Revista Toca de Assis - Setembro de 2017

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PUBLICAÇÃO DA FRATERNIDADE DE ALIANÇA TOCA DE ASSIS | SETEMBRO DE 2017

A Eucaristia e os Evangelhos


REVISTA

Índice Toca para a Igreja

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Artigo especial

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Mãe da Igreja

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Toca em Ação

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Formação

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O mundo tem saudades de Francisco

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Coração da Toca

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Benfeitoria

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SETEMBRO DE 2017 Publicada por

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ. 02019254/0001-87 Escritório São José

Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br (19) 3886 -7 086 SAV- Serviço de Animação Vocacional

Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento vocacional@fpss.org.br Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis

Publicação mensal interna da Fraternidadede Aliança Toca de Assis

Prezado amigo leitor, Paz e Bem!

Presidente

No mês de setembro, nosso “artigo especial" falará sobre o olhar eucarístico que cada Evangelista teve em seus escritos e nos levará a compreender esse mistério de fé.

Departamento de Comunicação

Nossa “formação” será sobre o exercício da política. O texto mostrará que cabe aos leigos cumprir o papel de cristãos ao exercer essa função visando ao bem comum e, ao mesmo tempo, à abertura de caminho para o Evangelho.

Editora Chefe

Na coluna “mãe da igreja”, aprenderemos, com o Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria, que, com a ajuda da Mãe, sempre conseguiremos ter a benção de Deus, mesmo que isso pareça impossível.

Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Ir. Judá, Leonardo de Souza e Adora Comunicação. Ir. Judá, fpss Projeto gráfico e Diagramação

Adora Comunicação Católica contato@adoracomunicacao.com (43) 3064-1633 / (43) 9 9630-3031 Revisão Textual

Camila Freitas Impressão e tiragem

5.000 exemplares Colaboradores nesta edição

Ir. Emanuel; Ir. Sara; Ir. Judá; Ir. Verônica; Sidney Paco; Carol Blazi; Leonardo de Souza; Fernando Nunes; Daniel Ávila; Murilo Messias; Jusiana Keska; Junior Morimoto; Dom Bernardo; Pe. Hélio Pedro de Souza; Ir. Verônica Maria; Ir. Maria Chiara; Capa

Celebração Eucarística por Adora Comunicacação

O artigo “saudades de francisco” nos mostrará que, em um tempo em que livros eram raros, São Francisco de Assis não só falava do Evangelho. O Santo mostrou que era possível viver como Jesus, encarnando os textos sagrados em sua própria vida. Padre Helio Pedro de Souza, da Diocese de Osasco/SP, irá nos contar, no “toca para que seu descanso está em levar Jesus Eucarísitico ao coração das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento.

igreja”,

O “coração da toca” nos trará o testemunho da Irmã Maria Chiara. Ela nos relatará como Deus, presente no Santíssimo Sacramento, fê-la encontrar sua vocação e seu lugar dentro da Igreja. Por fim, contaremos a experiência da construção de nossa Casa Santa Maria dos Anjos, em Cotia. Confiantes na Providência Santíssima, levaremos a termo essa obra, para maior glória de Jesus e Maria Santíssima. **Comunicado** Nas revistas de Junho e Julho o preço da assinatura da revista Toca de Assis estava com o valor de 12 de R$120, o valor atualizado é de R$80 mensais. Na assinatura anual o valor era de R$920 e passou para R$960. A assinatura pode ser feita pelo Cartão de Crédito parcelado em 3 vezes. Boleto e depósito bancário a vista ou no carnê e débito automático em até 12 vezes. Maiores informações na arte de benfeitoria localizada na página 18. Uma boa leitura a todos! Departamento de Comunicação


Meu Repouso Padre Hélio durante a celebração da Santa Missa

"Ao levar para as Filhas da Pobreza o Cristo Jesus na Santa Missa, encontro meu descanso"

