Revista Toca de Assis - Abril 2017

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PUBLICAÇÃO DA FRATERNIDADE DE ALIANÇA TOCA DE ASSIS | ABRIL DE 2017

Eucaristia e o mistério pascal


REVISTA

ABRIL DE 2017

Índice Toca para a Igreja

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Artigo especial

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Mãe da Igreja

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De olho na rua

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Formação

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Santa Clara, a luz que clareou o mundo

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Coração da Toca

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Benfeitoria

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Publicada por

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ. 02019254/0001-87 Escritório São José

Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br (19) 3886 -7 086 SAV- Serviço de Animação Vocacional

Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento vocacional@fpss.org.br Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis

Publicação mensal interna da Fraternidadede Aliança Toca de Assis Presidente

Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento de Comunicação

Ir. Judá, Leonardo de Souza e Adora Comunicação. Editora Chefe

Ir. Judá, fpss Projeto gráfico e Diagramação

Adora Comunicação Católica contato@adoracomunicacao.com (43) 3064-1633 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO PATROCINADOR: (43)3064-1633 (43) 9 9630-3031 Revisão Textual

Camila Freitas Impressão e tiragem

10.000 exemplares Colaboradores nesta edição

Ir. Emanuel; Ir. Sara; Ir. Judá; Ir. Verônica; Sidney Paco; Carol Blazi; Leonardo de Souza; Fernando Nunes; Daniel Ávila; Murilo Messias; João Aquino; Jusiana Keska; Junior Morimoto; Breno Cury; Bruno Mendes; Pe. Fidelis Stockl

prezado amigo leitor, paz e bem. No mês de abril, nosso “artigo especial” é sobre o Mistério Pascal. Nesse texto, vemos que o Santíssimo Sacramento é o verdadeiro Cordeiro, prefigurado no Antigo Testamento, no livro do Êxodo. No “de olho na rua”, buscamos respostas para perguntas presentes em nosso íntimo. Algumas dessas questões são: será que ainda hoje nos deixamos tocar pelos apelos que vêm das ruas? Quem são os pobres que Deus nos envia? A Via Lucis é o tema da “espiritualidade”. Nesse artigo, contemplamos as estações com Cristo triunfante, as quais abarcam desde a Ressurreição até a Pentecostes. Na coluna “mãe da igreja”, tratamos dos Falsos Devotos da Virgem Maria. Constatamos que o amor e a fidelidade podem nos levar a ser devotos verdadeiros. O artigo “saudades de francisco” destaca que Santa Clara não se limitou a ficar com Cristo somente na Paixão. O amor da Santa se perpetuava no Santíssimo Sacramento, na adoração e na participação da Santa Missa. Breno Cury, Seminarista da Diocese de Niterói–rj , conta-nos, no “toca como foi seu contato com a Fraternidade. Relata também sobre a importância da adoração Eucarística na descoberta da vocação ao sacerdócio. para a igreja”,

No “coração da toca”, é apresentada uma fantástica história, que revela como são significativos o amor, o carinho e a atenção. Esses gestos podem fazer com que o indivíduo que menos tem a oferecer supere os obstáculos. O artigo também ensina que, para ajudar as pessoas a sair da marginalização, é preciso apenas estender a mão.

Capa

Santa Missa na Casa de Cotia por Adora Comunicação

Uma boa leitura a todos! Departamento de Comunicação


Quem permanece nunca pode partir

Adoração na casa de Niterói-RJ por Adora Comunicação

A convivência iluminadora com as irmãs da Toca de Assis e as constantes lições que aprendi

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eu contato com a Toca de Assis começou no Natal dos pobres em 2015. Após ajudar um pouco nesse evento, senti-me extremamente acolhido e edificado pelo testemunho das irmãs que estavam na missão em Niterói. Tive a graça de, a partir disso, ter uma interação maior com a vida da Fraternidade. São Francisco dizia que “devemos pregar o evangelho em todo momento” e que, se fosse necessário, deveríamos usar palavras. Com esse espírito, nasceu a ordem franciscana. Ela não surgiu por meio de pregações ou outras ocasiões, mas sim do testemunho da vida santa de um homem. Assim falaram quando viram o Cura D’Ars: “Vi Deus num homem!”. Foi o testemunho daquelas simples religiosas que me fez desejar conviver um pouco mais com elas. Jesus fala nos pequenos gestos, pois,

