Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Fevereiro de 2015
Vida consagrada: Um tesouro em vasos de argila
Revista
ÍNDICE Artigo Especial
Toca para a Igreja 3
Mãe da Igreja FEVEREIRO 2015 Publicada por Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87
Toca em Ação 14
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Formação
Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocacional
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De Olho na Rua 6 Diário de um Peregrino
Coração da Toca
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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vocacional@fpss.org.br
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Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis Publicação mensal interna da Fraternidade de Aliança Toca de Assis
Presidente: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz,fpss. Departamento Comunicação Ir. Belém, Ir. Nínive, Leonardo de Souza e Anima Studio. Editor chefe: Ir. Belém,fpss Projeto gráfico: Anima Studio Diagramação: Anima Studio Revisão Ortográfica: Lucimara Castro Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Ir. Belém; Ir. Romero; Ir. Nínive; Ir. Maria dos Anjos; Dom Orani; Ir. Maria Luz; Ir. Isaias; Ir. Maria Raquel; Ir. Salete da Santíssima Trindade; Ir. Marina; Fernando Nunes; Eduardo Vanzella; Fábio Oliveira; Évelyn Renata; Oscar Nascimento; Leonardo de Souza.
Capa Fazenda da Esperança, Pedrinhas por Anima Studio.
www.tocadeassis.org.br
Prezado amigo Leitor, Paz e bem!
EDITORIAL
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o mês de fevereiro, no artigo “TOCA PARA IGREJA”, Dom Orani nos fala um pouco sobre a importância do trabalho da Toca de Assis no Rio, da forma como buscam Jesus escondido nos pobres. Na coluna “MÃE DA IGREJA” aprenderemos mais sobre os Santos Anjos e adentraremos a conhecer a Aparição do Anjo de Portugal. A “FORMAÇÃO”, após a Solenidade do Natal e outras festas que se seguiram para nos introduzir mais eficazmente no mistério da Encarnação do Senhor, “Aquele que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza”, a Igreja anuncia de um modo sempre novo o convite insistente de Jesus “à penitência e conversão”. No “CORAÇÃO DA TOCA”, conheceremos um pouco do maravilhoso mistério de comunhão que vivemos com a nossa tão querida Comunidade Canção Nova. Completamos oito anos desde que abrimos nossa casa em sua sede. O nosso “ARTIGO ESPECIAL” vai nos falar da importância das formas de vida consagrada espalhadas pelo mundo inteiro. Homens e mulheres, chamados por Deus a deixar tudo e segui-Lo mais de perto, pela vivência da pobreza, obediência e castidade ao Cristo Senhor Jesus. No artigo “TOCA EM AÇÃO” faremos um convite especial para aqueles que são chamados à vida consagrada em nossos institutos, abordando quais passos devem ser dados por aqueles que se sentem chamados. Na coluna “DE OLHO NA RUA” conheceremos o SP invisível, juntamente com o maravilhoso trabalho realizado pelos responsáveis. O “DIÁRIO DO PEREGRINO” nos trará a experiência de nossas irmãs na Bolívia, na procura pela família de um de nossos acolhidos de Dourados.
Departamento de Comunicação
TOCA PARA A IGREJA
JESUS ESCONDIDO
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Anima Studio
m 2014, vivemos o ano da Caridade, sobretudo a caridade Social. Com essa vocação, a Toca de Assis tem em nossa Arquidiocese um trabalho de muita proximidade com os pobres, de maneira efetiva. Diferente de muitos grupos que fazem um assistencialismo, a Toca de Assis busca na pessoa do pobre Jesus escondido. E esse é o grande diferencial, que torna esse trabalho fecundo nas ruas, um trabalho que traz em sua raiz o Evangelho. Aqui no Rio necessitamos muito disso, do apostolado que nasce por causa de Cristo, se encontra com o Cristo no Pobre, e é movido por esse amor. Alegremo-nos com o exemplo e o sinal da toca de Assis em nossa Arquidiocese”. “E como posso Te ver no altar No véu do sacramento Teu corpo em glória e não te adorar? E como posso Te ver no irmão Teu corpo ferido, cansado, sofrido e não dar a mão?” Como Posso - CD Vai e Reconstrói a Minha Igreja - Toca de Assis
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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Imagem da Internet
ANJO CUSTÓDIO
