Revista Toca de Assis - Maio 2017

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PUBLICAÇÃO DA FRATERNIDADE DE ALIANÇA TOCA DE ASSIS - ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | MAIO DE 2017


REVISTA

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Artigo especial

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De olho na rua

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Santa Clara, a luz que clareou o mundo

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Especial Dom Albano

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Benfeitoria

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Mãe da Igreja

MAIO DE 2017 Publicada por

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ. 02019254/0001-87 Escritório São José

Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br (19) 3886 -7086 SAV- Serviço de Animação Vocacional

Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento vocacional@fpss.org.br Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis

Publicação mensal interna da Fraternidadede Aliança Toca de Assis

Prezado amigo leitor, paz e bem.

Presidente

Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento de Comunicação

Ir. Judá, Leonardo de Souza e Adora Comunicação. Editora Chefe

Ir. Judá, fpss Projeto gráfico e Diagramação

Adora Comunicação Católica contato@adoracomunicacao.com (43) 3064-1633 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO PATROCINADOR: (43)3064-1633 (43) 9 9630-3031 Revisão Textual

Camila Freitas Impressão e tiragem

7.000 exemplares Colaboradores nesta edição

Ir. Emanuel; Ir. Sara; Ir. Judá; Ir. Verônica; Ir Maria de Deus; Sidney Paco; Leonardo de Souza; Fernando Nunes; Daniel Avila; Murilo Messias; Jusiana Keska; Junior Morimoto; Antoine Issa; Daniela Saisu; Ir. Batista; Ir. Cordeiro, Ir. Vaticano; Ir. Maria; Ir. Maria dos Anjos; Dom Bernardo; Capa

Santa Missa na Casa de Cotia por Adora Comunicação

No mês de maio, em nosso “artigo especial”, vemos como a Virgem Maria foi “moldando” Jesus em seu coração. Também aprendemos como Ela ajudou a transformar a carne Dele em nosso alimento de vida eterna. No “de olho na rua” deste mês, em que comemoramos 23 anos de existência, conhecemos um pouco da história de Maria Lucia (in memoriam). Ela recebeu, em nossa casa, todo o amor maternal e a segurança que precisava em sua vida. A coluna “mãe da igreja” não poderia ficar de fora. Nela, comentamos sobre o Centenário de Fátima. Este constitui uma mensagem sempre atual, a qual renova constantemente a esperança do triunfo do Imaculado Coração da Virgem Maria. No artigo “santa clara: a luz que clareou o mundo”, vemos Santa Clara de Assis seguindo o modelo da Mãe de Jesus. A Santa não considerava ninguém mais digno de mostrar como seguir o Divino Mestre senão Aquela que O gerou. Esta edição também homenageia Dom Albano Cavallin, Arcebispo Emérito de Londrina/PR, falecido em fevereiro deste ano. São expostos alguns breves testemunhos de seu amor incansável por nossa querida Toca. Por meio deste, muitas vezes, sentíamos o próprio amor e zelo que Nosso Senhor Jesus Cristo tem por todos nós – acolhidos, religiosos, leigos ou amigos. Tínhamos muito carinho pelo Arcebispo. Fica aqui nossa gratidão a nosso querido Bispo e, acima de tudo, amigo Dom Albano Cavallin! Deus o tenha!

Uma boa leitura a todos! Departamento de Comunicação


Centenário das Aparições de Fátima

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s aparições de Fátima são acontecimentos significativos na Igreja Católica, não apenas pela importância que assumiram para inúmeras pessoas e por sua extensa divulgação no mundo, mas também por sua íntima ligação à mensagem evangélica, pela profundidade com que marcam a vivência da fé de muitos dos católicos e pelo alcance profético de seus apelos. A Igreja confirmou que elas apresentam uma proposta crível e válida de concretização da vida cristã. Com efeito, a mensagem de Fátima é eloquente para os crentes de todos os tempos; não ficou presa a uma época passada mas projeta um dinamismo para o nosso presente e Referências 1 - http://www.fatima.pt/pt/pages/apresentacao Foto Imagem do Imaculado Coração de Fátima, no claustro interno da Casa Fraterna Bendita Árvore da Cruz, Filhos da Pobreza - Cotia/SP por Adora Comunicação Católica.

abre horizontes de fé para o futuro da história humana. Uma vez que as aparições de Fátima são um apelo à humanidade de nosso tempo, também a celebração do primeiro centenário procura ser mais um instrumento desse apelo. Não se trata, portanto, de assinalar simplesmente uma efeméride histórica, cujas repercussões se reduzem a um momento do passado. A peregrinação do papa Bento xvi à Cova da Iria, em maio de 2010,

na sequência das de seus predecessores, mostra-nos, de algum modo, que na mensagem de Fátima há um conjunto de elementos que a podem tornar veículo de evangelização, caminho para a conversão e para o encontro com Jesus Cristo. Nesse

sentido, também essa celebração deverá ser um contributo qualificado para aprofundar e atualizar esta mensagem; poderá constituir um impulso na renovação e fortalecimento da fé, apresentar-se-á como um auxílio para o crescimento espiritual do povo de Deus.* Devemos recordar, por último a promessa que a Virgem de Fátima nos fez, e tomá-la com confiança: “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará". Aos leitores que têm acompanhado este artigo, o tema sobre o “Tratado da Verdadeira Devoção” será retomado no próximo mês, discorreremos sobre a verdadeira devoção à Santíssima Virgem.

