Anais - II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca

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04 e 05 de junho de 2014

II Encontro Científico auditório do instituto de geociências da uff Av. General Milton Tavares de Souza, s/nº Niterói – RJ realização:

apoio: Universidade Federal Fluminense

Faculdade de Turismo e Hotelaria - UFF


governo do estado do rio de janeiro Luiz Fernando Pezão | Governador

secretaria de estado do ambiente – sea Carlos Portinho | Secretário de Estado do Ambiente

instituto estadual do ambiente – inea Isaura Maria Ferreira Frega | Presidente Marco Aurélio Damato Porto | Vice-Presidente Guido Gelli | Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas (dibap) Rosa Maria Formiga Johnsson | Diretora de Gestão das Águas e do Território (digat) Ana Cristina Henney | Diretora de Licenciamento Ambiental (dilam) Ciro Mendonça da Conceição | Diretor de Informação, Monitoramento e Fiscalização (dimfis) Fernando Antônio Mascarenhas | Diretor de Recuperação Ambiental (diram) Renato Tinoco | Diretor de Administração e Finanças (diafi) Patricia Figueiredo de Castro | Gerente de UCs de Proteção Integral (gepro) Fernando Matias de Melo | Chefe do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET)

organização Parque Estadual da Serra da Tiririca | inea Serviço de Planejamento e Pesquisa | inea Departamento de Turismo | uff Instituto de Geociências | uff Hospital Universitário de Medicina Veterinária | uff

colaboração Secretaria de Cultura | prefeitura de niterói Fundação de Arte de Niterói | prefeitura de niterói

Os resumos foram publicados na íntegra e seu conteúdo é de exclusiva

Equipe de Comunicação e Design | gepro/inea

responsabilidade dos autores.


apresentação Com muito prazer assino esta apresentação dos registros das exposições feitas por especialistas por ocasião do II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca.Trata-se de uma das mais preciosas áreas preservadas do litoral do Estado, localizada em um dos mais charmosos recantos das cidades de Niterói e Maricá. O Parque Estadual da Serra da Tiririca é um símbolo de vitória dos movimentos sociais e ambientais,

do interesse coletivo sobre o individual. É berço de algumas das primeiras e mais expressivas manifestações dos principais ambientalistas do Estado, desde a década de 60, e o resultado das ações destes aguerridos militantes que tive a oportunidade de acompanhar e para as quais pude contribuir desde o início. Parabéns a todos que participaram e participam desta caminhada. guido gelli diretor de biodiversidade e áreas protegidas do inea


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 4

sumário painéis

8

Emprego de equipamentos de contagem automática para monitoramento da visitação no peset.

12

alexandre lorenzetto et al.

9

10

11

13

Sensibilidade ambiental do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro a eventos de derramamento de óleo.

Caracterização das praias do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro.

baptista, e. c. s. e silva, a. l. c.

pinheiro, a.b. et al.

Difusão e popularização da ciência através da produção de fotografias resultantes de pesquisa científica: Estudo de caso de microalgas da Praia de Itacoatiara, Niterói, rj.

Geotecnologias aplicadas ao zoneamento do Parque Estadual da Serra Tiririca. ana brisa cosmo de castro et al.

15

Trilha do Alto Mourão – peset: Resultados do monitoramento do fluxo de visitantes. galiana lindoso et al.

andressa alencastre fuzari et al.

Sistema Nacional de Unidades de Conservação: Onde Melhorar? amanda quina navegantes

Estudo da fauna flebotomínica do Parque Estadual da Serra da Tiririca e primeiro registro de Lu. longipalpis no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

14

fabio da cunha gonçalves

16

Produção de um miniguia de árvores: Olhares e percepções infantis sobre a Mata Atlântica. guimarães, a.d.s., silveira, s. e santos, c.v.

17

Poluição por lixo na Praia de Itaipuaçu em Maricá, Estado do Rio de Janeiro. rosa, k. s. e silva, a. l. c.

18

Levantamento faunístico do Núcleo Caminho de Darwin, Parque Estadual Serra da Tiririca faria, m.c. et al.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 5

sumário painéis 22 19

O mico-leão-de-cara-dourada introduzido na área original de ocorrência do mico-leãodourado. maria cecília m. kierulff et al.

20

canário, n. l. d. e silva, a. l. c.

23

Educação ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca: Atividades na Trilha Interpretativa do Morro das Andorinhas.

27

28

24 A importância do Parque Estadual da Serra da Tiririca para conservação da riqueza de serpentes do município de Niterói.

Dieta de Tropidurus torquatus (wied, 1820) (Squamata, Tropiduridae) no Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca, municípios de Niterói e Maricá, RJ. cunha, f. c. g. et al.

citeli, n. et al.

25

Carvoarias Históricas na Serra da Tiririca: História Oral, História Ambiental, Antracologia e Botânica. patzlaff, r.g. et al.

Diversidade funcional e filogenética da comunidade vegetal da pedra de Itacoatiara. colmenares-trejos, s. l. et al.

Projeto Vale das Esmeraldas – do Social para o Ambiental. raphael a. r. lima, liz assunção e ricardo marcelo

mariana m. barcellos e douglas s. pimentel

21

O uso da Água e a Vulnerabilidade do Aquífero Costeiro de Maricá ao Fenômeno da Salinização.

Avaliando a interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset: dados preliminares. nunes, v. m. a. et al.

29

Uso Público em Áreas Protegidas: Um Roteiro de Atividades para Fortalecimento de Vivências e Conscientização Através da Educação Ambiental. lanúzia quintanilha e luiz renato vallejo


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sumário palestras

37

Uma cartografia rizomática da gestão do uso público no Parque Estadual da Serra da Tiririca pela lógica da Ecosofia.

47

42

63

juliana latini

bruna galassi

Ameaças à vegetação rupícola em inselbergs litorâneos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

Saberes e práticas da população tradicional do Morro das Andorinhas.

52

Vegetação de moitas do Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca: florística, estrutura e conservação.

Desafios territoriais na criação e gestão de um parque urbano: contribuições para o debate. luiz renato vallejo

67

Prevalência da leishmaniose visceral canina no Parque Estadual da Serra da Tiririca viviane nunes

luana mauad

izar aximoff e claudio nicoletti fraga

46

Serra da Tiririca: um hotspot da herpetofauna no Estado do Rio de Janeiro. jorge antônio lourenço pontes

58

Ações de uma instituição federal de ensino superior junto a uma unidade de conservação da natureza: proposta para uma gestão ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói/ Maricá, RJ stella calazans

72

Projeto de fortalecimento e implantação da gestão do uso público para o incremento da visitação nos parques estaduais do Rio de Janeiro (2012-2014) alexandre lorenzetto


painĂŠis


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 8

Emprego de equipamentos de contagem automática para monitoramento da visitação no peset* alexandre lorenzetto1, galiana lindoso1 e fernando matias2

As unidades de conservação no Brasil estão começando

de aproximadamente 10 anos. Dentre as importantes

a experimentar os benefícios de incluir em sua gestão

informações levantadas, podem ser citadas o total

sistemas de contagem automática e permanente de fluxos

de 7.925 visitantes no período amostrado, feriado de 15

de visitantes, os eco-contadores. Trata-se de um sistema

de setembro como o dia máximo de visitação (190 visitantes)

de quantificação e monitoramento do fluxo para a obtenção

e a média mensal de 720 visitantes. O dia de semana

de informações precisas para a gestão da visitação. Dentro

de maior visitação é o domingo (37,98%) e a faixa horária

deste contexto o peset foi a primeira uc da América Latina a

com maior número de visitantes está entre as 9h da manhã

empregar tal tecnologia. O projeto piloto foi realizado

até às 12h, com 36,11% dos visitantes. Além das vantagens

no âmbito do projeto de implantação e fortalecimento

com o monitoramento 24h por dia, é importante ressaltar

da gestão do uso público nas ucs estaduais (2012 – 2014),

que após 9 meses de instalação o equipamento foi visitado

1

Instituto Terra de Preservação Ambiental – itpa

idealizado pelo inea e executado pelo itpa, onde

somente no momento de desinstalação (desenterrado

2

Instituto Estadual do Ambiente – inea / peset

o equipamento ficou instalado na trilha do Alto Mourão

do leito da trilha), pois os dados eram transmitidos via GSM.

pelo período de 9 meses (junho de 2013 até fevereiro de

Em áreas com menor controle da gestão, como é o caso

2014). O sensor instalado é uma placa acústica enterrada no

da trilha do Alto Mourão, isso pode significar o sucesso

leito da trilha a 10 cm de profundidade, totalmente invisível,

de uma iniciativa como esta, pois o equipamento se manterá

sensível à variação da pressão exercida através de uma

seguro e completamente invisível na trilha, fornecendo

pisada a partir de 10 kg. Este equipamento tem a capacidade

dados precisos e subsidiando a gestão da visitação.

de coletar, armazenar e transmitir dados por telemetria

*Apoio financeiro: Eco-Compteur (França) e Soluções

(gsm) sobre quantidade de visitantes, sentido da marcha

Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (sacis)

E-mail: alexlorenzetto@gmail.com

e a hora de passagem por aquele ponto, além disso, é provido de uma autonomia energética (baterias)


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 9

Sistema nacional de unidades de conservação: onde melhorar?

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (snuc)

capacitados; que os processos de criação das ucs seja

é um conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais,

de fato democrático e com objetivos claros e que as zonas

cujo objetivo é a conservação da natureza no Brasil,

de amortecimento sejam melhor definidas, com delimitação

amanda quina navegantes1 e sávio freire bruno1

fornecendo especificamente mecanismos legais às esferas

de área e uso dos recursos naturais. Os outros 42% que não

governamentais federal, estadual e municipal e à iniciativa

concordam com mudanças nesta lei e afirmam

privada para criar, implantar e gerir as Unidades

que a mesma foi um avanço no que concerne

de Conservação. Entre junho a outubro de 2013,

ao estabelecimento das áreas protegidas, possuindo

questionários contendo questões referentes a possibilidades

as principais ferramentas de gestão que garantem

de uma revisão na lei do snuc foram enviados a gestores

a participação da sociedade nos processos decisórios.

de Unidades de Conservação de Proteção Integral

Apesar de todas as dificuldades apontadas pelos entrevistados,

com o objetivo de coletar sugestões de melhorias

o snuc é sem dúvida alguma um progresso no que diz respeito

e/ou inclusões na lei nº 9.985 de 2000. Foram obtidos

à proteção da biodiversidade brasileira. Assim, o trabalho gera

19 questionários, e cerca de 58% consideram que o snuc

dados para fomentar um debate, sinalizando em primeira

carece de uma revisão. Os principais pontos apontados

instância, as principais fragilidades na lei, sob o olhar

foram a sobreposição dos objetivos das categorias Reserva

dos gestores. Abre um caminho para o aperfeiçoamento desta

Biológica e Estação Ecológica; a necessidade de uma maior

sem, contudo, deixar de indicar um fórum mais profundo sobre

interatividade da sociedade civil com a gestão

o tema com a participação de todos os atores envolvidos,

das Unidades; elaboração de critérios específicos na lei

com o objetivo de aprimorar a gestão das Unidades

com relação a presença de populações tradicionais nas ucs;

de Conservação e aumentar a conservação das nossas

que a lei precisa ser cumprida, sendo aplicada de forma

espécies e ecossistemas brasileiros.

1

Departamento de Patologia e Clínica Veterinária. Faculdade

de Veterinária da Universidade Federal Fluminense – uff E-mail: amanda_navegantes@hotmail.com

efetiva, com garantia de recursos financeiros e profissionais


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 10

Caracterização das praias do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro

O litoral de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, apresenta

da maior incidência de ondas de tempestades neste setor,

uma extensa planície costeira com 33 km de extensão

principalmente de sudoeste. Apesar de elevada em toda

no sentido leste-oeste. A geomorfologia deste litoral

a sua extensão, a dinâmica costeira diminui em direção

é constituída por barreiras arenosas, mais conhecidas

a Ponta Negra (setor leste). A sedimentologia desse litoral

como restingas, além de diversas lagoas conectadas entre si

impressiona pela elevada pureza e tamanho dos grãos

pinheiro, a.b.1, silva, t.s.1, silva, a.l.c.2, ferreira, j.r.1, batista, a.s.1, pinto, v.c.s.1, gralato, j.c. a.3, silvestre, c.p.4 e baptista, e.c.s.5

e com o mar através do canal de Ponta Negra. As praias

de quartzo, sendo composta principalmente por areias

neste litoral se destacam pela incidência de ondas

quartzosas grossa a média. As exceções correspondem

de alta energia, que chegam a ultrapassar 2 m de altura

ao setor oeste da praia de Itaipuaçu, onde predomina

na arrebentação durante ressacas. Essas ondas

areia muito grossa com cascalhos bem arredondados;

ocasionalmente destroem estruturas de engenharia (como

e Ponta Negra no extremo leste, que possui areia média

casas, muros, postes, etc.) e atingem as ruas causando

bem selecionada com presença de minerais pesados. A

inundações eventuais. O presente estudo tem por objetivo

granulometria, portanto, diminui de oeste (Itaipuaçu)

entender o comportamento das praias no litoral de Maricá,

para leste (Ponta Negra) ao longo do arco praial de Maricá,

entre Itaipuaçu e Ponta Negra. O monitoramente dessas

em resposta a diminuição no grau de energia

praias ocorreu sazonalmente para a aquisição de 72 perfis

das ondas nesta direção.

1

Graduando de Geografia na Faculdade de Formação de

Professores – ffp, uerj 2

Professor Adjunto na ffp, uerj

3

Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Geografia na ffp, uerj

4

Doutoranda, PPG em Dinâmicas Oceânicas e da Terra, uff

5

Graduada em Geografia pela ffp, uerj

E-mail: ana.beatriz.geo@gmail.com

topográficos; coleta de 144 amostras de sedimentos para análise granulométrica; observação das condições de mar (altura, período das ondas, forma de arrebentação e direção de incidência). Os resultados indicam que o litoral estudado apresenta uma dinâmica mais acentuada na praia de Itaipuaçu (em especial na porção oeste), decorrente


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 11

Geotecnologias aplicadas ao zoneamento do Parque Estadual da Serra Tiririca

O Parque Estadual da Serra da Tiririca é uma unidade

O primeiro passo se deu com a criação de um mapa

de conservação de proteção integral localizada em uma área

atualizado de uso e cobertura da terra usando imagens

entre os municípios de Niterói e Maricá no Estado

de sensoriamento remoto orbital do sensor oli do satélite

do Rio de Janeiro e foi criada pela lei 1.901/91

Landsat 8, programas de processamento de dados digitais

e implementada decreto 18.598/93 com o objetivo

(pdi) e as plataformas envi e arcgis. Posteriormente

ana brisa cosmo de castro1 e caroline rosa araújo miranda¹

de preservar a fauna, a flora, os mananciais hídricos

o cruzamento do mapa de uso e cobertura com dados

e as paisagens naturais para atuais e gerações futuras.

obtidos no ibge como a drenagem e dados altimétricos

Essas duas áreas urbanas próximas apresentam um grande

obtidos pelo sitio do inpe permite a geração de outros

potencial de expandir suas malhas urbanas e ameaçando

produtos que integrarão o mapeamento final. Com isso

os objetivos prioritários da criação dessa unidade

buscamos explicitar o como através de técnicas acessíveis

de conservação e muito disso reside no fato da grande

é possível criar uma metodologia de gestão das unidades

pressão nos órgãos competentes pela fiscalização

de conservação mais particular de cada caso e integrando

e monitoramento dessas áreas. Por isso, esse trabalho

as áreas de conhecimento que estão envolvidas na gestão.

1

Graduandas em Geografia – uff, niterói

E-mails: brisacastrogeo@gmail.com e carolinearaujo@id.uff.br

tem o objetivo de abordar uma das muitas técnicas das geotecnologias que possibilita a geração de material cartográfico para subsidiar a tomada de decisão dos gestores ambientais. O zoneamento é importante para aliar características próprias, com propostas de manejo e normas especificas, que levam em consideração graus específicos de proteção. Buscou-se a utilização de técnicas simples e eficazes para a escala de trabalho pretendida.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 12

Estudo da fauna flebotomínica – Diptera: Psychodidae: Phleboominae – do peset e primeiro registro de Lu. longipalpis no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil* andressa alencastre fuzari1, aline ferreira santos delmondes1, vanessa de araújo barbosa1, francisco de assis marra1 e reginaldo p. brazil1 1

Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo

Cruz/ fiocruz – sala 22, Pavilhão Arthur Neiva E-mail: andressafuzari@gmail.com

Flebotomíneos, pequenos insetos, pertencentes à ordem

período de maio de 2010 a maio de 2011, foram realizadas doze

Diptera, família Psychodidae e subfamília Phlebotominae. São

coletas em oito pontos diferentes, tanto em ambiente silvestre

vetores naturais de alguns agentes etiológicos

como em peridomicílio. Para as capturas, foram utilizadas

de doenças humanas e de animais. As principais doenças

armadilhas luminosas hp (tipo cdc), instaladas sempre

transmitidas ao homem são as leishmanioses, doenças

nos mesmos locais. No laboratório, realizou-se a triagem,

com diversas manifestações clínicas, causadas por

montagem em lâmina e identificação dos flebotomíneos.

protozoários flagelados do gênero Leishmania. A Leishmaniose

Foram coletados 1037 flebotomíneos, sendo 552 machos

Tegumentar (lt) no Estado do Rio de Janeiro apresenta em

(53,2%) e 485 fêmeas (46,8%), de 9 gêneros e 12 espécies:

algumas áreas um caráter de transmissão peridomiciliar

Evandromyia tupynambai (34,1%), Migonemyia migonei (20,6%),

provocado principalmente pela adaptação de algumas

Brumptomyia cunhai (13,8%), Micropygomyia schreiberi (9,7%),

espécies do inseto vetor aos ambientes naturais modificados,

Psathyromyia lanei (6,5%), B. nitzulescui (5,7%), E. edwardsi

acarretando o envolvimento de animais domésticos. Os

(5,4%), Nyssomyia intermedia (2,8%), E. cortelezzii (0,6%),

municípios de Niterói e Maricá (rj) vêm sofrendo um processo

Pintomyia biachigalatiae (0,5%), Lutzomyia longipalpis (0,2%),

de impacto ambiental intenso, por meio da fragmentação

Sciopemyia microps (0,1%). Destas, três já foram consideradas

das áreas de mata ainda existentes, alterando sua estrutura

vetoras das leishmanioses. Mg. migonei foi mais abundante

espacial e transformando-os em municípios com grandes áreas

que Ny. intermedia, sugerindo a possibilidade das duas estarem

modificadas. Este trabalho teve como objetivo estudar

dividindo o papel na transmissão da LT. Lu. longipalpis, principal

a fauna e aspectos ecológicos dos flebotomíneos

vetor da leishmaniose visceral, teve seu registro pela primeira

em áreas de preservação ambiental e sua relação com

vez no município de Niterói. E desde então, em nossas coletas,

as leishmanioses. Desde 2010, vem sendo realizadas coletas

vem sendo encontrado na região.

sistemáticas em áreas do Parque da Serra da Tiririca. No

*Apoio: ioc/fiocruz, capes, inea, peset


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 13

Sensibilidade ambiental do litoral de Maricá no Estado do Rio de Janeiro a eventos de derramamento de óleo baptista, e. c. s.1 e silva, a. l. c.2

O litoral de Maricá vem experimentando intensas

para avaliar a vulnerabilidade do litoral a eventos dessa

modificações recentes em decorrência do aumento

natureza. Entre Itaipuaçú e Ponta Negra, o litoral

das atividades industriais e turísticas no município

de Maricá apresenta quatro ambientes distintos quanto

e adjacências. A construção de um grande complexo

à sensibilidade a poluição por óleo, sendo: os costões

petroquímico (comperj) no município vizinho de Itaboraí

rochosos nas extremidades do litoral (isa 1); as praias (isa 4),

e a implantação de um Pólo Naval em Jaconé, para atender

com exceção do extremo oeste de Itaipuaçú (isa 5);

à crescente demanda da indústria petrolífera na região,

e as lagoas costeiras e canais localizados na retaguarda

constituem-se em uma ameaça aos diversos ecossistemas

das barreiras arenosas (isa 10), sujeitas a contaminação

litorâneos. A construção desses megaempreendimentos

pelos canais e por transposição de ondas durante

1

Graduada em Geografia pela ffp da uerj

ou mesmo a implantação de dutos, em um litoral com

a ocorrência de grandes tempestades. Entre os ambientes

2

Professor Adjunto na ffp da uerj.

elevada dinâmica, aliado a um intenso tráfego de navios

costeiros analisados, as lagoas e canais localizados

petroleiros, representa uma ameaça frente ao risco

à retaguarda das barreiras arenosas apresentam maior

de eventuais derramamentos de óleo. Cabe lembrar

vulnerabilidade a esse tipo de desastre. Portanto, verificou-

que desastres dessa natureza são comuns na área

se que tais atividades representam um risco elevado para

da Baía de Guanabara, onde a indústria petrolífera se faz

a pesca e para a biodiversidade das lagoas e restinga

presente. No intuito de avaliar o grau de sensibilidade

no litoral de Maricá.

