Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Fevereiro de 2016
Vida Fraterna: Espelho da Trindade
ÍNDICE
Revista
Artigo Especial
Toca para a Igreja 33
Mãe da Igreja
Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086
Toca em Ação 44
FEVEREIRO 2016 Publicada por Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87
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Formação
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De olho na Rua 6
Coração da Toca
SAV- Serviço de Animação Vocacional
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Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
16 O Mundo tem Saudades de Francisco
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vocacional@fpss.org.br
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis Publicação mensal interna da Fraternidade de Aliança Toca de Assis
EDITORIAL Prezado amigo leitor, paz e bem!
Presidente: Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento Comunicação Ir. Judá, Leonardo de Souza e Anima Comunicação.
Neste mês de fevereiro o nosso “ARTIGO ESPECIAL”, findando o ano da vida consagrada, tratará sobre o sentido mais profundo e espiritual da vida fraterna em comunidade.
Editora Chefe: Ir. Judá, fpss
O “DE OLHO NA RUA” deste mês irá nos dizer que o estudo científico voltado para identificar a realidade das ruas é favorável aos serviços prestados em favor daqueles que vivem nela.
Projeto gráfico e Diagramação: Anima Comunicação +55 43 3064-1633 www.animacomunicacao.com Revisão Ortográfica: Larissa Nazário Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Ir. José Elias; Ir. Cordeiro; Ir. Salete; Ir. Inês; Ir. Belém; Ir. Romero; Ir. Verônica; Leonardo de Souza; Edinéia Tocchio; Diego Alves; Sidney Paco; Joca Deus é Pai; Fernando Nunes; Tamisa Graciano; Daniel Ávila; Oscar Nascimento. Capa Rio de Janeiro-RJ.
A coluna “FORMAÇÃO” abordará sobre a vida consagrada com as diretrizes que o nosso Santo Padre nos dá para assim viver melhor essa missão. Conheceremos na coluna “MÃE DA IGREJA” um pouco mais sobre a manifestação de Nossa Senhora de Lourdes, mostrando que em nossa caminhada nos dá sua companhia na meditação do santo rosário. No artigo “O MUNDO TEM SAUDADES DE FRANCISCO”, veremos o quanto é preciso olhar a paixão de Cristo de modo que entendamos que a sua entrega de morte de cruz foi por amor. O Irmão José Elias, FSA nos contará em “TOCA PARA IGREJA” que a partilha de dons dos Institutos incrementa a fé para o bem e promoção humana. Estamos em festa! Em o “CORAÇÃO DA TOCA” irá nos contar um pouco sobre o Ramo Contemplativo dentro do Instituto Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Você mora em São Paulo? No “TOCA EM AÇÃO” veremos que a Toca de Assis está em seu mais novo endereço para atender aos pobres dessa grande cidade. Anote e faça-nos uma visita! Departamento de Comunicação
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TOCA PARA A IGREJA
Pobre para os pobres. "O espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres.” (Is 61, 1)
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ou o Irmão José Elias, tenho 25 anos. Pertenço a Associação Pública de Fiéis Filhos de Sant’Ana, ramo masculino agregado ao Instituto das Filhas de Sant’Ana, que tem como carisma o seguimento do Cristo Pobre. E é justamente o Cristo Pobre que me atrai a uma experiência de comunhão com os Filhos e as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Atualmente resido em Fortaleza-CE. Estou na etapa do juniorado e curso licenciatura em Filosofia. Dois elementos do nome desta família religiosa me chamam a atenção: pobreza e Santíssimo Sacramento. A pobreza porquê o Cristo que seguimos nasceu pobre, viveu pobre e até a sua morte foi a mais ignominiosa de todas, testemunho efetivo de uma extrema pobreza toca o profundo de nosso ser, fazendo-nos ouvir os clamores da Santa Igreja por meio do Papa Francisco quando diz que quer “uma Igreja pobre para os pobres”, impelindo-nos a abraçarmos cada filho e filha de Deus em sua pobreza existencial, que bem mais que levar um prato de comida feito com tanto esmero pelos irmãos, é levar o olhar, a escuta e o aconchego do coração de Deus para aqueles aos quais, como Cristo na cruz, os homens viram o rosto para não ver. O Santíssimo Sacramento, pois a minha vocação à vida religiosa consagrada surge também sob a inspiração de uma das belas canções da Toca de Assis, e ainda hoje ao ouvir: “subo ao
Aniversário da Toca de Assis 2015, Fortaleza-CE Fotografia por Joca Deus é Pai.