fernando nunes adora comunicação

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A Revista Católica Toca de Assis nasceu com a missão de atualizar nossos benfeitores sobre a espiritualidade e o apostolado realizado em nossas missões em todo o Brasil. Ao longo de sua existência, a Revista tomou proporções bem amplas, sendo reconhecida como uma das melhores revistas católicas do Brasil, e em maio deste ano dará um passo significativo, abrindo a possibilidade não somente dos benfeitores receberem, mas também aqueles que queiram assiná-la e receber mensalmente em sua residência. Sua Missão é informar, testemunhar, evangelizar e propagar nosso carisma, uma revista marcada pela pelo amor Eucarístico e aos pobres em situação de rua. Publicada mensalmente, é um veículo Católico para as famílias, em meio a tantas notícias ruins um eco de paz para a sociedade. Ao assinar a revista o valor é revertido para a formação de novos religiosos e religiosas dos Institutos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento que se doarão totalmente em adoração e amor aos pobres em situação de rua.

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“Uma luz que brilhou em minha vida” “A busca da beleza divina deve impelir-nos a cuidarmos da imagem deformada nos rostos dos irmãos e irmãs...” (Vita Consecrata, 75).

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este mês, em que comemoramos o aniversário da Fraternidade de Aliança Toca de Assis, gostaria de compartilhar a experiência que vivi durante quatro anos na Missão de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Nela, não só eu fui acolhida de modo muito especial, mas também muitos religiosos, leigos, sacerdotes, amigos e benfeitores. Este relato é uma forma de homenagear todos os pobres que passaram por nossas casas de missões e nos permitiram experimentar o “Carisma Toca de Assis” em nosso dia a dia durante esses 23 anos.

Quando cheguei à missão, acompanhei todo o fortalecimento dos vínculos de Maria Lúcia com sua família. Com a ajuda de uma psicóloga, aos poucos, refizemos os laços familiares. Lembro que a psicóloga nos disse uma vez que Maria encontrou em nossa casa a estabilidade que precisava, devido a sua patologia, e que o amor maternal que dávamos a ela lhe transmitia segurança. Éramos sua família; isso possibilitou, principalmente, sua reaproximação com seus filhos, pois, segundo a profissional, Maria Lúcia não sabia ser mãe, mas sabia ser filha.

Maria Lúcia – para muitos, “Lusguinha”; para poucos, “Lúcia”; para mim, “Maria” – cativava todos que tivessem contato com ela. Ninguém passou pela missão sem que fosse marcado pelo carisma de Maria Lúcia.

Testemunhamos muitos milagres na vida dela e de seus filhos: o perdão, o acolhimento, a compreensão da doença da mãe, a alegria do reconhecimento dos filhos e dos netos… Quantos milagres O Senhor fez em suas e em nossas vidas por meio desse Carisma Santo.

Ela viveu durante 14 anos conosco (Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento). Por causa de sua doença (esquizofrenia), não podia conviver com a família e passou a morar na rua. Seu filho relatou que tentara interná-la em vários lugares, mas não conseguiu. O único espaço em que ela se adaptou foi nossa casa. Maria dizia que gostava de morar no “Colégio Toca de Assis”.

A história de Maria Lúcia e a de tantos acolhidos foram verdadeiros milagres, exemplos e testemunhos de superação. Muitos de nós, religiosos, com certeza temos diversas narrativas para contar e presenciar. Há tantos homens e mulheres que tiveram suas vidas marcadas por sofrimentos, mas que foram “tocados” pelo Amor e pela Misericórdia divina por meio do Carisma de “amar os pobres sofredores de rua”.

Sou grata a Deus por esse Carisma, pois, ao sermos amados pelo Senhor, somos impelidos a amar nossos irmãos. Não tenhamos medo de amar e de nos deixar ser amados por Deus e pelos pobres. Este é o diferencial de nosso Carisma: amar e cuidar dos pobres. Mesmo que muitos digam que estamos errando em tudo – “mimando”, “estragando” –, na realidade, só estamos sendo o que O Senhor solicitou por meio de Seu Espírito Santo: testemunhas de Seu Amor Misericordioso nas vidas dessas pessoas. Gratidão, Senhor, pelo privilégio de ter conhecido Maria Lúcia e pelo convívio com a luz dela, que iluminou nossa vida, com sua alegria, com seu jeito de cativar e com seu coração generoso, que muito nos ensinou. Que lá do céu ela interceda por nós para que sejamos fiéis ao Carisma que O Senhor infundiu em nossos corações e nos perdoe, se, em algum momento, tiver se sentido abandonada por nós. Que Nossa Senhora de Fátima interceda por nós e tenha em seus braços essa filha querida. Amém! A todos, paz e bem!

Ir. maria de Deus

filhas da pobreza do santíssimo sacramento

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Dom Albano Cavallin: um bispo toqueiro ou um toqueiro bispo?

