04 e 05 de junho de 2014
II Encontro Científico auditório do instituto de geociências da uff Av. General Milton Tavares de Souza, s/nº Niterói – RJ realização:
apoio: Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Turismo e Hotelaria - UFF
governo do estado do rio de janeiro Luiz Fernando Pezão | Governador
secretaria de estado do ambiente – sea Carlos Portinho | Secretário de Estado do Ambiente
instituto estadual do ambiente – inea Isaura Maria Ferreira Frega | Presidente Marco Aurélio Damato Porto | Vice-Presidente Guido Gelli | Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas (dibap) Rosa Maria Formiga Johnsson | Diretora de Gestão das Águas e do Território (digat) Ana Cristina Henney | Diretora de Licenciamento Ambiental (dilam) Ciro Mendonça da Conceição | Diretor de Informação, Monitoramento e Fiscalização (dimfis) Fernando Antônio Mascarenhas | Diretor de Recuperação Ambiental (diram) Renato Tinoco | Diretor de Administração e Finanças (diafi) Patricia Figueiredo de Castro | Gerente de UCs de Proteção Integral (gepro) Fernando Matias de Melo | Chefe do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET)
organização Parque Estadual da Serra da Tiririca | inea Serviço de Planejamento e Pesquisa | inea Departamento de Turismo | uff Instituto de Geociências | uff Hospital Universitário de Medicina Veterinária | uff
colaboração Secretaria de Cultura | prefeitura de niterói Fundação de Arte de Niterói | prefeitura de niterói
Os resumos foram publicados na íntegra e seu conteúdo é de exclusiva
Equipe de Comunicação e Design | gepro/inea
responsabilidade dos autores.
apresentação Com muito prazer assino esta apresentação dos registros das exposições feitas por especialistas por ocasião do II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca.Trata-se de uma das mais preciosas áreas preservadas do litoral do Estado, localizada em um dos mais charmosos recantos das cidades de Niterói e Maricá. O Parque Estadual da Serra da Tiririca é um símbolo de vitória dos movimentos sociais e ambientais,
do interesse coletivo sobre o individual. É berço de algumas das primeiras e mais expressivas manifestações dos principais ambientalistas do Estado, desde a década de 60, e o resultado das ações destes aguerridos militantes que tive a oportunidade de acompanhar e para as quais pude contribuir desde o início. Parabéns a todos que participaram e participam desta caminhada. guido gelli diretor de biodiversidade e áreas protegidas do inea
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 4
sumário painéis
8
Emprego de equipamentos de contagem automática para monitoramento da visitação no peset.
12
alexandre lorenzetto et al.
9
10
11
13
Sensibilidade ambiental do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro a eventos de derramamento de óleo.
Caracterização das praias do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro.
baptista, e. c. s. e silva, a. l. c.
pinheiro, a.b. et al.
Difusão e popularização da ciência através da produção de fotografias resultantes de pesquisa científica: Estudo de caso de microalgas da Praia de Itacoatiara, Niterói, rj.
Geotecnologias aplicadas ao zoneamento do Parque Estadual da Serra Tiririca. ana brisa cosmo de castro et al.
15
Trilha do Alto Mourão – peset: Resultados do monitoramento do fluxo de visitantes. galiana lindoso et al.
andressa alencastre fuzari et al.
Sistema Nacional de Unidades de Conservação: Onde Melhorar? amanda quina navegantes
Estudo da fauna flebotomínica do Parque Estadual da Serra da Tiririca e primeiro registro de Lu. longipalpis no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
14
fabio da cunha gonçalves
16
Produção de um miniguia de árvores: Olhares e percepções infantis sobre a Mata Atlântica. guimarães, a.d.s., silveira, s. e santos, c.v.
17
Poluição por lixo na Praia de Itaipuaçu em Maricá, Estado do Rio de Janeiro. rosa, k. s. e silva, a. l. c.
18
Levantamento faunístico do Núcleo Caminho de Darwin, Parque Estadual Serra da Tiririca faria, m.c. et al.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 5
sumário painéis 22 19
O mico-leão-de-cara-dourada introduzido na área original de ocorrência do mico-leãodourado. maria cecília m. kierulff et al.
20
canário, n. l. d. e silva, a. l. c.
23
Educação ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca: Atividades na Trilha Interpretativa do Morro das Andorinhas.
27
28
24 A importância do Parque Estadual da Serra da Tiririca para conservação da riqueza de serpentes do município de Niterói.
Dieta de Tropidurus torquatus (wied, 1820) (Squamata, Tropiduridae) no Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca, municípios de Niterói e Maricá, RJ. cunha, f. c. g. et al.
citeli, n. et al.
25
Carvoarias Históricas na Serra da Tiririca: História Oral, História Ambiental, Antracologia e Botânica. patzlaff, r.g. et al.
Diversidade funcional e filogenética da comunidade vegetal da pedra de Itacoatiara. colmenares-trejos, s. l. et al.
Projeto Vale das Esmeraldas – do Social para o Ambiental. raphael a. r. lima, liz assunção e ricardo marcelo
mariana m. barcellos e douglas s. pimentel
21
O uso da Água e a Vulnerabilidade do Aquífero Costeiro de Maricá ao Fenômeno da Salinização.
Avaliando a interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset: dados preliminares. nunes, v. m. a. et al.
29
Uso Público em Áreas Protegidas: Um Roteiro de Atividades para Fortalecimento de Vivências e Conscientização Através da Educação Ambiental. lanúzia quintanilha e luiz renato vallejo
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sumário palestras
37
Uma cartografia rizomática da gestão do uso público no Parque Estadual da Serra da Tiririca pela lógica da Ecosofia.
47
42
63
juliana latini
bruna galassi
Ameaças à vegetação rupícola em inselbergs litorâneos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
Saberes e práticas da população tradicional do Morro das Andorinhas.
52
Vegetação de moitas do Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca: florística, estrutura e conservação.
Desafios territoriais na criação e gestão de um parque urbano: contribuições para o debate. luiz renato vallejo
67
Prevalência da leishmaniose visceral canina no Parque Estadual da Serra da Tiririca viviane nunes
luana mauad
izar aximoff e claudio nicoletti fraga
46
Serra da Tiririca: um hotspot da herpetofauna no Estado do Rio de Janeiro. jorge antônio lourenço pontes
58
Ações de uma instituição federal de ensino superior junto a uma unidade de conservação da natureza: proposta para uma gestão ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói/ Maricá, RJ stella calazans
72
Projeto de fortalecimento e implantação da gestão do uso público para o incremento da visitação nos parques estaduais do Rio de Janeiro (2012-2014) alexandre lorenzetto
painĂŠis
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 8
Emprego de equipamentos de contagem automática para monitoramento da visitação no peset* alexandre lorenzetto1, galiana lindoso1 e fernando matias2
As unidades de conservação no Brasil estão começando
de aproximadamente 10 anos. Dentre as importantes
a experimentar os benefícios de incluir em sua gestão
informações levantadas, podem ser citadas o total
sistemas de contagem automática e permanente de fluxos
de 7.925 visitantes no período amostrado, feriado de 15
de visitantes, os eco-contadores. Trata-se de um sistema
de setembro como o dia máximo de visitação (190 visitantes)
de quantificação e monitoramento do fluxo para a obtenção
e a média mensal de 720 visitantes. O dia de semana
de informações precisas para a gestão da visitação. Dentro
de maior visitação é o domingo (37,98%) e a faixa horária
deste contexto o peset foi a primeira uc da América Latina a
com maior número de visitantes está entre as 9h da manhã
empregar tal tecnologia. O projeto piloto foi realizado
até às 12h, com 36,11% dos visitantes. Além das vantagens
no âmbito do projeto de implantação e fortalecimento
com o monitoramento 24h por dia, é importante ressaltar
da gestão do uso público nas ucs estaduais (2012 – 2014),
que após 9 meses de instalação o equipamento foi visitado
1
Instituto Terra de Preservação Ambiental – itpa
idealizado pelo inea e executado pelo itpa, onde
somente no momento de desinstalação (desenterrado
2
Instituto Estadual do Ambiente – inea / peset
o equipamento ficou instalado na trilha do Alto Mourão
do leito da trilha), pois os dados eram transmitidos via GSM.
pelo período de 9 meses (junho de 2013 até fevereiro de
Em áreas com menor controle da gestão, como é o caso
2014). O sensor instalado é uma placa acústica enterrada no
da trilha do Alto Mourão, isso pode significar o sucesso
leito da trilha a 10 cm de profundidade, totalmente invisível,
de uma iniciativa como esta, pois o equipamento se manterá
sensível à variação da pressão exercida através de uma
seguro e completamente invisível na trilha, fornecendo
pisada a partir de 10 kg. Este equipamento tem a capacidade
dados precisos e subsidiando a gestão da visitação.
de coletar, armazenar e transmitir dados por telemetria
*Apoio financeiro: Eco-Compteur (França) e Soluções
(gsm) sobre quantidade de visitantes, sentido da marcha
Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (sacis)
E-mail: alexlorenzetto@gmail.com
e a hora de passagem por aquele ponto, além disso, é provido de uma autonomia energética (baterias)
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 9
Sistema nacional de unidades de conservação: onde melhorar?
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (snuc)
capacitados; que os processos de criação das ucs seja
é um conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais,
de fato democrático e com objetivos claros e que as zonas
cujo objetivo é a conservação da natureza no Brasil,
de amortecimento sejam melhor definidas, com delimitação
amanda quina navegantes1 e sávio freire bruno1
fornecendo especificamente mecanismos legais às esferas
de área e uso dos recursos naturais. Os outros 42% que não
governamentais federal, estadual e municipal e à iniciativa
concordam com mudanças nesta lei e afirmam
privada para criar, implantar e gerir as Unidades
que a mesma foi um avanço no que concerne
de Conservação. Entre junho a outubro de 2013,
ao estabelecimento das áreas protegidas, possuindo
questionários contendo questões referentes a possibilidades
as principais ferramentas de gestão que garantem
de uma revisão na lei do snuc foram enviados a gestores
a participação da sociedade nos processos decisórios.
de Unidades de Conservação de Proteção Integral
Apesar de todas as dificuldades apontadas pelos entrevistados,
com o objetivo de coletar sugestões de melhorias
o snuc é sem dúvida alguma um progresso no que diz respeito
e/ou inclusões na lei nº 9.985 de 2000. Foram obtidos
à proteção da biodiversidade brasileira. Assim, o trabalho gera
19 questionários, e cerca de 58% consideram que o snuc
dados para fomentar um debate, sinalizando em primeira
carece de uma revisão. Os principais pontos apontados
instância, as principais fragilidades na lei, sob o olhar
foram a sobreposição dos objetivos das categorias Reserva
dos gestores. Abre um caminho para o aperfeiçoamento desta
Biológica e Estação Ecológica; a necessidade de uma maior
sem, contudo, deixar de indicar um fórum mais profundo sobre
interatividade da sociedade civil com a gestão
o tema com a participação de todos os atores envolvidos,
das Unidades; elaboração de critérios específicos na lei
com o objetivo de aprimorar a gestão das Unidades
com relação a presença de populações tradicionais nas ucs;
de Conservação e aumentar a conservação das nossas
que a lei precisa ser cumprida, sendo aplicada de forma
espécies e ecossistemas brasileiros.
1
Departamento de Patologia e Clínica Veterinária. Faculdade
de Veterinária da Universidade Federal Fluminense – uff E-mail: amanda_navegantes@hotmail.com
efetiva, com garantia de recursos financeiros e profissionais
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 10
Caracterização das praias do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro
O litoral de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, apresenta
da maior incidência de ondas de tempestades neste setor,
uma extensa planície costeira com 33 km de extensão
principalmente de sudoeste. Apesar de elevada em toda
no sentido leste-oeste. A geomorfologia deste litoral
a sua extensão, a dinâmica costeira diminui em direção
é constituída por barreiras arenosas, mais conhecidas
a Ponta Negra (setor leste). A sedimentologia desse litoral
como restingas, além de diversas lagoas conectadas entre si
impressiona pela elevada pureza e tamanho dos grãos
pinheiro, a.b.1, silva, t.s.1, silva, a.l.c.2, ferreira, j.r.1, batista, a.s.1, pinto, v.c.s.1, gralato, j.c. a.3, silvestre, c.p.4 e baptista, e.c.s.5
e com o mar através do canal de Ponta Negra. As praias
de quartzo, sendo composta principalmente por areias
neste litoral se destacam pela incidência de ondas
quartzosas grossa a média. As exceções correspondem
de alta energia, que chegam a ultrapassar 2 m de altura
ao setor oeste da praia de Itaipuaçu, onde predomina
na arrebentação durante ressacas. Essas ondas
areia muito grossa com cascalhos bem arredondados;
ocasionalmente destroem estruturas de engenharia (como
e Ponta Negra no extremo leste, que possui areia média
casas, muros, postes, etc.) e atingem as ruas causando
bem selecionada com presença de minerais pesados. A
inundações eventuais. O presente estudo tem por objetivo
granulometria, portanto, diminui de oeste (Itaipuaçu)
entender o comportamento das praias no litoral de Maricá,
para leste (Ponta Negra) ao longo do arco praial de Maricá,
entre Itaipuaçu e Ponta Negra. O monitoramente dessas
em resposta a diminuição no grau de energia
praias ocorreu sazonalmente para a aquisição de 72 perfis
das ondas nesta direção.
1
Graduando de Geografia na Faculdade de Formação de
Professores – ffp, uerj 2
Professor Adjunto na ffp, uerj
3
Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Geografia na ffp, uerj
4
Doutoranda, PPG em Dinâmicas Oceânicas e da Terra, uff
5
Graduada em Geografia pela ffp, uerj
E-mail: ana.beatriz.geo@gmail.com
topográficos; coleta de 144 amostras de sedimentos para análise granulométrica; observação das condições de mar (altura, período das ondas, forma de arrebentação e direção de incidência). Os resultados indicam que o litoral estudado apresenta uma dinâmica mais acentuada na praia de Itaipuaçu (em especial na porção oeste), decorrente
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 11
Geotecnologias aplicadas ao zoneamento do Parque Estadual da Serra Tiririca
O Parque Estadual da Serra da Tiririca é uma unidade
O primeiro passo se deu com a criação de um mapa
de conservação de proteção integral localizada em uma área
atualizado de uso e cobertura da terra usando imagens
entre os municípios de Niterói e Maricá no Estado
de sensoriamento remoto orbital do sensor oli do satélite
do Rio de Janeiro e foi criada pela lei 1.901/91
Landsat 8, programas de processamento de dados digitais
e implementada decreto 18.598/93 com o objetivo
(pdi) e as plataformas envi e arcgis. Posteriormente
ana brisa cosmo de castro1 e caroline rosa araújo miranda¹
de preservar a fauna, a flora, os mananciais hídricos
o cruzamento do mapa de uso e cobertura com dados
e as paisagens naturais para atuais e gerações futuras.
obtidos no ibge como a drenagem e dados altimétricos
Essas duas áreas urbanas próximas apresentam um grande
obtidos pelo sitio do inpe permite a geração de outros
potencial de expandir suas malhas urbanas e ameaçando
produtos que integrarão o mapeamento final. Com isso
os objetivos prioritários da criação dessa unidade
buscamos explicitar o como através de técnicas acessíveis
de conservação e muito disso reside no fato da grande
é possível criar uma metodologia de gestão das unidades
pressão nos órgãos competentes pela fiscalização
de conservação mais particular de cada caso e integrando
e monitoramento dessas áreas. Por isso, esse trabalho
as áreas de conhecimento que estão envolvidas na gestão.
1
Graduandas em Geografia – uff, niterói
E-mails: brisacastrogeo@gmail.com e carolinearaujo@id.uff.br
tem o objetivo de abordar uma das muitas técnicas das geotecnologias que possibilita a geração de material cartográfico para subsidiar a tomada de decisão dos gestores ambientais. O zoneamento é importante para aliar características próprias, com propostas de manejo e normas especificas, que levam em consideração graus específicos de proteção. Buscou-se a utilização de técnicas simples e eficazes para a escala de trabalho pretendida.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 12
Estudo da fauna flebotomínica – Diptera: Psychodidae: Phleboominae – do peset e primeiro registro de Lu. longipalpis no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil* andressa alencastre fuzari1, aline ferreira santos delmondes1, vanessa de araújo barbosa1, francisco de assis marra1 e reginaldo p. brazil1 1
Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo
Cruz/ fiocruz – sala 22, Pavilhão Arthur Neiva E-mail: andressafuzari@gmail.com
Flebotomíneos, pequenos insetos, pertencentes à ordem
período de maio de 2010 a maio de 2011, foram realizadas doze
Diptera, família Psychodidae e subfamília Phlebotominae. São
coletas em oito pontos diferentes, tanto em ambiente silvestre
vetores naturais de alguns agentes etiológicos
como em peridomicílio. Para as capturas, foram utilizadas
de doenças humanas e de animais. As principais doenças
armadilhas luminosas hp (tipo cdc), instaladas sempre
transmitidas ao homem são as leishmanioses, doenças
nos mesmos locais. No laboratório, realizou-se a triagem,
com diversas manifestações clínicas, causadas por
montagem em lâmina e identificação dos flebotomíneos.
protozoários flagelados do gênero Leishmania. A Leishmaniose
Foram coletados 1037 flebotomíneos, sendo 552 machos
Tegumentar (lt) no Estado do Rio de Janeiro apresenta em
(53,2%) e 485 fêmeas (46,8%), de 9 gêneros e 12 espécies:
algumas áreas um caráter de transmissão peridomiciliar
Evandromyia tupynambai (34,1%), Migonemyia migonei (20,6%),
provocado principalmente pela adaptação de algumas
Brumptomyia cunhai (13,8%), Micropygomyia schreiberi (9,7%),
espécies do inseto vetor aos ambientes naturais modificados,
Psathyromyia lanei (6,5%), B. nitzulescui (5,7%), E. edwardsi
acarretando o envolvimento de animais domésticos. Os
(5,4%), Nyssomyia intermedia (2,8%), E. cortelezzii (0,6%),
municípios de Niterói e Maricá (rj) vêm sofrendo um processo
Pintomyia biachigalatiae (0,5%), Lutzomyia longipalpis (0,2%),
de impacto ambiental intenso, por meio da fragmentação
Sciopemyia microps (0,1%). Destas, três já foram consideradas
das áreas de mata ainda existentes, alterando sua estrutura
vetoras das leishmanioses. Mg. migonei foi mais abundante
espacial e transformando-os em municípios com grandes áreas
que Ny. intermedia, sugerindo a possibilidade das duas estarem
modificadas. Este trabalho teve como objetivo estudar
dividindo o papel na transmissão da LT. Lu. longipalpis, principal
a fauna e aspectos ecológicos dos flebotomíneos
vetor da leishmaniose visceral, teve seu registro pela primeira
em áreas de preservação ambiental e sua relação com
vez no município de Niterói. E desde então, em nossas coletas,
as leishmanioses. Desde 2010, vem sendo realizadas coletas
vem sendo encontrado na região.
sistemáticas em áreas do Parque da Serra da Tiririca. No
*Apoio: ioc/fiocruz, capes, inea, peset
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 13
Sensibilidade ambiental do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro a eventos de derramamento de óleo baptista, e. c. s.1 e silva, a. l. c.2
O litoral de Maricá vem experimentando intensas
para avaliar a vulnerabilidade do litoral a eventos dessa
modificações recentes em decorrência do aumento
natureza. Entre Itaipuaçú e Ponta Negra, o litoral
das atividades industriais e turísticas no município
de Maricá apresenta quatro ambientes distintos quanto
e adjacências. A construção de um grande complexo
à sensibilidade a poluição por óleo, sendo: os costões
petroquímico (comperj) no município vizinho de Itaboraí
rochosos nas extremidades do litoral (isa 1); as praias (isa 4),
e a implantação de um Pólo Naval em Jaconé, para atender
com exceção do extremo oeste de Itaipuaçú (isa 5);
à crescente demanda da indústria petrolífera na região,
e as lagoas costeiras e canais localizados na retaguarda
constituem-se em uma ameaça aos diversos ecossistemas
das barreiras arenosas (isa 10), sujeitas a contaminação
litorâneos. A construção desses megaempreendimentos
pelos canais e por transposição de ondas durante
1
Graduada em Geografia pela ffp da uerj
ou mesmo a implantação de dutos, em um litoral com
a ocorrência de grandes tempestades. Entre os ambientes
2
Professor Adjunto na ffp da uerj.
elevada dinâmica, aliado a um intenso tráfego de navios
costeiros analisados, as lagoas e canais localizados
petroleiros, representa uma ameaça frente ao risco
à retaguarda das barreiras arenosas apresentam maior
de eventuais derramamentos de óleo. Cabe lembrar
vulnerabilidade a esse tipo de desastre. Portanto, verificou-
que desastres dessa natureza são comuns na área
se que tais atividades representam um risco elevado para
da Baía de Guanabara, onde a indústria petrolífera se faz
a pesca e para a biodiversidade das lagoas e restinga
presente. No intuito de avaliar o grau de sensibilidade
no litoral de Maricá.