altar de Deus que é a alegria da minha juventude” sinto arder o meu coração de certeza de que na Igreja quero ser adoração. Não poderia deixar de manifestar a alegria de poder rezar na capela das Irmãs, é o mesmo Deus que se faz presente, mas o momento é outro, pois antecede sempre aquele de ir às ruas e encontrar os irmãos nos quais verei a Cristo sem ostensório e sem a beleza reluzente que atrai tantos olhares, que com a Toca de Assis e
com a minha fundadora, a beata Rosa Gattorno, aprendi a enxergar. Partilhar o dom da vida consagrada com os Filhos e Filhas da Pobreza é viver em comunhão com toda a Igreja, pois é louvável que os Institutos Religiosos partilhem de seus dons para o incremento da fé e para a promoção da pessoa humana, tendo como ponto central a pessoa de Jesus Cristo e o seu Reino. Ir. José Elias
Assossiação Pública de Fiéis Filhos de Sant'Ana
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Gruta onde peregrinos se dirigem para manifestar sua devoção. Lourdes - França
MÃE DA IGREJA
Eu sou a Imaculada Conceicao. “Ela é a beleza transfigurada, a imagem da nova humanidade...”
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obre o Título de Nossa Senhora de Lourdes: exatamente no dia 11 de fevereiro de 1858 revelou- se a uma jovem de 14 anos chamada Bernadete Soubirous. Em uma bela manhã na cidade de Lourdes em uma pequena vila, Bernadete, sua irmã e uma de suas amigas saíram a recolher gravetos para a lareira e ossos para vender, caminhando , avistaram a gruta de Massabielle onde a menina nunca havia estado. As mesmas tinham que atravessar um rio chamado Gave, enquanto as outras atravessavam, Bernadete ouviu um barulho e inesperadamente olhou para cima e viu uma Mulher vestida toda de branco, um cinto azul na cintura e em cada um de seus pés uma rosa amarela.
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Bernadete sentiu o desejo de se aproximar da Virgem, retirou o terço do bolso e começou a rezar e sentir uma grande paz interior na certeza que aquela era a Senhora que vinha do céu a visitá-la. A virgem, com o terço em sua mão, acompanhou a pequena menina em sua oração. Encontramos em cada um dos Irmãos e Irmãs consagrados da Toca de Assis a alegria de poder rezar diariamente o santo terço na certeza que a Virgem nos acompanha em seu silêncio. Em uma de suas aparições a Virgem pediu que Bernadete cavasse com as próprias mãos aquela terra, pois ali
nasceria uma fonte de água milagrosa, obedecendo à voz da Senhora a mesma cavou e dali nasceu uma das mais belas fontes de cura para muitos doentes até nos tempos atuais . Mas o que nos chama a atenção foi quando a própria vidente serviu-se daquela água para sua enfermidade e não recebeu nenhum resultado de cura, sendo interrogada em relação ao motivo de aquela água, que curava a tantos, não ser capaz de curá-la, respondeu com toda confiança: “Talvez a Santíssima Virgem queira que eu sofra!” Fazendo de sua vida uma entrega de amor e expiação pelos pecadores. Então o Bispo pediu a menina que perguntasse a Senhora qual seu nome. Em uma das suas aparições, precisamente na décima sexta, a menina pergunta o nome da Senhora e após um longo período de silêncio Ela responde: -Eu sou a Imaculada Conceição. Diante disso o bispo, espantado por tal resposta, pois se tratava de um dogma já firmado na Igreja a menos de quatro anos pelo Papa Pio IX no ano de 1854, que pela dificuldade da comunicação daquela época estava então esse dogma restringido somente a algumas hierarquias da Igreja. Desde então multidões de fieis vão à Lourdes todos os anos em peregrinação não somente para buscar milagres ou curas, mas para fazer a experiência com a Senhora que se revelou como a Imaculada. Diante de todos os acontecimentos me chamou muito a atenção uma pergunta de uma freira para Bernadete sobre a Senhora Imaculada Conceição:
Desde 3 de agosto de 1925, o corpo intacto da Santa se encontra exposto numa urna de cristal na capela do convento de Saint-Gildard, na cidade de Nevers.
- A Senhora era bela? Bernadete respondeu que sim, tão bela que quando se vê uma vez, deseja-se a morte só para tornar a vê-la! Aos 23 anos de idade, Bernadete, cheia de esperança em viver somente para o seu Senhor, movida pelo desejo e amor pela Virgem de Lourdes se entrega a vida religiosa das Irmãs da Caridade e Instrução Cristã, depois de nove anos se dedicando aos enfermos de um asilo desta mesma congregação, querendo viver uma vida de recolhimento e oração diz as seguintes palavras: “Vim aqui para me esconder...” No dia 16 de Abril 1879, aos 35 anos morre em honor de santidade, deixando seu legado de levar ao coração da humanidade o amor pela Virgem de Lourdes o desejo daquela Senhora de sempre se revelar a nós na ternura de um coração que sabe amar.