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om Albano Bortoletto Cavallin nasceu em 25 de abril de 1930, na cidade da Lapa –pr . Ingressou no seminário em 1940, com seus “respeitáveis 10 anos”, como ele mesmo dizia. Foi ordenado Sacerdote aos 23 anos, em 6 de dezembro de 1953, e Sagrado Bispo, em 28 de agosto de 1973, aos 43 anos. Nomeado Arcebispo de Londrina em 09 de maio de 1992, serviu a Arquidiocese durante 13 anos, até se tornar Bispo Emérito, em 2006. Assim, continuou admiravelmente sua missão pastoral, seu ministério, até 01 de fevereiro de 2017, data de seu falecimento, aos 86 anos de vida, tendo cumprido 63 de Sacerdócio e 43 de Episcopado. 6

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Dom Albano, como Arcebispo de Londrina, acolheu a Fraternidade Toca e Assis na Arquidiocese, após ter conhecido pessoalmente, em Campinas – sp , a Casa Mãe – Casa de Aliança São José. Admirou o carisma e se compadeceu com o testemunho de amor aos pobres, com Jesus Eucarístico e com a pobreza a que jovens consagrados se sujeitavam viver. Assim, os Filhos e as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento se tornaram, para Dom Albano, uma referência atual do que viviam São Francisco e Santa Clara. Maffi (2014, p. 117)1 , tratando dessa relação, afirma: “Dom Albano não deixava de dizer que um dos méritos da Toca de Assis era converter seu coração ao zelo pela Eucaristia”.

Sempre presente nas casas de missão, mesmo sendo muito solicitado na Arquidiocese, Dom Albano participava de retiros, contribuía com formações, pregações, celebração da Santa Missa, Natal dos Pobres. Participava ativamente e se preocupava, conhecia os acontecimentos, características de quem ama e cuida. Não deixava de acolher ninguém e não fazia distinção de pessoas, recebia desde alguém desconhecido que batia a sua porta até alguma autoridade prestigiada. Dizia que deveria tratar todos por igual, pois, para ele, todos eram “Jesuzinhos e Jesuzinhas”. Sua casa estava sempre aberta para dias de retiros de silêncio

Santa Missa na Casa Bendita Árvore da Cruz em Cotia

“Quero ser uma hóstia viva, pura, santa e agradável ao Senhor” (Dom Albano Cavallin)


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em vida pela Fraternidade Toca de Assis, fez a seguinte recomendação: "as pessoas que têm intenção de enviar flores no meu velório, que usem o dinheiro para os pobres, doando para Fraternidade Toca de Assis" (Dom Albano Cavallin). Dom Albano dizia que era “paparicado por Jesus”. Consequentemente, a Toca recebeu também os paparicos de Deus, por intermédio da vida e da doação do Bispo, dispendidos, a cada dia, à Missão da Toca de Assis em Londrina–pr .

de religiosos e religiosas da Toca e, de modo geral, para todos, incluindo os leigos da Toca. Com toda certeza, aprendemos muito, com seu gesto de acolhida, com suas sábias palavras (era incansável ouvi-las) e com seu bom humor ímpar, inteligente e cauteloso. Dom Albano foi constantemente ungido pelo Espírito Santo e, por consequência, solícito à vontade de Deus, relacionando-se com todos com muito respeito. Era conhecido como o Bispo Catequista, Contador de Histórias, Bispo Toqueiro ou até mesmo Albano de Assis. Esta última designação decorria de seu amor à Toca e de seu desejo de fazer de Londrina uma nova Assis e uma cidade mais Eucarística, contando com a ajuda desse carisma. Dom Albano enviava cartas aos familiares dos religiosos, acompanhava e cuidava não somente dos que permaneciam no Instituto, mas também de ex-religiosos, que, discernidos, retomavam suas vidas na vocação leiga. Ele se preocupava com a readaptação, o trabalho, o estudo, a vida familiar e espiritual.

Com seu lema Episcopal – “Interpretava-lhes as escrituras” (Lucas 24, 27) – e o lema festivo de seu Jubileu Sacerdotal de 50 anos – “Quero ser uma hóstia viva, pura, santa e agradável ao Senhor” –, Dom Albano conseguiu, em sua vida, unir o conhecimento da Sagrada Escritura à presença real de Jesus na Santa Eucaristia e em seu próximo, fosse ele pobre ou rico. Viveu, testemunhou um amor puro, muitas vezes transmitido por meio de seu sorriso – que remetia àquele menino de 10 anos, que ingressara no seminário –, aliado à experiência e à vivência de seu ministério de anos. Com isso, alcançava todos e foi um exemplo de alguém que soube ouvir, amar e respeitar. Em suas homilias, após a Santa Missa, sempre tinha um tempo reservado e preparado para dialogar, escutar e fazer perguntas, momento de partilha e atenção, que ele dispendia a todos que ali participavam. Dom Albano foi sempre um intermediador, um apaziguador, um instrumento de Deus neste mundo. E, assim, em um de seus últimos gestos

Toda gratidão pela oportunidade de conviver de forma tão generosa com Dom Albano. Em tudo e em todos os momentos, ele se fez presente. Quão bonita foi sua trajetória de vida e quão belo foi o amor por sua vocação! Ele é um exemplo de vida plena, pois respondeu ao chamado e ao propósito de Deus em sua vida terrena. Agora que está com Deus e com os religiosos, os acolhidos e os moradores de rua que se encontram diante Dele, contamos com sua intercessão. Nós – “Toquinhos” e “Toquinhas”, leigos(as) e acolhidos(as), os quais o senhor nunca desamparou, em vida e em morte – mandamos um abraço forte e saudoso. Até o céu Dom Albano, como o senhor mesmo dizia: “Toca aí [cumprimento de quem gosta da Toca]”. Esperamos estar com o senhor um dia e com nosso Amigo “São Jesus Cristo, que jamais pode perder para os funcionários (lê-se todos os Santos)” (Dom Albano Cavallin).

