarta Sinfonia de Mahler, Nona Sinfonia de Beethoven, Carmina Burana de Orff, Lobgesang de Mendelssohn, Requiem de Mozart, Stabat Mater de Rossini e na Missa in Tempore Belli, A Criação e As Estações de Haydn. Com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo gravou o Requiem Ebraico de Zeisl. Gabriella iniciou os estudos com o pai, Héctor Pace, e foi aluna de Leilah Farah e Pier Miranda Ferraro.
FABRIZIO CLAUSSEN Baixo-barítono Solista nas temporadas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 2000, Fabrizio Claussen atuou em Fidelio, Romeu e Julieta, Candide, Trouble in Tahiti, The Comedy on the Bridge, A Viúva Alegre e no XIII FAO em Les Troyens e La Vie Parisienne. Junto à OPES, foi solista da ópera O Caso Makropulos, com a OSN da ópera Bastien & Bastienne e com a OSB Ópera&Repertório da ópera O Anjo Negro de Ripper. Em 2013, fez sua estreia no Palácio das Artes como Teseu da ópera Fedra e Hypólito de Christopher Park. Das Rheingold é a estreia no Thearto Municipal de São Paulo. Obteve a formação superior na Escola de Música da UFRJ.
PAULO CHAMIÉ-QUEIROZ Tenor Natural do Rio de Janeiro, estudou no Brasil com Eliane Sampaio e na Europa com Reri Grist e Nicolai Gedda. Dono de uma voz de grande flexibilidade e fluente em mais de 6 idiomas, Paulo Chamié-Queiroz é considerado na cena lírica brasileira um dos melhores cantores-atores de sua geração. No Theatro Municipal de São Paulo cantou em Le Nozze di Figaro (Don Basilio), Os Contos de Hoffmann (Spalanzani),
Salomé (Narraboth), Candide (Os Três Vilões), Andrea Chénier (Incredibile), Falstaff (Dr. Cajus), Ariadne auf Naxos (Mestre de Dança), Violanta (Giovanni Bracca) e nas obras A Child of Our Time (Tippett), The Bells (Rachmaninov) e Messias (Händel) com a Orquestra Sinfônica Municipal, e com a Osesp em Salomé (2008) e em Rosenkavalier (2009). Já trabalhou sob a regência de David Machado, Gábor Ötvös, Ira Levin, Rodolfo Fischer, Mário Záccaro, Abel Rocha, Jamil Maluf, Isaac Karabtchewsky, Sir Richard Armstrong e John Neschling. Em 2012 debutou o papel de Herodes em Salome, de Richard Strauss, no Festival de Ópera do Teatro da Paz, com grande sucesso de crítica.
Angela Diel Mezzo-Soprano Angela Diel atua como solista em Óperas, Oratórios, Missas e Cantatas com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Centro Musical da PUC/RS, Orquestra SESI/Fundarte, Orquestra da ULBRA, Orquestra do Theatro São Pedro, Orquestra UNISINOS e Orquestra Sinfônica da UCS. Paralelamente segue uma carreira de música de câmara, com destaque para o ‘lied’ e a canção brasileira. Lançou o cd ‘Cantares’ em 1999 e o cd ‘Canto Brasileiro’ em 2009, com apoio do Fumproarte, culminando com espetáculo cênico-musical no Teatro Renascença. Foi agraciada com o prêmio ‘Açorianos de Música’ de melhor intérprete erudita em 2009. Realizou vários cursos de aperfeiçoamento vocal em Viena e Bruxelas. Desde 2009 apresenta-se anualmente em Bruxelas, Luxemburgo, e várias cidades da Alemanha. No Brasil suas turnês abrangem o estado de São Paulo, PR, RJ, e várias cidades do Nordeste, priorizando a música de câmara de Schumann, Schubert, Brahms e Wagner. Neste ano de 2013 está circulando por várias cidades do Brasil com o Recital Brahms e Wagner, além de atuar como solista com as Orquestras do Theatro SPedro, Ulbra e Fundarte. Foi selecionada pelo maestro Neschling, para interpretar o papel de ‘Erda’, na ópera ‘Rheingold’, de Wagner, que acontecerá no mês de novembro no Theatro Municipal de São Paulo.
