EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE

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ATUAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NA APLICAÇÃO DO PROGRAMA PRESSE NO 1.º CICLO (AÇÃO DE FORMAÇÃO N.º F1J)

Formadora: Sandra Maria Martins Duarte Mendes Formandas: Cláudia Maria da Silva Mouta da Cunha Coelho Helena Maria Baptista Barbosa Gomes Silva Maria Isabel da Rocha Martins

2/novembro/2011


SUMÁRIO Introdução  Relações Interpessoais: A Importância da Assertividade e da Autoestima  Assertividade  Não-Assertividade  Autoconceito e Autoestima  Proposta de Atividades - Problemas e Soluções  Planificações das Atividades  Referências Bibliográficas 


EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE 

Processo através do qual crianças e jovens adquirem informação adequada à sua faixa etária, cientificamente correta, realista e imparcial, e formam atitudes e valores sobre sexo, identidade sexual, relações interpessoais e intimidade. Implica o desenvolvimento de competências para que façam escolhas mais informadas sobre o seu comportamento e se sintam confiantes e competentes para atuar de acordo com essas escolhas. Principais objetivos:  reduzir o risco de potenciais consequências negativas do comportamento sexual e  contribuir para que as crianças e jovens vivenciem positivamente a sua sexualidade,  melhorando a qualidade das suas relações e a sua capacidade para tomar decisões informadas ao longo da vida. (UNESCO, 2009; http://www.avert.org/sex-education.htm).


É necessário proporcionar oportunidades para que desenvolvam competências e não apenas esperar que atuem com base em informação que adquirem em meio escolar e à qual também estão frequentemente expostos de forma explícita através da Internet ou dos media (UNESCO, 2009). Estas competências estão muito interligadas a competências mais gerais para enfrentar a vida.

 Ser capaz de comunicar, ouvir, negociar com os outros, pedir e identificar fontes de ajuda ou aconselhamento são competências de vida que se podem aplicar às relações interpessoais e de intimidade. (Unesco, 2009; http://www.avert.org/sex-education.htm).


PORTUGAL 

Lei n.º 60/2009:  Estabelece o regime de aplicação da Educação Sexual em meio escolar, integrando-a no âmbito da educação para a saúde Portaria n.º 196-A/2010:  Estabelece os objetivos mínimos que devem contemplar conteúdos específicos a abordar nas áreas disciplinares ou nas áreas curriculares não disciplinares  Esses conteúdos podem agrupar-se em três áreas temáticas fundamentais: Conhecimento e Valorização do corpo; Identidade Sexual e Papel de Género; e Relações Interpessoais


RELAÇÕES INTERPESSOAIS: A IMPORTÂNCIA DA ASSERTIVIDADE E DA AUTOESTIMA 

Ser assertivo é a capacidade de se autoafirmar e expressar e defender os próprios direitos, sem se deixar manipular e sem manipular o outro, tentando chegar a um acordo mutuamente vantajoso.

A assertividade é fundamental para o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis e é considerada como uma aptidão que pode ser aprendida, através do treino sistemático e estruturado.


Pode ser comprometida por diversos fatores:  o indivíduo pode não ter tido acesso a modelos assertivos adequados;  tendo aprendido a ser assertivo e como fazê-lo, pode ainda assim não o fazer, por influência de processos cognitivos. Os direitos assertivos são:  um conjunto de direitos que permitem a cada indivíduo ser ele próprio, agir e expressar-se como ele próprio, perante os outros, sem distinções de cor, sexo, idade ou estatuto social;  ao mesmo tempo, pressupõem a aceitação de que, se identifica esses direitos como seus, tem também de concordar que os outros os reclamem para si. (Sousa, 2010)


