Autoria Tito, psicólogo email fhoo@uol.com.br
“Quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...” “Moro num país tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza (mas que beleza), Em fevereiro (em fevereiro), tem carnaval (tem carnaval)” Então é isso. Temos carnaval sim, mas claro que devido pandemia, a incrível criatividade brasileira inventou algo já inventado anteriormente: e aí temos o BLOCO DA MAMATA. Poderão perguntar alguns: “Mas irá desfilar? Quando?” Na realidade já está desfilando há algum tempo. É que alguns de seus componentes não gostam de chamar a atenção. Brilho e holofotes não é com eles neste momento de pandemia. Mas para quem não conhece o BLOCO DA MAMATA já tem ‘expertise’ como dizem a turminha do palavreado chique. É a tal da experiência. Iremos aqui tentar uma breve descrição do BLOCO DA MAMATA mesmo sem autorização explicita de seus dirigentes que são muito exigentes, por sinal. “Ei, você aí. Me dá um dinheiro aí Me dá um dinheiro aí Não vai dar Não vai dar não Você vai ver a grande confusão”
Este é o ingrediente motivacional que agrega participantes especiais nos desfiles do bloco: a grana. E seus componentes cantam felizes esta marchinha: “Me dá o dinheiro aí”, afinal o BLOCO DA MAMATA não é grupo de assistência social, isto eles deixam para os outros. A grana é a essência grupal e nem tudo é feito nos subterrâneos, tanto assim que tem participante que fez uma doação de algo em torno de 16 mil reais, outro doou 25 mil reais, tudo pelo bem estar do BLOCO DA MAMATA. É um idealismo sem precedentes, mas com certas reservas. O BLOCO DA MAMATA tem determinados controles internos que não chegam ao conhecimento público e por vezes nem mesmo entre boa parte dos seus atores que desfilam. Aqueles das alas mais pobres nem sabem do que se passa na cúpula da MAMATA. Controle geral O BLOCO tem sob controle gerencial o Cacá. Cacá é um apelido e na verdade uma abreviação de Cacareco. Cacareco, uma fêmea de rinoceronte, foi eleita com quase 100 mil votos para a Câmara de São Paulo, no século passado. Claro que não tomou posse por razões de acessibilidade e creio que Cacareco foi o primeiro candidato ‘fake’ do país. Mas o grande líder do BLOCO DA MAMATA acabou recebendo o apelido de Cacareco desde a juventude e com o passar do tempo abreviando para Cacá, que é mais simpático, né? Cacá sempre teve á frente de manifestações diversas, era um tagarela de primeira linha. Seu estilo egocêntrico foi levando-o para assumir posturas de lideranças.
No início era na escola, mesmo através da indisciplina, em outros momentos era criticando as mazelas de seu cotidiano e assim ia crescendo até que descobriu o MAMATA. Foi um feroz opositor do MAMATA que consumia recursos da cidade e beneficiando uma turminha privilegiada. Então sua liderança e ás vezes com suas falas, carregadas de coragem acima do normal, iam levando Cacá para palcos de maior destaque. Até que inventou então o BLOCO DA MAMATA. Então Cacá divulgou aos quatro cantos da cidade que o BLOCO DA MAMATA iria fazer diferente. A transformação seria o tema do samba-enredo e todos os componentes seriam assediados pela nobre proposta. E haja transformação Conforme o BLOCO DA MAMATA ia crescendo novos integrantes chegavam, alguns convidados outros eram os tradicionais interesseiros em uma ‘boquinha’. “As águas vão rolar Garrafa cheia eu não quero ver sobrar Eu passo mão na saca, saca, saca rolha E bebo até me afogar Deixa as águas rolar” Teve um que era contra a construção de uma represa na periferia da cidade e quando foi se aproximando de Cacá virou a casaca e nunca mais falou sobre a tal ‘burragem’.
