Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Janeiro de 2016
A verdade do coracao
ÍNDICE
Revista
Artigo Especial
Toca para a Igreja 33
Mãe da Igreja
Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086
Toca em Ação 44
DEZEMBRO 2015 Publicada por Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87
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Formação
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Natal dos Pobres 6
Coração da Toca
SAV- Serviço de Animação Vocacional
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Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
16 O Mundo tem Saudades de Francisco
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vocacional@fpss.org.br
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis Publicação mensal interna da Fraternidade de Aliança Toca de Assis
EDITORIAL Prezado amigo Leitor, Paz e bem!
Presidente: Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento Comunicação Ir. Judá, Leonardo de Souza e Anima Comunicação.
Neste mês de d ezembro nosso “ARTIGO ESPECIAL” nos chama à esperança, mesmo quando tudo ao nosso redor pa recer mostrar o contrário: Cristo nasceu para nos salvar!
Editor chefe: Ir. Judá, fpss
A “FORMAÇÃO” deste mês nos fala do Amor que nos ensina a não olhar as aparências e sim contemplar o rosto de Deus nas mais diversas circunstâncias.
Projeto gráfico e Diagramação: Anima Comunicação +55 43 3064-1633 www.animacomunicacao.com Revisão Ortográfica: Larissa Nazário Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Leonardo de Souza; Frei Alexandre Agostinho; Ir. Gabriel; Ir. Salete; Ir. Rúbia Maria; Ir. Belém; Bruno Mendes; Ir. Verônica; Eduardo Vanzella; Diego Alves; Ir. Nínive; Fernando Nunes; Tamisa Graciano; Daniel Ávila; Gustavo Ávila; Évelyn Renata; Oscar Nascimento. Capa
“Não estou eu aqui que sou Tua Mãe?” É a pergunta que ecoa em nossos corações diante de nossas dificuldades no dia-a-dia, como veremos na coluna “MÃE DA IGREJA”. No artigo “SAUDADES DE FRANCISCO” vemos como São Francisco e Santa Clara viviam o tempo litúrgico com grande intensidade, tanto que veremos como São Francisco criou o que conhecemos hoje como presépio. No “TOCA PARA IGREJA” o Frei Alexandre Agostinho nos conta como os laços estreito com a Fraternidade se torna um oásis para que se possa ter força na caminhada. O testemunho do amor de Deus na vida da Irmã Rúbia, que com o dom do canto, é instrumento da graça na vida de tantos, é assunto do artigo “CORAÇÃO DA TOCA”. O “Toca Em Ação” nos conta da alegria de viver este tempo do Natal perto dos “preferidos de Deus”: os pobres; e como é sempre uma festa o “Natal dos Pobres” onde aprendemos o verdadeiro significado desta data tão especial.
Arquivo Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento.
www.tocadeassis.org.br
Departamento de Comunicação
TOCA PARA A IGREJA
A conquista de um simples coracao "celebrar na Toca de Assis é vivenciar o Oásis onde me abasteço e restauro minhas energias para continuar meu ministério."