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eus enviou um mensageiro do Céu para preparar as aparições de sua Mãe Santíssima na Cova da Iria, ou Cova da Paz, pois o significado da palavra Iria é Paz. Pois bem, este mensageiro se apresenta como Anjo da Paz. Durante alguns meses vamos nos aprofundar sobre esse misterioso fato que antecede as aparições de Nossa Senhora, e junto com os pastorinhos, aprender a amar e nos aproximar do nosso santo Anjo da Guarda, pedindo a graça de Deus para estarmos atentos aos seus sinais e não nos esquecermos de rezar pelo Anjo Guardião do Brasil, Terra de Santa Cruz. Cada Nação tem seu Anjo Segundo uma antiga tradição da Igreja, cada nação tem um Anjo especialmente incumbido de ajudá-la. O Anjo que apareceu aos pastorinhos foi o primeiro na história da Igreja a identificar-se como sendo o Anjo Custódio da Nação, o Anjo de Portugal. “É doutrina Católica baseada na Sagrada Escritura (Dn 10,13 e 12,1), nos Santos Padres e Doutores da Igreja, que não só os Homens, mas também as Nações [...] têm um Anjo encarregado de os guardar”.1
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MAE DA IGREJA
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São Miguel, Anjo da Paz A mensagem do Anjo de Portugal não era restrita somente ao seu povo, mas ao mundo inteiro, como nos deixa claro a mensagem de Fátima. Alguns historiadores questionam sobre esse anjo, se não seria o Arcanjo Miguel, a quem é confiado de modo especial a Proteção da Igreja. Em Fátima, o Anjo diz: “Eu sou o Anjo da Paz”. É interessante observar no Hino das Segundas Vésperas da Liturgia das Horas, da festa de 29 de Setembro, que cada um dos Arcanjos tem um título próprio. Quando se trata de São Miguel, a igreja chama-lhe de Miguel, Anjo da Paz. O Papa Leão XIII prescreveu para toda a cristandade uma oração ao Arcanjo Miguel, que deveria ser rezada todos os dias no final de cada Santa Missa.2 Início das Aparições, em 1915 A primeira aparição de um Anjo em Fátima teria ocorrido no verão de 1915. Lúcia tinha apenas oito anos, era uma criança piedosa, e com espírito de iniciativa. Convidou três amigas para rezar no Cabeço - uma pequena elevação do terreno -, ao lado dos Valinhos, e a pouca distância do lugar de Aljustrel. Lúcia descreve deste modo: “Um pouco mais ou menos aí pelo meio dia, comemos nossa merenda e, depois dela, convidei as minhas companheiras para rezar comigo o terço, ao que elas acolheram com gosto. Mal tínhamos começado, quando, diante dos nossos olhos, vemos, como sus-
pensa no ar, sobre o arvoredo, uma figura como se fosse estátua de neve que os raios do Sol tornavam algo transparente.”3 As crianças ficaram assustadas, mas continuaram a rezar. A figura sumiu assim que terminada a oração e Lúcia fez o propósito de se calar, como já de costume. Essa mesma aparição tornou a se repetir da mesma forma naquele mesmo ano.
Padre Oliveiros de Jesus Reis, Mensagem de Fátima Dada ao Mundo, Edit. Rei dos Livros, Lisboa, 1977, p.17. Cf. também, como nota o autor S. Tomas de Aquino, no seu tratado sobre os Anjos. 2 ACTA SANCTAE SEDIS 3 Memórias da Irmã Lúcia II, II, nº 1, p.60.
Notamos nestas primeiras vagas aparições de um Anjo, que os Pastorinhos, Jacinta e Francisco, não estão presentes, devido à sua pouca idade. Mas a partir do próximo ano, em 1916, encontraremos os dois primos e Lúcia de Jesus, vigiando o rebanho, e é precisamente nesta fase que os pastorinhos receberão a visita do Anjo da Guarda de Portugal, preparando-os para o encontro com a Mãe Celeste.
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Fernando Nunes
Fraternidade de Aliança Toca de Assis
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DEUS, O CRISTÃO E A PENITÊNCIA
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pós a Solenidade do Natal e outras festas que se seguiram para nos introduzir mais eficazmente no mistério da Encarnação do Senhor, “Aquele que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza”, a Igreja anuncia de um modo sempre novo o convite insistente de Jesus “à penitência e conversão”. Portanto, ela mesma nos proporciona, com largueza de coração, tempos fortes e dinâmicos da prática penitencial, como meio seguro e sóbrio para aprofundarmos nossa consciência do quanto ainda somos arrastados pelo vento das paixões da carne e do mundo, e da precisão humana de arrependimento, conversão e salvação. Quaresma não é tempo de tristeza, muito menos de autoacusação. É ocasião para nos colocarmos novamente nas mãos de Deus, o nosso Oleiro, e deixarmos que o seu amor misericordioso nos coloque interiormente em movimento contínuo de contrição e conversão, e ainda, nos molde e reconstrua como quiser. E isto só podemos experimentar se acolhemos em nosso íntimo, como uma decisão pessoal e livre, o convite do Senhor por meio da Igreja: “Convertei-vos”. O Catecismo da Igreja nos rememora que “só o Coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e bela” (CIC 1439), olhando e acolhendo o pecador arrependido e provando-lhe a gratuidade do seu amor, e o seu desejo de penetrar com este amor a profundeza do homem para curá-lo e salvá-lo de seus pecados, oferecendo o perdão e a nova vida.
