Revista Toca de Assis Abril de 2014.

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Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis -Abril de 2014

Canonização de João Paulo II e João XXIII Revista Toca de Assis Abril 2014.indd 1

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ÍNDICE

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FORMAÇÃO

CORAÇÃO DA TOCA

ARTIGO ESPECIAL

DE OLHO NA RUA

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87 www.tocadeassis.org.br Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 assessoriadecomunicacao@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocacional vocacionalsc@fpss.org.br sav.vocacional@filhasdapobreza.org.br Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz Departamento Comunicação Ir. Belém, Ir. Maria Clara,Josefa Martins da Rocha, Leonardo de Souza. Editor chefe: Ir. Belém Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Leonardo de Souza. Jornalista Responsável: Josefa Martins da Rocha. - MTb 771. Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Pe. Maruo da Silva Sevalho,CMPS; Irmão Belém; Ir. Romero; Fernando Nunes Eduardo Duarte de Mattos; Ir. Tassiele Maria do Misericordioso Sangue; Antonio José da Silva; Etienne Barbosa eCelivam Barbosa Ir. Francisco da Pobreza; Josefa Martins da Rocha; Leonardo de Souza.

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EDITORIAL

rezado(a) amigo (a) leitor, Paz e Bem! Neste mês de abril, no qual vivenciamos o tempo Pascal, a Revista Toca de Assis traz para você um artigo sobre Santa Catarina de Sena, uma das Patronas da Fraternidade na seção FORMAÇÃO. No ARTIGO ESPECIAL vamos conhecer um pouco mais sobre os dois novos santos da Igreja a serem canonizados no dia 27 de abril, no segundo Domingo da Páscoa ou Festa da Misericórdia. Na coluna MÃE DA IGREJA, uma reflexão sobre Nossa Senhora e a Ressurreição de Jesus Cristo. No quadro DE OLHO NA RUA apresentamos a reflexão “População de rua, o desafio das grandes cidades”. Em CORAÇÃO DA TOCA, a missão No artigo TOCA PARA A IGREJA, Padre Mauro da Silva. CMPS fala sobre a Fraternidade Toca de Assis. Na matéria TOCA EM AÇÃO, o trabalho de nossos leigos nas cidades onde não existem casas dos Filhos e Filhas da Pobreza. Neste mês, conheça a missão de Recife - PE. E para concluir, a belíssima história vivenciada pelo Irmão Francisco na cidade de Pacaraima, em Roraima, a caminho da divisa do Brasil com a Venezuela, Boa leitura e que Deus o abençoe!

Equipe: Central São José

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TOCA PARA A IGREJA

Paz e bem!

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ratidão a Deus por tudo; pela oportunidade de conhecer essa obra maravilhosa. E hoje, posso afirmar com todas as letras, “A Toca de Assis” é um presente de Deus, para mim e para toda a Igreja! Eu cresci num ambiente Cristão de família católica, e agradeço a Deus por isso, meus pais sempre me ensinaram o amor a Jesus Cristo e a Igreja. E diziam: “Os que amam a Santa Igreja sentem o desejo de vê-la cada vez mais bonita, mais santa, com uma santidade que transpareça em todos os seus membros”. E isso pude ver com muita transparência na Fraternidade Toca de Assis; moças e rapazes decididos por Jesus Cristo, a ponto da loucura da cruz. Faz 17 anos, que mesmo de longe, acompanho os trabalhos dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento; nos atendimentos dos irmãos(as) mais necessitados, na Pastoral de Rua, oferecendo alimento, cortando o cabelo, fazendo a barba, curativos, etc... E principalmente Adoração todos os dias. Que coisa linda a missão da Toca de Assis: Tornar Jesus conhecido e amado. Revelar ao mundo essa presença escondida de Jesus nos pobres. Amar e fazer amada a Santa Igreja, rezando pelos sacerdotes e zelando pela Sagrada Liturgia! Assim seja!