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ejo a Toca de Assis como um grande sopro do Espírito para a Igreja, trazendo o jeito simples de viver, com um profundo testemunho do Reino, na vivência fraterna, na vida de oração e no resgate da dignidade dos irmãos em situação de rua. Creio que a marca destes homens e destas mulheres é a alegria inesgotável que se renova quando deixam tudo de si para se colocar no lugar do próximo, reproduzindo o gesto de Jesus, quem nos convida diariamente a deixar tudo para segui-lo. Conheci a Toca de Assis através de um padre, que também era meu amigo, morava em Londrina e Dom Albano, bispo na época, estava acolhendo os toqueiros, foi ali que comecei a ter os primeiros contatos e a me aproximar. Eu fazia parte da RCC e nos eventos sempre encontrava aos Irmãos e Irmãs. O estilo de vida e a entrega aos mais pobres sempre me encantaram na Toca de Assis, não me sentia chamado a ser um toqueiro, mas me agradava demais estar na presença deles. Deus é tão bom que foi estreitando esses laços e nos aproximando cada vez mais, pois quando eu fazia filosofia, meu formador presidia as missas para a Toca de Londrina. Lembro-me de uma festa à fantasia que participei, e até hoje dou boas
Missão de Campinas-SP. Fotografia por Eduardo Vanzella
risadas das lembranças , também tive um amigo muito querido, companheiro de caminhada, que fez parte da família Toca de Assis, sua presença me alegrava e fazia aumentar meu carinho pela Toca. Depois de muito tempo, tive o privilégio de conhecer as Irmãs da Toca de Belo Horizonte, cidade onde resido, fiquei muito feliz com o convite para celebrar a Santa Missa às segundas-feiras. Creio que a história se repete e Deus, mais
uma vez, me proporciona essa graça de compartilhar o Cristo que se dá no encontro. Costumo dizer que celebrar na Toca de Assis é vivenciar o Oásis onde me abasteço e restauro minhas energias para continuar meu ministério. Teria muitas outras experiências para compartilhar, mas creio que esse pouco já traduza minha gratidão e admiração pelos meus Irmãos e Irmãs de caminhada. Paz e Bem!! Fé e Alegria todo dia!!! Frei Alexandre Agostinho Arquidiocese de Belo Horizonte -MG
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MÃE DA IGREJA
Nuestra Senora de Guadalupe, ruega por nosotros! "Não estou eu aqui, que sou Tua Mãe?”
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México é um dos países mais católicos do mundo, mas jazia no paganismo sanguinário Asteca. Como fora evangelizado? Descubramos nesta aparição da Virgem de Guadalupe, Imperatriz das Américas, comemorada em 12 de dezembro, como Deus fez florescer sua Igreja em condições tão difíceis. Em 1531, no México recém-descoberto, o povo asteca cultuava um ídolo que tinha forma de serpente, para o qual se ofereciam anualmente sacrifícios humanos de milhares de outros índios e até de crianças. Manifesta-se a Mãe de Deus a um humilde índio catequizando, Juan Diego, no Monte Tepeyac. Nossa Senhora, em trajes e aparência indígenas, o chama de “Juanito, Juan Dieguito” e pede que reivindique do Bispo local a construção de uma Igreja em sua honra para atender ao povo. Mas o prelado pede um sinal a comprovar a origem Divina do pedido.
No dia em que prometera conceder o sinal a Juan Diego no Tepeyac, por seu tio estar gravemente doente, este agraciado índio faz um caminho desviando do monte. Para chamar um sacerdote e por amor ao seu tio se esquiva da Senhora. Mas Ela o encontra, o diálogo é belíssimo: “Escuta-me e entende-me, meu caçula, nada deve te amedrontar e afligir. Não temas qualquer enfermidade ou angústia. Não estou eu aqui? Eu sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção? Eu não sou tua saúde? Não estás feliz com o meu abraço? O que mais podes querer? Não te aflija por esta enfermidade de seu tio, ele não morrerá e agora mesmo já está curado.” Por ordem dela sobe ao Monte e colhe as rosas vermelhas que lá nasceram de um dia para o outro em condições inóspitas, coloca-as no seu manto e lhe traz. Ela as abençoa e o envia ao bispo. Pressuroso, ele vai e diante 4
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Padroeira do México e da América Latina, Imperatriz da América Imagem depositada na Basílica de Guadalupe, Cidade do México.
do religioso abre o manto, este já surpreso pelas rosas fora de época, contempla a imagem da Virgem de Guadalupe ser impressa instantaneamente no manto de Juan. Com o milagre, o templo foi construído e milhares de índios vieram pedir o Santo Batismo abandonando aos ídolos astecas, aos quais temiam deixar, encorajados pelo poderoso sinal de Maria “Estrela da Nova Evangelização”. Hoje é o Santuário Mariano mais visitado do mundo. Juan viveu no anonimato, misturado com todos e feliz por ter servido aos desígnios de Deus, foi canonizado pelo então Papa João Paulo II em 2002.
distância de um milímetro. Além de outras descobertas estupendas. Impressiona-me nesta aparição, que mudou o rumo da América Central, o carinho manifestado pela Mãe de Deus. Eu também muitas vezes experimentei o olhar de fora desta Mãe, precisamente nas tribulações que enfrentei em minha vocação, percebi esta verdade consoladora: “Não estou eu aqui, que sou Tua Mãe?”. E a paz retornava depois de tão amoroso olhar. Não deixemos nossa relação com esta
Mãe cair na indiferença, interesse egoísta ou na repetição fria e sem devoção de orações em sua honra. Que possamos esperar junto Dela nestes dias que antecedem o Natal, aprendendo com Ela como trazer em nós o Verbo Encarnado e Sacramentado em nossas vidas transmitindo-os aos outros. Ó Virgem de Guadalupe, Protetora das Américas, das vocações, das famílias e nascituros, esmagai a antiga serpente que ameaça teu povo. Amém!