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Mas, de fato, quem precisa de conversão? O mesmo Catecismo vai dizer que esse apelo é feito primeiramente aos que ainda não conhecem a Cristo e seu Evangelho, sendo o Batismo o principal lugar da primeira e fundamental conversão. Mas o apelo de
Cristo não cessa: ele continua a ressoar a todos os cristãos como forma de convite a uma segunda conversão. Esta “é uma tarefa ininterrupta na Igreja, que ‘reúne em seu próprio seio os pecadores’ e que ‘é ao mesmo tempo santa e sempre, na necessidade de purificar-
FORMACAO -se, busca sem cessar a penitência e a renovação’” (cf. CIC 1427-1428). Santo Ambrósio faz um comentário maravilhoso a este respeito: “Na Igreja existem a água e as lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da penitência”. E o que aprendemos por penitência? Talvez a primeira lembrança que nos vem são as obras exteriores como os jejuns e as mortificações. Também essas possuem o seu valor penitencial – já que o corpo também precisa se submeter ao exercício de purificação – mas elas não são o essencial do cristianismo. A medula – ou o núcleo – da penitência ensinada por Jesus é a conversão do coração, a penitência interior. Ora, se ela acontece concretamente no interior do homem, abrangendo a mentalidade, os sentimentos e as atitudes, certamente nos dará condições de uma conversão totalizante, ou seja, “de uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às más obras que cometemos” (CIC 1431). E se é totalizante e integral “na vida toda e em toda a vida” o desejo – que está no coração do homem sadio - sofrerá também alguma transformação radical: passa-se a desejar uma vida nova, conformada com a Pessoa de Cristo. Essa conformação é precisamente o caminho cotidiano da segunda conversão do cristão batizado. Ao dizer conversão cotidiana queremos afirmar que o homem é purificado de seus pecados, sobretudo, no ritmo ordinário da vida, “por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e da defesa da
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São João Paulo II, Salvifici Doloris, nº23 Idem, Reconciliação e penitência, nº3
justiça e do direito, pela confissão das faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de consciência, pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, e seguir a Jesus é o caminho mais seguro da penitência” (CIC 1435). No entanto, o homem pode se deparar com momentos não planejados ou não desejados durante sua peregrinação terrena, no qual a dor e o sofrimento - por vezes como uma provação muito dura - se tornam o veículo da graça santificante em sua vida e na vida de outras pessoas. Para estas ocasiões não nos faltará a fortaleza da Cruz, que infunde em nosso interior, débil e fragilizado, a graça de nos unirmos a Cristo Crucificado e colaborarmos com ele na obra redentora da humanidade: “ Aqueles que participam dos sofrimentos de Cristo têm diante dos olhos o mistério Pascal da Cruz e da Ressurreição, no qual Cristo, numa primeira fase, desce até as últimas consequências da debilidade e da impotência humana: efetivamente, morre pregado na Cruz. Mas dado que nesta fraqueza se realiza ao mesmo tempo a sua elevação, confirmada pela força da Ressurreição, isso significa que as fraquezas de todos os sofrimentos humanos podem ser penetrados pela mesma potência de Deus, manifestada na Cruz de Cristo. Nessa concepção, sofrer significa tornar-se particularmente receptivo, particularmente aberto à ação das forças salvíficas de Deus, oferecidas em Cristo à humanidade”.1
O termo “fazer penitência” era muito caro na vida dos primeiros franciscanos que se identificavam como “os penitentes de Assis”. Há, pois, na vida de Francisco e Clara um sentido profundamente existencial que os moveu a “fazer penitência”: é uma mudança de vida provocada pelo amor infinito de Deus Pai que entrega aos seus inimigos o seu Filho Único até a morte de cruz. Tal transformação que a palavra evoca não pode se tratar simplesmente de mudanças de ideias, hábitos e costumes. Esta significa, antes de tudo, uma mudança de espírito, de mente, de raiz ou fonte de onde nascem, crescem e amadurecem nosso pensar, sentir e agir. Em outras palavras, significa entrar numa nova vertente de nossa vida. No mesmo sentido escreve São João Paulo II, afirmando que o conceito de uma existência penitencial significa em primeiro plano mudar o coração sob o influxo da graça de Deus e na perspectiva do Reino. Depois, mudar de vida em coerência com a mudança do coração; e, nesse sentido, o fazer penitência completa-se com o produzir frutos condignos de arrependimento. É a existência toda que se torna penitencial. Portanto, penitência constitui, no vocabulário cristão teológico e espiritual, ascese, isto é, o esforço concreto e cotidiano do homem, amparado pela graça de Deus. Amados Irmãos e Irmãs, sintamo-nos todos impelidos por Jesus Eucarístico a nos empenharmos com vigorosa humildade na edificação cotidiana de uma existência penitencial “plantada e transfigurada” na força redentora do amor de Deus Pai!2