DIREITOS ASSERTIVOS  

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O direito a ser tratado com respeito e dignidade. O direito a ter e expressar sentimentos e opiniões próprias. O direito a ser escutado e levado a sério. O direito a julgar necessidades, estabelecer prioridades e tomar as próprias decisões. O direito a dizer “NÃO” sem sentir culpa. O direito a pedir o que se quer, consciente de que também o interlocutor tem direito a dizer “não”. O direito de mudar. O direito de cometer erros. O direito de pedir informação e de ser informado. O direito a obter aquilo que se pagou. O direito a decidir não ser assertivo. O direito a ser independente. O direito a decidir o que fazer com os bens, corpo, tempo, etc., desde que não viole os direitos dos outros. O direito a ter êxito. O direito a gozar e a desfrutar. O direito ao descanso, isolamento, sendo assertivo. O direito a superar-se, ainda que superando os outros. (Sousa, 2010)


NÃO-ASSERTIVIDADE 

Formas de comunicação não-assertivas:

Passividade A pessoa passiva  assume comportamentos de submissão, e aceitação total da opinião e poder do outro sobre si próprio, os próprios direitos, pensamentos e sentimentos;  não expressa os seus direitos ou opiniões, não luta por fazê-los valer;  é facilmente dissuadida e faz na maioria das vezes não o que julga como correto e apropriado mas o que outrem lhe afirma como tal;

 A autoestima, o autorrespeito e a autoconfiança são progressivamente destruídos, em relações desgastantes, frustrantes e não gratificantes (Vagos, 2006).


Agressividade A pessoa agressiva  assume uma atitude de superioridade, impondo as suas ideias, opiniões, desejos, …,  despreza os direitos e os sentimentos dos outros;  objetivo principal: ganhar sobre os outros, de dominar e de forçar os outros a perder;  muitas vezes ganha, humilhando e controlando os outros, de tal modo que não lhes dá a possibilidade de se defenderem.  As pessoas que adotam este estilo não conseguem estabelecer relações íntimas e de segurança. (Fachada, citada por Sousa, 2010)

Manipulação A pessoa manipuladora  considera-se hábil nas relações interpessoais, apresentando discursos diferentes consoante os interlocutores a quem se dirige.  tal como o agressivo, pretende obter benefícios para si próprio, mas consegue-o de forma dissimulada, desonesta, não revelando as suas verdadeiras intenções e o seu verdadeiro ser.  A única forma de obter algum poder é usando e maximizando as falhas de outros mais frágeis ou sensíveis em seu benefício pessoal, o que acabará por levar, na maioria dos casos, à cessação dessas relações. (Fachada, citada por Sousa, 2010; Vagos, 2006).


AUTOCONCEITO E AUTOESTIMA 

Autoconceito é a perceção que o indivíduo tem de si, é o que cada um pensa e conhece de si. É, também, a capacidade que cada pessoa tem de se descrever a si própria, capacidade esta que evolui com a idade.

(Sousa, 2010, referindo Fachada)

Autoestima tem a ver com os aspetos avaliativos que um indivíduo elabora a seu próprio respeito (Sousa, 2010).

Inclui:

 a avaliação que cada um faz de si e que revela uma atitude de aprovação ou desaprovação do ‘eu’;  as crenças sobre o seu valor e competência;  a avaliação que faz da sua competência em áreas valorizadas tanto pelos outros como por si. 

Esta dimensão está, de certo modo, relacionada com o autoconceito, porque a desvalorização deste contribui para uma autoestima desfavorável ou negativa (Fachada, referida por Sousa, 2010).


As relações interpessoais são diretamente influenciadas pela avaliação que o indivíduo faz de si:  Só quem possui uma autoestima elevada, quem se aprecia e valoriza a si mesmo, poderá relacionar-se com os outros no mesmo plano, reconhecendo aqueles que são melhores em determinada competência, mas não se sentindo inferior nem superior a ninguém” (Sousa, 2010, p. 75, referindo Castanyer).

 Um indivíduo com uma boa autoestima estará menos sujeito a pressões dos pares e desse modo a probabilidade de se envolver em atividades de risco, incluindo no campo da sexualidade, será menor. (Sousa, 2010).