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az e bem, Irmãos e Irmãs em Cristo Jesus. Sou Helio Pedro de Souza, Padre da Paróquia São João Batista (Diocese de Osasco), em São João Novo, São Roque. Falar das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento é uma alegria, pois, ao levar para elas o Cristo Jesus com a Santa Missa, encontro meu descanso. Vou fazer um breve relato sobre o começo de nossa amizade e sobre minha paixão cada vez maior pelo Carisma de amor e doação. Um dia, o secretário paroquial me informou que as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento entraram em contato com a paróquia perguntando se o padre poderia celebrar uma Missa na casa Santa Maria dos Anjos, em Cotia. De início, minha agenda não batia com os dias que as irmãs necessitavam, mas conseguimos combinar uma data

semanal para a celebração, lembro-me que o princípio de tudo ocorreu numa terça-feira. Depois de algumas Missas às terças, as irmãs me informaram a dificuldade que tinham em conseguir padres para as segundas. Nesse momento, descobri na dificuldade delas a facilidade para mim, propus-me a celebrar todas as segundas, pois era meu dia de descanso, e ali encontrei meu repouso. Passamos a Missa para as 11h e depois nos confraternizávamos com o almoço. Essa amizade foi se fortificando, alimentávamos o espírito com a Santa Missa e depois o corpo com o almoço. Sempre me identifiquei com o carisma da obra, pois tenho uma devoção muito grande por São Francisco de Assis. Vejo nesse carisma a forma de encontrar Jesus

nos pobres e adorar Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Com o tempo, convidei as irmãs para fazer a Missão Eucarística na Paróquia Cristo Rei de Osasco. Obtivemos muitos frutos e grandes obras para a comunidade. Foi assim que encontrei, na amizade e no acolhimento, grandes Irmãs em Cristo Jesus. Hoje me alegro em poder estar presente com elas na segunda-feira. E, quando as pessoas me perguntam “Padre, o senhor não descansa?”, eu digo que nessa alegria de estar celebrando e levando Jesus ali encontro meu Repouso.

pe. helio pedro de souza Padre da paróquia são João Batista diocese de osasco-sp

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O mundo está preparado para organizar grandes eventos com qualidade, porque nossos eventos paroquiais precisam ser feitos no improviso? Faça a sua festa da Padroeira com a Adora Comunicação Católica e se surpreenda com o resultado! Por meio da divulgação profissionalizada o alcance do público é muito maior e a evangelização vai além das fronteiras. Mande um e-mail para: contato@adoracomunicacao.com Atendimento pelo WhatsApp: 43 99630–3031

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Rebeca e Jacob Apresentação de Jacob à Isaac por Luca Giordano

Figura bíblica dessa perfeita devoção

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saú tinha vendido o direito de sua primogenitura a seu irmão Jacob, trocou-a por um prato de lentilhas (Gn 25,33-34). Anos mais tarde, Rebeca, mãe dos dois irmãos, que amava ternamente Jacob, assegurou-lhe a primogenitura (Gn 27). Isaac, que estava muito velho e também tinha a visão prejudicada, quis abençoar seus filhos antes de morrer. Chamou, então, Esaú, o filho que amava, e ordenou-lhe que fosse caçar alguma coisa para ele comer, a fim de, em seguida, dar-lhe sua bênção. Rebeca imediatamente avisou Jacob do que se passava e o mandou buscar dois cabritos do rebanho. Logo que ele os entregou a sua mãe, preparou-os para Isaac, do modo como ela gostava. Rebeca vestiu Jacob com as roupas de Esaú, as quais ela guardava. Cobriu-lhe as mãos e o pescoço com a pele dos cabritos para que o pai, que era cego, julgasse, ao tocá-lo, ser Esaú, mesmo que ouvisse a voz de Jacob.