Rua Francisco Portela, 1470 – São Gonçalo – rj, 24435-005. E-mail: erikacardosogeo@gmail.com

do litoral de Maricá à eventos de derramamento de óleo, foram analisados diversos aspectos da geomorfologia e sedimentologia em 17 locais de monitoramento nos 33 km de linha de costa. Foi aplicado o Índice de Sensibilidade Ambiental (isa) proposto pelo Ministério do Meio Ambiente


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 14

Difusão e popularização da ciência através da produção de fotografias resultantes de pesquisa científica: estudo de caso de microalgas da Praia de Itacoatiara, Niterói, rj fabio da cunha gonçalves¹ 1

Fabio Cunha Gonçalves

Comércio e Serviços Científicos – eireli cnpj: 07.547.861/0001-33 E-mail: contato@fabiomar.bio.br

A difusão e popularização da ciência visa proporcionar ao público leigo da academia conhecimento referente a um ecossistema estudado. Uma forma de divulgação dos resultados de estudos sobre a biodiversidade é a produção e exposição de fotografias, que sensibilizam a população através de informação e beleza. Estudos científicos buscam caracterizar e/ou monitorar espécies presentes em determinada área. Uma dessas áreas, que tem despertado interesse para produção científica no município de Niterói, é a do Parque Estadual da Serra da Tiririca (peset) e suas zonas de amortecimento, onde está inserida a praia de Itacoatiara, na qual foi agraciada com a pesquisa sobre microalgas. O objetivo deste trabalho é fazer parte de projetos científicos, como o ocorrido no trabalho com as microalgas, para ilustrar resultados através da produção e exposição de fotografias com a finalidade de aproximar e divulgar a importância da pesquisa científica realizada nos laboratórios dos centros de pesquisa do país. O resultado esperado proveniente dessa divulgação através de exposição é aguçar a curiosidade da população sobre o tema biodiversidade e se tornar mais uma ferramenta para a contribuição no entendimento da educação ambiental.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 15

Trilha do Alto Mourão, peset: resultados do monitoramento do fluxo de visitantes*

A instalação de equipamentos de contagem automática

trilha, mostrando que os dados anteriormente foram

para o monitoramento total e permanente do fluxo

subdimensionados para aquela área. Dentre os meses

de visitantes em unidades de conservação brasileiras ainda

amostrados, o mês de maior visitação foi janeiro (1.353

não é uma realidade. Neste sentido o peset

visitantes) seguido dos meses de inverno: julho, agosto

se apresenta como pioneiro na América Latina

e setembro - respectivamente com 754, 974 e 975 visitantes.

galiana lindoso1, alexandre lorenzetto1 e fernando matias2

ao experimentar em sua gestão um sistema de contagem

Os dias de semana com maior número de visitantes foram:

automática de visitantes com transmissão de dados via

domingo (38%), sábado (26%), segunda (8,5%), sexta-feira

telemetria, os Eco-contadores. O projeto piloto foi realizado

(8%), quarta-feira (7,4%), quinta-feira (6,3%) e terça-feira

no âmbito do Projeto de Fortalecimento do Uso Público

(5,6%). Observou-se que os horários de pico para entradas

(2012-2014), onde o equipamento ficou instalado na trilha

foram entre as 7 h e 9 h da manhã (43% dos visitantes)

do Alto Mourão por um período de 9 meses (junho-2013

e os horários de saída da trilha foram concentrados entre

até fevereiro-2014). Este trabalho apresenta alguns

as 11 h e 14 h (42% dos visitantes). Com as informações

resultados alcançados neste período. Os dados históricos

levantadas já podem ser tomadas medidas assertivas como

de visitação para a trilha do Alto Mourão estão baseados

a escolha do dia da semana para a manutenção de trilhas

em estimativas: 10% da visitação contabilizada por meio

ou ainda aumentar a presença de equipes de guarda-

de um livro de visitas que encontra-se na sub-sede

parques nos dias e horários de pico.

de Itacoatiara (trilha do Costão), onde os números variaram

*Apoio financeiro: Eco-Compteur (França) e Soluções

entre 3.600 (2010), 3.800 (2011) e 4.334 (2012) visitantes/

Ambientais com Inovação e Sustentabilidade (sacis)

1

Instituto Terra de Preservação Ambiental – itpa;

2

Instituto Estadual do Ambiente - inea / peset

E-mail: gali.lindoso@gmail.com

ano. A partir da instalação do equipamento de contagem automática, após os 9 meses de operação, foram contabilizados 7.925 visitantes na mesma


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 16

Produção de um miniguia de árvores: olhares e percepções infantis sobre a Mata Atlântica

O Núcleo Educacional Professora Clélia Rocha – nepcr está

Oferecemos aulas teóricas e práticas com saída a campo

localizado em uma área de Mata Atlântica em processo

para a identificação e localização das árvores estudadas. A

de regeneração no entorno do Parque Estadual da Serra

observação e o registro ocorreram por meio de fotografias

da Tiririca – peset. Nesta escola as crianças podem observar

e de desenhos das flores, folhas e frutos de cada vegetal. O

várias espécies de animais, num cenário com árvores

plantio de mudas e a coleta de flores e sementes também

endêmicas do bioma Mata Atlântica. Com o foco

auxiliaram no conhecimento e na identificação dos vegetais.

na educação voltado a construção e formação de novos

A consulta e colaboração de pesquisadores (lec – ufsc, enbt

valores e à “proteção do meio ambiente natural e construído”

– ipjb) foram necessárias para a correta identificação

(MEC, 2012) desenvolvemos um trabalho com o objetivo

e redação das características dos vegetais. As atividades

de aguçar os olhares e percepções infantis sobre o ambiente

de manejo e o processo de produção deste miniguia

Remanso Fraterno, Núcleo Educacional Professora Clélia

em que estudam e residem. Participaram deste trabalho 22

despertou comportamentos positivos nas crianças, tais

Rocha e Laboratório de Educação Cerebral (lec – ufsc)

alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, duas professoras

como maior cuidado com os vegetais e interesse espontâneo

(regente e voluntária), e uma bióloga. Com o objetivo

por coleta e identificação de frutos e sementes. Portanto,

de conhecer, documentar e preservar os vegetais da Mata

este material foi incorporado como material de trabalho

Atlântica teve início o trabalho da produção do miniguia

para o ano de 2014 com vistas a contribuir na educação

de árvores. Selecionamos sete espécies de ocorrência

infantil com um novo olhar sobre esse ameaçado bioma.

guimaraes, a.d.s., silveira, s. e santos, c.v.

E-mail: angelimago@gmail.com

na escola típicas da Mata Atlântica: Braúna preta (Melanoxylon brauna), Embaúba (Cecropia pachystachya), Paineira Rosa (Chorisia speciosa), Palmeira Juçara (Euterpe edulis), Pau Brasil (Caesalpinia echinata), Quaresmeira Roxa (Tibouchina granulosa) e Sapucaia (Lecythis pisonis).


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 17

Poluição por lixo na Praia de Itaipuaçu em Maricá, Estado do Rio de Janeiro

O litoral de Itaipuaçu, no município de Maricá – rj,

monitoramentos realizados, representa uma ameaça

impressiona pela elevada pureza e tamanho dos grãos

aos ecossistemas costeiros, podendo causar uma série

de quartzo que formam um arco praial com cerca

de dados aos animais e contribuir para a degradação

de 9 quilômetros de extensão, desde a Serra da Tiririca

da praia. Lixo composto por matéria orgânica e madeira

(à oeste) até o pontal de Itaipuaçu (à leste). Da mesma forma,

também aparecem em quantidade significativa

rosa, k. s.1 e silva, a. l. c.2

este litoral chama a atenção pela elevada energia

e representam o segundo e terceiro material mais

das ondas incidentes, com altura superior a 2 metros

encontrado na areia da praia, respectivamente. O plástico é

durante a ocorrência de ressacas. O presente estudo teve

um material de baixa densidade e fácil de ser transportado

como objetivo caracterizar o lixo encontrado na praia de

por longas distâncias, a sua decomposição pode levar

Itaipuaçu, quanto a quantidade, distribuição e composição

séculos para acontecer. O lixo identificado neste estudo

destes. O plástico representa o resíduo sólido mais

apresenta-se desgastado, o que pode ser o resultado

encontrado em diversos ambientes marinhos e costeiros

do retrabalhamento destes materiais pela dinâmica

na atualidade, causando grande dano a flora e a fauna dos

de ondas e marés. Boa parte do lixo observado em Itaipuaçu

ecossistemas costeiros. O monitoramento do lixo na praia

parece ser proveniente de fontes externas, possivelmente

de Itaipuaçu contou com observações feitas em 5 pontos

transportados de outras áreas pelas correntes costeiras.

1

Graduada em Geografia pela ffp da uerj

2

Professor Adjunto na ffp da uerj

Rua Francisco Portela, 1470 – São Gonçalo – rj, 24435-005 E-mail: kellygeouerj@gmail.com e andrelcsilvageouerj@gmail.com

distribuídos ao longo de toda a extensão do arco praial. Os monitoramentos foram realizados durante as estações de verão e inverno de 2013. Os resultados mostram uma maior concentração de lixo na porção oeste da praia de Itaipuaçu, próximo a Serra da Tiririca. A predominância de lixo composto por plástico, observado nos dois


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 18

Levantamento faunístico do Núcleo Caminho de Darwin, Parque Estadual Serra da Tiririca* faria, m. c., freitas, d. g., oliveira, c. a. e queiroz, f.l. Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset, inea Rua Domingos Monica Barboza s/n. E-mail: marcelloneri@hotmail.com

A proposta deste estudo é realizar o levantamento qualitativo

se tornando a base para futuros estudos e análises

faunístico do núcleo Caminho de Darwin que está

do estado de conservação do meio ambiente local.

localizada dentro do Parque Estadual da Serra

*Apoio institucional: peset/ inea

da Tiririca, catalogando a diversidade de espécies de animais da Avifauna, Herpetofauna e Mastofauna. Serão utilizadas várias metodologias a fim de apurar com maior precisão todas ou a maioria possível de espécies em um período de tempo de 12 meses. Foi realizado um prévio conhecimento da área a ser estudada e determinou-se em formar transectos de 200 metros e delimitar pontos de observação. Em um levantamento prévio que se iniciou em 29 de março de 2014 até a presente data foram avistados, fotografados e filmados algumas espécies de fauna nativa, tais como: Cachorro-do-mato (lobinho), Saracura-do-mato, Tiê-sangue, Jararacuçu e alguns outros que serão descritos no transcorrer do trabalho. Este trabalho tem como objetivo catalogar as espécies para a Unidade de Conservação com intuito de se gerar dados para criar ferramentas para trabalhos de educação ambiental facilitando a compreensão de conceitos referentes à valorização da fauna local,


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 19

O mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) introduzido na área original de ocorrência do mico-leãodourado (Leontopithecus rosalia)*

O mico-leão-da-cara-dourada (mlcd) habita a Mata Atlântica

indicando o sucesso da adaptação dos mlcd na nova área.

do sudeste da Bahia e nordeste de Minas Gerais e o mico-

*O projeto tem apoio do cpb/icmbio; da Secretaria do

leão-dourado (mld) é encontrado apenas

Ambiente do Rio de Janeiro e do inea; e das secretarias

em florestas da região costeira do Rio de Janeiro. Os dois

municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e

estão ameaçados de extinção e classificadas como “Em

Sustentabilidade e de Educação de Niterói.

Perigo” pela iucn e mma. Em 2000 foram observados pela 1ª

Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário

vez mlcd no Parque Estadual da Serra da Tiririca,

de Proteção à Natureza, da rbo Energia (através da Câmera

em Niterói/rj, onde foram introduzidos ameaçando

de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente – rj),

a sobrevivência dos mld (nativos) na região. O mlcd pode

do Tropical Forest Conservation Act-tfca/funbio,

maria cecília m. kierulff1, daniel e. luz1, rodrigo c. araujo1, marina g. bueno1, danilo g. freitas1, adriana q. lima1, camila molina1 e alcides pissinatti2

comprometer a sobrevivência do mld pela competição direta,

do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh

introduzindo doenças ou se acasalando com a espécie nativa

Biodiversity Foundation/Conservation International e mbz

originando híbridos. Caso isso aconteça teremos uma perda

Species Conservation Fund.

de duas espécies já em perigo de extinção. Desde 2012 o Instituto Pri-Matas está capturando os mlcd, translocando, soltando e monitorando esses animais numa floresta

1

Instituto Pri-Matas

protegida dentro da distribuição original da espécie. Até

2

Centro de Primatologia do Rio de Janeiro/ inea

o momento capturamos 363 indivíduos, translocamos 293 para a Bahia e 53 permanecem em cativeiro. Extima-se

E-mail: primatas.caradourada@gmail.com

que metade dos mlcd tenham sido retirados de Niterói e até o final do ano esperamos capturar todos. Em 2013 foram observados filhotes dos grupos soltos na Bahia


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 20

Educação ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca: atividades na trilha interpretativa do Morro das Andorinhas

O Parque Estadual da Serra da Tiririca (peset) possui trilhas

na administração dessas atividades, pois há necessidade

que proporcionam a observação de paisagens exuberantes

do envolvimento de outras instituições e pessoas. Como

recebendo diariamente centenas de visitantes. A trilha

geralmente há limitações financeiras e de pessoal

do Morro das Andorinhas é visitada, desde 2010, por alunos

para cumprir esse, que é um preceito legal de todas as ucs

da escola Professor Marcus Waldemar de Freitas Reis,

brasileiras, fica aqui o estímulo à construção de parcerias

orientados por monitores do Museu de Arqueologia

interinstitucionais que atuam localmente, para que o parque

de Itaipu (mai). Uma caracterização física e biológica da trilha

possa se constituir em um polo gerador de novas posturas

demonstrou impactos do uso público. O acompanhamento

frente às diferentes questões ambientais apresentadas. No

mariana macêdo barcellos1 e douglas de souza pimentel1

das atividades do mai subsidiou a elaboração de um guia

que concerne à visão institucional, o peset e o mai precisam

para a interpretação ambiental nessa trilha, atuando assim,

ganhar importância na percepção das comunidades locais

na estruturação do processo de Educação Ambiental (ea). É

e a promoção das atividades de interpretação ambiental

importante que se aproveite as atividades de incursão

estimula uma visão de organização e gestão das atividades,

à trilha para chamar a atenção dos visitantes não só para

o que é importante no processo de inserção social. Logo,

a paisagem e para os processos que a transformaram,

a relevância do desenvolvimento da ea, planejada, regular

mas também para os detalhes no interior do parque, a fim

e baseada em tis pode transcender os limites e limitações

de estimular a sensibilização ambiental. No entanto,

das instituições envolvidas contribuindo para um verdadeiro

para que esse processo de sensibilização ganhe forças

aprendizado sobre as relações históricas entre os seres

e seja eficaz, é necessário que as atividades sejam

humanos e o ambiente.

1

ffp da uerj. Grupo de Estudos

Interdisciplinares do Ambiente

expandidas para outras trilhas e outras escolas. Para tal, deve-se alcançar um novo status na gestão dessa forma específica de uso público em ucs. Deve-se pensar


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 21

A Importância do Parque Estadual da Serra do Tiririca para conservação da riqueza de serpentes do município de Niterói

A tendência mundial de expansão das cidades e substituição

ou possui grande influencia foi elaborada (Engenho do Mato,

de paisagens naturais implica diretamente no impacto

Itaipu, Itacoatiara e Várzea das Moças) Observou-se que

ambiental sofrido pela região, neste sentido, os parques

das 26 espécies registradas para Niterói, 60% está presente

urbanos tornam-se indispensáveis para manutenção

em áreas do parque (seis famílias e 22 gêneros). Em termos

da qualidade de vida da população, além da preservação

gerais, o parque abriga 4,5% das espécies que ocorrem

da biota e meio ambiente. O potencial dessas áreas

no Brasil. Onde 44% são classificadas como generalistas,

conservacionistas deve ser sempre corroborado, pois

ocorrendo em ambientes florestais e antropizados e 56% são

através disso, mantem-se os estímulos a políticas públicas

exclusivamente florestais, o que demostra a relevância

citeli, n.1, de-carvalho, m.2, hamdan, b.1, ramos, t.1 e ferreira, v.1

que viabilizam a existência desses parques. Nesse âmbito,

da unidade de conservação integral para manutenção

o presente trabalho visa validar a importância do peset –

da riqueza de espécies, que outrora não estariam presentes,

localizado em sua maior porção na cidade de Niterói –

visto alto grau de degradação da floresta. Tais resultados

como refúgio para as serpentes que habitam a Mata

compilados a estudos relativos a diferentes grupos

Atlântica, bioma que atualmente conta com apenas 16%

biológicos presentes no parque, podem auxiliar

de sua cobertura vegetal original, dada a massiva

no entendimento das relações entre sociedade e natureza,

degradação. As coleções herpetológicas Museu Nacional

bem como o potencial preservacionista de unidades

do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro

de conservação em biomas impactados, principalmente

e Instituto Vital Brazil foram consultadas para

em centros urbanos, visto que o desenvolvimento

o levantamento das espécies de ofídios que ocorrem

das cidades é inevitável. Ademais, os inventários viabilizam

no município de Niterói, totalizando 158 registros

a delimitação de novas áreas em zonas de singular riqueza.

1

Instituto Vital Brazil, Niterói, Brasil.

2

Setor de Ornitologia, Museu Nacional, ufrj

E-mail: nathalieciteli@yahoo.com.br

compreendidos entre os anos de 1987 e 2014. A lista de espécies provenientes dos bairros cujo PEST está inserido


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 22

O uso da água e a vulnerabilidade do aquífero costeiro de Maricá ao fenômeno da salinização

O presente estudo, realizado no litoral de Maricá no estado

de forma intensa e descontrolada pela população, por meio

do Rio de Janeiro, foi impulsionado pela preocupação

da abertura de poços artesianos. De uma maneira geral,

com a preservação da água subterrânea e a problemática

a água do aquífero apresenta boa qualidade em Itaipuaçu

decorrente do fenômeno da salinização de aquífero. O

(no extremo oeste deste litoral) e Zacarias (próximo à apa

crescimento urbano intenso que vem ocorrendo no município

de Maricá, na porção central). As demais áreas apresentam

de Maricá, principalmente nas últimas 3 décadas, é marcado

água de baixa qualidade, sendo salobra em ponta Negra,

pela falta de infraestrutura básica, que inclui até mesmo

onde a população comumente recorre a compra de água

a carência de água potável para a população. Buscou-se,

em carros-pipa. O presente estudo chama a atenção para

canário, n. l. d.1 e silva, a. l. c.2

por meio deste estudo, realizar uma análise

a necessidade de preservação deste recurso de inestimável

da disponibilidade e qualidade da água utilizada

valor e para os riscos de contaminação do mesmo. Uma

pela população residente ao longo dos 33 quilômetros

gestão mais integrada deste recurso hídrico municipal,

de litoral, entre Itaipuaçu e Ponta Negra. Da mesma forma,

de forma a aliar pesquisa científica e planejamento urbano-

procurou-se identificar os fatores que possam contribuir

ambiental, se faz cada vez mais necessária para

para o fenômeno da intrusão salina no aquífero costeiro

a conservação deste bem, tão essencial a vida.

