LIVRO DE GENTE GRANDE: "MAGALU A TERCEIRA MARGEM DO RIO"

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Magalu: “A Terceira Margem do Rio” Texto que deu origem em 2017 ao Grupo “Terceira Margem do Rio”


Como um intruso, claro que fazendo de conta que nem prestava a atenção, fiquei no meu canto ouvindo as falas e os cantos de uma apresentação que envolveu Milton Nascimento e Caetano Veloso. Oque cantavam não era novidade, mas suas falas me prendiam cada vez mais e também me encantavam, pois aquela conversa fazia uma espécie de tradução para outra língua quanto as ‘coisas’ que envolveram a canção “A Terceira Margem do Rio”. Eu, ainda quietinho em meu canto, atento a gravação em Dvd, ouvi os autores da desta obra prima falarem da outra “A terceira Margem do Rio” que se trata de uma das estórias de Guimarães Rosa. Então a minha imaginação foi mais longe ainda, ou melhor, foi para o outro lado do rio. Qual rio? Fui para o outro lado do rio Camanducaia que corta a minha cidade em duas fatias, sendo uma mais próxima do sul de Minas e a outra ‘virada’ pro lado de ‘sum paulu’ como dizem os mineiros. E esta ‘salada’ com um misto de mineirice baiana sob foco paulista provocou reflexões e interpretações sobre as palavras que em determinado momento são cantadas: “Meio a meio o rio ri por entre as árvores da vida O rio riu, ri por sob a risca da canoa O rio viu, vi e ninguém jamais ouviu O rio, ouviu, ouvi a voz das águas Asa da palavra, asa parada agora Casa da palavra, onde o silêncio mora”


A terceira margem do rio é o retrato simbólico do inconsciente, do que não está escrito, do que não é visto pelos olhos comuns. A terceira margem é algo que está além do conhecido ou da sabedoria convencional. Os rios têm as suas duas margens, assim como o ‘rio bucal’ com suas margens delineadas pelos lábios humanos. Mas ao se mergulhar no oculto e tentando interpretar o que está sob as águas do consciente é possível tomar consciência da ‘terceira margem do rio’ que nos permite dar passos para a nossa evolução pessoal e social. No trato cotidiano isto me faz voltar a uma cena recente na qual uma mulher, em plena calçada do centro da cidade, com seu celular colado na orelha dizia, para um provável parceiro ou marido, em voz alta: -“É…na hora que eu preciso de dinheiro você não atende o celular, né! Você vai ver quando quiser suas coisas, não vou atender também e pronto!” Pelo tom da fala creio que a mulher desligou seu celular já que não tive a oportunidade de conferir e nem era de meu interesse, embora um pouco curioso, em saber o próximo ato daquela conversa fiada e sem sentido para ser colocada a público. Mas e a terceira margem? É verdade! Mas a terceira margem da qual estamos tratando aquela senhora ainda não tomou conhecimento de seus significados e implicações. A terceira margem justamente


está explicita naquela conversa do celular com uma fala que expõe conteúdos privados das pessoas para o pleno conhecimento, coloridas interpretações e julgamentos pelo público ouvinte. Quer outro exemplo? Então imagine eu ‘curtindo’ uma fila de espera de uma casa lotérica na qual uma moça falava, em tom alto, ao celular com sua amiga e dizendo algo como: -“Faça como eu estou dizendo. Você vai na ‘psicólica’ (é psicólica mesmo) e ela é preparada para te ajudar… Faça isto e para de perder tempo. Vá na ‘psicólica’ e você vai ver que ela vai dizer exatamente o que eu disse pra você”. Chegou a minha vez de ser atendido no caixa e perdi as prováveis falas seguintes que me causaram novamente certos interesses ou curiosidades. “Psicólica” deve ser na realidade daquela moça a psicóloga, ou seria uma psicóloga com cólica? E afirmar que a profissional vai dizer exatamente o que a amiga disse então pode ser interpretado como: “Pra que ir na tal ‘psicólica’ se já ouvi de minha amiga o mesmo que ela vai me dizer?” Bem, enfim eis mais um retrato da perda de consciência do cuidado e valor das palavras tal como Milton e Caetano cantam: “Margem da palavra entre as escuras duas Margens da palavra, clareira, luz madura”. Cada vez é mais frequente nos depararmos com tais cenas de imaturidade nas conversas, seja com ou sem celulares, onde a exposição de ‘coisas’ privadas passam pelas duas margens dos lábios e propalam sentimentos íntimos, falta de