O nome Guadalupe em asteca significa “Aquela que esmaga a cabeça da serpente” o que de fato aconteceu, Ela esmagou o ídolo serpente. A aparição é cheia de símbolos culturais que o povo entendeu: o lenço preto na cintura indica sua gravidez, ela é Virgem, pois têm os cabelos soltos, a lua negra debaixo dos pés era a representação do ídolo sanguinário esmagado, o manto azul representa a Realeza Celeste, sua cabeça inclinada mostra que não é deusa, e vem “Vestida de Sol” mostrando o Deus que Ela traz no Ventre, o Deus Verdadeiro. Além disso, o tecido do manto é uma espécie de frágil sisal, intacto há quase cinco séculos. Cientistas famosos e até a NASA examinaram a pintura e concluíram que o material usado não existe na terra. A técnica é irreproduzível e desconhecida, sem esboço e sem correções. E que a pintura não está presa ao tecido, mas levitando por cima dele na Referências - www.derradeirasgracas.com
Pintura a óleo sobre tela, "Verdadero retrato de São João Diego", século XVIII. Depositado no museu da Basílica de Guadalupe.
Ir. Gabriel
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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Votos Perpétuos 2014 - Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Fotografia por Diego Alves
FORMAÇÃO
O Amor se fez Carne "Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação’’ (Papa Francisco).
A
grande celebração do Natal do Senhor revela-nos o modo como Deus nos ama e deseja ser amado por nós. Deus escolheu o caminho da pequenez, da humildade e simplicidade de uma criancinha para dizer-nos que Ele conhece a fragilidade da nossa natureza humana e a nossa impotência de ir até ele apenas com os nossos próprios esforços. Deus quis ‘’descer’’ até a fraqueza humana para nos aproximar definitivamente Dele, não como escravos, mas como filhos e filhas amados.
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Deus se manifestou em nossa carne mortal e nos revelou o Seu rosto misericordioso, nos amou sem que merecêssemos e, mesmo conhecendo nossa falta de amor e indiferença, se entregou em nossas mãos como uma criança que necessita ser amada e cuidada. Sim, Deus se fez carne para nos salvar da morte eterna e ‘’mendigar’’ o nosso amor. E como é difícil deixar-nos envolver de admiração e gratidão por tão grande mistério... Preferimos nos esconder em nossa soberba e em nossos receios a nos render a um amor que é pura gratuidade.
No entanto, Deus não muda, seu amor permanece e junto está Seu desejo de que acolhamos o modo como Ele quis nos amar: não nos dando algo, mas dando-se a Si mesmo. Estas palavras do Papa emérito Bento XVI podem nos ajudar a compreender melhor o que Deus desejou ao assumir a nossa carne mortal: ‘’A beleza deste Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da verdade. Não cessa de nos comover o fato de Deus Se ter feito menino, para que nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca confiadamente em nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso venho a ti como menino, para que me possas acolher e amar’’ (Hom. de Natal, 2012).