quando uma alma está cheia de Deus, as atitudes desta não são vazias. No decorrer de 2016, fiquei amigo das irmãs. Passei a frequentar mais a casa, adorar Jesus ali e participar um pouco mais da vida delas. Na proximidade com elas, Nossa Senhora foi nutrindo meu amor pela Eucaristia e meu desejo pelo sacerdócio. Participar da adoração fraterna com as irmãs era sempre uma bênção. Eu já integrava uma comunidade mais recente, chamada Divina Luz. Jesus Eucarístico é o centro de nossa espiritualidade, vivenciamos de uma forma especial o carisma. Em 2016, nosso fundador anunciou que deveríamos intensificar a adoração eucarística em nossa vida. E isso já estava acontecendo naquele ano mediante o contato com as irmãs. Foi quando percebi a providência de Deus. Em maio, soube que elas iriam fechar a missão em Niterói. Fiquei

com o coração apertado, mas aos poucos vi que isso era Deus nos formando. Dizia Santa Teresinha: “Minha vida é um instante que passa”. Percebi que Deus queria que as irmãs fossem para mim anjos que anunciam a Sua vontade. Ele me deu momentos espirituais e fraternos muito bons naquela casa, mas quis deixar bem claro que “no final seremos nós e Ele” (Santa Teresa de Calcutá). Os verdadeiros amigos que Deus dá são para servi-Lo melhor, para nos fazer olhar mais para Ele e para preparar nosso Céu. Assim foi com as irmãs, ganhei muitas amigas de Deus e intercessoras. Contudo, o mais importante elas me ensinaram quando se foram: “Quem permanece nunca pode partir: Jesus Sacramentado!”.

Breno cury seminarista - seminário são josé de niterói

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Consagrar-se é converter-se Fazenda da esperança-Guaratinguetápor Maurício Araújo

A Consagração a Nossa Senhora nos convida a uma conversão verdadeira, a qual nos torna reais devotos. 6. Os Hipócritas São aqueles que vivem no pecado. Usam a devoção à Virgem Maria para passar desapercebido aos olhos dos homens.

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este artigo, dedicar-nos-emos à exposição das falsas devoções à Santíssima Virgem, segundo São Luís. Listamos, em seguida, sete tipos de devotos e seus comportamentos para que não repitamos suas ações.

ventre o Fruto Bendito. Deus quis usar Maria como caminho para chegar até nós, quando A honramos, estamos usando os mesmos meios e métodos que Jesus usou para chegar até nós para chegarmos até Ele.

1. Os Críticos ou Sépticos. Estes não acreditam em nada, ouvem os fatos e os prodígios da Santíssima Virgem e desconfiam de todos. São típicos em nossa sociedade, inflamada pela crítica.

3. Os Exteriores O título é muito sugestivo. Estes devotos fazem a consagração por empolgação e vaidade.

2. Os Escrupulosos São aqueles que temem desonrar o Filho honrando a Mãe. A Santa Igreja, com o Espírito Santo, bendiz, primeiro a Virgem Maria e só depois Jesus Cristo: “Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus” (Lc 1, 42). Toda e qualquer honra que oferecemos a Nossa Senhora tem por fim último Jesus. Ela é bendita porque concebeu em seu

4. Os Presunçosos São aqueles que, por usar a cadeia da Santíssima Virgem, acreditam estar salvos. Utilizam, portanto, o símbolo como amuleto e não como sinal. 5. Os Inconstantes Mudam como a Lua (Eclo 27,12). Uma das heranças dos verdadeiros devotos, segundo São Luís Maria, é a constância. Ele ainda ressalta: “Mais Vale não se sobrecarregar com tantas orações e práticas de devoções, e fazer pouco com amor e fidelidade [...]”