1

Pós-graduanda em Geologia do Quaternário – Museu

Nacional/ufrj. Quinta da Boa Vista, São Cristóvão – rj, 20940-040. 2

Professor Adjunto na ffp/ uerj.

Rua Francisco Portela, 1470 – São Gonçalo – rj, 24435-005. E-mails: nayara_nldc92@yahoo.com.br e andrelcsilvageouerj@gmail.com

neste município. Levantamento bibliográfico e pesquisas de campo possibilitaram conhecer a problemática gerada a partir da dependência da população frente a água subterrânea e a falta de infraestrutura do município para o fornecimento de serviços considerados básicos e essenciais. As residências localizadas no litoral dependem quase que exclusivamente do aquífero, que é explorado


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 23

Projeto Vale das Esmeraldas: do social para o ambiental raphael a. r. lima1, liz assunção2 e ricardo marcelo3

A delimitação de áreas de preservação ambiental é uma

cultura de convívio ambiental sustentável. O projeto foi

tarefa que requer uma visão ampla, visto a questão maior

dividido em três fases, sendo a primeira de mobilização,

de delimitar o que e como deve ser preservado. Em uma

na qual a população local se reuniu diversas vezes para

sociedade com cultura de preservação do meio ambiente,

discutir os problemas, e propôs nestas, uma série

a relação de equilíbrio com as atividades humanas seria uma

de medidas de solução dentro da visão de desenvolvimento

premissa do desenvolvimento. No entanto, esta relação hoje,

sustentável, denotando uma ação do Social (população)

tem que ser imposta dentro da difícil tarefa do que preservar

voltada para o Ambiental (meio ambiente), contrário ao

1

ucb e gerdau

dentro de uma determinada área. Neste Projeto, o inverso

habitual, do Estado determinando ações de preservação

2

ufrj

da lógica atual tem sido aplicado. O Vale das Esmeraldas

e fiscalização. A mobilização resultou em mais de 480

3

inea

está localizado na Zona de Amortecimento do Parque

assinaturas, e diversas sugestões. A segunda fase, ainda

Estadual da Serra da Tiririca, e recebeu esta denominação,

em busca de financiamento, é a execução de ações

por estar situado na Avenida das Esmeraldas, um acesso

estruturantes fruto das discussões iniciais, que englobam

comum ao peset, e por ter posição central em relação

drenagem e reuso de água, urbanização com asfalto

às demais ruas. Este Vale encontra-se em estado

ecológico (grits ou outro) e uso de energia solar. A última

de degradação crescente, com ruas sem pavimentação,

fase será de implantação de projetos comunitários

ausência de drenagem, iluminação precária, pontos

de convívio ambiental, a citar: oficina de compostagem, jardins

de esgoto a céu aberto. Existe pouca relação entre

comestíveis e turismo ecológico com atividades esportivas

a população do Vale e o peset. O Projeto foi concebido com

(ex.: skate de montanha). Ao longo das duas fases, é previsto

o objetivo de revitalizar a área, fortalecer os elos

o acompanhamento das atividades, com monitoramento

participativos da população com o ambiente de preservação

da fauna, flora e clima na região, buscando subsidiar outros

do Parque, e criar dentro da zona de amortecimento uma

projetos, e servir de piloto para outras iniciativas.

E-mail: raphaelarl@globo.com


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 24

Dieta de Tropidurus torquatus (wied, 1820) (Squamata, Tropiduridae) no Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca, municípios de Niterói e Maricá, rj*

Tropidurus torquatus é um lagarto comum a formações

significativamente relacionado (r² = 0,702; p = 0,001)

abertas com populações litorâneas em restingas e costões

com a largura da mandíbula (13,1 ± 2,4 mm; 10,1 – 18,3; n

rochosos, do Rio de Janeiro até a Bahia. O objetivo

= 13). O crc influenciou significativamente (r² = 0,293; p =

do estudo foi analisar a dieta de T. torquatus do Costão

0,046) as proporções volumétricas de material vegetal (37,2

de Itacoatiara, peset, em Niterói e Maricá, rj. O estudo foi

± 29,1; 0,0 – 98,5; n = 14) e também (r² = 0,395; p = 0,016)

realizado em Julho/Agosto de 2010. Cada lagarto coletado

de frutos na dieta (26,9 ± 26,3; 0,0 – 92,4; n = 14). Tropidurus

teve medidos (mm) o comprimento rostro-cloacal (crc)

torquatus do Costão de Itacoatiara teve uma dieta onívora

e a largura da mandíbula. A dieta foi analisada em número,

e generalista, composta principalmente por insetos (e.g.

volume (mm3) e frequência de ocorrência dos tipos

Formicidade e Coleóptera) e frutos. Os frutos

de itens e um Índice de Importância (ivi) foi calculado. Foram

e as sementes pertenceram às cactáceas Rhipsalis cereoides

coletados 14 lagartos e registrados 24 tipos de itens na dieta.

e Coleocephaluscereus fluminensis. O consumo dos frutos

cunha, f.c.g.1, silveira, r.m.2, santori, r.t.3 e kiefer, m.c.14

Numericamente, Formicidae (51,7%) e Coleoptera (11,6%)

variou ontogeneticamente, indicando maior importância

foram os mais importantes. Volumetricamente foram frutos

na dieta dos adultos. Além disso, sugere T. torquatus

(34,2%) e Formicidae (8,2%). Formicidae ocorreu

como um potencial agente dispersor destas espécies

em todos os estômagos, seguido por Coleoptera e Sementes

na área do Costão de Itacoatiara. *Financiamento: faperj.

1

PPG em Ecologia e Evolução, ibrag, uerj

(ambos 85,7%). Os maiores ivi foram de Formicidae (53,3%),

2

Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro

frutos (39,7%) e Coleoptera (34,5%). Não houve relação

3

Departamento de Ciências, ffp, uerj

significativa (r² = 0,075; p = 0,342) entre o número médio

4

Departamento de Biologia Geral, ib, uff

de itens por estômago (23,5 ± 14,7; 4 – 58; n = 14) e o crc (65,7 ± 11,0 mm; 53,1 – 91,9; n = 14). O volume médio

E-mail: mckiefer@id.uff.br.

de itens (95,3 ± 22,3 mm³; 22,2 – 340,2; n = 13) esteve


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 25

Carvoarias históricas na Serra da Tiririca: história oral, história ambiental, antracologia e botânica* patzlaff, r.g.1, scheel-ybert, r.1,2 e araújo, d.s.s.3 1

Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem, Departamento

de Antropologia, Museu Nacional/ ufrj 2

Professora e Pesquisadora – PPG em Arqueologia,

Museu Nacional/ ufrj 3

Professora e Pesquisadora – PPG em Botânica,

Museu Nacional/ ufrj E-mail: rubiagpatz@gmail.com

Os remanescentes florestais encontrados na Mata Atlântica

no Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem do Museu

podem ser classificados como florestas secundárias, devido

Nacional/ufrj (lap). Já foram mapeadas cerca de 25

a seus usos anteriores variados, entre eles o corte

remanescentes de carvoarias históricas nas encontras

de madeira para a produção do carvão que ocorreu

da Serra da Tiririca. O lap vem desenvolvendo um estudo

nos séculos xix e xx. Tal meio de subsistência foi utilizado

que visa compreender como a atividade carvoeira histórica

por carvoeiros, personagens sem rosto na história,

interferiu na formação destas florestas. Para atingir tal

possivelmente pequenos posseiros. O carvão vegetal é

objetivo, pretende-se: (1) compreender quem eram

uma das principais evidências da alteração

os carvoeiros e sua relação com a floresta através da busca

de paisagens por populações humanas. Historicamente,

de descendentes e pessoas que ainda possuem memória

foi utilizado principalmente nos centros urbanos, uma vez

sobre a época. Quase não existem citações e registros

que a população rural, incluindo os próprios carvoeiros,

documentais sobre eles. Registros materiais relacionados

frequentemente não tinham recursos suficientes para

a eles também são extremamente raros; (2) reconstituir

custear o uso do carvão. Trabalhos anteriores sugerem

a floresta utilizada por eles através da análise da anatomia

que uma extensão considerável do leste do Maciço

da madeira dos fragmentos de carvões coletados

da Pedra Branca no Oeste do Rio de Janeiro foi utilizada

no sedimento. O estudo e interpretação dos restos

para a fabricação de carvão. Os remanescentes

de madeira carbonizados encontrados no solo

de carvoarias históricas são reconhecidos na floresta atual

ou recuperados em sítios arqueológicos são os objetivos

através da existência de platôs nas encostas

da antracologia. Os remanescentes de carvoarias históricas

e de manchas negras no solo, rico em fragmentos

são considerados e reconhecidos como sítios arqueológicos;

de carvão. Pouco se sabe sobre a história da produção

(3) compreender a estrutura da floresta atual através

de carvão na Serra da Tiririca, que vem sendo estudada

de análise fitossociológica. A partir desses resultados,


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 26

espera-se compreender um pouco da história da floresta onde se situa o Parque Estadual da Serra da Tiririca. *Financiamento: capes/ cnpq Trabalho realizado como tese de doutorado da primeira autora no Programa de Pós-Graduação em Botânica, Museu Nacional/ ufrj.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 27

Diversidade funcional e filogenética da comunidade vegetal da Pedra de Itacoatiara

Os afloramentos rochosos apresentam características

de disponibilidade de recursos, que é previsto

ambientais extremas para o estabelecimento

com o aumento da área das ilhas de vegetação. Foi medida

das espécies vegetais. São poucos os estudos relacionados

a variação de atributos funcionais foliares das espécies

com montagem de comunidades, diversidade funcional

assim como a diversidade funcional e filogenética.

e filogenética em relação com gradientes ecológicos

A comunidade presenta um comportamento geral

ou heterogeneidade ambiental presente nos afloramentos

nas estratégias de resposta ao gradiente, as folhas

colmenares-trejos, s. l.1, rosado, b. h. p.2 e de mattos, e. a.1

rochosos salvo o trabalho de Parmenter & Hardy (2009)

apresentam menor área e maior espessura em locais

na África. O estado do Rio de Janeiro possui uma composição

de maior restrição, o que é associado com diminuição

especial de afloramentos única no mundo, mas poucos

de perda de água por redução de área, acumulação de água

1

Departamento de Ecologia. ufrj

trabalhos desenvolvidos neles, e sim um alto abuso. A

e com a formação de uma estrutura resistente à perda

2

Departamento de Ecologia. uerj

comunidade vegetal da pedra de Itacoatiara se organiza

de agua. A estrutura esta mediada pela resposta ao ambiente

em ilhas de vegetação de área e profundidade de solo

(processo de filtragem) pois na medida em que o ambiente é

diferentes, comportando por sua vez diferentes espécies

mais restrito há menor riqueza, menor diversidade funcional,

com características particulares. Em ilhas de vegetação

e maior repulsão filogenética, sugerindo que ilhas maiores

com áreas pequenas, há fortes pressões ambientais devido

são mais acessíveis para espécies de diferentes grupos

à baixa disponibilidade de água e nutrientes a causa do solo

taxonômicos e com respostas menos flexíveis à seca,

pouco estruturado. Esta dissertação de mestrado teve como

já que a disponibilidade de recursos é maior.

E-mail: quehubosara@gmail.com

objetivo estudar a estruturação da comunidade ao longo de 32 ilhas de vegetação de áreas diferentes (entre 0.5 m2 e 30 m2) e se é direcionada por processos de filtragem ambiental principalmente em resposta ao gradiente


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 28

Avaliando a interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset: dados preliminares

As relações entre as faunas selvagem e doméstica

e gambás. Em relação aos cães somente 13% passavam por

em Unidades de Conservação (uc) são potencialmente

consulta de rotina com veterinários, 7% eram castrados, 13%

impactantes ao ambiente e à saúde coletiva. Predadores

encontravam-se vacinados contra raiva e vacina polivalente

como cães e gatos domésticos potencializam a transmissão

e 34% somente contra raiva. Em relação aos gatos, 20%

de doenças, competição por alimento e território, predação,

eram castrados e 15% vacinados contra raiva. 65%

e riscos para a saúde humana. O peset possui residências

dos proprietários afirmaram que seus animais possuíam

em seus domínios, inserindo-se no perfil de uc urbana

ectoparasitas. Em face do exposto pode-se considerar

susceptível a tais impactos. O objetivo deste estudo é avaliar

as informações levantadas neste estudo como fundamentais

nunes, v. m. a.1, 2, moutinho, f. f. b.1, 2, queiroz, f. s. l.3, matias, f.3 e bruno, s. f.2

as condições da fauna de vertebrados domésticos mantidas

para a efetivação do plano de manejo desta uc. Considerando

por residentes no peset. Estão sendo aplicados in loco

as precárias condições de saneamento básico, cuidados

questionários estruturados aos residentes e os imóveis

veterinários e guarda inadequada, torna-se evidente

visitados estão sendo georreferenciados no intuito

a necessidade de controle da população dos animais

de espacializar os dados obtidos utilizando um Sistema

domésticos residentes no peset ea educação ambiental

de Informações Geográficas. Até o momento foram visitadas

quanto à guarda responsável e prevenção de zoonoses

91 residências e contabilizados 185 cães e 99 gatos. Do total

para seus residentes.

1

Faculdade de Medicina Veterinária – uff

2

Centro de Controle de Zoonoses – fms, niteroi, rj

3

inea – Parque Estadual da Serra da Tiririca – rj

E-mail: saviobruno@vm.uff.br

de residências, 80% possuem cães, 44% possuem gatos e 54% possuem animais de outras espécies, dentre aves, suínos, ovinos, etc. 73% dos cães possuem acesso à mata, sendo que 38% destes têm acesso integral. A interação de seus animais domésticos com os selvagens foi visualizada por 31% dos proprietários, na maioria ouriços


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 29

Uso público em áreas protegidas: um roteiro de atividades para fortalecimento de vivências e conscientização através da educação ambiental lanúzia quintanilha¹ e luiz renato vallejo¹ 1

Dep. de Geografia – uff, Campus Praia Vermelha

Av. General Milton Tavares s/nº, Boa Viagem, Niterói, rj, cep: 24210-346.

Resumo

Introdução

A educação ambiental é uma importante ferramenta de sensibilização

Uma das estratégias de conservação da biodiversidade in

e formação de cidadãos conscientes. O uso público e as atividades

situ no Brasil é a criação de Unidades de Conservação (uc). A

educativas em áreas protegidas são estratégias de aproximação entre

Lei nº 9.985/2000 estabeleceu o Sistema Nacional

a sociedade e meio ambiente. Além de contribuir para melhoria

de Unidades de Conservação (snuc) como forma

do trabalho dos educadores, é possível promover a conscientização

de organização legal da rede nacional de áreas naturais

dos visitantes sobre diversos temas ambientais. O artigo apresenta

protegidas, visando enfrentar de maneira mais eficiente

uma relação sistematizada de 17 atividades educativas que podem

o problema da perda acelerada de biodiversidade (abigail,

ser aplicadas em Unidades de Conservação, valorizando seu potencial

2006) e para a manutenção dos processos ecológicos

e auxiliando os educadores ambientais a desenvolverem vivências

e evolutivos (queiroz, 1994). Estas unidades requerem

integradas ao meio ambiente, despertando atitudes conservacionistas,

a participação das populações locais, das organizações não

além de experiências sensoriais e de reflexão crítica.

governamentais (ongs) e do poder público, em todas

Palavras-chave: Educação ambiental; práticas educativas; áreas

as esferas administrativas na sua criação, implantação

protegidas e uso público.

e gestão (franca, 2006). De acordo com Franca (2006), a educação ambiental está comprometida com a missão de uma uc, pois ela contribui

E-mail: lanuziaquintanilha@hotmail.com

para disponibilizar informações qualificadas e atualizadas,

e luizrenato@id.uff.br

compartilhar percepções e compreensões e ampliar a capacidade de diálogo e de atuação conjunta. Por isso, a educação ambiental é uma importante ferramenta


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 30

de sensibilização que forma cidadãos conscientes. O objetivo deste trabalho é apresentar uma relação sistematizada de um conjunto de atividades educativas que podem ser aplicadas em ucs, valorizando seu potencial e auxiliando os educadores ambientais a desenvolverem vivências integradas ao meio ambiente, despertando atitudes conservacionistas, além de experiências sensoriais e de reflexão crítica.

Materiais e Métodos

Resultados

Foi feito um levantamento de caráter exploratório em

As atividades práticas propostas estão sistematizadas no

diversos artigos de periódicos, livros e revistas eletrônicas

Quadro I, sendo acompanhadas de uma breve descrição,

que tratam, direta e indiretamente, do tema em questão.

das estratégias que podem ser adotadas para alcançar os

A pesquisa produziu uma listagem com dezessete

objetivos propostos e, além disso, sugere o público alvo.

atividades organizadas numa tabela contendo as seguintes informações: atividade/estratégias; público alvo e descrição.


Quadro I - Atividades práticas propostas para serem desenvolvidas em Unidades de Conservação

II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 31

Atividade/ Estratégias

1) conhecendo a história da uc

2) observando a diversidade

3) um ecossistema visto de perto

4) pesquisando a diversidade

5) pesquisando a diversidade da

Expositiva

de paisagens na mata

Observação em campo

da flora do bioma

fauna do bioma

Painéis e murais

Expositiva

Pesquisa de campo

Expositiva

Vídeos

Observação em campo

Painéis ou murais

Painéis e murais

Cartilhas

Painéis e murais

Apresentação de slides

Apresentação de slides

Maquetes

Público

Descrição

Diversos

Diversos

Diversos

Alunos de Ensino Fundamental

Alunos de Ensino Fundamental

Exposição para o público dos

Identificação dos diferentes

Observação de um tronco

Identificação da diversidade vegetal através

Apresentar e/ou solicitar

conceitos e origens das áreas

ambientes da Mata, bem como dos

apodrecido e identificação dos

das diferenças morfológicas presentes

pesquisa junto aos alunos

protegidas; apresentação de

diferentes estratos e morfologias

possíveis seres vivos crescendo

entre algumas espécies vegetais do local

sobre os animais que ocorrem

mapas, fotografias sobre a área de

dos vegetais, flores, frutos e

no local e suas interações.

(folhas e frutos caídos, caule e raiz das

na mata identificando os

implantação da UC e informações

sementes. Informar a importância

árvores, citando alguns exemplos de

grupos taxonômicos e hábitos

sobre sua criação, modo de vida

de se preservar as matas para a

espécies conhecidas), associando essas

alimentares.

da comunidade, se houver, antes e

manutenção do ciclo hidrológico

características a determinadas grupos

depois da UC.

taxonômicos. Serão coletadas amostras para observação, registro fotográfico, elaboração de desenhos e montagem de um mostruário vegetal.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 32

Atividade/ Estratégias

6) os elementos potenciais

7) observando os pássaros

8) a casa dos animais

9) a importância do solo

10) desenhando e observando uma trilha

da natureza

Observação em campo

Expositiva

Expositiva

Observação em campo

Observação em campo (trilhas)

Painéis e murais

Observação em campo

Observação em campo

Painéis e murais

Painéis e murais

Diversos

Público

Descrição

Diversos

Diversos

Diversos

Alunos de Ensino Fundamental

Apontar, durante o trajeto,

Observação/identificação das

Apontar os diferentes estratos

Apontar/anotar todos os elementos

Observação de componentes

as espécies (nome popular)

aves presentes na mata. Registro

presentes na mata e identificar

encontrados nos diferentes solos

observados durante o percurso

endêmicas, ameaçadas e de

fotográfico, da vocalização e do

quais os animais que vivem

(folhas, animais, raízes, gravetos)

numa trilha estimulando os

importância econômico-social

local onde a espécie foi encontrada.

nestes estratos e seu papel para

e observar as alterações de cor,

alunos a desenhá-los. Os alunos

regional, medicinal, ornamental

Mencionar a importância de áreas

a manutenção da diversidade

umidade, tamanho de grãos.

deverão montar um mapa da trilha

e de grande porte, despertando

protegidas para a preservação e

vegetal, propagação das espécies

Discutir a relação entre a mata e a

indicando os elementos que mais

a atenção do usuário para a

conservação das espécies.

e ciclagem de nutrientes.

composição do solo.

chamaram a atenção.

importância da conservação ambiental.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 33

Atividade/ Estratégias 11) trilha interpretativa

12) trilha inclusiva

13)poluição x natureza

14) concurso de fotografia

15) atividades humanas x rios

Observação em campo

Observação em campo

Observação em campo

(tematica ou não)

Pesquisa de campo

Esboço do roteiro

(trilhas)

Painéis e murais

Observação em campo

Laboratório ou sala

Apresentação de slides

Painéis ou murais

Mapa de localização Cartilha sobre recomendações/ comportamento na trilha

Público

Descrição

Diversos

Crianças ou adultos portadores

Diversos

de necessidades especiais

Alunos do Ensino Fundamental

Diversos

e Ensino Superior

Observação das áreas mais atrativas da UC,

Estimular as seguintes habilidades:

Debater com o grupo a importância de

Registro fotográfico do ambiente,

O grupo deve coletar amostras de diferentes

como paisagens relacionadas à água (rios,

percepção ambiental, memória visual,

recolher o lixo produzido pelo homem para a

fauna, flora, impactos ambientais,

pontos do rio (água na nascente, no interior da

lagos, cachoeiras), locais de visualização de

reconhecimento de formas, tamanho e

manutenção da natureza. Materiais estranhos

beleza cênica, mostrando, com isso,

mata, próximo à cidade/na cidade) que corta

fauna, locais com maior presença de aves

espécies diferentes (tipos de folhas, frutos,

ao hábitat dos animais podem confundir seus

a importância da conservação da

a UC e comparar visualmente a mudança

(observação sonora), área com árvores

etc.), reconhecimento de cores, percepção

sentidos, como pode acontecer também com

Natureza.

da coloração da água, observando que as

representativas da região, beleza cênica,

auditiva (sons da mata), observação,

o homem (comparar). Pessoas do grupo terão

atividades humanas influenciam na qualidade

valor histórico. Abordagem dos temas

concentração, expressão oral, raciocínio

seus olhos vendados e uma pessoa anotará.

da água do rio. Os participantes deverão

presentes na trilha mostrando a importância

lógico e sensibilidade tátil.