Rua Francisco Portela, 1470 – São Gonçalo – rj, 24435-005. E-mail: erikacardosogeo@gmail.com
do litoral de Maricá à eventos de derramamento de óleo, foram analisados diversos aspectos da geomorfologia e sedimentologia em 17 locais de monitoramento nos 33 km de linha de costa. Foi aplicado o Índice de Sensibilidade Ambiental (isa) proposto pelo Ministério do Meio Ambiente
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 14
Difusão e popularização da ciência através da produção de fotografias resultantes de pesquisa científica: estudo de caso de microalgas da Praia de Itacoatiara, Niterói, rj fabio da cunha gonçalves¹ 1
Fabio Cunha Gonçalves
Comércio e Serviços Científicos – eireli cnpj: 07.547.861/0001-33 E-mail: contato@fabiomar.bio.br
A difusão e popularização da ciência visa proporcionar ao público leigo da academia conhecimento referente a um ecossistema estudado. Uma forma de divulgação dos resultados de estudos sobre a biodiversidade é a produção e exposição de fotografias, que sensibilizam a população através de informação e beleza. Estudos científicos buscam caracterizar e/ou monitorar espécies presentes em determinada área. Uma dessas áreas, que tem despertado interesse para produção científica no município de Niterói, é a do Parque Estadual da Serra da Tiririca (peset) e suas zonas de amortecimento, onde está inserida a praia de Itacoatiara, na qual foi agraciada com a pesquisa sobre microalgas. O objetivo deste trabalho é fazer parte de projetos científicos, como o ocorrido no trabalho com as microalgas, para ilustrar resultados através da produção e exposição de fotografias com a finalidade de aproximar e divulgar a importância da pesquisa científica realizada nos laboratórios dos centros de pesquisa do país. O resultado esperado proveniente dessa divulgação através de exposição é aguçar a curiosidade da população sobre o tema biodiversidade e se tornar mais uma ferramenta para a contribuição no entendimento da educação ambiental.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 15
Trilha do Alto Mourão, peset: resultados do monitoramento do fluxo de visitantes*
A instalação de equipamentos de contagem automática
trilha, mostrando que os dados anteriormente foram
para o monitoramento total e permanente do fluxo
subdimensionados para aquela área. Dentre os meses
de visitantes em unidades de conservação brasileiras ainda
amostrados, o mês de maior visitação foi janeiro (1.353
não é uma realidade. Neste sentido o peset
visitantes) seguido dos meses de inverno: julho, agosto
se apresenta como pioneiro na América Latina
e setembro - respectivamente com 754, 974 e 975 visitantes.
galiana lindoso1, alexandre lorenzetto1 e fernando matias2
ao experimentar em sua gestão um sistema de contagem
Os dias de semana com maior número de visitantes foram:
automática de visitantes com transmissão de dados via
domingo (38%), sábado (26%), segunda (8,5%), sexta-feira
telemetria, os Eco-contadores. O projeto piloto foi realizado
(8%), quarta-feira (7,4%), quinta-feira (6,3%) e terça-feira
no âmbito do Projeto de Fortalecimento do Uso Público
(5,6%). Observou-se que os horários de pico para entradas
(2012-2014), onde o equipamento ficou instalado na trilha
foram entre as 7 h e 9 h da manhã (43% dos visitantes)
do Alto Mourão por um período de 9 meses (junho-2013
e os horários de saída da trilha foram concentrados entre
até fevereiro-2014). Este trabalho apresenta alguns
as 11 h e 14 h (42% dos visitantes). Com as informações
resultados alcançados neste período. Os dados históricos
levantadas já podem ser tomadas medidas assertivas como
de visitação para a trilha do Alto Mourão estão baseados
a escolha do dia da semana para a manutenção de trilhas
em estimativas: 10% da visitação contabilizada por meio
ou ainda aumentar a presença de equipes de guarda-
de um livro de visitas que encontra-se na sub-sede
parques nos dias e horários de pico.
de Itacoatiara (trilha do Costão), onde os números variaram
*Apoio financeiro: Eco-Compteur (França) e Soluções
entre 3.600 (2010), 3.800 (2011) e 4.334 (2012) visitantes/
Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (sacis)
1
Instituto Terra de Preservação Ambiental – itpa;
2
Instituto Estadual do Ambiente - inea / peset
E-mail: gali.lindoso@gmail.com
ano. A partir da instalação do equipamento de contagem automática, após os 9 meses de operação, foram contabilizados 7.925 visitantes na mesma
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Produção de um miniguia de árvores: olhares e percepções infantis sobre a Mata Atlântica
O Núcleo Educacional Professora Clélia Rocha – nepcr está
Oferecemos aulas teóricas e práticas com saída a campo
localizado em uma área de Mata Atlântica em processo
para a identificação e localização das árvores estudadas. A
de regeneração no entorno do Parque Estadual da Serra
observação e o registro ocorreram por meio de fotografias
da Tiririca – peset. Nesta escola as crianças podem observar
e de desenhos das flores, folhas e frutos de cada vegetal. O
várias espécies de animais, num cenário com árvores
plantio de mudas e a coleta de flores e sementes também
endêmicas do bioma Mata Atlântica. Com o foco
auxiliaram no conhecimento e na identificação dos vegetais.
na educação voltado a construção e formação de novos
A consulta e colaboração de pesquisadores (lec – ufsc, enbt
valores e à “proteção do meio ambiente natural e construído”
– ipjb) foram necessárias para a correta identificação
(MEC, 2012) desenvolvemos um trabalho com o objetivo
e redação das características dos vegetais. As atividades
de aguçar os olhares e percepções infantis sobre o ambiente
de manejo e o processo de produção deste miniguia
Remanso Fraterno, Núcleo Educacional Professora Clélia
em que estudam e residem. Participaram deste trabalho 22
despertou comportamentos positivos nas crianças, tais
Rocha e Laboratório de Educação Cerebral (lec – ufsc)
alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, duas professoras
como maior cuidado com os vegetais e interesse espontâneo
(regente e voluntária), e uma bióloga. Com o objetivo
por coleta e identificação de frutos e sementes. Portanto,
de conhecer, documentar e preservar os vegetais da Mata
este material foi incorporado como material de trabalho
Atlântica teve início o trabalho da produção do miniguia
para o ano de 2014 com vistas a contribuir na educação
de árvores. Selecionamos sete espécies de ocorrência
infantil com um novo olhar sobre esse ameaçado bioma.
guimaraes, a.d.s., silveira, s. e santos, c.v.
E-mail: angelimago@gmail.com
na escola típicas da Mata Atlântica: Braúna preta (Melanoxylon brauna), Embaúba (Cecropia pachystachya), Paineira Rosa (Chorisia speciosa), Palmeira Juçara (Euterpe edulis), Pau Brasil (Caesalpinia echinata), Quaresmeira Roxa (Tibouchina granulosa) e Sapucaia (Lecythis pisonis).
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 17
Poluição por lixo na Praia de Itaipuaçu em Maricá, Estado do Rio de Janeiro
O litoral de Itaipuaçu, no município de Maricá – rj,
monitoramentos realizados, representa uma ameaça
impressiona pela elevada pureza e tamanho dos grãos
aos ecossistemas costeiros, podendo causar uma série
de quartzo que formam um arco praial com cerca
de dados aos animais e contribuir para a degradação
de 9 quilômetros de extensão, desde a Serra da Tiririca
da praia. Lixo composto por matéria orgânica e madeira
(à oeste) até o pontal de Itaipuaçu (à leste). Da mesma forma,
também aparecem em quantidade significativa
rosa, k. s.1 e silva, a. l. c.2
este litoral chama a atenção pela elevada energia
e representam o segundo e terceiro material mais
das ondas incidentes, com altura superior a 2 metros
encontrado na areia da praia, respectivamente. O plástico é
durante a ocorrência de ressacas. O presente estudo teve
um material de baixa densidade e fácil de ser transportado
como objetivo caracterizar o lixo encontrado na praia de
por longas distâncias, a sua decomposição pode levar
Itaipuaçu, quanto a quantidade, distribuição e composição
séculos para acontecer. O lixo identificado neste estudo
destes. O plástico representa o resíduo sólido mais
apresenta-se desgastado, o que pode ser o resultado
encontrado em diversos ambientes marinhos e costeiros
do retrabalhamento destes materiais pela dinâmica
na atualidade, causando grande dano a flora e a fauna dos
de ondas e marés. Boa parte do lixo observado em Itaipuaçu
ecossistemas costeiros. O monitoramento do lixo na praia
parece ser proveniente de fontes externas, possivelmente
de Itaipuaçu contou com observações feitas em 5 pontos
transportados de outras áreas pelas correntes costeiras.
1
Graduada em Geografia pela ffp da uerj
2
Professor Adjunto na ffp da uerj
Rua Francisco Portela, 1470 – São Gonçalo – rj, 24435-005 E-mail: kellygeouerj@gmail.com e andrelcsilvageouerj@gmail.com
distribuídos ao longo de toda a extensão do arco praial. Os monitoramentos foram realizados durante as estações de verão e inverno de 2013. Os resultados mostram uma maior concentração de lixo na porção oeste da praia de Itaipuaçu, próximo a Serra da Tiririca. A predominância de lixo composto por plástico, observado nos dois
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 18
Levantamento faunístico do Núcleo Caminho de Darwin, Parque Estadual Serra da Tiririca* faria, m. c., freitas, d. g., oliveira, c. a. e queiroz, f.l. Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset, inea Rua Domingos Monica Barboza s/n. E-mail: marcelloneri@hotmail.com
A proposta deste estudo é realizar o levantamento qualitativo
se tornando a base para futuros estudos e análises
faunístico do núcleo Caminho de Darwin que está
do estado de conservação do meio ambiente local.
localizada dentro do Parque Estadual da Serra
*Apoio institucional: peset/ inea
da Tiririca, catalogando a diversidade de espécies de animais da Avifauna, Herpetofauna e Mastofauna. Serão utilizadas várias metodologias a fim de apurar com maior precisão todas ou a maioria possível de espécies em um período de tempo de 12 meses. Foi realizado um prévio conhecimento da área a ser estudada e determinou-se em formar transectos de 200 metros e delimitar pontos de observação. Em um levantamento prévio que se iniciou em 29 de março de 2014 até a presente data foram avistados, fotografados e filmados algumas espécies de fauna nativa, tais como: Cachorro-do-mato (lobinho), Saracura-do-mato, Tiê-sangue, Jararacuçu e alguns outros que serão descritos no transcorrer do trabalho. Este trabalho tem como objetivo catalogar as espécies para a Unidade de Conservação com intuito de se gerar dados para criar ferramentas para trabalhos de educação ambiental facilitando a compreensão de conceitos referentes à valorização da fauna local,
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 19
O mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) introduzido na área original de ocorrência do mico-leãodourado (Leontopithecus rosalia)*
O mico-leão-da-cara-dourada (mlcd) habita a Mata Atlântica
indicando o sucesso da adaptação dos mlcd na nova área.
do sudeste da Bahia e nordeste de Minas Gerais e o mico-
*O projeto tem apoio do cpb/icmbio; da Secretaria do
leão-dourado (mld) é encontrado apenas
Ambiente do Rio de Janeiro e do inea; e das secretarias
em florestas da região costeira do Rio de Janeiro. Os dois
municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e
estão ameaçados de extinção e classificadas como “Em
Sustentabilidade e de Educação de Niterói.
Perigo” pela iucn e mma. Em 2000 foram observados pela 1ª
Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário
vez mlcd no Parque Estadual da Serra da Tiririca,
de Proteção à Natureza, da rbo Energia (através da Câmera
em Niterói/rj, onde foram introduzidos ameaçando
de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente – rj),
a sobrevivência dos mld (nativos) na região. O mlcd pode
do Tropical Forest Conservation Act-tfca/funbio,
maria cecília m. kierulff1, daniel e. luz1, rodrigo c. araujo1, marina g. bueno1, danilo g. freitas1, adriana q. lima1, camila molina1 e alcides pissinatti2
comprometer a sobrevivência do mld pela competição direta,
do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh
introduzindo doenças ou se acasalando com a espécie nativa
Biodiversity Foundation/Conservation International e mbz
originando híbridos. Caso isso aconteça teremos uma perda
Species Conservation Fund.
de duas espécies já em perigo de extinção. Desde 2012 o Instituto Pri-Matas está capturando os mlcd, translocando, soltando e monitorando esses animais numa floresta
1
Instituto Pri-Matas
protegida dentro da distribuição original da espécie. Até
2
Centro de Primatologia do Rio de Janeiro/ inea
o momento capturamos 363 indivíduos, translocamos 293 para a Bahia e 53 permanecem em cativeiro. Extima-se
E-mail: primatas.caradourada@gmail.com
que metade dos mlcd tenham sido retirados de Niterói e até o final do ano esperamos capturar todos. Em 2013 foram observados filhotes dos grupos soltos na Bahia
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 20
Educação ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca: atividades na trilha interpretativa do Morro das Andorinhas
O Parque Estadual da Serra da Tiririca (peset) possui trilhas
na administração dessas atividades, pois há necessidade
que proporcionam a observação de paisagens exuberantes
do envolvimento de outras instituições e pessoas. Como
recebendo diariamente centenas de visitantes. A trilha
geralmente há limitações financeiras e de pessoal
do Morro das Andorinhas é visitada, desde 2010, por alunos
para cumprir esse, que é um preceito legal de todas as ucs
da escola Professor Marcus Waldemar de Freitas Reis,
brasileiras, fica aqui o estímulo à construção de parcerias
orientados por monitores do Museu de Arqueologia
interinstitucionais que atuam localmente, para que o parque
de Itaipu (mai). Uma caracterização física e biológica da trilha
possa se constituir em um polo gerador de novas posturas
demonstrou impactos do uso público. O acompanhamento
frente às diferentes questões ambientais apresentadas. No
mariana macêdo barcellos1 e douglas de souza pimentel1
das atividades do mai subsidiou a elaboração de um guia
que concerne à visão institucional, o peset e o mai precisam
para a interpretação ambiental nessa trilha, atuando assim,
ganhar importância na percepção das comunidades locais
na estruturação do processo de Educação Ambiental (ea). É
e a promoção das atividades de interpretação ambiental
importante que se aproveite as atividades de incursão
estimula uma visão de organização e gestão das atividades,
à trilha para chamar a atenção dos visitantes não só para
o que é importante no processo de inserção social. Logo,
a paisagem e para os processos que a transformaram,
a relevância do desenvolvimento da ea, planejada, regular
mas também para os detalhes no interior do parque, a fim
e baseada em tis pode transcender os limites e limitações
de estimular a sensibilização ambiental. No entanto,
das instituições envolvidas contribuindo para um verdadeiro
para que esse processo de sensibilização ganhe forças
aprendizado sobre as relações históricas entre os seres
e seja eficaz, é necessário que as atividades sejam
humanos e o ambiente.
1
ffp da uerj. Grupo de Estudos
Interdisciplinares do Ambiente
expandidas para outras trilhas e outras escolas. Para tal, deve-se alcançar um novo status na gestão dessa forma específica de uso público em ucs. Deve-se pensar
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 21
A Importância do Parque Estadual da Serra do Tiririca para conservação da riqueza de serpentes do município de Niterói
A tendência mundial de expansão das cidades e substituição
ou possui grande influencia foi elaborada (Engenho do Mato,
de paisagens naturais implica diretamente no impacto
Itaipu, Itacoatiara e Várzea das Moças) Observou-se que
ambiental sofrido pela região, neste sentido, os parques
das 26 espécies registradas para Niterói, 60% está presente
urbanos tornam-se indispensáveis para manutenção
em áreas do parque (seis famílias e 22 gêneros). Em termos
da qualidade de vida da população, além da preservação
gerais, o parque abriga 4,5% das espécies que ocorrem
da biota e meio ambiente. O potencial dessas áreas
no Brasil. Onde 44% são classificadas como generalistas,
conservacionistas deve ser sempre corroborado, pois
ocorrendo em ambientes florestais e antropizados e 56% são
através disso, mantem-se os estímulos a políticas públicas
exclusivamente florestais, o que demostra a relevância
citeli, n.1, de-carvalho, m.2, hamdan, b.1, ramos, t.1 e ferreira, v.1
que viabilizam a existência desses parques. Nesse âmbito,
da unidade de conservação integral para manutenção
o presente trabalho visa validar a importância do peset –
da riqueza de espécies, que outrora não estariam presentes,
localizado em sua maior porção na cidade de Niterói –
visto alto grau de degradação da floresta. Tais resultados
como refúgio para as serpentes que habitam a Mata
compilados a estudos relativos a diferentes grupos
Atlântica, bioma que atualmente conta com apenas 16%
biológicos presentes no parque, podem auxiliar
de sua cobertura vegetal original, dada a massiva
no entendimento das relações entre sociedade e natureza,
degradação. As coleções herpetológicas Museu Nacional
bem como o potencial preservacionista de unidades
do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro
de conservação em biomas impactados, principalmente
e Instituto Vital Brazil foram consultadas para
em centros urbanos, visto que o desenvolvimento
o levantamento das espécies de ofídios que ocorrem
das cidades é inevitável. Ademais, os inventários viabilizam
no município de Niterói, totalizando 158 registros
a delimitação de novas áreas em zonas de singular riqueza.
1
Instituto Vital Brazil, Niterói, Brasil.
