BOLETIM MENSAL
MARÇO/2019
a manifestação do carisma aos irmãos de língua espanhola
Conheça a Casa Fraterna em Quito, no Equador “N
ão nos deixemos roubar o entusiasmo missionário e rezemos para que os consagrados e as consagradas reavivem o seu fervor missionário e estejam presentes entre os pobres, os marginalizados e aqueles que não têm voz” (Papa Francisco)1. Impulsionados por esse carisma missionário, os religiosos do Instituto dos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento fundaram a Casa San José em Quito, no Equador, no dia 12 de dezembro de 2006. Desde o início, ela é uma das casas de acolhimento do Instituto: até 2015, os acolhidos eram pessoas idosas ou com deficiências; a partir de agosto de 2015, começa o trabalho com moradores de rua que têm dependência química. Na Casa San José moram quatro religiosos brasileiros, seis irmãos acolhidos e conta-se com mais duas realidades: as pastorais Noturna e Bom Samaritano, as quais visam a levar o amor de Deus aos mais pequeninos, constituindo um dos pilares do carisma. Soma-se a isso a rotina de oração e também a adoração ao Santíssimo Sacramento, incluindo as 40 horas de adoração. A pastoral noturna acontece nas segundas-feiras a cada 15 dias, enquanto a Pastoral Bom Samaritano, às segundas e quintas-feiras, das 11 às 13h, e aos sábados, a cada 15 dias, das 8h30 às 13h. A rotina de oração dos acolhidos consiste da participação na Santa Missa e da meditação da Palavra de Deus pela manhã. Já à tarde, eles se reúnem com os religiosos para a oração do Santo Terço. Um dos irmãos acolhidos, Carlos Chuqui, carinhosamente conhecido como Carlitos, assassinado em 28 de janeiro deste ano, foi um homem que aprendeu a rezar o Santo Terço na casa e propagou a devoção entre os seus amigos mais próximos. Carlitos cresceu nas ruas em meio ao álcool e à cola de sapateiro – de caráter muito forte, dificilmente socializava com as pessoas – e foi acolhido na Casa San José em 2015, com 31 anos de
idade. Iniciou, então, um processo de restauração humana e espiritual. Realizou a Primeira Comunhão, aprendeu a ler as primeiras palavras, matriculou-se pela primeira vez em uma escola e pôde tirar a identidade com assinatura em vez da digital do polegar. Quando saiu da Toca de Assis, Carlitos voltou a viver com a tia, assumindo o compromisso de cuidar dela. Descobriu-se, em seu velório, que ele rezava o Terço todas as tardes com a tia e o primo – e se alguém se equivocava, ele docilmente corrigia a pessoa, ensinando como se deve rezar. O mesmo fazia com seus conhecidos na rua, reunia-os para ensinar o Terço e aconselhava-os a saírem das drogas. “O Carlitos falecido em 2019 era outra pessoa, totalmente diferente daquele que ingressou na nossa casa em 2015. ‘A semente caiu em terra boa e deu frutos’. Essa é a frase que sua vida nos deixa como lembrança”, disse o Irmão Isaías. Os grandes tesouros da casa San José são as capelas com Jesus Sacramentado, uma dedicada à Virgem de Guadalupe, utilizada exclusivamente para os horários individuais de adoração ao Santíssimo Sacramento, que acontecem pela manhã, e a outra maior dedicada a São José, onde ocorre a sublime hora de adoração, as Santas Missas e a adoração com leigos e voluntários, de modo especial a celebração das 40 horas. O amor de Deus é tão grande que os religiosos recebem de forma generosa o apoio de muitos leigos e voluntários para viver o carisma ao qual foram chamados. Ao buscar acolher, também foram acolhidos pelos irmãos de língua espanhola. Rede Mundial de Oração do Papa, intenção de oração do Papa (13/10/2018). 1
