PUBLICAÇÃO DA FRATERNIDADE DE ALIANÇA TOCA DE ASSIS | NOVEMBRO DE 2016
Santidade: um projeto de vida
REVISTA
Índice Toca para a Igreja
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Artigo especial
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Mãe da Igreja
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De olho na rua
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Formação
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Santa Clara, a luz que clareou o mundo
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Coração da Toca
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Benfeitoria
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NOVEMBRO DE 2016 Publicada por
Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ. 02019254/0001-87 Escritório São José
Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br (19) 3886 -7 086 SAV- Serviço de Animação Vocacional
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento vocacional@fpss.org.br Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis
Publicação mensal interna da Fraternidadede Aliança Toca de Assis Presidente
Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento de Comunicação
Ir. Judá, Leonardo de Souza e Adora Comunicação. Editora Chefe
Ir. Judá, fpss Projeto gráfico e Diagramação
Adora Comunicação contato@adoracomunicacao.com (43) 3064-1633 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO PATROCINADOR: (43)3064-1633 Revisão Textual
Larissa Nazário Impressão e tiragem
10.000 exemplares Colaboradores nesta edição
Pe. Fernando H. Alves; Ir. Cordeiro; Ir. Salete; Ir. Judá; Irmã Maria de Deus; Ir. Verônica; Maria Irani Gomes; Denise Piva; Sidney Paco; Leonardo de Souza; Fernando Nunes; Daniel Ávila; Oscar Nascimento; Murilo Messias; João Aquino. Capa
Corpus Christ, Bendita Árvore da Cruz, CotiaSP. Fotografia por Sidney Paco.
Editorial prezado amigo leitor, paz e bem. “Exultemos de alegria no Senhor, celebrando este dia de festa em honra de todos os Santos. Nesta solenidade alegram-se os Anjos e cantam louvores ao Filho de Deus.” Santidade: como buscá-la? Como vivê-la? Necessitamos fazer dela nosso projeto de vida, como nos aponta a reflexão do “artigo especial” desta edição. No "toca par a a igreja" conheceremos o depoimento do Padre Fernando, quem viu no apostolado com os pobres da Toca de Assis um testemunho do auxílio no crescimento e desenvolvimento das pessoas, respeitando o ser humano na sua individualidade. Em tudo recorremos à Virgem Maria, porque temos nela a confiança de filho. No artigo "mãe da igreja" somos convidados a aprimorar nossa fé ao conhecer as razões pela qual veneramos aquela que é digna de nossa devoção. A coluna "de olho na rua" nos propõe uma reflexão sobre como olhamos as pessoas em situação de rua, que diferente de um olhar institucionalizado que exclui, devemos desenvolver um olhar mais humano, como Cristo sempre olhou aqueles que se aproximaram, estando atento às suas necessidades e histórias. Cristão de nome ou de fato? Eis que somos interpelados, nesse término do Ano Santo da Misericórdia, a viver de modo pleno nossa vocação de cristãos e, como veremos na coluna "formação", a proposta que o Papa Francisco nos apresenta: “vivam do perdão recebido dele para o derramarem com compaixão sobre os irmãos. Jesus procura corações abertos e ternos para com os fracos, nunca duros...”. Em "santa clar a , a luz que clareou o mundo" conheceremos um pouco de como aconteceu a busca pelo privilégio da Santa Pobreza e como se caracterizou a opção pela pobreza de Santa Clara. O artigo "cor ação da toca" nos apresentará o testemunho de Dona Irani, representante dos produtos da Toca de Assis na Canção Nova. Uma boa leitura a todos! Departamento de Comunicação
Quito-Equador. Fotografia por Adora Comunicação.
Conhecendo e amando a Toca de Assis "A Toca de Assis tem suma importância para a Igreja, como Francisco aos cristãos"
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urante os anos de 2011 e 2012 realizei um curso de pós-g r adu aç ão ch a m ado Counselling, na cidade de São Paulo, que abordou a arte da escuta como atividade pastoral. Nesses anos pude também conviver com um grupo de irmãs pertencentes a fraternidade Toca de Assis, abrindo novas linhas de entendimento e compreensão desse instituto, do qual só ouvia falar por relatos sobre a fraternidade e o trabalho que desenvolviam com os pobres. A maior experiência de imersão que realizei com a fraternidade foi em dezembro de 2011, quando, a pedido das irmãs, fui convidado para celebrar uma missa aos colaboradores da casa de acolhida de SantosSP. Nesse dia conheci melhor as atividades desenvolvidas pelas irmãs na cidade. Após a celebração, compreendi como viviam e o trabalho que realizavam junto à comunidade. Presenciei também um momento de convivência junto a elas e a comunidade que se encontravam para partilhar a palavra, a eucaristia e a vida. Foi quando percebi a importância da comunidade, contada pelos próprios membros e seus respectivos colaboradores.