Daniela saisu

leiga da toca de assis missão londrina - pr

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ão é fácil escrever sobre alguém que já foi tema de muitos relatos, mas partilho um pouco do que vivi com Dom Albano na missão de Sertanópolis, no Recanto Eucarístico São Francisco de Assis. Homem sorridente de alma nobre, sempre tinha uma nova idéia para realizar. Nossa comunidade teve a graça de, nestes últimos dois anos e meio, recebê-lo toda semana. A cada sexta-feira, ele chegava à porta segurando uma sacola com revistas católicas e com o Observatório Romano e dizia: “O Correio Eclesiástico chegou!”. Assim se iniciava toda sexta, antes de celebrar a Santa Missa.

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xpresso, em nome de todo o Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, da Toca de Assis, toda a gratidão a Deus por ter nos concedido a oportunidade de conhecer um homem como Dom Albano Cavallin. Homem de Deus! Exemplo 8

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Experimentamos o Amor de um Deus misericordioso, que ama de modo incondicional seus filhos. Dom Albano expressava esse sentimento conosco, estava constantemente pronto para nos auxiliar, para nos incentivar a buscar nossos sonhos. Estar no Recanto Eucarístico (mais conhecido como Torre Eucarística) é uma grande graça. Esse lugar foi sonhado e amado por Dom Albano. Seu desejo era que a Torre fosse um grande sinal avistado da rodovia, que levasse as pessoas a se lembrarem de Jesus e saberem que ali há religiosas que intercedem pelo povo de Deus, pelos viajantes, pelos sacerdotes. Sua vontade era que

“São Jesus” fosse mais conhecido que Santo Antônio e que as pessoas, ao passarem pelo Recanto, tivessem uma experiência de encontro com Jesus.

de pastor zeloso, amigo fiel, mesmo à distância. Até no momento da morte foi capaz de manifestar seu grande amor por nós e por esta Obra de Deus! Com certeza, ele deixou por onde passou o suave odor de Cristo! Desejo que tenha recebido uma merecida e bela " toquinha" no

Céu! Descanse em paz Dom Albano! Somos gratas por tudo, contamos com vossa intercessão por nós!

Ele sabia acolher todos – jovens, crianças, idosos, pobres, casais. Ninguém passava despercebido de seu olhar, pois o acolhimento e a atenção eram, para mim, o destaque em seu modo de tratar as pessoas. Sei que não o perdemos, mas ganhamos um grande intercessor no Céu!

ir. maria

filhas da pobreza do santíssimo sacramento londrina-pr

ir. maria dos anjos

filhas da pobreza do Santíssimo sacramento Pirassununga - SP


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ensando no que escrever sobre Dom Albano, não tinha como não me lembrar de quando o conheci pela primeira vez. Em 2005, eu havia chegado a Londrina para fazer meu noviciado. Todos estavam em festa; e, no meio daquela multidão, notei um olhar diferenciado para mim. É exatamente o que ele enxergava em nós, participantes da Toca de Assis, que hoje percebo ter encontrado nele: “vi Francisco de Assis diante de mim”. Essas foram as palavras do Bispo quando viu a Toca pela primeira vez. Dom Albano nos amou a ponto de doar incansavelmente sua vida, dedicando-a a ensinar a cada um de nós, Filhos e Filhas da Pobreza, o desejo e o amor por Jesus no Santíssimo Sacramento e por sua Palavra, que arremetiam sempre mais nosso coração aos pobres e aos pequeninos. Ele nos deixou o legado do amor à Igreja, a unidade e a responsabilidade de “ser Jesus” para o irmão. Foi titulado como o único Arcebispo que deu o sangue pela Toca de Assis, pois, em uma de suas buscas para alugar uma casa para nossas irmãs, foi mordido por uma cadela que tinha acabado de ter filhotes. O acontecimento inesperado daquela época revela sua dedicação

incondicional. Com o passar dos anos, seu apoio – por meio de cartas, documentos a Roma e presença – dizia tudo o que ele sentia por nós. Não tínhamos somente um Bispo em nosso meio, sentíamos que era Francisco de Assis, que, no presente, veio ajudar a reconstruir a Igreja de Deus. Bispo da Toca de Assis, Albano de Assis, Arcebispo Toqueiro, amante dos pobres e da Eucaristia, homem da contemplação, esses foram alguns dos títulos que recebeu D. Albano durante sua vida. Queria tanto estar próximo que, em seus últimos dias, teve a oportunidade de estar presente para alguns irmãos, que o acompanharam nos hospitais, testemunhando sua vida de santidade e oração. Mesmo debilitado, celebrava a missa todos os dias. Quando não era possível, recebia a Eucaristia, por meio da qual buscava forças em um Deus que servia desde sua juventude. Depois de sua morte, deixou seu último desejo, expresso na arquidiocese pelo Padre Joel: não queria que fizessem homenagens com coroa de flores em seu velório, mas que doassem o dinheiro desta para as obras da Toca de Assis. Termino citando uma fala de Dom Albano sobre o que mais lhe