Os elementos encontrados na mata passarão

avaliar a importância da área protegida na

dos recursos naturais e da existência de

de mão em mão e identificados usando o

manutenção da qualidade da água dos rios.

áreas protegidas para a preservação e

olfato, tato, audição e paladar. No final será

conservação da natureza.

revelado o número de acertos.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 34

Atividade/ Estratégias

16) conhecendo os saberes

17) restaurando o meio

tradicionais de uma comunidade

ambiente

tradicional

Plantio e acompanhamento

Expositiva

de mudas

Observação em campo Painéis e murais Diversos

Público

Descrição

Alunos de Ensino Fundamental

Visita a uma comunidade

Plantio de mudas de espécies

tradicional (indígena ou não) dentro

nativas em área degradada da

de uma UC. Registro fotográfico

UC, mencionando a importância

e anotações do nome e uso das

da vegetação para a manutenção

plantas utilizadas pela comunidade

dos rios, retenção de encostas,

e modo de utilização dos recursos

fertilidade do solo e repovoamento

naturais.

do local por animais silvestres. Monitoramento e acompanhamento do crescimento das mudas, avaliando a eficiência do processo.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 35

Conclusão

Bibliografia consultada

O trabalho apresentado teve como finalidade principal reunir

abigail, s. 2006. Convenção sobre Diversidade Biológica: Uma

um conjunto de atividades aplicáveis a diversos públicos

visão a partir do Brasil. In: dimensões humanas

que frequentam, rotineira ou esporadicamente, as áreas

da biodiversidade, Editora Vozes, Petrópolis, pp. 113 –133.

protegidas, principalmente no caso de parques (federais,

franca, n. 2006. Educação Ambiental em Unidades de

estaduais ou municipais). Isso não elimina a possibilidade

Conservação. Programa Petrobrás Ambiental – Ibase, 27p.

de aplicá-las em programas e projetos educativos em outras

mendes, a. f., souza, s. a. de, tabanez, m. f. 2007. A Trilha

áreas de conservação como Reservas e Estações Biológicas,

Interpretativa das Árvores Gigantes do Parque Estadual

Monumentos Naturais, apas, rppns, etc.

de Porto Ferreira na modalidade autoguiada. Revista Instituto

A interatividade entre grupos organizados

Florestal, São Paulo, v.19, n. 2. 2007, p. 173 –188.

de caminhantes com escolas, turistas e outros setores

mette, g., silva, j. c. d. e tomio, d. 2010.

da sociedade organizada podem contribuir para

Trilhas interpretativas na Mata Atlântica: uma proposta para

a aproximação do público com as Unidades de Conservação

Educação Ambiental na escola. Revista eletrônica

rompendo com antigos estigmas que sempre contribuíram

do Mestrado em Educação Ambiental, furg-es, v. 25.

para a concepção de isolamento dessas áreas.

olive, m. m. 1991. De mãos dadas com a Natureza – Guia de Educação Ambiental para pais e professores. Salamandra, Rio de Janeiro, n.7, 35p. oliveira, l. f. 1989. Educação Ambiental – Guia Prático para professores, monitores e animadores culturais e de tempos livres. Texto Editora, Lisboa, 112 p.

peralta, c.h.g. 2002. Experimentos Educacionais: eventos heurísticos transdisciplinares em Educação Ambiental. In: educação ambiental: abordagens múltiplas. Artmed, Porto Alegre. queiroz, h. l. 1994. Uma experiência de conservação na várzea da Amazônia brasileira. Neotropical Primates, v.2, n.1, p. 12 – 13. silva, p. m. s., amorim, v. e. p., neto, s. p. s., peres, m. c. l. e cerqueira, m. b. 2010. Unidade de Conservação Urbana como espaço educativo: práticas com alunos do Ensino Fundamental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, furg – es, v. 25. valenti, m.w., oliveira, h.t., dodonov, p. & silva, m.m. 2012. Educação ambiental em Unidades de Conservação: Políticas públicas e a prática educativa. Educação em Revista, v.28, n.1, p. 267-288


II Encontro CientĂ­fico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 36

palestras


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 37

Uma cartografia rizomática da gestão do uso público do Parque Estadual da Serra da Tiririca pela lógica da ecosofia

Resumo

Introdução

O caminho da pesquisadora atravessou diversas vezes a temática

O pensamento contemporâneo hegemônico, legado

da gestão do uso público no Parque Estadual da Serra da Tiririca,

de uma perspectiva pós-industrial e moderna, é marcado,

em ocasiões e tempos diferentes, como moradora do entorno, visitante,

principalmente, segundo Irving et all. (2008) pela herança

estudante, educadora, pesquisadora e coordenadora de uso público.

histórica de distanciamento entre sociedade e natureza.

Isto facilitou cartografar uma multiplicidade de olhares e até mesmo

Nesse processo de desnaturalização da natureza, segundo

possibilitou a desconstrução de pontos de vista. Este trabalho é resultado

Santos (2006), os objetos tomam o lugar das coisas

galassi, b.¹, tavares, f.² e irving, m.³

da dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação

e se atribui também “valor” à natureza, na perspectiva

em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (eicos),

de bens e recursos, e a sociedade passa a desenvolver

com enfoque na questão da produção das subjetividades na lógica

técnicas e regras sociais e territoriais para conciliar uso

¹ ufrj. brunagalassi@gmail.com

da Ecosofia, com base nos teóricos Gilles Deleuze e Félix Guattari. Assim,

e conservação. Para Gonçalves (2001, p. 23), o conceito

² ufrj. fredtavares@fredtavares.com.br

objetivou-se cartografar, em uma análise rizomática, as conexões

de natureza não é “natural”, mas “constitui um dos pilares

³ ufrj. mirving@unikey.com.br

na produção de subjetividades na gestão do uso público, no Parque

através do qual os homens erguem as relações sociais, sua

Estadual da Serra da Tiririca, pela lógica da Ecosofia.

produção material e espiritual, enfim, a cultura”.

Palavras-chave: Cartografia; Gestão do Uso Público; Parque Estadual

Para desconstruir verdades estabelecidas por uma cultura

da Serra da Tiririca

hegemônica, Guattari (1990) propõe o novo paradigma éticoestético da Ecosofia, que envolvem os processos de subjetivação em sua relação com o político, o social e o cultural, numa visão integrada entre os domínios da ecologia mental, social e ambiental. Para o autor: “Menos


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 38

que nunca a natureza pode ser separada da cultura, e precisamos aprender a pensar “transversalmente” as interações entre ecossistemas, mecanosfera e universos de referências sociais e individuais”. (guattari, 1990, p. 25)

Materiais e métodos Assim, pela lógica da ecosofia, refletir sobre as possibilidades de lutas micropolíticas para a conservação da natureza, requer um exercício de desconstrução de territórios existenciais, que são visões de mundo, valores, modos de sentir, perceber, pensar e agir. E o rizoma, pode possibilitar essa transformação, tendo em vista que é aberto e incerto, como a microbiologia do cérebro no que se referem a novas conexões, novas passagens, novas sinapses. Para Deleuze e Guattari (1995), o pensamento rizomático, não tenta reunir tudo em um único conceito, mas ao contrário, busca referir cada conceito a variáveis que lhe determinem as mutações. O rizoma é o entendimento analítico, onde se geram os insights. Na análise rizomática, levou-se em consideração as conexões inscritas na produção do conhecimento e na sensibilidade das relações interinstitucionais a partir da vivência da pesquisadora, durante o período de 2013. A cartografia do Parque Estadual da Serra da Tiririca permitiu pensar em uma multiplicidade de assuntos transversais

a temática da gestão do uso público, tendo em vista as singularidades na gestão de um parque urbano e o processo de mobilização social à criação do peset.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 39

Resultados e discussão Neste caso, as mudanças na concepção da conservação da natureza, da política de proteção da natureza e da gestão das áreas protegidas, foram importantes pistas para produzir um jogo de aproximações e contrastes capaz de permitir a compreensão dos processos de subjetivação singulares na gestão do peset. O conceito de conservação da natureza foi sendo desenvolvido no âmbito das ciências naturais, com duas concepções centrais: uma delas relacionada com a gestão dos recursos e uma segunda ligada à preocupação com o desaparecimento de espécies e a degradação (jordan, 1995; heywood e iriondo, 2003). As teorias conservacionistas clássicas acreditavam na crença da natureza imutável. Desta forma, o objetivo dos primeiros parques consistiu em manter lugares inalterados, onde se repeitasse o funcionamento da vida silvestre fora da presença humana, considerada hostil. Mac Donald (2004) ressalta ainda que, na maioria dos países do mundo, o conceito e as legislações correlatas de Áreas Protegidas provém de uma cultura ocidental, científica,

conservacionista e reducionista.

De acordo com uma avaliação do pnuma , dos 700 mil km²

Portanto, diante dos problemas reconhecidos como globais,

de áreas destinadas à conservação e uso sustentável

a própria ideia de conservação da natureza, passou

da biodiversidade criadas no mundo, cerca de 75% estão

na segunda metade do século xx por uma mudança notável,

no Brasil, considerado o país líder mundial.

inspirando não apenas todo um conjunto de iniciativas

Neste contexto, o Brasil elaborou o pnap, sob um olhar

sociais e políticas, mas também relevantes processos

econômico e socioambiental, segundo Rodrigues (2009,

de cooperação política à escala internacional.

p.71), em que destaca os objetivos de: “potencializar o papel

Atualmente, os enfoques da gestão para conservação

das unidades de conservação e demais áreas protegidas

da natureza tem se baseado na visão ecossistêmica,

no desenvolvimento sustentável e na redução da pobreza;

que surgiu na Convenção da Diversidade Biológica, em 2000,

fortalecer a comunicação, a educação e a sensibilização

como uma abordagem para o gerenciamento de recursos

pública para a participação e o controle social sobre o snuc ;

naturais focada na capacidade dos ecossistemas de suprir

garantir a sustentabilidade econômica das unidades

as demandas ecológicas e futuras necessidades humanas,

de conservação”.

com uma desejável integração de perspectivas sociais,

Assim, a visitação representa uma atividade de grande

ambientais e econômicas ao manejo de ecossistemas. A

potencial para incrementar os recursos econômicos

gestão ecossistêmica se adapta a necessidades emergentes,

da unidade, além de exercer o papel fundamental

a novas informações e promovem o bem estar humano

de aproximar a sociedade da natureza e, consequentemente,

através dos serviços oferecidos. Selecionada como

fomentar sua conservação e utilização sustentável . Outro

uma das seis áreas prioritárias da estratégia do pnuma

marco legal que incentiva a visitação em unidades

(2010 – 2013), a gestão ecossistêmica requer

de conservação é o regulamento dos Parques Nacionais .

a conectividade entre os serviços ambientais.

Em geral, as distintas definições de uso público utilizadas


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 40

pelos órgãos gestores mantêm certos critérios comuns

de Unidades de Policiamento Ambiental e, especificamente,

que lhe são essenciais, como por exemplo, a abordagem

o projeto de Fortalecimento da Gestão do Uso Público

aos valores dos recursos, a contribuição à conservação,

nos Parques Estaduais .

a necessidade de que os usos e atividades estejam

A gestão do peset, neste período, trabalhou

ordenados e o caráter educativo de sua prática.

no acompanhamento, integração e revisão dos projetos

No entanto, essa forma de visão ainda é incipiente em vários

citados acima, além do projeto “trilhas da copa”

países. Segundo o Estado espanhol (europarc, 2011), uma

de sinalização, projeto “Caminho Darwin” de estruturação,

das causas desta situação está relacionada ao pouco tempo

em ações de sinalização indicativas e interpretativas,

de experiência, ao tratar-se o uso público de uma área

em projetos de educação ambiental e na realização

recente da administração ambiental, o que leva também

de cursos e eventos, tudo isso em parceria com as Câmaras

ao pouco investimento em recurso humano destinado

Temáticas e Grupos de Trabalho e com a adoção de critérios

a trabalhar no seu planejamento, e, principalmente, a falta

éticos nas avaliações e decisões da administração da uc.

de compromisso na elaboração e execução

Destaca-se também a importante atuação do Conselho,

de um planejamento em longo prazo. Para Vallejo (2013, p. 22),

que apesar do seu caráter consultivo, mostrou uma intensa

no Brasil, “o planejamento e a gestão do uso público

potência, se envolvendo em diversos tipos de lutas sociais

em áreas protegidas é assunto recente, ainda carecendo

e ambientais características de um parque urbano, resultando

de pesquisas, debates sobre experiências e investimentos

em moções, manifestações e apurações cautelosas.

de consolidação”. O Estado do Rio de Janeiro, em 2013, fez investimentos consideráveis em planos de manejo, regularização fundiária, infraestruturas, contratação de guarda-parques, implantação

Conclusões A gestão dos parques estaduais no Rio de Janeiro tem sido marcada, nos últimos anos, por muitos investimentos, mas também pela descontinuidade das ações, passando por várias adaptações. Isto tem ocorrido não apenas pela mudança de cargos políticos, mas devido aos projetos de curto e médio prazo fomentados pelo inea, que interferem diretamente na estrutura organizacional das ucs e da dibap, como foi o caso do projeto de Fortalecimento da Gestão de Uso Público e, possivelmente, será com os guardaparques civis. Nesse sentido, esse estudo, sobretudo, tentou mostrar o esforço destinado a gestão do uso público no Parque Estadual da Serra da Tiririca, para gerir ecossistemas complexos e dinâmicos, num mundo em processo acelerado de transformações e rápidas adaptações, que justamente tornam cada vez mais necessário a adoção de critérios éticos. Observou-se uma possível tendência ecossistêmica à medida que às questões que envolvem o uso público ganharem maior relevância, incorporando outros setores,


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 41

departamentos, serviços e unidades de conservação do inea, e, simultaneamente, se aproximando de empresas, órgãos públicos e associações. No entanto, uma dificuldade própria dessa gestão é que o uso público é transversal a diversas áreas do conhecimento e relações interinstitucionais, cuja responsabilidade recai em outros órgãos, o que requer o estabelecimento de políticas, projetos e programas conjuntos ou uma coordenação interinstitucional. Atualmente, as relações se propagam através das redes, em um espaço rizomático, que geram rápidas possibilidades de associações, produzindo novas maneiras de subjetivar-se. Contudo, algumas vezes, a decisão está em uma instância jurídica institucional, ou em uma política ou regulamento estadual/ federal, o que impossibilita o fluxo da linha de fuga, a continuidade da ideia. É verdade que não é possível abranger todas as conexões nessa discussão e nem dar conta de traduzir a processualidade da gestão, tendo em vista que as subjetividades estão sempre em movimento, é apenas uma fotografia de um instante que já passou. Assim, as conclusões nunca vão ter fim.

Referências bibliográficas brasil. ministério do meio ambiente (mma). 2002. Avaliação e Ações prioritárias para a conservação da biodiversidade das zonas costeira e marinha. Brasília: Fundação Bio-Rio, Sectam, Idema, sne, carneiro, antônio marcos muniz e vieria, luiz fernando silva. 2012. Ferramentas Interativas para a Conservação Sustentável de Áreas Marinhas Protegidas. In: Anais I Seminário Nacional de Gestão Sustentável de Ecossistemas Aquáticos – conservação, interatividade e ecodesenvolvimento. Arraial do Cabo: coppe/ufrj, Apoio capes/Fundação SOS Mata Atlântica. cbd – convention on biological diversity. 2004. Technical Advice on the Establishment and Management of a National System of Marine and Coastal Protected Areas. cdb Technical Series no. 13. diegues, antonio. 2000. Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. São Paulo: nupaup/usp – hucitec. hanssen, g. 1998. Dos Tamoios á Álcalis. Edições. São Paulo: Edições Achiamé.

prates, ana paula e blanc, daneile (orgs.). 2007. Áreas Aquáticas Protegidas como Instrumento de Gestão Pesqueira – série: áreas protegidas do brasil 4. Brasília: mma/sbf. ruddle, k. 2000. Systems of knowledge: dialogue, relationships and process. In: begossi, a et al. (Ed.). Environment, development and sustainability: a multidisciplinary approach to the theory and practice of sustainable development. Kluwer Academic Publishers, 2 v., n. 3/4. tce/rj – tribunal de contas do estado do rio de janeiro. 2008. Estudos Socioeconômicos dos Municípios do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, tce/rj/Secretaria Geral de Planejamento.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 42

Ameaças à vegetação rupícola em inselbergs litorâneos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro

Dada à intensa e rápida destruição dos habitats no planeta

difere de forma pronunciada da vegetação que lhe faz limite,

e considerando as premissas da conservação in situ

como florestas, restingas ou mesmo de inselbergs próximos.

e de populações mínimas viáveis, a conservação

A diversidade de espécies vegetais ameaçadas e endêmicas

da biodiversidade deverá, se apoiar na possibilidade

associada com as ameaças antrópicas fizeram com que

de manutenção do ambiente natural e em tecnologias

os inselbergs do sudeste do Brasil fossem considerados

que venham garantir um manejo adequado às espécies

entre os mais importantes do mundo. Apesar disso, têm

que corram riscos de extinção. Distribuídos

recebido pouca atenção de cientistas, ambientalistas

preferencialmente em regiões tropicais e subtropicais,

e governantes, sendo escassos os trabalhos que enfocam

izar aximoff e claudio nicoletti fraga

os inselbergs, montanhas graníticas ou de gnaisse como

sua biodiversidade, incluindo aspectos de ameaças

o Pão de Açúcar, constituem parte integrante do relevo

e pressões, além de questões legais de proteção.

fluminense. Estes afloramentos rochosos possuem atributos

Considerando que as alterações neste ambiente podem

ecológicos particulares como ausência de solo, inclinação

resultar na redução irreversível da diversidade local,

demasiada, baixa retenção de nutrientes, exposição a ventos,

o objetivo deste estudo foi conhecer as ameaças à vegetação

alta luminosidade e temperaturas acima de 60º, reduzindo

rupícola presente em quatro inselbergs litorâneos

alternativas para fixação de raízes, sementes e propágulos,

nos municípios de Rio de Janeiro, Niterói e Maricá. Foram

colaborando também para não retenção de água de chuva.

