BOLETIM MENSAL
MAIO/2019
Reconhecendo Jesus no Pobre O
amor aos pobres neste carisma permite aos consagrados e leigos desta família religiosa reconhecer Jesus crucificado e ressuscitado neles. Podemos constituir essa definição pelas próprias palavras de Jesus – “Foi a Mim que fizeste”, “A Mim também não fizeste!” – em evidente paralelismo com suas próprias palavras na instituição da Eucaristia – “Isto é o meu corpo.” Jesus Se identificou com os pobres. Na encarnação, Jesus assumiu, em certo sentido, todos os homens, como diziam alguns santos padres da Igreja; pelo modo da encarnação assumiu, a título absolutamente peculiar, o pobre, o humilde, o sofredor, o abandonado, a ponto de identificar-Se com eles. Jesus disse estas palavras, referindo-Se ao que se fez, ou não se fez, em favor do esfomeado, do sedento, do nu, do desterrado, declarando solenemente: “Foi a Mim que fizeste”. Na realidade, isso equivale a dizer “Aquele abandonado e dila-
cerado, necessitado de um pouco de pão, aquele pobre que lhe estendia a mão, era Eu, era Eu!” (cf. Cantalamessa, 1997). No entanto, o consagrado e o leigo que comungam desse carisma que por algum motivo não acolhem o pobre não acolhem plenamente Cristo, que com ele Se identificou. Por isso, para cultivar essa experiência de acolhida dos pobres somos convidados a estar no meio dos sofredores de rua por meio das pastorais de rua, buscando aliviar o sofrimento dos irmãos, especialmente as dores do coração, por meio de uma atenta escuta, levando a esperança e o amor de Deus aos seus corações (cf. Constituições FPSS, art. 68). Em cada acolhimento dos sofredores devemos amá-los com todo coração e gratuidade, especialmente em suas fraquezas cotidianas e necessidades e na promoção de sua dignidade humana. Importa ressaltar que um dos diferenciais pro-
porcionados por esse carisma está exatamente nessa possibilidade extraordinária do religioso, nas casas fraternas de acolhimento, compartilhando o mesmo espaço com os irmãos de rua. Morar com os pobres que Deus nos confiou é uma imensa graça! Ao longo destes 25 anos de amor aos pobres, muitas histórias, conquistas e lutas... Muitos sorrisos e alegrias e muitas lágrimas foram derramadas. Lágrimas derramadas e unidas às dos abandonados de rua. Que essas lágrimas unidas nestes anos todos formem uma fecunda fonte de água pura que continue saciando a sede dos próximos pobres que formos encontrar, saciando a sede do sofredor ou, poderíamos dizer, do próprio Cristo crucificado!
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
“Eu te adoro com afeto, Deus oculto, que te escondes nestas aparências. A Ti submete-se o meu coração por inteiro e desfalece ao te contemplar.” (adoro te devote) N
este mês, em comunhão com tantos corações que amam e adoram Jesus Eucarístico, queremos elevar nossa ação de graças pelos 25 anos da Fraternidade Toca de Assis. Agradecer pelo chamado que juntos abraçamos de levantar, em meio a este mundo, Jesus sacramentado, nosso Deus amado, testemunhando que dos pobres é o Reino dos Céus. Nascemos do coração de Jesus sacramentado e alimentados por Ele buscamos nos configurar à Sua pobreza eucarística. Se “graças à Eucaristia a Igreja renasce sempre de novo”1, quanto mais aqueles que receberam como dom esse carisma de adoração, renascemos continuamente de novo em cada Santa Missa e em cada hora de adoração dessa fonte inesgotável de amor, pois “foi Ele que, antes de ser imolado por nós no altar da cruz, entregou aos homens as riquezas de Seu amor e fez brotar dos tesouros do Seu coração o mistério da Eucaristia. Mistério no qual a fé dos que creem se alimenta, a esperança encontra impulso, a caridade haure sua força e é dada a garantia da vida eterna”2. Ao adorarmos o maior mistério da nossa fé no sacramento do altar, os nossos olhos são atingidos pela flecha da beleza de Deus, “a beleza que nos salva”, como diz Dostoievski, e nos faz participantes e cooperantes na obra da redenção. “O olho é a luz do corpo” (Mt 6,22), por isso São Francisco, que tanto amava Jesus sacramentado, pôde dizer referindo-se ao mistério do olhar: “Não haja no mundo irmão que tenha pecado até não poder mais que após ver os Teus olhos se afaste sem a Tua misericórdia, se misericórdia buscar...”3, porque, deixando-nos atingir pela flecha da beleza do Santíssimo Sacramento, ganhamos uma nova e mais profunda capacidade de ver, o nosso olhar é transfigurado e transformado em fonte de vida. Só podemos amar os pobres enxergando neles Jesus crucificado, porque antes, nos momentos de adoração, os nossos olhos foram transfigurados pela luz eucarística.