2
Setor de Ornitologia, Museu Nacional, ufrj
E-mail: nathalieciteli@yahoo.com.br
compreendidos entre os anos de 1987 e 2014. A lista de espécies provenientes dos bairros cujo PEST está inserido
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 22
O uso da água e a vulnerabilidade do aquífero costeiro de Maricá ao fenômeno da salinização
O presente estudo, realizado no litoral de Maricá no estado
de forma intensa e descontrolada pela população, por meio
do Rio de Janeiro, foi impulsionado pela preocupação
da abertura de poços artesianos. De uma maneira geral,
com a preservação da água subterrânea e a problemática
a água do aquífero apresenta boa qualidade em Itaipuaçu
decorrente do fenômeno da salinização de aquífero. O
(no extremo oeste deste litoral) e Zacarias (próximo à apa
crescimento urbano intenso que vem ocorrendo no município
de Maricá, na porção central). As demais áreas apresentam
de Maricá, principalmente nas últimas 3 décadas, é marcado
água de baixa qualidade, sendo salobra em ponta Negra,
pela falta de infraestrutura básica, que inclui até mesmo
onde a população comumente recorre a compra de água
a carência de água potável para a população. Buscou-se,
em carros-pipa. O presente estudo chama a atenção para
canário, n. l. d.1 e silva, a. l. c.2
por meio deste estudo, realizar uma análise
a necessidade de preservação deste recurso de inestimável
da disponibilidade e qualidade da água utilizada
valor e para os riscos de contaminação do mesmo. Uma
pela população residente ao longo dos 33 quilômetros
gestão mais integrada deste recurso hídrico municipal,
de litoral, entre Itaipuaçu e Ponta Negra. Da mesma forma,
de forma a aliar pesquisa científica e planejamento urbano-
procurou-se identificar os fatores que possam contribuir
ambiental, se faz cada vez mais necessária para
para o fenômeno da intrusão salina no aquífero costeiro
a conservação deste bem, tão essencial a vida.
1
Pós-graduanda em Geologia do Quaternário – Museu
Nacional/ufrj. Quinta da Boa Vista, São Cristóvão – rj, 20940-040. 2
Professor Adjunto na ffp/ uerj.
Rua Francisco Portela, 1470 – São Gonçalo – rj, 24435-005. E-mails: nayara_nldc92@yahoo.com.br e andrelcsilvageouerj@gmail.com
neste município. Levantamento bibliográfico e pesquisas de campo possibilitaram conhecer a problemática gerada a partir da dependência da população frente a água subterrânea e a falta de infraestrutura do município para o fornecimento de serviços considerados básicos e essenciais. As residências localizadas no litoral dependem quase que exclusivamente do aquífero, que é explorado
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 23
Projeto Vale das Esmeraldas: do social para o ambiental raphael a. r. lima1, liz assunção2 e ricardo marcelo3
A delimitação de áreas de preservação ambiental é uma
cultura de convívio ambiental sustentável. O projeto foi
tarefa que requer uma visão ampla, visto a questão maior
dividido em três fases, sendo a primeira de mobilização,
de delimitar o que e como deve ser preservado. Em uma
na qual a população local se reuniu diversas vezes para
sociedade com cultura de preservação do meio ambiente,
discutir os problemas, e propôs nestas, uma série
a relação de equilíbrio com as atividades humanas seria uma
de medidas de solução dentro da visão de desenvolvimento
premissa do desenvolvimento. No entanto, esta relação hoje,
sustentável, denotando uma ação do Social (população)
tem que ser imposta dentro da difícil tarefa do que preservar
voltada para o Ambiental (meio ambiente), contrário ao
1
ucb e gerdau
dentro de uma determinada área. Neste Projeto, o inverso
habitual, do Estado determinando ações de preservação
2
ufrj
da lógica atual tem sido aplicado. O Vale das Esmeraldas
e fiscalização. A mobilização resultou em mais de 480
3
inea
está localizado na Zona de Amortecimento do Parque
assinaturas, e diversas sugestões. A segunda fase, ainda
Estadual da Serra da Tiririca, e recebeu esta denominação,
em busca de financiamento, é a execução de ações
por estar situado na Avenida das Esmeraldas, um acesso
estruturantes fruto das discussões iniciais, que englobam
comum ao peset, e por ter posição central em relação
drenagem e reuso de água, urbanização com asfalto
às demais ruas. Este Vale encontra-se em estado
ecológico (grits ou outro) e uso de energia solar. A última
de degradação crescente, com ruas sem pavimentação,
fase será de implantação de projetos comunitários
ausência de drenagem, iluminação precária, pontos
de convívio ambiental, a citar: oficina de compostagem, jardins
de esgoto a céu aberto. Existe pouca relação entre
comestíveis e turismo ecológico com atividades esportivas
a população do Vale e o peset. O Projeto foi concebido com
(ex.: skate de montanha). Ao longo das duas fases, é previsto
o objetivo de revitalizar a área, fortalecer os elos
o acompanhamento das atividades, com monitoramento
participativos da população com o ambiente de preservação
da fauna, flora e clima na região, buscando subsidiar outros
do Parque, e criar dentro da zona de amortecimento uma
projetos, e servir de piloto para outras iniciativas.
E-mail: raphaelarl@globo.com
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 24
Dieta de Tropidurus torquatus (wied, 1820) (Squamata, Tropiduridae) no Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca, municípios de Niterói e Maricá, rj*
Tropidurus torquatus é um lagarto comum a formações
significativamente relacionado (r² = 0,702; p = 0,001)
abertas com populações litorâneas em restingas e costões
com a largura da mandíbula (13,1 ± 2,4 mm; 10,1 – 18,3; n
rochosos, do Rio de Janeiro até a Bahia. O objetivo
= 13). O crc influenciou significativamente (r² = 0,293; p =
do estudo foi analisar a dieta de T. torquatus do Costão
0,046) as proporções volumétricas de material vegetal (37,2
de Itacoatiara, peset, em Niterói e Maricá, rj. O estudo foi
± 29,1; 0,0 – 98,5; n = 14) e também (r² = 0,395; p = 0,016)
realizado em Julho/Agosto de 2010. Cada lagarto coletado
de frutos na dieta (26,9 ± 26,3; 0,0 – 92,4; n = 14). Tropidurus
teve medidos (mm) o comprimento rostro-cloacal (crc)
torquatus do Costão de Itacoatiara teve uma dieta onívora
e a largura da mandíbula. A dieta foi analisada em número,
e generalista, composta principalmente por insetos (e.g.
volume (mm3) e frequência de ocorrência dos tipos
Formicidade e Coleóptera) e frutos. Os frutos
de itens e um Índice de Importância (ivi) foi calculado. Foram
e as sementes pertenceram às cactáceas Rhipsalis cereoides
coletados 14 lagartos e registrados 24 tipos de itens na dieta.
e Coleocephaluscereus fluminensis. O consumo dos frutos
cunha, f.c.g.1, silveira, r.m.2, santori, r.t.3 e kiefer, m.c.14
Numericamente, Formicidae (51,7%) e Coleoptera (11,6%)
variou ontogeneticamente, indicando maior importância
foram os mais importantes. Volumetricamente foram frutos
na dieta dos adultos. Além disso, sugere T. torquatus
(34,2%) e Formicidae (8,2%). Formicidae ocorreu
como um potencial agente dispersor destas espécies
em todos os estômagos, seguido por Coleoptera e Sementes
na área do Costão de Itacoatiara. *Financiamento: faperj.
1
PPG em Ecologia e Evolução, ibrag, uerj
(ambos 85,7%). Os maiores ivi foram de Formicidae (53,3%),
2
Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro
frutos (39,7%) e Coleoptera (34,5%). Não houve relação
3
Departamento de Ciências, ffp, uerj
significativa (r² = 0,075; p = 0,342) entre o número médio
4
Departamento de Biologia Geral, ib, uff
de itens por estômago (23,5 ± 14,7; 4 – 58; n = 14) e o crc (65,7 ± 11,0 mm; 53,1 – 91,9; n = 14). O volume médio
E-mail: mckiefer@id.uff.br.
de itens (95,3 ± 22,3 mm³; 22,2 – 340,2; n = 13) esteve
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 25
Carvoarias históricas na Serra da Tiririca: história oral, história ambiental, antracologia e botânica* patzlaff, r.g.1, scheel-ybert, r.1,2 e araújo, d.s.s.3 1
Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem, Departamento
de Antropologia, Museu Nacional/ ufrj 2
Professora e Pesquisadora – PPG em Arqueologia,
Museu Nacional/ ufrj 3
Professora e Pesquisadora – PPG em Botânica,
Museu Nacional/ ufrj E-mail: rubiagpatz@gmail.com
Os remanescentes florestais encontrados na Mata Atlântica
no Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem do Museu
podem ser classificados como florestas secundárias, devido
Nacional/ufrj (lap). Já foram mapeadas cerca de 25
a seus usos anteriores variados, entre eles o corte
remanescentes de carvoarias históricas nas encontras
de madeira para a produção do carvão que ocorreu
da Serra da Tiririca. O lap vem desenvolvendo um estudo
nos séculos xix e xx. Tal meio de subsistência foi utilizado
que visa compreender como a atividade carvoeira histórica
por carvoeiros, personagens sem rosto na história,
interferiu na formação destas florestas. Para atingir tal
possivelmente pequenos posseiros. O carvão vegetal é
objetivo, pretende-se: (1) compreender quem eram
uma das principais evidências da alteração
os carvoeiros e sua relação com a floresta através da busca
de paisagens por populações humanas. Historicamente,
de descendentes e pessoas que ainda possuem memória
foi utilizado principalmente nos centros urbanos, uma vez
sobre a época. Quase não existem citações e registros
que a população rural, incluindo os próprios carvoeiros,
documentais sobre eles. Registros materiais relacionados
frequentemente não tinham recursos suficientes para
a eles também são extremamente raros; (2) reconstituir
custear o uso do carvão. Trabalhos anteriores sugerem
a floresta utilizada por eles através da análise da anatomia
que uma extensão considerável do leste do Maciço
da madeira dos fragmentos de carvões coletados
da Pedra Branca no Oeste do Rio de Janeiro foi utilizada
no sedimento. O estudo e interpretação dos restos
para a fabricação de carvão. Os remanescentes
de madeira carbonizados encontrados no solo
de carvoarias históricas são reconhecidos na floresta atual
ou recuperados em sítios arqueológicos são os objetivos
através da existência de platôs nas encostas
da antracologia. Os remanescentes de carvoarias históricas
e de manchas negras no solo, rico em fragmentos
são considerados e reconhecidos como sítios arqueológicos;
de carvão. Pouco se sabe sobre a história da produção
(3) compreender a estrutura da floresta atual através
de carvão na Serra da Tiririca, que vem sendo estudada
de análise fitossociológica. A partir desses resultados,
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 26
espera-se compreender um pouco da história da floresta onde se situa o Parque Estadual da Serra da Tiririca. *Financiamento: capes/ cnpq Trabalho realizado como tese de doutorado da primeira autora no Programa de Pós-Graduação em Botânica, Museu Nacional/ ufrj.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 27
Diversidade funcional e filogenética da comunidade vegetal da Pedra de Itacoatiara
Os afloramentos rochosos apresentam características
de disponibilidade de recursos, que é previsto
ambientais extremas para o estabelecimento
com o aumento da área das ilhas de vegetação. Foi medida
das espécies vegetais. São poucos os estudos relacionados
a variação de atributos funcionais foliares das espécies
com montagem de comunidades, diversidade funcional
assim como a diversidade funcional e filogenética.
e filogenética em relação com gradientes ecológicos
A comunidade presenta um comportamento geral
ou heterogeneidade ambiental presente nos afloramentos
nas estratégias de resposta ao gradiente, as folhas
colmenares-trejos, s. l.1, rosado, b. h. p.2 e de mattos, e. a.1
rochosos salvo o trabalho de Parmenter & Hardy (2009)
apresentam menor área e maior espessura em locais
na África. O estado do Rio de Janeiro possui uma composição
de maior restrição, o que é associado com diminuição
especial de afloramentos única no mundo, mas poucos
de perda de água por redução de área, acumulação de água
1
Departamento de Ecologia. ufrj
trabalhos desenvolvidos neles, e sim um alto abuso. A
e com a formação de uma estrutura resistente à perda
2
Departamento de Ecologia. uerj
comunidade vegetal da pedra de Itacoatiara se organiza
de agua. A estrutura esta mediada pela resposta ao ambiente
em ilhas de vegetação de área e profundidade de solo
(processo de filtragem) pois na medida em que o ambiente é
diferentes, comportando por sua vez diferentes espécies
mais restrito há menor riqueza, menor diversidade funcional,
com características particulares. Em ilhas de vegetação
e maior repulsão filogenética, sugerindo que ilhas maiores
com áreas pequenas, há fortes pressões ambientais devido
são mais acessíveis para espécies de diferentes grupos
à baixa disponibilidade de água e nutrientes a causa do solo
taxonômicos e com respostas menos flexíveis à seca,
pouco estruturado. Esta dissertação de mestrado teve como
já que a disponibilidade de recursos é maior.
E-mail: quehubosara@gmail.com
objetivo estudar a estruturação da comunidade ao longo de 32 ilhas de vegetação de áreas diferentes (entre 0.5 m2 e 30 m2) e se é direcionada por processos de filtragem ambiental principalmente em resposta ao gradiente
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 28
Avaliando a interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset: dados preliminares
As relações entre as faunas selvagem e doméstica
e gambás. Em relação aos cães somente 13% passavam por
em Unidades de Conservação (uc) são potencialmente
consulta de rotina com veterinários, 7% eram castrados, 13%
impactantes ao ambiente e à saúde coletiva. Predadores
encontravam-se vacinados contra raiva e vacina polivalente
como cães e gatos domésticos potencializam a transmissão
e 34% somente contra raiva. Em relação aos gatos, 20%
de doenças, competição por alimento e território, predação,
eram castrados e 15% vacinados contra raiva. 65%
e riscos para a saúde humana. O peset possui residências
dos proprietários afirmaram que seus animais possuíam
em seus domínios, inserindo-se no perfil de uc urbana
ectoparasitas. Em face do exposto pode-se considerar
susceptível a tais impactos. O objetivo deste estudo é avaliar
as informações levantadas neste estudo como fundamentais
nunes, v. m. a.1, 2, moutinho, f. f. b.1, 2, queiroz, f. s. l.3, matias, f.3 e bruno, s. f.2
as condições da fauna de vertebrados domésticos mantidas
para a efetivação do plano de manejo desta uc. Considerando
por residentes no peset. Estão sendo aplicados in loco
as precárias condições de saneamento básico, cuidados
questionários estruturados aos residentes e os imóveis
veterinários e guarda inadequada, torna-se evidente
visitados estão sendo georreferenciados no intuito
a necessidade de controle da população dos animais
de espacializar os dados obtidos utilizando um Sistema
domésticos residentes no peset ea educação ambiental
de Informações Geográficas. Até o momento foram visitadas
quanto à guarda responsável e prevenção de zoonoses
91 residências e contabilizados 185 cães e 99 gatos. Do total
para seus residentes.
1
Faculdade de Medicina Veterinária – uff
2
Centro de Controle de Zoonoses – fms, niteroi, rj
3
inea – Parque Estadual da Serra da Tiririca – rj
E-mail: saviobruno@vm.uff.br
de residências, 80% possuem cães, 44% possuem gatos e 54% possuem animais de outras espécies, dentre aves, suínos, ovinos, etc. 73% dos cães possuem acesso à mata, sendo que 38% destes têm acesso integral. A interação de seus animais domésticos com os selvagens foi visualizada por 31% dos proprietários, na maioria ouriços
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 29
Uso público em áreas protegidas: um roteiro de atividades para fortalecimento de vivências e conscientização através da educação ambiental lanúzia quintanilha¹ e luiz renato vallejo¹ 1
Dep. de Geografia – uff, Campus Praia Vermelha
Av. General Milton Tavares s/nº, Boa Viagem, Niterói, rj, cep: 24210-346.
Resumo
Introdução
A educação ambiental é uma importante ferramenta de sensibilização
Uma das estratégias de conservação da biodiversidade in
e formação de cidadãos conscientes. O uso público e as atividades
situ no Brasil é a criação de Unidades de Conservação (uc). A
educativas em áreas protegidas são estratégias de aproximação entre
Lei nº 9.985/2000 estabeleceu o Sistema Nacional
a sociedade e meio ambiente. Além de contribuir para melhoria
de Unidades de Conservação (snuc) como forma
do trabalho dos educadores, é possível promover a conscientização
de organização legal da rede nacional de áreas naturais
dos visitantes sobre diversos temas ambientais. O artigo apresenta
protegidas, visando enfrentar de maneira mais eficiente
uma relação sistematizada de 17 atividades educativas que podem
o problema da perda acelerada de biodiversidade (abigail,
ser aplicadas em Unidades de Conservação, valorizando seu potencial
2006) e para a manutenção dos processos ecológicos
e auxiliando os educadores ambientais a desenvolverem vivências
e evolutivos (queiroz, 1994). Estas unidades requerem
integradas ao meio ambiente, despertando atitudes conservacionistas,
a participação das populações locais, das organizações não
além de experiências sensoriais e de reflexão crítica.
governamentais (ongs) e do poder público, em todas
Palavras-chave: Educação ambiental; práticas educativas; áreas
as esferas administrativas na sua criação, implantação
protegidas e uso público.
e gestão (franca, 2006). De acordo com Franca (2006), a educação ambiental está comprometida com a missão de uma uc, pois ela contribui
E-mail: lanuziaquintanilha@hotmail.com
para disponibilizar informações qualificadas e atualizadas,
e luizrenato@id.uff.br
compartilhar percepções e compreensões e ampliar a capacidade de diálogo e de atuação conjunta. Por isso, a educação ambiental é uma importante ferramenta
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 30
de sensibilização que forma cidadãos conscientes. O objetivo deste trabalho é apresentar uma relação sistematizada de um conjunto de atividades educativas que podem ser aplicadas em ucs, valorizando seu potencial e auxiliando os educadores ambientais a desenvolverem vivências integradas ao meio ambiente, despertando atitudes conservacionistas, além de experiências sensoriais e de reflexão crítica.
Materiais e Métodos
Resultados
Foi feito um levantamento de caráter exploratório em
As atividades práticas propostas estão sistematizadas no
diversos artigos de periódicos, livros e revistas eletrônicas
Quadro I, sendo acompanhadas de uma breve descrição,
que tratam, direta e indiretamente, do tema em questão.
das estratégias que podem ser adotadas para alcançar os
A pesquisa produziu uma listagem com dezessete
objetivos propostos e, além disso, sugere o público alvo.
atividades organizadas numa tabela contendo as seguintes informações: atividade/estratégias; público alvo e descrição.
Quadro I - Atividades práticas propostas para serem desenvolvidas em Unidades de Conservação
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 31
Atividade/ Estratégias
1) conhecendo a história da uc
2) observando a diversidade
3) um ecossistema visto de perto
4) pesquisando a diversidade
5) pesquisando a diversidade da
Expositiva
de paisagens na mata
Observação em campo
da flora do bioma
fauna do bioma
Painéis e murais
Expositiva
Pesquisa de campo
Expositiva
Vídeos
Observação em campo
Painéis ou murais
Painéis e murais
Cartilhas
Painéis e murais
Apresentação de slides
Apresentação de slides
Maquetes
Público
Descrição
Diversos
Diversos
Diversos
Alunos de Ensino Fundamental
Alunos de Ensino Fundamental
Exposição para o público dos
Identificação dos diferentes
Observação de um tronco
Identificação da diversidade vegetal através
Apresentar e/ou solicitar
conceitos e origens das áreas
ambientes da Mata, bem como dos
apodrecido e identificação dos
das diferenças morfológicas presentes
pesquisa junto aos alunos
protegidas; apresentação de
diferentes estratos e morfologias
possíveis seres vivos crescendo
entre algumas espécies vegetais do local
sobre os animais que ocorrem
mapas, fotografias sobre a área de
dos vegetais, flores, frutos e
no local e suas interações.
