Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis -Março de 2014
“Povo meu que te fiz eu?”
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ÍNDICE
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FORMAÇÃO
CORAÇÃO DA TOCA
ARTIGO ESPECIAL
DE OLHO NA RUA
Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87 www.tocadeassis.org.br Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 assessoriadecomunicacao@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocacional vocacionalsc@fpss.org.br sav.vocacional@filhasdapobreza.org.br Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz Departamento Comunicação Ir. Belém, Ir. Maria Clara,Josefa Martins da Rocha, Leonardo de Souza. Editor chefe: Ir. Belém Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Leonardo de Souza. Jornalista Responsável: Josefa Martins da Rocha. - MTb 771. Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Dom Albano Cavallin; Irmão Belém; Ir. Romero; Ir. Francisco da Pobreza; Ir.Pietra do Amor da Cruz e Ir. Piedade Maria; Edilaine Ap. dos Santos; Maria Helena; Cleosni R.Paulinho e Sergio Cardoso Ribeiro; Lonisia M. P. Campos; Jurandir Pereira Lima; Josefa Martins da Rocha; Leonardo de Souza.
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EDITORIAL
rezado(a) amigo (a) leitor, Paz e Bem! Neste mês de março, no qual vivenciamos o tempo da Quaresma, a Revista Toca de Assis traz para você uma reflexão sobre o jejum: Jesus Cristo é o Senhor também do corpo, em FORMAÇÃO. No ARTIGO ESPECIAL vamos refletir sobre a Esmola como doação de si Na coluna MÃE DA IGREJA, uma reflexão sobre a unidade de Maria com Jesus Cristo desde a Anunciação à Cruz. No quadro DE OLHO NA RUA apresentamos o protagonismo de nossos irmãos moradores de rua, através de fatos concretos. Em CORAÇÃO DA TOCA, a missão das Filhas da Pobreza na cidade de Sorocaba. No artigo TOCA PARA A IGREJA, Dom Albano Cavallin fala sobre a Fraternidade Toca de Assis. Na matéria TOCA EM AÇÃO, o trabalho de nossos leigos nas cidades onde não existem casas dos Filhos e Filhas da Pobreza. Neste mês, conheça a missão de Juazeiro do Norte, no Ceará. E para concluir, a belíssima história vivenciada pelo Irmão Francisco na cidade de Resistência na Argentina. Boa leitura e que Deus o abençoe!
Equipe: Central São José
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TOCA PARA A IGREJA
Uma “sirene” para Igreja A Toca de Assis para a Igreja e a nova ‘encarnação’ de Francisco e Clara andando pelas nossas cidades na pessoa de seus membros. A Toca de Assis é um ‘convite’ para que a Igreja se recorde do Santo Evangelho que diz: “Bem aventurados os pobres de espírito” (Mt. 5,3). A Toca de Assis é uma ‘sirene’ para despertar a Igreja do perigo do ativismo pastoral, reafirmando que a Liturgia é a fonte, o cume e o ápice de toda ação pastoral. A Toca de Assis é uma ‘antena’ reformada que capta as mensagens do Papa Francisco pedindo que os cristãos vão para as ruas e sejam missionários. A Toca de Assis é uma graça eclesial que o Bom Deus deu à Igreja do Brasil para que seja a Igreja de Jesus no pobre.