que o ‘’interior’’ da pessoa. E ficamos na superfície da nossa fé, acomodados ao que não nos exige algum sacrifício ou renúncia de si mesmo... Penso que vale a pena citar a continuação do discurso do Papa Emérito Bento XVI, frente à necessidade de um amor gratuito e concreto em nosso mundo atual:
“Inevitavelmente se põe a questão de saber como reagiria eu, se Maria e José batessem à minha porta. Haveria lugar para eles? E recordamos então que esta notícia, aparentemente casual, da falta de lugar na hospedaria que obriga a Sagrada Família a ir para o estábulo, foi aprofundada e referida na sua essência pelo evangelista João nestes termos: «Veio para o que era seu, e os seus não O acolheram» (Jo 1, 11). Deste Mas como podemos amar concretamente esta modo, a grande questão moral sobre o modo como criança que nasce para nós na pobreza de Belém? Sem nos comportamos com os prófugos, os refugiados, os dúvida não nos faltam possibilidades no nosso cotiimigrantes ganha um sentido ainda mais fundamendiano. Nossa peregrinação nesta terra está repleta de tal: Temos verdadeiramente lugar para Deus, quando encontros com o ‘’rosto de Deus’’ escondido no próximo Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para e em diversas circunstâncias da vida. O problema está Ele? Porventura não é ao próprio Deus que rejeitamos? no modo como ‘’olhamos’’ o outro e tudo o que nos Isto começa pelo fato de não termos tempo para Deus. acontece. Nossa ‘’visão’’ tende mais para a ‘’aparência’’ Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto que o ‘’significado’’ de tal coisa, mais para o ‘’exterior’’ mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo, tanto menos tempo temos disponível. E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido’’ (Hom. de Natal, 2012). Amados Irmãos e Irmãs, é tempo de combater, pela fé, tudo aquilo que torna o nosso coração insensível a presença de Deus, Ele que vem ao nosso encontro e nos pede um ‘’lugar’’ para permanecer conosco. Que o Senhor, quando vier ‘’bater à nossa porta’’, não nos encontre cheios de nós mesmos, a ponto de não poder entrar. Oxalá a nossa ‘’hospedaria’’ esteja disponível para Ele que vem nos amar e ser amado!
Ir. Salete
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento Capela da Missão de Niterói-RJ. Fotografia por Anima Comunicação
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CORAÇÃO DA TOCA
A melodia do coracao "Assim me vejo diante de Deus, assim Ele me olha."
E
u bem me lembro, logo após o retiro vocacional fui para uma das casas fraternas. A recepção foi calorosa, reinava a simplicidade, recebi um cartão feito em folha de papel comum escrito a caneta e colorido a lápis: “Cante eu um cântico de amor, que vos siga nas alturas a vós, meu Amado; e minha alma rejubilada pelo vosso amor, desfaleça nos vossos louvores.” Essa era a mensagem. Apenas isso estava escrito. O cartão foi gentilmente, e em oração, preparado para uma desconhecida, apesar de ter o meu nome. Eu o guardei, queria entender. Confesso que ainda está comigo. Naquele momento não entendi nada, não havia o que entender. Um mistério do bem-querer de Deus chegava a mim, uma missão. Por que recebi este dom? Como o recebi? Deus quis, e assim fez. Sem que eu tivesse pedido, antes que eu pudesse desejar.
O ministério do louvor faz parte do que sou na história de minha consagração. No princípio do chamado já se apresentou, ainda sem forma, ainda sem explicação, sem porquê ; faz parte do hoje, é parte de minha identidade: assim me vejo diante de Deus, assim Ele me olha. A Verdade é que o canto no serviço da evangelização me leva a estar entre muitos e, ao mesmo tempo, misteriosa e verdadeiramente em um íntimo encontro com Deus, a sós. Meu canto segue rumo às alturas e toca aqui, primeiro em mim. É contínuo dar e receber, é contínua formação, contínua oração. De modo diferente, quais frutos viriam? Nesta minha peregrinação, cantar é expressão viva-ressuscitada, alegre e sofrida do anúncio profético daqueles que tudo querem dar e somente por Deus viver. Canto motivos que se tornam meus, meus moti-
Participação no CD Vai e Reconstrói a minha Igreja Fotografia por Setor de Comunicação Toca de Assis 8
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vos que se tornam os de tantos, modelando-nos numa única decisão, num único sentimento: os do Coração de Cristo. Canto minha juventude consagrada que se realiza seguindo livre Aquele que por primeiro está a me amar, que me quis para si. Canto o que creio. Quero servir como instrumento da Vontade Divina, chegando às profundezas das almas desejosas, saudosas de Deus, onde o canto possa chegar. Não para
meramente realizar um querer particular, mas sim para tornar-me acesso para que o Senhor chegue até onde Ele mesmo deseje ir. Canto para tornar Jesus conhecido e amado. Canto o Amor que não é amado. E cantando afirmo: Deus se esconde sob o véu do sacramento, Deus se esconde no pobre abandonado. O Deus escondido se deixa encontrar.