(folhas e frutos caídos, caule e raiz das
na mata identificando os
implantação da UC e informações
sementes. Informar a importância
árvores, citando alguns exemplos de
grupos taxonômicos e hábitos
sobre sua criação, modo de vida
de se preservar as matas para a
espécies conhecidas), associando essas
alimentares.
da comunidade, se houver, antes e
manutenção do ciclo hidrológico
características a determinadas grupos
depois da UC.
taxonômicos. Serão coletadas amostras para observação, registro fotográfico, elaboração de desenhos e montagem de um mostruário vegetal.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 32
Atividade/ Estratégias
6) os elementos potenciais
7) observando os pássaros
8) a casa dos animais
9) a importância do solo
10) desenhando e observando uma trilha
da natureza
Observação em campo
Expositiva
Expositiva
Observação em campo
Observação em campo (trilhas)
Painéis e murais
Observação em campo
Observação em campo
Painéis e murais
Painéis e murais
Diversos
Público
Descrição
Diversos
Diversos
Diversos
Alunos de Ensino Fundamental
Apontar, durante o trajeto,
Observação/identificação das
Apontar os diferentes estratos
Apontar/anotar todos os elementos
Observação de componentes
as espécies (nome popular)
aves presentes na mata. Registro
presentes na mata e identificar
encontrados nos diferentes solos
observados durante o percurso
endêmicas, ameaçadas e de
fotográfico, da vocalização e do
quais os animais que vivem
(folhas, animais, raízes, gravetos)
numa trilha estimulando os
importância econômico-social
local onde a espécie foi encontrada.
nestes estratos e seu papel para
e observar as alterações de cor,
alunos a desenhá-los. Os alunos
regional, medicinal, ornamental
Mencionar a importância de áreas
a manutenção da diversidade
umidade, tamanho de grãos.
deverão montar um mapa da trilha
e de grande porte, despertando
protegidas para a preservação e
vegetal, propagação das espécies
Discutir a relação entre a mata e a
indicando os elementos que mais
a atenção do usuário para a
conservação das espécies.
e ciclagem de nutrientes.
composição do solo.
chamaram a atenção.
importância da conservação ambiental.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 33
Atividade/ Estratégias 11) trilha interpretativa
12) trilha inclusiva
13)poluição x natureza
14) concurso de fotografia
15) atividades humanas x rios
Observação em campo
Observação em campo
Observação em campo
(tematica ou não)
Pesquisa de campo
Esboço do roteiro
(trilhas)
Painéis e murais
Observação em campo
Laboratório ou sala
Apresentação de slides
Painéis ou murais
Mapa de localização Cartilha sobre recomendações/ comportamento na trilha
Público
Descrição
Diversos
Crianças ou adultos portadores
Diversos
de necessidades especiais
Alunos do Ensino Fundamental
Diversos
e Ensino Superior
Observação das áreas mais atrativas da UC,
Estimular as seguintes habilidades:
Debater com o grupo a importância de
Registro fotográfico do ambiente,
O grupo deve coletar amostras de diferentes
como paisagens relacionadas à água (rios,
percepção ambiental, memória visual,
recolher o lixo produzido pelo homem para a
fauna, flora, impactos ambientais,
pontos do rio (água na nascente, no interior da
lagos, cachoeiras), locais de visualização de
reconhecimento de formas, tamanho e
manutenção da natureza. Materiais estranhos
beleza cênica, mostrando, com isso,
mata, próximo à cidade/na cidade) que corta
fauna, locais com maior presença de aves
espécies diferentes (tipos de folhas, frutos,
ao hábitat dos animais podem confundir seus
a importância da conservação da
a UC e comparar visualmente a mudança
(observação sonora), área com árvores
etc.), reconhecimento de cores, percepção
sentidos, como pode acontecer também com
Natureza.
da coloração da água, observando que as
representativas da região, beleza cênica,
auditiva (sons da mata), observação,
o homem (comparar). Pessoas do grupo terão
atividades humanas influenciam na qualidade
valor histórico. Abordagem dos temas
concentração, expressão oral, raciocínio
seus olhos vendados e uma pessoa anotará.
da água do rio. Os participantes deverão
presentes na trilha mostrando a importância
lógico e sensibilidade tátil.
Os elementos encontrados na mata passarão
avaliar a importância da área protegida na
dos recursos naturais e da existência de
de mão em mão e identificados usando o
manutenção da qualidade da água dos rios.
áreas protegidas para a preservação e
olfato, tato, audição e paladar. No final será
conservação da natureza.
revelado o número de acertos.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 34
Atividade/ Estratégias
16) conhecendo os saberes
17) restaurando o meio
tradicionais de uma comunidade
ambiente
tradicional
Plantio e acompanhamento
Expositiva
de mudas
Observação em campo Painéis e murais Diversos
Público
Descrição
Alunos de Ensino Fundamental
Visita a uma comunidade
Plantio de mudas de espécies
tradicional (indígena ou não) dentro
nativas em área degradada da
de uma UC. Registro fotográfico
UC, mencionando a importância
e anotações do nome e uso das
da vegetação para a manutenção
plantas utilizadas pela comunidade
dos rios, retenção de encostas,
e modo de utilização dos recursos
fertilidade do solo e repovoamento
naturais.
do local por animais silvestres. Monitoramento e acompanhamento do crescimento das mudas, avaliando a eficiência do processo.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 35
Conclusão
Bibliografia consultada
O trabalho apresentado teve como finalidade principal reunir
abigail, s. 2006. Convenção sobre Diversidade Biológica: Uma
um conjunto de atividades aplicáveis a diversos públicos
visão a partir do Brasil. In: dimensões humanas
que frequentam, rotineira ou esporadicamente, as áreas
da biodiversidade, Editora Vozes, Petrópolis, pp. 113 –133.
protegidas, principalmente no caso de parques (federais,
franca, n. 2006. Educação Ambiental em Unidades de
estaduais ou municipais). Isso não elimina a possibilidade
Conservação. Programa Petrobrás Ambiental – Ibase, 27p.
de aplicá-las em programas e projetos educativos em outras
mendes, a. f., souza, s. a. de, tabanez, m. f. 2007. A Trilha
áreas de conservação como Reservas e Estações Biológicas,
Interpretativa das Árvores Gigantes do Parque Estadual
Monumentos Naturais, apas, rppns, etc.
de Porto Ferreira na modalidade autoguiada. Revista Instituto
A interatividade entre grupos organizados
Florestal, São Paulo, v.19, n. 2. 2007, p. 173 –188.
de caminhantes com escolas, turistas e outros setores
mette, g., silva, j. c. d. e tomio, d. 2010.
da sociedade organizada podem contribuir para
Trilhas interpretativas na Mata Atlântica: uma proposta para
a aproximação do público com as Unidades de Conservação
Educação Ambiental na escola. Revista eletrônica
rompendo com antigos estigmas que sempre contribuíram
do Mestrado em Educação Ambiental, furg-es, v. 25.
para a concepção de isolamento dessas áreas.
olive, m. m. 1991. De mãos dadas com a Natureza – Guia de Educação Ambiental para pais e professores. Salamandra, Rio de Janeiro, n.7, 35p. oliveira, l. f. 1989. Educação Ambiental – Guia Prático para professores, monitores e animadores culturais e de tempos livres. Texto Editora, Lisboa, 112 p.
peralta, c.h.g. 2002. Experimentos Educacionais: eventos heurísticos transdisciplinares em Educação Ambiental. In: educação ambiental: abordagens múltiplas. Artmed, Porto Alegre. queiroz, h. l. 1994. Uma experiência de conservação na várzea da Amazônia brasileira. Neotropical Primates, v.2, n.1, p. 12 – 13. silva, p. m. s., amorim, v. e. p., neto, s. p. s., peres, m. c. l. e cerqueira, m. b. 2010. Unidade de Conservação Urbana como espaço educativo: práticas com alunos do Ensino Fundamental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, furg – es, v. 25. valenti, m.w., oliveira, h.t., dodonov, p. & silva, m.m. 2012. Educação ambiental em Unidades de Conservação: Políticas públicas e a prática educativa. Educação em Revista, v.28, n.1, p. 267-288
II Encontro CientĂfico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 36
palestras
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 37
Uma cartografia rizomática da gestão do uso público do Parque Estadual da Serra da Tiririca pela lógica da ecosofia
Resumo
Introdução
O caminho da pesquisadora atravessou diversas vezes a temática
O pensamento contemporâneo hegemônico, legado
da gestão do uso público no Parque Estadual da Serra da Tiririca,
de uma perspectiva pós-industrial e moderna, é marcado,
em ocasiões e tempos diferentes, como moradora do entorno, visitante,
principalmente, segundo Irving et all. (2008) pela herança
estudante, educadora, pesquisadora e coordenadora de uso público.
histórica de distanciamento entre sociedade e natureza.
Isto facilitou cartografar uma multiplicidade de olhares e até mesmo
Nesse processo de desnaturalização da natureza, segundo
possibilitou a desconstrução de pontos de vista. Este trabalho é resultado
Santos (2006), os objetos tomam o lugar das coisas
galassi, b.¹, tavares, f.² e irving, m.³
da dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação
e se atribui também “valor” à natureza, na perspectiva
em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (eicos),
de bens e recursos, e a sociedade passa a desenvolver
com enfoque na questão da produção das subjetividades na lógica
técnicas e regras sociais e territoriais para conciliar uso
¹ ufrj. brunagalassi@gmail.com
da Ecosofia, com base nos teóricos Gilles Deleuze e Félix Guattari. Assim,
e conservação. Para Gonçalves (2001, p. 23), o conceito
² ufrj. fredtavares@fredtavares.com.br
objetivou-se cartografar, em uma análise rizomática, as conexões
de natureza não é “natural”, mas “constitui um dos pilares
³ ufrj. mirving@unikey.com.br
na produção de subjetividades na gestão do uso público, no Parque
através do qual os homens erguem as relações sociais, sua
Estadual da Serra da Tiririca, pela lógica da Ecosofia.
produção material e espiritual, enfim, a cultura”.
Palavras-chave: Cartografia; Gestão do Uso Público; Parque Estadual
Para desconstruir verdades estabelecidas por uma cultura
da Serra da Tiririca
hegemônica, Guattari (1990) propõe o novo paradigma éticoestético da Ecosofia, que envolvem os processos de subjetivação em sua relação com o político, o social e o cultural, numa visão integrada entre os domínios da ecologia mental, social e ambiental. Para o autor: “Menos
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 38
que nunca a natureza pode ser separada da cultura, e precisamos aprender a pensar “transversalmente” as interações entre ecossistemas, mecanosfera e universos de referências sociais e individuais”. (guattari, 1990, p. 25)
Materiais e métodos Assim, pela lógica da ecosofia, refletir sobre as possibilidades de lutas micropolíticas para a conservação da natureza, requer um exercício de desconstrução de territórios existenciais, que são visões de mundo, valores, modos de sentir, perceber, pensar e agir. E o rizoma, pode possibilitar essa transformação, tendo em vista que é aberto e incerto, como a microbiologia do cérebro no que se referem a novas conexões, novas passagens, novas sinapses. Para Deleuze e Guattari (1995), o pensamento rizomático, não tenta reunir tudo em um único conceito, mas ao contrário, busca referir cada conceito a variáveis que lhe determinem as mutações. O rizoma é o entendimento analítico, onde se geram os insights. Na análise rizomática, levou-se em consideração as conexões inscritas na produção do conhecimento e na sensibilidade das relações interinstitucionais a partir da vivência da pesquisadora, durante o período de 2013. A cartografia do Parque Estadual da Serra da Tiririca permitiu pensar em uma multiplicidade de assuntos transversais
a temática da gestão do uso público, tendo em vista as singularidades na gestão de um parque urbano e o processo de mobilização social à criação do peset.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 39
Resultados e discussão Neste caso, as mudanças na concepção da conservação da natureza, da política de proteção da natureza e da gestão das áreas protegidas, foram importantes pistas para produzir um jogo de aproximações e contrastes capaz de permitir a compreensão dos processos de subjetivação singulares na gestão do peset. O conceito de conservação da natureza foi sendo desenvolvido no âmbito das ciências naturais, com duas concepções centrais: uma delas relacionada com a gestão dos recursos e uma segunda ligada à preocupação com o desaparecimento de espécies e a degradação (jordan, 1995; heywood e iriondo, 2003). As teorias conservacionistas clássicas acreditavam na crença da natureza imutável. Desta forma, o objetivo dos primeiros parques consistiu em manter lugares inalterados, onde se repeitasse o funcionamento da vida silvestre fora da presença humana, considerada hostil. Mac Donald (2004) ressalta ainda que, na maioria dos países do mundo, o conceito e as legislações correlatas de Áreas Protegidas provém de uma cultura ocidental, científica,
conservacionista e reducionista.
De acordo com uma avaliação do pnuma , dos 700 mil km²
Portanto, diante dos problemas reconhecidos como globais,
de áreas destinadas à conservação e uso sustentável
a própria ideia de conservação da natureza, passou
da biodiversidade criadas no mundo, cerca de 75% estão
na segunda metade do século xx por uma mudança notável,
no Brasil, considerado o país líder mundial.
inspirando não apenas todo um conjunto de iniciativas
Neste contexto, o Brasil elaborou o pnap, sob um olhar
sociais e políticas, mas também relevantes processos
econômico e socioambiental, segundo Rodrigues (2009,
de cooperação política à escala internacional.
p.71), em que destaca os objetivos de: “potencializar o papel
Atualmente, os enfoques da gestão para conservação
das unidades de conservação e demais áreas protegidas
da natureza tem se baseado na visão ecossistêmica,
no desenvolvimento sustentável e na redução da pobreza;
que surgiu na Convenção da Diversidade Biológica, em 2000,
fortalecer a comunicação, a educação e a sensibilização
como uma abordagem para o gerenciamento de recursos
pública para a participação e o controle social sobre o snuc ;
naturais focada na capacidade dos ecossistemas de suprir
garantir a sustentabilidade econômica das unidades
as demandas ecológicas e futuras necessidades humanas,
de conservação”.
com uma desejável integração de perspectivas sociais,
Assim, a visitação representa uma atividade de grande
ambientais e econômicas ao manejo de ecossistemas. A
potencial para incrementar os recursos econômicos
gestão ecossistêmica se adapta a necessidades emergentes,
da unidade, além de exercer o papel fundamental
a novas informações e promovem o bem estar humano
de aproximar a sociedade da natureza e, consequentemente,
através dos serviços oferecidos. Selecionada como
fomentar sua conservação e utilização sustentável . Outro
uma das seis áreas prioritárias da estratégia do pnuma
marco legal que incentiva a visitação em unidades
(2010 – 2013), a gestão ecossistêmica requer
de conservação é o regulamento dos Parques Nacionais .
a conectividade entre os serviços ambientais.
Em geral, as distintas definições de uso público utilizadas
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 40
pelos órgãos gestores mantêm certos critérios comuns
de Unidades de Policiamento Ambiental e, especificamente,
que lhe são essenciais, como por exemplo, a abordagem
o projeto de Fortalecimento da Gestão do Uso Público
aos valores dos recursos, a contribuição à conservação,
nos Parques Estaduais .
a necessidade de que os usos e atividades estejam
A gestão do peset, neste período, trabalhou
ordenados e o caráter educativo de sua prática.
no acompanhamento, integração e revisão dos projetos
No entanto, essa forma de visão ainda é incipiente em vários
citados acima, além do projeto “trilhas da copa”
países. Segundo o Estado espanhol (europarc, 2011), uma
de sinalização, projeto “Caminho Darwin” de estruturação,
das causas desta situação está relacionada ao pouco tempo
em ações de sinalização indicativas e interpretativas,
de experiência, ao tratar-se o uso público de uma área
em projetos de educação ambiental e na realização
recente da administração ambiental, o que leva também
de cursos e eventos, tudo isso em parceria com as Câmaras
ao pouco investimento em recurso humano destinado
Temáticas e Grupos de Trabalho e com a adoção de critérios
a trabalhar no seu planejamento, e, principalmente, a falta
éticos nas avaliações e decisões da administração da uc.
de compromisso na elaboração e execução
Destaca-se também a importante atuação do Conselho,
de um planejamento em longo prazo. Para Vallejo (2013, p. 22),
que apesar do seu caráter consultivo, mostrou uma intensa
no Brasil, “o planejamento e a gestão do uso público
potência, se envolvendo em diversos tipos de lutas sociais
em áreas protegidas é assunto recente, ainda carecendo
e ambientais características de um parque urbano, resultando
de pesquisas, debates sobre experiências e investimentos
em moções, manifestações e apurações cautelosas.
de consolidação”. O Estado do Rio de Janeiro, em 2013, fez investimentos consideráveis em planos de manejo, regularização fundiária, infraestruturas, contratação de guarda-parques, implantação
Conclusões A gestão dos parques estaduais no Rio de Janeiro tem sido marcada, nos últimos anos, por muitos investimentos, mas também pela descontinuidade das ações, passando por várias adaptações. Isto tem ocorrido não apenas pela mudança de cargos políticos, mas devido aos projetos de curto e médio prazo fomentados pelo inea, que interferem diretamente na estrutura organizacional das ucs e da dibap, como foi o caso do projeto de Fortalecimento da Gestão de Uso Público e, possivelmente, será com os guardaparques civis. Nesse sentido, esse estudo, sobretudo, tentou mostrar o esforço destinado a gestão do uso público no Parque Estadual da Serra da Tiririca, para gerir ecossistemas complexos e dinâmicos, num mundo em processo acelerado de transformações e rápidas adaptações, que justamente tornam cada vez mais necessário a adoção de critérios éticos. Observou-se uma possível tendência ecossistêmica à medida que às questões que envolvem o uso público ganharem maior relevância, incorporando outros setores,
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 41
departamentos, serviços e unidades de conservação do inea, e, simultaneamente, se aproximando de empresas, órgãos públicos e associações. No entanto, uma dificuldade própria dessa gestão é que o uso público é transversal a diversas áreas do conhecimento e relações interinstitucionais, cuja responsabilidade recai em outros órgãos, o que requer o estabelecimento de políticas, projetos e programas conjuntos ou uma coordenação interinstitucional. Atualmente, as relações se propagam através das redes, em um espaço rizomático, que geram rápidas possibilidades de associações, produzindo novas maneiras de subjetivar-se. Contudo, algumas vezes, a decisão está em uma instância jurídica institucional, ou em uma política ou regulamento estadual/ federal, o que impossibilita o fluxo da linha de fuga, a continuidade da ideia. É verdade que não é possível abranger todas as conexões nessa discussão e nem dar conta de traduzir a processualidade da gestão, tendo em vista que as subjetividades estão sempre em movimento, é apenas uma fotografia de um instante que já passou. Assim, as conclusões nunca vão ter fim.