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MARCUS JUPITHER Baixo-barítono Nascido em Estocolmo, Marcus Jupither estudou na Academia Real de Música da Suécia, adquirindo um extenso repertório que vai de Don Giovanni (Mozart) até O Navio Fantasma (Wagner). Sua estreia foi em Don Giovanni, em montagem de Johannes Schaaf. Em 2001 foi nomeado Ator do Ano, pela sua interpretação de Wozzeck, no Festival de Primavera de Praga. Atuou também como Macbeth, na peça homônima, escrita para ele pelo compositor sueco Jan Sandström. Na Ópera Real de Estocolmo, interpretou os papéis de Carlo Gérard (Andrea Chérnier), Scarpia (Tosca), Rigoletto (Rigoletto) e Dr. Falke (O Morcego). Um de seus papéis característicos é Alberich, que cantou no Der Norske Opera, Den Nye Opera, na Ópera Nacional da Latvia, no Badisches Staatstheater, e na Ópera National de Paris.
PETER BRONDER Tenor Nascido em Hertfirdshire, na Inglaterra, Peter Bronder estudou na Royal Academy of Music de Londres e na National Opera Studio, antes de interpretar seus primeiros papéis na Glyndebourne e na Welsh National Opera, onde foi contratado como tenor principal. Na primeira fase de sua carreira cantou muitos dos principais papéis do repertório lírico italiano, como La Bohème, Tosca, La Traviata, Rigoletto, Lucia de Lammermoor, Maria Stuarda, Don Pasquale, O Barbeiro de Sevilha, Così fan Tutte, Eugene Oneguin, Der Rosenkavalier e A Flauta Mágica. Recentemente, mudou para um repertório mais dramático, predominantemenre alemão, sem perder as qualidades líricas necessárias para os papéis mozartianos de Idomeneo e Tito que cantava em Glyndebourne. Sua estreia americana foi junto à Cleveland Orchestra, como Mime
de Siegfried, e junto à Metropolitan em Falstaff. Além de Glyndebourne, suas apresentações no Reino Unido incluem colaborações com a Royal Opera House Covent Garden, no papel de Cassio, em Otello e como Selem em The Rake’s Progress; junto à English National Opera como Tenor Italiano de Der Rosenkavalier; e junto à Scottish Opera como Loge, de Ouro do Reno.
JENS-ERIK AASBØ Baixo O baixo Jens-Erik Aasbø é formado pela Academia de Ópera da Noruega. Durante os estudos, interpretou os papéis de Rocco (Fidelio, de Beethoven), Collatinus (The Rape of Lucretia, de Britten), Geronimo (Il Matrimonio Secreto, de Cimarosa), Don Alfonso (Così fan Tutte, de Mozart), Zuniga (Carmen, de Bizet) e Kecal (A Noiva Vendida, de Smetana). Em anos posteriores ele se dedicou a papéis como Daland em O Holandês Voador, Fasolt em O Ouro do Reno, Hunding em A Valquíria, de Wagner, e o Faraó e Ramfis em Aida, de Verdi. Foi um solista aprendiz na Ópera Nacional da Noruega, em Oslo, onde participou de produções como Tristão e Isolda, A Flauta Mágica e Macbeth. Como convidado daquela casa, atuou como o primeiro Nazareno de Salomé, de Strauss, e Masetto em Don Giovanni.
SÁVIO SPERANDIO Baixo A voz e presença cênica marcantes de Sávio o tem tornado um dos artistas mais solicitados do Brasil. Cantou O Barbeiro de Sevilha (Bartolo) no Teatro Colón de Buenos Aires, no Festival de Ópera de Ercolano, no Teatro Real de Madrid e com a CIA Brasileira de Ópera; L’Italiana in Algeri (Mustafá) no Festival Rossini in Wildbad; Il Viaggio a Reims (Don Profondo) no Rossini Opera Festival e no Teatro Arriaga de Bilbao; Don Pasquale no Teatro Real de Madrid; Zelmira (Gran Sacerdote) no
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Rossini Opera Festival; e Una cosa rara (Lisargo) no Palau de les Arts Reina Sofía. Em concertos, cantou com as principais orquestras brasileiras (Osesp, Opes, OSMG, OSMSP, Amazonas Filarmônica etc.), destacando o Réquiem (Verdi), Messa di Gloria (Puccini), Messias (Händel), Réquiem (Mozart) e 9ª Sinfonia e Missa Solemnes (Beethoven). Recebeu os prêmios de Melhor Intérprete de Canção Brasileira no Concurso Internacional Carlos Gomes, Melhor Intérprete de Osvaldo Lacerda e Revelação do Ano no Prêmio Carlos Gomes 2005.