Isaac desconfiou, mas, ao tocar a pele e sentir o aroma, abençoou Jacob. Estabeleceu a benção com estas palavras: “Aquele que amaldiçoar; seja maldito também, e o que te abençoar seja acumulado de bênçãos” (Gn 27,29). Tendo em vista esse claríssimo exemplo que a sagrada escritura nos mostra, cabe a nós, agora, pensarmos se somos mais como Esaú ou como Jacob. Esaú confiava em si, em suas forças, era esperto, forte, apegado aos prazeres da terra, tudo resolvia com sua habilidade de caçar, mas cometeu um erro grave: por sua gula, vendeu sua primogenitura. Talvez isso poderia ter passado desapercebido no momento de despedida de Isaac, mas Rebeca fez jus a suas palavras. Jacob, fraco, porém pacífico, confiante em sua mãe, foi esperto também, mas de maneira diferente. Sabia ele que mais valia a primogenitura, que lhe renderia a benção paternal, do que um prato de lentilhas. A força dele

não estava na caça, mas em buscar as coisas do alto; contudo, ele não fazia isso sozinho, tinha Rebeca, foi ela quem o orientou e o ajudou a conseguir a benção. Ao optarmos por nos consagrarmos a Nossa Senhora, segundo o método proposto por São Luís, devemos ter como exemplo Jacob. Tenhamos a certeza de que Nossa Senhora, assim como Rebeca, conduzir-nos-á em um caminho seguro para recebermos a benção paternal, é necessário confiança plena e total. Neste mês, fizemos um breve estudo do Capítulo Sexto do Tratado da Verdadeira Devoção ( tvd ). Recomendo que façam a leitura deste. Salve Maria!

fernando nunes

adora comunicação católica

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O fermento do Evangelho na política “O dinheiro deve servir, e não governar!” (Evangelii Gaudium, 58)

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o tratar da política, muitos são tentados ao desânimo, a uma enorme desesperança, por acreditar que aquela é uma realidade corrompida, que desvia até os mais bem-intencionados. Nós, católicos, cremos que todas as atividades humanas devem ser transformadas pelo evangelho, pois o Filho do Altíssimo santificou todas as realidades terrenas. A política serve o bem comum e deve se orientar pelos valores morais inalienáveis da dignidade humana, cuja origem e destino estão em Deus criador. Deus criou a ordem e o governo. Há hierarquia até entre os 6

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Anjos, a própria Igreja é hierárquica; uma sociedade sem governo se transformaria em caos, “pois não há autoridade que não venha de Deus” (Rm 13,1). Porém, a Igreja Instituída por Cristo não se confunde com a comunidade política e não está vinculada a nenhum sistema político, pois é “sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana” (cf. GS, 76)1. Isso não significa desprezo pelas realidades terrenas. O papel dos pastores (bispos e sacerdotes católicos) é orientar os fiéis nas verdades da fé e na moral cristã para que estes assumam as atividades polí-

ticas e sociais, cumprindo, assim, sua vocação laical. “Todos os variados campos da vida laical fazem parte do plano de Deus, que quer que eles sejam como que o ‘lugar histórico’ onde se revela e se realiza o amor de Jesus Cristo para glória do Pai e serviço aos irmãos” (cdf, 2002)2. Um leigo, na política, age em seu próprio nome e não no da Igreja. “É de grande importância [...] que se distinga claramente entre aquilo que os cristãos, individualmente ou associados, fazem em seu nome, como cidadãos guiados pela consciência cristã, e aquilo que fazem, em união com os seus pastores, em nome da Igreja” (GS, 76). O go-


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verno laico tem “autonomia da esfera civil e política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral”, essa “laicidade” deve respeito à lei moral natural, mesmo que venha a coincidir com os valores ensinados por uma religião, porque a verdade é uma só (cdf, 2002). Afirma o Vaticano II: “os católicos mais inclinados para a política, sempre norteados pela fé e pela doutrina cristã, não devem recusar cargos públicos já que, exercendo-os com dignidade, servem o bem comum e, ao mesmo tempo, abrem e preparam o caminho para o Evangelho” (AA, 14)3. A Igreja encoraja os leigos a assumirem cargos públicos e “louva e aprecia a atividade daqueles que se dedicam ao bem da coisa pública no serviço dos homens e aceitam o peso de tal cargo” (GS, 75). Prouvera a Deus que católicos praticantes com influência social

se alistem em grande número para entrar na política!