7. Os Interesseiros São aqueles que buscam a devoção para obter privilégios. Só procuram Nossa Senhora para pedir algo, ou seja, curas e benefícios. Porém, a devoção deve ser desinteressada. É claro que podemos pedir algo a Nossa Senhora, mas de maneira desinteressada, sabendo que o que nos for concedido será para a maior glória de Deus. Devemos refletir, a partir desses pontos, sobre nossa devoção e nossa intenção em nos consagrar a Nossa Senhora. Essa ação não é um ato mágico, exige a conversão. E esta é uma mudança gradual, ou seja, é um caminho constante de busca de santidade. Não vai ser no primeiro dia da Consagração que você vai poder dizer que mudou de vida. Existe um caminho, um método, para irmos gerando Cristo em nós! No próximo artigo falaremos sobre o verdadeiro devoto. Por meio desta figura, encontraremos alguns dos passos para seguirmos o percurso mencionado.

fernando nunes adora comunicação

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Via lucis “Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua Ressurreição, [...] com a esperança de conseguir a ressurreição dentre os mortos”(Fl 3,10-11)

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ontemplar e imitar a vida de Cristo sempre foi o centro de toda a espiritualidade cristã. Esse fato é encontrado nas mais diversas devoções e práticas de piedade popular. No tempo quaresmal, há uma devoção popular do catolicismo de tradição medieval muito conhecida e meditada em múltiplas paróquias, comunidades e movimentos até os dias de hoje: a Via Crucis, também denominada Caminho da cruz. Nela, percorrem-se os momentos mais importantes da Paixão e da Morte de Cristo, desde a oração no horto das Oliveiras até a sepultura de seu corpo. 6

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Em 1988, Padre Sabino Palumbieri, professor da Universidade Salesiana de Roma, propôs a criação de um novo conjunto de estações, a fim de ressaltar a alegria e a esperança do Cristo Ressuscitado. Essa devoção

"Via Lucis, o acontecimento central da fé!." completa o percurso que sucede o sofrimento de Cristo proposto pela Via Crucis. A ela foi dado o nome de Via Lucis ou Caminho de luz. Nesse trajeto, acompanhamos 14 estações com Cristo triunfante, o

que inclui desde a Res-surreição até a Pentecostes Nesse período de 50 dias, a Igreja medita os mistérios da ressureição de Cristo. As etapas percorridas por Jesus no caminho do Calvário são convertidas em oração. Assim, podemos acompanhar o itinerário que Cristo seguiu para a salvação do gênero humano. Em Dezembro de 2001, a Santa Sé publicou um Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia. Tal documento possui um comentário sobre a Via Lucis: "através dela os


espiritualidade

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fiéis recordam o acontecimento central da fé– a Ressurreição de Cristo – e seu ensinamento de que em virtude do sacramento pascal, os cristãos passaram da escuridão do pecado para a brilhante luz da graça (Cf Col 1,13; Ef 5,8)". As estações da Via Lucis são baseadas na leitura de trechos bíblicos dos Evangelhos e do livro dos Atos dos Apóstolos, normalmente seguida de uma breve reflexão. Recomenda-se que a meditação dessa devoção no Tempo Pascal seja fei-ta em todos os domingos do ano, uma vez que estes estão muito vinculados ao mistério de Cristo ressuscitado. Legenda das fotos 1- Jesus e seus discípulos por Autor Desconhecido 2- Pentecostés por Juan Bautista Maíno (1615-1620)

Por se tratar de uma devoção relativamente nova, ainda não se dispõe de uma lista universalmente acordada de estações que devem compor a Via Lucis; a autoridade da Igreja ainda não definiu uma. No entanto, o número de 14 estações é quase unanimidade. Assim como ocorreu com a Via Crucis, ao longo da história uma série de momentos foi sendo consolidada a partir da experiência da oração do povo. Uma lista muita utilizada é: 1. Jesus ressuscitado (Mt 28, 5-6) 2. As mulheres encontram o sepulcro vazio ( Jo 20, 1-8) 3. Jesus aparece a Maria Madalena ( Jo 20, 14-18) 4. O caminho de Emaus (Lc 24, 10-30)