MAÍRA LAUTERT Soprano Maíra tem percorrido uma trajetória ascendente na cena lírica brasileira. Em 2013, estreou no papel título em A Raposinha Esperta de Janácek e Primeira Donzela em Parsifal no Festival Amazonas de Ópera. Também interpreta Dirce (Medéia) com OSBOR no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Performances anteriores incluem Ortlinde (A Valquíria) nos Theatros Municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo, Adele (Il Pirata, Bellini) no Municipal do Rio e Anjo Negro (J.G. Ripper) no Parque Lage. Cantou em O Anão de Zemlinky com a Petrobrás Sinfônica sob regência de Isaac Karabtchevsky e a ópera Domitila de Ripper em turnê brasileira. Aperfeiçoou-se em Milão, em 2009, com Rita Patanè e participou de masterclasses e workshops com Sherryll Milnes e Ileana Cotrubas. Conquistou o 1º lugar no VII Concurso Nacional Villa-Lobos, 3º lugar no VII Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão e 3º lugar no I Concurso de Canto Lírico/Ópera da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Maíra estudou com Laura de Souza e é Bacharel em canto pela Escola de Música da UFRJ.
FLÁVIA FERNANDES Soprano Reconhecida pela beleza e refinamento de seu timbre, o soprano Flavia Fernandes passou pelas principais salas de concerto do Brasil, interpretando com expressividade os papéis de Micaela (Carmen), Liu (Turandot), Polly Peachum (The Threepenny Opera, Weill), Marzelinne (Fidelio), Nannetta (Falstaff), Ghita (O Anão, Zemlinsky), The wife (The man Who mistook his wife for a hat, Nyman), Rosalia (Jupyra), Helena (A Midsummer night’s dream, Britten), entre outros. Seu repertório sinfônico também é abrangente, tendo executado obras como Floresta do Amazonas (Villa-Lobos), Nona Sinfonia (Beethoven), Petite Messe Solenelle (Rossini), Sinfonias n. 2 e n. 4 (Mahler), Requiem (Mozart), Te Deum (Bruckner) e Ein Deutsches Requiem (Brahms). Flavia participou como solista da gravação em CD da Missa de Santo Inácio (Zipoli) e da obra Três Salmos (Padre José Maurício), ao lado da Orquestra Unisinos do Rio Grande do Sul, sob a regência do maestro Roberto Duarte.
LAURA AIMBIRÉ Mezzo-soprano Pós-graduada em ópera pela Royal Northern College of Music, Inglaterra, com bolsa do Conselho Britânico, Laura Aimbiré realizou ainda masterclasses com Brigitte Fassbaender, Fredericka Von Staden, June Anderson e Thomas Hemsley. Tem atuado em óperas como Aída, Nabucco, Falstaff, Rigoletto, Madama Butterfly, La Forza del Destino, Die Fledermaus, Carmen, Orfeu de Monteverdi, A Valquíria, O Crepúsculo dos Deuses, Il Turco in Itália, Cavalleria Rusticana, Réquiem de Verdi, 2º Sinfonia de Mahler, Stabat Mater de Pergolesi, O Messias de Händel, Oratório de Páscoa e Magnificat de Bach, Elias de Mendelssohn, Shehèrazade de Ravel e Dream of Gerontius de Elgar, sob a direção de Isaac Karabtchevsky, Túlio Colacioppo, Mário Záccaro, Luiz Fernando Malheiro, Ira Levin, Karl Martin, Jamil Maluf e Yuval Zorn, e ao lado de cantores como Renato Bruson, Juan Pons, Sumi Jo, Eliane Coelho.
