Clarina specimen

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Uma família tipográfica inspirada nos primeiros impressos da Impressão Régia no Brasil



clarina typeface

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O ‘novo’ é apenas uma forma transformada do passado, enriquecida na continuidade do processo, ou novamente revelada, de um repertório latente. Na verdade, os elementos são sempre os mesmos: apenas a visão pode ser enriquecida por novas incidências de luz nas diversas faces do mesmo cristal. — Aloisio Magalhães

A clarina foi resultado do trabalho de conclusão de curso desenvolvido no departamento de Desenho Industrial da Universidade de Brasília durante o ano de 2011.


capitular small caps

altura x

linha de base

†clarina 200/240 pt


ascendente

descendente


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tiago ferreira

Saiba pois o Mundo, e a posteridade, que no anno de 1808, da era Christaã, mandou o Governo Portuguez, no Brazil, buscar a Inglaterra uma Impressão, com os seus apendiculos necessários; e a remessa que daqui se lhe fez importou em Cem Libras esterlinas!!! Com tudo dizse, que se augmentará este estabelicimento, tanto mais necessário, quanto o Governo ali, nem pode imprimir as suas Ordens para lhes dar suíficiente publicidade. Tarde; degraçadamente tarde: mas em fim apparecem typos no Brazil; e eu de todo o meu Coração dou os parabéns aos meus compatriotas Brazílienses. >> Correio Braziliense nº 005 / Outubro de 1808 / página 394

† clarina 17/24 pt


clarina typeface

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O Brasil demora a conhecer a imprensa, por causa da censura e da proibição de tipografias na colônia, impostas pela Coroa Portuguesa. Somente em 1808 é que surgem, quase simultaneamente, os dois primeiros jornais brasileiros: o Correio Braziliense, editado e impresso em Londres pelo exilado Hipólito da Costa; e a Gazeta do Rio de Janeiro, publicação oficial editada pela Imprensa Régia instalada no Rio de Janeiro com a transferência da Corte portuguesa. † clarina 12/14 pt

A história da imprensa no Brasil tem seu início em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, sendo até então proibida toda e qualquer atividade de imprensa — fosse a publicação de jornais, livros ou panfletos. Esta era uma peculiaridade da América Portuguesa, pois, nas demais colônias européias no continente, a imprensa se fazia presente desde o século xvi. † clarina 11/12 pt

A Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal publicado em território nacional, começa a circular em 10 de setembro de 1808, impressa em máquinas trazidas da Inglaterra. Órgão oficial do governo português, que se tinha refugiado na colônia americana, evidentemente o jornal só publicava notícias favoráveis ao governo. † clarina 8/10,5 pt

Tudo o que se publicava na Imprensa Régia era submetido a uma comissão formada por três pessoas, destinada a “fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os bons costumes”. A proibição à imprensa e a censura prévia encontravam justificativa no fato de que a regra geral da imprensa de então não era o que se conhece hoje como noticiário, e sim como doutrinário, capaz de “pesar na opinião pública”, como pretendia o Correio Braziliense, e difundir suas idéias entre os formadores de opinião — propaganda ideológica, afinal.

† clarina 6/7 pt


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tiago ferreira

A Clarina é uma fonte para texto, de arquétipo transicional, fazendo uma suave referência à herança caligráfica, mas sem perder de vista a construção matemática.


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O casamento dessa sutileza ainda remanescente da caligrafia com a cuidadosa composição geométrica cria uma personalidade simpática quando usada em corpos grandes.


S

aiba pois o Mundo, e a posteridade, que no anno de 1808, da era Christaã, mandou o Governo Portuguez, no Brazil, buscar a Inglaterra uma Impressão, com os seus apendiculos necessários; e a remessa que daqui se lhe fez importou em Cem Libras esterlinas!!! Com tudo dizse, que se augmentará este estabelicimento, tanto mais necessário, quanto o Governo ali, nem pode imprimir as suas Ordens para lhes dar suíficiente publicidade. Tarde; degraçadamente tarde: mas em fim apparecem typos no Brazil; e eu de todo o meu Coração dou os parabéns aos meus compatriotas Brazílienses.

_clarina typeface_ uma fonte transicional inspirada nos primeiros impressos da impressão régia no Brasil

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O

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz àáâãäçèéêëìíîïñòóôõöùúûüýÿ ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ ÀÁÂÃÄÇÈÉÊËÌÍÎÏÑÒÓÔÕÖÙÚÛÜÝŸ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz àáâãäçèéêëìíîïñòóôõöùúûüýÿ fiflffiæœ æœÆŒ 12345678901234567890ºª¹²³° {[(!?¡¿ø @#$€£¥ ¢%&*+-=÷/\|#†‡.,:;“”‘’"')]}

brasil demora a conhecer a imprensa, por causa da censura e da proibição de tipografias na colônia, impostas pela Coroa Portuguesa. Somente em 1808 é que surgem, quase simultaneamente, os dois primeiros jornais brasileiros: o Correio Braziliense, editado e impresso em Londres pelo exilado Hipólito da Costa; e a Gazeta do Rio de Janeiro, publicação oficial editada pela Imprensa Régia instalada no Rio de Janeiro com a transferência da Corte portuguesa.