Dom Albano Cavalli Bispo Emérito da Diocese de Londrina/PR
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MÃE DA IGREJA
SOLENIDADE DA ANUNCIAÇÃO DA VIRGEM MARIA
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m 25 de março se celebra a solenidade da Anunciação da Virgem Maria. Este ano, na terça-feira da terceira semana da Quaresma. Então, aproveitamos a oportunidade para fazer uma reflexão sobre a unidade de Nossa Senhora com Jesus Cristo desde a Anunciação até à Cruz. O Papa emérito Bento XVI, no Ângelus do Quinto domingo da Quaresma, em 2007, lembrou que, quando a Virgem pronunciou seu «sim» ao anúncio do anjo, Jesus foi concebido e com Ele começou a nova era da história, que depois seria sancionada na Páscoa como «nova e eterna Aliança». Bento XVI explicou que, na realidade, o «sim» de Maria é o reflexo perfeito do «sim» de Cristo, quando entrou no mundo, como escreve a Carta aos Hebreus interpretando o Salmo 39: «Eis aqui que venho — pois de mim está escrito no livro — a fazer, oh Deus tua vontade!» (Heb. 10, 7). O Papa emérito assegura que a obediência do Filho se reflete na obediência da Mãe e deste modo, graças ao encontro destas duas proclamações do «sim», Deus pôde assumir um rosto de homem. Por este motivo a Anunciação é também uma festa cristológica, pois celebra um mistério central de Cristo: sua Encarnação. “A Igreja olha para a Virgem Mãe de Deus como sua figura e modelo na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo. Como filha de Israel. Assim, Maria como modelo de fé espera e crê com todo o coração na redenção do seu povo. A sua fé, porém, recebe uma luz nova quando o anjo Lhe anuncia: serás Tu a Mãe do Redentor. N’Ela tem cumprimento a fé de Israel e, neste sentido, Maria é o modelo da fé da Igreja, que toda se concentra em Jesus”, disse o Papa Francisco, na Audiência Geral no último dia 23 de outubro. Ele falou ainda que cada ação de Nossa Senhora era cumprida sempre em união perfeita com Jesus. “Esta união atinge o seu auge no Calvário: aqui se une ao Filho no martírio do coração e na oferta da vida ao Pai para salvação da humanidade. Nossa Senhora fez mesmo sua a dor do Filho e aceitou com Ele a vontade do Pai, naquela obediência que trás fruto, que dá a verdadeira vitória sobre o mal e sobre a morte”, declarou. Desde a Anunciação, toda a vida da Virgem foi unida à vida de seu Filho. Se uma mãe comum sofre ou se alegra em unidade com o filho de suas entranhas, quanto mais Maria, sabendo que seu Filho é, também, Deus. A Bíblia, em Lc 2,35, nas palavras de Simeão, por exemplo, faz-nos compreender que Maria participaria do sofrimento de seu Filho, sob o sinal da espada. Conforme Bento XVI, unida a Jesus, testemunha do amor do Pai, Maria viveu o martírio da alma. Como Cristo é o “homem de dores” (Is 53,3), por meio do qual Deus quis “reconciliar consigo todos os seres: os do céu e os da terra, fazendo a paz pelo sangue de sua cruz” (Col. 1,20), assim Maria é a “mulher da dor”, que Deus quis associar a seu Filho, como mãe e partícipe de sua Paixão. Por isso a Quaresma é também tempo oportuno para crescer em nosso amor filial Àquela que ao pé da Cruz entregou seu Filho, e se entregou Ela mesma com Ele, por nossa salvação. Nosso amor filial a Maria pode ser expresso durante a Quaresma por devoções como rezar com “As sete dores de Santa Maria Virgem” e o Santo Rosário, especialmente os mistérios dolorosos, mas, mais importante ainda, é buscar ser como ela, unida a Jesus Cristo, silenciosa e obediente à vontade do Pai cada dia. Concluímos com as palavras de Bento XVI, em 2007: “Que a Virgem Maria, que após ter compartilhado a paixão dolorosa de seu Filho Divino, experimentou a alegria da ressurreição, acompanhe-nos nesta Quaresma rumo ao mistério da Páscoa, revelação suprema do amor de Deus”. Josefa Martins da Rocha
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Jornalista Responsável e Consagrada da Com.Shalom
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jejum:
FORMAÇÃO
Jesus é o Senhor também do corpo!