Pe. Mauro da Silva Sevalho,cmps. Comunidade Missionária Providência Santíssima

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MÃE DA IGREJA

Nossa Senhora

e a Ressurreição de Jesus Cristo

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a edição de março, nós refletimos sobre a fé de Nossa Senhora e sua unidade com seu Filho, Jesus Cristo, desde a anunciação à Sua morte, na cruz. A Bíblia fala sobre Maria na Anunciação (Lc. 1, 2638), também quando ela foi ao templo de Jerusalém apresentar Jesus, no oitavo dia de Seu nascimento (Lc. 2, 22-39), na perda e encontro de Jesus no templo, aos 12 anos (Lc. 2, 41-52) e no primeiro milagre de Jesus, em Caná (Jo. 2, 1-11). Ainda, a Bíblia fala quando Maria tenta se aproximar de Jesus e não consegue, por causa da multidão (Em Lc. 8, 19), conta como ela esteve de pé, ao lado da cruz de Jesus (Jo 19, 25- 27), mas só volta a falar em Maria quando diz que, após a ascensão de Cristo, “Todos eles (os apóstolos) perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1, 14). Então, Maria esteve firmemente presente na vida de Jesus, inclusive aos pés da cruz, mas não foi ao túmulo, como e com Maria Madalena. Por quê? É interessante refletirmos sobre a unidade de Maria e Jesus também aqui. Na Anunciação (Lc. 1, 26 -38), mesmo diante da grande responsabilidade da missão que estava à Sua frente, as palavras de Maria a São Gabriel foram: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. No primeiro milagre de Jesus, em Caná da Galiléia, narrado por São João (Jo. 2, 1-11), o apóstolo e evangelista, testemunha ocular do fato, conta-nos que, quando ela se aproximou de Jesus e disse que não tinha mais vinho, mesmo depois de Jesus ter dito que a hora dEle ainda não havia chegado, Maria disse aos servos para fazerem o que Ele ordenasse. São as últimas palavras que o Evangelho nos transmite dela (“fazei tudo o que Ele vos mandar”). E Jesus mudou a água em vinho. A unidade de coração entre os que se amam vai muito além das palavras. Quantas vezes acontece a comunhão de pensamentos, por exemplo, entre mãe e filho, namorado e namorada, marido e mulher e, também, entre amigos? Quanto maior não seria a unidade entre Maria e Jesus! São Gabriel diz que Maria é “cheia de graça” (Lc. 1,28), um título único em todo Novo Testamento. Maria é, portanto, plena comunhão com Deus. E Jesus, seu Filho, o próprio Filho de Deus. Ela, que antecipou o primeiro milagre de Jesus porque sabia o que Ele faria, não foi ao túmulo porque, além de já saber, pelas profecias, que Ele ressuscitaria, certamente, também, pela mesma unidade de coração com Ele, já tinha a certeza de que Seu Corpo não estava mais lá. Afinal, Maria é a quem Isabel havia dito: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc. 1,45). Que Nossa Senhora nos ensine a crer e a dizer sim à vontade de Deus a fim de que também, tenhamos a certeza de que Jesus Cristo Ressuscitou e deseja se relacionar conosco como um Deus Vivo! E que essa certeza nos leve à fé e confiança de que Ele é, também, capaz de nos tirar de todas as mortes que existem em nosso interior e nos levar a uma vida nova!

Josefa Martins da Rocha

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Jornalista Responsável e Consagrada da Com.Shalom

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santa catarina de siena,

FORMAÇÃO

uma das patronas da toca de assis

Quem Me ama, procura ser útil ao próximo. Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por Mim e pelo próximo é uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto Me ama, pois de Mim se origina o amor do outro. O próximo, eis o meio que vos dei, para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para Mim, deveis ser de utilidade ao homem.” Estas palavras de Deus Pai contidas no livro “O Diálogo” de Santa Catarina de Sena nos leva a compreender porque ela é uma dos baluartes da Toca de Assis. Santa Catarina de Siena nasceu em Siena, na Itália, no dia 25 de março de 1347 e começou a ter experiências místicas aos seis anos. Aos sete, consagrou sua virgindade a Cristo e aos 15 ingressou na Ordem Terceira de São Domingos, mas viveu em clausura em seu próprio quarto, por três anos, onde, por intermédio da oração e diálogo afirmava que estava sempre com e em Cristo. Dele saía apenas para ir à Igreja. Em 1374, quando a peste se alastrou por toda a Europa, ela decidiu cuidar dos enfermos e abandonados. Embora analfabeta, Catarina ditou mais de 300 cartas endereçadas a todo o tipo de pessoas, desde papas, aos reis e líderes, e ao povo em geral, onde lutava pela unificação da Igreja e a pacificação dos Estados Papais. Persuadiu o Papa Gregório XI a voltar de Avignon (França) para Roma, visto que os pontífices estavam exilados ali há 70 anos. É uma personagem influente no Grande Cisma do Ocidente. Foi uma das mais brilhantes mentes teológicas do seu tempo. Das cartas de Santa Catarina de Siena há uma trilogia chamada Diálogos da Divina Providência, escrito na forma de um diálogo entre uma alma que se eleva para Deus e este mesmo Deus. Jejuava e se mortificava pela Igreja, pelo clero, pelo papa e também por todos os seus inimigos e opositores. Um grande número de homens do povo, magistrados, doutores, bispos, políticos e reis, recorriam a ela para ouvirem seus conselhos e pedir orientação espiritual. Catarina era firme, autentica e corajosa em aconselhar seus filhos espirituais. Teve visões de Jesus, Maria, São João, São Paulo e São Domingos, o fundador da Ordem dos Dominicanos. Durante uma dessas visões a Virgem Maria a apresentou a Jesus que a desposou, colocando um anel de ouro em seu dedo e dizendo: “receba isto como um penhor e testemunho que você é minha e será minha para sempre”. Catarina experimentou inúmeras experiências místicas. Com a idade de 26 anos, começou a sentir as dores de Cristo, em seu corpo. Dois anos mais tarde, em 1375, durante uma visita a Pisa, recebeu a Comunhão na pequena igreja de Santa Cristina. Quando meditava e agradecia orando ao crucifixo, raios de luz furaram suas mãos, pés e o lado e todos puderam ver os estigmas de Cristo nela. Por causa de tanta dor ela não falava nem comia. Assim ficou por oito anos, sem comer qualquer outra coisa que não fosse a Sagrada Comunhão. Morreu jovem, aos 33 em anos de idade, em 29 de abril de 1380. Seu corpo foi encontrado incorrupto e conservado em 1430. Em 1970, o Papa Paulo VI declarou-a Doutora da Igreja, sendo a única leiga a obter esta distinção. Em 2000, o Papa João Paulo II declarou-a copadroeira da Europa, juntamente com Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz. É celebrada no dia 29 de abril.