encantava na Toca, que ficará sempre em nossas memórias: “Zelo pela liturgia, amor ao irmão pobre em situação de rua, à simplicidade”. Ele dizia que, em sua primeira visita a nossa Casa Mãe, em Campinas, ficou apaixonado quando viu que os toqueiros deixavam os chinelos fora da capela e mantinham, de joelhos dobrados, olhos fixos em Jesus Eucarístico com o mesmo amor que tinham com os pobres. Mas, na verdade, se fosse descrever o que mais me encantou em Dom Albano, diria com toda certeza: “O Bispo que me revelou o olhar de Francisco de Assis”. Muito obrigado, D. Albano. Queremos ser seus imitadores. O senhor aqui entre nós foi direitinho a presença de Jesus em nosso meio, foi exatamente tudo aquilo que Deus pediu ao senhor. No céu, um dia cantaremos juntos louvores a Deus, assim como fizemos muitas vezes aqui na terra. Somos filhos de seu legado, somos frutos de sua entrega a Jesus e aos pobres e somos testemunha disso. O senhor foi verdadeiramente um Filho da Pobreza do Santíssimo Sacramento.

ir. cordeiro

filhos da pobreza do Santíssimo sacramento Pirassununga - SP

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ecordo-me, com terna feição, da presença de Dom Albano Cavallin, no dia 29 de abril de 2015, em nossa casa de formação, em Londrina. Ele havia vindo participar da celebração eucarística da festa de nossa Patrona, Santa Catarina de Sena. Quando fiz o convite, ele aceitou de bom grado e prontamente veio celebrar conosco, com aquela ternura própria de seu pastoreio. Chamou-me muito a atenção sua homilia, preparada e escrita em uma folha sulfite, demonstrando sua dedicação e seu zelo pastoral.

– família, educação, profissão, política, sofrimento e progresso.

Dentre os pontos abordados destaco seu grande interesse na vocação dos leigos da Toca de Assis. Dom Albano fez uma analogia entre a vocação laical de Santa Catarina e o perfil do leigo hoje. Seu objetivo na homilia, segundo ele, era lançar alicerces da Fraternidade Leiga da Toca de Assis.

O Bispo Emérito da Arquidiocese, naquela ocasião, interpelou-nos: “O que a Toca espera dos leigos?”. Continuando, falou que os leigos são um tesouro para a história de renovação da Toca. No final da homilia, afirmou que a meta deveria ser a de que 20.000 leigos participassem do ramo a estes destinado da Toca de Assis.

O Bispo Emérito disse que a Igreja e a Toca estão redescobrindo a vocação e a missão dos leigos. Ressaltou que o Documento de Aparecida trata do protagonismo dos leigos e explicou que este é o papel do leigo, chamado em seu batismo. Tal função implica em continuar a missão de Cristo. O protagonismo revela o encargo insubstituível do leigo na Igreja: ser fermento no meio da sociedade para cristianizar tudo

Dom Albano esclareceu que o leigo não é membro de uma sociedade anônima, dirigida por padres, não é gente de segunda classe, não está lá só para dizer Amém. Mas, à luz do Concílio Vaticano II, tem o direito de trabalhar, pois sua missão é única dentro de um carisma. O Espírito Santo deu uma Mística à Toca (Santa Catarina). Ela inclui não só os religiosos, mas também os leigos, os batizados, os fiéis cristãos.

Glorificamos a Deus Pai misericordioso pela vida e pela presença de Dom Albano em nossa Toca de Assis. Pedimos que interceda por nós, principalmente pela vocação dos leigos.

ir. vaticanno

filhos da pobreza do Santíssimo sacramento Pirassununga - SP

Legenda das fotos 1- Dom Albano durante encontro com os Filhos da Pobreza de Londrina 2- Dom Albano durante Renovação de votos das Filhas da Pobreza de Londrina 3- Dom Albano presidindo Santa Missa na casa Bendita Árvore da Cruz em Cotia 4- Dom Albano durante homilia na Santa Missa na casa Bendita Árvore da Cruz em Cotia

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TOCA DE ASSIS | MAIO DE 2017

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ós – irmãos, acolhidos e leigos da Missão de Londrina – gostaríamos de registrar aqui nosso sincero agradecimento ao querido Dom Albano Cavallin. Em muitos momentos, ele esteve presente em nossa casa de Missão. Nela, sempre com criatividade, entusiasmo e muito amor, celebrou missas; fez colóquios formativos; incentivou as famílias, os grupos de jovens e até mesmo os padres a nos ajudarem de inúmeras maneiras; e também acompanhou espiritualmente alguns consagrados. Suas recomendações – que ele chamava, de forma bem-humorada, de “conselhos de bispo velho” – orientavam-nos nas decisões e nas resoluções da casa. Sentimos saudades de Dom Albano e somos gratos a Deus por sua dedicação integral. Tivemos o privilégio de estar com ele nos últimos meses de sua vida, no hospital e em sua casa. Pudemos testemunhar sua serenidade, sua confiança em Deus, sua preocupação com o próximo, sua fidelidade à oração e a fecundidade de seu apostolado, mesmo quando já estava bastante fragilizado pela enfermidade. Concluímos com três palavras que simbolizam quem foi Dom Albano para a Missão de Londrina: Pastor, amigo e irmão.