A Igreja Instituída por Cristo não se confunde com a comunidade política e não está vinculada a nenhum sistema político. Cristo comparou a força transformadora do evangelho do Reino de Deus com a ação do fermento (cf Mt 13, 33), e os que agem pelo evangelho se assemelham ao sal (cf. Mt 5, 13), ambos são essenciais, fazem uma enorme diferença, embora sua atuação seja silenciosa e escondida. Somos tentados a duvidar da bondade, porque a maldade faz mais “barulho” na mídia. Com isso, muitos dos bons são desencorajados, mas é preciso não permanecer indiferente diante das dificuldades e

Referências 1 Constituição pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II. 2 Congregação da Doutrina da Fé. Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política. 2002. 3 Decreto Apostolicam Actuositatem do Concílio Vaticano II

ter esperança cristã na sociedade. Cristo falou: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: Eu venci o mundo!” ( Jo 16, 33). Um serviço público como esse pode causar grande sofrimento para um cristão comprometido, como ocorreu com o mártir São Tomás More, padroeiro dos políticos e governantes. São Tomás “afirmou com a sua vida e com a sua morte que o homem não pode separar-se de Deus nem a política da moral” (cdf, 2002). Todos são responsáveis pela política, os que governam e os que votam. Mas nós, cristãos, temos ainda o dever da oração, como exortou São Paulo: “Eu recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens, pelos reis e todos os que detêm a autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade” (1TM 2, 1-2).

ir. sara maria filha da pobreza do santíssimo sacramento anápolis-go

Legendas 1- Eucaristia e Política por Adora Comunicação Católica 2- Detalhes em formação por Adora Comunicação Católica SETEMBRODE 2017 | TOCA DE ASSIS

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Seduziste-me, Senhor O amor sem reserva de Jesus na Eucaristia nos impele a servir a Igreja e os irmãos!

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artilharei com vocês meu caminho com Jesus. Tenho 31 anos, fui criada em Montes Claros/MG. Minha família sempre teve bons princípios, mas não tínhamos uma formação cristã. Eu e minha irmã estudamos em colégio católico e ali recebemos nossa primeira catequese, foi lá que me preparei para a Eucaristia e a Crisma. Sempre fui questionadora. Tinha muitas crises de fé, sobretudo quando se tratava da Presença de Jesus no SS. Sacramento. Com 13 anos, entrei em um grupo para adolescentes; com 16, participei do grupo de oração nec (Nascer em Cristo). Os jovens eram muito fervorosos, amantes de Jesus na Eucaristia, de Nossa Senhora, graças a nosso pároco da época, Pe. Tiãozinho. Via-os participar da Missa diária, adorar Jesus exposto na capelinha da paróquia. Percebia que tinham encontrado algo que eu ainda não encontrara. Mesmo sem compreender muita coisa, comecei a participar diariamente da Eucaristia e da adoração silenciosa. Consagrei-me a N. Senhora e, depois de alguns dias visitando o SS. Sacramento, tive, no silêncio daquela capelinha, uma experiência inesquecível com o Senhor! “Como pude duvidar tanto tempo de Ti?”, eu repetia a Nosso Senhor. Não houve uma pregação ou alguém que me dissesse algo, simplesmente Ele me olhou, e, a partir desse encontro, tudo tomou um rumo que eu jamais planejara. Com 17 anos, iniciei a faculdade de Enfermagem, namorei.

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Nessa época, a casa da Toca das irmãs se mudara para perto da Igreja que eu ia, comecei a ir lá muitas vezes para adorar. Encantava-me o amor pelas irmãs acolhidas, por Jesus, a alegria, a pobreza, a simplicidade das irmãs. Nascia em mim um amor esponsal por Jesus, um amor de pertença. Deixei-me seduzir pelo Senhor e compreendi que era chamada a uma entrega sem reservas a Ele na SS. Eucaristia. Iniciei um caminho vocacional e, com 19 anos, deixei tudo e vim para o Instituto das Filhas da Pobreza. Depois de um ano, senti que Jesus me chamava a uma entrega mais estreita para o ramo contemplativo de nosso Instituto. E, após mais dois anos, impelida por um Legenda da foto 1- Filhas da Pobreza em Adoração, por Edu Vanzella 2- Filhas da Pobreza - Casa de Anápolis-GO

amor pelos sacerdotes, por Ele na SS. Eucaristia, vim para a “Sacramento de Amor” (nome que damos a nossas casas contemplativas). Aqui permaneço com muita gratidão ao Senhor por Seu amor sem reservas, por Sua entrega total em Seu Sacramento e por Sua grande misericórdia!

