Nestes dois últimos anos acompanho um pouco da FIOCRUZ através da revista POLI, que recebo via Correios diretamente da Faculdade Politécnica de Saúde de Manguinhos, RJ. Na segunda semana de cada mês flui esta oportunidade de apreender um pouco mais com nova edição trazendo diversas matérias, sob a égide da ética e de um exemplar profissionalismo. Certamente Oswaldo Cruz deva se sentir orgulho de sua memória sendo alimentada por uma instituição da mais alta conceituação internacional: a Fundação Oswaldo Cruz, a nossa FIOCRUZ. Sou privilegiado por receber este presente de uma entidade com declarado grau de valorização científica, que vem desde a Cidade Maravilhosa até aqui na rua da “árvore das mensagens”. Dr. Oswaldo, paulista de São Luís do Paraitinga, como médico e cientista, teve uma história repleta de enfrentamentos e desafios inclusive com o descrédito da população e de médicos em certo período de sua vida. Porém com persistência e insistência provou
teses importantes para a saúde pública, marcando a história brasileira. Seu nome está, como uma nobre tatuagem, impregnado na instituição, esta que honra a ciência e salva vidas, a FIOCRUZ. E neste sábado, 23 de janeiro, fui pego de surpresa a tarde quando entrou na conexão a transmissão ao vivo de cerimônia do lançamento da vacinação com a OXFORD vinda da Índia. Enquanto ouvia alguns discursos minha capacidade dispersiva me levou para o passado na quadra da Mangueira onde um dia alguém cantou: “Mangueira teu cenário é uma beleza Que a natureza criou O morro com seus barracões de zinco Quando amanhece que esplendor Todo mundo te conhece ao longe Pelo som dos seus tamborins E o rufar do seu tambor” Mas ali em Manguinhos, pertinho da Mangueira o ‘samba’ era outro, o cenário uma beleza com a esperança do salvamento de vidas com os ‘tamburins’ dos cientistas que certamente irão virar tema de samba-enredo de algum carnaval.
Mangueira e Manguinhos, tudo começando com M, este que é feito com um V no meio. V de Vitória da ciência conta um vírus assassino. O fio da esperança estava sendo lançado naquele evento, digno de aplausos para cada um dos servidores da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. Então a Cidade Maravilhosa, apesar de tantos embaraços e desgraças, nos brinda com o milagre da medicina, com o suor da ciência, com a utopia de idealistas pouco valorizados entre tantos palhaços (os políticos) que se apropriam das vacinas. Cientistas fiocruzenses representaram naquele momento a ciência brasileira em todos os cantos deste país. Não são heróis, nem mitos e muito menos astros, são sim excelentes servidores públicos dignos do mais profundo respeito e consideração. Nós, leigos, não temos o direito de questionar a validade ou capacidade vacinal. Somente os toscos e brutos podem afirmar que vacinas não prestam ou que tem chips, ou que nos farão virar jacarés, ou que mudarão nossos sexos. Quem assim procede só pode revelar sua visão entorpecida pela ignorância e ao fazer tal declaração ofende senhores cientistas que curam pessoas, que
salvam vidas, que nos dão esperanças de um futuro melhor. Agradecido caros senhores e senhoras cientistas da FIOCRUZ, do BUTANTAN, da USP, da UNICAMP, da UNB e da vasta listagem de centros de pesquisas que apoiam mais de 600 pesquisadores brasileiros. Agradecido, como dizia o Mestre Gentileza que pintou com mensagens proativas as pilastras do Caju, bem pertinho do Bio Manguinhos e da Mangueira. Agradecido cientistas brasileiros que seguem os passos de César Lattes, de Oswaldo Cruz, de Carlos Chagas, de Adolfo Lutz, de Vital Brazil e tantos outros. O ato deste dia da FIOCRUZ foi uma declaração de amor científico e ético ao SUS e revelou que além do profissionalismo tem também a solidariedade de centenas de voluntários. Sim, voluntários anônimos que se dispuseram para as testagens da vacina, nas fases preparatórias. Então temos nestes 120 anos de história de Manguinhos, um contingente de pessoas, sem nomes e sem rostos, que voluntariamente seguiram os
passos propostos por nossos cientistas até o sucesso da validação da vacina. Agradecido a todos os voluntários, muitas vezes deixados de lado, mas bem lembrado pela presidente da FIOCRUZ, Dra. Nísia Trindade Lima. Dra. Nísia por sinal a primeira mulher a dirigir a fundação e descrevendo uma sina também de nobreza ética e científica. Estamos bem servidos, caros brasileiros! Neste nosso país não tem só tragédias! Da Cidade Maravilhosa veio um novo canto, um canto vacinal que fala de cenários que amanhecerão com grato esplendor. Todo mundo conhece ao longe a competência da FIOCRUZ e seus ‘tamborins’ estarão comprimidos em cada frasco da vacina que fará rufar os novos tambores de uma vida plena de saúde. Que o canto da Mangueira se meta dentro das alas de samba da Bio Manguinhos e faça então Oswaldo Cruz invadir a Sapucaí para dizer: “FIOCRUZ Tem seu nome na história e ao lado da Mangueira és um cenário coberto de glória" Amparo, 23 Jan 2021 Tito, psicólogo email fhoo@uol.com.br