GALERIA DE ARTE
Visitação - de 19.08 a 18.09.2016 de terça a domingo - das 09h às 18h Informações: 31 3241.7186
Galeria de Arte - Centro Cultural Sesiminas Rua Padre Marinho, 60 - Santa Efigênia
Sensual marginalidade (por Álvaro Hadad)
Há duas figuras recorrentes na pintura de Tatiana Cavinato: não propriamente um casal, mas um homem e uma mulher. Uma mulher na maior parte das vezes nua, ou semi-nua, frequentemente estendida, frequentemente amordaçada, que um homem de sorriso perverso espia e abraça. Pode ser o Sol esse homem, entrando pelo telhado arrancado da casa, pode não ser visível na tela, como na cena em que uma índia punk vestida com lingerie futurista fuma em meio à mata escura. É esse perigo que ela aguarda para caminhar de mãos dadas em direção à floresta em chamas, em direção ao escorpião do desejo. Certamente ambígua a situação dessa mulher (e ambiguidade talvez seja uma boa palavra para descrever essas obras). Se se disser que ela é simplesmente o objeto inerte das investidas animalescas de um macaco de bagos vermelhos, de um lobo em pele de cordeiro, uma parte importante da sua sexualidade será negligenciada. Há sempre um convite oblíquo nos seus olhares e nas suas perninhas cruzadas, e talvez todo o mundo ao redor, derretendo em cores fortes, atravessado por palavras ou frases soltas, seja apenas a ambientação de seu sonho erótico. Sonho erótico, ou viagem de ayahuasca. Espaço em que diversas marginalidades se encontram. Nesses quadros, a estética dos hippies e dos malucos dos Centros de Convivência e dos CERSAMs se transforma em pintura, e por isso não se imagina nenhum deles enfeitando a sala de jantar de uma madame que gosta de arte. É preciso conhecer os demônios que vem botar fogo nas noites da babilônia, mamar o leite alcoólico da loba, iniciar-se na linguagem gestual ocultista para apreciar a perturbadora beleza que essas obras carregam. Obras em que, apesar das inúmeras referências, pode-se reconhecer sempre a assinatura do traço da autora. Obras em que, finalmente, nenhum amarelo é feliz.
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