Referências http://www.arautos.org/artigo/69231/A-menina-que-rezou-com-Nossa-Senhora.html http://www.abcdacatequese.com/abc/colaboradores
PEQUENO TRECHO DA ORAÇÃO FINAL DIANTE DA BASÍLICA DO ROSÁRIO DE LOURDES Ave Maria, Mulher de fé, primeira entre os discípulos! Virgem, Mãe da Igreja, ajuda-nos a dizer sempre a razão da esperança que nos anima, tendo confiança na bondade do homem e no amor do Pai. Ensina-nos a construir o mundo a partir do interior: na profundidade do silêncio e da oração, da alegria do amor fraterno, na fecundidade insubstituível da Cruz. Santa Maria, mãe dos crentes, Nossa Senhora de Lourdes, intercede por nós. Amém. João Paulo II
Ir. Cordeiro
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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FORMAÇÃO
Ano da Vida Consagrada: memoria, esperanca e paixao. "só em caso afirmativo poderemos amar verdadeira e misericordiosamente cada pessoa que encontramos no nosso caminho, porque teremos aprendido d´Ele o que é o amor..." (pAPA Francisco)
Assembléia Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento Fotografia por Anima Comunicação.
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m 29 de Novembro de 2013, no final de um encontro com os Superiores Gerais dos Institutos Religiosos em Roma, o Papa Francisco anunciou a iniciativa de um ano dedicado à Vida Consagrada, inserido no contexto da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, ocasião que proporcionou o nascimento do Decreto “Perfectae Caritatis” sobre a precisa renovação da vida consagrada, a fim de favorecer o crescimento e a fecundidade de seu dinamismo evangélico na Igreja e no mundo. Mas antes de falarmos do objetivo e dos frutos desta iniciativa do Santo Padre é preciso que entendamos um pouco mais o que é a vida consagrada na Igreja. Encontramos no Documento Vita Consecreta uma definição estrutural e essencial: ‘’Refere-se a um comum horizonte eclesial em que se articulam, de forma complementar, carismas e instituições: ordens e institutos religiosos dedicados à contemplação ou às obras de apostolado; sociedades de vida apostólica, institutos seculares e outros grupos de consagrados; formas novas ou renovadas de vida consagrada; a Ordem das Virgens, as viúvas e os eremitas consagrados; todos aqueles que, no segredo de seu coração, se entregam a Deus com uma especial consagração’’ (VC nº2). Em sua Carta Apostólica às pessoas consagradas, o Papa Francisco elaborou três partes fundamentais sobre o tema para nos ajudar em nossa reflexão, e que se faz necessário uma breve retomada: os objetivos, as expectativas e os horizontes deste ano da vida consagrada. O Papa aponta como objetivos três parâmetros: o primeiro é olhar e fazer memória agradecida do passado, onde cada família religiosa pode recordar seus inícios e desen-
volvimento, dando graças a Deus sem cessar por nos ter germinado no solo da Igreja e nos tornar aptos a toda boa obra. O segundo é viver com paixão o presente , de modo que as pessoas consagradas sejam capazes de implementar no mundo de hoje, de maneira mais profunda, os aspectos constitutivos desta forma de vida, especialmente o seu amor a Cristo. Neste ponto o Papa Francisco coloca uma pergunta provocadora aos consagrados: ‘’Jesus é verdadeiramente o nosso primeiro e único amor como nos propusemos quando professamos os nossos votos?’’ E ele responde dizendo que ‘’só em caso afirmativo poderemos amar verdadeira e misericordiosamente cada pessoa que encontramos no nosso caminho, porque teremos aprendido d´Ele o que é o amor e como amar: saberemos amar porque teremos o seu próprio coração’’. O terceiro objetivo seria então abraçar com esperança o futuro que se funda, segundo o Papa, não em nossas obras ou em números, mas unicamente na Pessoa de Cristo, em quem pusemos a nossa confiança (cf. 2Tm 1,12). E continua nos exortando a não cedermos à tentação de confiarmos em nossas próprias forças, mas nos revestir de Cristo e prosseguirmos confiantes na graça que o Senhor nos dá abundantemente. O Santo Padre aproveitou esta ocasião para frisar uma característica essencial na vida consagrada: a alegria. Ele não poupou palavras em seus discursos para anunciar ao coração de cada consagrado a necessidade de ‘’experimentar e mostrar que Deus é capaz de preencher o nosso coração e fazer-nos felizes...’’; de sermos corajosos no testemunho das nossas escolhas pelos valores evangélicos, iluminando com a