Josefa Martins da Rocha

Jornalista Responsável e Consagrada da Com.Shalom

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CORAÇÃO DA TOCA

Bendito sejais Senhor por haverdes me criado! (Santa Clara)

Eu nunca havia entrado em um lixão, confesso que tive medo, pois o cenário era terrível. As pessoas dividiam espaço com urubus, porcos e outros animais. O cheiro e as moscas incomodavam bastante. Nesse local tive a mais forte experiência de minha vida com Jesus. Ele presente na minha frente, na figura daquelas pessoas com fome, sede, sujas, feridas e abandonadas. Sua presença introduziu o carisma da Toca nas entranhas de minha alma”. É o que relata Eduardo Duarte de Mattos, leigo engajado na Toca de Assis em Niterói, no Rio de Janeiro, sobre a experiência que viveu em dezembro de 2000, quando foi ajudar na pastoral que a Toca realizou no lixão do município de São Gonçalo, levando comida e água para os pobres. Eduardo Duarte narra seu primeiro contato com a Toca: “Fui chamado por um colega a conhecer um grupo de frades franciscanos que vivia no bairro do Gradim, no município de São Gonçalo. Ao chegar, a casa era um lugar simples e muito acolhedor. Convidaram-me a conhecer a capela e alguns acolhidos (ex-moradores de rua). Eram muitos. Senti muita vontade de colaborar com aquela obra. A Toca de Assis se tornou minha segunda casa, onde conheci JESUS no Santíssimo Sacramento do Altar e sua esposa, a Santa Igreja Católica, viva e atuante no serviço com os sofredores de rua”. Segundo Eduardo, a presença da Virgem Santíssima, através do Cenáculo, aos sábados, na casa Nossa Senhora das Dores, indicava para ele o caminho. Quando cursou a Faculdade de Enfermagem, no quarteirão ao lado da Universidade, havia a Casa Boa Samaritano, administrada pelo Instituto. Assim, a adoração e o serviço aos pobres se tornaram mais presentes em sua vida, junto com a liturgia das horas e partilhas. Ele declara que a Toca lhe deu boas amizades, ensinamentos e as experiências, mais belas de sua vida. “Com todas as minhas quedas, misérias e fraquezas meu retorno é sempre na Toca, pois não existe outro lugar onde meu carisma seja alimentado. Esse lugar DEUS reservou para guardar o seu maior tesouro: JESUS EUCARÍSTICO e os POBRES”, conclui. Vamos conhecer a história da Irmã Tassiele Maria do Misericordioso Sangue, 34 anos, natural de Sorocaba (SP), uma das religiosas que moram na Casa Fraterna São Francisco, em Niterói. Ela está no Instituto desde dezembro de 2003 e sua primeira consagração foi em 2008. Já morou nas casas fraternas de Campinas, Vinhedo, Barretos (SP), Porto Alegre (RS), Contagem, Belo Horizonte(MG) e Niterói (RJ). Filha caçula de Durvalina e Luiz, tem dois irmãos (Vilma e Vilson), cinco sobrinhos (Diego, Talitalinda, Lucas, Kerolen e Kelly) e é tiaavó de Heitor. Irmã Tassiele conta: “Meus pais transmitiram valores e princípios cristãos a mim e aos meus irmãos. Ao contemplar isso ‘toco’ na providência de Deus em minha história, pois fui 6