Referências bibliográficas brasil. ministério do meio ambiente (mma). 2002. Avaliação e Ações prioritárias para a conservação da biodiversidade das zonas costeira e marinha. Brasília: Fundação Bio-Rio, Sectam, Idema, sne, carneiro, antônio marcos muniz e vieria, luiz fernando silva. 2012. Ferramentas Interativas para a Conservação Sustentável de Áreas Marinhas Protegidas. In: Anais I Seminário Nacional de Gestão Sustentável de Ecossistemas Aquáticos – conservação, interatividade e ecodesenvolvimento. Arraial do Cabo: coppe/ufrj, Apoio capes/Fundação SOS Mata Atlântica. cbd – convention on biological diversity. 2004. Technical Advice on the Establishment and Management of a National System of Marine and Coastal Protected Areas. cdb Technical Series no. 13. diegues, antonio. 2000. Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. São Paulo: nupaup/usp – hucitec. hanssen, g. 1998. Dos Tamoios á Álcalis. Edições. São Paulo: Edições Achiamé.
prates, ana paula e blanc, daneile (orgs.). 2007. Áreas Aquáticas Protegidas como Instrumento de Gestão Pesqueira – série: áreas protegidas do brasil 4. Brasília: mma/sbf. ruddle, k. 2000. Systems of knowledge: dialogue, relationships and process. In: begossi, a et al. (Ed.). Environment, development and sustainability: a multidisciplinary approach to the theory and practice of sustainable development. Kluwer Academic Publishers, 2 v., n. 3/4. tce/rj – tribunal de contas do estado do rio de janeiro. 2008. Estudos Socioeconômicos dos Municípios do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, tce/rj/Secretaria Geral de Planejamento.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 42
Ameaças à vegetação rupícola em inselbergs litorâneos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro
Dada à intensa e rápida destruição dos habitats no planeta
difere de forma pronunciada da vegetação que lhe faz limite,
e considerando as premissas da conservação in situ
como florestas, restingas ou mesmo de inselbergs próximos.
e de populações mínimas viáveis, a conservação
A diversidade de espécies vegetais ameaçadas e endêmicas
da biodiversidade deverá, se apoiar na possibilidade
associada com as ameaças antrópicas fizeram com que
de manutenção do ambiente natural e em tecnologias
os inselbergs do sudeste do Brasil fossem considerados
que venham garantir um manejo adequado às espécies
entre os mais importantes do mundo. Apesar disso, têm
que corram riscos de extinção. Distribuídos
recebido pouca atenção de cientistas, ambientalistas
preferencialmente em regiões tropicais e subtropicais,
e governantes, sendo escassos os trabalhos que enfocam
izar aximoff e claudio nicoletti fraga
os inselbergs, montanhas graníticas ou de gnaisse como
sua biodiversidade, incluindo aspectos de ameaças
o Pão de Açúcar, constituem parte integrante do relevo
e pressões, além de questões legais de proteção.
fluminense. Estes afloramentos rochosos possuem atributos
Considerando que as alterações neste ambiente podem
ecológicos particulares como ausência de solo, inclinação
resultar na redução irreversível da diversidade local,
demasiada, baixa retenção de nutrientes, exposição a ventos,
o objetivo deste estudo foi conhecer as ameaças à vegetação
alta luminosidade e temperaturas acima de 60º, reduzindo
rupícola presente em quatro inselbergs litorâneos
alternativas para fixação de raízes, sementes e propágulos,
nos municípios de Rio de Janeiro, Niterói e Maricá. Foram
colaborando também para não retenção de água de chuva.
selecionados quatro inselbergs, sendo estes os Morros
Sendo assim, a sobrevivência nesses ambientes é bem
do Itanhangá, dos Cabritos, Pão de Açúcar e Costão
difícil, exigindo das plantas uma série de adaptações. Por
de Itacoatiara, presentes respectivamente nas seguintes
conta disso, algumas das espécies que ocupam este
unidades de conservação (uc): Parque Nacional da Tijuca
ambiente são plantas longevas, de crescimento lento, sendo
– pnt, Parque Natural Municipal da Prainha – pnmp,
consideradas como vegetação relictual que muitas vezes
Monumento Natural dos Morros da Urca e do Pão de Açúcar
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 43
– mnup e Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset. Toda
relatos de alguns dos funcionários das uc tal atividade existe,
este tipo de impacto. Com base no único caso de resgate
área de estudo encontra-se em matriz vegetacional
mas vem diminuindo ao longo dos anos. A conseqüência
de vegetação rupicola em área pouco menor que 1 ha
de Floresta Ombrófila Densa em diferentes estágios
desta atividade ilegal é a redução populacional de espécies
no Morro do Itanhangá, área onde está sendo construído
de sucessão e em grande parte degradadas, sendo
ameaçadas como Hadrolaelia lobata (Orchidaceae) e Vriesia
túnel por onde passará a linha 4 do Metro, ligando Barra
que alguns inselbergs estão circundados diretamente
botafoguensis (Bromeliaceae), atualmente ocorrendo
da Tijuca a São Conrado, foram identificados 1.797 indivíduos
por área urbanizada. Na área estudada, predomina clima
em pontos inacessíveis em decorrência da coleta intensa.
de 26 espécies e 12 famílias. Algumas destas espécies
tropical chuvoso. O diagnóstico das pressões e ameaças
Alguns exemplos da expansão urbana registradas são as
resgatadas, inclusive espécies ameaçadas de extinção,
inicialmente foi realizado a partir de buscas de informações
construções do bondinho no cume dos morros do Pão
tiveram toda ou quase toda população removida
da presença nestas áreas de atividades como crescimento
de Açúcar e da Urca (décadas de 20-30), do túnel e elevado
do afloramento rochoso, o que representa impacto direto
urbano, queimadas, trilhas e vias de escalada, espécies
do Joá na vertente sul da Pedra da Gávea, do Cristo Redentor
na diminuição da pool genético, ação que pode levar
exóticas invasoras e extrativismo. Para isso foram realizados
no cume do Morro do Corcovado e da escada escavada
a extinção. Foram identificadas cinco espécies exóticas
sobrevôos, entrevistas com funcionários das uc,
na rocha no cume do Pico da Tijuca (décadas de 70 – 90).
ocorrendo sobre os afloramentos rochosos nas áreas
levantamento em campo, na literatura e em sites diversos
Não existem informações que indiquem a intensidade
estudadas, todas ocorrendo no mnup, com destaque para
na internet. De maneira geral, poucas ações de prevenção,
dos impactos destas construções em relação à redução
agave e capim colonião, que foram registradas em todas
monitoramento, controle e mitigação destas ameaças foram
das populações locais e nem se houve o resgate
as áreas. As gramíneas exóticas representam uma ameaça
identificadas. Nem mesmo a sistematização das informações
das espécies da vegetação rupícola. Em áreas impactadas
principalmente por acumularem biomassa combustível
referentes a estas atividades são realizadas ou compiladas,
na vertente oeste do Morro do Pão de Açúcar, para onde
e altamente susceptível ao fogo. Poucas ações de manejo
o que pode inviabilizar o planejamento de ações estratégicas
grande parte da vegetação sobre rocha foi removida
de espécies exóticas foram realizadas com destaque para
para conservação das espécies ameaçadas de extinção
a recuperação da vegetação ainda não ocorreu, quase 80
o manejo do capim-colonião e revegetação realizado
que ocorrem nestas áreas. Em relação às ameaças
anos depois. Atualmente a legislação ambiental condiciona
por voluntários após a ocorrência de incêndio na face leste
destacamos inicialmente o extrativismo vegetal, que segundo
o resgate das espécies, o que minimiza, mas não encerra
do Morro do Pão de Açúcar em 2001. Aqui não foram obtidas
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 44
informações sobre o uso das trilhas nos afloramentos
encontradas 184 vias de escalada, com comprimentos
de monitoramento e manejo dos impactos nas trilhas
rochosos estudados, pois inexistem estudos ou mesmo
variando de 15 a 430 metros. Somando estes valores chega-
e maior rigor para abertura de novas trilhas e de vias
ações de monitoramento e controle realizadas pelas equipes
se a um comprimento total de 18.337 metros, e quando
de escalada. Em relação às queimadas, apenas o PNT dispõe
das uc. Registramos o pisoteio de espécies rupícolas
adicionando um metro para cada lado como área de atuação
de sistematização na coleta e organização dos dados, embora
e presença de lixo no interior dos tanques de bromélias,
do escalador obtém-se uma área total de 36.674 m². Desta
exista ausência de muitas informações sobre incêndios. Para
o que pode vir a afetar espécies de anfíbios anuros
forma, identificamos uma perda permanente de área de vida
esta UC, entre os anos de 2005 e 2012, foram quantificados 35
que utilizam esta espécie como sítio reprodutivo. A prática
para espécies rupícolas de ca. 3,7 hectares, onde a vegetação
registros de ocorrência de incêndios, com 26% (n=9) atingindo
da escalada, amplamente divulgada, principalmente a partir
dificilmente poderá regenerar, por conta do uso constante
áreas de afloramentos rochosos, como Pedra da Gávea
dos anos 80, contribuiu para o rápido aumento no uso destas
destas vias. Um dos poucos aspectos positivos das vias
e Pedra Bonita, sendo três destes causados por balão, outros 3
áreas, havendo por vezes abertura de vias lado a lado, como
de escalada, além da facilitação de acesso a algumas áreas,
por causas indeterminadas, 2 por causa de vandalismo
ocorreu na vertente sul do Morro do Pão de Açúcar. Para este
está relacionado ao fato de separarem as moitas ou ilhas
e um por causa natural. De acordo com dados de literatura,
mesmo local, segundo relatos de André Ilha, dois
de vegetação, atuando como aceiros e impedindo
no Maciço da Tijuca entre 1991 e 2004, foram registrados
escaladores abriram uma via de escalada em 1989, em área
o alastramento do fogo, como constatamos na face sul do Pão
mais de 800 registros de incêndios. Ocorrências mais recentes
já sinalizada por cientistas e escaladores como de relevante
de Açúcar durante último incêndio em 2012. Nos últimos anos
registrados pessoalmente e que ainda não foram
importância ecológica. Por sorte, recentemente tal via foi
a idéia de minimizar os impactos do uso público sobre
disponibilizadas pelo pnt, foram incêndios ocorridos no fim
desativada por decisão judicial e agora carece
os afloramentos rochosos, foi discutida em diversos eventos
do ano de 2012 e inicio de 2013, que ocorreram
de um trabalho de recuperação, visto que em condições
e seminários, sendo que no último destes ocorrido na Urca
em afloramentos rochosos no interior e entorno. Para as uc
naturais a regeneração desta área pode levar mais
em 2012 (2º Encontro de Parques de Montanha) foram
estaduais e municipais, não existem informações
de um século, como já constatada em outras áreas
estabelecidas recomendações para uso público nos parques.
sistematizadas e os poucos dados disponíveis,
do próprio Pão de Açúcar. Apenas na área complexo formado
Com isso, existe necessidade da realização de ações eficientes
nãorepresentam registros históricos de ocorrência
pelos Morros do Pão de Açúcar, Urca e Babilônia, são
de orientação e controle da visitação, além
de incêndios. No Parque Natural Municipal da Prainha,
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 45
ocorreram incêndios em 2002 e 2004 e também em 2011
e voluntários. A continuação da avaliação dos impactos
em grande área de floresta e afloramentos rochosos. Com
e suas conseqüências ao longo do tempo são essenciais para
os poucos dados existentes foi possível constatar
melhor entendimento de como atuar na mitigação destes,
que o principal agente causador dos incêndios é
principalmente das queimadas e do uso público. Um plano
o homem, sendo as principais causas: soltura de balões,
de uso público deverá incluir aspectos como o levantamento
incendiários, queima de lixo e práticas religiosas. O impacto
de trilhas e das vias de escalada desprovidas de vegetação,
do fogo nas espécies vegetais é direto, e em casos
a descrição da distribuição espacial das ilhas de vegetação
de elevada freqüência de incêndios, algumas espécies
com espécies ameaçadas e a utilização de grupos indicadores
rupícolas que não toleram altas temperaturas podem ter sua
de impactos. O estudo do potencial das espécies vegetais em
população reduzida. Embora os órgãos gestores e as uc
regenerar também é relevante considerando futuras ações
tenham se equipado e aumentado efetivo para melhor atender
de restauração. A fiscalização e o trabalho preventivo
as ocorrências de queimadas e também para desenvolver
de educação e conscientização ambiental principalmente
trabalho preventivo, a exemplo de campanhas desenvolvidas
com a população do entorno, podem colaborar na diminuição
pela equipe do peset, a ausência de informações qualificadas
ou encerramento de atividades impactantes. A divulgação
das queimadas impede que sejam produzidos diagnósticos
na mídia da importância deste tipo de ambiente não apenas
precisos para elaboração de planos preventivos e de combate
como cartão-postal, mas para conservação de biodiversidade
aos incêndios. Os resultados obtidos, detalhados em Aximoff
é fundamental para o fortalecimento das unidades
(2014), deverão servir como base para o desenvolvimento
de conservação e para o apoio da população à causa.
de ações de conservação deste tipo de ambiente e de sua biota, a serem promovidas pelos órgãos públicos responsáveis pelas áreas protegidas, bem como por pesquisadores
Referência bibliográfica aximoff, i. 2014. Biologia e conservação de duas espécies de bromélias ameaçadas e endêmicas de inselbergs litorâneos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação do Mestrado Profissional Biodiversidade em Unidades de Conservação realizado no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/ Escola Nacional de Botânica Tropical. 67p.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 46
A herpetofauna da Serra da Tiririca, Niterói e Maricá, Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil
Apresentamos os resultados obtidos da amostragem
ufrj, onde sua identidade taxonômica foi confirmada.
da herpetofauna da Serra da Tiririca, um fragmento de Mata
Adicionalmente, revisamos coleções científicas à procura
Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. No
de espécimes coletados na região. No estudo foram
estudo foi utilizado o método de busca visual ativa,
registradas 102 espécies para a herpetofauna, sendo 52
que consiste de transecções em direções aleatórias
de anfíbios, distribuídas em 11 famílias, a maioria Hylidae (n
nos ambientes amostrados limitados por tempo,
= 31); 50 espécies de répteis, distribuídas em 18 famílias,
pontes, j. a. l.1, pontes, r. c.2, alves, a. o.1 e silva, k. p.1
vasculhando diversos microhábitats (e.g., sob pedras,
a maioria de serpentes (n = 26). A região abriga 28%
troncos, copas). Algumas transecções foram orientadas
da anurofauna descrita para o rj, com grande similaridade
na direção de vocalizações de anuros a fim de se registrar
da herpetofauna de restinga com áreas de floresta ombrófila
1 - Dep. de Ciências, ffp, uerj
indivíduos em seus sítios reprodutivos. Totalizamos cerca
e os costões possuíam uma anurofauna particular. Áreas
Rua Dr. Francisco Portela, 1470. São Gonçalo, rj
de 2000 horas/homem de esforço, igualmente distribuído
florestadas obtiveram os maiores índices de abundância,
cep: 24435-005. tel.: (21) 9998-2525
entre os diversos tipos de ambientes (e.g., alagados, costão
seguidas dos costões e da restinga. O estado de conservação
2 - Dep. de Vertebrados, Museu Nacional/ ufrj
rochoso, floresta ombrófila, restinga, riachos). Os exemplares
dentro e fora dos limites do Parque Estadual da Serra
Quinta da Boa Vista, s/n. Rio de Janeiro, rj
foram capturados manualmente, com ou sem auxílio
da Tiririca se mostrou importante para a preservação
cep: 20940-040. tel.: (21) 9836-1514
de lanternas. Exemplares testemunhos foram anestesiados
das assembléias locais.
com lidocaína 5% e fixados em posição anatômica E-mail: pontesjal@hotmail.com
com formalina 10% e, posteriormente, preservados em solução de etanol 70%. Adicionalmente, amostras de tecidos foram retiradas e também preservadas. O material coligido foi depositado na coleção de anfíbios e répteis do Depto de Vertebrados do Museu Nacional,
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 47
Saberes e práticas da população tradicional do morro das andorinhas latini, j. l. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (ufrrj/ cpda) E-mail: julatini@hotmail com
Resumo
Introdução
O objetivo deste trabalho é analisar o contexto da preservação do Morro
A pesquisa analisa o contexto da preservação do Morro
das Andorinhas a partir da perspectiva da ocupação do Sítio da Jaqueira,
das Andorinhas a partir da comunidade local, denominada
fundada em fins do século xix. O Morro das Andorinhas, localizado
por Sítio da Jaqueira. O objetivo é trazer à tona as narrativas
na Região Oceânica de Niterói-rj, foi declarado como Área
destes atores sociais locais, para que tomem a palavra,
de Preservação Permanente em 1990 e anexado ao Parque Estadual
anunciem-se como sujeitos, contem as suas histórias e suas
da Serra da Tiririca em 2007. A metodologia da pesquisa baseou-se
perspectivas sobre o contexto vivenciado com
em trabalho de campo e observação participante. Recorreu-se à noção
o Parque Estadual da Serra da Tiririca. A metodologia
de “território de parentesco”, baseado nas lógicas de reciprocidade
da pesquisa pautou-se em trabalho de campo
e pertencimento ao “lugar” para entender os modos de viver e habitar
e na observação participante, realizados durante os anos
destes moradores. A pesquisa revelou a versatilidade deste sistema
de 2009 e 2010.
organizativo local que, ao mesmo tempo em que tenta uma convivência
A categoria comunidade foi acionada enquanto expressão
com as novas regras impostas pelo poder público, luta pela conservação
nativa. Entretanto, este termo, corresponde ao que
das suas práticas e dos seus saberes tradicionais.
analiticamente defino como “território de parentesco”
Palavras-chave: Morro das Andorinhas, Território de Parentesco,
(comerford, 2003). De acordo com o autor, a “família”
Conservação Ambiental
pressupõe práticas e retóricas de familiarização pautadas em formas de sociabilidade, que por sua vez, definem “territórios de parentesco”. Para viabilizar a descrição e análise da comunidade/ território de parentesco recorri ao princípio
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 48
dos pescadores artesanais; o aumento da oferta de trabalho
A partir do qual, a casa é uma prática, uma construção
O Morro das Andorinhas enquanto “território de parentesco”e de “conservação”
estratégica na produção da domesticidade, pensada
De acordo com a memória do grupo, a história da família
Um fator de diferenciação do Sítio da Jaqueira em relação
e vivida em inter-relação com outras que participam
no Sítio da Jaqueira se origina em fins do século xix,
ao entorno é que a terra é um patrimônio indivisível
de sua construção – no sentido simbólico e concreto.
com o estabelecimento no local de Leonel Siqueira da Silva
de uma parentela, conjunto de parentes consanguíneos
Por fim, abordo o conceito de população tradicional,
e sua esposa Mariana Gusmão. O casal construiu a casa
e afins. Por isto, ela não é tomada como alvo, pois não se
na medida em que é acionado pelos próprios moradores
e gerou os frutos; filhos, árvores, roças, hortas, etc. A
mercadoriza a confiança. São as relações de reciprocidade
em sua Associação . O caso do Sítio da Jaqueira está
força de trabalho familiar distribuía-se entre as tarefas
fundadas no parentesco, na amizade e no compadrio,
de acordo com as definições de Little (2004), que defende
domésticas, roça e pesca artesanal na praia de Itaipu. O
que regulam o processo de apropriação de recursos. Na
que o termo abrange a existência de regimes de propriedade
tempo pretérito é marcado pela “fartura” de roça,
lógica de restringir a moradia somente aos familiares,
comum, sentimento de pertencimento ao lugar, profundidade
de pescado, de água e de família.
obtém-se maior possibilidade de controlar o território
histórica da ocupação guardada na memória coletiva
Ao debruçar na história desta ocupação observei alguns
(bailey,1971).
e práticas adaptativas sustentáveis (little, 2004). Além
fatores que podem ter contribuído para a permanência
No Sítio da Jaqueira, o aspecto da presença das gerações
de envolver a luta política pelo reconhecimento, como
dos descendentes desta família até os dias de hoje naquele
anteriores fortalece ainda mais os laços com o local
pressupõe Almeida (2004).
território, tais como: a regra local de só morar quem é
e mobiliza os moradores a lutarem pela permanência.
da família; a não divisão das terras entre os herdeiros;
Após conhecer a história de ocupação do Sítio da Jaqueira,
a difícil localização do sítio; o fato das moradias serem
percebemos que a lembrança da identidade anterior não é
encobertas pela mata, o que contribuía para
preservada somente pelas pessoas, mas o próprio lugar
a sua invisibilidade; a conjugação da pesca artesanal
se encarrega de contá-las, através das casas,
com a roça proporcionando uma situação de maior
das vegetações, ruínas, objetos, e etc. Neste sentido,
autonomia frente ao capital especulativo; a resistência
a relação com a vegetação também é baseada no sentimento
de “configurações de casas” proposto por Marcelin (1996).
na região, em especial na área da construção civil e serviços.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 49
de familiaridade. Existem regiões de memória, onde estão
Consultivo do peset, entre as quais destacavam-se: a falta
pelo peset, um morador do Morro das Andorinhas foi
contidos todos os acontecimentos que marcaram a vida
de fiscalização frente aos visitantes motorizados;
contratado como Guarda-Parque durante o período
do grupo, e esses grandes acontecimentos se distribuem
o consumo de drogas próximo às casas e às crianças;
de um ano. Esta foi a primeira vez em que um membro
pelo espaço do Morro das Andorinhas sob a forma
a proibição da prática tradicional do cultivo da roça; a falta
da comunidade se beneficiou diretamente e oficialmente
de marcos simbólicos. As casas costumavam ser
da liberação de água encanada e de luz elétrica de qualidade;
com o Parque, pois o turismo realizado no Morro
construídas de pau-a-pique, e muitas já desapareceram
a impossibilidade de construção de novas casas para
das Andorinhas não gera renda significativa para
na mata, entretanto, a grande presença de árvores frutíferas
as gerações posteriores.
os moradores.
que se espalham na vegetação contribuem para demarcar
Entre as medidas implementadas pelos moradores observei:
Parte da luta dos moradores era que deixassem de serem
esse território doméstico diferenciado. As árvores demarcam
a) a instalação de placas para indicar a direção
vistos por representações estigmatizantes, para serem
a posse e se tornam referências para o mapeamento local.
dos pontos turísticos;
reconhecidos como sujeitos de direitos. Constantemente
O conhecimento empírico sobre esse espaço concreto é
b) a conquista junto ao Parque da instalação
precisavam lembrar sobre a importância da presença deles
um dos princípios de pertencimento do grupo. Para
de um portão na subida da trilha para evitar a subida
e de seus antepassados na proteção das fronteiras. Além
os moradores a natureza, por ser usada e conhecida,
de motos (os moradores possuíam uma cópia da chave
do cuidado empreendido no combate a incêndios,
demarca limites, suscita lembranças, produz alimentos,
do portão, para casos excepcionais, como, por exemplo,
na realização de reflorestamentos, na construção de infra-
retira-se remédios, e diversos outros fins. Inclusive, alguns
uma ação do Corpo de Bombeiros contra incêndios
estrutura, que inclusive passou a ser compartilhada pelos
possuem grande familiaridade com os usos medicinais
na mata);
visitantes como atrativos turísticos - as trilhas, mesas,
e alimentares de inúmeras plantas do Morro das Andorinhas.
c) a recepção de uma quantidade considerável
cadeiras, balanços, e etc.