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O OURO DO RENO Pianistas Correpetidores Anderson Brenner Paulo Almeida Rafael Andrade Legendas Hugo Casarini Sinopse, notas, libreto e gravações de referência Irineu Franco Perpetuo Imagens Pg. 98 - Erik Berg, Mats Bäcker e Jakub Ludvik Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Diretor Artístico John Neschling Primeiros-violinos Pablo De León (spalla) Martin Tuksa (spalla) Maria Fernanda Krug Fabian Figueiredo Adriano Mello Fábio Brucoli Fábio Chamma Fernando Travassos Francisco Ayres Krug Graziela Fortunato Heitor Fujinami John Spindler José Fernandes Neto Mizael da Silva Júnior Paulo Calligopoulos Rafael Bion Loro Sílvio Balaz Juan Rossi** Segundos-violinos Andréa Campos* Laércio Diniz* Nadilson Gama Otávio Nicolai Alex Ximenes André Luccas Angelo Monte Edgar Montes Leite
Evelyn Carmo Liliana Chiriac Oxana Dragos Ricardo Bem-Haja Sara Szilagyi Ugo Kageyama Gérson Nonato** Helena Piccazio** Violas Alexandre De León* Silvio Catto* Abrahão Saraiva Tânia de Araújo Campos Adriana Schincariol Antonio Carlos de Mello Eduardo Cordeiro Eric Schafer Licciardi Marcos Fukuda Roberta Marcinkowski Jessica Wyatt** Pedro Visockas** Tiago Vieira** Violoncelos Mauro Brucoli* Raïff Dantas Barreto* Cristina Manescu Ricardo Fukuda Flávia Scoss Nicolai Gilberto Massambani Iraí de Paula Souza Joel de Souza Maria Eduarda Canabarro Sandro Francischetti Teresa Catto Contrabaixos Rubens De Donno* Sérgio de Oliveira* Mauro Domenech Ivan Decloedt Miguel Dombrowski Ricardo Busatto Sanderson Cortez Paz Sérgio Scoss Nicolai Walter Müller Flautas Cássia Carrascoza* Marcelo Barboza* Cristina Poles Júlia Pedron Peres**
Michel de Paula** Oboés Alexandre Ficarelli* Rodrigo Nagamori* Marcos Mincov Roberto Araújo Javier Balbinder** Clarinetes Otinilo Pacheco* Luís Afonso Montanha* Diogo Maia Santos Domingos Elias Marta Vidigal Fagotes Ronaldo Pacheco* Fábio Cury* Marcelo Toni Marcos Fokin Osvanilson Castro Trompas André Ficarelli* Luiz Garcia* Angelino Bozzini Daniel Misiuk David Misiuk Deusenil Santos Rogério Martinez Vagner Rebouças Rafael Froes** Trompetes Fernando Guimarães* Marcos Motta* Breno Fleury Eduardo Madeira Albert Santos** Trompete Baixo Rafael Dias Mendes** Trombones Roney Stella* Gilberto Gianelli* Hugo Ksenhuk Luiz Cruz Marim Meira Tuba Gian Marco de Aquino* Harpa Angélica Vianna* Paola Baron** Talita Martins**
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Angela Duarte** Rafaela Lopes** Silas Lima** Piano Cecília Moita* Tímpanos John Boudler** Sérgio Coutinho (assistente) Percussão Marcelo Camargo* Magno Bissoli Reinaldo Calegari Sérgio Coutinho Márcia Fernandes Gerente da Orquestra Paschoal Roma Assistente Yara de Melo Inspetor Carlos Nunes Montadores Alexandre Greganyck Paulo Broda Vítor Hugo de Oliveira * Chefe de naipe ** Músico convidado PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Prefeito Fernando Haddad Secretário Municipal de Cultura Juca Ferreira
FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Direção Geral José Luiz Herencia Diretora de Gestão Ana Flávia Cabral Souza Leite INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO CULTURAL Presidente do Conselho William Nacked
Diretora Executiva Isabela Galvez Diretor Financeiro Neil Amereno Diretor Artístico John Neschling Diretora de Produção Cristiane Santos Diretora de Desenvolvimento Institucional Aline Sultani DIRETORIA GERAL Assessoria Maria Carolina G. de Freitas Secretária Ana Paula Sgobi Monteiro Cerimonial Egberto Cunha Sofia Amaral Ramos Maria Rosa Tarantini Sabatelli DIRETORIA ARTÍSTICA Assessoria de Direção Artística Stefania Gamba Luís Gustavo Petri Clarisse de Conti Secretária Eni Tenório dos Santos Coordenação de Programação Artística João Malatian Diretor Técnico Juan Guillermo Nova Assistente de Direção Técnica Giuseppe Cangemi Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero Assistente de Direção Cênica Julianna Santos Assistente de Direção Cênica e Casting Sérgio Spina Figurinista Residente Veridiana Piovezan Assistente Emília Reily
ARQUIVO ARTÍSTICO Coordenadora Maria Elisa P. Pasqualini Assistente Catarina Fernandes Oliveira Arquivistas Giancarlo Carreto Karen Feldman Leandro José Silva Leandro Ligocki Copista Ana Cláudia Oliveira DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Coordenadora de Projetos Violêta Saldanha Kubrusly Assessores Pergy Nely Grassi Ramoska Ação Educativa Aureli Alves de Alcântara Cristina Gonçalves Nunes CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO Chefe de seção Mauricio Stocco Equipe Lumena A. de Macedo Day PRODUÇÃO EXECUTIVA Gabriel Barone Wanderley Santos da Silva DIREÇÃO DE PRODUÇÃO Produtores Rosa Casalli Aelson Lima Pedro Guida Assistentes de Produção Arthur Costa Miguel Teles PALCO Chefe da Cenotécnica Aníbal Marques (Pelé) Técnicos de Palco Antonio Carlos da Silva Edival Dias Lourival Fonseca Conceição
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