CAP. 1
O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta. Maquiavel
Autoria Tito, psicólogo email fhoo@uol.com.br AMPARO-SP
Na vida cotidiana o encantamento faz parte do fortalecimento das relações interpessoais. Também este estado interior gera estímulos importantes para o próprio “EU” de cada um de nós. Quanto perdemos tal condição dizemos muitas vezes tal como em uma antiga canção: ‘meu mundo caiu’. Quando se trata do ambiente político é comum o cidadão ser tratado como os versos da mesma canção de Maysa: “Sei que você me entendeu Sei também que não vai se importar Se meu mundo caiu Eu que aprenda a levantar” Não há espaço para o individual nas cenas do poder político, principalmente para questões do cidadão comum. O plano individual fica restrito a arranjos e acertos entre quem detém o poder e quem poderá oferecer algum apoio ou propina. Este quadro é típico da cultura política nacional e se alastra como vírus invisível em todos os níveis de uma administração. Muitos chamam esta situação de corrupta, pois corrompe os mais altos princípios constitucionais, como: - transparência, impessoalidade, moralidade, cidadania, dignidade da pessoa humana, pluralismo político, legalidade, publicidade, eficiência, princípio da motivação, princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, princípio do interesse público, entre outros mais específicos. Quando se trata da ‘coisa pública’ o que deveria se buscar é a prestação de serviços com fins do atendimento das necessidades da sociedade.
Ao sairmos pela cidade e periferia questionando a aplicação destes princípios teremos de imediato o retrato de nossa cidade, estado e país. Então aí vem o desencantamento. Mas não é preciso caminhar ao redor da cidade para tal constatação, sendo possível encontrar desencantos inclusive a partir de pessoas de alto nível de formação, como o registrado por uma professora municipal expondo nas redes sociais sua contrariedade diante de uma postura inadequada do prefeito. Katia foi clara, consistente e contundente retratando mais de um ano de aulas no sistema virtual com todas as suas implicações e custos. Ela sentiu-se obrigada a vir a público dar a devida transparência para um cenário no qual prefeito e secretária de educação parecem não estar bem sintonizados. Aliás, mais que sintonia é de se estranhar um plano de governo não apresentar metas pontuais e objetivas como o índice do IDESC que é parâmetro nacional. Também neste aspecto o prefeito que declarou gostar de trabalhar com metas ao tratar de cachorros (400 castrações mensais), não tratou de metas diante de gente pequena das escolas municipais. Ele acho que não entende de escolas. O pior é a conivência da secretária de educação, que ao longo da campanha para vereadora não declarou nenhuma intenção ou manobra de ‘traição’ de seus eleitores e nem que iria assumir o posto da educação. Tudo feito ás escondidas. Então estamos diante de um rol de cenas que vão consolidando uma peça de desencanto que vai contaminando gradualmente parte da população, outrora entusiasta principalmente os eleitores da chapa atualmente no poder. O desencanto para muitos veio logo de imediato com a aceitação fisiológica de elementos nada dignos de credibilidade política como os chamados popularmente de
‘chupinzada’. Estes outrora eram oposição e agora agonizam altos salários na situação. Até a Rádio FM Cultura virou poleiro de politiqueiro que certamente irá fazer de tal cenário pago por nós, como palanque eleitoral de si próprio. Depois vieram os veículos do museu, promessas de processos judiciais para responsabilizar quem os abandonou. Até agora nada e nem mesmo uma averiguação sobre as 18.000 peças daquela instituição e também o caso do ‘sumiço’ de aramas ocorrido no passado. Será que já apareceram os responsáveis e as peças? Daí tivemos notícias do ‘lava-car’ do SAAE, da criação de uma secretária de justiça, do secretário do meio ambiente se mudando do prédio da prefeitura dificultando assim o atendimento da população e ainda a promessa não cumprida do ‘benefício emergencial’ de R$ 200 para famílias carentes, considerando que já estamos no terceiro mês do ano com a fome atingindo diversas pessoas. Cabe acrescer que até o IPTU com promessa de prorrogação para Julho foi engavetado (até o momento) pela falta de responsabilidade com falas e discursos demagógicos. Quem prometeu R$ 200 e IPTU para Julho não foi o cidadão, mas sim o prefeito que então revela característica de não cumprir o prometido gerando assim desencanto maior.
(continua no capítulo 2, se não chover) Em política, tal como na moral, é um grande mal não fazer bem, e todo o cidadão inútil deve ser considerado um homem pernicioso. Jean-Jacques Rousseau