Nascia em mim um amor esponsal por Jesus, um amor de pertença Nós, irmãs, escondemo-nos no coração da Igreja, como Jesus na Eucaristia, buscando levar a todos os homens o amor misericordioso de Deus e Sua salvação. Vejo que a vocação é um caminho de amor e

fé que vai amadurecendo. O Evangelho é nossa “bússola”, a Igreja nos envia e nos motiva a viver não mais para nós mesmas, mas para Cristo e os irmãos. Que Jesus Sacramentado seja amado por cada homem e que, com simplicidade, sejamos testemunhas vivas da Boanova, discípulos que não sabem tudo, mas que estão em constante busca; “Senhor, é vossa face que procuro”. Que nossa vida anuncie o Senhor e que cada um que cruze nossa história experimente que Jesus está vivo, que eterna é Sua misericórdia e infinito Seu amor! São Francisco e Santa Clara nos ajudem a conhecer e amar o Jesus pobre no presépio, na cruz e no altar!

Ir. Maria Chiara

filha da pobreza do santíssimo sacramento Maricá-RJ

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A Eucaristia e os Evangelhos

Juntos, os evangelistas nos permitem compreender o significado da Eucaristia

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lém de serem homens de fé e santidade eminentes, os autores dos evangelhos eram grandes teólogos e artistas literários. A vasta maioria dos estudiosos bíblicos acreditam que, cronologicamente, o evangelho de Marcos é o primeiro e que, numa medida significativa, todos os outros três evangelhos dependem daquele como base. Entretanto, os demais três evangelistas não foram meros “copistas de manuscrito”. Inspirados pelo Espírito Santo e formados pelas comunidades eclesiais onde viveram e escreveram, cada um dos três organizou e revisou a tradição evangélica que recebeu de Marcos e acabou dando a seu próprio evangelho um novo e específico “sabor”. 10

TOCA DE ASSIS | NOVEMBRO DE 2016


Celebração Eucarísta por Adora Comunicacação

Eucaristia Reflitamos sobre o mistério celebrado e vivido e sobre a relevância do preceito dominical

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Todos os que meditam e estudam os quatro evangelhos inevitavelmente descobrem as suas singularidades. Hoje, há toda uma escola de estudos bíblicos – crítica redacional – que se foca na teologia particular de cada um dos evangelistas. As diferenças entre os quatro escritos não deveriam ser uma fonte de embaraço ou de dúvida acerca da historicidade do evangelho. Pelo contrário: os quatro evangelistas, iluminados do alto, enriqueceram, por seu trabalho, nossa compreensão de Jesus, de seu ensinamento e de sua obra salvífica. Vamos dar uma olhada nas contribuições de Mateus, Lucas e João à narrativa de Marcos sobre a instituição da Eucaristia. A. Mateus: A Eucaristia é o perdão sacrificial do pecado no qual todos nós estamos envolvidos. É somente no evangelho de Mateus que a afirmação de Jesus “Em ver12

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dade vos digo, um de vós há de me trair” provoca em todos os discípulos a reação envergonhada “Serei eu, Senhor?” (26,21-22). Essa pergunta, posta diante de Jesus, é um reconhecimento da parte de cada um e de todo discípulo que existe dentro dele um potencial pecaminoso de se tornar traidor de seu amado mestre. No Evangelho de João, que divide mais o mundo entre bons e maus, Pedro, seguro de nunca poder trair o Senhor, pede a João (que também acredita ser incapaz de traição) que interrogue o Senhor acerca da identidade do traidor. Mateus é mais realista, parece-me, quanto à capacidade de todos nós, sob o impulso do mal, de trair aquilo que consideramos mais sagrado. O que confirma essa intuição é que o evangelho de Mateus é único em colocar após as palavras “Este é o sangue da aliança, que é derramado por muitos” o acréscimo “para o

