BOLETIM MENSAL
AGOSTO/2018
Santa Clara e a vocação religiosa “Entre outros benefícios que temos recebido e ainda recebemos diariamente da generosidade do Pai de toda misericórdia e pelos quais mais temos que agradecer ao glorioso Pai de Cristo está a nossa vocação, que, quanto maior e mais perfeita, mais a Ele é devida.” (TestC 2,3) mês de agosto, em que a Igreja celebra o mês N este das vocações e o dia de Santa Clara, vamos com
ela aprender a acolher o chamado, a vocação que Deus nos presenteia, porque, como ela diz, devemos a Deus a gratidão pela nossa vocação, que é a generosidade do Pai, que nos desejou desde o ventre materno. “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações.” (Jr 1,5) Santa Clara, em sua época, traz uma transformação à vida religiosa, pois na Igreja só era permitido viver a vida religiosa na tradição monástica, seguindo a regra de vida dos monges. Santa Clara trouxe para seu mosteiro uma nova forma de vida e aceitava em seu meio todas as que desejavam viver a vida religiosa independentemente da classe social. Dentro de seu mosteiro todas viviam de forma simples, nobres ou pobres. Foi a primeira mulher a escrever uma regra de vida, que foi aprovada pela Igreja no dia de sua morte. Ela esperou mais de 30 anos para ter sua regra aprovada e viveu em obediência alegre e tranquila o que a Igreja lhe pedia. Com esse exemplo, Santa Clara nos ensina que a vocação não é um ideal, uma ideologia, uma meta a ser alcançada, um projeto meramente humano. Vocação não se constrói, vocação é dom de Deus, é chamado. Não é um sacramento, porque o sacramento é o “sinal” aqui
na terra das realidades celestes; a vocação é a vivência, o testemunho real desta realidade aqui, já, no agora. Mais uma vez vemos a iniciativa de Deus, que nos toca por primeiro. É Ele que nos faz esse chamado e nós lhe respondemos com tudo aquilo que somos. Não podemos nos esquecer de que somos humanos, temos nossas fragilidades, sentimentos, emoções e pecados como qualquer outra pessoa, mas, abraçando esse chamado buscamos viver aquilo que Deus deseja de nós, a exemplo de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo Deus, fez-Se homem e abraçou todas as nossas fragilidades, menos o pecado. Temos que ser esse testemunho de simplicidade, acolhimento ao outro, valorizar a vida, a doação do trabalho e os dons em favor da fraternidade e da Igreja, acolher a todos sem discriminação, ou seja, nadarmos contra a maré do mundo, que prega o consumismo, o individualismo, a segregação de pessoas, a vida que é descartável e sem valor. Santa Clara nos diz que devemos abraçar nossa vocação com tudo o que somos e temos e sermos ligeiros: “(...) não perca de vista seu ponto de partida, conserve o que você tem, faça o que está fazendo e não o deixe” (Ct 3,4), “(...) mas, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, de modo que seus passos nem recolham a poeira, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da bem-aventurança” (2Ct In 11-13). Ela soube responder a esse chamado, com paciência, mesmo doente, por mais de 30 anos. Nunca esmoreceu, soube viver os desafios de sua época, ser firme em seus propósitos sem ser desobediente e colheu a vitória a aprovação de sua regra de vida.
Irmã Verônica Maria
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
Maria Santíssima:
caminho seguro para alcançar a verdadeira vocação “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,38).
foi o fiat (faça-se) da VirE sse gem Maria ao receber a notícia do Arcanjo Gabriel que conceberia e daria à luz o Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Diz São Luís Maria Grignion de Monfort: “Por ela Jesus Cristo veio a nós, e por ela devemos ir a Ele”. Portanto, não há melhor caminho para chegar à verdadeira vocação da humanidade, vocação à santidade, senão por Ela, a Virgem sem pecado concebida. O Concílio Vaticano II, meditando sobre “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem”, foi firme ao afirmar que “todos na Igreja, quer pertençam à hierarquia, quer sejam por ela pastoreados, são chamados à santidade”[1]. Ser santo é dizer “sim” ao projeto de Deus para sua vida e ela (Maria Santíssima), mesmo sem saber como tudo aconteceria, confiou e pôs-se como serva do Senhor. Responder a esse chamado, seja no estado de vida sacerdotal, religiosa, celibatária ou
leiga é um escândalo para o mundo que prega o dinheiro, o poder e o prazer como centros e objetivo da vida humana. O Pai “a escolheu Nele [Cristo], desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em sua presença, no amor” (Ef 1,4) [2]. No amor por Deus (fonte de todas as vocações) e pelo próximo é que o ser humano encontra a plena realização da sua vocação. A piíssima Virgem Maria doou-se toda por amor a Deus e pela humanidade e cumpriu-se então o Mistério da Redenção. O doar-se por amor aos outros, como fez a sempre Virgem Maria, é a grande graça da vocação, a verdadeira felicidade. O Papa Emérito Bento XVI, em sua mensagem para o 49 Dia de Oração pelas vocações, recorda-nos desse amor que move todo esse chamado, vivido de modo sublime pela Virgem Santíssima: “Neste terreno de um coração em oblação, na abertura ao amor de Deus e como fruto desse amor, nascem e crescem todas as vocações. E é bebendo nesta fonte durante a oração, por meio duma familiaridade assídua com a Palavra e os Sacramentos, nomeadamente a Euca-
ristia, que é possível viver o amor ao próximo, em cujo rosto se aprende a vislumbrar o de Cristo Senhor” (cf. Mt 25,31-46). Para exprimir a ligação indivisível entre esses “dois amores” – o amor a Deus e o amor ao próximo –, que brotam da mesma fonte divina e para ela se orientam, o Papa São Gregório Magno usa o exemplo da plantinha: “No terreno do nosso coração, [Deus] plantou primeiro a raiz do amor a Ele e depois, como ramagem, desenvolveu-se o amor fraterno” (Moralia in Job,VII, 24, 28:PL 75, 780D) [3]. O amor para o Cristão significa cruz. Por isso, “Nos perigos, nas angústias, em todos os momentos de dúvida, pense em Maria, invoque Maria” (São Bernardo de Claraval). Referências [1] O valor da vocação – blog do Padre Paulo Ricardo. [2] Catecismo da Igreja Católica – nº 492. [3] Mensagem do Santo Padre para o 49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações (29 de abril de 2012 – IV Domingo de Páscoa). Tema: “As vocações, dom do amor de Deus”.