própria vida esta nossa sociedade ‘’que ostenta o culto da eficiência, da saúde, do sucesso e que marginaliza os pobres e exclui os ‘perdedores’...’’ Concluindo sua Carta, o Papa Francisco aponta como Horizontes neste Ano que foi dedicado à Vida Consagrada, não apenas as pessoas consagradas, mas procurou se dirigir também aos fiéis leigos que de variadas formas comungam e participam dos carismas doados pelo Espírito Santo aos Institutos Religiosos. Seu desejo é que todo o povo cristão tome consciência do dom que Deus faz à Igreja e ao mundo na presença de tantos consagrados e consagradas que se doam com generosidade para anunciar o Evangelho aos homens e mulheres de todos os tempos e em diversas culturas. Não percamos de vista o ‘’foco’’ apontado pelo Papa Francisco através deste ano que passou: ‘’Espero que cada forma de vida consagrada se interrogue sobre o que pedem Deus e a humanidade de hoje (...). Sair de si mesmo e ir ao encontro das periferias existenciais’’. É agora, depois de tantos encontros e reflexões sobre o objetivo que o Papa traçou com esta iniciativa, que inicia uma nova etapa da grande e indispensável missão da vida consagrada na Igreja e no mundo. Recebemos uma preciosa ‘’bússola’’ das mãos do Santo Padre, mas depende de nós percorrermos ou não com entusiasmo e fidelidade o percurso árduo e alegre do testemunho de Cristo, confiando Naquele que é o Doador de todas as graças que anima e sustenta a existência dos que se entregam a Ele para serem ‘’sal da terra e luz do mundo’’ em meio a tantos desafios e questionamentos de nossa sociedade. "Ide pelo mundo inteiro" (cf. Mc 16,15)
Ir. Salete
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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CORAÇÃO DA TOCA
Sacramento de Amor. “Uma maneira particular de estar com o Senhor.” (VS 3)
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m um dos escritos de Santa Clara podemos encontrar uma expressão que evidencia a profunda ação de Graças com que ela se deixou envolver durante toda a sua existência: “Bendito sejais Vós Meu Senhor por me haveres criado”. Animadas pelo mesmo espírito de louvor, nos unimos à nossa patrona neste dia tão especial, para com ela celebrar: “Louvado sejais Vós ó Senhor, por haveres desejado, sonhado e sido o Autor da existência deste Ramo Contemplativo no Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, que comemora seus 15 anos no dia 20 deste mês, e por santificar a cada dia àquelas que nele se entregam por amor de Vós no Augusto Sacramento, guardando-as como uma mãe guarda o filho, e amando-as com terno amor’’. Santa Clara nos ensina a nunca perdermos de vista o nosso ponto de partida. O que seria, pois, este ponto de partida senão este Amor de Deus que primeiramente nos amou, que nos guarda, cuidando de nós a cada instante com terno amor, inspirando-nos e motivando-nos a entregar dia a dia as nossas vidas numa oferta silenciosa e escondida, buscando ser uma resposta a este Amor que sem cessar se faz presente em nosso meio? Esta é a motivação do seguimento e da vida entregue de maneira exclusiva ao Divino Esposo, buscando nos configurar a este Cristo Pobre, Pobre porque se dá totalmente, sem reservas, neste Sacramento de Amor, e nos impele a viver assim num contínuo ato de adoração, de adoração suprema. No livro Irmão de Assis, o autor explica o que seria a Adoração Suprema:
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Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, Londrina-PR. Fotografia por Anima Comunicação
“... é o holocausto. Nos velhos tempos havia sacrifícios e holocaustos. No sacrifício, a rês era imolada e oferecida a Deus, mas sua carne era aproveitada pelos levitas e os servidores do templo. Nos holocaustos, depois que os bezerros eram imolados, eram imediatamente queimados por completo, incinerados. Assim, a saborosa carne não era comida por ninguém. Essa ‘inutilidade’ era a mais alta expressão
de adoração porque demonstrava a supremacia de Deus. É esse o significado de Clara em São Damião. Não faz catequese, não serve os leprosos, não prega a Palavra, nem dá aulas. É uma vida “inútil”.... Justamente por isso, sua vida contemplativa é a mais alta adoração, porque demonstra que Deus é tão grande que vale a pena dedicar-lhe a vida, sem nenhuma outra “utilidade”; que a existência seja completamente