perdão dos pecados” (26,28). Na teologia de Mateus, a Eucaristia é a antecipação da morte salvífica do Senhor, que visa e obtém perdão para todos os pecadores. Espero que, ao ouvirmos os discípulos perguntando entristecidos e angustiados “Senhor, serei eu?”, nós também coloquemos a mesma pergunta a ele. B. Lucas: A Eucaristia é a manifestação da missão de Jesus e o desejo de se fazer servo de todos. Quando quer que leiamos a narrativa da instituição da Eucaristia em Lucas, ficamos surpresos que imediatamente após Jesus predizer sua traição por um deles, os discípulos entram numa disputa indecorosa acerca de qual deles é o maior. É quase incrível que a resposta deles às palavras de Jesus sobre o pão e o cálice e à sua profecia sobre sua paixão iminente se torne uma corrida por lugares. Para dizer o míni-


Uma coerente resposta ao dom da Eucaristia é o pleno e generoso dom de si.

Nosso de Mt 6 na Oração Sacerdotal de Jo 17). A mesma coisa se passa com a Eucaristia. Em vez de narrar a instituição da Eucaristia na Última Ceia, João usa o milagre da multiplicação dos pães em Jo 6 (considerado uma antecipação da Eucaristia por todos os quatro evangelistas) como uma oportunidade para Jesus pronunciar seu grande discurso sobre o Pão da Vida. Ouvindo esse discurso com suas repetições rítmicas, aprendemos que a Eucaristia é o sacramento da fé, da habitação de Jesus em nós e da inauguração da vida eterna. Somente aquele que acredita em Jesus come o corpo e bebe o sangue do Filho do Homem e entrega sua própria vida a ele. Comer e beber o corpo e o sangue de Jesus não é uma experiência passageira, mas um “habitar em” permanente e mútuo: “Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele” ( Jo 6,56). E essa carne e esse sangue de Jesus são, ao mesmo tempo, vivos e vivificantes. Quem quer que deles tome parte com fé jamais morrerá. Inspirados por essa teologia joanina, muitos dos Padres da Igreja dirão que a Eucaristia é o penhor – ou melhor, a garantia – da imortalidade: pignus immortalitatis. “Quem comer deste pão viverá eternamente” ( Jo 6,58).

C. João: O autor do quarto evangelho era um gênio teológico − tudo que ele tocava era transformado. Muitas das passagens bem conhecidas nos primeiros três evangelhos são quase “recriadas” por João (por exemplo, a transformação do Pai

Como católicos, sabemos que a realidade da Eucaristia é inexprimivelmente rica: grande demais para que qualquer intelecto humano a expresse em palavras. Como Deus foi bom em nos dar essas quatro abordagens, esses quatro caminhos para a compreensão do mistério da fé.

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mo, trata-se de algo extremamente crasso e insensível. Jesus escuta sua disputa com tranquilidade (conhecendo seus corações como os conhece), mas usa essa demonstração de ambição para lhes ensinar que no mundo dos reais valores espirituais – o mundo como Deus o vê – “O maior entre eles deve se tornar como o menor e o mestre como aquele que serve” (Lc 24,26). Não é importante ser “grande”, diz Jesus: “Estou no meio de vós como aquele que serve” (24,27). Meditando sobre essa passagem, descobrimos o elo intrínseco entre a bênção de Jesus sobre o pão e o vinho e seu ensinamento sobre o serviço. Ao instituir a Eucaristia, Jesus se coloca sem reservas a nosso serviço. Tudo o que ele é – aquilo que hoje descrevemos como seu “corpo, sangue, alma e divindade” – ele oferece, como um servo, a seus discípulos, a fim de que sejam nutridos, transLegenda das fotos 1- Pintura dos santos evangelistas, autor desconhecido 2- Adoração por Adora Comunicação Católica

formados e salvos por ele. Para Lucas, a humildade é a principal das virtudes e a prepotência, o pior dos vícios. A Eucaristia é a sacramentalização da sua humildade. Queira Deus que nossa recepção desse sacramento efetue uma conversão interior em nós e nos oriente ao serviço e não ao poder.

dom bernardo

OCSO Campo do Tenente/PR

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Este lugar é sagrado “O Seráfico Pai... sabia, no entanto por experiência, que Santa Maria dos Anjos havia sido contemplada com bênçãos especiais” (Espelho da perfeição).