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guardada de muitas coisas”. Irmã Tassiele narra sinais da vontade de Deus sobre sua vocação: “Meus pais me levaram para ser batizada no dia 13 janeiro de 1980, data em que a liturgia da Igreja celebrava o batismo de Jesus e eles nem sabiam. Na ocasião, minha mãe mandou tirar uma foto minha, deitada sobre o altar, e me consagrou a Nosso Senhor”. Confessa ter um profundo amor à Mãe de Deus, ensinado pelos pais. Desde pequena, visitava a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Diz que aprendeu a consagrar-se a Maria, no desejo de fazer a vontade de Deus e sente o sim de Maria a encorajá-la todos os dias. Ir Tassiele conta: “Sempre gostei de esporte, em especial voleibol. Existia um time, em Sorocaba, ao qual eu seguia participando dos treinos e jogos, às vezes até de madrugada. Nesse período, estava finalizando a catequese para receber o sacramento do Crisma e não via a hora de termina-la para ficar livre nos finais de semana”. Em 1998, sua irmã, Vilma, convidou-a para ir ao grupo de oração do qual participava, mas ela não foi porque o time de voleibol jogaria naquele dia. Devido à insistência da irmã, na semana seguinte, foi ao grupo. Irmã Tassiele recorda: “De repente, através da música ‘O Chamado’, veio-me ao coração o 1º mandamento. Percebi que não estava amando a Deus sobre todas as coisas, pois tinha uma idolatria por aquele time. Tomei a decisão de jogar fora as coisas ligadas ao time: camiseta, pôster, boné, fotos, vídeos, pasta de reportagens, etc. Enchi três sacos de lixo e queimei tudo. A partir dali, senti-me livre, presa apenas às coisas de Deus”. Em agosto de 1999, foi à Canção Nova e sentiu-se questionada. Ao chegar em casa, pediu uma palavra que fosse um sinal da vontade de Deus. Abriu a Bíblia em Marcos 10, 29-30 (“Na verdade vos digo: ninguém deixará casa, ou irmãos, ou irmãs...”). Sem saber que era necessário fazer acompanhamento vocacional, disse que iria embora, seguir Jesus. Os pais choraram. Então, desistiu. Teve experiência de namoro, mas percebeu que só Deus poderia preencher seu coração. Em um dos acampamentos na Canção Nova (julho de 2000), sentiu, novamente, o despertar da vocação. Fez três anos de acompanhamento vocacional, através de cartas e encontros. Houve muitas provações. No final de 2003, foi informada que todos os vocacionados da Canção Nova deveriam fazer mais um ano de vocacional, devido a mudanças internas na Comunidade. Vendo seu sofrimento, um amigo levou-a para participar da Missa, na Toca de Assis. Irmã Tassiele declara: “Naquele momento, a acolhida dos membros, a capela, os pobres, a vida fraterna, a vida de pobreza, a Providência, tudo era diferente e me encantou profundamente. Ali, começou a surgir a dúvida vocacional sobre o estado de vida. Depois daquele dia, pelo menos uma vez por semana, eu visitava a Casa na intenção de adorar, ficar junto dos pobres e viver aquela fraternidade banhada na alegria de ser de Deus. Fiquei inquieta. Fui sincera com a minha acompanhadora da Canção Nova e a mesma orientou-me a discernir”. A dúvida entre Toca de Assis e Canção Nova levou-a a participar de encontros vocacionais dos dois carismas. Na Toca, veio a resposta: “Deus é fiel e sabe o momento certo de agir para não haver dúvida. Foi na Santa Missa. Pedi a Nossa Senhora para me apresentar seu filho Jesus. Ao receber Jesus, escutei, em meu coração: ‘Aquilo que eu permiti que você fizesse, quero que você renuncie’. Era sobre o caminho vocacional na Canção Nova. Ao mesmo tempo, senti a presença de Nossa Senhora de Fátima, que me dizia: ‘Não tenhas medo de receber meu filho Jesus por teu Esposo’. Confirmação da vida religiosa: Ser Esposa de Cristo! Ao terminar a Santa Missa não tive mais dúvida de onde Deus me chamava”, conta Irmã Tassiele. Ela conclui: “Hoje, sou realizada na vivência desse carisma de adoração e amor aos pobres de rua! Agradeço a Deus pelo dom da minha vocação, aos meus pais e irmãos pelas orações por mim, aos amigos que, ao longo da caminhada, motivaram-me. Agradeço ao Instituto pela oportunidade de crescimento e amadurecimento humano e espiritual durante esses anos. Às irmãs e irmãos em cada casa fraterna, àquelas que foram e são minhas superioras, que me fazem caminhar na vontade de Deus a cada dia”. Deixa um recado: “Que você, jovem, não tenha medo de dar a sua vida a Deus, de escutálO, deixar-se guiar por Ele na escuta da sua vontade”. Abril/2014 Revista Toca de Assis Abril 2014.indd 7

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ARTIGO ESPECIAL

João XXIII e João Paulo II

roguem por nós!