queimada em sua honra, sem nenhum outro proveito… Sua existência foi tão “inútil” como o incenso que se queima; ou seja , Clara realizou o sonho dourado da alma de Francisco: adorar”. (Cf. Inácio Larrañaga). E é este o significado de nossa vida contemplativa, consagrada a Deus no silêncio, no escondimento, no anonimato, na radicalidade da pobreza, “que consiste partilhar o aniquilamento de Cristo que se exprime na renúncia, não só às coisas, mas também ao espaço, aos contatos, a tantos bens da criação’, unindo-se ao fecundo silêncio do Verbo na Cruz...” (VS 3); vida contemplativa esta que é alimentada da fé e da esperança no Amor de Deus. É um contínuo ato de adoração, porquê evidencia a Supremacia de Deus, o Seu
Assim, entendemos que a Igreja tem um coração, como expressa Santa Teresinha, de onde pulsa o sangue, isto é, o amor para todo o Corpo Místico, e este é o lugar e a missão da vida contemplativa, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais anunciariam o Evangelho e os mártires não mais derramariam o sangue. A vida contemplativa forma o coração da Igreja, e deste coração são impulsionadas todas as vocações que o Espírito Santo suscita. Não sabemos onde nem sobre quem são derramadas as graças do fruto de nossa oração, mas sabemos que tudo o que vivemos, gozamos, sofremos e oferecemos é recolhido por Deus, que
distribui a cada um segundo as suas necessidades. Diante do Senhor presente no Santíssimo Sacramento, reconhecemos a grandeza de Seu Amor, e temos a certeza de que este Amor que emana de Seu Coração Eucarístico se estende a todo o povo de Deus e a humanidade inteira, particularmente a todos os Sacerdotes da Igreja, pelos quais nos oferecemos de maneira particular. “Precisamente deste modo, sentimos também que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado” (cf. Ibid., 268), assim como escreve Santa Clara a Santa Inês de Praga: “Considero-te auxiliar do próprio Deus e amparo dos membros fracos do Seu Corpo Místico” (3ª Carta). Neste mesmo impulso, vivenciamos de maneira criativa o nosso Apostolado dentro deste Instituto que tem como um de seus pilares o amor aos pobres sofredores de rua, onde podemos, unidas a Cristo, ser este amparo e este alívio através da oração.
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Pedimos a intercessão da Virgem Maria, Mãe do Santíssimo Sacramento, para bem vivermos esta vocação, vocação esta que é dom gratuito de Deus, o maior benefício que dEle recebemos, sem mérito algum de nossa parte. Pedimos a Ela, a Mulher Contemplativa por excelência, que nos ensine a oferecermos nossa vida no silêncio e na gratuidade, sendo assim sustento para a vida dos batizados, dos sacerdotes, dos missionários e de toda a humanidade.
Amor como Valor Absoluto que realiza e dá sentido à uma vida que é entregue a Ele por completo.
3 1 e 3- Gravação do Clipe Nossa História. Fotografia por Anima Comunicação. 2- Votos perpétuos, Filhas da Pobreza do Santissimo Sacramento. Fotografia por Diego Alves 4- Sacramento de Amor, Maricá-RJ. Fotografia por Anima Comunicação.
REFERÊCIA Verbi Sponsa (documento da Igreja)
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Encerro com estas palavras: “Tudo começou com o chamado de Jesus, que nos chamou para ficar com Ele, e para realizar uma missão, pois a missão é o objetivo e a razão de ser da vida comunitária ao redor dEle”. (MARQUESINI, 2010, pg. 47). Tudo tem início nEle, Sua Voz permanece acesa dentro de nossos corações como uma chama que não se apaga.
Ir. Inês
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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Irmão Belém e Irmã Humilis, Rio de Janeiro-RJ. Fotografia por Anima Comunicação 10
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ARTIGO ESPECIAL
Vida Fraterna: Espelho da Trindade. “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça!” (Sl 133)
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este mês de Fevereiro, chegamos ao término do Ano da Vida Consagrada, que celebrou o tema “Vida Consagrada na Igreja hoje: Evangelho, Profecia e Esperança”. Segundo os pronunciamentos do Santo Padre, o Papa Francisco, os consagrados “são homens e mulheres que podem acordar o mundo. A vida consagrada é uma profecia”.