Irmã Salete da Santíssima Trindade Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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NO ANO DA VIDA CONSAGRADA: OITO ANOS DE TOCA DE ASSIS NA CANÇÃO NOVA Anima Studio
- exaltar e reparar o Santíssimo Sacramento do Altar, buscando e promovendo a plena participação do Sacrifício Eucarístico e o seu prolongamento através da adoração; - aliviar o sofrimento dos pobres abandonados de rua, buscando a restauração de sua dignidade de filhos de Deus; - testemunhar de forma missionária o Santo Evangelho; - zelar pela Sagrada Liturgia e por tudo aquilo que circunda o Mistério Eucarístico; - amar os sacerdotes e colaborar na sua santificação; - a exemplo de São Francisco de Assis, amar a Santa Mãe Igreja, manifestando a alegria de lhe pertencer.3
”O
carisma é um dom: só Deus o concede! No entanto, a experiência mais bonita é descobrir quantos carismas diversos e quantos dons do seu Espírito o Pai confere à sua Igreja! Todos os carismas são importantes aos olhos de Deus. Isto quer dizer que na comunidade cristã temos necessidade uns dos outros, e que cada dádiva recebida se realiza plenamente quando é compartilhada com os irmãos, para o bem de todos. A Igreja é assim! É a beleza e a força do sensus fidei, daquele sentido sobrenatural da fé, que é conferido pelo Espírito Santo a fim de que, juntos, possamos entrar no cerne do Evangelho e aprender a seguir Jesus na nossa vida.“¹ 8
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Esse pequeno trecho da Audiência do Papa retrata um pouco do maravilhoso mistério de comunhão que vivemos com a nossa tão querida Comunidade Canção Nova. Comunhão de carismas criada pelo próprio Deus há mais de 10 anos. No dia quatorze de fevereiro de 2007 abriu-se aqui, para honra e glória do Senhor, a santificação e salvação das almas, no interior da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista², uma casa do Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento (Toca de Assis). Hoje nossa casa recebe o nome de Casa Fraterna Santa Clara, e é composta por oito irmãs.
É muito bonito poder viver na prática, no nosso dia-a-dia, o que afirma a Palavra de Deus e o próprio Papa Francisco: “somos diferentes, mas membros de um único Corpo, o Corpo de Cristo” (cf Rom. 12,4-5). Sabemos que é o Espírito Santo que gera essa unidade na diversidade e nos dá a graça de enriquecermos e crescermos ainda mais com nossas diferenças. É uma experiência única perceber que quanto mais partilhamos aqui esse tesouro pertencente à Santa Igreja, que é nosso carisma, melhor o vivenciamos e mais realizadas como Filhas da Pobreza nos tornamos. A cada dia experimentamos que JUNTOS SOMOS MAIS, e podemos, com maior eficácia, amar e servir ao Senhor em seu Corpo místico que é a Santa Igreja.
Conforme o livro tombo da nossa Casa nos foi pedido que aqui vivêssemos nosso carisma, cujas finalidades são:
Vivemos nosso carisma de diversas formas. Como exemplo, podemos citar nossa colaboração na adoração ao Santíssimo Sacramento que acon-
CORACAO DA TOCA
Arquivo Filhas da Pobreza
tória a construir! Olhai para o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda coisas maiores” (Exortação pós-sinodal Vita Consecrata). Acreditando nisso, lançamo-nos com esperança na vontade do Pai, que por meio do Santo Espírito, tem muito a realizar em nós, em toda a Santa Igreja e no mundo através da comunhão desses dois belíssimos carismas. Pois, por graça de Deus, apenas começamos a viver o que nos pede o Papa Francisco: tece, hoje, na Capela da Comunidade aberta ao público (Capela Sagrada Família) e conta com a participação dos leigos e missionários da Comunidade; o nosso servir em algumas Celebrações Eucarísticas e também no cuidado dos irmãos mais necessitados na Casa Bom Samaritano, local da Comunidade no qual prestamos assistência; na escuta aos peregrinos; na vivência fraterna e enriquecedora com os membros dessa comunidade, dentre outros gestos que enriquecem o servir. Não caberia em um papel as inesquecíveis e transformadoras experiências que cada membro do nosso Instituto e da Fraternidade Toca de Assis, que por aqui passou, viveu com o carisma Canção Nova, com essa Comunidade. Quando estamos juntos nos sentimos em família! É sempre assim: o amor de Deus supera todas as expectativas e nos surpreende. Fomos convidadas a morar aqui para colaborarmos com a Canção Nova, mas é claríssimo perceber que recebemos muito mais do que damos. Aqui nos sentimos constantemente abraçadas pelo Pai das Mise-