Ir Batista Maria

filhos da pobreza do Santíssimo sacramento londrina - pr


JUNHO DE 2016 | TOCA DE ASSIS

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TOCA DE ASSIS | NOVEMBRO DE 2016

Nossa Senhora no Rio de Janeiro por Adora Comunicação Católica


Maria e a Eucaristia "Maria forma a Alma Eucarística de Seu Filho"

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uito mais do que um “objeto”, a Eucaristia é um ato, o ato supremo da vida de Jesus, sua autodoação ao Pai em nosso favor, em forma sacramental. É sua oblação salvífica, sacrificial, de si mesmo ao Pai, em amor e obediência, que tira nossos pecados e nos capacita a receber o Espírito Santo. Misteriosamente, Maria torna a Eucaristia possível. Prepara Cristo para fazer essa oblação. Com certeza, ela é a “causa material” da Eucaristia; provê Jesus com o corpo humano que ele irá entregar. Mas também forma nele a “alma” que ele irá oferecer. Sua vida, suas disposições, suas atitudes modelarão maternalmente sua alma e o orientarão à autodoação completa, que é a Eucaristia. S. Agostinho escreve que Maria concebeu o Verbo em sua mente antes de concebê-lo em seu corpo e que sua primeira “concepção” interior toma precedência sobre a segunda. De modo semelhante, podemos afirmar que Maria infunde uma interioridade em Jesus assim como o reveste de sua carne e de seu sangue, assim como o “encarna”. Isso é de grande importância. Como Maria faz isso? Ela o faz por meio das interações com seu Filho no decorrer de toda sua vida juntos. Consideremos três, entre as mais marcantes. A primeira interação de Maria com seu Filho acontece na

Anunciação. Para alguns autores espirituais (incluindo a mística suíça do século xx Adrienne von Speyr), a Anunciação é o momento definidor da vida de Maria, o instante para o qual se direcionava tudo o que havia antes e do qual fluía tudo o que veio depois, a ocasião que deu consistência a sua vida. Nessa hora, ela recebeu a vontade de Deus em si com completa e alegre submissão. Esse total abandono à vontade de Deus coincidiu com o primeiro instante do Verbo se fazendo carne. O Fiat de Maria e a encarnação do Verbo são duas dimensões de um acontecimento único (sentimos isso ao rezar o Angelus: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra[...]. E o Verbo se fez carne”). O primeiríssimo momento da existência humana de Jesus, portanto, recebeu uma direção da maneira como sua mãe o recebeu. Hoje somos muito conscientes da influência que uma mulher grávida exerce sobre a nova vida sendo gerada dentro dela. Essa influência não se limita à condição física da mulher – se ela fuma ou não, se bebe ou não, se usa drogas ou não, se está em boa saúde ou se tem alguma doença. A condição espiritual da mãe também se comunica à vida que está apenas começando, uma vida que é, em sua totalidade, dependente e, por essa razão, infinitamente receptiva. Jesus, na vulnerabilidade de sua geração como ser humano, “assume a mente” de Maria. Assim como ela, na Anunciação, confia de modo irrestrito na vontade do Pai, Jesus o faz ao entrar em seu ventre. Isso não é fantasia. É como a Carta aos Hebreus, usando o Sl 39 como base para reflexão, compreende a atitude fundamental de Cristo em seus pri-

mórdios humanos:“Quando Cristo veio ao mundo, ele disse: ‘Vós me destes um corpo...’. Então eu disse: ‘Eis que venho fazer a vossa vontade, Senhor’” (10.5a.c.7a). A segunda interação ocorre 40 dias após o nascimento de Jesus, quando Maria o leva ao Templo. Os Padres da Igreja reconhecem que isso é muito mais que uma formalidade, muito mais que o simples cumprimento dos requisitos rituais da Lei, que exige que todo primogênito do sexo masculino, que “pertence” por natureza ao Senhor, seja “redimido” de suas obrigações de primogenitura pelo sacrifício substitutivo de um par de rolinhas, de dois pombinhos. Pelo contrário, embora Maria e José levem a oferenda animal ao Templo, vão para este não para dispensarem Jesus de ser sacrificado, mas precisamente para “oferecê-lo ao Senhor”, no sentido mais pleno do termo. O santo ancião, Simeão, iluminado pelo Espírito Santo, é quem expressa em palavras a oblação de Jesus, que está acontecendo de modo antecipatório. Apesar de Jesus ser um bebê de apenas alguns meses, Simeão já o descreve, em termos de seu mistério pascal, como um sinal de contradição, posto para a queda e para o reerguimento de muitos, porque ele mesmo, Jesus, deverá “cair” na morte e “reerguerse” na ressurreição. Maria leva Jesus ao Templo tanto para oferecê-lo ao Pai quanto para lhe ensinar a oferecer-se ao Pai. Parte da humanidade que Jesus assume indica que ele deve “aprender” a ser um holocausto salvífico. Há uma maravilhosa pintura do renascentista italiano Caravaggio em que algo muito similar é apresentado visualmente. Maria é mostrada DEZEMBRO DE 2016 | TOCA DE ASSIS

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incapaz de deixar o Templo com seus pais. Jesus testemunhou uma ação sagrada e reconhece, de forma intuitiva, a ligação íntima dela com sua identidade pessoal.