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s papas João Paulo II e João XXIII serão canonizados em 27 de abril de 2014, em uma cerimônia solene no Vaticano. A data corresponde à festa da Divina Misericórdia, estabelecida por João Paulo II no segundo domingo da Páscoa. Os dois Papas tiveram como características mais fortes e comuns o diálogo e a luta pela promoção da paz e da dignidade humana. O pontificado de João XXIII durou menos de cinco anos (28/10/1958 a 03/06/1963) e o de João Paulo II durou quase 27 anos (26/10/1978 a 02/04/2005), o terceiro maior da história da Igreja até agora. Batizado como Angelo Roncalli, terceiro de treze filhos, João XXIII nasceu em 03 de junho de 1881, em Sotto il Monte, perto de Bergamo, na Itália, em uma família de camponeses. Em sua terra natal, ele foi pároco, professor no Seminário, secretário do bispo e capelão do exército durante a I Guerra Mundial. Em 1953, foi nomeado patriarca de Veneza e em 1958 foi eleito Papa, sucedendo a Pio XII. Devido à sua bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade, João XXIII era aclamado e elogiado mundialmente como o “Papa bom”. Sua festa litúrgica é celebrada em 11 de Outubro, data do início do Concilio Vaticano II. João XXIII convocou o Concilio Vaticano II com o objetivo que o depósito sagrado da doutrina cristã fosse guardado e ensinado de forma mais eficaz a fim de que esta doutrina atingisse os múltiplos níveis da atividade humana. João XXIII deixou a marca de uma autêntica imagem de bom Pastor. Ele visitou encarcerados e doentes, recebeu homens de todas as nações e crenças e cultivou um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. Era grande devoto de Maria e José. Em 03 de setembro de 2000, na cerimonia de sua beatificação, o Papa João Paulo II disse: “Do Papa João permanece na memória de todos a imagem de um rosto sorridente e de dois braços abertos num abraço ao mundo inteiro. Quantas pessoas foram conquistadas pela simplicidade do seu ânimo, conjugada com uma ampla experiência de homens e de coisas!“. João Paulo II, eleito Papa aos 58 anos, foi o primeiro papa não italiano desde 1522 e o primeiro papa polonês da história. Colocar Jesus como centro da mensagem cristã, que revela ao homem o seu destino e a sua dignidade foi o norte de seu pontificado. Ensinou, sobretudo aos mais jovens, que não se pode ter medo de escancarar as portas para Cristo. A encíclica “Redemptor Hominis” revela-o atento à necessidade do ecumenismo com as Igrejas cristãs e do diálogo com as demais religiões. Ele foi o primeiro Papa a pregar numa igreja luterana e numa mesquita, e o primeiro a visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém. Realizou 104 viagens apostólicas fora da Itália, visitando 129 países. O Papa Francisco o definiu como “Um grande missionário. O novo São Paulo”. João Paulo II proclamou 1338 beatos e 482 santos. Teve, também, importante papel no fim de conflitos internacionais. Foi um dos homens que mais trabalhou para encerrar a Guerra Fria, com sua luta obstinada contra o comunismo. O seu legado de paz e liberdade foi reconhecido publicamente por líderes mundiais. Originário de uma família de classe média, Karol Josef Wojtyla nasceu em Wadowice, Polônia, em 18 de maio de 1920. Filho do operário Karol Wojtyla, que se tornou suboficial do Exército, perdeu a mãe, Emília Kaczorowska, aos nove anos. Três anos mais tarde faleceu seu irmão Edmund. Em 1941, seu pai morreu. Durante a II Guerra

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Mundial (1939- 1945) trabalhou como mineiro e como operário e esteve ligado ao teatro, antes de entrar no Seminário, época em que precisou viver oculto por causa dos nazistas. Estas experiências ajudaram-no a conhecer de perto o cansaço físico, assim como a simplicidade, a sensatez e o fervor religioso dos trabalhadores e pobres. Logo no início de seu pontificado, em 1981, João Paulo II foi vítima de um atentado a bala, na Praça de São Pedro, onde quase morreu. Dois anos depois, em 1983, foi visitar seu agressor na prisão e manifestou seu perdão. Era considerado o Papa mais popular da história antes do atual, Papa Francisco. Pregou com gestos a humildade, como vimos quando beijou o chão na chegada ao Brasil, por duas vezes das três em que veio aqui. Quando morreu, mais de três milhões de pessoas foram a Roma para homenageá-lo, no intervalo entre 03 e 08 de abril, quando seu funeral foi realizado. Sua festa litúrgica se celebra em 22 de outubro, data do início do seu pontificado.