Dizem alguns que hoje ele vive escondido em um parque fora do centro para evitar o danado constrangimento. Ele também era uma espécie de ‘caçador de marajás’ e ao vestir a fantasia do BLOCO DA MAMATA nem quis entrar nas discussões sobre um caso envolvendo procuradores. Aliás, a fofoca popular trata de um caso ainda não comprovado de que alguns servidores foram beneficiados com a redução de carga horária de trabalho, mas não de salários. Mas tudo isto é mentira, acho. O que é verdade é que este novo sub-lider do BLOCO DA MAMATA agora quer investir nas ações do grupo, pois ele e sua família vestiram a camisa contra o outro grupo, o MAMATA. Por favor, não confunda o MAMATA com o BLOCO DA MAMATA. Aquele era o anterior e o bloco é atual. Um é diferente do outro, mas os dois têm coisas iguais. Tem integrantes do BLOCO DA MAMATA que era do MAMATA. Tem estratégias do MAMATA que Cacá está aplicando de forma exemplar e similar no seu bloco. Tem artimanhas do BLOCO DA MAMATA que são de direitos autorais dos componentes do MAMATA. Enfim, são diferentes, mas são bem similares. Um é cópia mal feita do outro e o detalhe interessante é que um briga com o outro, mantendo assim a plateia desfocada da realidade. Cacá no comando? Quem pensa que Cacá é o grande líder se engana.
Ele é uma peça de um jogo de poder, comandado por outro membro que nem aparece nas rodas de samba. Cacá está atrelado ao outro chefe e tem que rezar a cartilha do Grande Líder. Numa simples operação de reforma da quadra de samba, por exemplo, Cacá tem que ceder a obra para uma empresa protegida pelo Grande Líder. As simples ações são sob controle externo, embora Cacá não deixe transparecer isto para seus comandados. As negociatas para tocar em frente seus projetos tem que ter o aval do Grande Líder. A fragilidade deste poder de comando é oculta pela fantasia dos discursos e dos sambas-enredos criados a cada semana de samba. Haja criatividade. Os Mestres-salas Este grupo dentro do BLOCO DA MAMATA tem destaque especial. São os mais valorizados pelo Cacá e até recebem substancial ajuda de custo para eventuais despesas. É um grupo reduzido, seleto, escolhido a dedo ou por indicação do Grande Líder, mas não é um grupo coeso. Tem relatos de que entre os Mestres-salas há divergências e até ciumeira crescente a ponto do risco de algumas informações vazarem se um ou outro membro for afetado. Esta situação tem certa tensão também oculta da plateia e principalmente dos segmentos mais inferiores que compõe o BLOCO DA MAMATA. Os sambistas comuns, por exemplo, não recebem gratificações extras e muito menos participam de algumas reuniões secretas junto com o Cacá ou com o Grande Líder.
Pobres sambistas “Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero Mamãe, eu quero mamar Dá a chupeta, dá a chupeta Dá a chupeta pro bebê não chorar” Os sambistas, componentes das alas inferiores do BLOCO DA MAMATA, cantam as marchinhas como aquela que ficou famosa com Carmem Miranda, “Mamãe Eu Quero Mamar”, mas eles fazem parte das alas mais pobres do grupo e ficam somente com as ‘chupetas’. Os vinhos importados e viagens extras são exclusividades para os Mestres-salas, embora tenha sambista que defenda com unhas e dentes o BLOCO DA MAMATA, como também seu líder Cacá, mas tem que se contentar com algumas Fantas. Esta defesa é natural que ocorra por falta de conhecimento em como a dinâmica do grupo é constituída ou por uma visão distorcida pelo fanatismo. Assim se alguém fizer alguma crítica sobre o desfile do BLOCO DA MAMATA para algum de seus fãs poderá com isto ser sumariamente cancelado, mesmo que venha a dizer verdades que está evidente para determinado segmento da plateia. “Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão Arlequim está chorando Pelo amor da Colombina No meio da multidão” Quando o BLOCO DA MAMATA desfila e a plateia cantando