A
maioria dos meios de comunicação, o mundo, enfim, promove o hedonismo, a filosofia do prazer pelo prazer. Somos estimulados a uma busca desenfreada pela satisfação do que é agradável ao corpo a qualquer custo. E, assim, muitas vezes tornamo-nos, sem nos dar conta, escravos das sensações e das paixões. A vontade fica presa ao hábito, ao qual não sabe se opor. Isto gera um vazio interior, pois apenas Deus é capaz de preencher e satisfazer plenamente nosso coração. O jejum, acompanhado da oração, é uma forma de mostrarmos que não somos como os animais, conduzidos apenas pelo instinto. É uma forma de colaborarmos com a formação de nossa vontade, para que Jesus Cristo seja o Senhor não somente de nossas almas, mas também de nossos corpos, pois a renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas nos abre aos valores mais nobres de nossa alma. A prática do jejum é ensinada pela maioria das religiões. A Bíblia fala do jejum tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Jesus o realizou por quarenta dias no deserto, antes de começar Sua vida pública e muito o recomendou, como podemos conferir em Mt. 17, 20 (Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum). Os Padres da Igreja o pra-
ticaram e o ensinaram. Santo Ambrósio (†397), por exemplo, disse: “A tua carne está-te sujeita (...): Não sigas as solicitações ilícitas, mas refreia-as algum tanto, mesmo no que diz respeito às coisas lícitas. De fato, quem não se abstém de nenhuma das coisas lícitas, está também perto das ilícitas” (Sermão sobre a utilidade do jejum, III. V. VII). No Brasil, a Igreja prescreve o jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa e orienta que ele
deve consistir em café da manhã, almoço e jantar leves, ou seja, em quantidade menor que a habitual e sem nenhum lanche, nem mesmo o café, nos intervalos. Mas, quem desejar, pode fazer um jejum mais rigoroso. O Catecismo da Igreja Católica ensina no parágrafo 1434: ‘A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros.’ O Catecismo, no parágrafo 1438 diz ainda: ‘Os tempos e os dias
de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja.’ A Bíblia nos adverte que o jejum deve ser acompanhado de mudança de vida, de conversão, de arrependimento dos pecados e volta para Deus, como podemos conferir em Is 58,6-7 diz: ‘Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo. É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante’. Concluímos, então, com um trecho da Nota divulgada pelo Escritório das Celebrações Litúrgicas da Santa Sé, em 2001, depois do ataque às torres gêmeas, quando João Paulo II convidou os líderes religiosos de todo o mundo a irem juntos a Assis em 2002: “A prática do jejum facilita a abertura das pessoas a outro alimento: a Palavra de Deus e o cumprimento da vontade do Pai; Está estreitamente relacionada à oração, fortalece as virtudes, suscita a misericórdia, implora o socorro divino, conduz à conversão do coração”. Josefa Martins da Rocha
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CORAÇÃO DA TOCA
O Mistério de Deus revelado no dia a dia
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Buscamos nos fortalecer em Deus todos os dias e nos espelhamos muito nas Irmãs que nos ensinam cada dia, uma lição de humildade, de doação, de amor ao próximo. Desde que as conhecemos, vemos os pobres com outros olhos. Conseguimos ver neles o próprio Cristo a nos convidar para uma missão de Amor e fraternidade. A Toca de Assis fez toda diferença em nossas vidas. Hoje não conseguimos viver sem essa família”. Estas são palavras da Cleosni Ribeiro Paulinho. Ela e o marido, Sérgio, são leigos da missão de Sorocaba (SP), administrada pelas Filhas da Pobreza e do Santíssimo Sacramento. Cleosni conta: “Conhecemos a Toca de Assis há quatro anos, quando meu marido foi convidado a conhecer a pastoral de rua. Desde então, procuramos dar o nosso melhor para esses irmãos, não só no alimento, mas num abraço, num sorriso, numa
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esperança de dias melhores”. Os leigos também realizam eventos para arrecadar fundos para a Casa Fraterna Nossa Senhora Mãe das Dores, que acolhe cinco mulheres com doenças degenerativas, em fase terminal. O grande desafio da missão é manter o pagamento mensal dos funcionários que ajudam às Irmãs com as acolhidas, além das demais despesas. A casa é sustentada por doações. Edilaine Aparecida dos Santos, 28 anos, trabalha como Cuidadora, há um ano e meio, na Casa Fraterna e revela: “Trabalhar na Toca de Assis é uma alegria, um mistério que só Deus é capaz de nos revelar cada dia. É contemplar a fidelidade de Deus em nossas vidas. Faz-me enxergar que Deus sempre está com os olhos fixos naqueles que mais necessitam da sua misericórdia. Posso dizer que o Senhor me honrou com a vida das acolhidas.” Ela conta que, no inicio,