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E, como é de conhecimento da maioria dos nossos leitores, a nossa Toca de Assis tem dois Institutos de vida consagrada, os Filhos e as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, que vivem a riqueza desse carisma dado por Deus. Ajudando a edificar na humildade e simplicidade um pouco da vida espiritual e apostólica da Igreja. Sendo assim, cada Irmão e Irmã vive em adoração ao Santíssimo Sacramento e desenvolve vários trabalhos pastorais voltados especialmente para aqueles que sofrem nas ruas. Entretanto, até aqui essas informações não são grandes novidades para o leitor que acompanha nossa Revista. Sendo assim, queremos nesse Artigo Especial, que celebra o término do Ano da Vida Consagrada, expressar um aspecto menos conhecido de todos: o sentido de nossa vida fraterna em comunidade! Geralmente, quem nos conhece percebe que sempre estamos juntos. Certamente de dois em dois enquanto andamos nas ruas, em casas religiosas com números que vão de três até mais de dez membros reunidos. Mas poderíamos perguntar: por que vivem juntos? Qual o sentido?
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Vamos responder observando primeiramente a distinção entre vida fraterna e vida em comunidade. Expliquemos. O sentido mais espiritual e profundo está no fato da Vida Consagrada nos ser apresentada como signum fraternitatis (sinal da comunhão fraterna na Igreja), ou seja, a vida Fraterna entre os consagrados realiza-se quando a vivem à Imagem e semelhança do Deus Trindade, um sinal forte e eloquente de toda a fraternidade da Igreja. Este é o sentido. O Amor de Cristo nos uniu e nos faz irmãos fraternos também de toda a Igreja. Simplesmente, a dimensão comunitária da vida consagrada tem que traduzir, tem que tornar visível e eloquente de uma maneira forte e bela, esta dimensão da fraternidade. A vida fraterna dos consagrados e consagradas é sinal e motor daquela vida fraterna que constitui a Igreja como mistério de comunhão.
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Um aspecto mais visível é a vida em comum ou «vida de comunidade» que consiste no «habitar na própria casa religiosa legitimamente constituída» e no «levar vida comum» através da fidelidade às mesmas normas, da participação aos atos comuns, da colaboração nos serviços comuns. Tudo isso é vivido «segundo um estilo próprio» nas várias comunidades masculinas e femininas de todos os Institutos, de acordo com cada carisma. Para nós, Filhos e Filhas da Pobreza, a vida Fraterna e 12
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4 LEGENDA DA FOTO 1- Casa Santo Antônio, Rio de Janeiro-RJ. 2- Assembléia Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, Cachoeira Paulista-SP. 3- Gravação do Clipe Nossa História, Cotia-SP. 4- Retiro Internacional dos Leigos, Limeira-SP. 1 a 3 Fotografia por Anima Comunicação; 4 Fotografia por Daniela Saisu
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comunitária tem seu ápice nos momentos de sublime Adoração fraterna onde nos reunimos para amar a Deus em um só coração e em uma só alma. “O mesmo Cristo que os chamou convoca cada dia seus irmãos e suas irmãs para falar-lhes e para uni-los a Ele e entre si na Eucaristia, para torná-los sempre mais seu Corpo vivo e visível, animado pelo Espírito, em caminho para o Pai.” (Vida fraterna em Comunidade, 12) Também no nosso apostolado, somos irmãos para os irmãos, e Deus nos faz fraternos dos pobres abandonados de rua pelo mistério da Trindade que professamos, crescendo e aprendendo com eles. “Tudo isso testemunha que na Igreja está viva a fé e operante o amor para com o Cristo presente no pobre: «Tudo o que fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25, 40). Onde a inserção entre os pobres se tornou — para os pobres e para a própria comunidade — uma verdadeira experiência de Deus, provou-se a verdade da afirmação de que os pobres são evangelizados e de que os pobres evangelizam.” (Vida Fraterna em comunidade, 63) A correção Fraterna também é um ato de caridade e lealdade que enaltece a comunhão entre os religiosos e religiosas, para que não haja murmuração ou maledicência e sim perdão e reconciliação. (Cf. Constituições FPSS, 59) Assim, fazem todo sentido as palavras de São Paulo aos efésios: "Com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor" (cf. Ef 4, 1-6). Uma comunidade que não se preocupa com as necessidades básicas do outro está fadada ao fracasso, por mais supostamente piedosa que seja.