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ssas palavras, atribuídas a São Francisco, tratam do lugar onde o Santo viveu um profundo encontro com Deus e começou sua Ordem, a pequena Igreja de Santa Maria dos Anjos. E, para falar sobre nossa pequena Chácara Santa Maria dos Anjos, em Cotia, convém as repetir. Nós, Filhas da Pobreza, chegamos a Cotia em 2000. Após morarmos em duas casas alugadas, recebemos, por meio da Providência de Deus, um presente. Este nos foi doado pela Sra. Olívia e por seus filhos que moravam com ela, Walciro e Marci. Levados pela caridade e por uma inspiração de D. Olívia, que contemplou, mediante um sonho, freiras que vestiam hábito marrom e véu branco morando nesta casa, procuraram-nos e ofereceram a chácara como doação. Assim, em 2005 mudamos para a Chácara Fraterna Santa Maria dos Anjos, como foi chamada a partir de então. Aqui se instalou nosso Noviciado, em que as noviças, usando “hábitos marrons e véus brancos”, fazem seu último ano de formação antes de professarem os Conselhos Evangélicos. No início, vivemos nesta casa a realidade do Noviciado junto com o acolhimento

de senhoras que viviam em situação de rua. Após anos de experiência, percebemos a necessidade de algumas mudanças organizacionais e estruturais para melhor vivência da formação. Por isso decidimos, nesta casa, priorizar a formação das jovens religiosas, pois sabemos, por experiência, que este Lugar é Sagrado. Aqui, como ocorre na Porciúncula de Assis, recebemos a graça de viver o encontro com Deus de forma singular; agraciadas por abundantes bênçãos e guiadas pela Virgem Maria, podemos crescer no amor a Cristo Crucificado e Ressuscitado no Santíssimo Sacramento. Começamos, então, a rezar e pedir a Deus que nos concedesse, se fosse de sua vontade, o aumento da estrutura da casa, a fim de atender melhor às exigências da vida religiosa. Após quatro anos de oração e espera, o Senhor nos abriu uma porta. Como não tínhamos condição financeira para isso, mais uma vez a Providência Divina nos presenteou, desta vez, mediante o Pe. Rafael Casarin, sacerdote e amigo querido que celebrava frequentemente a Eucaristia em nossa casa. Ele convidou o engenheiro Antônio Walter, membro de sua

Legenda da foto 1- Antônio Walter em visita e as irmãs do Chácara Fraterna Santa Maria dos Anjos 2- Reforma da Chácara Fraterna Santa Maria dos Anjos

Paróquia, para nos visitar. Este se sentiu fortemente inspirado a nos ajudar. Crendo na Providência de Deus, tivemos a experiência de que “Deus tudo pode realizar superabundantemente, e muito além do que pedimos ou concebemos” (Ef 3,20). Assim, de oração em oração, reunião em reunião, nasceu e começou a concretizar-se o projeto da casa de formação Santa Maria dos Anjos. Em 2016, começamos a obra da construção de nosso convento, guiadas pela Virgem Maria e auxiliadas pelo Sr. Antônio Walter e por outras pessoas que nos têm ajudado. Para seu término, continuamos a contar com a providência de nosso Pai, que age em seus filhos. Por isso pedimos a todas as pessoas de boa vontade que desejam nos ajudar que nos auxiliem com orações e meios materiais para levarmos a bom termo esta obra começada. Que este Lugar Sagrado, morada de Jesus e de sua Mãe, seja cada vez mais um lugar de encontro profundo com Deus. Cremos que o Pai que alimenta as aves do céu, cobre de beleza a erva dos campos e nos ajudou até aqui jamais nos faltará, a Ele nosso louvor e adoração.

ir. verônica maria

filha da pobreza do santíssimo sacramento cotia-sp

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São Francisco e o Evangelho Pintura de São Francisco, por Cigoli

“Ninguém pode salvar-se, senão pelas santas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, que os clérigos pronunciam” (II Carta aos Fiéis, 34).