achou um grande desafio lidar com as acolhidas porque são portadoras de doenças diversas, derivadas de seu histórico de rua. “Elas trazem marcados em suas vidas o sofrimento e a dor”. Outra Cuidadora, Maria Helena, declara: “Para mim é uma alegria trabalhar junto com as Filhas da Pobreza, num trabalho intenso, mas muito gratificante. Vejo que é bela essa arte de cuidar sem olhar a quem, que realiza o bem a todos, de forma especial, a essas mulheres que recebem não só um atendimento clínico, mas recebem carinho, o amor de Deus e sua misericórdia através dessa Fraternidade”. A Guardiã, Irmã Piedade Maria de Jesus Crucificado, diz: ‘Somos necessitadas de renovar diariamente nossas vocações e, então, vamos ao encontro de nosso amado Deus. Ali somos fortalecidas e, assim, acolhemos a missão que o Senhor nos convida, exigente e desafiadora, mas com um sentido. Aqui está uma grande mensagem que a fé nos faz ver; Essas mulheres não tem como expressar com palavras, devido às suas enfermidades, o que pensam ou sentem, mas nos falam com um olhar ‘fitante’ ou com um sorriso profundo. O que expressam? Expressam a pura manifestação de DEUS, que age na vida delas alcançando diretamente a nós. Esse olhar e esse sorriso nos fazem recordar o Santo Evangelho: ‘Todo bem que fizeste ao menor dos meus pequeninos foi a mim que o fizeste’”. A Irmã Pietra do Amor da Cruz explica: “Nesse quadro das acolhidas, não há ressocialização, mas, investimos, além dos cuidados
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clínicos, em suas almas. Não temos certeza, por parte da Medicina, quanto à sua compreensão, mas não desistimos de levar Deus para os seus corações, através de diálogos e do Santo Evangelho. Falamos do perdão, do amor de DEUS por nós e do seu convite a uma vida nova. Essas são pequenas atitudes de fé para com elas”. Irmã Pietra, 29 anos, natural de Pirapora(MG), no Instituto desde 2006, consagrada desde 2011, já morou nas Casas Fraternas de Londrina, (PR), Jaú, Santos, Sorocaba e Campinas (SP) e em Fortaleza (CE). Declara: “A pessoa do pobre é a imagem de Jesus ferido e humilhado. Nele experimento tocar nas chagas dolorosas de JESUS. Como consagrada que deseja
configurar-se a Cristo, sou impelida a olhar os pequenos com o mesmo olhar com que sou olhada por DEUS. Sou impelida a ter atitudes concretas, como as mulheres piedosas, como Verônica, nas cenas da paixão, a buscar sempre aliviar a dor do outro”. Ela assegura: “O que mais me realiza na missão, entre tantos pontos, é a expressão do rosto de cada acolhida que, para mim, é uma atitude de gratidão, é o rosto de Cristo, ora feliz, ora dolorido, mas sempre dizendo algo e, muitas vezes, foram respostas para o meu interior. Posso afirmar, diante de tantas experiências com Deus e com os pobres: É impossível não perceber o cuidado e o amor de Deus pelos pequeninos”. Irmã Pietra conta-nos: “Conheci a Fraternidade há 10 anos, através da TV. A casa fraterna mais próxima de minha terra era Montes Claros (MG). Sempre atuei nas pastorais de minha paróquia. Isto me alegrava muito. Em um determinado tempo, senti que Deus queria mais e que estava relacionado à vocação. Inicialmente, um pouco resistente à vontade de Deus, fui me entregando dia após dia, ao ponto de desejar estar só com Cristo. Entendi que o Senhor desejava o meu coração indiviso, uma entrega maior. Desde sempre, sentia desejo de adorar a Jesus Sacramentado. Na minha Paróquia, a exposição do Santíssimo não era comum, mas me alegrava vê-lo no sacrário, diariamente. Assim posso dizer: SEDUZISTE-ME SENHOR E EU ME DEIXEI SEDUZIR”. Ela conclui: “Após orações, partilhas e discernimento, entendi que Deus me chamava à vida religiosa. Conheci o Instituto e este carisma me cativou. A junção dos pilares adoração ao Santíssimo e o cuidado com os pobres preenchia minha alma naquilo que tanto me inquietava. Este carisma é constantemente um doar-se e um encher-se. A experiência com Jesus no Santíssimo Sacramento é sempre um fato novo. Constrange-me essa atitude de deixar-se ser adorado. É um encontro contínuo, uma troca de olhar, onde minha alma é conduzida a experimentar a misericórdia de DEUS”.