ricórdias e no colo da Mãe Aparecida. O carinho com que somos tratadas e a assistência a nós dispensada (em todos os sentidos: material, espiritual, humana...) pelos fundadores e membros dessa Comunidade, o cuidado da Diocese, a beleza da criação (o espaço da Chácara é belíssimo) e tantas outras coisas e fatos, gritam a todo o momento o amor de Deus por cada uma de nós. É muito amor!!!! Quantas Celebrações da Santa Missa, adorações, homilias, confissões, direções espirituais, aconselhamentos, orações, acampamentos. São tantas vidas restauradas, tantas vocações alimentadas e geradas, tantos corações curados durante esses oito anos. Diante de tantas maravilhas realizadas pelo Senhor Deus Uno e Trino, sem nenhum mérito de nossa parte, nos unimos à Virgem e cantamos ao Pai das Misericórdias nosso Magnificat, dando a Ele toda honra e toda glória, todo nosso louvor e adoração. O Papa Francisco, na Carta às Pessoas Consagradas, 4 nos recorda: “Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande his-
Papa Francisco na Audiência Geral Praça de São Pedro. Quarta-feira, 1º de Outubro de 2014 2 Sede da Comunidade Canção Nova ³ Art. 2 das Constituições das Filhas da Pobreza do santíssimo Sacramento 4 Papa Francisco na Carta Apostólica às Pessoas Consagradas para Proclamação do Ano da Vida Consagrada 5 idem
”Os religiosos e as religiosas, como todas as outras pessoas consagradas, são chamados a ser peritos em comunhão. Além disso, espero que cresça a comunhão entre os membros dos diferentes Institutos. Não poderia este ano ser ocasião de sair, com maior coragem, das fronteiras do próprio Instituto para se elaborar em conjunto, a nível local e global, projetos comuns de formação, de evangelização, de intervenções sociais? Poder-se-á assim oferecer, de forma mais eficaz, um real testemunho profético. A comunhão e o encontro entre diferentes carismas e vocações é um caminho de esperança. Ninguém constrói o futuro isolando-se, nem contando apenas com as próprias forças, mas reconhecendo-se na verdade de uma comunhão que sempre se abre ao encontro, ao diálogo, à escuta, à ajuda mútua e nos preserva da doença da autorreferencialidade. Encontrareis a vida dando a vida, a esperança dando esperança, o amor amando.“5 SER TOCA DE ASSIS NA CANÇÃO NOVA É BOM DEMAIS!
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Irmã Maria Luz
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VIDA CONSAGRADA: UM TESOURO EM VAOS DE ARGILA
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iversas são as formas de vidas consagradas espalhadas pelo mundo inteiro. Homens e mulheres chamados por Deus a deixar tudo e segui-lo mais de perto pela vivência da pobreza, obediência e castidade ao Cristo Senhor Jesus. Os consagrados são como vasos de argila que guardam um precioso tesouro em seus corações. Respondem a uma missão divina em meio a seus limites e fraquezas, manifestando o amor e a misericórdia de Deus primeiramente em suas vidas. E quantos questionamentos são despertados nas pessoas ao verem uma freira ou um irmão, vestidos de hábito religioso, sem vaidades, manifestando o espírito da Igreja Católica por meio da simplicidade!
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“Olhar para o passado com gratidão” Com certeza, não se pode abolir o passado ou fingir que ele não existe. Isso nos custaria muito e faríamos perder a essência de nossa identidade que deve se manter viva. Quando analisamos nossa trajetória, observamos muitas situações de alegria e de cruz, acontecimentos que marcaram positivamente e algumas contingências mais desafiadoras que levaram muitos a questionamentos e lutas. É interessante perceber nos dias de hoje, que ambas as circunstâncias, positivas e negativas, fazem
parte dessa história que nos fez ser hoje quem somos. E principalmente, observar que se crescemos em maturidade foi porque aprendemos com o que vivemos. O Papa nos convida a olhar para o passado com um olhar de fé e assim encontrar em todos os fatos, até nos mais difíceis e aparentemente destruidores, a presença de Jesus que dá sentido a toda nossa existência. “Olhar para o passado com o coração grato”, para manter viva a própria identidade, sem fechar os olhos diante das incoerências, que resultam das fraquezas humanas.
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A Fraternidade Toca de Assis entrega no seio da Igreja os Filhos e as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, que há quase duas décadas têm testemunhado o amor, principalmente a Jesus presente no Santíssimo Sacramento e nos pobres. Queremos nesse tempo tão especial, juntos com você e em comunhão com toda a Santa Igreja, nos aprofundar nos três objetivos que o Papa Francisco apontou para a vivência do Ano da Vida Consagrada e realização da própria vocação.
“Viver o presente com paixão” O que importa realmente no presente é ter um coração apaixonado por Jesus, pela Igreja, pelos pobres e pela missão, vivendo o Evangelho a fundo e com espírito de comunhão. Estando em oração, os consagrados podem sustentar essa vitalidade sempre jovem e essa alegria perene por causa do valor religioso. Evidentemente, essa alegria ultrapassa aquela definição secular de um bem estar psicológico e puramente emocional, proporcionando uma alegria e paixão que perdura de um coração que reflete as maravilhas de Deus e de sua Palavra. A “perfeita alegria” que brota até dos momentos de dificuldades.