selecionados quatro inselbergs, sendo estes os Morros

Sendo assim, a sobrevivência nesses ambientes é bem

do Itanhangá, dos Cabritos, Pão de Açúcar e Costão

difícil, exigindo das plantas uma série de adaptações. Por

de Itacoatiara, presentes respectivamente nas seguintes

conta disso, algumas das espécies que ocupam este

unidades de conservação (uc): Parque Nacional da Tijuca

ambiente são plantas longevas, de crescimento lento, sendo

– pnt, Parque Natural Municipal da Prainha – pnmp,

consideradas como vegetação relictual que muitas vezes

Monumento Natural dos Morros da Urca e do Pão de Açúcar


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 43

– mnup e Parque Estadual da Serra da Tiririca – peset. Toda

relatos de alguns dos funcionários das uc tal atividade existe,

este tipo de impacto. Com base no único caso de resgate

área de estudo encontra-se em matriz vegetacional

mas vem diminuindo ao longo dos anos. A conseqüência

de vegetação rupicola em área pouco menor que 1 ha

de Floresta Ombrófila Densa em diferentes estágios

desta atividade ilegal é a redução populacional de espécies

no Morro do Itanhangá, área onde está sendo construído

de sucessão e em grande parte degradadas, sendo

ameaçadas como Hadrolaelia lobata (Orchidaceae) e Vriesia

túnel por onde passará a linha 4 do Metro, ligando Barra

que alguns inselbergs estão circundados diretamente

botafoguensis (Bromeliaceae), atualmente ocorrendo

da Tijuca a São Conrado, foram identificados 1.797 indivíduos

por área urbanizada. Na área estudada, predomina clima

em pontos inacessíveis em decorrência da coleta intensa.

de 26 espécies e 12 famílias. Algumas destas espécies

tropical chuvoso. O diagnóstico das pressões e ameaças

Alguns exemplos da expansão urbana registradas são as

resgatadas, inclusive espécies ameaçadas de extinção,

inicialmente foi realizado a partir de buscas de informações

construções do bondinho no cume dos morros do Pão

tiveram toda ou quase toda população removida

da presença nestas áreas de atividades como crescimento

de Açúcar e da Urca (décadas de 20-30), do túnel e elevado

do afloramento rochoso, o que representa impacto direto

urbano, queimadas, trilhas e vias de escalada, espécies

do Joá na vertente sul da Pedra da Gávea, do Cristo Redentor

na diminuição da pool genético, ação que pode levar

exóticas invasoras e extrativismo. Para isso foram realizados

no cume do Morro do Corcovado e da escada escavada

a extinção. Foram identificadas cinco espécies exóticas

sobrevôos, entrevistas com funcionários das uc,

na rocha no cume do Pico da Tijuca (décadas de 70 – 90).

ocorrendo sobre os afloramentos rochosos nas áreas

levantamento em campo, na literatura e em sites diversos

Não existem informações que indiquem a intensidade

estudadas, todas ocorrendo no mnup, com destaque para

na internet. De maneira geral, poucas ações de prevenção,

dos impactos destas construções em relação à redução

agave e capim colonião, que foram registradas em todas

monitoramento, controle e mitigação destas ameaças foram

das populações locais e nem se houve o resgate

as áreas. As gramíneas exóticas representam uma ameaça

identificadas. Nem mesmo a sistematização das informações

das espécies da vegetação rupícola. Em áreas impactadas

principalmente por acumularem biomassa combustível

referentes a estas atividades são realizadas ou compiladas,

na vertente oeste do Morro do Pão de Açúcar, para onde

e altamente susceptível ao fogo. Poucas ações de manejo

o que pode inviabilizar o planejamento de ações estratégicas

grande parte da vegetação sobre rocha foi removida

de espécies exóticas foram realizadas com destaque para

para conservação das espécies ameaçadas de extinção

a recuperação da vegetação ainda não ocorreu, quase 80

o manejo do capim-colonião e revegetação realizado

que ocorrem nestas áreas. Em relação às ameaças

anos depois. Atualmente a legislação ambiental condiciona

por voluntários após a ocorrência de incêndio na face leste

destacamos inicialmente o extrativismo vegetal, que segundo

o resgate das espécies, o que minimiza, mas não encerra

do Morro do Pão de Açúcar em 2001. Aqui não foram obtidas


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 44

informações sobre o uso das trilhas nos afloramentos

encontradas 184 vias de escalada, com comprimentos

de monitoramento e manejo dos impactos nas trilhas

rochosos estudados, pois inexistem estudos ou mesmo

variando de 15 a 430 metros. Somando estes valores chega-

e maior rigor para abertura de novas trilhas e de vias

ações de monitoramento e controle realizadas pelas equipes

se a um comprimento total de 18.337 metros, e quando

de escalada. Em relação às queimadas, apenas o PNT dispõe

das uc. Registramos o pisoteio de espécies rupícolas

adicionando um metro para cada lado como área de atuação

de sistematização na coleta e organização dos dados, embora

e presença de lixo no interior dos tanques de bromélias,

do escalador obtém-se uma área total de 36.674 m². Desta

exista ausência de muitas informações sobre incêndios. Para

o que pode vir a afetar espécies de anfíbios anuros

forma, identificamos uma perda permanente de área de vida

esta UC, entre os anos de 2005 e 2012, foram quantificados 35

que utilizam esta espécie como sítio reprodutivo. A prática

para espécies rupícolas de ca. 3,7 hectares, onde a vegetação

registros de ocorrência de incêndios, com 26% (n=9) atingindo

da escalada, amplamente divulgada, principalmente a partir

dificilmente poderá regenerar, por conta do uso constante

áreas de afloramentos rochosos, como Pedra da Gávea

dos anos 80, contribuiu para o rápido aumento no uso destas

destas vias. Um dos poucos aspectos positivos das vias

e Pedra Bonita, sendo três destes causados por balão, outros 3

áreas, havendo por vezes abertura de vias lado a lado, como

de escalada, além da facilitação de acesso a algumas áreas,

por causas indeterminadas, 2 por causa de vandalismo

ocorreu na vertente sul do Morro do Pão de Açúcar. Para este

está relacionado ao fato de separarem as moitas ou ilhas

e um por causa natural. De acordo com dados de literatura,

mesmo local, segundo relatos de André Ilha, dois

de vegetação, atuando como aceiros e impedindo

no Maciço da Tijuca entre 1991 e 2004, foram registrados

escaladores abriram uma via de escalada em 1989, em área

o alastramento do fogo, como constatamos na face sul do Pão

mais de 800 registros de incêndios. Ocorrências mais recentes

já sinalizada por cientistas e escaladores como de relevante

de Açúcar durante último incêndio em 2012. Nos últimos anos

registrados pessoalmente e que ainda não foram

importância ecológica. Por sorte, recentemente tal via foi

a idéia de minimizar os impactos do uso público sobre

disponibilizadas pelo pnt, foram incêndios ocorridos no fim

desativada por decisão judicial e agora carece

os afloramentos rochosos, foi discutida em diversos eventos

do ano de 2012 e inicio de 2013, que ocorreram

de um trabalho de recuperação, visto que em condições

e seminários, sendo que no último destes ocorrido na Urca

em afloramentos rochosos no interior e entorno. Para as uc

naturais a regeneração desta área pode levar mais

em 2012 (2º Encontro de Parques de Montanha) foram

estaduais e municipais, não existem informações

de um século, como já constatada em outras áreas

estabelecidas recomendações para uso público nos parques.

sistematizadas e os poucos dados disponíveis,

do próprio Pão de Açúcar. Apenas na área complexo formado

Com isso, existe necessidade da realização de ações eficientes

nãorepresentam registros históricos de ocorrência

pelos Morros do Pão de Açúcar, Urca e Babilônia, são

de orientação e controle da visitação, além

de incêndios. No Parque Natural Municipal da Prainha,


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 45

ocorreram incêndios em 2002 e 2004 e também em 2011

e voluntários. A continuação da avaliação dos impactos

em grande área de floresta e afloramentos rochosos. Com

e suas conseqüências ao longo do tempo são essenciais para

os poucos dados existentes foi possível constatar

melhor entendimento de como atuar na mitigação destes,

que o principal agente causador dos incêndios é

principalmente das queimadas e do uso público. Um plano

o homem, sendo as principais causas: soltura de balões,

de uso público deverá incluir aspectos como o levantamento

incendiários, queima de lixo e práticas religiosas. O impacto

de trilhas e das vias de escalada desprovidas de vegetação,

do fogo nas espécies vegetais é direto, e em casos

a descrição da distribuição espacial das ilhas de vegetação

de elevada freqüência de incêndios, algumas espécies

com espécies ameaçadas e a utilização de grupos indicadores

rupícolas que não toleram altas temperaturas podem ter sua

de impactos. O estudo do potencial das espécies vegetais em

população reduzida. Embora os órgãos gestores e as uc

regenerar também é relevante considerando futuras ações

tenham se equipado e aumentado efetivo para melhor atender

de restauração. A fiscalização e o trabalho preventivo

as ocorrências de queimadas e também para desenvolver

de educação e conscientização ambiental principalmente

trabalho preventivo, a exemplo de campanhas desenvolvidas

com a população do entorno, podem colaborar na diminuição

pela equipe do peset, a ausência de informações qualificadas

ou encerramento de atividades impactantes. A divulgação

das queimadas impede que sejam produzidos diagnósticos

na mídia da importância deste tipo de ambiente não apenas

precisos para elaboração de planos preventivos e de combate

como cartão-postal, mas para conservação de biodiversidade

aos incêndios. Os resultados obtidos, detalhados em Aximoff

é fundamental para o fortalecimento das unidades

(2014), deverão servir como base para o desenvolvimento

de conservação e para o apoio da população à causa.

de ações de conservação deste tipo de ambiente e de sua biota, a serem promovidas pelos órgãos públicos responsáveis pelas áreas protegidas, bem como por pesquisadores

Referência bibliográfica aximoff, i. 2014. Biologia e conservação de duas espécies de bromélias ameaçadas e endêmicas de inselbergs litorâneos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação do Mestrado Profissional Biodiversidade em Unidades de Conservação realizado no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/ Escola Nacional de Botânica Tropical. 67p.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 46

A herpetofauna da Serra da Tiririca, Niterói e Maricá, Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil

Apresentamos os resultados obtidos da amostragem

ufrj, onde sua identidade taxonômica foi confirmada.

da herpetofauna da Serra da Tiririca, um fragmento de Mata

Adicionalmente, revisamos coleções científicas à procura

Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. No

de espécimes coletados na região. No estudo foram

estudo foi utilizado o método de busca visual ativa,

registradas 102 espécies para a herpetofauna, sendo 52

que consiste de transecções em direções aleatórias

de anfíbios, distribuídas em 11 famílias, a maioria Hylidae (n

nos ambientes amostrados limitados por tempo,

= 31); 50 espécies de répteis, distribuídas em 18 famílias,

pontes, j. a. l.1, pontes, r. c.2, alves, a. o.1 e silva, k. p.1

vasculhando diversos microhábitats (e.g., sob pedras,

a maioria de serpentes (n = 26). A região abriga 28%

troncos, copas). Algumas transecções foram orientadas

da anurofauna descrita para o rj, com grande similaridade

na direção de vocalizações de anuros a fim de se registrar

da herpetofauna de restinga com áreas de floresta ombrófila

1 - Dep. de Ciências, ffp, uerj

indivíduos em seus sítios reprodutivos. Totalizamos cerca

e os costões possuíam uma anurofauna particular. Áreas

Rua Dr. Francisco Portela, 1470. São Gonçalo, rj

de 2000 horas/homem de esforço, igualmente distribuído

florestadas obtiveram os maiores índices de abundância,

cep: 24435-005. tel.: (21) 9998-2525

entre os diversos tipos de ambientes (e.g., alagados, costão

seguidas dos costões e da restinga. O estado de conservação

2 - Dep. de Vertebrados, Museu Nacional/ ufrj

rochoso, floresta ombrófila, restinga, riachos). Os exemplares

dentro e fora dos limites do Parque Estadual da Serra

Quinta da Boa Vista, s/n. Rio de Janeiro, rj

foram capturados manualmente, com ou sem auxílio

da Tiririca se mostrou importante para a preservação

cep: 20940-040. tel.: (21) 9836-1514

de lanternas. Exemplares testemunhos foram anestesiados

das assembléias locais.

com lidocaína 5% e fixados em posição anatômica E-mail: pontesjal@hotmail.com

com formalina 10% e, posteriormente, preservados em solução de etanol 70%. Adicionalmente, amostras de tecidos foram retiradas e também preservadas. O material coligido foi depositado na coleção de anfíbios e répteis do Depto de Vertebrados do Museu Nacional,


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 47

Saberes e práticas da população tradicional do morro das andorinhas latini, j. l. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (ufrrj/ cpda) E-mail: julatini@hotmail com

Resumo

Introdução

O objetivo deste trabalho é analisar o contexto da preservação do Morro

A pesquisa analisa o contexto da preservação do Morro

das Andorinhas a partir da perspectiva da ocupação do Sítio da Jaqueira,

das Andorinhas a partir da comunidade local, denominada

fundada em fins do século xix. O Morro das Andorinhas, localizado

por Sítio da Jaqueira. O objetivo é trazer à tona as narrativas

na Região Oceânica de Niterói-rj, foi declarado como Área

destes atores sociais locais, para que tomem a palavra,

de Preservação Permanente em 1990 e anexado ao Parque Estadual

anunciem-se como sujeitos, contem as suas histórias e suas

da Serra da Tiririca em 2007. A metodologia da pesquisa baseou-se

perspectivas sobre o contexto vivenciado com

em trabalho de campo e observação participante. Recorreu-se à noção

o Parque Estadual da Serra da Tiririca. A metodologia

de “território de parentesco”, baseado nas lógicas de reciprocidade

da pesquisa pautou-se em trabalho de campo

e pertencimento ao “lugar” para entender os modos de viver e habitar

e na observação participante, realizados durante os anos

destes moradores. A pesquisa revelou a versatilidade deste sistema

de 2009 e 2010.

organizativo local que, ao mesmo tempo em que tenta uma convivência

A categoria comunidade foi acionada enquanto expressão

com as novas regras impostas pelo poder público, luta pela conservação

nativa. Entretanto, este termo, corresponde ao que

das suas práticas e dos seus saberes tradicionais.

analiticamente defino como “território de parentesco”

Palavras-chave: Morro das Andorinhas, Território de Parentesco,

(comerford, 2003). De acordo com o autor, a “família”

Conservação Ambiental

pressupõe práticas e retóricas de familiarização pautadas em formas de sociabilidade, que por sua vez, definem “territórios de parentesco”. Para viabilizar a descrição e análise da comunidade/ território de parentesco recorri ao princípio


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 48

dos pescadores artesanais; o aumento da oferta de trabalho

A partir do qual, a casa é uma prática, uma construção

O Morro das Andorinhas enquanto “território de parentesco”e de “conservação”

estratégica na produção da domesticidade, pensada

De acordo com a memória do grupo, a história da família

Um fator de diferenciação do Sítio da Jaqueira em relação

e vivida em inter-relação com outras que participam

no Sítio da Jaqueira se origina em fins do século xix,

ao entorno é que a terra é um patrimônio indivisível

de sua construção – no sentido simbólico e concreto.

com o estabelecimento no local de Leonel Siqueira da Silva

de uma parentela, conjunto de parentes consanguíneos

Por fim, abordo o conceito de população tradicional,

e sua esposa Mariana Gusmão. O casal construiu a casa

e afins. Por isto, ela não é tomada como alvo, pois não se

na medida em que é acionado pelos próprios moradores

e gerou os frutos; filhos, árvores, roças, hortas, etc. A

mercadoriza a confiança. São as relações de reciprocidade

em sua Associação . O caso do Sítio da Jaqueira está

força de trabalho familiar distribuía-se entre as tarefas

fundadas no parentesco, na amizade e no compadrio,

de acordo com as definições de Little (2004), que defende

domésticas, roça e pesca artesanal na praia de Itaipu. O

que regulam o processo de apropriação de recursos. Na

que o termo abrange a existência de regimes de propriedade

tempo pretérito é marcado pela “fartura” de roça,

lógica de restringir a moradia somente aos familiares,

comum, sentimento de pertencimento ao lugar, profundidade

de pescado, de água e de família.

obtém-se maior possibilidade de controlar o território

histórica da ocupação guardada na memória coletiva

Ao debruçar na história desta ocupação observei alguns

(bailey,1971).

e práticas adaptativas sustentáveis (little, 2004). Além

fatores que podem ter contribuído para a permanência

No Sítio da Jaqueira, o aspecto da presença das gerações

de envolver a luta política pelo reconhecimento, como

dos descendentes desta família até os dias de hoje naquele

anteriores fortalece ainda mais os laços com o local

pressupõe Almeida (2004).

território, tais como: a regra local de só morar quem é

e mobiliza os moradores a lutarem pela permanência.

da família; a não divisão das terras entre os herdeiros;

Após conhecer a história de ocupação do Sítio da Jaqueira,

a difícil localização do sítio; o fato das moradias serem

percebemos que a lembrança da identidade anterior não é

encobertas pela mata, o que contribuía para

preservada somente pelas pessoas, mas o próprio lugar

a sua invisibilidade; a conjugação da pesca artesanal

se encarrega de contá-las, através das casas,

com a roça proporcionando uma situação de maior

das vegetações, ruínas, objetos, e etc. Neste sentido,

autonomia frente ao capital especulativo; a resistência

a relação com a vegetação também é baseada no sentimento

de “configurações de casas” proposto por Marcelin (1996).

na região, em especial na área da construção civil e serviços.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 49

de familiaridade. Existem regiões de memória, onde estão

Consultivo do peset, entre as quais destacavam-se: a falta

pelo peset, um morador do Morro das Andorinhas foi

contidos todos os acontecimentos que marcaram a vida

de fiscalização frente aos visitantes motorizados;

contratado como Guarda-Parque durante o período

do grupo, e esses grandes acontecimentos se distribuem

o consumo de drogas próximo às casas e às crianças;

de um ano. Esta foi a primeira vez em que um membro

pelo espaço do Morro das Andorinhas sob a forma

a proibição da prática tradicional do cultivo da roça; a falta

da comunidade se beneficiou diretamente e oficialmente

de marcos simbólicos. As casas costumavam ser

da liberação de água encanada e de luz elétrica de qualidade;

com o Parque, pois o turismo realizado no Morro

construídas de pau-a-pique, e muitas já desapareceram

a impossibilidade de construção de novas casas para

das Andorinhas não gera renda significativa para

na mata, entretanto, a grande presença de árvores frutíferas

as gerações posteriores.

os moradores.

que se espalham na vegetação contribuem para demarcar

Entre as medidas implementadas pelos moradores observei:

Parte da luta dos moradores era que deixassem de serem

esse território doméstico diferenciado. As árvores demarcam

a) a instalação de placas para indicar a direção

vistos por representações estigmatizantes, para serem

a posse e se tornam referências para o mapeamento local.

dos pontos turísticos;

reconhecidos como sujeitos de direitos. Constantemente

O conhecimento empírico sobre esse espaço concreto é

b) a conquista junto ao Parque da instalação

precisavam lembrar sobre a importância da presença deles

um dos princípios de pertencimento do grupo. Para

de um portão na subida da trilha para evitar a subida

e de seus antepassados na proteção das fronteiras. Além

os moradores a natureza, por ser usada e conhecida,

de motos (os moradores possuíam uma cópia da chave

do cuidado empreendido no combate a incêndios,

demarca limites, suscita lembranças, produz alimentos,

do portão, para casos excepcionais, como, por exemplo,

na realização de reflorestamentos, na construção de infra-

retira-se remédios, e diversos outros fins. Inclusive, alguns

uma ação do Corpo de Bombeiros contra incêndios

estrutura, que inclusive passou a ser compartilhada pelos

possuem grande familiaridade com os usos medicinais

na mata);

visitantes como atrativos turísticos - as trilhas, mesas,

e alimentares de inúmeras plantas do Morro das Andorinhas.

c) a recepção de uma quantidade considerável

cadeiras, balanços, e etc.