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ARTIGO ESPECIAL
Esmola
como doação de si
O
verdadeiro sentido da esmola cristã não se resume em dar alguma coisa ou determinada parte das riquezas daquele que coloca os seus bens a serviço do empobrecido, mas, muito além de doar algo, o homem consegue viver realmente o sentido da esmola quando ele aprende a doar-se a si mesmo. Esmola deve também ser um modo de ser, muito mais do que oferecer ou dar. Em hebraico, esmola se diz Tzedakah e justiça Tzedek, logo a palavra esmola deriva de Justiça. Dar esmola, no antigo pensamento judaico, significa cumprir a Torá, isto é, fazer justiça. Quando um judeu pobre gritava pelas ruas Tsedakah, todos entendiam: “Faça justiça! Cumpra a Torá!” E esse gito incomodava qualquer judeu piedoso. Para o católico, a esmola não pode correr o risco de se resumir em atos de aparente caridade, muitas vezes, em função da vanglória daquele que a dá, mas deve ser um gesto de solidariedade e justiça. Fazer esmola, fazer justiça é melhor que dar esmola. Para o Papa Francisco, a atual crise econômica e social torna ainda mais urgente um repensar a solidariedade não simplesmente com um ‘ajudar os mais pobres’, mas repensar globalmente em todo o sistema: Como reformá-lo, como corrigi-lo em modo coerente com os direitos fundamentais do homem, de todos os homens. “A esta palavra, “solidariedade”, não bem vista pelo mundo financeiro, é preciso restituir a sua merecida cidadania social”, diz o Pontífice. Na sociedade de hoje, o homem quer afirmar-se a si mesmo, e se isola no próprio egoísmo, colocando-se no lugar de Deus e nutrindo um desejo de viver fechado para a vontade divina em um mundo que gira em torno de seus próprios desejos. Segundo o Papa, a atual crise não é somente uma crise econômica, pois tem raízes éticas e antropológicas: “Seguir os ídolos do poder, do lucro, do dinheiro, passando por cima do valor da pessoa humana é, hoje, uma norma fundamental de funcionamento e um critério de organização. Esquece-se que acima dos negócios, da lógica e dos parâmetros do
Na Itália, cerca de 50 mil pessoas desabrigadas, especialmente em Milão, inclusive pode-se encontrar alguns moradores de rua (senza tetto) sob as arcadas em frente à Praça de São Pedro, em Roma.
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mercado, está o ser humano, com a sua dignidade profunda”. Poderíamos nos perguntar: como viver nesse
mundo sem fazer parte dessa cultura hedonista que só pensa no próprio bem-estar? Como doar a própria vida, no lugar de ficar apenas doando o que me sobra? Onde podemos encontrar testemunho de pessoas que proclamam o valor da caridade, mas que também a vivam? Pode ser que não encontremos ao nosso lado pessoas que testemunhem esse doar-se de forma convincente, mas temos como providencia de Deus um vivo sinal na pessoa do nosso Santo Padre, um Pontífice que, há alguns meses, voltou a comover o mundo saindo do Vaticano durante a noite para dar esmolas, ou melhor, fazer-se esmola aos pobres. Especulação ou não, em poucos meses de Pontificado, Francisco já mostrou que é arrojado e capaz de quebrar o protocolo também quando se fala de esmola.
“E s m o l a deve também ser um modo de ser, muito mais do que
oferecer ou dar”.
Irmão Belém, FPSS irmaobelem@fpss.org.br
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QUALIDADE DE VIDA TOCA EM AÇÃO
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“Um verdadeiro adorador não volta atrás”
uazeiro do Norte, município cearense da região do Cariri, a 533 km de Fortaleza, é considerado um dos maiores centros de religiosidade popular do estado, devido à herança espiritual do Padre Cícero. Apesar disso, existem pessoas ali que, infelizmente, por falta de formação, enveredam por caminhos de fé não verdadeiramente cristãos. Mas, a presença do carisma e da missão da Fraternidade Toca de Assis promove uma evangelização autêntica para a vivência do ser Igreja. Como exemplo, o testemunho de Leonisia Maria Pereira Pedrosa Gomes, 56 anos, casada, quatro filhos e cinco netos, Coordenadora da Casa Fraterna Pão da Vida. Ela nos conta: “Conheci a Toca de Assis em 2004, em Fortaleza, quando eu e meu esposo, Eduardo, passávamos por dificuldades financeiras, e como os problemas nunca veem sozinhos, outros se juntavam causando em nossas vidas um ‘tempo de tribulações’. Nesta época, eu praticamente não conhecia a nossa Igreja Católica, apesar de batizada, crismada e casada. Não costumava frequentar nossa Igreja, pois nesse tempo me dedicava ao Espiritismo”. Leonisia fala que o convite para que ela conhecesse um grupo de oração partiu de uma amiga de sua filha. Diz que ficou encantada ao chegar ao grupo e encontrar jovens com o terço na mão, rezando. Também a impressionaram o louvor e a pregação. Era um mundo totalmente novo para ela, no qual se engajou. Essa amiga continuou acompanhando-a