Vocacional Filhos da Pobreza
Testemunho Vocacional
a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração S ou Imaculado, natural de Januária (MG). Moro
na missão de Anápolis (GO), na Casa Contemplativa Sacramento de Amor. Minha vocação despertou muito cedo, aos 9 anos, porém, só tive coragem deixar a casa dos meus pais aos 24 anos. Após passar por uma experiência com um câncer tomei a firme decisão de dar o meu “sim” ainda que fosse por pouco tempo, pensava eu. Nunca tivera coragem de deixar os meus pais, pois até então era a única assalariada em casa e trabalhava para ajudá-los. Durante o tratamento do câncer, fiquei numa comunidade de apoio em Montes Claros (MG) e em um determinado dia a Ester, fundadora da comunidade, convidou-me para conhecer uma das casas da Toca. Era uma chácara e lá chegando fui à capela, onde Jesus Eucarístico estava exposto. Foi amor à primeira vista e dentro de mim uma voz dizia: “É com Ele que quero morar por toda a minha vida”. Procurei o serviço vocacional, fiz acompanhamento, retiro e, em 2005, entrei para a Toca. Morei por dois anos e meio nas casas de missão, onde, junto com as demais irmãs, fazia o trabalho pastoral com os moradores de rua, porém, sentia que ainda faltava algo e esse algo encontrei quando conheci uma casa contemplativa da Toca em Londrina (PR), onde fiz minha primeira experiência no ramo contemplativo. O que me encantou de início foi a adoração contínua ao Santíssimo Sacramento, ver que toda a vida da filha da pobreza gira em torno Dele. A Liturgia das Horas, o silêncio orante, o trabalho escondido, a pobreza evangélica, eu me sentia em São Damião com Clara e suas irmãs. Com o passar do tempo, tudo o que via no início foi se concretizando em minha vida: a doação diária nos trabalhos, na vida fraterna, na oração pelos sacerdotes e toda a santa Igreja foi ganhando um espaço insubstituível dentro de mim. Na nossa vida simples e ordinária em meio aos trabalhos internos fui descobrindo que somos chamadas a ser Marta e Maria: Marta, que presta todo o trabalho para Jesus na dimensão de toda a Igreja, e Maria, que se coloca aos pés do Mestre para escutá-lo em cada Santa Missa celebrada, na adoração eucarística,na meditação da Palavra: “No deserto
a conduzirei para lhe falar ao coração” (Os 2,16). A nossa doação pelos sacerdotes, seminaristas e as vocações nos levam a exercer um papel fundamental na Igreja, crendo que com o nosso silêncio orante e amparo a distância exercemos para com eles a maternidade espiritual, oferecendo ao Senhor o sacrifício da nossa vida para a santificação e para o bem das almas. “A vossa oblação de amor é integrada pelo próprio Cristo na sua obra de redenção universal, à maneira das ondas que se perdem nas profundidades do oceano.” (Bento XVI) O que marca na minha vida de Filha da Pobreza do Santíssimo Sacramento no ramo contemplativo é contemplar a entrega generosa de cada irmã, que traz no rosto o sorriso, no coração a confiança de ser amada por Deus e, sendo amada, ama. É testemunhar de forma concreta tantas pessoas que chegam até nós, sejam pelos meios de comunicação, sejam pessoalmente para pedir orações por diversas causas e depois recebê-las novamente testemunhando a vitória alcançada por meio da oração. “Essa experiência desse amor gratuito é tão forte e tão íntimo que a pessoa sente que deve responder com a dedicação incondicional da sua vida.” (VC 17) A vida contemplativa das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento expressa claramente com as palavras do Papa Bento XVI: “Quando contemplamos uma catedral, quem pensa nos seus alicerces? Quando admiramos uma árvore secular, quem pensa nas suas raízes ou na seiva que circula no seu tronco? A vida contemplativa é na Igreja e no mundo o alicerce e a seiva que, embora não se vejam, sustentam ‘catedrais’ e alimentam ‘florestas’. Os mosteiros de vida contemplativa, aparentemente inúteis, são, ao contrário, como os ‘pulmões’ verdes de uma cidade”. Nisso resume-se claramente para mim o verdadeiro sentido da vida contemplativa das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Unida a Jesus em cada Santa Missa, falo todas as línguas, isso vale a pena... Vale a pena ser toda de Deus Nele e para Ele viver. Caminhando nessa certeza de que o Senhor me trouxe até aqui Ele continuará me conduzindo ao restante do caminho. Paz e bem!
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BOLETIM MENSAL TOCA DE ASSIS Agosto • 2018
Periodicidade: mensal • Distribuição: gratuita • Tiragem: 5.000 exemplares Direção: Ir. Xavier • Revisão: Marcus Facciollo • Diagramação: Rodrigo Reis