LEGENDA DA FOTO 1- Hosana Brasil 2014. Fotografia por Leonardo Souza. 2- Dia de gravação do CD Vai e Reconstrói a minha Igreja. Fotografia Setor de Comunicação Toca de Assis
Ir. Rúbia Maria
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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Capela na Missão de Niterói-RJ Fotografia por Anima Comunicação 10
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ARTIGO ESPECIAL
A verdade do coracao No Coração de Deus, os pobres ocupam lugar privilegiado, tanto que Ele mesmo "Se fez pobre”.
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m um Tempo de profunda alegria como o do Natal, por que ainda existem tantas pessoas que tem o coração entristecido e fragilizado? Se recebemos como cristãos a Boa Nova anunciada pelos anjos de que nasceu para nós um Salvador, por que ainda sofremos e ficamos mal diante de algumas circunstâncias de nossas vidas?
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De repente seja porquê ainda não entendemos essa mensagem angelical com todo o coração, e corremos o risco de ouvir que Jesus nasceu apenas com a nossa razão e pior, corriqueiramente, visto que em todos os anos ‘se repete a mesma coisa’. Creio que seja importante compreender um pouco do coração do homem e um pouco do coração de Deus, para conseguirmos esboçar alguma reflexão que responda a esses nossos questionamentos. A realidade do coração do homem Se olhamos primeiramente o coração do homem, vemos que diante de tantas situações no mundo de hoje que assolam nossa vida, só conseguiremos ser profundamente felizes quando aceitarmos uma verdade antropológica, muitas vezes esquecida ou até mesmo não percebida
pela maioria dos seres humanos: A verdade de que nosso coração tem de enfrentar momentos de alegria e tristeza, felicidade e dor, vida e luto e que essas duas polaridades aparentemente contrapostas, na realidade se complementam, visto que somos dotados da capacidade de viver todas essas situações, de um lado e de outro. Vivê-las no dia-a-dia é muito desafiador, pois quando vivemos a dor nos esquecemos da alegria e vice-versa. Se hoje temos passado por dificuldades, amanhã nos alegraremos, e se hoje temos alegrias e saúde, mais cedo ou mais tarde, pode nos visitar a dor ou a doença. E são contingências que não podemos evitar, compreendendo que o desafio não está no lado positivo ou negativo, mas na forma como se vivem as circunstâncias. Quando se aceita essa verdade ontológica do ser humano e se reflete que nenhuma situação perdura para sempre, pode-se viver com maior liberdade.
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LEGENDA DA FOTO 1- Pastoral de Rua, Quito-Equador. 2- Pastoral de Rua, Rio de Janeiro-RJ. 3- Fazenda da Esperança. Fotografia por Anima Comunicação 12
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ARTIGO ESPECIAL E quantos sentiam o peso do sofrimento, acabrunhados pela pobreza, assegurou que Deus os tinha no âmago do seu coração: «Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus» (Lc 6, 20); e com eles Se identificou: «Tive fome e destes-Me de comer», ensinando que a misericórdia para com eles é a chave do Céu (cf. Mt 25, 34-40).
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Logo, esta preferência divina tem consequências na vida de fé de todos os cristãos, que são chamados a possuir «os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus» (Fl 2, 5). Como o nosso coração tem gostos especiais, o Coração de Deus também tem uma preferência especial que são os pobres. E se aproximar dos mais pobres de alguma forma é o mesmo que se aproximar mais do coração do nosso Deus, pois os pobres são os “queridos de Deus”.
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Os queridos do Coração de Deus Mas saber disso não é o suficiente para fortalecer o nosso coração. Temos que observar o Coração de Deus. Coração Santo que recebe de nós tantos títulos e atribuições - manso, humilde, amoroso, sagrado... - ali tem espaço para todos nós, ele ama a todos, contudo, um detalhe que merece toda nossa atenção: no Coração de Deus, os pobres ocupam lugar privilegiado, tanto que até Ele mesmo «Se fez pobre» (2 Cor 8, 9). Todo o caminho da nossa redenção está assinalado pelos pobres. Esta salvação veio a nós através do «sim» de uma jovem humilde que vivia em um pequeno povoado perdido na periferia de um grande império. O Salvador nasceu num estábulo , entre animais, como sucedia com os filhos dos mais pobres.