5. Jesus reparte o pão (Lc 24, 31-35) 6. Aparição aos discípulos em Jerusalém (Lc 24,36-40) 7. Jesus dá o ptoder de perdoar os pecados ( Jo 20, 19-23) 8. A fé de São Tomé ( Jo 20, 24-29) 9. Jesus aparece no mar de Tiberíades ( Jo 21, 1-12) 10. São Pedro reitera seu amor Jesus (Jo 21, 15-19) 11. Jesus envia os discípulos (Mt 28, 19-20) 12. A Ascenção de Jesus (Lc 24, 50-53) 13. Maria e os díscipulos em oração (At 1,12-14) 14. Pentecostes, a vinda do Espírito Santo (At 2,1-13)

Ir. judá filha da pobreza do santíssimo sacramento

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O que contarei a meus netos? Uma história exemplar de superação e crescimento da qual tive a oportunidade abençoada de participar. 1

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esejo contar uma história da qual fui apenas espectador. O cenário – como de costume – é a Igreja da Candelária, localizada no Rio de Janeiro, aproximadamente às oito horas da noite de um domingo qualquer. Como de praxe, esse é o dia e o local em que a Toca de Assis assiste a uma legião de irmãos em situação de rua (por volta de 300 pessoas), que batem ponto à espera da boa prosa ao pé do ouvido (gostam mesmo quando é a “Mãegnólia” a falar), da sopa preparada por Seu Paulo, Diniz ou Fatinha e da oração liderada por algum religioso. Em meio a essa atmosfera con8

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vidativa, a Toca de Assis lança suas redes de pesca e espera que alguns atentos caiam nela. O mar, quando está para peixe, faz lotar a primeira etapa do processo de recuperação, realizada às quartas-feiras em uma

"São felizes aqueles que por amor realizam a vontade de Deus!" casa da Toca em Benfica. Os irmãos, outrora numerosos, agora são 30. Nesse dia, recebem tratamento ainda mais especial (banho, catecismo, roupa nova, assistência social, tratamento médico etc.). A Toca exa-

mina caso a caso para saber qual sim é realmente um Sim. Os mais dispostos chegam à segunda etapa. Estão decididos a se recuperar. Nessa fase, pouco mais de um ano atrás, fui chamado pelo guardião da casa (Irmão Eli) para dar-lhes uma palavra de incentivo. Era um grupo que ia adentrar no Cosme Velho, somando-se aos que já moravam na casa, e que, com estes, receberia um tratamento intensivo de nove meses. Finalizei minhas considerações prometendo ajudar essas pessoas a conseguir emprego quando completassem o tempo necessário. Muitos duvidaram de mim – e eu também, mas soube disfarçar


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O tempo passou, e alguns nasceram para a vida nova. Mais de uma centena de outros foram ficando para trás. Não resistiram e voltaram para a rua. Acontece que Seu Carlos e Ednilson – esses dois simpáticos na foto –, além de outros, como Seu Gilberto e Josué, viraram meus amigos.

Alberto) conseguiu com que a síndica do prédio em que residimos contratasse os dois. Primeiro, empregou Seu Carlos para ver se essa “história de recuperado” daria mesmo certo. Não tive dúvidas e disse logo a meu pai: “O que será um trabalho de faxina para quem morou na rua, catou latas e dormiu na chuva?”. Minha previsão foi certeira. Seu Carlos é daqueles funcionários que só falta ter foto na parede de “destaque do mês”, como nas hamburguerias mais famosas.

E a promessa do emprego? Um bom filho recorre ao pai quando não tem solução, desta vez, pai com “p” minúsculo. Meu pai (vulgo Seu

Hoje, meus bons amigos, Seu Carlos e Ednilson, estão totalmente recuperados e conseguiram um emprego relativamente estável, dado

minha falta de confiança. Eu sabia que estava entregue a Deus e que Ele mandaria alguém para cumprir essa promessa em meu lugar.

Legenda da foto 1- Alberto, Irmão Jean e Ednilson 2- "Seu" Carlos e Ednilson

o empenho que aplicam em suas tarefas. Eles são exemplo de que a Toca de Assis e seus leigos, com as bênçãos de Deus e com o auxílio de Nossa Senhora, possuem os meios, a vontade e a coragem para realizar mudanças. Essa foto foi tirada quando estava chegando ao prédio em que moro, no dia da contratação do Ednilson, em janeiro de 2017. Mais duas histórias agradáveis para contar a meus netos quando estes não fizerem ideia das reais mazelas des-te mundo e da incrível bondade de Deus com seus filhos – principalmente quando resolve darlhes a cruz.