respeito para consigo próprio, perda da noção de limites entre o eu e o outro (ouvinte) e gerando inúmeros elementos para a epidemia da fofoca que é institucionalizada culturalmente entre nós; afinal até tem alguém na TV que fatura alto com um slogan bem pertinente a esta questão, quando diz: -“Eu aumento, mas não invento”! Então voltamos para a canção que repete: “O rio riu, ri por sob a risca da canoa O rio viu, vi e ninguém jamais ouviu O rio, ouviu, ouvi a voz das águas” Mas esta composição é complicada e de difícil entendimento para os celulares que circulam nas filas das caixas lotéricas. É também natural a dificuldade de interpretação e de reflexão provocadas pela canção com origem na ‘terceira margem’ de Guimarães Rosa. O mesmo ocorre quando a pessoa tem como estrutura mental somente as duas margens que circundam seus lábios e seus discursos em uma calçada do centro comercial da cidade, passando dos limites e em alguns casos tornando-se boçalidades e nada mais. Mas a ‘terceira margem do rio’ tem um nome e ações que vão muito além das palavras e discursos banais!


A terceira margem tem uma vivência repleta de flores e frutos que podem ser conferidos diariamente em qualquer das margens do Rio Camanducaia. A terceira margem do rio é na realidade um excepcional ex-atleta de futebol, bancário aposentado, idealista atestado, um ex-vereador com irreparável dignidade, um cidadão comum sem mestrados ou doutorados, porém um mestre nas coisas que vão além das duas margens do Rio Camanducaia. Magalu, apelido de Walter Luiz Martins, que a nossa ‘terceira margem do rio’, pois há mais de quatro décadas, tem com incansável empenho semeado milhares árvores frutíferas e floríferas não somente nas margens do Camanducaia, como também em outras áreas da cidade e até em outros estados tais como em Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. Tudo feito com dedicação, entusiasmo e sob efeitos de um vigor voluntário; sem qualquer remuneração ou troca. Pena que alguns garotos que um dia vi atirando pedras em uma mangueira não saibam do esforço, da dedicação e principalmente do conhecimento que é determinante para estas ações. Pena que alguns gestores banais não tenham ainda valorizado o potencial voluntário que esta ‘terceira margem do rio’ tem a prestar como serviços a favor da natureza.


Magalu não planta somente nas margens do rio, planta também ideias e projetos que lamentavelmente muitos políticos surdos não conseguem ouvi-lo; tal como exemplo a proposta feita há mais de seis anos no que refere a captação de água acima de uma empresa que é suspeita de gerar poluição das águas. Pode ser mera coincidência, mas cheguei a pensar que Caetano Veloso se referia a este ‘menino do rio’ quando cantou a estrofe: “Menino vadio Tensão flutuante do Rio Eu canto prá Deus Proteger-te…” Sim, mera coincidência, mas muito pertinente esta sagrada intenção musical já que o cidadão Magalu é a nossa ‘terceira margem do rio’ sem qualquer dúvida. Quando ele caminha pelas beiradas do rio note que em suas mãos tem sementes novas para nutrir esta cidade. Quando você estiver caminhando pelas marginais ou colhendo algumas mangas, amoras, flores, mudas para replantar e até tomando uma sombrinha fresca sob o canto das águas do Rio Camanducaia, agradeça. Agradeça sim, mesmo que silenciosamente este ‘menino do rio’ que é como declararam Milton Nascimento, Caetano Veloso e Guimarães Rosa: a terceira margem do rio. Então cantemos todos juntos:


“O rio riu, ri por sob a risca da canoa O rio viu, vi e ninguém jamais ouviu O rio, ouviu, ouvi a voz das águas”: “Magalu: “A Terceira Margem do Rio” Link Milton Nascimento e Caetano Veloso: “Terceira Margem do Rio” Amparo-SP Mar 5, 2017 Tito, psicólogo CRP 06–1631–3 email fhoo@uol.com.br Autor do Projeto “UMA MENSAGEM PRA VOCÊ”, inédito em todo mundo, registro ao Ministério da Cultura (2013) e Direitos Autorais Reservados, com registro de mais de 3 MILHÕES E 800 MIL MENSAGENS, distribuídas gratuitamente numa calçada de Amparo-SP desde 23/dez/2010, sem vínculos comerciais, institucionais, partidários e/ou religiosos. Diversas reportagens e documentários comprovam rico histórico, além de premiações como: Troféu da Paz-Divaldo Franco & Ypê, Mãe Símbolo 2011, Documentário Fundação São Pedro, destaque Rádio BandeirantesSP “Você é Curioso”, TV Globo Programa “Encontro com Fátima Bernardes”, EPTV Jornal do Meio Dia, UNESCO, Paris-França em evento contra a violência, METRÔ-SP, Estação Tatuapé, dois anos seguidos como convidado especial, Certificado de Mérito do Lions Clube Amparo-SP.

MAGALU E O TÍTULO “DOUTOR MEIO AMBIENTE”

CONCEDIDO PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO.


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