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Anos mais tarde, no Jordão (segundo o Evangelho de João), João Batista proclamará Jesus exatamente como o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Porém, esse reconhecimento é uma experiência que o menino Jesus, na fronteira de se tornar o homem Jesus, tem por si mesmo em sua primeira visita consciente ao Templo. É mais do que coincidência que a sagrada família viaje para Jerusalém para observar a Páscoa, ao invés de uma das demais festas que obrigam todos os judeus adultos a fazerem a viagem à cidade santa.

esmagando a serpente com seu pé. Segura um Jesus muito jovem, em uma posição ereta, ensinando-lhe a juntar-se a ela no esmagamento da serpente com seu próprio pé. Já no Templo, Maria oferece o sacrifício ritual por sua própria purificação e ensina Jesus a se oferecer pela purificação do mundo. Se, no mistério da Apresentação, Maria, de certa forma, “atua por” Jesus, no final dos mistérios gozosos 14

TOCA DE ASSIS | MAIO DE 2017

(a próxima interação biblicamente registrada, e a terceira aqui exposta, entre mãe e filho), Jesus atua por conta própria. Vemos que a formação de Maria “pegou”. Maria e José levam Jesus ao Templo para participar na Páscoa, no sacrifício da vítima pascal. Após tomarem parte nos dias prescritos de adoração e oferenda ritual, Maria e José voltam para casa. Mas a participação ativa na Liturgia Pascal tocou profundamente Jesus, de tal modo que ele é

Jesus vai ao Templo para a festa da libertação, uma libertação realizada pela oferenda de um cordeiro macho imaculado e sem defeito. E ele fica ali, deslumbrado. Maria e José ficam perplexos diante do desconhecimento de seu paradeiro, procuram-no em todo lugar possível. Quando finalmente o descobrem, Jesus fica perplexo diante de sua falta de compreensão. Como eles podem não entender que nessa experiência ele encontrou definitivamente seu lugar, seu destino e Aquele a quem pertence sem quaisquer limites? Seu verdadeiro lar é o Templo de Deus em Jerusalém, tanto por ser “a casa do Pai” quanto por ser o lugar onde o sacrifício expiatório é feito. Algo “estalou” no coração de Jesus; algo que jamais pode ser desfeito, apenas plenamente realizado. Quanto à Maria, o texto de Lucas diz que nem ela nem José compreendem a pergunta de Jesus: “Não sabíeis que devia estar na casa


de meu Pai?”. Vejam, Jesus fala no presente – no presente perpétuo, em vez de usar o passado. Em outras palavras, de agora em diante, Jesus sempre estará em um único e mesmo lugar – a casa do Pai –, engajado em uma única atividade – fazer a vontade do Pai. Não obstante, devemos falar tanto de uma compreensão como de uma incompreensão da parte de Maria. Pode ser que, naquele momento particular, Maria estivesse tomada de surpresa pelo “desaparecimento”, pela “perda” de Jesus, e não soubesse onde procurá-lo. Porém, por outro lado, é aqui que Jesus, em sua autonomia, mostra ser não apenas o filho de seu Pai celestial, mas também de Maria. É nesse incidente do Evangelho que Jesus manifesta todas as características que Maria demonstrou na Anunciação: não apenas receptividade à vontade do Pai, mas também prontidão em ser mal compreendido e julgado. Maria, na Anunciação, “pondera” que José provavelmente não iria compreender sua gravidez e que essa incompreensão só seria resolvida por Deus. Do mesmo modo, Jesus tem que levar em conta que a permanência no Templo sem o conhecimento ou a permissão de seus pais pode ser incompreensível tanto para Maria quanto para José e que somente o próprio Deus poderá explicar seu comportamento a eles. Quer dizer, ao optar por se manter em Jerusalém, Jesus está escolhendo o Pai celestial como aquele a quem, a partir de então, prestará obediência inabalável. Além disso, toma essa Legenda da foto 1 - Pintura de Caravaggio de Gilles

decisão no contexto da Páscoa; portanto, será aquele que viverá sua obediência mediante o sofrimento (ou, como afirma a Carta aos Hebreus, será “tornado perfeito através do sofrimento”). Maria deve ter compreendido, de alguma forma, aquilo que estava se passando dentro do coração de seu filho e, na medida em que o fez, deve ter se regozijado. Seu filho estava se preparando para cumprir sua missão, a missão para a qual ela tinha lutado para lhe preparar. Esses três incidentes sobre os quais meditei com vocês foram todos tirados do Evangelho de Lucas.

"Maria demonstrou na

Anunciação: não apenas receptividade à vontade do Pai, mas também prontidão em ser mal compreendido e julgado."

Imediatamente após o incidente no Templo, descreve-se Jesus “voltando com eles [ José e Maria] para Nazaré e sendo-lhes submisso”. Conhecendo a perda e o reencontro de Jesus, sabemos que a obediência de Jesus a seus pais é “secundária”. De agora em diante, toda a obediência de Jesus direciona-se, primeiramente, ao Pai, como é o caso da obediência de Maria e José.