7 LEGENDA DA FOTO 5- Arquivo Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. 6- Domingo de Ramos, Cotia-SP. 7- Recanto Sagrado Coração de Jesus, Londrina-PR. 5 e 7 Fotografia por Anima Comunicação; 6 Fotografia por Sindey Paco
O fato é que em meio a todos os desafios atuais em que corremos o risco de fechar-nos em nós mesmos, a espiritualidade da Vida Fraterna em comunidade vivida por tantos religiosos e religiosas no mundo inteiro são um sinal forte e visível da comunhão e da caridade da Trindade, lugar de perdão e reconciliação. Que possamos no término desse Ano dedicado à Vida consagrada, com todo coração, exclamar com o salmista: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre. (Salmos 133,1-3). Ir. Belém
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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TOCA EM AÇÃO
Sao Paulo, um novo apostolado. “O Senhor se lembra sempre da Aliança.” (Sl 104)
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cidade de São Paulo, por ser uma megalópole, sempre trouxe consigo grandes desafios urbanos, sociais e culturais, consequentemente a problemática das pessoas em situação de rua não ficaria de fora. Assim, esta cidade sempre apresentou um dos maiores apelos apostólicos aos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento, em razão da grande quantidade de moradores de rua, cerca de 15.905 conforme senso 2015 feito pela Fundação de Pesquisas Econômicas - Prefeitura de São Paulo. Embora há anos desenvolvendo trabalhos pastorais nessa cidade, no ano de 2013 houve a necessidade de fechar a nossa última missão, para melhorar nossa estruturação interna . Em 2015 mantemos apenas um trabalho pastoral de abordagem com os dependentes químicos da Cracolândia. No entanto, a Arquidiocese de São Paulo sempre manifestou o interesse de que a Toca de Assis permanecesse na cidade, se empenhou e providenciou uma casa para nós, e com a graça de Deus, já estamos com uma nova missão no coração de São Paulo. A nova casa localiza-se no bairro Belenzinho, Rua Siqueira Bueno, n° 1942. A Providência Divina passou pelas mediações do Padre Luiz Eduardo Baronto, Cura da Catedral da Sé e Padre Júlio Lancelote, que intermediaram para nós uma casa e nos convidaram para um apostolado em comunhão com outras comunidades que desenvolvem o mesmo trabalho, cuidando dos mais pobres e abandonados no coração de São Paulo.
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O Apostolado dos Filhos Da Pobreza nesta missão consiste em: servir a Catedral ajudando na liturgia e no acompanhamento dos moradores em situação de rua que circulam dentro da Catedral. Somos gratos a Deus por mais essa graça em nossas vidas e na vida dos mais pobres e abandonados de São Paulo. LEGENDA DA FOTO 1 a 4 Fachada e instalações da nova casa de assistencialismo da Fraternidade Toca de Assis. Arquivo Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento.
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Setor de Comunicação Fraternidade Toca de Assis
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Pastoral de Rua Quito-Equador. Fotografia por Edinéia Tocchio.
NATAL DOS POBRES DE OLHO NA RUA
Servico tecnico e a rua. “A abertura atenta e constante às ciências faz com que a doutrina social da igreja adquira competência, concretude e atualidade.” (compêndio da doutrina social da igreja)
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omo pensar hoje a importância do trabalho técnico no universo das ruas? Nos últimos tempos observamos o crescimento da qualificação técnica dos serviços que atendem esta população. À medida que a realidade da população de rua tomou maior visibilidade do poder público por meio das diversas mobilizações e das organizações que atuam com esta população, cresceu também em eficiência o seu atendimento, ao que diz respeito a quantidade e também a qualidade técnica dos serviços prestados a eles .
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Em que essa qualificação técnica pode de fato auxiliar as pessoas que estão em situação de rua? Por muito tempo se pensou a realidade das ruas com meras ações caritativas, ações que tinham em si um grande valor moral, mas com o passar do tempo pôde-se por meio da investigação científica pensar mais profundamente as realidades deste povo, e concluir com uma visão mais profunda do contexto desta realidade. Constatou-se que, essas pessoas que dependem da rua para viver, estão carentes
A Toca de Assis, nos últimos tempos, tem buscado qualificar as suas ações incorporando em seus trabalhos o apoio de profissionais da área social e psicológica, o que de fato é algo novo para muitos, pois era pouco compreendido há algum tempo . Hoje testemunhamos o quanto foi importante esse passo em nossas casas em diversos aspectos.
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dos seus direitos como pessoa humana, resultando em um emaranhado de processos de perdas, uma vez que, para esses indivíduos se faz necessário pensar não somente ações imediatistas para sanar as feridas de uma realidade, mas elaborar ações contribuintes na garantia de direitos dos mesmos. Neste aspecto foi de fundamental importância a qualificação técnica, pois pôde colaborar enormemente para a construção de ações para responder as gritantes necessidades desta população, o que não diminui de maneira alguma a imprescindível presença caritativa nas ruas que sempre têm marcado os nossos trabalhos, até mesmo uma ação técnica não pode se omitir de alguma caridade, pois lidar com o ser humano exige que nós sejamos também humanos e isso muitas vezes nos pede mais do que se exige o protocolo. LEGENDA DA FOTO 1- Acolhidos da Casa São José (Dourados-MS) recebem assistência fisioterapêutica. Fotografia por Anima Comunicação 2- Serviços de Assistência Social são prestados na Central São José (Campinas-SP). Fotografia por Leonardo de Souza.