Com os membros da comunidade entendi o trabalho, pois no início pensava ser algo paternalista, mas com os testemunhos e alguns relatos, percebi que havia um desejo de continuidade, de fazer com que a pessoa crescesse e desenvolvesse sua história respeitando, acima de t udo, o ser hu ma no na sua individualidade. Dessa forma, houve a transformação de um pensamento perante uma instituição presente nos grandes centros e capitais do país, recordado que seu carisma está em sintonia com o pensamento de Cristo, que acolhe na liberdade do outro a diversidade do encontro consigo mesmo.
A Toca de Assis tem suma importância para a Igreja, como Francisco aos cristãos, que realizou no seu tempo uma transformação do pensamento sobre o pobre. O Santo, com sua forma e jeito de ser, ofereceu um novo pensamento sobre os mais necessitados, levando-nos hoje a um olhar mais profundo sobre a pobreza e como estamos realizando as ações assistenciais em sintonia com Cristo.
pe. Fernando h. alves paróquia perpétuo socorro taguatinga-df
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"Sign spes Maria "Maria, sinal de esperança! ob a proteção daquela que deu seu sim de amor para ser a mãe de Jesus e esposa do Espírito Santo, queremos neste mês consagrar nossas vidas e nossos corações aos cuidados da Virgem Maria. Porém, como voltar o coração neste momento em que somos distraídos por tantas coisas passageiras? A resposta está em direcionar nosso coração à Mãe de Deus, e com devoção incluir no nosso cotidiano a presença singela deste coração Imaculado. Nesta edição vamos ler sobre a verdadeira devoção à Virgem Maria e também os cinco motivos que nos levam a venerar Nossa Senhora. A verdadeira devoção à Virgem Maria não parte de baixo, mas do alto, sendo orientada não pela afetividade, mas pela fé. É importante lembrar que antes de tudo houve uma adesão a Deus e à sua misericórdia para com cada um de seus filhos amados, desde o momento em que o próprio Deus a escolheu, portanto não devemos escolhê-la, mas simplesmente recebê-la como nossa Mãe. Nós, da Fraternidade Toca de Assis, entendemos que a cada dia precisamos entregar toda nossa vida e trabalho aos cuidados dEla, pois sabemos que diante de tantos desafios temos uma Mãe para recorrer em tudo de nossas vidas.
Gostaria de apresentar também as cinco razões ao qual devemos venerar a Virgem Maria: 1. A Ela foi reservado ser verdadeiramente Mãe de Deus. (Concilio de Éfeso em 431); 2. Nossa Senhora foi Imaculada na sua conceição. (Definida pelo Papa Pio X); 3. Foi elevada ao céu de corpo e alma. ( Papa Pio XII); 4. Nossa Senhora sempre Virgem; 5. Mãe espiritual de todos os homens. Estas cinco verdades da nossa fé nos levam a venerar a Virgem com o culto devido somente a Ela, a Igreja chama esse culto de hiperdulia, culto inferior ao que damos a Deus, mas superior ao que presta mos a todas as outras criaturas, anjos e santos, pois Ela está acima de tudo quanto foi criado por Deus. Por conseguinte , conhecendo esses aspectos da Virgem podemos compreender em nossas vidas sua presença silenciosa e amorosa de uma Mãe que sabe de todas as nossas necessidades, contudo, nosso coração precisa aprender a se direcionar cada vez mais a Ela. A cada novo dia devemos trazer à memória e ao coração pequenos atos de amor a Santíssima Virgem.
Nossa Senhora do Silêncio.
S
“ Nossa Senhora Virgem do silêncio, quero sempre te amar, deitar no teu colo, sentir teu perfume, teu carinho materno ganhar!!”