Bruno mendes

leigo da toca de assis missão rio de janeiro - rj

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Eucaristia e o mistério pascal Antes da Páscoa, “sabendo Jesus que chegara a sua hora [...], até o extremo os amou” (Jo 13,1).

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Santa Missa na Casa de Cotia por Adora Comunicação

Eucaristia Reflitamos sobre o mistério celebrado e vivido e sobre a relevância do preceito dominical

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A Páscoa judaica e a Nova Páscoa o Livro do Êxodo é descrita a celebração da Páscoa de Israel (cf. Ex 12). A Páscoa era o memorial da saída do Egito e da futura vinda do Messias, libertador de seu povo. No centro da ceia pascal encontrava-se o cordeiro imolado como símbolo da libertação da escravidão no Egito. Porém, não se tinha completado a verdadeira libertação de Israel. A nação ainda sofria como pequeno povo sob o jugo dos grandes poderes. Assim, os Israelitas recordavam-se com gratidão da ação de Deus

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no passado e suplicavam ao mesmo tempo: “Completai aquilo que começastes! Concedei-nos a liberdade definitiva!”. Jesus celebrou essa ceia juntamente com seus discípulos na noite precedente à sua Paixão. Segundo João, Jesus morreu na cruz precisamente no momento em que, no templo, eram imolados os cordeiros pascais. Sua morte e o sacrifício dos cordeiros coincidiram, pois Ele derramou seu sangue na hora da oferenda dos cordeiros. Isso significa que Ele morreu na

vigília da Páscoa. Mas como pôde celebrar a páscoa judaica, que costumava ser comemorada na noite de Sexta-feira e não na de Quintafeira? Tudo indica que Jesus celebrou a Páscoa com seus discípulos segundo o calendário dos Essênios; portanto, fê-lo um dia antes, na Quinta-feira. Celebrou-a sem o cordeiro, à maneira da comunidade de Qumran, que não reconhecia o templo de Herodes e estava à espera do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). Por consequência, em lugar do cordeiro, Jesus se entregou, deu seu corpo e seu sangue, constituindo-se o verdadeiro Cordeiro pascal. Como disse São Paulo, “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.” (1Cor 5,7). No momento em que oferecia aos discípulos seu corpo e seu sangue, Ele cumpria realmente a Páscoa antiga, que era uma figura da Páscoa nova. Oferecendo a própria vida, instituiu a nova Páscoa, perpetuada no sacrifício eucarístico. De agora em diante a Páscoa será o memorial não da libertação dos Israelitas do Egito e de sua passagem para a terra prometida, mas de nossa libertação da escravidão do pecado pela imolação do Cordeiro de Deus e de nossa passagem deste mundo para o Pai. Nossa participação na Páscoa “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até ao extremo os amou” ( Jo 13, 1). No Evangelho de São João se fala da “Páscoa” do próprio Jesus, cuja “hora de passar deste mundo para o Pai tinha chegado” ( Jo 13, 1). Trata-se, como diz o evangelista São Lucas na cena da Transfiguração (cf. Lc 9, 31), de seu êxodo, de sua passagem para o Pai, que ia se realizar


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em Jerusalém e que, de fato, concretizou-se na “hora” de sua Paixão, de sua Morte e de sua Ressurreição. Esta Páscoa é marcada pelo amor ao extremo, pois foi o amor que levou Jesus a padecer a morte na cruz e lhe inspirou o dom da Eucaristia, deixado por Ele para nós. São João Paulo II explica: “Desde que chegou, uma vez por todas, a hora de Cristo, Cordeiro de Deus, a hora do seu passar deste mundo para o Pai, esta hora perdura e enche todas as horas até o fim do mundo, pois Cristo ‘tendo amado os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo seu amor por eles’ ( Jo 13, 1). Portanto, em cada hora da história renova-se e realiza-se de novo o Seu passar deste mundo para o Pai, nos seus membros que passam n´Ele, com Ele e por Ele, deste mundo para o Pai. A Referências 1 - João Paulo II, Homilia no dia 16 de abril de 1981; Osservatore Romano Edição Portuguesa, 26 de abril de 1981, 4.