Durante a pesquisa, busquei investigar os desafios
de pessoas que subiam para caminhar nas trilhas, ver
Neste sentido, percebi que de certa forma, as interferências
que emergiram com a sobreposição do território
a paisagem, filmar, fotografar, entrevistá-los e ouvir
promovidas pela instauração da app, em seguida,
de preservação ao território de parentesco. Neste sentido,
as histórias deles . Além disso, no bojo dos projetos
do Parque, foram incorporadas ao cotidiano dos moradores.
apresento as principais reclamações levadas ao Conselho
de ecoturismo e de educação ambiental desenvolvidos
Os moradores lidam com esta realidade como algo que terão
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 50
que enfrentar por toda a vida. De acordo com o morador mais antigo do Morro, seu Bichinho: “Quando o Parque entrou aqui, já encontrou a família. É o Parque que faz parte de nossa família”. Desta forma, as visitações turísticas, as ações de educação ambiental, a prevenção contra incêndios, e tantas outras, são compreendidas dentro da lógica familiar da reciprocidade e de zelo pelo lugar.
Considerações finais
Referências bibliográficas
A pesquisa revelou a versatilidade deste sistema
almeida, alfredo w. b. 2004. ‘Terras tradicionalmente
organizativo local, na medida em que o Morro das
ocupadas: processos de territorialização e movimentos
Andorinhas pode ser entendido como um território
sociais’. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais.
híbrido. É tanto um “território de parentesco”, quanto
Rio de Janeiro, vol. 6, nº 1.
“de conservação”. Ou seja, ao mesmo tempo em que
bailey, f. g. 1971. Gifts and Poison: the politcs of reputation.
tenta uma convivência com as novas regras impostas
New York, Schocken Books.
pelo poder público, não abre mão da preservação desse
comerford, john. 2003. Como uma família: sociabilidade,
território como de “parentesco”. Entretanto,
territórios de parentesco e sindicalismo rural, Rio de Janeiro,
a adaptação a essa situação não significa uma solução
Editora Relume Dumará.
definitiva. A relação com o órgão ambiental é sempre
irving, m. 2008. Parques Estaduais do Rio de Janeiro:
complexa e delicada. Disputa de interesses podem gerar
construindo novas práticas para a gestão, São Carlos, RiMa.
conflitos mais, ou menos, externalizados, como o caso
latini, juliana lopes. 2010. O Morro das Andorinhas e
presente sobre a reivindicação da população de acesso
a nossa família é uma história só: Família e território de
à água encanada, à luz, à roça ainda não liberadas pelo
parentesco em uma Unidade de Conservação de Proteção
Instituto Estadual do Ambiente (inea). Nessa experiência,
Integral. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em
os moradores conquistaram maior participação
Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade), Universidade
e legitimidade, mas ainda buscam que seus modos de vida
Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
sejam garantidos, com condições de vida dignas.
little, paul. 2004. “Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil’. Anuário Antropológico 2002-2003: 251-290. Rio de
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 51
Janeiro: Tempo Brasileiro. lobão, ronaldo joaquim da silveira. 2006. Cosmologias políticas do Neocolonialismo: como uma política pública pode se transformar em uma política do ressentimento. Tese (Doutorado em Antropologia) – Instituto de Ciências Sociais, unb, Brasília. marcelin, louis. 1996. A invenção da família afro-americana: família, parentesco e domesticidade entre os negros no reconcavo baiano. Tese. (Doutorado em Antropologia), ppgas – mn – ufrj. simon, alba valéria santos. 2003. Conflitos na Conservação da Natureza: o caso do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Dissertação. (Mestrado em Ciência Ambiental), Universidade Federal Fluminense, Niterói.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 52
Vegetação de moitas no Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca: florística, estrutura e conservação
Resumo
Introdução
As condições ambientais dos afloramentos rochosos representam
Afloramentos rochosos, como inselbergs e pães-de-açúcar,
uma barreira para o estabelecimento de muitas espécies, tornando-os
destacam-se do relevo circundante e sustentam flora muito
habitats únicos, com flora diferenciada de seu entorno. Seu estudo pode
distinta (porembski et al., 1998; 2000), com especializações
fornecer informações relevantes acerca da organização e distribuição
ao ambiente exposto (e.g. xeromorfia, poiquilohidria). Tal fato,
das espécies que ali ocorrem. O presente trabalho é parte de uma
somado à ocorrência de diferentes níveis de endemismo
pesquisa que envolve quatro áreas no Estado do Rio de Janeiro e
(safford & martinelli, 2000), faz com que esses ambientes
mauad, l.p.1 e braga, j.m.a.1
teve como objetivos gerar informações sobre estrutura, florística e
não sejam considerados apenas uma extensão da Mata
conservação da vegetação de moitas estudada. Com foco no Costão
Atlântica, mas uma fisionomia relictual mais ampla
de Itacoatiara, os resultados apontam elevado número de espécies
em idades geológicas passadas (ab’sáber, 2007). Nesse
endêmicas e ameaçadas de extinção e permitem compreender melhor a
contexto, o Sudeste do Brasil está entre as três regiões
estrutura desse tipo de vegetação.
mais importantes do mundo em riqueza e endemismos
Palavras-chave: Flora Rupícola, Afloramentos rochosos, Mata Atlântica
de vegetação rupícola (porembski, 2007), que geralmente
1
Escola Nacional de Botânica Tropical – Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, enbt/jbrj E-mail: luamauad@gmail.com
aparece na forma de moitas isoladas por rocha nua, com diferentes formas e estruturas. O Estado do Rio de Janeiro é considerado um dos maiores centros de espécies endêmicas do mundo (myers et al., 2000; murray-smith et al., 2008), onde muitas encontram-se em remanescentes no meio urbano e sofrem diversos tipos de impactos. Em relação à vegetação rupícola, apesar do apelo
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 53
que as áreas possuem, poucos são estudos nos afloramentos da área metropolitana do Estado (safford & martinelli, 2000). Assim, os objetivos deste trabalho foram contribuir para o conhecimento da vegetação de moitas do Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói, rj, apresentando informações acerca de sua estrutura e composição florística, além da presença de espécies ameaçadas de extinção, endemismos e impactos sofridos pela vegetação.
Materiais e métodos O Costão de Itacoatiara – ci é uma das quatro áreas de estudo desta pesquisa (somada aos Morros da Urca e Pão de Açúcar e Parque Natural Municipal da Prainha, no Rio de Janeiro e Maciço do Itaoca, em Campos) e é o foco deste trabalho. Possui elevação de 217 m e é formado principalmente por rocha gnáissica. Está situado na linha da costa (inea, 2012) e possui precipitação anual entre 1.000 e 1.500 mm (barros, 2008). É um local bastante frequentado e seu entorno é composto por matriz de floresta ombrófila. Para a amostragem dos dados foram alocadas 72 parcelas de 1x1 m ao longo de três transectos de 50m e registrada a presença de cada espécie, área de cobertura e altura dos indivíduos. Também foi verificado o tipo de micro relevo e declividade dos transectos, além da coleta de material botânico, depositado no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (rb). Da florística foram extraídas informações acerca das formas de vida, síndromes de dispersão e tipo de metabolismo, além da sua ocorrência nos domínios fitogeográficos brasileiros,
endemismos, estado de conservação e similaridade florística com as outras áreas. Os demais dados foram analisados a fim de entender a estrutura da comunidade.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 54
Resultados e discussão A estrutura da comunidade é marcada pela dominância de espécies epilíticas e formadoras de tapetes como Tillandsia araujei Mez e Selaginella sellowii Hieron, que estão entre as primeiras posições no rank de abundância da comunidade. O tamanho médio das moitas é de 4 m², sendo a forma elipsoide a mais comum. A altura dos indivíduos se concentra até 150 cm e a média de cobertura vegetal nas moitas é de 50%, com 8% de serapilheira e 42% de rocha nua. A maior parte das moitas (95%) ocorre em micro relevo de laje exposta de rocha e declividade média de 30º. Nesse mesmo estudo, as demais áreas apresentam menor quantidade de rocha nua nas moitas e tamanho maior de moitas. Essas diferenças podem estar ligadas à composição florística e declividade das áreas. A similaridade entre elas mostra o CI com composição florística mais próxima dos Morros da Urca e Pão de Açúcar que das demais áreas (mauad, 2013). O que está entre os padrões encontrados em afloramentos rochosos tanto
no Brasil, como em outras regiões do mundo (meirelles
Dentre elas, S. sellowii é a única licófita e constitui
et al., 1999; porembski et al., 2000; parmentier, 2003), que
um elemento essencial na composição e estrutura
mostram baixa similaridade entre afloramentos próximos.
da área (santos & sylvestre, 2006; meirelles et al., 1999).
A maior parte das espécies (75%) é anemocórica, como
As famílias mais importantes em número de espécies são
encontrado em outros locais (porembski et al., 2007)
Araceae, Bromeliaceae e Orchidaceae (3 spp. cada). As duas
o que denota ser a estratégia mais eficiente. Em relação
últimas estão de acordo com o observado em diversas áreas
às formas de vida, caméfitas e fanerófitas possuem maior
(porembski et al., 2000), como as que melhor representam
representatividade, bem como o metabolismo cam e c4. Isso
os afloramentos rochosos no Brasil. No panorama geral,
permite entender um pouco melhor alguns atributos básicos
Cactaceae e Velloziaceae também aparecem nesta
para o sucesso neste ambiente, que possui condições
afirmação.
severas, principalmente relacionadas à temperatura
Em relação à distribuição e endemismos, foram encontradas
e disponibilidade de água e nutrientes. No entanto, outros
27 espécies exclusivas da Mata Atlântica, onde seis são
atributos específicos merecem atenção especial no estudo
endêmicas do Estado do Rio de Janeiro e nove pertencem
de comunidades rupícolas.
a alguma categoria de ameaça de extinção das Listas
Em relação à florística geral, foram encontradas 77 espécies,
do Brasil (mma 2008), da iucn (2012) e do Livro Vermelho
de 71 gêneros e 37 famílias de plantas vasculares. Essa
da Flora do Brasil (martinelli & moraes, 2013) (Tab. 1, Fig.1).
soma engloba diferentes formações desde a borda do afloramento até as ilhas florestadas no cume. No entanto, o foco do trabalho é a vegetação amostrada nas moitas, que conta com 20 espécies de 18 gêneros e 12 famílias de plantas vasculares.
Família/ Espécie
Ameaça
araceae Anthurium sucrii G.M.Barroso
Família/ Espécie cactaceae
vu
Coleocephalocereus fluminensis
(Backeb. & Voll) Backeb.
Alcantarea glaziouana (Leme) J. R. Grant
Neoregelia cruenta (R.Graham) L. B. Sm.
Tillandsia araujei Mez
Vriesea neoglutinosa Mez
vu/ en vu en en
Ameaça
vu
(Miq.) Backeb.
Rhipsalis cereoides bromeliaceae
Fotos: L. P. Mauad.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 55
vu/ anexo 1/ cr*
clusiaceae Clusia fluminensis Planch. & Triana
vu
oleaceae Chionanthus fluminensis (Miers) P.S.Green.
cr/ cr*
Tabela 1 - Espécies ameaçadas da vegetação de moitas do Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra
Figura 1. Espécies ameaçadas no Costão de Itacoatiara.
da Tiririca. cr – Criticamente em Perigo; en – Em perigo; vu – Vulnerável.
a. Coleocephalocereus fluminensis; b. Rhipsalis cereoides; c. Clusia fluminensis; d. Alcantarea glaziouana; e. Chionanthus fluminensis.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 56
Também foram encontradas espécies alóctones e invasoras como Melinis minutiflora, M. repens, Panicum maximum e Andropogon bicornis, o que pode contribuir para mudanças na estrutura e composição da vegetação (porembski et al., 2000; burke, 2003). As principais ameaças e portas de entrada dessas espécies surgem com a degradação por mau uso, em que atividades de diversos fins podem causar impactos na vegetação. Como exemplo, incêndios e intenso pisoteio e supressão da vegetação em locais com menor declividade, onde as espécies formadoras de tapetes as mais afetadas. Também são observados cortes feitos em espécies de Cactaceae para facilitar o acesso às áreas. Contudo, ressalta-se que o uso das Unidades de Conservação – uc, quando encorajado de forma planejada, para que se assegure a proteção da biodiversidade, pode auxiliar na conservação local.
Conclusões
Referências bibliográficas
O número de espécies endêmicas e sob alguma categoria
ab’sáber, a.n. 2007. Os Domínios de Natureza no Brasil:
de ameaça neste ambiente com características próprias
Potencialidades Paisagísticas. 4ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial.
e tão peculiares faz com que seja recomendada maior
barros, a.a.m. 2008. Análise Florística e Estrutural do Parque
atenção às mesmas, e à comunidade como um todo. Afinal,
Estadual da Serra da Tiririca, Niterói e Maricá, rj, Brasil. Tese
apesar de se configurar como uma uc, a área ainda está
(Doutorado). Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto
sujeita a diversas pressões características de centros
de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
urbanos e apresenta diferentes alterações em suas
burke, a. 2003. Inselbergs in a changing world - global
características ecológicas originais. Dessa forma, o trabalho
trends. Diversity and Distributions 9: 375-383.
contribui para o melhor conhecimento da composição
inea 2012. Parque Estadual da Serra da Tiririca. Rio
e estrutura da comunidade rupícola local, a fim de auxiliar
de Janeiro: Instituto Estadual do Ambiente, inea. Disponível
possíveis ações de conservação na área.
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II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 58
Ações de uma Instituição Federal de Ensino Superior junto a uma Unidade de Conservação da Natureza: Proposta para uma Gestão Ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói/Maricá, RJ calazans, stella , nascimento filho e armando pereira2 1
1
Mestranda do PPG em Sistemas de Gestão, uff
2
Professor Doutor do Dep. de Química Inorgânica,
Instituto de Química, uff E-mails: stella_calazans@id.uff.br e gqiarma@vm.uff.br
Resumo
Introdução
O artigo é um extrato da dissertação de mestrado cujo objetivo foi propor
A escolha do tema baseou-se nas seguintes razões:
uma parceria sistemática e ordenada entre a Universidade Federal
1ª) a degradação ambiental: hoje, uma das maiores
Fluminense/uff e o Parque Estadual da Serra da Tiririca/peset. Para
preocupações que convivemos. O Homem sempre
elaborar tal proposta, levantou-se dados da Universidade e do Parque,
usufruiu do meio ambiente ao seu redor, sempre tirou
para que fossem identificadas as necessidades e ativos de ambos;
dele o seu sustento. O que autores chamam a atenção é
em seguida, através do levantamento de experiências exitosas entre ies
de como ele (Homem) sai da relação de pertencimento
e uc buscou-se identificar uma outra atividade realizada por discentes
com a Natureza e chega a de distanciamento, dicotômica
e diferente dos já consolidados projetos de extensão
entre ambos. Mostram também que a percepção
e de iniciação científica; finalmente, identificou-se os instrumentos legais
de que os instrumentos e maquinários disponíveis seriam
que permitiriam tal parceria. Como proposta final sugeriu-se
capazes de destruir o planeta, levou à criação de áreas
a celebração de um Convênio entre a uff e inea, visando
protegidas (rosa, 2009; teixeira, 2012).
o desenvolvimento da atividade de Estágio junto ao peset.
A 2ª: a presença da academia no movimento em prol
Palavras-chave: Instituição Federal de Ensino Superior, Unidade de
da criação de áreas protegidas: o que pode ser
Conservação, Parque Estadual da Serra da Tiririca
constatado quanto da criação dos Parques Nacionais de Yellowstone, criado nos Estados Unidos, em 1872, e de Itatiaia, criado no rj, em 1937; e, localmente, quando da criação da maior unidade de conservação situada no município de Niterói, o Parque Estadual da Serra da Tiririca/peset, objeto do projeto de pesquisa (pereira,
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 59
2013; pimentel, 2008).
As questões que geraram a pesquisa foram: 1) Que outra atividade poderia ser desenvolvida pelos
A 3ª: por se tratar de um curso de Mestrado Profissional,
alunos da uff junto ao peset, além dos projetos
torna-se requisito obrigatório a elaboração
de extensão e iniciação científica? e,
de uma proposta a sua instituição visando melhoria
2) Que instrumento legal poderia nortear
no seu desempenho, tanto para sua comunidade
uma parceria mais sistemática e ordenada entre
interna como externa; e, a última razão: a pesquisadora
a Universidade e o Parque?
ser servidora da Universidade, ter trabalhado junto à unidades de ensino e fazer parte do Conselho Consultivo do peset, desde 2011. Entre os motivos que levaram à escolha do peset, destacamos: 1º) como usuária do parque, conhecer algumas das dificuldades que o mesmo tem em manter sua sustentabilidade; e, 2º) além de sua grande beleza cênica, a área do parque detém uma grande riqueza não só ambiental como social, cultural e histórica e que vive sob permanente pressão da especulação imobiliária entre outras.