Fontes de pesquisa: 1 Texto baseado na Exortação apostólica Evangelii Gaudium do santo padre Francisco, 186.
Como ensinava Bento XVI, esta opção “está implícita na fé cristológica, naquele Deus que Se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com sua pobreza”. Por isso, pede nosso Papa Francisco: “desejo uma Igreja pobre para os pobres. Estes têm muito para nos ensinar. É necessário que todos nos deixemos tocar por eles.” Por fim, acolhendo a vida com seus momentos que vão de felicidade à dor e imitando o Coração de Deus através de uma aproximação dos pobres, pode ser que compreendamos um pouco, em nosso coração, qual é a verdadeira Alegria do Natal.
Ir. Belém
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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TOCA EM AÇÃO
Um lapis nas maos de Deus "O sorriso está em todos os cantos, ainda que às vezes interrompido por lágrimas sinceras de quem esperava um momento de atenção.”
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nascimento de Jesus Cristo marca para todas as gerações passadas e as futuras, o momento histórico do Deus que se fez homem e veio a este mundo para nos salvar. Assim, o Natal é celebrado por famílias cristãs no mundo inteiro e, ampliou-se a outras culturas e crenças, por sua tradição milenar . Todos se reúnem em família e compartilham sentimen-
tos de amor, união e paz trazidos não pelos presentes do velho barbudo, mas pela infusão atemporal do Amor Divino neste dia. Aquém desta dádiva do acolhimento natalício, estão os nossos irmãos que moram nas ruas. Amigos que compõem a imensa família Toca de Assis e que dão sentido a existência da fraternidade, trazendo consigo o sofrimento de Jesus na cruz quando solitários, com sede e feridos. Neste sentido, os religiosos e leigos, abastecidos do Amor ao Santíssimo Sacramento, se unem para ser a família que eles não terão neste dia especial. Cada voluntário se sente como “um lápis nas mãos de Deus” a escrever este dia para cada um dos mais de cem irmãos em situação de rua atendidos. Toda a gestão do Natal dos Pobres começa meses antes, com reuniões e a arrecadação de doações. Já no dia do evento, tudo começa bem cedo - geralmente antes do galo cantar . Para outros, a festa já iniciou no dia anterior com os primeiros preparativos: ornamentações e limpeza. São pensados desde a logística para o recebimento de cada irmão até a triagem e o controle geral de todos eles. Na cozinha alguns alimentos são preparados na véspera e o bom cheiro já se espalha pelo ambiente no dia. Lá de dentro, os Chefs Toqueiros gritam para quem se aproximar: “Aqui dentro somente a equipe do almoço, por favor!”, o trabalho para Deus através do acolhimento dos pobres é levado a sério, mas sempre com bastante humor. Tudo é limpo e feito com extremo zelo. Uma dedicação que dificilmente damos a nós mesmos em nossa própria casa. O convidado para o Natal da Toca não é nosso parente ou amigo de infância, mas Jesus Cristo.
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Do lado de fora da casa, brincadeiras começam a surgir quase que automático. Um religioso mais brincalhão traz a viola, o pandeiro e o tamborim que prontamente são assumidos por irmãos de rua mais atrevidos e talentosos. Pouco tempo depois a roda de samba está formada e o refrigerante já está no gelo – Guaravita
para os que não gostam de gás. Outros menos chegados a farra trocam palavras com leigos dispostos a serem bons ouvintes. O sorriso está em todos os cantos, ainda que às vezes interrompido por lágrimas sinceras de quem esperava um momento de atenção, muito mais do que o churrasco que está por vir. 2
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LEGENDA DA FOTO 1 a 6- Natal dos Pobres 2014, Rio de Janeiro-RJ. Fotografia por Anima Comunicação
Ao meio-dia todos se reúnem para a Santa Missa. Celebração que abarca todo significado do dia e de nossas vidas. É na Eucaristia que os irmãos de rua encontram forças para sair e é Nela mesma que leigos e religiosos conseguem o sustento para o tão “árduo” trabalho. Assim, o Natal da Toca de Assis, bem como a festa da Páscoa passaram a ser a referência de acolhimento e amor para os irmãos que sofrem na rua. Em nosso carisma está o que a Irmã Dulce disse em uma reportagem em seus últimos anos vida: “Deus nos ensinou a amar o próximo como a si mesmo”, mas ‘como a si mesmo’, e não ‘como a si mesmo’ que dá um pão, uma esmola ou um café. Como a si mesmo, nós queremos atenção, amor e carinho. Então eu passo na rua, vejo um doente precisando de ajuda ... dou um pão, um café e vou adiante? Portanto, as festas e as pastorais não se concentram naquilo que os olhos humanos captam com facilidade, mas na presença de Jesus em cada um dos pobres, na Santa Missa, na adoração ao Santíssimo Sacramento e no amor de cada leigo e religioso para os que precisam de uma família – nem que seja por um dia.