Tudo o que se publicava na Imprensa Régia era submetido a uma comissão formada por três pessoas, destinada a “fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os bons costumes”. A proibição à imprensa e a censura prévia encontravam justificativa no fato de que a regra geral da imprensa de então não era o que se conhece hoje como noticiário, e sim como doutrinário, capaz de “pesar na opinião pública”, como pretendia o Correio Braziliense, e difundir suas idéias entre os formadores de opinião — propaganda ideológica, afinal.

A história da imprensa no Brasil tem seu início em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, sendo até então proibida toda e qualquer atividade de imprensa.

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tiago ferreira

Opentype Small Caps

Para evitar que as capitulares se destaquem muito na massa de texto, a família possui o recurso opentype small caps. Esse recurso também fornece mais uma opção de hierarquia para compor títulos ou cabeçalhos.

Clarina Small Caps escalada até a altura capitular Clarina Regular


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A Gazeta do Rio de Janeiro, fundada em 10 de setembro de 1808, foi o primeiro jornal impresso no Brasil, nas máquinas da Imprensa Régia, no Rio de Janeiro. Seu lançamento marca o início da imprensa no país. † clarina smallcaps 16/18 pt

Publicado duas vezes por semana, era um jornal oficial e consistia, basicamente, de comunicados do governo. Seu editor era o Frei Tibúrcio José da Rocha. Também publicava informes sobre a política internacional, em especial, à realidade européia diante dos conflitos napoleônicos.

A partir de 29 de dezembro de 1821 passou a se denominar simplesmente Gazeta do Rio. Com a independência, a Gazeta deixou de circular. Com seu fim, foi sucedido pelo Diário Fluminense, de Pedro I e o Diário do Governo, de Pedro II, como órgãos oficiais de imprensa. Seu conteúdo era restrito aos interesses da Coroa, e voltado para a vida cortesã. A parcialidade patenteava-se, por exemplo, no tratamento pró-inglês ao falar das guerras napoleônicas.

† clarina smallcaps 11/11,5 pt

† clarina smallcaps 8/9,5 pt


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tiago ferreira

Sistema de números A Clarina possui quatro tipos de numerais que se adequam às principais necessidades da composição de textos. Os algarismos podem ser classificados em de texto ou de título, e em proporcionais ou tabulares.

Numerais de texto (old style)

Numerais de texto (old style)

No dia 29 do 11 de 1907 a corte portuguesa embarcou com cerca de 15.000 pessoas, 2 prelos e 28 caixas de tipos. Após 54 dias, chegaram ao Rio do dia 22 do 1 de 1808.

300g de polvilho azedo; 500g de fécula de mandioca ou polvilho doce; 25g de sal; 30g de manteiga;

Numerais de título (lining)

Numerais de título (lining)

No dia 29 do 11 de 1907 a corte portuguesa embarcou com cerca de 15.000 pessoas, 2 prelos e 28 caixas de tipos. Após 54 dias, chegaram ao Rio do dia 22 do 1 de 1808.

300g de polvilho azedo; 500g de fécula de mandioca ou polvilho doce; 25g de sal; 30g de manteiga;

Numerais proporcionais

Numerais tabulares

R$ 235,00

R$ 235,00

£ 83,27

£ 83,27

¥ 10.171,65

¥ 10.171,65

€ 96,11

€ 96,93

† clarina 7/9,5 pt


clarina typeface

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Numerais proporcionais

1234567890 1234567890 Numerais tabulares

1234567890 1234567890 †clarina 41/42 pt


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tiago ferreira

Visão geral Caracteres alternativos

QQ Diacríticos

àáâãäçè éêëìíîïñò óôõöùú ûüýÿł Stylistic set

Pontuação

{[(&#%*–“”,:; ‘’/†‡•@¡!¿?)]} Moedas

¢£¥$€ Para simular o processo dos impressores de 1808, foi criado um stylistic set que troca a acentuação básica do português por letras menores. Por exemplo: a letra “j” serve como til, e a letra “s” é usada como cedilha.


clarina typeface

Character set abcdefghijklmnopqrstuvwxyz àáâãäçèéêëìíîïñòóôõöùúûüýÿ ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ ÀÁÂÃÄÇÈÉÊËÌÍÎÏÑÒÓÔÕÖÙÚÛÜÝŸ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz àáâãäçèéêëìíîïñòóôõöùúûüýÿ fiflffiæœ æœÆŒ 12345678901234567890ºª¹²³° {[(!?¡¿ø@#$€£¥¢%&*+-=÷/\|#†‡.,:;“”‘’”’)]}

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tiago ferreira

Pesos futuros Outros pesos estão em desenvolvimento para aumentar o arsenal tipográfico do designer que estiver usando a Clarina. Os pesos romanos serão interpolados entre o desenho light e black. O contraste também será interpolado para a criação de versões display. O itálico ainda está em estudo.

abcdefghijklmnopqrstuv wxyzabcdefghijklmnop qrstuvwxyzabcdefghijkl mnopqrstuvwxyzabcde fghijklmnopqrstuvwxy zabcdefghijklmnopqrst uvwxyzabcdefghijklmn opqrstuvwxyzabcdefgh ijklmnopqrstuvwxyza bcdefghijklmnopqrstu vwxyzabcdefghijklmn


{

cólofon este specimen foi projetado e impresso em dezembro de 2011, como parte do projeto de conclusão de curso de Desenho Industrial na Universidade de Brasília. O formato aberto é 27x20 cm. para mais informações sobre o projeto, entre em contato com tiago.ferreiraa@gmail.com

}



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