Durante a pesquisa, busquei investigar os desafios

de pessoas que subiam para caminhar nas trilhas, ver

Neste sentido, percebi que de certa forma, as interferências

que emergiram com a sobreposição do território

a paisagem, filmar, fotografar, entrevistá-los e ouvir

promovidas pela instauração da app, em seguida,

de preservação ao território de parentesco. Neste sentido,

as histórias deles . Além disso, no bojo dos projetos

do Parque, foram incorporadas ao cotidiano dos moradores.

apresento as principais reclamações levadas ao Conselho

de ecoturismo e de educação ambiental desenvolvidos

Os moradores lidam com esta realidade como algo que terão


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 50

que enfrentar por toda a vida. De acordo com o morador mais antigo do Morro, seu Bichinho: “Quando o Parque entrou aqui, já encontrou a família. É o Parque que faz parte de nossa família”. Desta forma, as visitações turísticas, as ações de educação ambiental, a prevenção contra incêndios, e tantas outras, são compreendidas dentro da lógica familiar da reciprocidade e de zelo pelo lugar.

Considerações finais

Referências bibliográficas

A pesquisa revelou a versatilidade deste sistema

almeida, alfredo w. b. 2004. ‘Terras tradicionalmente

organizativo local, na medida em que o Morro das

ocupadas: processos de territorialização e movimentos

Andorinhas pode ser entendido como um território

sociais’. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais.

híbrido. É tanto um “território de parentesco”, quanto

Rio de Janeiro, vol. 6, nº 1.

“de conservação”. Ou seja, ao mesmo tempo em que

bailey, f. g. 1971. Gifts and Poison: the politcs of reputation.

tenta uma convivência com as novas regras impostas

New York, Schocken Books.

pelo poder público, não abre mão da preservação desse

comerford, john. 2003. Como uma família: sociabilidade,

território como de “parentesco”. Entretanto,

territórios de parentesco e sindicalismo rural, Rio de Janeiro,

a adaptação a essa situação não significa uma solução

Editora Relume Dumará.

definitiva. A relação com o órgão ambiental é sempre

irving, m. 2008. Parques Estaduais do Rio de Janeiro:

complexa e delicada. Disputa de interesses podem gerar

construindo novas práticas para a gestão, São Carlos, RiMa.

conflitos mais, ou menos, externalizados, como o caso

latini, juliana lopes. 2010. O Morro das Andorinhas e

presente sobre a reivindicação da população de acesso

a nossa família é uma história só: Família e território de

à água encanada, à luz, à roça ainda não liberadas pelo

parentesco em uma Unidade de Conservação de Proteção

Instituto Estadual do Ambiente (inea). Nessa experiência,

Integral. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em

os moradores conquistaram maior participação

Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade), Universidade

e legitimidade, mas ainda buscam que seus modos de vida

Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

sejam garantidos, com condições de vida dignas.

little, paul. 2004. “Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil’. Anuário Antropológico 2002-2003: 251-290. Rio de


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 51

Janeiro: Tempo Brasileiro. lobão, ronaldo joaquim da silveira. 2006. Cosmologias políticas do Neocolonialismo: como uma política pública pode se transformar em uma política do ressentimento. Tese (Doutorado em Antropologia) – Instituto de Ciências Sociais, unb, Brasília. marcelin, louis. 1996. A invenção da família afro-americana: família, parentesco e domesticidade entre os negros no reconcavo baiano. Tese. (Doutorado em Antropologia), ppgas – mn – ufrj. simon, alba valéria santos. 2003. Conflitos na Conservação da Natureza: o caso do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Dissertação. (Mestrado em Ciência Ambiental), Universidade Federal Fluminense, Niterói.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 52

Vegetação de moitas no Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca: florística, estrutura e conservação

Resumo

Introdução

As condições ambientais dos afloramentos rochosos representam

Afloramentos rochosos, como inselbergs e pães-de-açúcar,

uma barreira para o estabelecimento de muitas espécies, tornando-os

destacam-se do relevo circundante e sustentam flora muito

habitats únicos, com flora diferenciada de seu entorno. Seu estudo pode

distinta (porembski et al., 1998; 2000), com especializações

fornecer informações relevantes acerca da organização e distribuição

ao ambiente exposto (e.g. xeromorfia, poiquilohidria). Tal fato,

das espécies que ali ocorrem. O presente trabalho é parte de uma

somado à ocorrência de diferentes níveis de endemismo

pesquisa que envolve quatro áreas no Estado do Rio de Janeiro e

(safford & martinelli, 2000), faz com que esses ambientes

mauad, l.p.1 e braga, j.m.a.1

teve como objetivos gerar informações sobre estrutura, florística e

não sejam considerados apenas uma extensão da Mata

conservação da vegetação de moitas estudada. Com foco no Costão

Atlântica, mas uma fisionomia relictual mais ampla

de Itacoatiara, os resultados apontam elevado número de espécies

em idades geológicas passadas (ab’sáber, 2007). Nesse

endêmicas e ameaçadas de extinção e permitem compreender melhor a

contexto, o Sudeste do Brasil está entre as três regiões

estrutura desse tipo de vegetação.

mais importantes do mundo em riqueza e endemismos

Palavras-chave: Flora Rupícola, Afloramentos rochosos, Mata Atlântica

de vegetação rupícola (porembski, 2007), que geralmente

1

Escola Nacional de Botânica Tropical – Instituto de Pesquisas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro, enbt/jbrj E-mail: luamauad@gmail.com

aparece na forma de moitas isoladas por rocha nua, com diferentes formas e estruturas. O Estado do Rio de Janeiro é considerado um dos maiores centros de espécies endêmicas do mundo (myers et al., 2000; murray-smith et al., 2008), onde muitas encontram-se em remanescentes no meio urbano e sofrem diversos tipos de impactos. Em relação à vegetação rupícola, apesar do apelo


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 53

que as áreas possuem, poucos são estudos nos afloramentos da área metropolitana do Estado (safford & martinelli, 2000). Assim, os objetivos deste trabalho foram contribuir para o conhecimento da vegetação de moitas do Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói, rj, apresentando informações acerca de sua estrutura e composição florística, além da presença de espécies ameaçadas de extinção, endemismos e impactos sofridos pela vegetação.

Materiais e métodos O Costão de Itacoatiara – ci é uma das quatro áreas de estudo desta pesquisa (somada aos Morros da Urca e Pão de Açúcar e Parque Natural Municipal da Prainha, no Rio de Janeiro e Maciço do Itaoca, em Campos) e é o foco deste trabalho. Possui elevação de 217 m e é formado principalmente por rocha gnáissica. Está situado na linha da costa (inea, 2012) e possui precipitação anual entre 1.000 e 1.500 mm (barros, 2008). É um local bastante frequentado e seu entorno é composto por matriz de floresta ombrófila. Para a amostragem dos dados foram alocadas 72 parcelas de 1x1 m ao longo de três transectos de 50m e registrada a presença de cada espécie, área de cobertura e altura dos indivíduos. Também foi verificado o tipo de micro relevo e declividade dos transectos, além da coleta de material botânico, depositado no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (rb). Da florística foram extraídas informações acerca das formas de vida, síndromes de dispersão e tipo de metabolismo, além da sua ocorrência nos domínios fitogeográficos brasileiros,

endemismos, estado de conservação e similaridade florística com as outras áreas. Os demais dados foram analisados a fim de entender a estrutura da comunidade.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 54

Resultados e discussão A estrutura da comunidade é marcada pela dominância de espécies epilíticas e formadoras de tapetes como Tillandsia araujei Mez e Selaginella sellowii Hieron, que estão entre as primeiras posições no rank de abundância da comunidade. O tamanho médio das moitas é de 4 m², sendo a forma elipsoide a mais comum. A altura dos indivíduos se concentra até 150 cm e a média de cobertura vegetal nas moitas é de 50%, com 8% de serapilheira e 42% de rocha nua. A maior parte das moitas (95%) ocorre em micro relevo de laje exposta de rocha e declividade média de 30º. Nesse mesmo estudo, as demais áreas apresentam menor quantidade de rocha nua nas moitas e tamanho maior de moitas. Essas diferenças podem estar ligadas à composição florística e declividade das áreas. A similaridade entre elas mostra o CI com composição florística mais próxima dos Morros da Urca e Pão de Açúcar que das demais áreas (mauad, 2013). O que está entre os padrões encontrados em afloramentos rochosos tanto

no Brasil, como em outras regiões do mundo (meirelles

Dentre elas, S. sellowii é a única licófita e constitui

et al., 1999; porembski et al., 2000; parmentier, 2003), que

um elemento essencial na composição e estrutura

mostram baixa similaridade entre afloramentos próximos.

da área (santos & sylvestre, 2006; meirelles et al., 1999).

A maior parte das espécies (75%) é anemocórica, como

As famílias mais importantes em número de espécies são

encontrado em outros locais (porembski et al., 2007)

Araceae, Bromeliaceae e Orchidaceae (3 spp. cada). As duas

o que denota ser a estratégia mais eficiente. Em relação

últimas estão de acordo com o observado em diversas áreas

às formas de vida, caméfitas e fanerófitas possuem maior

(porembski et al., 2000), como as que melhor representam

representatividade, bem como o metabolismo cam e c4. Isso

os afloramentos rochosos no Brasil. No panorama geral,

permite entender um pouco melhor alguns atributos básicos

Cactaceae e Velloziaceae também aparecem nesta

para o sucesso neste ambiente, que possui condições

afirmação.

severas, principalmente relacionadas à temperatura

Em relação à distribuição e endemismos, foram encontradas

e disponibilidade de água e nutrientes. No entanto, outros

27 espécies exclusivas da Mata Atlântica, onde seis são

atributos específicos merecem atenção especial no estudo

endêmicas do Estado do Rio de Janeiro e nove pertencem

de comunidades rupícolas.

a alguma categoria de ameaça de extinção das Listas

Em relação à florística geral, foram encontradas 77 espécies,

do Brasil (mma 2008), da iucn (2012) e do Livro Vermelho

de 71 gêneros e 37 famílias de plantas vasculares. Essa

da Flora do Brasil (martinelli & moraes, 2013) (Tab. 1, Fig.1).

soma engloba diferentes formações desde a borda do afloramento até as ilhas florestadas no cume. No entanto, o foco do trabalho é a vegetação amostrada nas moitas, que conta com 20 espécies de 18 gêneros e 12 famílias de plantas vasculares.


Família/ Espécie

Ameaça

araceae Anthurium sucrii G.M.Barroso

Família/ Espécie cactaceae

vu

Coleocephalocereus fluminensis

(Backeb. & Voll) Backeb.

Alcantarea glaziouana (Leme) J. R. Grant

Neoregelia cruenta (R.Graham) L. B. Sm.

Tillandsia araujei Mez

Vriesea neoglutinosa Mez

vu/ en vu en en

Ameaça

vu

(Miq.) Backeb.

Rhipsalis cereoides bromeliaceae

Fotos: L. P. Mauad.

II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 55

vu/ anexo 1/ cr*

clusiaceae Clusia fluminensis Planch. & Triana

vu

oleaceae Chionanthus fluminensis (Miers) P.S.Green.

cr/ cr*

Tabela 1 - Espécies ameaçadas da vegetação de moitas do Costão de Itacoatiara, Parque Estadual da Serra

Figura 1. Espécies ameaçadas no Costão de Itacoatiara.

da Tiririca. cr – Criticamente em Perigo; en – Em perigo; vu – Vulnerável.

a. Coleocephalocereus fluminensis; b. Rhipsalis cereoides; c. Clusia fluminensis; d. Alcantarea glaziouana; e. Chionanthus fluminensis.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 56

Também foram encontradas espécies alóctones e invasoras como Melinis minutiflora, M. repens, Panicum maximum e Andropogon bicornis, o que pode contribuir para mudanças na estrutura e composição da vegetação (porembski et al., 2000; burke, 2003). As principais ameaças e portas de entrada dessas espécies surgem com a degradação por mau uso, em que atividades de diversos fins podem causar impactos na vegetação. Como exemplo, incêndios e intenso pisoteio e supressão da vegetação em locais com menor declividade, onde as espécies formadoras de tapetes as mais afetadas. Também são observados cortes feitos em espécies de Cactaceae para facilitar o acesso às áreas. Contudo, ressalta-se que o uso das Unidades de Conservação – uc, quando encorajado de forma planejada, para que se assegure a proteção da biodiversidade, pode auxiliar na conservação local.

Conclusões

Referências bibliográficas

O número de espécies endêmicas e sob alguma categoria

ab’sáber, a.n. 2007. Os Domínios de Natureza no Brasil:

de ameaça neste ambiente com características próprias

Potencialidades Paisagísticas. 4ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial.

e tão peculiares faz com que seja recomendada maior

barros, a.a.m. 2008. Análise Florística e Estrutural do Parque

atenção às mesmas, e à comunidade como um todo. Afinal,

Estadual da Serra da Tiririca, Niterói e Maricá, rj, Brasil. Tese

apesar de se configurar como uma uc, a área ainda está

(Doutorado). Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto

sujeita a diversas pressões características de centros

de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

urbanos e apresenta diferentes alterações em suas

burke, a. 2003. Inselbergs in a changing world - global

características ecológicas originais. Dessa forma, o trabalho

trends. Diversity and Distributions 9: 375-383.

contribui para o melhor conhecimento da composição

inea 2012. Parque Estadual da Serra da Tiririca. Rio

e estrutura da comunidade rupícola local, a fim de auxiliar

de Janeiro: Instituto Estadual do Ambiente, inea. Disponível

possíveis ações de conservação na área.

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mma. 2008. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa

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6, de 23 de setembro de 2008. Diário Oficial da União 185,

1998. Diversity and Ecology of Saxicolous vegetation mats on

seção 1, 24 de setembro de 2008.

inselbergs in the Brazilian Atlantic Rainforest. Diversity and

murray-smith, c., brummitt, n. a., oliveira-filho, a. t., et

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al. 2008. Plant Diversity Hotspots in the Atlantic Coastal

safford, h.d.; martinelli, g. 2000. Southeast Brazil. In:

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Regions. Berlin: Springer-Verlag. pp. 339-389.

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santos, m.g.; sylvestre, l.s. 2006. Aspectos Florísticos

parmentier, i. 2003. Study of the vegetation composition in

das pteridófitas de um afloramento rochoso do Estado

three inselbergs from continental Equatorial Guinea (western

do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 115-124.

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II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 58

Ações de uma Instituição Federal de Ensino Superior junto a uma Unidade de Conservação da Natureza: Proposta para uma Gestão Ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói/Maricá, RJ calazans, stella , nascimento filho e armando pereira2 1

1

Mestranda do PPG em Sistemas de Gestão, uff

2

Professor Doutor do Dep. de Química Inorgânica,

Instituto de Química, uff E-mails: stella_calazans@id.uff.br e gqiarma@vm.uff.br

Resumo

Introdução

O artigo é um extrato da dissertação de mestrado cujo objetivo foi propor

A escolha do tema baseou-se nas seguintes razões:

uma parceria sistemática e ordenada entre a Universidade Federal

1ª) a degradação ambiental: hoje, uma das maiores

Fluminense/uff e o Parque Estadual da Serra da Tiririca/peset. Para

preocupações que convivemos. O Homem sempre

elaborar tal proposta, levantou-se dados da Universidade e do Parque,

usufruiu do meio ambiente ao seu redor, sempre tirou

para que fossem identificadas as necessidades e ativos de ambos;

dele o seu sustento. O que autores chamam a atenção é

em seguida, através do levantamento de experiências exitosas entre ies

de como ele (Homem) sai da relação de pertencimento

e uc buscou-se identificar uma outra atividade realizada por discentes

com a Natureza e chega a de distanciamento, dicotômica

e diferente dos já consolidados projetos de extensão

entre ambos. Mostram também que a percepção

e de iniciação científica; finalmente, identificou-se os instrumentos legais

de que os instrumentos e maquinários disponíveis seriam

que permitiriam tal parceria. Como proposta final sugeriu-se

capazes de destruir o planeta, levou à criação de áreas

a celebração de um Convênio entre a uff e inea, visando

protegidas (rosa, 2009; teixeira, 2012).

o desenvolvimento da atividade de Estágio junto ao peset.

A 2ª: a presença da academia no movimento em prol

Palavras-chave: Instituição Federal de Ensino Superior, Unidade de

da criação de áreas protegidas: o que pode ser

Conservação, Parque Estadual da Serra da Tiririca

constatado quanto da criação dos Parques Nacionais de Yellowstone, criado nos Estados Unidos, em 1872, e de Itatiaia, criado no rj, em 1937; e, localmente, quando da criação da maior unidade de conservação situada no município de Niterói, o Parque Estadual da Serra da Tiririca/peset, objeto do projeto de pesquisa (pereira,


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 59

2013; pimentel, 2008).

As questões que geraram a pesquisa foram: 1) Que outra atividade poderia ser desenvolvida pelos

A 3ª: por se tratar de um curso de Mestrado Profissional,

alunos da uff junto ao peset, além dos projetos

torna-se requisito obrigatório a elaboração

de extensão e iniciação científica? e,

de uma proposta a sua instituição visando melhoria

2) Que instrumento legal poderia nortear

no seu desempenho, tanto para sua comunidade

uma parceria mais sistemática e ordenada entre

interna como externa; e, a última razão: a pesquisadora

a Universidade e o Parque?

ser servidora da Universidade, ter trabalhado junto à unidades de ensino e fazer parte do Conselho Consultivo do peset, desde 2011. Entre os motivos que levaram à escolha do peset, destacamos: 1º) como usuária do parque, conhecer algumas das dificuldades que o mesmo tem em manter sua sustentabilidade; e, 2º) além de sua grande beleza cênica, a área do parque detém uma grande riqueza não só ambiental como social, cultural e histórica e que vive sob permanente pressão da especulação imobiliária entre outras.

Materiais e métodos A abordagem do problema foi qualitativa e quanto à natureza das fontes utilizadas, a pesquisa classificou-se em bibliográfica, documental e de campo. A fundamentação teórica baseou-se no artigo de (medeiros, 2011), contido na publicação do Ministério do Meio Ambiente em comemoração aos 10 anos de criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – snuc. Com o dado de que boa parte das pesquisas é realizada em uc e, o Banco de Teses da capes é tido como o referencial nacional para se conhecer o que está sendo pesquisado sobre o assunto, seguindo-se seu passo a passo, iniciou-se o levantamento da produção da uff. O levantamento da produção da uff com relação ao peset, primeiramente, foi feito junto ao Banco de Teses da capes, obtendo-se as teses e dissertações realizadas pelos Programas de Pós-Graduação da Universidade; na PróReitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação/proppi, obteve-se os projetos de iniciação científica; na Pró-Reitoria de Extensão/proex, os respectivos projetos de extensão;


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 60

e, na página do Instituto Estadual do Ambiente/inea,

dos projetos de extensão e de iniciação cientifica, nomeamos

pela Administração e pela Coordenação de Uso Público,

ao qual o Parque é subordinado, os trabalhos de pesquisa

duas delas:

e para as quais foram sugeridas as áreas de conhecimento

registrados em nome da uff

1) Universidade do Vale do Itajaí x rppn Prima Luna,

da uff que poderiam contribuir no desenvolvimento

As informações sobre o peset foram obtidas através

Nova Trento, sc, grupo de alunas do Curso de Ciências

dos mesmos, ficando subentendido a presença das áreas

de entrevistas não diretivas junto à Administração do Parque

Biológicas, propõe atividade junto à rppn para cumprir

administrativas.

e sua Coordenação de Uso Público; durante as Sessões

carga horária do estágio supervisionado, objetivando

de seu Conselho Consultivo; correspondência por correio

mostrar o potencial educativo de uma uc. Relato consta

eletrônico; e, sítios do inea e do próprio peset. Primeiro,

em (molleri, spuldaro e pereira, 2011) e,

levantou-se sua estrutura organizacional e recursos, humanos

2) Universidade Federal de Minas Gerais x Estação

e materiais e, depois, sobre sua produção, envolvendo

Ecológica da ufmg – a estação é gerida pelo Programa

pesquisas cientificas, projetos e eventos científicos.

Estação Ecológica – proeco, um programa de extensão

Dentre os instrumentos legais que norteariam a parceria

que oferece também a atividade de Estágio para os

entre ies e uc, no caso uff e peset, destaca-se o Art.

discentes, relato consta em (gontijo e baeta neves, 2004).