Encíclicas dos Papas João XXIII publicou oito encíclicas, entre elas “Grata Recordatio” para retomar a devoção do rosário e “Veterum Sapientia” sobre a importância do uso do latim na liturgia, “Pacem in terris”, na qual explica que o reconhecimento dos direitos e dos deveres do homem é o fundamento da paz mundial e “Mater et magistra” que desenvolve e atualizava a doutrina social de Leão XIII e de Pio XI exortando as nações mais ricas a ajudar as mais pobres. Durante seu pontificado, João Paulo II fez catorze encíclicas, entre as quais “Redemptor Hominis”, em 04/03/1979; “Dives in Misericordia”, em 30/11/ 1980; “Sollicitudo Rei Socialis”, sobre assuntos sociais, em 30/12/1987; “Redemptoris Missio”, sobre a validade permanente do mandato missionário, em 07/12/1990; “Centesimus Annus”, no 100º aniversário da encíclica ‘Rerum Novarum’; sobre o capital e o trabalho, em 01/05/1991; “Veritatis Splendor”, sobre questões de moral da Igreja, em 06/08/1993; “Ut Unum Sint” sobre o empenho pelo ecumenismo, em 25/05/1995; ‘Fide et Ratio’, onde condena o ateísmo e a fé sem razão e afirma a posição da filosofia e razão na religião, em 14/09/1998 e ‘Ecclesia e Eucharistia’, em 17/04/2003. Josefa Martins da Rocha

Jornalista Responsável e Consagrada da Com.Shalom

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QUALIDADE DE VIDA TOCA EM AÇÃO

“Eu renovo todas as coisas” Ap 21,5 Meu nome é Etienne Barbosa e de meu esposo Celivam Barbosa. Somos casados há 30 anos, temos duas filhas, moramos na cidade de Recife-PE, participamos do grupo de Leigos BOM SAMARITANO. Conheci a Toca de Assis através da Canção Nova, mas participei dos trabalhos da casa Bom Samaritano do Recife a mais ou menos cinco anos. O meu primeiro contato foi por meio do encontro com algumas irmãs na rua, então, perguntei onde elas estavam morando e responderam que estavam com a casa de missão “Bom Samaritano”. Elas falaram um pouco da missão e do carisma da Toca de Assis, e logo me identifiquei, pois, algum tempo atrás realizava um trabalho de distribuição de sopa para os moradores de rua. Além disso, identifiquei-me com a adoração ao Santíssimo Sacramento, ao amor e cuidado com os pobres e marginalizados dando sempre o melhor delas, e a evangelização que realizavam revelando ao mundo essa presença escondida de Jesus nos pobres. O trabalho começou depois que houve uma reunião antes do fechamento da casa fraterna, onde fomos abordados se queríamos continuar com a missão da Toca de Assis através de nós leigos, então, continuamos o carisma por meio do cenáculo inicialmente, depois trabalhamos com pastoral de rua e por posteriormente a adoração ao Santíssimo Sacramento, assumindo assim, o compromisso que nos foi confiado. O significado da pessoa do pobre na minha vida é representado pela frase do Papa Bento XVI: “a Igreja reconhece nos pobres o rosto de Jesus, os ama e jamais os abandona, a Igreja ama todo homem por aquilo que é e não por aquilo que tem, a marginalização pode ser contrastada e vencida pelo amor”. Os pobres e os marginalizados foram mediadores de luz para tantos homens e mulheres de fé, como tal foi o leproso para São Francisco de Assis, como tal foram os pobres para Beata Teresa de Calcutá, sendo estes testemunhos vivos que me tocaram profundamente, através da missa diária, tendo um encontro pessoal com Jesus Eucarístico, com a liturgia diária, praticando lectio divina, e adoração ao Santíssimo Sacramento. São 12 leigos, 10 voluntários e 12 benfeitores que colaboram nas atividades realizadas pelo grupo. Os desafios encontrados são: - Estrutura; - Espaço para acolhimento; - Na rua estamos expostos; - Resgatar a dignidade humana; -Apresentar Jesus: evangelizar; - Reintegrar a família e a sociedade; - Superar nossas limitações em todos esses desafios citados. Condição de dar uma assistência maior em relação à documentação, saúde, higiene, assistência aos usuários de drogas. A missão se sustenta através de doações. O que mais nos realiza na missão é a partilha do amor. Assim, cooperarmos com a obra de Deus, somos instrumento dEle, a serviço daqueles que clamam por justiça e dignidade. A história é do nosso irmão Tadeu que saiu da rua e foi reintegrado à família, através da escuta, partilhas, 10