Eucaristia é o sacramento do nosso passar deste mundo para o Pai”1. O que significa isso? Cristo é o caminho para o Pai. Ele nos reconduz, pela força de Sua Páscoa, no Espírito Santo, ao Pai. É precisamente por meio da Eucaristia que temos parte no passar de Cristo

"A Eucaristia é o sacramento do nosso passar ao Pai" São João Paulo II deste mundo para o Pai. Nossa participação em Seu passar ao Pai, no entanto, consiste em nossa participação em seu supremo ato de amor, isto é, em sua doação na cruz, perpetuada no sacrifício eucarístico. Como diz a IV Oração Eucarística: Legenda da foto 1- Santa Missa na Casa de Cotia por Adora Comunicação 2 -Santíssimo Sacramento na casa do Rio de Janeiro-RJ por Adora Comunicação

“Concedei [...] que, reunidos pelo Espírito Santo num só corpo, sejamos em Cristo uma oferenda viva para o louvor da vossa glória”. Isso significa que devemos nos abrir à força transformadora da Eucaristia para sermos transformados em Cristo e sermos com Ele e como Ele um dom, uma oferenda viva para o louvor de Deus. Só então poderemos transformar, juntamente com Ele, o mundo e restituí-lo ao Pai. Oração Cristo, Vós sois o Caminho que conduz ao Pai! Nós somos o povo da Páscoa, da Passagem. Vós nos guiais na peregrinação quotidiana rumo à pátria celeste. Permanecei conosco! Fazei-nos participar da vossa Páscoa, da vossa entrega ao Pai pela salvação do mundo. Caminhai conosco hoje e sempre! Amém!

Pe. Fidelis Stockl

Ordem dos Cônegos Regulares da Santa Cruz

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Pastoral de rua no Rio de Janeiro por Adora Comunicação


“Foi a mim que o fizestes” “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40). Pastoral de rua em Dourados por Adora Comunicação

por nossas casas fraternas é também uma forma de agradecer a Deus por tudo que nos permitiu aprender com esses nossos irmãos “pequeninos”. Eles são marcados pela miséria, pela violação de todos os seus direitos, pelo rompimento dos vínculos familiares e comunitários, pelos ferimentos no corpo, na mente e no espírito. Contudo, foram capazes de reconstruir suas vidas em meio a tanta dor. Pertencentes às grandes metrópoles de nosso país, essas pessoas, consideradas “lixo”, trouxeram e trazem a realidade das ruas não somente a nossas casas, mas, sobretudo, a nossas vidas e a nossas vocações.

á muitos anos a Fraternidade Toca de Assis tem a graça de conviver e aprender com a população de rua. Essas pessoas simples carregam em suas vidas “estigmas” causados por várias situações de sofrimento. Mas tais sujeitos enriquecem muito a vivência do carisma.

Tais homens e mulheres, devido a tantas experiências de exclusão e violência nas ruas, perderam a dignidade e não se reconhecem mais enquanto filhos amados de Deus. Assim, reproduzem a agressividade e a desesperança, reações observadas principalmente por religiosos, religiosas e leigos da Fraternidade ao abordarem esses irmãos. Muitos são os testemunhos de sofrimentos e superações, chegadas e partidas, recaídas e recomeços, alegrias e desafios, encontros e desencontros, vidas resgatadas e compartilhadas que perpassam o tempo e a história.

Recordar é experimentar aquilo que nos marcou durante nossa história. E fazer memória de tantos acolhidos e acolhidas que passaram

E hoje, será que nos deixamos tocar pelos chamados que vêm das ruas? Será que nossos olhos estão voltados para as “periferias existen-

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ciais”? Como questiona nosso querido Papa Francisco: “Quem são os ‘pobres’, os ‘miseráveis’ de hoje? O que buscam os ‘famintos’ e ‘sedentos’ da sociedade?”. Refletir sobre nosso papel de cidadãos na atual conjuntura é importante, mas precisamos nos aprofundar mais ainda na nossa função como cristãos no mundo. Seguir Cristo atualmente, requer coragem, ousadia e principalmente compaixão. Eis o grande desafio posto a todos nós. Peçamos ao Bom Deus que nos dê a graça de um olhar atento às realidades existentes e a sabedoria para discernir as reais necessidades dos irmãos de rua. Que Ele nos conceda um coração sensível, acolhedor e capaz de amar e deixar ser amado para que possamos ser aquilo que O Senhor nos chama a ser desde nosso batismo: “consagrados para amar […] consagrados para se doar”. Invoquemos a proteção de nossa Mãe Santíssima, especialmente neste Ano Mariano. Que ela guarde nosso país e interceda junto ao Pai das Misericórdias por toda a humanidade para que haja paz e unidade entre os homens. Amém!