4º, Incisos X e XII, do Sistema Nacional de Unidades de

Dentre as necessidades e ativos levantados sobre a uff

Conservação da Natureza – snuc (Lei 9.985, de 18/07/2000)

e o peset, tem-se como exemplo: a necessidade do peset

e, a Diretriz 3 – Estímulo à inserção das UC como temática

em elaborar projetos capazes de atender suas necessidades

no ensino formal: itens 3.2, 3.4 e 3.5 das Diretrizes para

que encontra no ativo da uff, fornecimento de recursos

Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental

humanos para solucionar problemas da uc e do meio

em Unidades de Conservação (encea, 2011).

ambiente, um viés para uma parceria.

No tocante às experiências exitosas entre IES e UC,

Para finalizar o levantamento de dados, foi feito um quadro

que apresentassem uma outra atividade discente, diferente

onde estão listadas propostas de projetos do peset, cedidas


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 61

Quadro 5: Exemplo de sugestões das áreas de conhecimento da uff que poderiam contribuir com o peset com relação as suas propostas de projetos.

Resultados e discussão No levantamento inicial da produção uff x peset, identificouse 7 áreas de conhecimento: Biologia Marinha, Direito Público, Geografia, Geoquímica, Medicina Veterinária,

Projetos

Sociologia e Turismo, num universo de 53 cursos presenciais que a Universidade oferece no município de Niterói. Esse

Vídeo Institucional

Jogos Interativos de Conscientização

número não é pequeno, mas está aquém do possível e desejável e poderia ser significativamente aumentado.

Objetivo

Produção de curta

Projeto relacionado à

metragem sobre o parque

inovação e tecnologia cujo

para apresentação da UC

público alvo seria crianças

aos visitantes via internet

e jovens.

ou em projeções durante

Para gerir seus quase 3.500 hectares de área; manter suas 04 edificações e suprir as necessidades em relação às atividades de visitação, fiscalização, educação ambiental, pesquisa científica, comunicação e incêndios florestais, o Parque conta com um quadro de pessoal ainda muito

apresentações eventos.

aquém do necessário. O déficit de servidores

Áreas de

Cinema e Audiovisual;

Ciência da Computação;

é responsabilidade do inea, mas considerando-se

conhecimento

Comunicação Social;

Engenharia de Telecom.;

que os instrumentos legais identificados permitem, entre

que poderiam

Estudos de Mídia,

Pedagogia;

outras, a realização de programas de estágio tanto

contribuir com

Produção Cultural;

Cinema e Audiovisual;

no interior como no entorno da uc e, a atividade de estágio

estagiários

Turismo.

Comunicação Social.

foi a experiência exitosa identificada na pesquisa, indica-se, dessa forma um novo possível canal de interação entre a uff

Fonte: Elaborado a partir de dados cedidos pela Administração do peset (2012 e 2013)

e o peset, permitindo-se ampliar a participação discente. Avaliando-se as necessidades e ativos da uff e peset citados no Quadro 4, observa-se que as mesmas se complementam ou têm sinergia. Por exemplo, a necessidade da uff de insumos para aulas de práticas laboratoriais é complementada pelo ativo do peset de biodiversidade. Analisando-se as sugestões de áreas de ensino que poderiam ajudar contribuindo com estagiários no desenvolvimento dos projetos propostos pelo peset, quadro 5, verifica-se que o número de áreas de ensino que poderiam vir a interagir com o Parque, aumentaria consideravelmente.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 62

Conclusões

Referências bibliográficas

Avaliando-se os resultados obtidos, concluiu-se que:

gontijo, b m. e neves, c b. 2004. Programa Estação Ecológica

• Tanto o número de áreas de conhecimento da uff,

– extensão, ensino e pesquisa integrados para a conservação

que vêm interagindo com o peset quanto o número

de uma área. In: Congresso Brasileiro de Extensão

de projetos de iniciação científica e de extensão estão

Universitária, 2. Anais Eletrônico. bh: ufmg, proex. Disponível

muito aquém do possível e desejável e, poderiam ser

em: https://www.ufmg.br/congrext/Meio/area_de_meio_

significativamente aumentados promovendo-se

ambiente.html

uma interação maior entre ambos através da realização

medeiros, r. 2011. Unidades de Conservação e pesquisa

de eventos, visando a um melhor e maior conhecimento

científica: a contribuição da academia para o processo

de seus produtos.

de ampliação e consolidação do Sistema Nacional

• A sugestão da celebração de um Convênio entre a uff

de Unidades de Conservação. In: medeiros, Rodrigo, araùjo,

e o inea, ao qual o peset é subordinado, visando

Fábio França Silva (Organizadores). Dez anos do Sistema

desenvolver neste, a atividade de Estágio, iria permitir

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza: lições

que um número maior de discentes e de áreas

do passado, realizações presentes e perspectivas para o

de conhecimento interagirem com o Parque, ficando

futuro. Brasília: mma, 220p.

os alunos, neste caso, sob orientação direta

molleri, c., spuldaro, s. e pereira, y. 2011. Transpondo

dos professores/pesquisadores da uff.

os Muros da Escola: a importância de Unidades de Conservação para a vivência de Educação Ambiental. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, vol. 7, N.12; pag. 150-158.

pereira, m. m. 2013 A descoberta do meio ambiente: Itatiaia e a política brasileira de parques nacionais. 149f. Dissertação (Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais) – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – cpdoc, fgv, rj. pimentel, d. s. 2008. Os “parques de papel” e o papel social dos parques. 251f. Tese (Doutorado em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, usp, Piracicaba. teixeira, e. c. 2012. A Convenção sobre Diversidade Biológica Vinte Anos depois: uma Análise Econômica Ambiental dos Caminhos percorridos e das Perspectivas. 114f. Dissertação (Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, unb. Brasília.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 63

Desafios territoriais na criação e gestão de um parque urbano: contribuições para o debate. luiz renato vallejo

É indiscutível a importância ecológica e social

e os meios para esse fim. Criar uma unidade

de se criar e gerir parques naturais em áreas urbanas, pois

de conservação da categoria parque, independentemente

eles proporcionam inúmeros serviços ambientais diretos

de ser urbano, requer a adoção de critérios espaciais

e indiretos. Além dos aspectos paisagísticos, devem ser

e territoriais complexos. Nesse sentido, destacamos alguns

considerados os efeitos hídricos, climáticos

questionamentos:

e microclimáticos proporcionados ao entorno; a preservação

1) Qual é a área mínima que irá garantir a manutenção

das condições de vida de um grande número de espécies

dos processos ecológicos essenciais?

de plantas e animais; e a manutenção de um espaço

2) Qual é a forma geométrica mais apropriada para

contemplativo, educativo e antiestressante para as pessoas

delimitação de um parque natural?

que se propõem interagir com ele. Num mundo onde

3) Qual são os contextos ambientais e sócio econômicos

as forças indutoras do individualismo buscam prevalecer

regionais, vigentes e previsíveis, no entorno do parque?

sobre o senso de coletividade, a criação e gestão

4) Qual são os usos atuais e a situação fundiária no

dos parques naturais urbanos pode ser uma estratégia

interior e entorno do parque?

de resgate e consolidação do sentido de patrimônio natural

Desconsiderar tais questionamentos no processo de criação

coletivo, ou seja, espaços comuns onde cidadãos podem

produz conflitos de interesses territoriais que vão se

usufruir da simplicidade do contato com a natureza,

manifestar durante todo período de gestão do futuro parque.

independentemente de sua “posição social” e poder aquisitivo.

No Brasil, tradicionalmente, a criação de áreas

Entretanto, a criação, o planejamento e a gestão de parques

de conservação segue orientações políticas

urbanos no Brasil tem se constituído num enorme desafio.

e administrativas, desconsiderando avaliações de natureza

As intenções de se promover a conservação ambiental

econômica e, também, ecológica. Significa dizer que quando

raramente estão sintonizadas com as possibilidades

os governos tomam a iniciativa de criar parques, prevalece


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 64

o critério das “áreas remanescentes” e das “terras desprovidas

e temporalmente. Por exemplo, a criação do Parque Estadual

de conservação, principalmente de proteção integral

de habitantes”, que passam a ter o status de áreas

da Serra da Tiririca (peset-rj), ocorreu predominantemente

(parques, reservas, etc), não é acompanhada de satisfação

legalmente protegidas. Critérios econômicos relacionados

no setor montanhoso e acidentado de áreas de Niterói

popular, principalmente pelo caráter proibitivo em relação

às avaliações convencionais de custo-benefício na criação

e Maricá. Setores mais planos e contínuos à Serra da Tiririca

a certas atividades potencialmente impactantes

de parques não tem sido empregados. O mesmo se pode

já estavam comprometidos com usos urbanos atuais

e que, realmente, precisam ser coibidas pelos gestores.

dizer em relação aos critérios ecológicos que consideram,

e futuros. Além disso, é do conhecimento geral a existência

Cortes de vegetação, queimadas, despejo de lixo, ocupações

entre outros aspectos, a diversidade biológica das espécies

de loteamentos aprovados no passado avançando sobre

irregulares, som alto, extração de recursos naturais, etc, não

e suas dinâmicas populacionais territoriais. Excetuam-se

os terrenos mais acidentados da Serra. Quando o setor

harmonizam com os propósitos de conservação

os casos em que determinadas espécies endêmicas

público tomou a iniciativa de criar um parque nessas

de áreas naturais e, nesse caso, os gestores de parques

e/ou ameaçadas de extinção, orientam iniciativas de criação

circunstâncias, sem um levantamento prévio da situação

urbanos enfrentam um conjunto de dilemas rotineiros para

de áreas legalmente protegidas, incluindo os parques.

fundiária, afloraram os conflitos diretos de interesses entre

manutenção da integridade da área.

Algumas dessas espécies, conforme o reconhecimento

administradores dos parques, proprietários legalizados,

A proximidade entre as atividades humanas e as áreas

e apelo popular, assumem a condição de “espécies bandeiras

invasores e supostos proprietários. Este é um dos dilemas

protegidas acaba criando outro conjunto de problemas

ou carismáticas ”. Essa popularidade é usada para difundir

mais comuns, principalmente em parques urbanos

como a contaminação biológica , quando animais e plantas

e massificar a mensagem conservacionista e conscientizar

e que acaba se arrastando ao longo de anos sem

domesticadas interferem na dinâmica dos ecossistemas

a opinião pública para a necessidade de proteger espécies

equacionamento. Objetivamente são problemas

naturais e produz impactos negativos. Animais silvestres

menos conhecidas e seus respectivos habitats.

com mineradoras, empresas de incorporação e construção,

também invadem os espaços humanizados interagindo com

Ao se criar um parque seguindo critérios exclusivamente

condomínios, moradores do entorno, entre outros,

pessoas e, em muitos casos, sofrendo com as ações

políticos e administrativos, corre-se o risco de delimitar

envolvendo os direitos sobre os limites e propriedades

de extermínio (animais peçonhentos, consumidores

uma área menor do que seria necessário para manter uma

das terras.

de alimentos, etc). Esse conflito requer ações educativas

situação ecologicamente aceitável, espacialmente

No Brasil, em geral, a criação de uma unidade

de caráter preventivo por parte das equipes de fiscalização


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 65

e monitoramento, constituindo-se noutro desafio para

A criação e gestão dos parques urbanos não se justificam

e em número suficiente para execução das tarefas regulares

os gestores.

sem as atividades e os programas de uso público, ou seja,

e dos projetos de monitoramento. Provavelmente,

Esses dilemas apontados nos parágrafos anteriores

todas as práticas de visitação com fins educativos,

o maior desafio relativo à gestão do uso público é torná-lo

se referem diretamente às áreas que circundam o parque,

de lazer, esportivos, recreativos, científicos e de

eficiente sem comprometer e impactar negativamente

denominadas legalmente como Zonas de Amortecimento

interpretação ambiental, que proporcionam ao visitante

as características físicas e ecológicas do parque. É

(zas) citadas na Lei do snuc . Nos Planos de Manejo previstos

a oportunidade de conhecer, entender e valorizar os recursos

importante destacar que o uso público não deve se sobrepor

para a unidade devem ser consideradas as atividades

naturais e culturais existentes (ministério do meio ambiente,

aos objetivos de conservação da biodiversidade, devendo

existentes nas zas e seus potenciais impactos sobre

2005). As características e os mecanismos de gestão

integrar-se e harmonizar-se com eles.

o parque. Neste ponto reside um dos maiores dilemas para

do uso público são definidos nos Planos de Manejo devendo

A gestão e a conservação do espaço territorial

a gestão da referida área protegida, pois, em geral, ocorrem

considerar as potencialidades (físicas, biológicas

dos parques, assim como as práticas de uso público,

conflitos de competência entre as esferas

e socioeconômicas), os atrativos, as possibilidades

requerem investimentos regulares que mantenham

de poder. Planos diretores municipais raramente consideram

e restrições de uso e toda infraestrutura administrativa

as condições de infraestrutura e o custeio de diversas

as eventuais limitações impostas por planos de manejo

e operacional, incluindo o plano de fiscalização

atividades. Além disso, é essencial dispor de um corpo

de parques urbanos. Muitas vezes, atividades potencialmente

e monitoramento, orientação e segurança dos visitantes,

de funcionários numericamente adequado e devidamente

impactantes são licenciadas pelos municípios, estados

gestão financeira e parcerias. Segundo a nossa avaliação,

preparado para o exercício de tarefas que vão além

e união nas zonas de amortecimento de parques e reservas,

o uso público se constitui na principal estratégia

da mera repressão e fiscalização territorial. No contexto

sem que haja interatividade entre os poderes constituídos.

de aproximação e valorização do espaço protegido

da concepção moderna de um parque natural, os gestores

Certamente este problema está entre aqueles que mais

em relação à sociedade, em geral. O grande desafio reside

precisam contar com equipes preparadas para o exercício

preocupam os gestores, o que torna os parques urbanos

na sua operacionalização por parte dos gestores de parques,

de tarefas educativas e integradoras com as comunidades

“ilhas de conservação” desconectadas das atividades

pois requer a consolidação de parcerias, recursos financeiros

vizinhas e com os visitantes. Nacionalmente, este aspecto é

do seu entorno imediato.

e materiais, além de pessoal devidamente capacitado

um dos grandes dilemas enfrentados pelos gestores


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 66

de parques e outras unidades de conservação, considerando que as políticas públicas para o setor não conseguem suprir as necessidades vigentes. A criação de novas áreas de conservação é um fato comprovado pelas estatísticas ao longo das últimas décadas, entretanto os recursos para ampliação e melhoria da infraestrutura não tem seguido o mesmo ritmo, estabelecendo uma defasagem entre o que se quer e o que se pode fazer. Para finalizar, reafirmamos a importância dos parques, mas nos defrontamos com as dificuldades objetivas de um processo de gestão ameaçado por precárias condições de realização, particularmente no caso dos parques urbanos, onde as pressões territoriais são antigas e tendem a aumentar com o crescimento urbano acelerado e desordenado. Cabe destacar o empenho de um percentual dos administradores e de suas equipes no sentido de atingir os objetivos socioambientais da conservação ambiental.

Bibliografia recomendada brasil. 2002. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Lei 9.985 de 18 de julho de 2000 e Decreto 4.340 de 22 de agosto de 2002. Ministério do Meio Ambiente, 2ª ed. (aumentada). Brasília. ministério do meio ambiente. 2005. Diagnóstico da visitação em parques nacionais e estaduais. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. morsello, c. 1999. Unidades de Conservação Públicas e Privadas: Seleção e Manejo no Brasil e Pantanal MatoGrossense. In: Ciência Ambiental – Os Desafios da Interdisciplinaridade. Pedro Roberto Jacobi (Org.) Programa de Pós-Graduação da usp. São Paulo: Annablume. P. 333-358. primack, r. b. & rodrigues, e. 2001. Biologia da Conservação. Londrina: E. Rodrigues, 328 p. vallejo, l. r. 2013. Uso público em áreas protegidas: atores, impactos, diretrizes de planejamento e gestão. In: Anais do Encontro Fluminense Uso Público em Unidades de Conservação: gestão e responsabilidades, 2013, Niterói: Universidade Federal Fluminense, v. 1. p. 13-26.

vallejo, l. r. 2009. Parques e Reservas como Instrumento do Ordenamento Territorial. In: Flávio Gomes de Almeida e Luiz Antônio Alves Soares. (Org.). Ordenamento Territorial. 1ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil Ltda, p. 157-193. vallejo, l. r. 2002. Unidades de conservação: uma discussão teórica a luz dos conceitos de território e de políticas públicas. geographia. Rio de Janeiro. Ano IV(8): 77 – 106.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 67

Prevalência da Leishmaniose Visceral Canina no Parque da Serra da Tiririca – RJ: dados preliminares

Resumo

Introdução

A Leishmaniose Visceral (lv) é a forma mais grave de doença

A Leishmaniose Visceral (lv), também conhecida como

do complexo das leishmanioses. Em áreas urbanas os cães domésticos

Calazar, é a forma mais grave de doença do complexo

são considerados os principais reservatórios de lv. No Estado do Rio

das leishmanioses. No Brasil, o principal agente etiológico

de Janeiro têm crescido o número de municípios com casos autóctones

da lv é a Leishmania chagasi e o principal vetor é

de lv humana, sendo que em Niterói e Maricá, foram notificados casos

o Lutzomyia longipalpis. As fêmeas depositam seus ovos

nunes, v. m. a.1, 2; moutinho, f. f. b.1, 2, mendes júnior, a. a. v.3, figueiredo, f. b.3; bruno, s. f.1

autóctones em cães. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência desta

preferencialmente em substrato úmido com alta presença

zoonose nos cães domésticos do Parque Estadual da Serra

de matéria orgânica no solo (brasil, 2006).

da Tiririca (peset). Foram coletadas amostras de sangue de 151 caninos

Em áreas urbanas os cães domésticos são considerados

domiciliados no peset, tendo sido confirmados nove positivos através

os principais reservatórios de lv (brasil, 2006). No entanto,

do protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde. A prevalência de lvc

mamíferos de diversas ordens podem se infectar por

foi de 6%. Em todos os casos positivos os cães viviam no peridomicílio, o

Leishmania spp. funcionando como reservatórios primários

que favorece a exposição do cão ao vetor e facilita a existência

(jorge et al., 2010). A provável existência de um ciclo

de um possível ciclo silvestre. Sendo assim, há necessidade de efetivação

silvestre tem sido apontada como fator relevante para

das ações de controle e estudo de prevalência de lv nos possíveis

urbanização da lv, no qual mamíferos selvagens estariam

reservatórios selvagens, tendo em vista, particularmente, o alto número

conectados à periferia urbana (costa, 2008).

de espécies de mamíferos, autóctones do peset.

Até o momento, não foram relatados no município

Palavras-chave: prevalência, leishmaniose visceral canina, unidade de

de Niterói, casos de lv humana. No entanto, entre 2007 até

conservação

o início do ano de 2013, no Estado do Rio de Janeiro foram

1

Faculdade de Medicina Veterinária, uff

2

Centro de Controle de Zoonoses - fms, niteroi

3

Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas – Fundação

Oswaldo Cruz

diagnosticados 25 casos de lv humana, sendo os casos


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 68

autóctones mais recentes nos municípios de Rio de Janeiro, Barra Mansa e Volta Redonda (rio de janeiro, 2013; silva, 2014). A crescente notificação de casos positivos para lvc em Niterói e Maricá, a presença do vetor L. longipalpis e diversas espécies de mamíferos autóctones no peset, torna de suma importância avaliar a prevalência desta zoonose nos cães domésticos da unidade de conservação de forma a serem pensadas ações quanto a pesquisa de lv nos humanos residentes no peset assim como nos animais selvagens (oliveira, 2013; rodrigues et al., 2013; paula et al., 2009).