Amamos o Santíssimo Sacramento, rendemos a Ele nossa vida em adoração porque Ele é o mais pobre entre os pobres, esquecido, ultrajado, abandonado em tantos sacrários “Jesus Eucarístico é verdadeiramente o mais pobre, o mais débil e o mais indefeso no interior da Igreja. Na sagrada hóstia, Jesus revelou e realizou de maneira insuperável esta verdade: ‘De rico que era, tornou-Se pobre por vós’ (2Cor 8,9)”4, por isso, alimentadas por Ele queremos nos configurar à Sua pobreza eucarística, para também enriquecermos com a nossa pobreza tantos corações sedentos de amor. Adorar é colocar-se como terra à disposição da semente – somos terra para o “divino grão de trigo” –, Ele deseja dar frutos em nós. Em cada comunhão Jesus deseja encontrar a pobreza da nossa terra. E assim como a semente que no silêncio da terra germina, “Uma expressão de adoração, mais eficaz que qualquer palavra, é o silêncio. Adorar, segundo a estupenda expressão de São Gregório de Nazianzeno, significa elevar a Deus um ‘hino de silêncio’”5. Adorar é viver segundo a lógica eucarística da disponibilidade à oferta e ao abandono de si a Deus.
1 Bento XVI, Sacramentum Caritatis, Edições Loyola, São Paulo, 2007, p. 13. 2 Prefácio da Missa do Coração Eucarístico de Jesus. 3 Francisco de Assis, Fontes franciscanas – carta a um ministro, Editora Mensageiro de Santo Antônio, Santo André, 2005, p. 105. 4 Athanasius Schneider, Corpus Christi – a sagrada comunhão e a renovação da Igreja, Caminhos Romanos, 2014, p. 97. 5 Raniero Cantalamessa, Isto é o meu corpo, Edições Loyola, São Paulo, 2008, p. 22.
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
Depoimentos “Quando minha mãe faleceu, meu pai arrumou outra mulher e me pôs para rua. Fiquei assim por um bom tempo, até que ao meu encontro vieram umas irmãs de Kombi e disseram que eu ia embora; elas me trouxeram para a Toca. Cuidaram de mim, tiraram meus documentos, elas são minha família, não as deixo por nada. Sou muito feliz!” (Maria da Penha, acolhida da Toca de Assis de Macaé (RJ) desde o ano de 2002.) “A Toca representa tudo em minha vida porque, quando mais precisei, a Toca me acolheu.” (Cida Marcondes, senhora acolhida na Toca de Assis de Santos (SP) desde o ano de 2005.) “A Toca de Assis é cuidado de Deus, é descoberta, é olhar para cada pessoa, cada gesto e poder viver e descobrir o amor. A Toca de Assis é comunhão, é habitar todos juntos em um único coração.” Erika Costa (Leiga)
“A Toca de Assis é uma presença da Igreja junto às pessoas necessitadas, em especial aos irmãos e irmãs em situação de rua. Com sua presença, a Toca leva justamente a misericórdia de Deus a esses irmãos.” (Dom Orani Tempesta, cardeal arcebispo da cidade do Rio de Janeiro (RJ).)
“Para mim a Toca de Assis é como o Céu, porque foi a porta que se abriu quando mais precisei. Eu estava morando na rua dependendo de tudo e de todos e o Senhor me acolheu aqui na Toca, sou muito grato por isso!” (Jairo, assistido na Toca de Assis de Santos (SP) desde o ano de 2014.)
“A Toca de Assis é uma bênção de casa, estava na rua e me acolheram. Fui bem acolhido, gosto muito das orações e estão me ajudando bastante. Estava sem documentos e agora, acolhido, estou providenciando os necessários. Tudo o que estão fazendo por mim está sendo muito importante para a minha vida.” (Adilson Mariano Godoy, assistido na Casa Mãe de Campinas(SP).)
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Nossa família é formada pelos institutos religiosos dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, ajudando-os você ajuda a Toca de Assis!
BOLETIM MENSAL TOCA DE ASSIS Maio • 2019
Periodicidade: mensal • Distribuição: gratuita • Tiragem: 5.000 exemplares Direção: Ir. Xavier e Ir. Maria Fernanda • Revisão: Marcus Facciollo Editor: Rafael Belucci • Diagramação: Jean Mendonça