Ir. maria de Deus

filhas da pobreza do santíssimo sacramento

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Santa Clara e a Eucaristia Ressurreição e a verdadeira alegria. "Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos" (Mt 28, 20). 1

deira alegria a partir do momento em que Nosso Senhor traz para nós a esperança da vida eterna por meio da Eucaristia. Essa realidade nos é palpável e constitui o cumprimento de uma das promessas que Ele nof ez: estar conosco até o final dos tempos. Santa Clara vivia com muita intensidade o mistério da Paixão de Nosso Senhor. Contudo, não o tomava como um fim em si mesmo. Dentro da perspectiva dela, desse olhar que ia além, dessa alegria da Ressurreição, um mistério não anula o outro nem é mais importante que o outro; eles se complementam porque fazem parte de uma história de amor entre Deus e o homem.

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este mês celebramos, na Igreja, a Páscoa. Damos início ao tempo Pascal com a celebração da Ressurreição de Nosso senhor Jesus Cristo. Vejamos o que significava para Santa Clara a comemoração desse grande mistério. A alegria da Ressurreição, para Santa Clara, não era um acontecimento isolado, mas sim partia de 16

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um processo que pode ser chamado de humanização de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tal processo teve seu início na Encarnação, consumou-se na Paixão, transcendeu-se na Ressurreição e continua na Eucaristia. Ou seja, o projeto de salvação não é estático, perpetua-se e se renova a cada dia no mistério da celebração da Santa Missa. A Ressurreição se torna verda-

Santa Clara recebia com frequência o Corpo de Cristo e acreditava, com todo seu coração, na onipotência de Cristo transmitida pela Hóstia consagrada. Lembramos que, na época de Santa Clara, não se adorava o Santíssimo Sacramento e ainda não existia o ostensório. Mas a Santa mantinha em seu mosteiro a presença de Jesus em uma teca. Acredita-se que foi diante dessa teca, durante uma oração, que os Sarracenos foram expulsos de Assis. Santa Clara admirava-se com este grande mistério: um Deus que


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se faz pequeno em uma Hóstia consagrada e se digna, por meio das mãos sacerdotais, a fazer morada em nosso coração, em nossa humanidade, que se deixa ser tocado e levado por nós. Esse esposo sempre está presente e nunca nos abandona, olha-nos, contempla-nos e nos ama por primeiro na Eucaristia, sob o véu do Santíssimo Sacramento. “Feliz, decerto, é você, que pode participar desse banquete sagrado para unir-se com todas as fibras do coração àquele cuja beleza todos os batalhões bem-aventurados dos céus admiram sem cessar, cuja afei2 ção apaixona, cuja contemplação

Legenda de foto 1- Santa Clara e a Eucarístia por Autor desconhecido 2- Santa Clara e São Francisco por Josep Benlliure Gil

restaura, cuja bondade nos sacia, cuja suavidade preenche, cuja lembrança ilumina suavemente, cujo

"Santa Clara recebia com frequência o Corpo de Cristo e acreditava, com todo seu coração, na onipotência de Cristo na Hóstia consagrada."... perfume dará vida aos mortos, cuja visão gloriosa tornará felizes todos os cidadãos da celeste Jerusalém, pois é o esplendor da glória (Hb 1,3) eterna, o brilho da luz perpétua e o

espelho sem mancha (Sb 7,26)” ( 4 CtIn 9,14). Com Santa Clara, meditemos, por intermédio da Palavra de Deus, sobre esse mistério do Deus que se faz presente na Eucaristia. Faça-mos nós também esse caminho de despojamento. “Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Filp 2,9-11).

IR. VERÔNICA

filhAs da pobreza do santíssimo sacramento

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