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
"A
“LEVANTAI-VoS E NÃo TENHAIS MEDo”
vocação à vida consagrada – no horizonte de toda a vida cristã –, não obstante as suas renúncias e provas, antes em virtude delas, é um caminho ‘de luz’, sobre o qual vela o olhar do Redentor: ‘Levantai-vos e não tenhais medo’.” (São João Paulo II, Vita Consecrata) Na correspondência a esse chamado de levantar-se e seguir o Senhor pelos caminhos da vida, no hoje de nossa história, é que homens e mulheres decidem seguir o Cristo pela profissão dos conselhos evangélicos, na busca de ser como Ele, uma luz para este mundo. No dia em que a Igreja celebra o mistério da Apresentação do Senhor, a luz que ilumina todos os povos e que ilumina todo homem em particular, celebra-se também esse mistério da vida consagrada. Neste ano, no dia 2 de fevereiro, o nosso Instituto, alegrando-se pelo dom de tantos “sins” já confirmados nesse santo carisma, rejubilou-se pelo “sim” de mais uma irmã que professou publicamente os seus primeiros votos e declarou desejar o convívio desta família religiosa. A alegria desse dia é um testemunho da ação silenciosa de Deus, que, nas sendas dos corações humanos, continua a seduzir homens e mulheres e chama-os a segui-Lo mais de
perto. Contemplar um “sim” dado a Deus na vida religiosa é encher o coração de esperança de que o Senhor não abandona o Seu povo em meio aos desafios desta vida, pois Ele suscita corações generosos e livres que, ao se colocarem a Seu serviço, irradiam em meio a este mundo Sua luz, que ilumina e aquece. A consagração da Irmã Catarina Maria do Coração de Jesus é para nós esse júbilo de ver um caminho que ainda não terminou, mas que já dá frutos, alguém que, com seus limites e imperfeições, decide dar-se inteiramente a Deus no desejo de levantar em meio a este mundo Jesus Sacramentado, o nosso Deus amado, e proclamar que dos pobres é o Reino dos Céus. Durante a celebração eucarística em que esse “sim” foi confirmado pôde-se ver o coração generoso de seus familiares, que a entregavam para o serviço da Santa Igreja; a alegria dos leigos, que viam mais um coração que se dava por inteiro nesse carisma; o louvor dos pobres em situação de rua, que acolhiam mais uma irmã, que seria para eles o consolo de Deus aqui na terra; o júbilo de sacerdotes e consagrados ali presentes, que compartilhavam dos sonhos de Deus com ela; via-se a alegria das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramen-
to que, acolhendo a vocação dessa nova irmã, elevavam sua gratidão a Deus, que confirmava que Ele mesmo cuidava desse carisma e o fazia frutificar; e por fim via-se estampado no rosto de Irmã Catarina Maria a sua alegria imensa por poder unir-se ao seu Divino Esposo Eucarístico. Contemplar essa consagração é renovar no coração a certeza de que “Aquele que chama é fiel” e que em Seu Sagrado Coração Eucarístico é que são formados os que querem viver enxertados no amor para assim amar a todos como Ele ama. Nesse dia vivenciamos aquilo que nos disse o Papa Francisco – “Onde estão os religiosos, há alegria” – e, nessa certeza de que céu e terra se alegram pelo “sim” de nossa irmã, pedimos a todos que rezem para que o Senhor da messe e Pastor do rebanho continue a suscitar corações generosos dispostos a segui-Lo e que dê a fidelidade necessária aqueles que já se colocaram nesse caminho. Que a Virgem Maria, modelo de vida consagrada, seja nossa guia e mestra no caminho de total pertença ao Senhor.