Materiais e métodos A abordagem do problema foi qualitativa e quanto à natureza das fontes utilizadas, a pesquisa classificou-se em bibliográfica, documental e de campo. A fundamentação teórica baseou-se no artigo de (medeiros, 2011), contido na publicação do Ministério do Meio Ambiente em comemoração aos 10 anos de criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – snuc. Com o dado de que boa parte das pesquisas é realizada em uc e, o Banco de Teses da capes é tido como o referencial nacional para se conhecer o que está sendo pesquisado sobre o assunto, seguindo-se seu passo a passo, iniciou-se o levantamento da produção da uff. O levantamento da produção da uff com relação ao peset, primeiramente, foi feito junto ao Banco de Teses da capes, obtendo-se as teses e dissertações realizadas pelos Programas de Pós-Graduação da Universidade; na PróReitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação/proppi, obteve-se os projetos de iniciação científica; na Pró-Reitoria de Extensão/proex, os respectivos projetos de extensão;
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 60
e, na página do Instituto Estadual do Ambiente/inea,
dos projetos de extensão e de iniciação cientifica, nomeamos
pela Administração e pela Coordenação de Uso Público,
ao qual o Parque é subordinado, os trabalhos de pesquisa
duas delas:
e para as quais foram sugeridas as áreas de conhecimento
registrados em nome da uff
1) Universidade do Vale do Itajaí x rppn Prima Luna,
da uff que poderiam contribuir no desenvolvimento
As informações sobre o peset foram obtidas através
Nova Trento, sc, grupo de alunas do Curso de Ciências
dos mesmos, ficando subentendido a presença das áreas
de entrevistas não diretivas junto à Administração do Parque
Biológicas, propõe atividade junto à rppn para cumprir
administrativas.
e sua Coordenação de Uso Público; durante as Sessões
carga horária do estágio supervisionado, objetivando
de seu Conselho Consultivo; correspondência por correio
mostrar o potencial educativo de uma uc. Relato consta
eletrônico; e, sítios do inea e do próprio peset. Primeiro,
em (molleri, spuldaro e pereira, 2011) e,
levantou-se sua estrutura organizacional e recursos, humanos
2) Universidade Federal de Minas Gerais x Estação
e materiais e, depois, sobre sua produção, envolvendo
Ecológica da ufmg – a estação é gerida pelo Programa
pesquisas cientificas, projetos e eventos científicos.
Estação Ecológica – proeco, um programa de extensão
Dentre os instrumentos legais que norteariam a parceria
que oferece também a atividade de Estágio para os
entre ies e uc, no caso uff e peset, destaca-se o Art.
discentes, relato consta em (gontijo e baeta neves, 2004).
4º, Incisos X e XII, do Sistema Nacional de Unidades de
Dentre as necessidades e ativos levantados sobre a uff
Conservação da Natureza – snuc (Lei 9.985, de 18/07/2000)
e o peset, tem-se como exemplo: a necessidade do peset
e, a Diretriz 3 – Estímulo à inserção das UC como temática
em elaborar projetos capazes de atender suas necessidades
no ensino formal: itens 3.2, 3.4 e 3.5 das Diretrizes para
que encontra no ativo da uff, fornecimento de recursos
Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental
humanos para solucionar problemas da uc e do meio
em Unidades de Conservação (encea, 2011).
ambiente, um viés para uma parceria.
No tocante às experiências exitosas entre IES e UC,
Para finalizar o levantamento de dados, foi feito um quadro
que apresentassem uma outra atividade discente, diferente
onde estão listadas propostas de projetos do peset, cedidas
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 61
Quadro 5: Exemplo de sugestões das áreas de conhecimento da uff que poderiam contribuir com o peset com relação as suas propostas de projetos.
Resultados e discussão No levantamento inicial da produção uff x peset, identificouse 7 áreas de conhecimento: Biologia Marinha, Direito Público, Geografia, Geoquímica, Medicina Veterinária,
Projetos
Sociologia e Turismo, num universo de 53 cursos presenciais que a Universidade oferece no município de Niterói. Esse
Vídeo Institucional
Jogos Interativos de Conscientização
número não é pequeno, mas está aquém do possível e desejável e poderia ser significativamente aumentado.
Objetivo
Produção de curta
Projeto relacionado à
metragem sobre o parque
inovação e tecnologia cujo
para apresentação da UC
público alvo seria crianças
aos visitantes via internet
e jovens.
ou em projeções durante
Para gerir seus quase 3.500 hectares de área; manter suas 04 edificações e suprir as necessidades em relação às atividades de visitação, fiscalização, educação ambiental, pesquisa científica, comunicação e incêndios florestais, o Parque conta com um quadro de pessoal ainda muito
apresentações eventos.
aquém do necessário. O déficit de servidores
Áreas de
Cinema e Audiovisual;
Ciência da Computação;
é responsabilidade do inea, mas considerando-se
conhecimento
Comunicação Social;
Engenharia de Telecom.;
que os instrumentos legais identificados permitem, entre
que poderiam
Estudos de Mídia,
Pedagogia;
outras, a realização de programas de estágio tanto
contribuir com
Produção Cultural;
Cinema e Audiovisual;
no interior como no entorno da uc e, a atividade de estágio
estagiários
Turismo.
Comunicação Social.
foi a experiência exitosa identificada na pesquisa, indica-se, dessa forma um novo possível canal de interação entre a uff
Fonte: Elaborado a partir de dados cedidos pela Administração do peset (2012 e 2013)
e o peset, permitindo-se ampliar a participação discente. Avaliando-se as necessidades e ativos da uff e peset citados no Quadro 4, observa-se que as mesmas se complementam ou têm sinergia. Por exemplo, a necessidade da uff de insumos para aulas de práticas laboratoriais é complementada pelo ativo do peset de biodiversidade. Analisando-se as sugestões de áreas de ensino que poderiam ajudar contribuindo com estagiários no desenvolvimento dos projetos propostos pelo peset, quadro 5, verifica-se que o número de áreas de ensino que poderiam vir a interagir com o Parque, aumentaria consideravelmente.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 62
Conclusões
Referências bibliográficas
Avaliando-se os resultados obtidos, concluiu-se que:
gontijo, b m. e neves, c b. 2004. Programa Estação Ecológica
• Tanto o número de áreas de conhecimento da uff,
– extensão, ensino e pesquisa integrados para a conservação
que vêm interagindo com o peset quanto o número
de uma área. In: Congresso Brasileiro de Extensão
de projetos de iniciação científica e de extensão estão
Universitária, 2. Anais Eletrônico. bh: ufmg, proex. Disponível
muito aquém do possível e desejável e, poderiam ser
em: https://www.ufmg.br/congrext/Meio/area_de_meio_
significativamente aumentados promovendo-se
ambiente.html
uma interação maior entre ambos através da realização
medeiros, r. 2011. Unidades de Conservação e pesquisa
de eventos, visando a um melhor e maior conhecimento
científica: a contribuição da academia para o processo
de seus produtos.
de ampliação e consolidação do Sistema Nacional
• A sugestão da celebração de um Convênio entre a uff
de Unidades de Conservação. In: medeiros, Rodrigo, araùjo,
e o inea, ao qual o peset é subordinado, visando
Fábio França Silva (Organizadores). Dez anos do Sistema
desenvolver neste, a atividade de Estágio, iria permitir
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza: lições
que um número maior de discentes e de áreas
do passado, realizações presentes e perspectivas para o
de conhecimento interagirem com o Parque, ficando
futuro. Brasília: mma, 220p.
os alunos, neste caso, sob orientação direta
molleri, c., spuldaro, s. e pereira, y. 2011. Transpondo
dos professores/pesquisadores da uff.
os Muros da Escola: a importância de Unidades de Conservação para a vivência de Educação Ambiental. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, vol. 7, N.12; pag. 150-158.
pereira, m. m. 2013 A descoberta do meio ambiente: Itatiaia e a política brasileira de parques nacionais. 149f. Dissertação (Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais) – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – cpdoc, fgv, rj. pimentel, d. s. 2008. Os “parques de papel” e o papel social dos parques. 251f. Tese (Doutorado em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, usp, Piracicaba. teixeira, e. c. 2012. A Convenção sobre Diversidade Biológica Vinte Anos depois: uma Análise Econômica Ambiental dos Caminhos percorridos e das Perspectivas. 114f. Dissertação (Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, unb. Brasília.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 63
Desafios territoriais na criação e gestão de um parque urbano: contribuições para o debate. luiz renato vallejo
É indiscutível a importância ecológica e social
e os meios para esse fim. Criar uma unidade
de se criar e gerir parques naturais em áreas urbanas, pois
de conservação da categoria parque, independentemente
eles proporcionam inúmeros serviços ambientais diretos
de ser urbano, requer a adoção de critérios espaciais
e indiretos. Além dos aspectos paisagísticos, devem ser
e territoriais complexos. Nesse sentido, destacamos alguns
considerados os efeitos hídricos, climáticos
questionamentos:
e microclimáticos proporcionados ao entorno; a preservação
1) Qual é a área mínima que irá garantir a manutenção
das condições de vida de um grande número de espécies
dos processos ecológicos essenciais?
de plantas e animais; e a manutenção de um espaço
2) Qual é a forma geométrica mais apropriada para
contemplativo, educativo e antiestressante para as pessoas
delimitação de um parque natural?
que se propõem interagir com ele. Num mundo onde
3) Qual são os contextos ambientais e sócio econômicos
as forças indutoras do individualismo buscam prevalecer
regionais, vigentes e previsíveis, no entorno do parque?
sobre o senso de coletividade, a criação e gestão
4) Qual são os usos atuais e a situação fundiária no
dos parques naturais urbanos pode ser uma estratégia
interior e entorno do parque?
de resgate e consolidação do sentido de patrimônio natural
Desconsiderar tais questionamentos no processo de criação
coletivo, ou seja, espaços comuns onde cidadãos podem
produz conflitos de interesses territoriais que vão se
usufruir da simplicidade do contato com a natureza,
manifestar durante todo período de gestão do futuro parque.
independentemente de sua “posição social” e poder aquisitivo.
No Brasil, tradicionalmente, a criação de áreas
Entretanto, a criação, o planejamento e a gestão de parques
de conservação segue orientações políticas
urbanos no Brasil tem se constituído num enorme desafio.
e administrativas, desconsiderando avaliações de natureza
As intenções de se promover a conservação ambiental
econômica e, também, ecológica. Significa dizer que quando
raramente estão sintonizadas com as possibilidades
os governos tomam a iniciativa de criar parques, prevalece
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 64
o critério das “áreas remanescentes” e das “terras desprovidas
e temporalmente. Por exemplo, a criação do Parque Estadual
de conservação, principalmente de proteção integral
de habitantes”, que passam a ter o status de áreas
da Serra da Tiririca (peset-rj), ocorreu predominantemente
(parques, reservas, etc), não é acompanhada de satisfação
legalmente protegidas. Critérios econômicos relacionados
no setor montanhoso e acidentado de áreas de Niterói
popular, principalmente pelo caráter proibitivo em relação
às avaliações convencionais de custo-benefício na criação
e Maricá. Setores mais planos e contínuos à Serra da Tiririca
a certas atividades potencialmente impactantes
de parques não tem sido empregados. O mesmo se pode
já estavam comprometidos com usos urbanos atuais
e que, realmente, precisam ser coibidas pelos gestores.
dizer em relação aos critérios ecológicos que consideram,
e futuros. Além disso, é do conhecimento geral a existência
Cortes de vegetação, queimadas, despejo de lixo, ocupações
entre outros aspectos, a diversidade biológica das espécies
de loteamentos aprovados no passado avançando sobre
irregulares, som alto, extração de recursos naturais, etc, não
e suas dinâmicas populacionais territoriais. Excetuam-se
os terrenos mais acidentados da Serra. Quando o setor
harmonizam com os propósitos de conservação
os casos em que determinadas espécies endêmicas
público tomou a iniciativa de criar um parque nessas
de áreas naturais e, nesse caso, os gestores de parques
e/ou ameaçadas de extinção, orientam iniciativas de criação
circunstâncias, sem um levantamento prévio da situação
urbanos enfrentam um conjunto de dilemas rotineiros para
de áreas legalmente protegidas, incluindo os parques.
fundiária, afloraram os conflitos diretos de interesses entre
manutenção da integridade da área.
Algumas dessas espécies, conforme o reconhecimento
administradores dos parques, proprietários legalizados,
A proximidade entre as atividades humanas e as áreas
e apelo popular, assumem a condição de “espécies bandeiras
invasores e supostos proprietários. Este é um dos dilemas
protegidas acaba criando outro conjunto de problemas
ou carismáticas ”. Essa popularidade é usada para difundir
mais comuns, principalmente em parques urbanos
como a contaminação biológica , quando animais e plantas
e massificar a mensagem conservacionista e conscientizar
e que acaba se arrastando ao longo de anos sem
domesticadas interferem na dinâmica dos ecossistemas
a opinião pública para a necessidade de proteger espécies
equacionamento. Objetivamente são problemas
naturais e produz impactos negativos. Animais silvestres
menos conhecidas e seus respectivos habitats.
com mineradoras, empresas de incorporação e construção,
também invadem os espaços humanizados interagindo com
Ao se criar um parque seguindo critérios exclusivamente
condomínios, moradores do entorno, entre outros,
pessoas e, em muitos casos, sofrendo com as ações
políticos e administrativos, corre-se o risco de delimitar
envolvendo os direitos sobre os limites e propriedades
de extermínio (animais peçonhentos, consumidores
uma área menor do que seria necessário para manter uma
das terras.
de alimentos, etc). Esse conflito requer ações educativas
situação ecologicamente aceitável, espacialmente
No Brasil, em geral, a criação de uma unidade
de caráter preventivo por parte das equipes de fiscalização
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 65
e monitoramento, constituindo-se noutro desafio para
A criação e gestão dos parques urbanos não se justificam
e em número suficiente para execução das tarefas regulares
os gestores.
sem as atividades e os programas de uso público, ou seja,
e dos projetos de monitoramento. Provavelmente,
Esses dilemas apontados nos parágrafos anteriores
todas as práticas de visitação com fins educativos,
o maior desafio relativo à gestão do uso público é torná-lo
se referem diretamente às áreas que circundam o parque,
de lazer, esportivos, recreativos, científicos e de
eficiente sem comprometer e impactar negativamente
denominadas legalmente como Zonas de Amortecimento
interpretação ambiental, que proporcionam ao visitante
as características físicas e ecológicas do parque. É
(zas) citadas na Lei do snuc . Nos Planos de Manejo previstos
a oportunidade de conhecer, entender e valorizar os recursos
importante destacar que o uso público não deve se sobrepor
para a unidade devem ser consideradas as atividades
naturais e culturais existentes (ministério do meio ambiente,
aos objetivos de conservação da biodiversidade, devendo
existentes nas zas e seus potenciais impactos sobre
2005). As características e os mecanismos de gestão
integrar-se e harmonizar-se com eles.
o parque. Neste ponto reside um dos maiores dilemas para
do uso público são definidos nos Planos de Manejo devendo
A gestão e a conservação do espaço territorial
a gestão da referida área protegida, pois, em geral, ocorrem
considerar as potencialidades (físicas, biológicas
dos parques, assim como as práticas de uso público,
conflitos de competência entre as esferas
e socioeconômicas), os atrativos, as possibilidades
requerem investimentos regulares que mantenham
de poder. Planos diretores municipais raramente consideram
e restrições de uso e toda infraestrutura administrativa
as condições de infraestrutura e o custeio de diversas
as eventuais limitações impostas por planos de manejo
e operacional, incluindo o plano de fiscalização
atividades. Além disso, é essencial dispor de um corpo
de parques urbanos. Muitas vezes, atividades potencialmente
e monitoramento, orientação e segurança dos visitantes,
de funcionários numericamente adequado e devidamente
impactantes são licenciadas pelos municípios, estados
gestão financeira e parcerias. Segundo a nossa avaliação,
preparado para o exercício de tarefas que vão além
e união nas zonas de amortecimento de parques e reservas,
o uso público se constitui na principal estratégia
da mera repressão e fiscalização territorial. No contexto
sem que haja interatividade entre os poderes constituídos.
de aproximação e valorização do espaço protegido
da concepção moderna de um parque natural, os gestores
Certamente este problema está entre aqueles que mais
em relação à sociedade, em geral. O grande desafio reside
precisam contar com equipes preparadas para o exercício
preocupam os gestores, o que torna os parques urbanos
na sua operacionalização por parte dos gestores de parques,
de tarefas educativas e integradoras com as comunidades
“ilhas de conservação” desconectadas das atividades
pois requer a consolidação de parcerias, recursos financeiros
vizinhas e com os visitantes. Nacionalmente, este aspecto é
do seu entorno imediato.
e materiais, além de pessoal devidamente capacitado
um dos grandes dilemas enfrentados pelos gestores
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 66
de parques e outras unidades de conservação, considerando que as políticas públicas para o setor não conseguem suprir as necessidades vigentes. A criação de novas áreas de conservação é um fato comprovado pelas estatísticas ao longo das últimas décadas, entretanto os recursos para ampliação e melhoria da infraestrutura não tem seguido o mesmo ritmo, estabelecendo uma defasagem entre o que se quer e o que se pode fazer. Para finalizar, reafirmamos a importância dos parques, mas nos defrontamos com as dificuldades objetivas de um processo de gestão ameaçado por precárias condições de realização, particularmente no caso dos parques urbanos, onde as pressões territoriais são antigas e tendem a aumentar com o crescimento urbano acelerado e desordenado. Cabe destacar o empenho de um percentual dos administradores e de suas equipes no sentido de atingir os objetivos socioambientais da conservação ambiental.
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II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 67
Prevalência da Leishmaniose Visceral Canina no Parque da Serra da Tiririca – RJ: dados preliminares
Resumo
Introdução
A Leishmaniose Visceral (lv) é a forma mais grave de doença
A Leishmaniose Visceral (lv), também conhecida como
do complexo das leishmanioses. Em áreas urbanas os cães domésticos
Calazar, é a forma mais grave de doença do complexo
são considerados os principais reservatórios de lv. No Estado do Rio
das leishmanioses. No Brasil, o principal agente etiológico
de Janeiro têm crescido o número de municípios com casos autóctones
da lv é a Leishmania chagasi e o principal vetor é
de lv humana, sendo que em Niterói e Maricá, foram notificados casos
o Lutzomyia longipalpis. As fêmeas depositam seus ovos
nunes, v. m. a.1, 2; moutinho, f. f. b.1, 2, mendes júnior, a. a. v.3, figueiredo, f. b.3; bruno, s. f.1
autóctones em cães. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência desta
preferencialmente em substrato úmido com alta presença
zoonose nos cães domésticos do Parque Estadual da Serra
de matéria orgânica no solo (brasil, 2006).
da Tiririca (peset). Foram coletadas amostras de sangue de 151 caninos
Em áreas urbanas os cães domésticos são considerados
domiciliados no peset, tendo sido confirmados nove positivos através
os principais reservatórios de lv (brasil, 2006). No entanto,
do protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde. A prevalência de lvc
mamíferos de diversas ordens podem se infectar por
foi de 6%. Em todos os casos positivos os cães viviam no peridomicílio, o
Leishmania spp. funcionando como reservatórios primários
que favorece a exposição do cão ao vetor e facilita a existência
(jorge et al., 2010). A provável existência de um ciclo
de um possível ciclo silvestre. Sendo assim, há necessidade de efetivação
silvestre tem sido apontada como fator relevante para
das ações de controle e estudo de prevalência de lv nos possíveis
urbanização da lv, no qual mamíferos selvagens estariam
reservatórios selvagens, tendo em vista, particularmente, o alto número
conectados à periferia urbana (costa, 2008).
de espécies de mamíferos, autóctones do peset.