Materiais e métodos Entre os meses de outubro de 2014 e março de 2015 foi realizada busca ativa de cães residentes na área do peset pertencente ao município de Niterói – rj. Os proprietários dos animais foram esclarecidos sobre o estudo e autorizaram a coleta de material assim como a utlização dos dados da pesquisa, através de um termo de consentimento. Coletou-se sangue em 151 cães, com idade igual ou superior a seis meses. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal Fluminense (uff) sob número de protocolo 429. O material de consumo foi adquirido por projeto aprovado na faperj, Edital E_03 – Estudo de Doenças Negligenciadas e Reemergentes – 2012. Os cães foram amordaçados, contidos mecanicamente e examinados, de forma a serem agrupados clinicamente segundo Mancianti et al. (1988) como assintomáticos (sem sinais clínicos), oligossintomáticos (uma a três sinais clínicos) e sintomáticos (mais de três sinais clínicos). As informações foram anotadas em uma ficha contendo

identificação e sinais clínicos. Através da punção da veia cefálica fez-se a coleta de cerca de 3,0 ml de sangue, acondicionados em tubos estéreis, sem anticoagulante, e mantidos sob refrigeração em caixas isotérmicas para transporte e posterior realização dos testes sorológicos. As amostras foram levadas ao laboratório multidisciplinar do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública da Faculdade de Medicina Veterinária da uff onde era feita a centrifugação para separação do soro. Através do soro foi realizado teste qualitativo para detecção de anticorpos para Leishmaniose Visceral Canina, o teste rápido imunocromatográfico dpp® (Dual Path Platform) – Biomanguinhos®. As amostras positivas no dpp® foram então congeladas e enviadas ao Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (ipec) da Fundação Oswaldo Cruz (fiocruz) para realização do Ensaio Imunoenzimático (elisa). Seguindo o protocolo diagnóstico preconizado pelo Ministério da Saúde (2011), foram considerados cães positivos para lvc aqueles cujo resultado foi positivo no teste rápido imunocromatográfico (dpp®) como triagem e no elisa como confirmatório. Em outra visita, os cães positivos foram sedados para


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 69

realização de biópsia de pele, punção de medula óssea e linfonodos. O material foi encaminhado ao ipec para tentativa de isolamento parasitário em meio de cultura. Todos os isolados obtidos em meio de cultura durante o estudo foram armazenados no Banco de Amostras do Laboratório de Vigilância em Leishmanioses e serão analisados pela eletroforese de enzimas.

Resultados e discussão Até o momento foram confirmados nove positivos através do protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde. Seis residem no Morro das Andorinhas – Itaipu, dois no Engenho do Mato e um em Várzea das Moças. A prevalência de lvc foi de 6%. Três cães foram classificados como assintomáticos, cinco como oligossitomáticos e apenas um como sintomático. As alterações clínicas mais encontradas foram emagrecimento progressivo (56%) e lesões alopécicas ou crostosas em focinho e orelhas (44%). Outros sinais observados, compatíveis com os citados na literatura, foram anorexia, pêlo opaco, descamação furfurácea generalizada, onicogrifose e conjuntivite (oliveira, 2013; almeida et al., 2009). Foi coletado material para exame parasitológico, até o momento, de quatro cães. Houve crescimento de formas promastigotas compatíveis com o gênero Leishmania na cultura de punção de medula óssea em 100%, na cultura de biópsia de pele íntegra em 75% e em punção de linfonodo em 50% dos animais coletados. Todos os isolados obtidos em meio de cultura serão analisados pela eletroforese

de enzimas, para que seja feita a caracterização da L. chagasi. Em todos os casos positivos os cães viviam no peridomicílio, o que favorece a exposição do cão ao vetor e facilita a existência de um possível ciclo silvestre da lv, onde os animais domésticos representariam uma fonte de infecção para os flebotomíneos que poderiam infectar os animais selvagens, ou ainda, animais selvagens e sinantrópicos funcionando como reservatórios (bigeli et al., 2012; almeida et al., 2009). Todas as propriedades em questão possuem interface com a mata, com árvores frutíferas no peridomicílio. A construção de moradias em áreas de mata, com precárias condições sanitárias, favorece o acúmulo de matéria orgânica o que possibilita criadouros para o vetor, levando à aproximação de indivíduos susceptíveis e fontes de infecção (rangel et al., 2008). A presença de animais domésticos positivos nas residências é considerado fator de risco para a aquisiçao de lv em humanos, visto que a existência de casos positivos para lvc tem precedido casos humanos, sendo mais frequente a infecção no cão que no homem (belo et al., 2013; brasil, 2006).


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 70

Conclusões

Referências bibliográficas

A lv é prevalente em cães domiciliados no interior

almeida, a. do b. p. f. de a., faria, r. p., pimentel, m. f. a.,

do peset. Há necessidade de efetivação das ações

dahroug, m. a. a., turbino, n. c. m. r., sousa, v. r. f. 2009.

de controle preconizadas pelo Ministério da Saúde.

Seroepidemiological survey of canine leishmaniasis

É de extrema importância o estudo de prevalência da lv

in endemic areas of Cuiabá, State of Mato Grosso. Revista

nos possíveis reservatórios selvagens, tendo em vista o alto

da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 2,

número de espécies de mamíferos no peset.

p. 156-9.

O controle da população dos animais domésticos residentes

belo, v. s., werneck, g. l., barbosa, d. s., simões, t. c.,

no peset e a educação ambiental quanto à guarda

nascimento, b. w. l., silva, e. s., struchiner, c. j. 2013.

responsável e prevenção de zoonoses para seus residentes

Factors Associated with Visceral Leishmaniasis

são ações de necessidade urgente para minimizar o impacto

in the Americas: A Systematic Review and Meta-Analysis.

à fauna selvagem e à saúde humana.

Neglected Tropical Diseases, v. 7, n. 4, p.1-12. bigeli, j. g.; oliveira júnior, w. p. de; teles, n. m. m. 2012. Diagnosis of Leishmania (Leishmania) chagasi infection in dogs and the relationship with environmental and sanitary aspects in the municipality of Palmas, state of Tocantins, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.45, n.1, p.18-23. brasil. 2006. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose

Visceral. Brasília, df. 120 p. brasil. 2011. Ministério da Saúde. Nota Técnica conjunta nº 01/2011- cgdt - cglab/devit/svs/ms. Esclarecimentos sobre substituição do protocolo diagnóstico da leishmaniose visceral canina (lvc). Brasília: Ministério da Saúde. costa, h. n. c. 2008. Characterization and speculations on the urbanization of visceral leishmaniasis in Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n.12, p. 2959-2963. jorge, r. s. p.; rocha, f. l.; may junior, j. a.; morato, r. g. 2010. Ocorrência de patógenos em carnívoros selvagens brasileiros e suas implicações para a conservação e saúde pública. Oecologia Australis, v.14, n. 3, p.686-710. mancianti, f. gramiccia, m., gradoni, l., pieri, s. 1988. Studies on canine control: Evolution of infection of different clinical forms of canine leishmaniasis following antimonial treatment. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 82, p.566-567. oliveira, a. c. de . 2013. Investigação de caso autóctone de leishmaniose visceral canina na região de Jacaré, município de Niterói, Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Saúde Pública) - Escola Nacional


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 71

de Saúde Pública Sérgio Arouca - Fundação Oswaldo Cruz.

108, n.7, p. 943-946.

97pp.

silva, g. a. r. da, boechat, t. de o., ferry, f. r. de a., pinto,

paula, c. c. de, figueiredo, f. b., menezes, r. c., mouta-

f.da c., azevedo, m.c.v. m. de, carvalho, r de s.motta, r.

confort, e., bogio, a., madeira, m. de f. 2009. Leishmaniose

n.; veras, m. f. 2014. First case of autochthonous human

visceral canina em Maricá, Estado do Rio de Janeiro: relato

visceral leishmaniasis in the urban center of Rio de Janeiro:

do primeiro caso autóctone. Revista da Sociedade Brasileira

case report. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São

de Medicina Tropical, v. 42, n. 1, p.77-78.

Paulo, v.56, n.1, p.81-84.

rangel, e. f., vilela, m. l. 2008. Lutzomyia longipalpis (Díptera, Psycodidae, Phlebotominae) and urbanization of visceral leishmaniasis in Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 12, p. 2948-2952. rio de janeiro. 2013. Governo do Estado do Rio de Janeiro. Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental. Coordenação de Vigilância Epidemiológica. Divisão de Transmissíveis e Imunopreviníveis. Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses. Boletim Epidemiológico nº2/2013. rodrigues, a. a. f., barbosa, v. de a., andrade filho, j. d., brazil, r. p. 2013. The sandfly fauna (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) of the Parque Estadual da Serra da Tiririca, Rio de Janeiro, Brazil Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 72

Projeto de fortalecimento e Introdução uso público está aos poucos se consolidando como algo implantação da gestão do uso Oimportante no Brasil, uma espécie de amadurecimento na público para o incremento gestão de áreas naturais protegidas que tardou a chegar no país, principalmente se comparado com países mais da visitação nos parques desenvolvidos, onde o contato com a natureza é visto como estaduais do Rio de Janeiro algo importante para a sociedade. Neste sentido, com o desenvolvimento do uso público, obtemos uma importante (2012-2014) ferramenta que pode servir, finalmente, para inserir e alexandre lorenzetto1 1

Biólogo MSc. Coordenador geral do projeto. ITPA

E-mail: alexlorenzetto@gmail.com Palavras-chave: gestão, uso público

mobilizar a sociedade brasileira em prol da importância das áreas naturais protegidas, além de uma série de outras tantas questões benéficas agregadas. Este caminho de amadurecimento, também é seguido pelo Estado do Rio de Janeiro, há quem diga protagonizado pelo mesmo, detentor de grandes avanços na área. Tal situação é geralmente facilitada pela conjunção de alguns fatores que unem a vontade política com a capacidade de gerenciamento e pró- atividade de um órgão ambiental. Os reflexos são facilmente vistos em ações positivas,

diretamente relacionadas à melhoria da gestão de unidades de conservação, como por exemplo a criação, implantação e manejo de UCs, onde há investimentos consideráveis em planos de manejo, regularização fundiária, infraestruturas, contratação de pessoal (ressalta-se aqui a importância dos guardas-parque), etc. Diretamente ligado a tudo isso, está a questão do uso público a qual é orientada no Rio de Janeiro por um instrumento legal específico, o Decreto Estadual nº 42.483/ 2010. Dentro deste contexto, a fim de acelerar um pouco mais estes processos, é elaborado pelo Inea o projeto de Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nos Parques Estaduais do Rio de Janeiro. A concepção e sucesso deste projeto parte de uma espécie de auto-avaliação, onde o órgão identificou as principais deficiências e questões (até 2012) que poderiam ser melhoradas e materializadas, relacionadas ao uso público, a saber: 1.

Base de dados sobre uso público insuficiente


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 73

e desatualizada; 2.

Ausência de planejamento estratégico para o

uso público; 3.

Necessidade de capacitação em diversos

temas correlatos ao planejamento do uso público; 4.

Ausência de manuais de procedimentos de

uso público; 5.

Visitação subestimada, não controlada e com

pouca orientação; 6.

Câmaras técnicas de turismo dos conselhos

consultivos nem sempre implementadas e o parque com pouca inserção social; 7.

Programas de uso público dos parques

estaduais com baixo nível de implementação; 8.

Imagem dos parques estaduais como destino

turístico muito enfraquecida, bem como a economia local.

Métodos Iniciado em dezembro de 2012 e finalizado em fevereiro de 2014, este projeto foi implantado em 12 unidades de conservação de proteção integral (Parque Estadual do Desengano, PE Cunhambebe, PE da Ilha Grande, PE da Costa do Sol, PE da Pedra Branca, PE da Serra da Tiririca, PE da Serra da Concórdia, PE dos Três Picos, Reserva Biológica das Araras, Reserva Biológica de Guaratiba, Estação Ecológica de Guaxindiba e Reserva Ecológica da Juatinga) e de maneira indireta, em outras 3 (PE do Mendanha, PE Lagoa do Açu e PE da Pedra Selada). Fizeram parte da equipe 34 consultores, entre coordenadores de campo, monitores ambientais e equipe de escritório, com objetivos e produtos específicos que, conectados entre si, tinham como objetivo contribuir para a “organização da casa” e a “preparação do terreno” para as equipes fixas do Inea. O projeto foi executado pelo Instituto Terra de Preservação Ambiental – ITPA. O Projeto se fundamentou nas diretrizes institucionais do Inea, e foi dimensionado para atuar em três principais eixos:

(i)

Planejamento – planejamento estratégico de uso público,

a integração com planos de manejo, a construção de novos projetos, a regulamentação de artigos específicos do Decreto de Uso Público e a padronização de procedimentos de uso público; (ii)

Operacional – atendimento de visitantes, treinamento e

a capacitação de guarda-parques, manutenção de trilhas, entre outras ações; e (iii)

Gestão e produção de conhecimento – sistematização

contínua de dados, a produção de minutas de manuais de procedimentos de uso público e a elaboração de ferramentas de avaliação e monitoramento como o diagnóstico de uso público.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 74

Resultados A presença de equipes específicas e capacitadas na coordenação das atividades de uso público nas UCs, em sincronia com as equipes gestoras e equipes executoras (no caso, composta pelos guarda-parques) promove uma grande diferença, seja nas atividades de rotina, como atendimento e orientação aos visitantes ou no estabelecimento de números confiáveis de visitação, como no planejamento e execução de atividades pontuais, que demandam parcerias e intensos

Figura 01. Estimativa de visitantes nas UCs estaduais em 2012*.

contatos com conselhos, instituições de ensino e parceiros. Na parte das ações, os resultados foram bastante promissores, principalmente quando se compara com o período onde não haviam equipes específicas de uso público, situação recorrente em grande parte das UCs. Os resultados podem ser vistos nas tabelas abaixo e fazem parte do Diagnóstico do Uso Público das Unidades de Conservação do Rio de Janeiro, 2013 (Relatório interno)*. As tabelas estão colocadas de modo que possa ser feita uma comparação entre as ações em 2012 e 2013.

Figura 02. Estimativa de visitantes para as UCs em 2013*.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 75

Figuras 03 e 04. Número de instituições de ensino a alunos por nível de ensino que visitaram as UCs no ano de 2013*.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 76

Figura 05. Tipo e número de eventos realizados para a comunidade com a

Figura 06. Número de participantes nos eventos realizados/participados por

participação e/ou organização das UCs, com a presença de uma equipe exclusiva

cada UC com equipe de uso público (2013) e sem a presença de equipe específica

para atividades de uso público (2013) e sem equipe de uso público (2012)*.

(2012)*.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 77

Figura 07. Quantidade de trilhas identificadas e diagnosticadas em cada

Figura 09. Número de peças de comunicação relacionadas ao uso público

unidade de conservação*.

publicadas a cada mês ao longo do Projeto, no período de novembro de 2012 a outubro de 2013*.

Figura 08. Número de peças de comunicação relacionadas ao uso público de cada UC publicadas ao longo do Projeto (Geral: refere-se às matérias sobre uso público que aborda mais de uma UC ou o sistema de UCs)*.


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 78

Figura 10. Lista com as principais características dos

Com toda esta informação organizada e disponível, é

formulários que compõem o Banco de Dados de Uso Público

possível alcançar uma maior eficiência na capacidade de

Visitação das Unidades de Conservação do Estado do Rio de

(2013).

realizar análises e planejamentos de forma rápida e objetiva,

Janeiro

como a definição de metas que compõe o planejamento

estratégico de uso público, realizado também durante este

Unidades de Conservação: Atividades de Uso Público

projeto. Desta forma os dados levantados são transformados

em conhecimento e subsidiam todas as ações, orientadas

Unidades de Conservação

diretamente ao alcance das metas propostas, contribuindo

assim para a estruturação de uma sólida política de uso

Conservação

público.

Formulário

Abas Ficha da UC

Ficha da UC

Estradas de acesso Transporte Coletivo Atividades existentes e permitidas Atividades existentes e não permitidas

Atividades e Atrativos

Atividades Potenciais Atividades Operacionais Atores de Uso Público Pesquisas Cadastro das instituições

Instituições de ensino

Atividades Instituições de ensino

Eventos

Cadastro de eventos

Comunicação

Materiais de comunicação

Prestadores de Serviço

Prestadores de Serviço

Infraestrutura

Infraestruturas existentes

Trilhas

Diagnóstico de Trilhas

Prestadores Potenciais

Colunas Linhas

33 9 5 32 15 13 7 10 11 14 22 16 13 39 16 18 148

12 69 117 998 398 189 98 160 298 1182 96 546 311 697 16 154 142

• Manual Proposta Metodológica para Estimativa de

• Manual para a Documentação Fotográfica de • Manual de Práticas e Manejo de Trilhas em • Manual de Observação de Aves em Unidades de • Manual do Programa Estadual de Guias de Turismo

e Condutores de Visitantes em Unidades de Conservação Com objetivos de que todos os procedimentos fossem

incorporados pelo órgão ambiental, produziram-se

Unidade de Conservação

uma série de manuais, que juntos foram denominados

temporariamente como Série Fortalecimento do Uso Público e

do GPS em campo

entregues como minutas:

• Manual de para a Utilização do Banco de Dados de

Uso Público

• Manual de Procedimentos e Operações de Uso

Público em Unidades de Conservação Estaduais

• Glossário: Temas e Termos de Uso Público em • Apostila do curso básico de GPS e instruções de uso


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 79

Conclusões A gestão do uso público no Inea segue uma curva de crescimento ascendente, a execução deste primeiro Projeto cria uma linha de base para o planejamento, a melhoria no conhecimento e o início ou a continuidade de inúmeras ações que deverão ser incorporadas pela gestão, não esquecendo que o monitoramento deve ser constante para que possam ser identificados problemas e facilmente corrigidos. As ações deste Projeto não almejaram aplicar uma metodologia de gestão pronta ou uma receita plenamente adequada à realidade de cada uma das UCs, a proposta está orientada para a discussão propositiva sobre as melhores estratégias para a gestão do uso público, por isso o investimento em tantas ações-piloto, metodologias ou ferramentas. É importante ressaltar uma situação de aumento considerável na gestão do uso público para as unidades de conservação estaduais. Em termos gerais a melhora desta qualidade está diretamente relacionada com a presença de equipes específicas de uso público nos parques,

desenvolvendo uma gestão orientada para resultados, de

organizacionais para o gerenciamento do uso público (um

acordo com o planejamento estratégico elaborado para cada

setor de uso público), como vêm sendo mostrado em outros

uma das UCs. Além disso, deve-se levar em consideração

órgãos ambientais no Brasil e no mundo. Passa também

o aproveitamento do corpo de guardas-parque para as

pela apropriação das ferramentas mais úteis e mais simples

atividades do uso público, como já ocorre em algumas UCs

produzidas nas diversas consultorias e projetos, através das

em 2013, onde pequenos e especializados grupos já fazem a

equipes fixas do órgão. Desta maneira se torna mais fácil dar

diferença na constante melhora do uso público para as UCs

continuidade às ações iniciadas.

estaduais.

Nas pontas (nas UCs) é imprescindível a capacitação,

Uma boa gestão é aquela que alcança resultados,

orientação clara (definição de metas, prazos, responsáveis),

independentemente de meritórios esforços e intenções.

acordado com os gestores e finalmente as equipes

E, alcançar resultados, no setor público, é atender

executoras permanentes, como o caso dos guardas- parque

às demandas, aos interesses e às expectativas dos

com funções bem definidas, como no caso de equipes

beneficiários, criando valor público. Neste caso específico,

responsáveis pelo uso público.

tentando também provocar uma demanda que é a

A experiência piloto organizada pelo Inea com este projeto,

valorização do nosso patrimônio natural, com todos as

mostrou que é possível, com poucos recursos e em pouco

questões associadas.

tempo, elevar a capacidade de gestão do uso público.

O sucesso e continuidade das ações protagonizadas e iniciadas por um projeto como este, passam pela apropriação do conhecimento e obviamente a continuidade dentro do próprio órgão ambiental orientado aos resultados. Para que isso ocorra, é necessário que se criem estruturas


II Encontro Científico do Parque Estadual da Serra da Tiririca | 80

Agradecimentos Ao André Ilha (Ex- Diretor), Patrícia Figueiredo e Manuela Tambellini que conceberam, coordenaram e apostaram em tão diferente ideia, que já está colhendo os seus primeiros frutos. Aos gestores de unidades de conservação e demais equipes gestoras, principalmente os acreditaram nesta estrutura para fortalecer as ações de suas Unidades de Conservação. Finalmente e não menos importante às equipes de campo do ITPA, que formaram o maior projeto de uso público do país até a atualidade e realizaram este trabalho do início ao fim com o mesmo compromisso.



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