Irmãs e noviças da Casa Fraterna de Belo Horizonte
“o teu coração e o meu sejam um só” (Sl 9,1) Vida contemplativa na Bendita Árvore da Cruz A
casa contemplativa do Instituto dos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento, a Bendita Árvore da Cruz, fundada em 12 de outubro de 2006, é conhecida como o pulmão do Instituto, pois nesse lugar há religiosos que vivem inteiramente em adoração, oferecendo-se a Deus como um ato de reparação pela Igreja. “Contemplar Cristo implica saber reconhecê-Lo onde quer que Ele Se manifeste, com as Suas diversas presenças, mas, sobretudo, no sacramento vivo do Seu corpo e do Seu sangue. A Igreja vive de Jesus eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, “mistério de luz”1. Na adoração ao Santíssimo Sacramento, os religiosos contemplam o rosto de Jesus para estar em perfeita comunhão com o coração de Deus. Nessa entrega profunda, doce e suave, as intenções de oração pela Igreja são direcionadas ao Santo Padre – o Papa –, aos bispos, sacerdotes, leigos, amigos e benfeitores de toda a família religiosa e ao Instituto dos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Irmão Luiz explica o objetivo da vida contemplativa: “Este ramo de vida visa, antes de tudo, ao testemunho da vida consagrada (cf. CDC Cân. 673), à primazia da contemplação silenciosa, dando a ela a máxima honra que podemos com a oblação do que temos de mais precioso, nossa própria vida, como uma retribuição de amor (cf. Jo 13,34), comungando de seu aniquilamento no véu do sacramento, encerrando-nos em uma clausura por oferecimento livre, para também nos configurarmos a ele no sacrário e em comunhão com ele estar a serviço da glória de Deus”. A casa também recebe a visita de outras pessoas que se juntam aos irmãos Agraziato, Neemias, Luiz José e Estêvão, religiosos que fizeram os votos de aliança de oblação de amor, para participar de missas, cenáculos e adoração nesse local, pois a finalidade é que as pessoas possam se reerguer a uma profunda paixão por Jesus. Os votos de aliança de oblação de amor feitos pelos religiosos da Bendita Árvore da Cruz são um compromisso de se oferecer a Deus como um ato de reparação pela Igreja. Essa é uma decisão que depende de uma profunda experiência vocacional a ser realizada por religiosos que já pertencem ao Instituto dos Filhos da Pobreza. Ela consiste
em três etapas: primeiro, o vocacionado faz a experiência de morar na casa durante 30 dias ao ano, divididos em duas vezes de 15 dias; na terceira vez em que ele retorna, a estada será de um ano para discernir a vocação. Passado esse período, o religioso faz os votos de oblação de amor, os quais ocorrem sempre no Domingo da Misericórdia e no dia da Exaltação da Santa Cruz. “Os votos de oblação acontecem ao fm da Santa Missa por meio de uma oração de entrega de si. Na aliança de amor recebemos as insígnias cruz, terço e o solidéu”, disse o Irmão Luiz José. “À oblação de Cristo unem-se não só os membros que estão ainda neste mundo, mas também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a Santíssima Virgem Maria e fazendo memória dela, assim como de todos os santos e de todas as santas, que a Igreja oferece o sacrifício eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oblação e à intercessão de Cristo”2. O nome Bendita Árvore da Cruz, portanto, originou-se da paixão de Cristo, a qual deu origem à Árvore da Vida: “Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes de imortalidade, o sangue e a água, que lavaram o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da Árvore da Vida, não se teria aberto o Paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vendida e não teria derrotado o inferno”3. “A Árvore da Vida, ó Senhor, é a Vossa cruz”4.
Carta encíclica Ecclesia de Eucharistia do Sumo Pontífice João Paulo II aos bispos, presbíteros e diáconos, às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja. 2 Catecismo da Igreja Católica, 1370. 3 Sermões, Santo André de Creta, bispo (segunda leitura do Ofício das Leituras, 14 de setembro). 4 Primeira antífona do Ofício das Leituras, do domingo da primeira semana do Saltério. 1
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
ACOMPANHE NOSSAS ATUALIZAÇÕES DIÁRIAS NO INSTAGRAM E FACEBOOK
AJUDE-NOS, ENTRE EM CONTATO CONOSCO!
Nossa família é formada pelos institutos religiosos dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, ajudando-os você ajuda a Toca de Assis!
tocadeassis BOLETIM MENSAL TOCA DE ASSIS Março • 2019
Periodicidade: mensal • Distribuição: gratuita • Tiragem: 5.000 exemplares Direção: Ir. Xavier e Ir. Maria Fernanda • Revisão: Marcus Facciollo • Diagramação: Jean Mendonça