Até o momento, não foram relatados no município
Palavras-chave: prevalência, leishmaniose visceral canina, unidade de
de Niterói, casos de lv humana. No entanto, entre 2007 até
conservação
o início do ano de 2013, no Estado do Rio de Janeiro foram
1
Faculdade de Medicina Veterinária, uff
2
Centro de Controle de Zoonoses - fms, niteroi
3
Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas – Fundação
Oswaldo Cruz
diagnosticados 25 casos de lv humana, sendo os casos
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 68
autóctones mais recentes nos municípios de Rio de Janeiro, Barra Mansa e Volta Redonda (rio de janeiro, 2013; silva, 2014). A crescente notificação de casos positivos para lvc em Niterói e Maricá, a presença do vetor L. longipalpis e diversas espécies de mamíferos autóctones no peset, torna de suma importância avaliar a prevalência desta zoonose nos cães domésticos da unidade de conservação de forma a serem pensadas ações quanto a pesquisa de lv nos humanos residentes no peset assim como nos animais selvagens (oliveira, 2013; rodrigues et al., 2013; paula et al., 2009).
Materiais e métodos Entre os meses de outubro de 2014 e março de 2015 foi realizada busca ativa de cães residentes na área do peset pertencente ao município de Niterói – rj. Os proprietários dos animais foram esclarecidos sobre o estudo e autorizaram a coleta de material assim como a utlização dos dados da pesquisa, através de um termo de consentimento. Coletou-se sangue em 151 cães, com idade igual ou superior a seis meses. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal Fluminense (uff) sob número de protocolo 429. O material de consumo foi adquirido por projeto aprovado na faperj, Edital E_03 – Estudo de Doenças Negligenciadas e Reemergentes – 2012. Os cães foram amordaçados, contidos mecanicamente e examinados, de forma a serem agrupados clinicamente segundo Mancianti et al. (1988) como assintomáticos (sem sinais clínicos), oligossintomáticos (uma a três sinais clínicos) e sintomáticos (mais de três sinais clínicos). As informações foram anotadas em uma ficha contendo
identificação e sinais clínicos. Através da punção da veia cefálica fez-se a coleta de cerca de 3,0 ml de sangue, acondicionados em tubos estéreis, sem anticoagulante, e mantidos sob refrigeração em caixas isotérmicas para transporte e posterior realização dos testes sorológicos. As amostras foram levadas ao laboratório multidisciplinar do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública da Faculdade de Medicina Veterinária da uff onde era feita a centrifugação para separação do soro. Através do soro foi realizado teste qualitativo para detecção de anticorpos para Leishmaniose Visceral Canina, o teste rápido imunocromatográfico dpp® (Dual Path Platform) – Biomanguinhos®. As amostras positivas no dpp® foram então congeladas e enviadas ao Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (ipec) da Fundação Oswaldo Cruz (fiocruz) para realização do Ensaio Imunoenzimático (elisa). Seguindo o protocolo diagnóstico preconizado pelo Ministério da Saúde (2011), foram considerados cães positivos para lvc aqueles cujo resultado foi positivo no teste rápido imunocromatográfico (dpp®) como triagem e no elisa como confirmatório. Em outra visita, os cães positivos foram sedados para
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realização de biópsia de pele, punção de medula óssea e linfonodos. O material foi encaminhado ao ipec para tentativa de isolamento parasitário em meio de cultura. Todos os isolados obtidos em meio de cultura durante o estudo foram armazenados no Banco de Amostras do Laboratório de Vigilância em Leishmanioses e serão analisados pela eletroforese de enzimas.
Resultados e discussão Até o momento foram confirmados nove positivos através do protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde. Seis residem no Morro das Andorinhas – Itaipu, dois no Engenho do Mato e um em Várzea das Moças. A prevalência de lvc foi de 6%. Três cães foram classificados como assintomáticos, cinco como oligossitomáticos e apenas um como sintomático. As alterações clínicas mais encontradas foram emagrecimento progressivo (56%) e lesões alopécicas ou crostosas em focinho e orelhas (44%). Outros sinais observados, compatíveis com os citados na literatura, foram anorexia, pêlo opaco, descamação furfurácea generalizada, onicogrifose e conjuntivite (oliveira, 2013; almeida et al., 2009). Foi coletado material para exame parasitológico, até o momento, de quatro cães. Houve crescimento de formas promastigotas compatíveis com o gênero Leishmania na cultura de punção de medula óssea em 100%, na cultura de biópsia de pele íntegra em 75% e em punção de linfonodo em 50% dos animais coletados. Todos os isolados obtidos em meio de cultura serão analisados pela eletroforese
de enzimas, para que seja feita a caracterização da L. chagasi. Em todos os casos positivos os cães viviam no peridomicílio, o que favorece a exposição do cão ao vetor e facilita a existência de um possível ciclo silvestre da lv, onde os animais domésticos representariam uma fonte de infecção para os flebotomíneos que poderiam infectar os animais selvagens, ou ainda, animais selvagens e sinantrópicos funcionando como reservatórios (bigeli et al., 2012; almeida et al., 2009). Todas as propriedades em questão possuem interface com a mata, com árvores frutíferas no peridomicílio. A construção de moradias em áreas de mata, com precárias condições sanitárias, favorece o acúmulo de matéria orgânica o que possibilita criadouros para o vetor, levando à aproximação de indivíduos susceptíveis e fontes de infecção (rangel et al., 2008). A presença de animais domésticos positivos nas residências é considerado fator de risco para a aquisiçao de lv em humanos, visto que a existência de casos positivos para lvc tem precedido casos humanos, sendo mais frequente a infecção no cão que no homem (belo et al., 2013; brasil, 2006).
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Conclusões
Referências bibliográficas
A lv é prevalente em cães domiciliados no interior
almeida, a. do b. p. f. de a., faria, r. p., pimentel, m. f. a.,
do peset. Há necessidade de efetivação das ações
dahroug, m. a. a., turbino, n. c. m. r., sousa, v. r. f. 2009.
de controle preconizadas pelo Ministério da Saúde.
Seroepidemiological survey of canine leishmaniasis
É de extrema importância o estudo de prevalência da lv
in endemic areas of Cuiabá, State of Mato Grosso. Revista
nos possíveis reservatórios selvagens, tendo em vista o alto
da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 2,
número de espécies de mamíferos no peset.
p. 156-9.
O controle da população dos animais domésticos residentes
belo, v. s., werneck, g. l., barbosa, d. s., simões, t. c.,
no peset e a educação ambiental quanto à guarda
nascimento, b. w. l., silva, e. s., struchiner, c. j. 2013.
responsável e prevenção de zoonoses para seus residentes
Factors Associated with Visceral Leishmaniasis
são ações de necessidade urgente para minimizar o impacto
in the Americas: A Systematic Review and Meta-Analysis.
à fauna selvagem e à saúde humana.
Neglected Tropical Diseases, v. 7, n. 4, p.1-12. bigeli, j. g.; oliveira júnior, w. p. de; teles, n. m. m. 2012. Diagnosis of Leishmania (Leishmania) chagasi infection in dogs and the relationship with environmental and sanitary aspects in the municipality of Palmas, state of Tocantins, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.45, n.1, p.18-23. brasil. 2006. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose
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de Saúde Pública Sérgio Arouca - Fundação Oswaldo Cruz.
108, n.7, p. 943-946.
97pp.
silva, g. a. r. da, boechat, t. de o., ferry, f. r. de a., pinto,
paula, c. c. de, figueiredo, f. b., menezes, r. c., mouta-
f.da c., azevedo, m.c.v. m. de, carvalho, r de s.motta, r.
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n.; veras, m. f. 2014. First case of autochthonous human
visceral canina em Maricá, Estado do Rio de Janeiro: relato
visceral leishmaniasis in the urban center of Rio de Janeiro:
do primeiro caso autóctone. Revista da Sociedade Brasileira
case report. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São
de Medicina Tropical, v. 42, n. 1, p.77-78.
Paulo, v.56, n.1, p.81-84.
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Projeto de fortalecimento e Introdução uso público está aos poucos se consolidando como algo implantação da gestão do uso Oimportante no Brasil, uma espécie de amadurecimento na público para o incremento gestão de áreas naturais protegidas que tardou a chegar no país, principalmente se comparado com países mais da visitação nos parques desenvolvidos, onde o contato com a natureza é visto como estaduais do Rio de Janeiro algo importante para a sociedade. Neste sentido, com o desenvolvimento do uso público, obtemos uma importante (2012-2014) ferramenta que pode servir, finalmente, para inserir e alexandre lorenzetto1 1
Biólogo MSc. Coordenador geral do projeto. ITPA
E-mail: alexlorenzetto@gmail.com Palavras-chave: gestão, uso público
mobilizar a sociedade brasileira em prol da importância das áreas naturais protegidas, além de uma série de outras tantas questões benéficas agregadas. Este caminho de amadurecimento, também é seguido pelo Estado do Rio de Janeiro, há quem diga protagonizado pelo mesmo, detentor de grandes avanços na área. Tal situação é geralmente facilitada pela conjunção de alguns fatores que unem a vontade política com a capacidade de gerenciamento e pró- atividade de um órgão ambiental. Os reflexos são facilmente vistos em ações positivas,
diretamente relacionadas à melhoria da gestão de unidades de conservação, como por exemplo a criação, implantação e manejo de UCs, onde há investimentos consideráveis em planos de manejo, regularização fundiária, infraestruturas, contratação de pessoal (ressalta-se aqui a importância dos guardas-parque), etc. Diretamente ligado a tudo isso, está a questão do uso público a qual é orientada no Rio de Janeiro por um instrumento legal específico, o Decreto Estadual nº 42.483/ 2010. Dentro deste contexto, a fim de acelerar um pouco mais estes processos, é elaborado pelo Inea o projeto de Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nos Parques Estaduais do Rio de Janeiro. A concepção e sucesso deste projeto parte de uma espécie de auto-avaliação, onde o órgão identificou as principais deficiências e questões (até 2012) que poderiam ser melhoradas e materializadas, relacionadas ao uso público, a saber: 1.
Base de dados sobre uso público insuficiente
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e desatualizada; 2.
Ausência de planejamento estratégico para o
uso público; 3.
Necessidade de capacitação em diversos
temas correlatos ao planejamento do uso público; 4.
Ausência de manuais de procedimentos de
uso público; 5.
Visitação subestimada, não controlada e com
pouca orientação; 6.
Câmaras técnicas de turismo dos conselhos
consultivos nem sempre implementadas e o parque com pouca inserção social; 7.
Programas de uso público dos parques
estaduais com baixo nível de implementação; 8.
Imagem dos parques estaduais como destino
turístico muito enfraquecida, bem como a economia local.
Métodos Iniciado em dezembro de 2012 e finalizado em fevereiro de 2014, este projeto foi implantado em 12 unidades de conservação de proteção integral (Parque Estadual do Desengano, PE Cunhambebe, PE da Ilha Grande, PE da Costa do Sol, PE da Pedra Branca, PE da Serra da Tiririca, PE da Serra da Concórdia, PE dos Três Picos, Reserva Biológica das Araras, Reserva Biológica de Guaratiba, Estação Ecológica de Guaxindiba e Reserva Ecológica da Juatinga) e de maneira indireta, em outras 3 (PE do Mendanha, PE Lagoa do Açu e PE da Pedra Selada). Fizeram parte da equipe 34 consultores, entre coordenadores de campo, monitores ambientais e equipe de escritório, com objetivos e produtos específicos que, conectados entre si, tinham como objetivo contribuir para a “organização da casa” e a “preparação do terreno” para as equipes fixas do Inea. O projeto foi executado pelo Instituto Terra de Preservação Ambiental – ITPA. O Projeto se fundamentou nas diretrizes institucionais do Inea, e foi dimensionado para atuar em três principais eixos:
(i)
Planejamento – planejamento estratégico de uso público,
a integração com planos de manejo, a construção de novos projetos, a regulamentação de artigos específicos do Decreto de Uso Público e a padronização de procedimentos de uso público; (ii)
Operacional – atendimento de visitantes, treinamento e
a capacitação de guarda-parques, manutenção de trilhas, entre outras ações; e (iii)
Gestão e produção de conhecimento – sistematização
contínua de dados, a produção de minutas de manuais de procedimentos de uso público e a elaboração de ferramentas de avaliação e monitoramento como o diagnóstico de uso público.
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Resultados A presença de equipes específicas e capacitadas na coordenação das atividades de uso público nas UCs, em sincronia com as equipes gestoras e equipes executoras (no caso, composta pelos guarda-parques) promove uma grande diferença, seja nas atividades de rotina, como atendimento e orientação aos visitantes ou no estabelecimento de números confiáveis de visitação, como no planejamento e execução de atividades pontuais, que demandam parcerias e intensos
Figura 01. Estimativa de visitantes nas UCs estaduais em 2012*.
contatos com conselhos, instituições de ensino e parceiros. Na parte das ações, os resultados foram bastante promissores, principalmente quando se compara com o período onde não haviam equipes específicas de uso público, situação recorrente em grande parte das UCs. Os resultados podem ser vistos nas tabelas abaixo e fazem parte do Diagnóstico do Uso Público das Unidades de Conservação do Rio de Janeiro, 2013 (Relatório interno)*. As tabelas estão colocadas de modo que possa ser feita uma comparação entre as ações em 2012 e 2013.
Figura 02. Estimativa de visitantes para as UCs em 2013*.
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Figuras 03 e 04. Número de instituições de ensino a alunos por nível de ensino que visitaram as UCs no ano de 2013*.
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Figura 05. Tipo e número de eventos realizados para a comunidade com a
Figura 06. Número de participantes nos eventos realizados/participados por
participação e/ou organização das UCs, com a presença de uma equipe exclusiva
cada UC com equipe de uso público (2013) e sem a presença de equipe específica
para atividades de uso público (2013) e sem equipe de uso público (2012)*.
(2012)*.
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Figura 07. Quantidade de trilhas identificadas e diagnosticadas em cada
Figura 09. Número de peças de comunicação relacionadas ao uso público
unidade de conservação*.
publicadas a cada mês ao longo do Projeto, no período de novembro de 2012 a outubro de 2013*.
Figura 08. Número de peças de comunicação relacionadas ao uso público de cada UC publicadas ao longo do Projeto (Geral: refere-se às matérias sobre uso público que aborda mais de uma UC ou o sistema de UCs)*.
II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 78
Figura 10. Lista com as principais características dos
Com toda esta informação organizada e disponível, é
formulários que compõem o Banco de Dados de Uso Público
possível alcançar uma maior eficiência na capacidade de
Visitação das Unidades de Conservação do Estado do Rio de
(2013).
realizar análises e planejamentos de forma rápida e objetiva,
Janeiro
como a definição de metas que compõe o planejamento
estratégico de uso público, realizado também durante este
Unidades de Conservação: Atividades de Uso Público
projeto. Desta forma os dados levantados são transformados
em conhecimento e subsidiam todas as ações, orientadas
Unidades de Conservação
diretamente ao alcance das metas propostas, contribuindo
assim para a estruturação de uma sólida política de uso
Conservação
público.
Formulário
Abas Ficha da UC
Ficha da UC
Estradas de acesso Transporte Coletivo Atividades existentes e permitidas Atividades existentes e não permitidas
Atividades e Atrativos
Atividades Potenciais Atividades Operacionais Atores de Uso Público Pesquisas Cadastro das instituições
Instituições de ensino
Atividades Instituições de ensino
Eventos
Cadastro de eventos
Comunicação
Materiais de comunicação
Prestadores de Serviço
Prestadores de Serviço
Infraestrutura
Infraestruturas existentes
Trilhas
Diagnóstico de Trilhas
Prestadores Potenciais
Colunas Linhas
33 9 5 32 15 13 7 10 11 14 22 16 13 39 16 18 148
12 69 117 998 398 189 98 160 298 1182 96 546 311 697 16 154 142
• Manual Proposta Metodológica para Estimativa de
• Manual para a Documentação Fotográfica de • Manual de Práticas e Manejo de Trilhas em • Manual de Observação de Aves em Unidades de • Manual do Programa Estadual de Guias de Turismo
e Condutores de Visitantes em Unidades de Conservação Com objetivos de que todos os procedimentos fossem
incorporados pelo órgão ambiental, produziram-se
Unidade de Conservação
uma série de manuais, que juntos foram denominados
temporariamente como Série Fortalecimento do Uso Público e
do GPS em campo
entregues como minutas:
• Manual de para a Utilização do Banco de Dados de
Uso Público
• Manual de Procedimentos e Operações de Uso
Público em Unidades de Conservação Estaduais
• Glossário: Temas e Termos de Uso Público em • Apostila do curso básico de GPS e instruções de uso
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Conclusões A gestão do uso público no Inea segue uma curva de crescimento ascendente, a execução deste primeiro Projeto cria uma linha de base para o planejamento, a melhoria no conhecimento e o início ou a continuidade de inúmeras ações que deverão ser incorporadas pela gestão, não esquecendo que o monitoramento deve ser constante para que possam ser identificados problemas e facilmente corrigidos. As ações deste Projeto não almejaram aplicar uma metodologia de gestão pronta ou uma receita plenamente adequada à realidade de cada uma das UCs, a proposta está orientada para a discussão propositiva sobre as melhores estratégias para a gestão do uso público, por isso o investimento em tantas ações-piloto, metodologias ou ferramentas. É importante ressaltar uma situação de aumento considerável na gestão do uso público para as unidades de conservação estaduais. Em termos gerais a melhora desta qualidade está diretamente relacionada com a presença de equipes específicas de uso público nos parques,
desenvolvendo uma gestão orientada para resultados, de
organizacionais para o gerenciamento do uso público (um
acordo com o planejamento estratégico elaborado para cada
setor de uso público), como vêm sendo mostrado em outros
uma das UCs. Além disso, deve-se levar em consideração
órgãos ambientais no Brasil e no mundo. Passa também
o aproveitamento do corpo de guardas-parque para as
pela apropriação das ferramentas mais úteis e mais simples
atividades do uso público, como já ocorre em algumas UCs
produzidas nas diversas consultorias e projetos, através das
em 2013, onde pequenos e especializados grupos já fazem a
equipes fixas do órgão. Desta maneira se torna mais fácil dar
diferença na constante melhora do uso público para as UCs
continuidade às ações iniciadas.
estaduais.
Nas pontas (nas UCs) é imprescindível a capacitação,
Uma boa gestão é aquela que alcança resultados,
orientação clara (definição de metas, prazos, responsáveis),
independentemente de meritórios esforços e intenções.
acordado com os gestores e finalmente as equipes
E, alcançar resultados, no setor público, é atender
executoras permanentes, como o caso dos guardas- parque
às demandas, aos interesses e às expectativas dos
com funções bem definidas, como no caso de equipes
beneficiários, criando valor público. Neste caso específico,
responsáveis pelo uso público.
tentando também provocar uma demanda que é a
A experiência piloto organizada pelo Inea com este projeto,
valorização do nosso patrimônio natural, com todos as
mostrou que é possível, com poucos recursos e em pouco
questões associadas.
tempo, elevar a capacidade de gestão do uso público.
O sucesso e continuidade das ações protagonizadas e iniciadas por um projeto como este, passam pela apropriação do conhecimento e obviamente a continuidade dentro do próprio órgão ambiental orientado aos resultados. Para que isso ocorra, é necessário que se criem estruturas
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Agradecimentos Ao André Ilha (Ex- Diretor), Patrícia Figueiredo e Manuela Tambellini que conceberam, coordenaram e apostaram em tão diferente ideia, que já está colhendo os seus primeiros frutos. Aos gestores de unidades de conservação e demais equipes gestoras, principalmente os acreditaram nesta estrutura para fortalecer as ações de suas Unidades de Conservação. Finalmente e não menos importante às equipes de campo do ITPA, que formaram o maior projeto de uso público do país até a atualidade e realizaram este trabalho do início ao fim com o mesmo compromisso.