Jesus aparentemente permanece mais 18 anos em Nazaré antes de empreender seu ministério público. Todavia, com sua perda e seu reencontro no Templo, o trabalho essencial de Maria se completa. Este foi preeminentemente maternal. Ela dirigiu o coração de seu Filho a uma auto-oblação incondicional, a se tornar Eucaristia. No decorrer de todo o restante do Evangelho, sobretudo nas narrativas da Paixão, Jesus mostrará o quão completa e fielmente ele absorveu o ensinamento de sua mãe, o quão perfeitamente ele é o Filho de Maria. Embora não seja uma opinião majoritária, há alguns exegetas que afirmam que, quando Jesus diz na Cruz “Mulher, eis aí o teu Filho”, o “Filho” ao qual se refere não é apenas João Evangelista, mas também ele mesmo. Na Cruz, Jesus se tornou o Filho de Maria em completa e perfeita semelhança. Em tudo isso, vemos que Maria, com a particularidade e a integridade de sua santidade, foi indispensável para o plano de Deus. Para que Deus gerasse um Filho que culminaria sua existência terrena na opção solene de dar-se como Eucaristia, tinha que achar uma mãe a quem pudesse confiar seu Filho para formá-lo nessa escolha. Talvez Deus estivesse à espreita durante toda a história do mundo desde Eva até Maria, a nova Eva. “Encontrei Maria, uma mulher segundo o meu coração”. Ou, como diz o Prefácio para a Missa de Nossa Senhora Aparecida, em uma oração dirigida ao Pai, “preparáveis para o vosso Filho mãe que fosse digna dele”.

Dom bernardo

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Santa Clara e Virgem Maria “Prenda-se à sua dulcíssima Mãe, que gerou tal Filho que os céus não podiam conter…” (3 CtIn 18).

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este ano Mariano, em especial, em maio, mês em que a Igreja comemora Nossa Senhora, vamos saber um pouco sobre a relação de Santa Clara com a Virgem Maria. Como já conhecemos o cerne da Espiritualidade de Santa Clara, podemos verificar que ela está intimamente ligada à Santíssima Virgem. Um dos motivos desse vínculo é o mistério da Encarnação, muito amado por Santa Clara. Notamos esse amor neste trecho de uma carta desta Santa à Santa Inês: “Assim como a 16

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gloriosa Virgem das virgens o trouxe materialmente, assim também você, seguindo seus passos, especialmente os da humildade e pobreza, sem dúvida alguma, poderá trazê-lo espiritualmente em um corpo casto e virginal. Você vai conter quem pode conter você e todas as coisas, vai possuir algo que, mesmo comparado com as outras posses passageiras deste mundo, será mais fortemente seu” (3 CtIn 24-26). Para Santa Clara, a Santíssima Virgem era o modelo a ser seguido pa-

ra que tivéssemos condições de estar mais intimamente ligados a Deus, em especial, a Nosso Senhor Jesus Cristo. Como mãe, a Virgem Maria manteve um vínculo pleno com Ele durante os meses de sua gestação. Portanto, sua ligação com Jesus não era somente espiritual, mas também biológica. Ela nos faz perceber que, pelo mistério da Eucaristia, podemos trazer Nosso Senhor Jesus Cristo em nosso coração. Quem mais, além da própria Virgem, formar-nos-ia para trazer, com dignidade, essa presença Divina em nosso ser?


que caminhar na incerteza quando, na Encarnação, perguntou ao anjo: “Como se dará isso se não conheço varão?” (Lc 1, 13). Também o fez quando indagou: “Filho porque nos fizeste isso? Teu pai e eu, angustiados, estávamos te procurando” (Lc 2,39). Esteve diante do incerto quando disse aos serventes, no início da vida pública de Jesus, nas bodas de Caná: “Fazei o que ele vos disser” ( Jo 2,5). Além disso, quando esteve aos pés de Jesus na Cruz, foi peregrina como Jesus, pobre como Jesus e serva como Jesus, ensinou a seu Filho e aprendeu com Ele. Nossa união, nossa intimidade, com Nossa Senhora tem que ser vivida como Santa Clara o fez, visto que a vida desta é um exemplo. Virgem Maria nos ensina a viver no dia a dia com Deus, em especial, com Nosso Senhor Jesus Cristo. Mesmo sendo tão pouco citada na Sagrada Escritura, não podemos achar que as exíguas menções são limitantes, porque, se soubermos viver com a profundidade destas, elas se tornam o tudo necessário. Será que já paramos para pensar nisso?

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Virgem Maria é pura e simples, foi unificada no amor disponível, exemplo que Santa Clara seguiu em sua vida. Para Santa Clara, a Virgem é pura em um sentido pleno, pois não está voltada para si mesma, não se apropria de nenhum dom de Deus. Ela dá progressivamente todo o espaço para ser fecundada por Deus e para dá-Lo ao mundo. Santa Clara também o fez; e, assim, devemos ter a mesma postura.

Legenda de foto 1- Coroação da Virgem Maria por Autor desconhecido 2- Maria e os Santos por Autor desconhecido

Foi o mistério da vida da mãe de Deus que alimentou a oração e a vida de Santa Clara. Virgem Maria foi a primeira que se deixou transformar pela irrupção do Espírito, foi a primeira que provou as alegrias e as angústias, as certezas e os questionamentos de quem busca Deus de verdade. Virgem Maria une-se à Trindade da maneira mais perfeita que um ser humano pode imaginar. Ela teve

Para Santa Clara, a Santíssima Virgem estava intimamente ligada aos mistérios da Encarnação, da Paixão e da Eucaristia e também ao relacionamento Trinitário, além de estar presente neles. Possamos nós, neste ano Mariano, prender-nos a essa mulher, seguir seus passos em nossa vida cotidiana e, assim, viver essa experiência maravilhosa de contemplar Deus de uma maneira efetiva, real.

IR. VERÔNICA

filhAs da pobreza do santíssimo sacramento

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