PUBLICAÇÃO DA FRATERNIDADE DE ALIANÇA TOCA DE ASSIS | MARÇO 2018
O Dom da Caridade
A Santíssima Eucaristia Uma união íntima e vital com Deus
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Santa Igreja exalta com máxima dignidade o Santíssimo Sacramento. Ela diz: “Augustíssimo sacramento é a santíssima Eucaristia, no qual se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O sacrif ício eucarístico, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacrif ício da Cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e a vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas as obras de apostolado da Igreja se relacionam intimamente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam” 1. Conforme a doutrina de Santo Tomás, Jesus Cristo instituiu os outros sacramentos para habilitar os homens para a recepção ou para a administração do Santíssimo Sacramento do Altar 2. Um exemplo muito
apropriado é o sacramento do matrimônio, que, segundo São Paulo3, é um sinal da aliança esponsal de Deus com a pessoa que o recebe (“sacramentum hoc magnum est: ego autem dico in Christo et in Ecclesia”). A Santíssima Eucaristia é propriamente a união íntima e vital com Deus4. E não é somente uma união, mas deve ser comunhão (communis unio), uma união em
O Deus de amor quis que nosso coração e o dele formassem um só coração. comum, ou melhor, uma entrega total, na qual Deus dá o melhor de Si, que é Ele mesmo, e aquele que o recebe se confia a Ele por inteiro. “Como se misturam dois pedaços de cera derretidos e formam um só, assim também quem comunga torna-se um só com Cristo”, diz São Cirilo de Alexandria5.
Referências 1- Código de Direito Canônico, Cân. 897. 2- III Parte, Q. 65. A. 3. 3- Cf. Efésios 5, 32: “Este símbolo é magnífico, e eu o aplico a Cristo e à Igreja”. 4- Gaudium et spes, 19,1. 5- In Joa. l. 10, c. 13. 6- Idem, Cân. 898. 7- De Inc. div.am., c. 5. 8- Jo 6, 51. 9- Santo Afonso Maria de Ligório, Escola de Perfeição Cristã, 1931, p. 691.
Por isso, o cristão é propriamente cristão comungando e “prestando-lhe o culto de suprema adoração” 6. Sem a Santíssima Eucaristia como vínculo vital e razão do que fazem os cristãos, as obras se tornam insignificantes, sobretudo, neste mundo de imperioso egoísmo, não passando de mera encenação assistencial. Contudo, aquele que exerce suas ações unido a Cristo pela Eucaristia, está inclinado a praticá-las com o coração de Cristo. Como diz São Lourenço Justiniano, “o Deus de amor quis que o nosso coração e o dele formassem um só coração” 7. É possível, portanto, ao homem voltar-se a Deus, unir-se a Ele, pois a Santíssima Eucaristia é a realização plena do mistério da criação e da salvação. Nela voltamos ao Paraíso. Vendo o exemplo dos santos, examinemos nosso amor por Jesus no Santíssimo Sacramento da Eucaristia e voltemos a Ele com nossos corações inflamados de amor e gratidão, comungando e adorando! Afinal, o próprio Senhor e Salvador nosso, Jesus Cristo, deixou claro: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá sempre. O pão que eu dou para a vida do mundo é a minha carne” 7. Assim, “como o pão material conserva a vida do corpo, assim também esse pão celeste conserva a vida da alma, fazendo que ela persevere na graça de Deus” 9.
ir. francisco da cruz Filhos da pobreza.
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O Dom da Caridade
urgiram entre os primeiros cristãos vários desafios e dilemas que precisaram ser resolvidos, problemas que corriam o risco de gerar divisão na Igreja nascente, a qual crescia em número de fiéis. Precisamente na primeira comunidade cristã em Jerusalém, apresentou-se uma queixa dos cristãos de origem grega contra os cristãos de origem hebraica. Os primeiros diziam que suas viúvas eram negligenciadas na distribuição diária. Nascia, assim, uma grande necessidade na igreja nascente: a assistência aos desfavorecidos. Os Apóstolos se encontravam diante de duas grandes realidades: a primazia do anúncio da palavra de Deus, que haviam recebido do Senhor, e o serviço da caridade. Certamente, eles, que viveram com Cristo, que o testemunharam prenunciar o reino de Deus, conheciam a postura do Mestre. Jesus não ne-
gligenciou a fome do povo e realizou milagres. Com cinco pães e dois peixes, saciara a fome de uma grande multidão de pessoas (Lc 9, 12-14). Realizara as mais diversas curas, como a do leproso (Mt 8,1-4), a da sogra de Pedro (Mt 8,14-17), a da mulher com hemorragia (Mt 9,2022), entre tantos outros sinais. Assim, seguir a Cristo representava também cumprir um mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado” ( Jo 15,1217). Ou seja, percorrer seus caminhos significava assumir os sentimentos de Cristo, os quais eles mesmos já conheciam porque já haviam experimentado de tamanho amor:“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Dessa forma, sendo guiados pelo Espírito e percebendo que não podiam deixar o serviço da palavra para se dedicarem à administração, os Apóstolos escolheram, conforme
as sagradas escrituras, sete homens de boa reputação, repletos do Espírito Santo e de Sabedoria, que se encarregariam desse ofício. Desde o início da Igreja, como podemos constatar, a caridade foi uma prática vinculada à oração e ao anúncio do Evangelho, uma virtude que uniu o homem a Deus e ao irmão. Sem a condução de Deus e a oração cotidiana, a alma humana se esvazia, e a caridade perde seu sentido, reduzindo-se a meras práticas exteriores. Peçamos, portanto, meus irmãos, a Deus o dom da caridade para que, experimentando o amor de Cristo, possamos nos unir a ele na oração e no serviço aos irmãos.
ir. judá filhas da pobreza.
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