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impressionante a proximidade com as Sagradas Escrituras, mesmo não sendo douto e Teólogo. Há, em seus escritos, muitas citações do Evangelho, em especial passagens retiradas dos Evangelhos sinópticos. Ao menos um terço de sua Regra não bulada se constitui de passagens bíblicas. Entre as cartas neotestamentárias, as mais utilizadas são as de São Paulo aos Coríntios e aos Romanos, bem como as de Tiago e São Pedro. Na Idade Média, poucos liam, os leigos não tinham acesso à Bíblia, e esta era escrita em latim. São 16

TOCA DE ASSIS | SETEMBRO DE 2017

Francisco, filho de comerciante, sabia ler, escrever e contar somente para sua função, seu conhecimento do latim era pequeno. Apenas os clérigos, tinham acesso à Sagrada Escritura; os livros eram raros e muito caros, não circulavam como ocorre hoje. Ao ler o Evangelho e ruminar sobre ele, São Francisco o citava de memória e o entregava ao povo de sua época na simplicidade de suas pregações e em seu modo de viver. Para ele, devia-se “viver” o Evangelho curando feridas. Com isso, o Santo o humanizou; seguiu Jesus

Cristo à Boa Nova de modo encarnado, visível, audível, amável, sensível e palpável. “Para ele a relação com a escritura devia ser acima de tudo operativa e o sentido profundo do texto Sagrado residia numa ação que visava pô-lo em prática no mundo. Francisco vivia em toda a palavra divina um convite a começar a fazer alguma coisa, a fim de que as palavras se transformassem em vida” (Andrè Vouchez).1 São Francisco fez do Evangelho o caminho do aperfeiçoamento


Ícone de São Frnacisco de Assis, retirada da Internet

[...] não só ouvir e fazer o que Deus diz mas também guardar os vasos e as outras coisas oficiais que contêm suas santas palavras, para insinuar em nós a alteza de nosso Criador e nossa submissão a Ele. Por isso admoesto a todos os meus frades e os confortos em Cristo para que, onde quer que encontrarem palavras divinas escritas, venerem como puderem [...]. Pois muitas coisas se santificam pelas palavras de Deus (cfr. 1Tm 4,5), e em virtude das palavras de Cristo realiza-se o sacramento do altar” (Carta a toda Ordem, 34-37).

São Francisco fez do Evangelho o caminho do aperfeiçoamento humano.

humano. Este lhe veio com a imitação de Deus, Jesus Cristo, a Palavra encarnada. Para ele, o Evangelho era a maior herança que Jesus poderia deixar. Seu testamento, seus ensinamentos, seu modo de viver, pensar e agir, tudo está lá. Isso era tão importante para São Francisco que, no início de sua

Regra de vida, ele diz para seguirmos os passos de Cristo. São Francisco tinha um grande zelo e carinho pela Palavra. Em vários de seus escritos, exorta o cuidado com ela: “E porque aquele que é de Deus ouve as palavras de Deus (cfr. Jo 8,47), por isso devemos nós

Referência 1- VAUCHEZ, ANDRÉ. "Francisco de Assis, entre história e memória"

Para nós, é muito fácil o acesso às Sagradas Escrituras. Temos de tomar grande cuidado para não nos acostumar com essa facilidade e nos anestesiar, fazendo delas apenas um objeto de ornamentação, sem as conhecermos e as vivermos. Elas não são feitas para decorar, mas para serem vividas. Para que possamos cada vez mais nos assemelhar a Cristo, ele nos deixou grandes ensinamentos em sua Palavra. Temos tempo para tantas coisas hoje em dia; então, também devemos ler e viver a Palavra de Deus em nossas vidas, como diz o prólogo do Evangelho de São João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.

IR. VERÔNICA

filhA da pobreza do santíssimo sacramento

SETEMBRO DE 2017 | TOCA DE ASSIS

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