Convido-os a buscar durante todo o dia pedir a Nossa Senhora a graça de um profundo amor a Jesus, e com pequenas jaculatórias recitadas ao longo do dia, oferecer a Ela nosso louvor e gratidão por tamanha generosidade de ser, por desígnio infinito de Deus, a Mãe de Jesus. Recorramos a sua intercessão, como sempre exclamava a venerável Maria Villani, sobre o que lhe dissera a Virgem Maria: "Depois do título de Mãe de Deus, o que mais me honra é ser chamada Advogada dos pecadores". Somos teus, oh, Virgem Maria! E a vós recorremos com amor, pois em vós encontramos refúgio do coração. Refúgio dos pecadores, rogai por nós!
Ir. Cordeiro Humilis Fonte
filhos da pobreza do santíssimo sacramento
- Leituras espirituais: Sociedade São Vicente de Paulo
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Cristão de nome ou de fato? Fazenda da Esperança, Guaratinguetá-SP. Fotografia por Adora Comunicação.
"A verdade é que quando quisermos receber o título "cristão", devemos sê-lo "em toda a vida e a vida toda"" (cf. A. Cencini).
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mados irmãos e irmãs, sintam-se todos acolhidos no Coração Misericordioso de Jesus Sacramentado!
Estamos no mês de novembro, já encerrando o Grande Ano Santo da Misericórdia, ano de intensa experiência com o amor de Deus que nos salva e também de profunda conscientização do apelo de Cristo para que sejamos suas testemunhas neste mundo tão machucado pelo pecado, além de miserável em sentido e direção. Em algum momento já paramos para pensar quantas oportunidades temos em nosso cotidiano para testemunhar Cristo? Ou quanta graça deixamos escapar ou desprezamos, sem ao menos dar-nos conta de nossa indiferença e ignorância? Somos tão "cegos" e "duros de coração", e por vezes fingimos não escutar o que Deus está pronunciando a nosso respeito, nos enganamos dizendo a nós mesmos que tal apelo de Cristo não serve para nós, ou nos comportamos como alguém que diz: "já sei"; "já passei esta etapa"; ou ainda: "deixa isto para quem quer ser santo, estou bem assim". Quanta ilusão! A verdade é que quando quisermos receber o título "cristão", devemos sê-lo "em toda a vida e a vida toda" (cf. A. Cencini). Ou seja, o modo de pensar, julgar ou criticar, sentir e agir devem testemunhar que somos de Cristo e, por causa desta pertença, nossa vida está sendo transfigurada na dEle a
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cada dia. Mas não só este caminho de transfiguração precisa durar a vida toda, devemos também nos permear de sentido e direção em cada fração de segundo de nossa existência, independente de onde, como e em qual circunstância nos encontremos. Ao contrário, é melhor não dizer que somos cristãos e admitir que estamos mais preocupados em guardar do que perder a própria vida.
"Feliz no Senhor, não se contenta com uma vida medíocre, mas arde em desejo de dar testemunho e alcançar os outros; gosta de arriscar e sair, não forçado por sendas já traçadas, mas aberto e f iel às rotas indicadas pelo Espírito: contrário a deixar correr a vida, alegra-se por evangelizar" (Papa Francisco1).
Recordemos as palavras provocadoras do Papa Francisco neste momento em que Jesus ecoa em nosso íntimo o seu apelo para que sejamos um evangelho vivo da sua misericórdia... Palavras certeiras e consoladoras, capazes de revelar os desafios, mas também a recompensa:
"Jesus procura corações abertos e ternos para com os fracos, nunca duros..."
Praça da Sé, São Paulo-SP. Fotografia por Adora Comnicação.
O cristão é aquele que se encontrou na misericórdia de Deus, que reconheceu sua fragilidade
humana restaurada por Cristo, que se encarnou e assumiu esta fragilidade que nos condenava, é aquele que se deixou amar por Deus na sua pequenez e mediocridade e experimentou a sua salvação, conheceu a misericórdia em sua condição de f ilho amado, desejado e esperado por Deus, e se vê continuamente sustentado, amparado e nutrido por est a m iser icórd ia . Cr ist ão é aquele que foi alcançado por Cristo e agora alcança outros para Ele, não para si mesmo. Nesse sentido, o Papa continua sua exortação entrelaçando e esboçando a vida do discípulo na intimidade com Cristo: "Para nós, discípulos, é muito importante pôr a nossa humanidade em contato com a carne do Senhor, isto é, levar a ele, com total confiança e sinceridade, tudo o que somos. Jesus, como disse Santa Faustina, fica contente que lhe falemos de tudo, não se cansa de nossas vidas que já conhece(...)" . E, se no fim desta leitura, ainda nos questionamos sobre o apelo que Deus dirige a nós e como somos convidados a ser cristãos no mundo atual, ouçamos através do Papa Francisco o que Ele espera de nós: "Que nos pede Jesus? Ele deseja corações verdadeiramente consagrados, que vivam do perdão recebido dele para o derramarem com compaixão sobre os irmãos. Jesus procura corações abertos e ternos para com os fracos, nunca duros..." .
