ERA PRA SER ASSIM. Era para ser um ato de orgulho pleno para qualquer cidadão se candidatar a uma vaga na Câmara Municipal. Este orgulho seria evidente e nada tão deprimente como nos tempos atuais contaminados pelo interesse financeiro e/ou pela ostentação do poder. Era pra ser algo de declarado mérito assumir cargos eletivos, até chegando-se ao extremo de ser agraciado com os honorários similares aos dos professores das escolas públicas. Estes, os professores das escolas públicas seriam tão valorizados que não haveria a escalada de migração para o ensino privado. A honra de vestir o perfil da docência pública seria alvo do reconhecimento sistemático que está além dos horizontes do dinheiro. Era pra ser assim. Seria tão imponente e ilustrado o papel das autoridades de forma que termos como “excelência”, “nobre”, “meritíssimo” e similar, todos teriam os devidos brilhos em seus significantes. Isto é, não teríamos a comum hipocrisia de uso de adjetivos que não são concordantes com a realidade cotidiana. Por lembrar-se de “excelência”, claro que a educação pública iria refletir os níveis desejáveis de aproveitamento escolar, com medidas facilitadoras como tablets para todos os alunos, além dos procedimentos de apoio para a clientela da zona rural sem internet. Mas não iria parar por aí, pois os cenários educacionais teriam programas de incentivo à leitura, eventos desafiadores no que tange à escrita, gincanas de arte e cultura, festival de poesia e repentes, oficinas de danças e rituais culturais, cursos adicionais de desenho e grafite, treinamentos de atualização para professores, concursos de criatividade envolvendo toda a população, entre outros mais. Era pra ser assim mesmo. Já na saúde toda a população seria bombardeada por um programa criativo e encantador focando todas as vertentes para o enfrentamento da pandemia. O Programa de Educação Comportamental Pro Saúde claro iria disponibilizar eventos e canais para também atingir a saúde mental para crianças,
adolescentes, adultos e idosos. Até os vagabundos, como eu, seriam alvos de provocações baseadas nos paradigmas rogerianos, misturados com os junguianos e outros „ianos‟ mais. Era, mas não é. Era pra ser transparente sem que fosse necessária a requisição da mesma quanto aos poderes constituídos. A transparência seria natural e parte importante do desempenho de todos os agentes públicos, pois estes são remunerados pelos impostos pagos pelos cidadãos. Os autores das omissões ou negação da transparência seriam escrachados publicamente, de forma insistente tendo seus nomes inseridos em um painel público denominado: PAINEL DOS ATORES INDIGNOS DE NOSSOS VOTOS DE CONFIANÇA. Então a palavra transparência seria como um subtítulo impresso ao cargo e funções de todos os servidores públicos, indistintamente do cargo ou encargo. A população teria como oportunidade votar sobre o desempenho dos agentes eleitos, como também para os cargos de confiança e/ou em comissão, através de um sistema eletrônico de consulta, tendo entre os conceitos algo como: transparência, pontualidade, interatividade, proatividade, objetividade, integridade, etc. Com seria bom para os serviços público se assim fosse. E para incentivar outras contribuições adicionais que qualquer leitor poderá acrescentar a esta manifestação, a administração pública iria gerar programas de incentivo à leitura e à escrita, considerando que tais habilidades trazem aos cidadãos diversos benefícios tanto do ponto de vista social, emocional, evolução dos níveis educacionais, redução de comportamentos indesejáveis, ampliação de visões, diminuição de vítimas do oportunismo ou do efeito manada, etc. Era pra ser assim. Um dia assim será. Amparo, 21 mai 2021 Tito, psicólogo