e ajudando-a, inclusive aconselhando-a a fazer jejum. Leonísia conta: “Certa vez, essa mesma pessoa, vendo que os problemas se agravavam, me convidou a rezar, pedindo a Deus um direcionamento através da Sua palavra. Depois de rezar o santo terço abrimos a bíblia aleatoriamente, foi quando meus olhos pousaram em Isaias 58,6-8. Eis a resposta de Deus: ‘Sabeis que é o jejum que eu aprecio? - Diz o Senhor Deus - E rompes as cadeias injustas, desata as cordas do jugo, mandai embora livre os oprimidos, e quebrai toda espécie de jugo, e repartir seu alimento com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes em asilo, vestir os maltrapilhos em lugar de desviar-se do seu semelhante. Então, tua luz surgirá com a aurora, e tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se’”. A partir deste momento, Leonisia disse: “Se é isto que Deus quer de mim, é isto que vou fazer!”. Segundo ela, procurou, então, outros leigos que faziam pastoral de rua, e tentavam levar a Toca de Assis para Juazeiro. Juntou-se a eles. A missão da Toca em Juazeiro do Norte chegou em 2005. Leonisia diz que acompanhou de perto todos os religiosos que passaram por lá, “cada dia descobrindo o amor pela Igreja, por Jesus Sacramentado e pelos irmãos de rua, por Nossa Senhora e por São Miguel.”. Leonisia declara que a promessa de Deus foi se cumprindo em sua vida, seus problemas foram se resolvendo, as feridas cicatrizando. Ela diz que muita coisa aconteceu, mas sempre procura manter-se convicta do chamado de Deus, que é a sua força. Relata que sua família e seu esposo sempre estiveram ao seu lado. Há dois anos, ela está à frente da Casa Fraterna Pão da Vida, que foi fundada após a saída dos Filhos da Pobreza e do Santíssimo Sacramento de Juazeiro do Norte, pelos leigos que se identificam com a Fraternidade Toca de Assis. Na Casa, há Santa Missa no primeiro domingo do mês; Adoração ao Santíssimo Sacramento toda segunda-feira; Pastorais de rua toda terça-feira; Pastorais na Casa, aos domingos, com café da manhã, distribuição de roupas e objetos de higiene pessoal, terço, pregação e almoço, além de atividades como jogos, recreação e Cenáculo. São cerca de 20 casais de leigos engajados e cerca de 10 benfeitores fixos, pois, com a saída dos religiosos, alguns desistiram. 10
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Leonisia admite: “Não é fácil conciliar casa, filhos, netos... É um desafio diário, cheio de surpresas boas, e outras ruins. Mas, vivenciar esse carisma unido a esta Obra de Deus, para mim, é testemunhar a cada dia o amor de Jesus pelos marginalizados, pobres e sofredores de rua. É ver com os próprios olhos a Sua providência, os Seus milagres. É ter a certeza de que Ele caminha lado a lado conosco; É sentir o amor de Nossa Senhora a nos acolher em Seu colo nas horas difíceis. Quando me encontro na aridez ou me desanimo, busco Jesus no Santíssimo Sacramento e lembro-me da oração de São Pio: ‘Fica comigo Senhor! ’”. Leonisia reconhece que ela e os outros voluntários da Casa Fraterna Pão da Vida estão apenas iniciando uma nova fase da história da Toca. Diz: “É apenas o começo de uma missão que está sendo renovada a partir do coração inconformado de alguns leigos, que sofreram com o fechamento de muitas casas, mas lutam para não deixar que morram as sementes do amor, a Jesus Sacramentado e ao pobre sofredor de rua, plantadas, um dia, em nossos corações pelo próprio Deus. A minha gratidão eterna a Jesus e a todos que participaram da minha ‘conversão’. Aos meus amigos e colegas leigos o meu abraço fraterno, e desejo que sigamos firmes, pois Deus está no comando nesta caminhada, e “um verdadeiro adorador nunca volta atrás”. Jurandir Pereira Lima, 43 anos um dos acolhidos na Casa Fraterna Pão da Vida, diz: “Cheguei a Juazeiro em 2002, não consegui trabalho e acabei ficando pelas ruas, adquirindo alguns vícios como o álcool e o fumo, tornando-me morador de rua. Em 2005, fui levado a conhecer a Casa da Toca, que tinha acabado de abrir nesta cidade. A primeira vez que vim, passei um ano e dois meses. Durante esse tempo, conheci a palavra de Deus, aprendi a rezar o terço e a adorar Jesus. Depois, fui tentado novamente a beber e acabei voltando pra rua, mas me arrependi e fui novamente acolhido. Foi quando me preparei e fiz a primeira comunhão. Hoje, conheço a Deus e devo isso à Toca de Assis. Moro na Casa Fraterna onde ajudo na organização da casa e dos acolhidos. Sei que sou fraco e pecador. Tenho meus momentos de queda, mas com a Graça de Deus e o carinho dos leigos acredito que serei vencedor nesta luta contra o vício. Hoje me sinto feliz de poder morar aqui e ajudar na casa, e saber que tenho a confiança das pessoas. Frequento a Santa Missa todo domingo, vou me preparar para o crisma. Nos dias de adoração, tenho o maior amor e zelo para limpar a capela e adorar Jesus, juntamente com os leigos”.