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ARTIGO ESPECIAL
“Abraçar o futuro com esperança” Saber esperar as demoras de Deus na vida apostólica e espiritual, sem perder a coragem diante das inúmeras dificuldades que se encontrarão ao longo da vida consagrada, a partir da crise das vocações. O Papa vivamente alertou aos mais jovens para que não caiam na “tentação dos números e da eficiência, tampouco àquela de confiar exclusivamente nas suas próprias forças. A caridade não conhece limites e precisa de entusiasmo para levar adiante o sopro do Evangelho nos mais diversos ambientes sociais e culturais”. Disse, ainda, que é necessário que os consagrados saibam transmitir a alegria e a felicidade da fé vivida em comunidade, por meio do testemunho do amor fraterno, da solidariedade, da partilha que dá valor à Igreja. O lugar ideal para que isso aconteça são as nossas comunidades e casas religiosas, que queremos abrir cada vez mais ao acolhimento do povo de Deus nesse Ano, e que de fato, nossas casas não sejam uma realidade isolada. Ao contrário, o Papa expressa seu desejo de que este Ano da Vida Consagrada seja a ocasião para que se estreitem os laços de colaboração entre as diversas comunidades, “no acolhimento de refugiados, na proximidade aos pobres, no anúncio do Evangelho, na iniciação à vida de oração”. Sendo assim, queremos, em meio a nossas limitações, ser um sinal para esse mundo tão sofrido e levar esse tesouro que tanto zelamos em nossos frágeis vasos de argila.
Irmão Belém da Virgem de Israel Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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missão do acompanhador vocacional está intimamente relacionada com a gratuidade do coração de Deus que ama, e por amar, chama a cada um a trilhar um caminho que somente quem é chamado é capaz de corresponder. Os Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento têm desenvolvido junto aos jovens um trabalho que visa primordialmente a descoberta desse mistério de Deus, que desde todo o sempre existe em seus corações. De forma muito intensa, temos desenvolvido ao longo desse vasto e lindo país, assim como também em nossa casa na cidade de Quito, no Equador, junto aos jovens de língua hispânica residentes nos países da América Latina, esse belo trabalho que visa primordialmente a descoberta desse mistério de Deus, que desde todo o sempre existe em seus corações, iniciando assim um caminho de discernimento vocacional, que tem por tempo mínimo o período de seis meses. Os primeiros passos desse caminho de discernimento vocacional e conhecimento do carisma se dão à distância, por meio dos meios de comunicação possíveis, tais como e-mail, cartas, telefone, facebook, etc., no qual o jovem seguirá mantendo contato com o orientador vocacional. Durante o processo de acompanhamento vocacional ocorrerão alguns Encontros de Convivência
Anima Studio /Arquivo Filhas da Pobreza/ Eduardo VAnzella
VOCAÇÃO, DOM GRATUITO DE DEUS AOS HOMENS
Vocacional, no qual junto a outros vocacionados poderá rezar mais sobre o seu discernimento vocacional, partilhando com eles suas experiências no processo. Também será proporcionado um período de Experiência Vocacional de uma semana em uma de nossas casas fraternas, que poderá tocar de forma mais concreta em nosso carisma e espiritualidade, proporcionando um conhecimento mútuo entre o vocacionado e o Instituto, a fim de um melhor discernimento quanto ao carisma e estado de vida almejado. Para se iniciar esse processo, faz-se necessário os seguintes critérios:
- Tenha idade entre dezesseis a trinta e quatro anos; - Tenha concluído o Ensino Médio ou estar em processo de conclusão; - Tenha os sacramentos do Batismo, Eucaristia e Crisma. Caso não possua a Crisma, é necessário que ao menos esteja em andamento; Estar inserido em sua comunidade paroquial. “Deus ama e justamente porque ama, Ele chama” (Amedeo Cencini).
Irmão Isaías Serafins Maria dos Santos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento 14
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TOCA EM ACAO
uma de nossas casas fraternas, com duração de vinte a trinta dias. Essa experiência é de grande importância, pois concede à jovem ver de perto o nosso estilo de vida, provando, assim, de modo mais concreto o carisma. A acompanhadora vocacional fará uma visita familiar à jovem candidata, com o objetivo de conhecer melhor sua realidade pessoal e amenizar as duvidas e medos dos próprios familiares quanto à vocação. A jovem, com o auxílio de sua acompanhadora vocacional, poderá fazer um bom discernimento sobre a vontade de Deus para sua vida e, consequentemente, encontrar a própria felicidade.
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az e bem!
O Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento conta com uma equipe vocacional de seis irmãs, estando divididas em seis Núcleos Vocacionais . São eles : Núcleo Geral (Campinas -SP ), Núcleo Rio de Janeiro (Niterói-RJ ) , Núcleo São Paulo (Santos-SP) , Núcleo Minas Gerais (Belo Horizonte –MG ) e Núcleo Quito (exterior) . Os Núcleos existem para facilitar o acompanhamento das jovens que desejam discernir a própria vocação no nosso Vocacional.
Ao entrar em contato a jovem percorrerá um caminho de aproximadamente um ano e meio, no qual, durante esse período, participará de encontros vocacionais aprofundando a fé, o autoconhecimento, conhecendo melhor as vocações existentes na Igreja e o conhecimento do carisma das Filhas da Pobreza. Além disso, a jovem será acompanhada individualmente por uma irmã da equipe vocacional por meio de e-mail, cartas, telefonemas, redes sociais e partilhas de coração. No cerne desse caminho vocacional é realizada a experiência em
Para iniciar esse caminho se faz necessário observar alguns requisitos: - Sua idade deverá ser entre dezesseis e trinta e três anos. - Deverá ter concluído ou estar concluindo o ensino médio. - Ter uma caminhada na Igreja Católica de pelo menos dois anos. - Estar inserida em uma Paróquia. Vocação acertada, felicidade certa! Lembre-se que vocação não é sinônimo de padre ou freira. Falar de vocação é falar do sonho de Deus para cada um, de modo peculiar. Nós já descobrimos essa felicidade e já demos o nosso sim. E você ?
Irmã Maria Raquel
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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CONECTADOS COM A RUA “Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e que integra os diferentes e que fazem desta integração um novo fator de desenvolvimento” (Papa Francisco, discurso no encontro mundial dos movimentos populares).
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as redes sociais podem exercer um papel importante na promoção da vida, na valorização do ser humano, em especial para aqueles que sobrevivem na rua de nossas cidades. Há pouco mais de oito meses atrás, dois estudantes de jornalismo da PUC de SP iniciaram um trabalho nas redes sociais, criando uma página no Facebook em que relatam diversas histórias de pessoas que vivem em situação de rua. Por meio de uma abordagem bem elaborada, somada à foto dessas pessoas, esse trabalho tem possibilitado um número impressionante de acesso a essa página. Focando na história de cada uma destas pessoas, tal iniciativa tem tornado visível um mundo que a grande parte da população desconhece, ou finge desconhecer.
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stamos cada dia mais inseridos dentro de um universo digital. Não há nada que não esteja de alguma forma envolvida por essa imensa rede. As redes sociais são cada vez mais familiares do dia a dia das pessoas, seja no trabalho, seja no lazer ou até mesmo quanto à espiritualidade. Tudo está incluído na imensa rede do mundo on-line.
Você pode estar se perguntando: que relação isso tem com a rua, ou melhor, com a população de rua? 16
Fevereiro 2015 - Toca de Assis
Parece algo inimaginável, mas até mesmo muitos de nossos irmãos de rua estão sendo inseridos nesta imensa realidade digital. Algo que parecia tão distante deles, hoje, por uma grande luta de organizações parceiras dessa população, não só as redes sociais, mas diversos outros espaços têm sido ocupados por eles. Ainda que não seja a grande maioria a ter esse acesso, a possibilidade existe. Mas quero dar ênfase a uma iniciativa que vem demonstrando o quanto
Por esse motivo a página se intitula invisível, pois tende a dar visibilidade à grande realidade invisível de nossas cidades, por meio das histórias de cada uma dessas pessoas. O mais interessante são as iniciativas que têm suscitado por meio das pessoas que acessam esta página para ajudar esses irmãos. Algo que a primeiro momento era somente em SP, hoje se espalhou por várias cidades do país, revelando o quanto podemos de fato tornar útil as redes sociais em função de construir uma sociedade melhor. O nosso Ir. Tiago esteve com Vinicius Lima, um dos que iniciaram esse trabalho, e conseguiu uma entrevista com ele:
DE OLHO NA RUA
Anima Studio
Ir.Tiago: O que motivou a criar o SP invisível? Vinicius Lima SP invisível: Foi pelo desejo de incomodar as pessoas, e colocar o problema na cara delas. Saímos um dia, tiramos uma foto de um morador de rua e postamos no Facebook. Nós queríamos fazer com que as pessoas enxergassem que o morador de rua não e invisível, pois, invisível é a história deles. Então começamos a contar as histórias nas redes sociais, porque acreditamos que a história humaniza as pessoas. Foi uma maneira de enxergar o problema de forma horizontal e não de cima para baixo, para um mero assistencialismo. Ir.Tiago: Qual o objetivo central da página? Vinicius SP invisível: Fazer com que as pessoas que estão no conforto de suas casas abram os olhos e percebam que esses irmãos de rua têm histórias enriquecedoras. Claro que queremos ajudar o “José” que está na calçada, mas queremos, principalmente, abrir os olhos das pessoas para os que estão à sua volta, para que fiquem atentas aos moradores de rua, sem julgá-los, e também, que conhecendo as histórias dessas pessoas, agradeçam por tudo que têm. Acreditamos que a página é um instrumento de base e que outras instituições podem fazer muito mais. O que fazemos é comunicar a verdade falando da vida como ela é. Ir.Tiago: Se você pudesse falar com a pessoa que está na sua casa lendo a página, vendo a foto, o que diria? Vinicius SP invisível: É o que digo sempre a mim mesmo: tente esvaziar-se de si, saia de seu mundo, de seu egoísmo, para acolher e conhecer o mundo deles de maneira pura. Para isso é preciso não ter julgamento do que é certo ou errado, pois, se fôssemos pensar assim não poderíamos fazer esse trabalho. Temos que ter o olhar de misericórdia e compaixão. É um erro querer fazer o outro engolir a verdade que às vezes é só nossa. Ir.Tiago: Qual a mensagem que você deixa para a Toca de Assis e aos que se dedicam a este tipo de trabalho? Vinicius SP invisível: Que não desanime e continue trabalhando por essa causa tão linda e que tanto nos aproxima do que somos. Vale a pena! Por mais que às vezes parecemos viver a parábola do semeador, no qual falamos e não somos escutados, lançamos a semente em terrenos duros, alguma semente há de cair em terreno fértil e produzir frutos.