Referência 1 Trechos extraídos da Homilia do Papa Francisco para Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, Leigos e Leigas Consagrados e Seminaristas, na ocasião da Jornada Mundial da Juventude 2016.
ir. saLETE
filhas da pobreza do santíssimo sacramento
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Formas do Amor Divino "Quando comecei a falar sobre o carisma e o porquê vendíamos aqueles produtos, vi que estavam emocionados logo perguntaram onde havia uma casa mais próxima."
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u, leiga há 18 anos na Toca de Assis, vivenciei muitas experiências com os nossos irmãos mais necessitados, aqueles por vezes esquecidos pela sociedade. O carisma da Toca de Assis, de Amor e Adoração, já nos diz tudo: amar é cuidar dos mais 8
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necessitados, que para nós são o próprio Jesus, oferecendo dignidade, carinho e valor, fazendo com que sintam-se amados. Hoje, como representante dos produtos de evangelização da Toca na Comunidade Canção
Nova, em Cachoeira Paulista, faço muito mais que demonstrar os produtos, pois levo Jesus àqueles peregrinos que passam por nosso espaço . Recentemente tive uma experiência impressionante com cinco
jovens que me perguntaram qual era o carisma da Toca, quando comecei a falar sobre o carisma e o porquê vendíamos aqueles produtos, vi que estavam emocionados e logo me perguntaram onde havia uma casa mais próxima, para que eles pudessem ajudar. Cada um deles comprou algo dizendo: "hoje eu vou ajudar assim, mas depois quero ir às ruas, ajudar a cuidar deles." Por f im, até as moedinhas do troco que lhes passei colocaram na caixinha de doações. E assim vou levando a todos que vão ao estande da Toca um Jesus que um dia me foi apresentado pela Fraternidade Toca de Assis.
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A Toca Produtos na Canção Nova
Mapa da Canção Nova
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Há a seis a nos vendemos nossos produtos e vivenciamos um tempo novo de evangelização. Estar ali com pessoas de oração e fé é como se a nossa vida se renovasse a cada dia e principalmente nos eventos que ela proporciona. Devido a minha experiência em empreender, foi que aceitei a m issão e pude contribuir para essa obra.
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Após a administração da comunidade aprovar a instalação do estande, iniciamos o trabalho com poucos produtos, mas muita vontade de colaborar. A ideia deu tão certo que atualmente estamos em um ponto de muita circulação e muitos já sabem onde nos encontrar. Aqui passam pessoas de todo o Brasil, e muitas vezes elas testemunham sobre as contribuições da Toca de em sua fé.
Legenda das fotos 1- Evento PHN, Cachoeira Paulista-SP; 2- Maria Irani, representante oficial Toca de Assis; 3- Ilustração do mapa da Canção Nova.
maria IRANI GOMES CACHOEIRA PAULISTA - SP
Fotografia 1 por Igor Rodrigues; Fotografia 2 arquivo pessoal e 3 arquivo Canção Nova.
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Corpus Christ, Bendita Árvore da Cruz, Cotia-SP. Fotografia por Sidney Paco.
Santidade: um projeto de vida "Exultemos de alegria no Senhor, celebrando este dia de festa em honra de Todos os Santos. Nesta solenidade alegram-se os Anjos e cantam louvores ao Filho de Deus."
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assim que iniciamos a missa da solenidade de Todos os Santos, exultando de alegria, pois também somos convidados a construir essa grande família dos amigos de Deus, como nos convida São Paulo: "tomar parte na herança dos santos na luz" (Cl 1, 12) para que também busquemos o nosso caminho de Santidade pessoal.