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DE OLHO NA RUA
Protagonizando Histórias
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uando andamos por nossas cidades e observamos em meio ao imenso mundo de concreto à nossa volta, chamanos a atenção a impressionante presença de pequenas plantas que se esforçam por sobreviver por pequenas brechas do imenso mundo do asfalto. Basta-lhe um pouco de terra e água e elas se desenvolvem e acabam por chamar a atenção por menores que sejam. Tem sido assim, também, a realidade do povo da rua. Em meio ao mundo indiferente, que o marginaliza e o agride com ações higienistas, esse povo tem marcado sua história não somente com uma imagem estigmatizadora, mas sim protagonista, ditando seus caminhos na história, buscando, com muita luta, seu lugar nas brechas de nossas cidades. Direto da calçada emerge força surpreendente! O que para muitos seria algo impossível, hoje podemos reconhecer que é uma verdade. Mas, ainda podemos nos perguntar: Como se deu esse protagonismo? Como ele tem se manifestado concretamente?
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Qual a sua importância para a população de rua? O processo de fortalecimento do protagonismo do povo de rua exigiu uma grande caminhada. Ainda em tempos de regimes militar, grupos de missionários e educadores iniciaram um trabalho a partir da rua, de reunir e construir momentos de discussão das suas realidades frente às grandes cidades, na construção de caminhos de ressocialização a uma organização coletiva capaz de questionar a ordem vigente. “Durante a sopa, havia partilha de ideias, oração, cantos e se convidava para o Centro Comunitário, próximo ao local. No Centro Comunitário eram feitas reuniões, círculos bíblicos, escalas para tarefas, como ir a uma determinada feira, catar algo para preparar o lanche do domingo, na casa de oração. Participar do grupo de teatro, recuperar móveis usados, construir carroças e outras atividades que favoreciam a convivência” (Pastoral do Povo da Rua).
Ao passar dos anos, as violações de direitos desta população não cessaram. O crescimento de nossas cidades fez aumentar o contingente de pessoas que não tinham onde morar e vieram parar nas ruas. Os constantes massacres só fez nascer, por mais surpreendente que seja, a mobilização coletiva deste povo. Com o apoio de instituições religiosas e entidades, deu-se o inicio às primeiras organizações reivindicatórias no campo político, que hoje tem sua expressão maior no Movimento Nacional da População de Rua, movido pelo protagonismo pessoal e coletivo. O Movimento da rua para a rua. Este protagonismo coletivo tem marcado conquistas em muitas áreas da sociedade. Homens e mulheres que manifestam a capacidade de reação e falam à sociedade: Existe vida nas ruas! Isso sem muitas facilidades, pois há, ainda, muito a construir. Quanto podemos ver a população de rua marcar a sua presença na construção de políticas públicas e monitorando suas ações!
