VEXAMES COM A FOME VALENDO 170 REAIS

Page 1

VEXAMES NA CASA DE LEIS

Quando alguém escolhe trazer á tona verdades, principalmente no meio político, é natural que seja de imediato reprovado por aqueles eleitores adeptos do fanatismo exacerbado. O processo mental nos leva a tais reações, pois no papel de escravos da crença irrestrita aos políticos preferimos a sua mentira, a falsidade, a ilusão oferecida por discursos bonitos, porém falsos. Aliás, nem mesmo nos damos ao trabalho de busca quanto a presença da hipocrisia ou demagogia sendo praticadas. Muitos preferem pagar altos honorários políticos sem qualquer questionamento.


A subserviência é um padrão cultural traduzido por comportamentos como: a submissão, a lisonja, a docilidade e a subordinação. Então o verso franciscano: “onde houver erro que eu leve a verdade” passa a ser negado até mesmo para alguns cristãos, pois estes não estão abertos para algumas verdades. Esta introdução é pertinente diante de algumas cenas que presenciei e foi registrada na última sessão da Câmara Municipal de Amparo (15/03/2021), presidida pelo vereador Cazotti, o mesmo que fez uso da oração de São Francisco quando de sua posse. Vexames legislativos Durante a citada sessão diversos momentos se mostraram incoerências e inconsistências nas posturas de alguns vereadores. Isto não é novidade já que em outras sessões também falhas e falas grotescas foram registradas, tudo em nome do poder legislativo. Um primeiro e grotesco destaque é a aceitação irrestrita e submissa de projetos com „entrada‟ na casa de leis sem o tempo hábil para a leitura, pesquisa, estudos e análises dos vereadores. Fato real e registrado pelas falas de alguns vereadores: tudo feito de sobressalto, em regime de urgência, com discursos nada convincentes. Entendo que assim estamos diante de um tratamento nada digno e competente das reais finalidades da casa de leis. Nós não pagamos para um exercício legislativo deste naipe. Fica sem nexo a criação das comissões especiais junto à Câmara Municipal, se o prefeito com plena concordância do presidente firma o estado de urgência legislativa. A existência de tais comissões são pro forma? É o que nos parece ao longo de diversos projetos em regime de urgência. Somente dois vereadores, Silvinha e Dil, é que questionam tal desvalorização dos trabalhos das comissões. Estariam eles errados? Ou seriam exigentes demais? Ou será que os demais vereadores agem sob plena submissão do poder executivo?


A submissão e a ignorância Imagine um projeto de lei sendo objeto de discussão, votação e promulgação em uma casa de leis. Acrescente a este cenário a declaração de que o citado projeto deu entrada para a pauta há poucos minutos do início da sessão. Visualize ter que votar em algo que nem sabe de que se trata, pois deu entrada em regime de urgência e sem tempo suficiente para ao menos uma leitura plena. Eis uma votação sob o regime da ignorância quanto ao conteúdo registrado no projeto. Isto é uma ficção? Não! Estas cenas ocorreram nesta última sessão e foram protagonizadas pelo líder do governo que ao tentar explicar o que entendia do projeto se „enrolou‟ de al forma criando uma situação de constrangimento, que acabou por contar com o socorro do procurador, este cochichando para o parlamentar do que se tratava a peça em votação. Que vexame registrado pelas câmaras da Câmara. Tudo a cores. Eu não sei de que se trata. Outro vereador então toma a tribuna para declarar seu constrangimento diante do projeto em discussão, pois apesar de ser membro da base desconhecia o conteúdo da peça legislativa, pois a mesma deu entrada na casa com também pouco tempo de acesso para leitura. Mais um caso escabroso de votação sem o tempo desejável para leitura, análises, pesquisas e julgamento de opinião do vereador. Vale também lembrar que muitos dos membros da casa têm as suas limitações quanto a leitura e interpretação de textos, ficando patente que alguns votam conforme as indicações do prefeito. Onde houver erro, não me fale Então quando vem alguém trazendo a prática do versículo: “onde houver erro que eu leve a verdade”, alguns eleitores sentem-se feridos e reprovam a publicação destas verdades já que comprometem as imagens de seus protegidos.


Votos sem questionamentos Outras posturas comuns são compostas por votos dos vereadores sem qualquer questionamento mais cuidadoso ou detalhado. Vota pela maioria. Vota pelo partido. Parece votação por que o prefeito mandou. Negar tais colocações é negar os registros das filmagens de inúmeras sessões. Alguns discursos são contaminados de conotação de pastoreio, cheios de achismos, sem argumentações mais profundas e até com claras versões de demagogia barata. Tudo registrado em vídeo, então não há como negar. Três se salvaram Nesta malfadada sessão que além de aprovar a criação de uma Galeria de Ex-prefeitos, uma obra de arte cultural questionável e em plena pandemia, também aprovou um „auxílio emergencial‟ de 170 reais, negando porém uma emenda que iria oferecer para mil cidadãos um auxílio de 500 reais. Quando um vereador criticou o ocorrido na câmara como uma extensão do executivo nenhum membro do legislativo contestou, parecendo calar fundo em cada um dos presentes. Nesta sessão somente três vereadores se salvaram pelas suas posturas coerentes e claras: Silvinha, Dil e Mineiro que deixaram patente o desconforto de serem tratados como membros do „puxadinho da prefeitura‟. Ao final há de se lamentar a postura comprometedora do presidente Cazotti que não esconde seu papel de serviçal do executivo e assim não cumprindo a oração franciscana que citou em sua posse: “Onde houver erro, que eu leve E onde houver trevas, que eu leve a luz.”

Amparo, 16 mar/2021 Tito, psicólogo

a

verdade.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.