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Santa Tereza Dávila
São Vicente de Paulo
São Maximiliano Maria Kolbe
Esse tema certamente nos faz grandes interpelações, por um lado contemplamos a vida de grandes Santos: homens e mulheres que se destacaram realizando grandes feitos no caminho da m íst ica , como Sa nt a Tereza Dávila, da Caridade como São Vicente de Paulo, de heroísmo como São Ma ximiliano Maria Kolbe; por outro lado, contemplamos nossa realidade pessoal de medo, de insegurança, de desafios. Olhamos para a nossa pequenez, e até nos questionamos: isso realmente é para mim?
de uma vida humana mais plena, na vida do Santo, ocorre sempre na dinâmica da graça divina, portanto, o Santo não é alguém que realiza grandes coisas, mas alguém que, por sua abertura incondicional à ação de Deus, permite que sejam realizadas grandes coisas em sua vida, nessa perspectiva, como não nos lembrar de Nossa Senhora, que diante dessa dinâmica exclamou: "O Senhor fez em mim maravilhas!"
perdem, mas, para os que se salvam , é uma força divina [...]. Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucif icado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas para os eleitos – quer judeus quer gregos –, é força de Deus e sabedoria de Deus (1 Cor 1, 18.2225)." Este caminho de renúncias diárias, da capacidade de doar-se e construir a comunhão.
Só podemos responder essa pergunta quando tivermos clareza do que significa ser Santo, pois a santidade contempla duas grandes realidades: a humana e a Graça Divina. A santidade se caracteriza pelo máximo de elevação humana, do quanto a pessoa humana é capaz de entender sua vida e suas relações, nesse sentido ela trilha um caminho à luz dos valores evangélicos, que pressupõe renúncia, autocontrole, ascese e conversão. No entanto, essa busca
"Eis a fonte de toda a santidade, no Sacrário encontramos o Santo dos Santos."
Esse caminho de santidade não segue uma fórmula pronta, não constitui nenhum padrão predefinido, a santidade é individual, pois contempla a nossa individualidade e identidade, embora o modelo de todos os santos seja Nosso Senhor Jesus Cristo, ele dirige a cada um de nós um chamado específico, que devemos responder à sua maneira.
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Também podemos definir a santidade como uma busca da sabedoria, não como erudição, mas como af irma São Paulo, a Sabedoria da Cruz: "A linguagem da Cruz é loucura para os que se
Porém, o que os santos fazem para alcançar a santidade? A santidade é a resposta a um projeto de vida que se opõe ao chamado espírito do mundo, logo, de uma
renúncia ao pecado e de um deslocar-se em direção ao outro, abandonando uma vida egocêntrica e abraçando uma vida de doação e serviço. Por se tratar de um projeto de vida, a santidade deve dispor de algumas práticas indispensáveis como a oração, é
preciso aprender a rezar, sobretudo para que nossa vida contemple a verdade, derramando-a diante de Jesus. Em suma, a santidade é a busca do céu "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do
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alto" (Cl 3,1), e enquanto não contemplamos a Pátria definitiva, não nos esqueçamos de que o próprio Deus, ao encarnar-se, desceu à terra, trazendo o céu até nós e perpetuou essa presença no Santíssimo Sacramento: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos." (Mt 28,20). Eis a fonte de toda a santidade, no Sacrário encontramos o Santo dos Santos, nossa escola de santidade, ser santo é nos transformar em hóstias vivas. Concluo essa reflexão com as pa lav ra s de São José Ma r ia Escrivá, proclamadas em uma hom í l i a de C or pu s C h r i s t i : "Temos também de descobri-lo nos nossos afazeres quotidianos. A par da procissão solene desta quinta-feira, deve ir a procissão silenciosa e simples da vida corrente de cada cristão, homem entre os homens, mas com a felicidade de ter recebido a fé e a missão divina de se comportar de tal modo que renove a mensagem do Senhor sobre a terra. Não nos faltam erros, misérias, pecados. Mas Deus está com os homens, e temos que nos dispor a que se sirva de nós e se torne contínua a sua passagem entre as criaturas. Vamos, pois, pedir ao Senhor que nos conceda sermos almas de Eucaristia, que a nossa relação pessoal com Ele se traduza em alegria, em serenidade, em afã de justiça. E facilitaremos aos outros o trabalho de reconhecer Cristo, contribuiremos para colocá-lo no cume de todas as atividades humanas. Cumprir-se-á a promessa de Jesus: Eu, quando for exaltado sobre a terra, atrairei tudo a mim (Cfr. Jo XII, 32)" (Cristo que passa, n. 156)."