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Como resultado da organização política e social do povo da rua, já se pode ver algumas conquistas: ¹ 1.Pesquisa Nacional de Contagem da População de Rua realizada entre 2007 e 2008. 2.Recursos destinados ao IBGE para contagem da população em situação de rua nas principais capitais. 3.Decreto presidencial de 2009 que instituiu a Política Nacional para a População em situação de Rua 4.Projeto de capacitação e fortalecimento institucional da população de rua. Parceria entre o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), UNESCO e Instituto Polis. 5.Estruturação do MNPR (Movimento Nacional de População de Rua) em várias cidades brasileiras. É bom deixarmos claro que o protagonismo desta população é uma construção a partir de pequenos passos na retomada de sua autonomia de vida, que não é exclusivo na dimensão política e social, mas a própria participação dentro das entidades na organização do espaço e aprimoramento dos serviços, na elaboração de metodologias a serem aplicadas na busca de melhores perspectivas de vida por meio do trabalho ou na busca de um adequado tratamento para sua recuperação. Nisto tudo se faz um processo de construção de autonomia e dimensiona protagonismo deste povo. Importa é marcar de uma forma ou de outra a capacidade de serem atores principais de suas histórias. Só desta forma será possível construir uma sociedade solidária e de participação. ¹ Cartilha para Formação Política para a População de Rua.
Testemunho Meu nome é Marcelo Abelardo Barbosa. Há 10 anos estou em situação de Rua em Campinas, SP. Amo os desafios da vida e, no dia 01 de dezembro passado, protagonizei mais um capítulo da minha vida. Durante a Conferência Municipal de Direitos Humanos e Cidadania fui indicado a concorrer a uma cadeira no Conselho Municipal de Direitos Humanos a qual efetivou a minha eleição para atuar em diversos seguimentos que dizem respeito à pessoa humana. Sinto-me honrado e feliz em atuar pela população de rua dentro do Conselho Municipal de Direitos Humanos e ter essa oportunidade de levar as demandas da rua para uma discussão tão ampla, na perspectiva de colaborar para a construção da dignidade de tantos que ainda estão na situação de rua. Irmão Romero, FPSS irmaoromero@fpss.org.br
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DIÁRIO DO PEREGRINO
ResistênciaArgentina
Eu estava a caminho de Resistência, na Argentina. Encontrei um lugar para rezar as Laudes e a Lectio Divina. Fazia uma agradável sombra produzida pelas arvores. O silêncio era propicio. Ao terminar, tomei o rosário nas mãos e retomei a caminhada. Pouco depois, peguei uma carona. Após cinco horas, cheguei a Resistência. Eram 16h. Agradeci a carona e fui procurar uma igreja. Encontrei a matriz, procurei o pároco e ele pediu um documento que provasse que eu era religioso. Mostrei-lhe minha carta de envio. Então, disse-me para aguardar porque os padres sairiam para celebrar. Chegariam para a missa das 19h. Fui à capela, e aproveitei para adorar a Jesus. Após a missa, o padre me levou a um salão, onde pôs um colchão e disse: “O senhor pode ficar aqui, Irmão. Vou leva-lo a um lugar onde possa tomar banho”. Então, levou-me à parte da paróquia que estava em construção, a um banheiro sem luz, sem portas e sem chuveiro. Havia apenas uma torneira. A privada era um buraco. Impressionei-me como o padre mostrava o banheiro, como se fosse tão normal! Depois se retirou. Peguei uma lanterna e encontrei uma mangueira. O banheiro estava muito sujo por causa da reforma. Então, como não havia casas e prédios perto, tomei banho à luz das estrelas. Dizia para mim mesmo: “Não murmura... Estou sendo abraçado pela Santa Pobreza!” E, com alegria, tomei meu banho. Depois da oração das completas, descansei meu pobre corpo. No dia seguinte, domingo, ao despertar, rezei as orações de costume, e aguardei o padre, que me levou a um mosteiro, para a missa. Chegando lá, as irmãs estavam adorando a Jesus e eu O adorei, também, por uma hora, antes da missa. No ofertório, sentia Jesus me pedindo para colocar todo o pouco dinheiro que trazia. Obedeci. Quanto terminou a missa, um casal me chamou e perguntou quem eu era, e se poderiam ajudar em alguma coisa. Perguntei-lhes se me levariam à saída da cidade, porque eu estava peregrinando. Enquanto me levavam, a senhora me disse que seu primo trabalhava como caminhoneiro e perguntou-me se eu gostaria de acompanha-lo, na segunda-feira, até a divisa do Paraguai. “Claro que sim!”, respondi. Entendi porque o Senhor pediu para dar o dinheiro que tinha. Não precisaria mais. Naquele dia, fiquei na casa desse casal. Fizeram um churrasco, convidaram a família e partilhamos muito sobre a missão. Meu Deus, o Senhor sempre me surpreende! Muito obrigado! E tu, Santíssima Virgem, com quanto amor cuidas de mim!
Irmão Francisco da Pobrez,FPSS 14
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