Por outro lado,  “pessoas que têm uma baixa autoestima têm pensamentos negativos sobre si próprios, têm mais dificuldade de relacionamento em contextos sociais, laborais e sexuais. (ibidem, p. 76).  Uma baixa autoestima é considerada como preditora de diversos problemas de saúde, incluindo abuso de substâncias psicoativas, precocidade no início das relações sexuais, desordens alimentares…


PROPOSTA DE ATIVIDADES PROBLEMAS E SOLUÇÕES 

As atividades propostas focam:  o desenvolvimento de competências sociais de integração e relacionamento positivo com os outros;  o desenvolvimento de competências de resolução de conflitos. Procuram ajudar as crianças a exprimir os seus sentimentos e a compreender as suas experiências. Propomos uma sondagem (anónima) para que reflitam sobre as suas experiências sociais, ajudando-as a perceber o que constitui comportamento antissocial/abusivo para que consigam travá-lo ou pedir ajuda a um adulto.


Organizar a informação da sondagem, embora seja uma tarefa matemática simples, pode também ajudar as crianças a perceber que, se experienciam bullying, não estão sozinhas e que a culpa não é sua. Se as crianças verificam pelos dados que estão entre os agressores/manipuladores/provocadores, uma intervenção precoce pode ajudá-las a melhorar o seu comportamento. Crianças que ficam a ver (espetadores passivos) também se debatem sobre o que fazer quando presenciam atos de bullying. À medida que registam os dados da sondagem e se tornam mais capazes de identificar o problema, também se envolvem mais na definição de um plano de ação para a turma. (http://www.tolerance.org/activity/bullying-survey).


Esse compromisso pode sair clarificado e reforçado com atividades de role play.  Dramatizando situações de conflito, a criança desenvolve o domínio da comunicação com o outro: habitua-se a ver e a ser vista, a ouvir e a responder, a compreender e a ser compreendida e alcança uma relação com a realidade e com os outros. (Cardoso, N., 2009).

Através da hétero-atribuição de elogios, que propomos com a atividade “Dizer bem nas costas”, pretendemos que a avaliação que cada criança faz de si pelos olhos dos outros, ao mesmo tempo que reconhece qualidades nos outros, contribua para o desenvolvimento de uma autoestima positiva e favorável. (Sousa, 2010)


PLANIFICAÇÕES DAS ATIVIDADES atividadesPRESSE.pptx


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INCM (2009). Lei n.º 60/2009, Diário da República, 1.ª série — N.º 151 — 6 de Agosto de 2009 (pp. 5097, 5098). Recuperado da World Wide Web em 5 de outubro: dre.pt/pdf1s/2009/08/15100/0509705098.pdf INCM (2010). Portaria n.º 196-A/2010, Diário da República, 1.ª série — N.º 69 — 9 de Abril de 2010 (pp. 1170 (2)-(4)). Recuperado da World Wide Web em 5 de outubro: http://juventude.gov.pt/Legislacao/Dgocuments/Portaria%20n.%C2%BA%20196-A_2010.pdf Sousa, S. (2010). PRESSE: Guião de formação de professores. Porto: ARS NORTE, I.P. e Departamento de Saúde Pública. (documento fornecido pela formadora) UNESCO (2009). International Technical Guidance on Sexuality Education - An evidence-informed approach for schools, teachers and health educators: Topics and learning objectives, Volume II. França: autor. Recuperado da World Wide Web em 15 de outubro de 2011: unesdoc.unesco.org/images/0018/001832/183281e.pdf Vagos, P. (2006). Assertividade e comportamento assertivo: a gestão do Eu, Tu, Nós. Aveiro: Departamento de Ciências da Educação, Universidade de Aveiro. Acedido em 5 de outubro de 2011: http://pt.scribd.com/doc/58294833/assertividade-Paula-Vagos Atividades adaptadas de: http://www.tolerance.org/activity/bullying-survey, acedido em 26 de setembro de 2011. Sousa, S. (2011). PRESSE: Caderno de Actividades para Alunos 1.º Ciclo (relações interpessoais). Porto: ARS NORTE, I.P. e Departamento de Saúde Pública. (documento fornecido pela formadora)


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