Legenda de Fotos 1- Paixão de Cristo, Londrina-PR. Fotografia por Adora Comunicação.
ir. JUDÁ
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O olhar que questiona "Olha atentamente a quem te olha." (Santa Tereza de Jesus)
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olhar é uma das formas de comunicação entre as pessoas. Se observarmos a vida de Jesus na sagrada escritura saberemos que quando encontrava as pessoas, com as mais diversas enfermidades ou situações de sofrimento, Ele sempre as olhava nos olhos, era sensível às suas necessidades. Com a modernidade, o avanço tecnológico e a globalização, tem proliferado a cultura do individualismo e do consumismo, por isso as relações entre as pessoas tornam-se cada vez mais "líquidas", ou seja, sem vínculos, superficiais, mecanizadas. O "De olho na rua" esteve presente no Seminário População em Situação de Rua, que aconteceu em Belo Horizonte, no dia 13 de abril na PUC Minas, que contou com a presença do vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, o Padre Júlio Renato Lancellotti, com a conferência: "A População de Rua nos Questionando". Du ra nte sua ex posição, o Padre Júlio Lancellotti trouxe algumas reflexões, entre elas a forma com que o Estado e a sociedade civil vêm "institucionalizando" a População de Rua, que
segundo ele, são desumanas, excludentes e não atendem às suas reais necessidades. O "tecnicismo" característico das Políticas Sociais desconsidera a dimensão humana da população de rua, e esta, por sua vez, coloca em xeque tais políticas, que foram criadas para atender suas necessidades, mas que são "perversas", pontua Padre Júlio. E nós, cristãos católicos que seguimos a Jesus Cristo, quem sempre olhou o ser humano nos olhos: olhamos os nossos irmãos sofredores de rua nos olhos? Ouvimos suas histórias? Suas necessidades? Vemos no irmão de rua O Cristo Crucificado?
"O nosso olhar adorador dirigido a Jesus Sacramentado nos capacita a olhar para os irmãos de forma diferenciada e não indiferente."
Mais do que "técnicas de abordagem" para descobrir as necessidades dos irmãos de rua, precisamos retomar o essencial: estabelecer vínculos, buscar o que realmente nos capacita a entender a comple-
xidade e a pessoalidade de cada um, nos sensibilizar com os seus sofrimentos. O nosso olhar adorador dirigido a Jesus Sacramentado nos capacita a olhar para os irmãos de forma diferenciada e não indiferente. A técnica é um instrumento para auxiliar, mas não deve tornar o coração humano insensível às necessidades das pessoas, a ponto de considerar apenas suas necessidades imediatas, mas integrais, pois o ser humano é um grande mistério, um "território sagrado", e para adentrá-lo precisamos "tirar as sandálias". "Olhar quem nos olha" significa nos deixar penetrar pelo olhar de cada irmão que chega até nós, acolhendo suas dores, suas histórias, suas vidas marcadas por sofrimentos. Que o Senhor nos conceda essa graça, para que o nosso olhar seja um instrumento de misericórdia na vida dos irmãos e irmãs de rua, aliviando os seus sofrimentos, sendo manifestação do amor de Deus em suas vidas. Desejo a todos toda pa z e todo bem! Nossa Senhora, Virgem Mãe dos pobres, rogai por nós e fazei-nos pobres com os pobres! Amém.
Legenda de foto 1- Pastoral de Rua, Rio de Janeiro-RJ. Fotografia por Adora Comunicação.
IR. MARIA DE DEUS
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Santa Clara e a Verdadeira Pobreza "Ó piedosa pobreza, que o Senhor Jesus Cristo dignou-se abraçar acima de tudo, ele que regia e rege o céu e a terra, ele que disse e tudo foi feito (Sl 32,9; 148,5)!"