Irmão Romero, fpss
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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DIARIO DE UM PEREGRINO
LOS NEGROS, BOLÍVIA “Ensinai-me ó Senhor vossos caminhos e mostrai-me a estrada certa.” (Sl 26)
C
Começamos nossa busca indo à Cúria de Santa Cruz. Apresentamos-nos ao monsenhor que nos acolheu muito bem e também o assessor de comunicação da diocese nos ajudou muito concedendo-nos um espaço na mídia, no qual e a Ir. Judá pode dar entrevista a quatro emissoras de televisão. Com os poucos dados que tínhamos fomos buscando dentro de nós a alegria de sermos usadas pelo Espírito Santo. Nosso acolhido, Inocente, nos deu poucas informações, mas nos sentimos nas mãos de Deus a todo o instante. Em cada lugar por onde passávamos, como cartório, polícia, consulado, íamos com muita esperança, pois sabíamos que a causa era nobre e que o justo nunca fica só mesmo nos momentos difíceis. Quando parecia impossível nosso coração ardia, pois sabíamos que Deus estava cuidando de tudo. Até que por graça de Deus, no dia vinte de outubro, conversando com o acolhido Inocente por Skype e mostrando fotos de lugares da Bolívia, ele reconheceu sua Terra Natal: Los Negros.
Arquivo Filhas da Pobreza
om muita alegria e esperança saímos do Brasil dia treze de outubro de 2014, ainda sobre a proteção da Virgem de Aparecida que no Brasil, dia doze de outubro, nos deu a graça de conhecermos um amigo boliviano que vive há oito meses no Brasil e nos ajudou dando contatos de amigos na Bolívia, pessoas que foram instrumentos da providência de Deus. Fomos acolhidas na Bolívia pelas irmãs Escalabrinianas que tomaram para si a causa, nos ajudando em tudo. Deus, por onde passávamos, abria todos os caminhos.
Organizamo-nos, portanto, para irmos até lá. Na chegada, o pároco de Pampa Grande, município próximo a Los Negros (onde o Inocente dizia ir para lá de bicicleta), acolheu-nos e nos ajudou a buscar informações. Deus foi tocando os corações e as peças do quebra cabeça foram se juntando. Ali descobrimos que ele realmente se chamava Inocente, o que até então não tínhamos certeza, uma vez que ele não fala português e não tinha uma boa dicção. Descobrimos os nomes de seus pais e um pouco sobre sua história de vida, porém ainda sem informações suficientes, retornamos a Santa Cruz. Com a ajuda de um advogado, retornamos a Los Negros e fomos ao Registro Civil, com a esperança de conseguirmos seus documentos. Contudo, pela razão de que ele nunca havia sido registrado, não foi possível fazê-lo sem a presença do mesmo.
O corregedor de Los Negros foi um anjo em nossa vida, que nos ajudou e escreveu uma carta atestando sua história e identidade, pois, todos os dados que o Inocente nos dava estavam corretos, porém não havia registro e seus pais já haviam morrido. Em Los Negros soubemos da existência de uma irmã que supostamente moraria em Mairana. Também fizemos a busca, porém não a encontramos. Para mim foi uma grande experiência de amor e de abandono nas mãos de Deus, pois pude ser a voz do pobre e do indigente. Obrigada Senhor por tanto amor e carinho, Obrigada Senhor por se utilizar de nós, vasos fracos e limitados. Enfim, Senhor, obrigada por esse carisma. “Altíssimo é o Senhor mas olha os pobres.”( Sl 138,3)
Irmã Marina
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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LANÇAMENTOS
“É maior alegria dar que receber.” Atos 20,35