junto ocorre uma síndrome similar a uma hipnose coletiva, pois os palhaços cantam e se encantam sem saber que são assim tratados com muita palhaçada oficial. Quem será que teria a coragem ou a visão para se levantar na multidão tentando alertá-la para o tal engodo? É muito comum nos carnavais a população se deixar levar pela fantasia ficando totalmente travada para o confronto com a realidade. “Se você fosse sincera Ô ô ô ô Aurora Veja só que bom que era Ô ô ô ô Aurora” É tudo mentira! Se a sinceridade fosse aplicada no seio do BLOCO DA MAMATA ele iria por si só desaparecer gradualmente. A mentira é o fator que mantém as alianças, os lances ocultos, as chamadas ‘tramoias’. Para quem não sabe ‘tramoia’ quer dizer também: aldrabice, ardil, ardileza, armadilha, arranjo, artifício, artimanha, burla, cambalacho, complô, conchavo, conluio e conspiração. Pode também significar: embrulho, embuste, embusteirice, embustice, engano, engodo, enredo, falcatrua, farsa, golpe, igrejinha, impostura, intriga, intrujice, logro, ludíbrio, manobra, maquinação e marosca. Nos tempos modernos usa-se a charmosa palavra ‘fake’, mas é tudo igual no BLOCO DA MAMATA, somente não tratam isto a fundo, pois a grana é o que interessa e o resto não tem pressa.
Duro demais? Pode parecer duro demais nesta análise, mas é pertinente a ponto de uma sambista especial em sua campanha, para galgar o posto de Porta-bandeira, fez discursos bem distantes da posterior traição ocorrida imediatamente após a apuração e eleição. Ela, toda enfeitada com a fantasia de farsante jogou ás traças a porta-bandeira para assumir um carro de destaque com vantagens financeiras adicionais. Tudo pelo dinheiro, apesar das desculpas esfarrapadas, mesmo que educadas, mas com justificativas sem nexo. A incoerência revelou a fachada do Cacá e de sua candidata a porta-bandeira. Então não se trata de ser duro demais e nem de menos, mas sim tentar retratar um pouco do que é o BLOCO DA MAMATA que faz sucesso entre os menos atentos, os mais frágeis, aqueles carentes de informações mais profundas ou até sob influências de fanáticos, muitos que ocultam seus interesses escusos, naturalmente. Os desfiles do BLOCO DA MAMATA com toda sua aparência de cidadãos do bem, com discursos lindos recheados com historinhas motivacionais e alguns integrantes com cabelos penteados com gumex, tudo acaba por encantar sim um segmento da plateia. Claro que aos poucos outros observadores vão constatando que estão sendo ‘enrolados’ em uma tramoia e conseguem deixar se serem presas fáceis de promessas ou enredos fakes. Mas Carnaval é Carnaval, coisa difícil de se lidar, pois a fantasia consome a maior parte das conexões mentais, tudo sob clima da diversão, liberdade e prazer, mesmo que sob um alto custo.
Então cantarei para quem sabe ‘acordar’ alguém “Acorda Maria Bonita Levanta vai fazer o café Que o dia já vem raiando E a polícia já está de pé”
E para a quarta-feira de cinzas fica o recado:
PS. Para os mais atentos o nome BLOCO DA MAMATA foi inserido anteriormente 25 vezes no texto. O que isto significa não sei. Fontes consultadas: https://www.vagalume.com.br/marchinhas-de-carnaval/ http://estadodacultura.sp.gov.br/evento/10730/ https://www.google.com/search?q=cacareco+eleito&rlz=1C1SQJL_ptBRBR922BR922&sxsrf=ALeKk03sb5Vvfl8LIghSZnzsYNtc6X4tAQ:1613121343473&source=lnms&tbm=isch&sa= X&ved=2ahUKEwiq06ClgeTuAhUSILkGHTTlBLwQ_AUoAnoECAkQBA&biw=931&bih=568 https://www.uol/eleicoes/especiais/cacareco.htm#imagem-1