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acolhimento, acompanhamento, confiança. Dessa maneira, ele fez a opção pelo amor, deixando Deus agir. E no dia a dia, Tadeu, supera a dependência química já no seio da família. Mas, ele realizou um pedido que esse bem não pare nele, e deseja que a pastoral continue atuando a fim de outros irmãos sejam resgatados. Agradecemos a Deus e a Nossa Senhora a oportunidade de poder servir na fraternidade Toca de Assis, e a todos os leigos, voluntários e benfeitores que fazem parte desta obra divina. Ao o homen que sofre Deus, nao dá um raciocinio que explique tudo, mais oferece a sua resposta sobe a forma de uma presença que o acompanha, de uma história de bem que se une a cada sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar conosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz Cristo é aquele, que tendo suportado a dor, se tornou “autor e consumador da fé” (Hb 12,2.) Pedimos a intercesão da Virgem Maria que nos ajude com sua oração materna, para que a igreja se torne uma casa para muitos, uma Mãe para todos os povos e torne possível o nascimento de um mundo novo. É o Ressuscitado que nos diz, com uma confiança que nos enche de imensa confiança e firmíssima esperança: “Eu renovo todas as coisas” (Ap 21,5).

Testemunho Antonio José da Silva tem 42 anos, natural de RecifePE e conviveu na Toca de Assis durante quatro anos. Ele conta que mais o atraiu e tocou o coração foi o tratamento fraterno, o acolhimento, a caridade que as irmãs tinham com ele, como também os dias de lazer, as orientações e os momentos de oração na presença de Deus. Segundo o Antonio, entre todas essas maravilhas uma coisa foi muito marcante: ter conhecido a Irmã Cristina a quem ele chama carinhosamente de mãe Cristina. Falou com emoção da saudade que sente da Irmã Cristina e lembrou-se do amor que ela os tratava. Também a chama de Santa muwlher. Falou que ela não tinha preconceito abraçava todos eles do jeito que estavam: bêbados, drogados, sujos, doentes e com fome. Antonio diz que tem um sonho: reencontrar a Irma Cristina abraça - lá e beijar os seus pés. O segundo sonho é quando morrer encontrar sua mãe e poder abraçá-la, pois ela morreu no parto durante o nascimento dele.

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DE OLHO NA RUA

População de rua : O desafio das grandes cidades.

A Igreja é chamada a ser servidora de um diálogo difícil. Enquanto há citadinos que conseguem os meios adequados para o desenvolvimento da vida pessoal e familiar, muitíssimos são também os “não citadinos”, os “meio citadinos” ou os “resíduos urbanos”. A cidade da origem a uma espécie de ambivalência permanente, porque, ao mesmo tempo em que oferece aos seus habitantes infinitas possibilidades interpõe numerosas dificuldades ao pleno desenvolvimento da vida de muitos” (Exortação Apostólica do Sumo Pontifice Evangelium Gaudium). O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica faz uma interessante reflexão em torno das cidades. Ele leva a nos determos na imagem da Jerusalém celeste, a Cidade Santa e em cima disso fixa os aspectos da Revelação que faz com que a plenitude da humanidade e da história se realize em uma cidade para, assim, ter um olhar de fé sobre as cidades onde habitamos, para descobrir o Deus que habita nas casas, nas ruas e nas praças. E como precisamos dessa visão de fé no atual momento histórico em que vivem nossas cidades. Hoje nos deparamos com um verdadeiro quadro de conflito por um lugar nas grandes cidades. Não é preciso buscar muito para se ter um esboço das causas principais desse atual drama. Os grandes centros sempre concentraram os maiores investimentos, as grandes oportunidades de trabalho, uma vida melhor. Atraíram milhares de pessoas. Isso fez surgir cada vez mais uma luta desenfreada por um lugar ao sol nas grandes cidades, caracterizando cada vez mais uma marginalização em seus aspectos bem concretos. Dentre os grupos que nasceram deste conflito urbano se faz bem presente a população de rua. Hoje, de fato, podemos constatar que existe uma verdadeira população vivendo nas ruas. Este grupo tão heterogêneo tem marcado de forma impressionante a vida dos grandes centros. O seu vultoso crescimento tem se visto pelas estatísticas governamentais. Este grupo tem buscado os grandes centros para sobreviver. Ele é produto de uma cidade que não inclui seus habitantes. “As casas e os bairros constroem-se mais para isolar e proteger do que para unir e integrar” (Papa Francisco). Um povo marcado pela marginalização e na maior parte das vezes é enxergado pela população como estorvo e indesejável. A indiferença marca as relações nas grandes cidades. Não faz muito tempo que na atual capital de maior concentração da população de rua foi possível ver como as autoridades tem enfrentado este desafio. Na Praça da Sé, o marco postal da cidade de São Paulo, lugar de grande concentração da população de rua, sofreu uma ação de verdadeira limpeza quanto `a presença deste povo. Não bastando, foram obrigados a permanecer no local da antiga tenda do Parque Dom Pedro. O local praticamente inviabilizado para se morar. Com promessas de moradias melhores, a maior parte tem vivido de forma desumana neste local. São ações de limpeza social que