Quando se volta o olhar para o amor e o cuidado aos pobres não se duvida da importância deste apoio, tudo vem como acréscimo, como soma nesta grande missão que é proporcionar a restauração da dignidade de tantas pessoas. Onde eu não posso alcançar com meus braços por que não buscar o auxílio de quem cujos braços têm um alcance e uma eficiência melhor que o meu? A caridade não é egoísta, não detém a verdade, o que nos leva a crer que juntos (as ações caritativas e o serviço técnico) podem dignificar a vida dos irmãos em situação de rua. Não devemos temer as ciências, em especial as da área social, no trabalho que realizamos, tenhamos sempre em vista a qualificação dos nossos atendimentos, o necessário equilíbrio e melhor execução de nosso trabalho. “Graças a elas, a igreja pode compreender de modo mais preciso o homem na sociedade, falar aos homens do próprio tempo de modo mais convincente e cumprir de modo eficaz a sua tarefa de encarnar, na consciência e na sensibilidade social do nosso tempo, a palavra de Deus e a fé, da qual a doutrina social parte.” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja)
Ir. Romero
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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O MUNDO TEM SAUDADES DE FRANCISCO
Sao Francisco e o Misterio da Paixao do Senhor. “Nós vos adoramos, ó Cristo, em todas as vossas igrejas que estão pelo mundo inteiro, e vos bendizemos, porque por vossa santa cruz remistes o mundo”. (1Cel 45)
A
visão do Cristo crucificado, daquele que deu sua vida por nós por amor, não nos pode ser indiferente. Esta imagem precisa causar alguma emoção interior. É a imagem de Deus sofrendo como homem e a do Homem sendo glorificado como Deus. Representa a maior demonstração de amor já vista na humanidade. Esta imagem tem sido a porta por onde muitos se enamoram de Deus. Um dos grandes ícones do franciscanismo é o crucifixo de São Damião, o que mais chama a atenção nele é a figura do Cristo com os grandes olhos abertos, Jesus ainda está vivo e do alto da Cruz olha para todos nós com amor e misericórdia. Era com esse olhar que São Francisco meditava, não olhando a Paixão somente com os olhos do sofrimento e da dor, para ele essa não era a essência da Paixão do Senhor, e sim contemplar o mais profundo amor de um Deus que foi até as últimas consequências em sua fragilidade humana para nos mostrar, com a sua vida entregue até morte e morte de cruz, que nos amava e nos queria. Francisco vivia essa realidade da Paixão do Senhor como um ato de amor, entrega, redenção e felicidade porquê ele tinha a certeza de que Deus nos
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mostrou que era possível vencer a morte, que depois da cruz vem a ressurreição, a felicidade eterna, pois Jesus quem primeiro viveu essa realidade. São Francisco tinha tanto carinho e amor pela Paixão do Senhor que escreveu o ofício da Paixão - uma coleção de quinze salmos: treze elaborados por ele e uma antífona de Nossa Senhora - contendo os momentos da Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras, até a sua Ressurreição. São Francisco vivia com intensidade a Quaresma do Senhor, além do aspecto penitencial e de conversão, encontra sentido no seu desejo de “conformar-se a Cristo”, nela se preparava para celebrar o mistério da morte e ressurreição de Jesus, período em que queria responder ao amor do Senhor. Sua penitência e mortificação tinha o intuito de imitar e conformar-se com o Cristo, seu grande desejo. No decorrer de sua vida, em seus sofrimentos, soube com maestria uni-los aos sofrimentos de Cristo, e foi tão intenso que recebeu os estigmas de Jesus. A maior lição que São Francisco nos deixa diante deste mistério é que precisamos aprender a sofrer os revezes da vida com paciência, humildade e amor, como Jesus viveu
Crucifixo Bizantino De São Damião. Artista desconhecido, natural de Úmbria - Itália, pintou o crucifixo no século XII.
esse grande mistério. São Francisco sabia tornar esse mistério amargo do sofrimento em doçura de amor, onde conseguimos enterder como o amargo pode se tornar doce. Que possamos não somente meditar nesse mistério, mas saber vivê-lo com a mestria e sabedoria que São Francisco nos deixou! Ir. Verônica
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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“É maior alegria dar que receber.” Atos 20,35