Bruno Mendes
Leigo da missão do Rio de Janeiro
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NATAL DOS POBRES DE OLHO NA RUA
LEGENDA DA FOTO 7, 8, 9, 11, 12- Natal dos Pobres 2014, Londrina-PR. 10, 13, 14, 15- Natal dos Pobres 2014, Rio de Janeiro-RJ. Fotografia por Anima Comunicação
Bruno Mendes
Leigo da missão do Rio de Janeiro
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O MUNDO TEM SAUDADES DE FRANCISCO
Francisco: o Misterio da Encarnacao, o tempo do Advento e o tempo do Natal. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus” (Jo 1, 1-2)
A
centralidade da Espiritualidade Franciscana está fundamentada nas 3 Kenosis (ke/nwse - ekénose, ekenõsen) que significa esvaziamento de Jesus Cristo, a Anunciação, Paixão e Morte e na Eucaristia. Para Francisco e Clara, em especial na Encarnação, onde este grande Mistério se inicia, um Deus que sendo Deus se desloca, sai de sua zona de conforto, do Céu onde reina para se encarnar e assumir a condição humana, todas as suas fragilidades e limitações. Se contextualizamos a liturgia cotidiana, entendemos que o itinerário iniciático de Francisco de Assis foi, em certo sentido, o ano litúrgico. Talvez se perguntássemos a ele, qual poderia ser o melhor plano de iniciação capaz de construir um autêntico franciscano, ele nos poderia responder: viver profundamente o ano litúrgico, aproveitando dos tempos fortes para entrar na profundidade dos mistérios centrais do cristianismo: o mistério da encarnação (ciclo do natal) e o mistério da redenção (ciclo da páscoa). Para Francisco e Clara o tempo do Advento era o tempo de grande expectativa, de espera, onde eles, a exemplo da Virgem Maria, geravam o Menino Deus em seus corações. Nós, Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, que nascemos desta Espiritualidade Franciscana, convidamos a todos a viverem conosco esse tempo de espera e gestação tão belíssimo e íntimo, poder gerar em
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Presépio de Cotia-SP Fotografia por Eduardo Vanzella
nossos corações esse Menino Deus, poder seguir esta humildade, sermos pequenos e frágeis. Francisco vivia com “full immersion” cada tempo litúrgico. Por exemplo, sabemos com quanta intensidade ele vivia o santo natal, e como se preparava para ele. Chegou a “inventar” uma representação do presépio para poder contemplar com os seus olhos a crueza do mistério da encarnação. São Francisco tinha uma grande sede de viver a experiência pessoal destes grandes momentos da vida de Jesus Cristo, e isso nos revela e nos convida
a viver uma espiritualidade encarnada, ou seja, trazer para o nosso tempo, os momentos vividos por Jesus Cristo em seu nascimento. O presépio além de ser admirado, deve proporcionar em nós uma grande meditação e propósito de conversão interior, mudar a esta sociedade que preza somente o externo, o consumismo, a falta de simplicidade, as aparências, o sucesso, a eficácia, onde uma pessoa é válida pelo que possa produzir, pelo que possua , e não pelo que ela é. Um Santo Natal a todos!! Paz e Bem! Ir. Verônica Maria
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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“É maior alegria dar que receber.” Atos 20,35