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este mês, vamos conhecer o verdadeiro segmento da Pobreza, por Santa Clara. Como muitos sabemos, Santa Clara vinha de uma família nobre e poderosa. Na Idade Média, a riqueza se mensurava pelos títulos de nobreza e a quantidade de terras que a pessoa possuía. A mulher nobre tinha duas opções apenas; ou se casava para selar uma aliança de títulos e terras, ou entrava para um mosteiro, doando seu dote e herança para o mosteiro. Essa era uma das fontes de subsistência dos mosteiros femininos na época, os quais arrendavam suas terras. Santa Clara, se decidiu pela vida religiosa, contudo, vendeu seu dote e herança e entregou aos pobres. Isso foi algo realmente novo e inesperado para sua época, porque quando Francisco a levou para o Mostei ro de São Paulo das Abadessas, sem seu dote, ela foi admitida como uma irmã "conversa". Essas irmãs não participavam do coro e realizavam os serviços mais humildes do Mosteiro, na cozinha, na lavanderia, na horta, nos jardins, na limpeza. Por isso podemos entender a reação do seu tio Monaldo, que foi buscá-la à força no Mosteiro, pois era motivo de grande humilhação para a família nobre de Clara ela entrar em um Mosteiro como uma irmã "conversa". Também uma grande novidade e surpresa foi o pedido de Clara ao Papa do privilégio da Santa Pobreza, pelo qual ela lutou até o fim de sua vida. A Santa Pobreza consistia em: "E como eu sempre fui solícita com minhas irmãs, na observância da santa pobreza que ao Senhor Abreviação RSC - Regras de Santa Clara Legenda de foto 1- Santa Clara de Assis.
Deus e ao bem- aventurado Francisco prometemos guardar, 11assim sejam obrigadas as abadessas que me sucederem no cargo e todas as irmãs a observá-la inviolavelmente até o fim: 12isto é, a não aceitar nem ter posse ou propriedade nem por si, nem por pessoa intermediária, 13e nem coisa alguma que possa com razão ser chamada de propriedade, 14exceto aquele tanto de terra requerido pela necessidade, para o bem, e o afastamento do mosteiro. 15 E essa terra não será trabalhada a não ser para a horta e a necessidade delas." (RSC VI 10,15).
"Quando Francisco a levou para o Mosteiro de São Paulo das Abadessas, sem o dote, ela ingressou como uma irmã "conversa"." Es se foi u m dos ma iore s desafios de Santa Clara, porque o Papa não conseguia compreender como as monjas poderiam sobreviver sem a renda das terras, e foi motivo de muitos conflitos entre Santa Clara e o Papa, mas, finalmente, ele cedeu e, em 9 de agosto de 1253, o Papa Inocêncio IV aprovou a Regra de Vida para o Mostei ro de São Da m ião. Outra grande inovação era que naquele Mosteiro seriam aceitas vocações sem dote e herança, e todas eram vistas como iguais, todas realizavam os mesmos tipos de t raba l ho, fos sem nobres ou não, e Santa Clara assim como São Francisco dava grande valor ao trabalho:
"As irmãs, a quem o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem com fidelidade e devoção, depois da hora de terça, em um trabalho que seja conveniente à honestidade e ao bem comum, a abadessa ou a vigária devem indicar em capítulo, diante de todas, o que cada uma deverá fazer com as próprias mãos" . (RSC VII 1,3). Até agora, tudo o que vimos foi a questão externa da pobreza vivida por Santa Clara, consequência de uma vivência interior profunda, e mergulhada na verdadeira pobreza; a de Jesus Cristo. Muito mais do que vender sua herança, entrar para o mosteiro como conversa, e lutar pelo privilégio da pobreza, Santa Clara tinha um só desejo "seguir o Esposo Pobre e Crucificado" . Nesta perspectiva do despojamento de Cristo que, sendo Deus, se encarnou, e tomou para si a finitude do homem, Ele que era infinito, tomou sobre si a nossa finitude, a vulnerabilidade do homem, em sua encarnação, a vulnerabilidade da criança, na Cruz, a vulnerabilidade da morte, e na Eucaristia, a vulnerabilidade em um pedaço de pão. Para Santa Clara essa era a verdadeira pobreza e o exemplo a ser seguido em primeiro lugar. Pois como esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Se você sofrer com ele, com ele vai reinar; se chorar com ele, com ele vai se alegrar; se morrer com ele (cfr. 2Tm 2,11.12; Rm 8,17) na cruz da tribulação, vai ter com ele mansão celeste nos esplendores dos santos (Sl 109,3) " (2CtIn 21).
IR. VERÔNICA
filhAs da pobreza do santíssimo sacramento
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