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tem ocorrido nos grandes centros. A exposição a um mercado cada vez maior de drogas e a violência que só faz crescer contra este povo. Como enfrentar este desafio? Podemos nos perguntar se há esperança para este povo. Não obstante a tão grande indiferença e omissões, não são poucas as iniciativas louváveis de instituições que lutam para levar vida digna a este povo e nós, como Igreja Católica, devemos, cada vez mais, nos empenhar para estar próximo de Cristo que sofre em nossos irmãos que vivem na situação de rua. “A proclamação do Evangelho será uma base para restabelecer a dignidade da vida humanas nestes contextos, porque Jesus quer derramar nas cidades vida em abundância” (Papa Francisco).

Fortaleza

4.500 pessoas em situação de rua Salvador

3.500 pessoas em situação de rua São Paulo 14.500 pessoas em situação de rua Rio de Janeiro

5.500 pessoas em situação de rua Curittiba

3.450 pessoas em situação de rua Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Social de cada uma das cidades. IBGE e Exortação Apostólica Evangeliun Gaudium

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Irmão Romero, FPSS irmaoromero@fpss.org.br

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DIÁRIO DO PEREGRINO

Pacaraima. (Roraima) Divisa com Venezuela

Eu ia de Boa Vista para Santa Elena, primeira cidade da Venezuela. Caminhava desde o início da manhã e já era tarde e, por mais que eu insistisse em levantar o braço, ninguém parava para me levar. Então, no silencio do caminho, comecei a rezar: “Meu Senhor e minha Senhora, todos os corações pertencem a vós. Se quereis, qualquer pessoa pode parar, não importa quem seja. Eu preciso Senhor; ajuda-me!” Pouco tempo depois, um senhor parou. Com alegria, corri até o carro, já agradecendo, em meu coração, pela providencia de Deus. Perguntei sobre seu destino e ele disse que ia para a fronteira. Então, disse-me para entrar. Ele trabalha com lotação, levando pessoas para Pacaraima (RR), que fica próxima a Santa Elena, onde fazem compras. O senhor se apresentou dizendo: “Irmão, chamo-me Rodrigo e sou evangélico”. Respondi: “Muito prazer, Rodrigo. Chamo-me Francisco e sou Católico”. Ele disse: “Irmão, posso fazer uma pergunta?” “Claro que sim!”, respondi. Pensei que iria me questionar sobre as imagens, Nossa Senhora, idolatria etc. e me preparei interiormente para o momento. Ele disse: “Irmão, o senhor estava orando enquanto caminhava, pedindo a Deus para que alguém parasse para leva-lo?” Surpreendime com a pergunta e disse: “Sim Rodrigo. Pedi a Deus e a Virgem Maria que parassem alguém para me levar, porque já fazia muito tempo que estava caminhando”. Ele disse: “Irmão, quando te vi, senti que Deus me pedia para te levar. E essa voz de Deus esquentava o meu coração. Não consegui passar direto. Deus me dizia: ‘Pare e leve esta pessoa’. Então, parei! Digo-te mais, Irmão: Se, daqui até Pacaraima, nenhuma outra pessoa pedir para eu levá-la e eu levar somente o senhor comigo, estarei muito feliz por estar fazendo a vontade de Deus”. Meu coração se enchia de alegria e gratidão pela santa providencia de Deus. Como Ele toca os corações das pessoas, independente de religião. Realmente, ele não parou para mais ninguém. Quando chegamos à divisa com a Venezuela, ainda quis me dar alguns trocados para que eu comesse alguma coisa. Meu Deus! O Senhor me constrange por tanto amor! Despedi-me dele e o agradeci pela caridade e sensibilidade a Deus. Abraçamo-nos e continuei meu caminho. Não tenho porque temer. Deus e a Santíssima Virgem estão velando por mim e me acompanham. A providência de Deus se manifesta essencialmente quando nos abandonamos inteiramente nas mãos de Jesus e Maria. Eles sabem do que necessitamos.

Irmão Francisco da Pobrez,FPSS 14

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