MUITO ALÉM DA FM CULTURA

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MUITO ALÉM DA FM CULTURA

FM CULTURA, esta foi a sigla que ouvi. Bateu nas conexões neuronais como se fosse com ecos: “FM Cultura, FM, FM, Cultura, Cultura...” Aquilo foi uma provocação sem nexo que me levou a brincar com as palavras ou letras. Vieram pensamentos iniciais sobre a música. Talvez por contágios recentes ao ouvir cantos de Vitali Tambellini ou de Benjamin Armellini. Duas figuras de sotaque italiano, dois estilos diferentes, dois idealistas cantantes. Então fluíram as conexões com as notas musicais formando as pautas, encadeando sons e num crescente, como em qualquer orquestra, surgiu a imagem do encantamento que a música provoca no ser humano. Um animal inteligente inventa a música, acho que inicialmente seguindo os compassos cardíacos, mas depois criando obras diversificadas, inusitadas, com estilos completamente díspares. Que bom que a música tem uma história tão diversificada, tão diferente, tão contrastante em suas batidas e cantatas. Justamente pela diferença é que nos encantamos com Elis Regina, com Sinatra, com Martinho da Vila, com Jessé, ou também com os balanços de Elvis e as quebrantadas dos Beatles. Mas lá de bem longe veio a frase „estava a toa na vida‟ de Chico Buarque que nos fez cantar: “O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou, que ainda era moço pra sair no terraço e dançou; a moça feia debruçou na janela pensando que a banda tocava pra ela”.


Que linda imagem! Que poesia cantada pelos jovens dos idos 60, mas também de jovens de hoje. Então lá estava eu a toa na vida e brincando com as letras e palavras. Embalado pela música, ouvindo a trilha sonora do filme “Dança com Lobos” de John Barry. Conforme as canções avançavam cenas eram revividas e claro me traziam dicas para reflexões. O “M” do Folclore O “M” da música agora conectando com o “F” do folclore. No filme citado um soldado norte-americano se estabelece na solidão de um casebre próximo às terras indígenas. Pouco a pouco ele inicia suas relações com a comunidade tribal e no final incorpora padrões dos novos amigos acabando por lutar contra o seu próprio exército e outra tribo sanguinária. Nesta saga, na qual a música é elemento crucial das cenas, o folclore indígena se apresenta ao soldado requerendo deste entendimento e análise crítica dos estilos comportamentais da comunidade. A etimologia da palavra folclore está vinculada aos termos da língua inglesa: „folk‟ e „lore‟, que significam: povo e conhecimento. O „lore‟ do norteamericano se contrasta com o dos indígenas, mas tem uma cena na qual a música é contagiante: a dança com lobos, na qual o oficial do exército dança ao redor do fogo como que estabelecendo conexões existenciais com os deuses. „Tatanka‟ então é uma palavra que surge como canal de compreensão entre os dois folclores: o do soldado e o dos sioux. Quer sentir mais profundamente o significado de „tatanka‟ é só assistir “Dança com Lobos”. A cena do „tatanka‟ ressalta a capacidade empática envolvendo perfis totalmente diversos, um denominado civilizado e ou outro rotulado de selvagem. Assim a canção permeia cenas nos provando a importância do folclore nos registros históricos da raça humana. Para um a palavra é „búfalo‟, para o outro é „tatanka‟ A criação, a projeção de ideais, a idealização de sonhos, os processos mentais de escolha e tantos outros conceitos são alimentos civilizatórios para nos afastar do mecanicismo, da rotina maçante, da roda vida conceituada por Buarque: “Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu”. E ASSIM SE FEZ: “FM CULTURA!” Nem seria necessário ocupar espaço para trazer a tona o termo „cultura‟ pois o mesmo é explícito nas relações da música, do folclore e da história do homem civilizado e também do „selvagem‟.


Todos em suas tribos com seus campos culturais vastos de filões e obras. Cultura que deveria ser matéria programática de importância para o desenvolvimento da sensibilidade de todos, desde os bebes, a criança, adultos e idosos. Um processo cultural que fosse incentivado a partir do “eu interior”, indo como „moeda de troca‟ para um “eu coletivo” e assim os elos iriam se fortalecer nos diversificados varais culturais. A diversidade é essencial. Ser diferente é crucial. Esta interdependência é ação legítima para a saúde mental de cada um, animal ou humano. Cito também o animal, pois tenho rondando por aqui uma gata que parece preferir ouvir Beatles e Guilherme Arantes. Estes se misturam com outras facetas contrastantes como: Luiz Gonzaga, Michael Jackson, Louis Armstrong, Elis Regina, Sinatra, Gonzaguinha, Teixeirinha, Elza Soares, Marisa Monte, Simon e Garfunkel, Leila Pinheiro. Caymmi, Dana Winner ou Rita Lee. E AÍ MANO! Aí a questão é fazer, criar, ousar, inventar, sair da arquibancada e encarar o desfile da escola de samba chamada vida, com seus enredos, suas alas coloridas, com suores e dores, que fazem parte do espetáculo. Tem até uma fórmula mágica que foi proposta pelo rap de Mano Brown. A "fórmula mágica" é na verdade um convite para escapar da violência, isto é uma recusa das armas em "Descanse o seu gatilho" e então buscar a paz nas letras "Demorou, mas hoje eu posso compreender, que malandragem de verdade é viver". Então mano presta a atenção, o jeito é encontrar o Vitali José Tambellini e juntar com o Benjamin Armellini pra ver se a gente forma um trio. Como não canto e nem sei tocar nada me proponho a segurar o microfone e aplaudir cada canção. No palco teria uma faixa com um slogan pertinente. Este hipotético show seria uma homenagem real e merecida a todos os professores, do passado e do presente, pois todos fazem parte e são os responsáveis, de uma forma ou de outra deste: “FM CULTURA”, SIM SENHOR!” Amparo-SP 15 out/2021 Tito, psicólogo e professor


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