Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis | maio de 2016
Maternidade: Dom e Amor de Deus
REVISTA
MAIO DE 2016 Publicada por
Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ. 02019254/0001-87
Índice 3
Toca para a Igreja
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Artigo especial
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Mãe da Igreja
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Toca em ação
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Formação
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O mundo tem saudades de Francisco.
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Coração da Toca
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Benfeitoria
Escritório São José
Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br (19) 3886 -7 086 SAV- Serviço de Animação Vocacional
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento vocacional@fpss.org.br
Editorial
prezado amigo leitor, paz e bem.
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis
Publicação mensal interna da Fraternidadede Aliança Toca de Assis Presidente
Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento de Comunicação
Ir. Judá, Leonardo de Souza e Anima Comunicação. Editora Chefe
Ir. Judá, fpss Projeto gráfico e Diagramação
Anima Comunicação contato@animacomunicacao.com (43) 3064-1633 Revisão Ortográfica
Larissa Nazário
Impressão e tiragem
10.000 exemplares Colaboradores nesta edição
Pe. João Paulo Veloso; Ir. Cordeiro; Ir. Sara Maria; Ir. Aurora; Ir. Belém; Ir. Maria de Deus; Benedictus Edson; Ir. Verônica; Diego Alves; Adriano Maria; Fernando Nunes; Tamisa Graciano; Daniel Ávila; Oscar Nascimento; Murilo Messias. Capa
Neste mês de Maio nosso artigo especial é dedicado às mães, que tem um papel fundamental em toda e qualquer vocação, seja ela religiosa, sacerdotal ou matrimonial. No de olho na rua seremos chamados a meditar sobre a caridade, não com o significado dado pelo mundo secular, mas sim como nos ensina a Igreja. A Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, será o tema da coluna formação, onde entenderemos um pouco da oração composta por São Francisco de Assis e que serviu de base para este documento. Com a coluna mãe da igreja entraremos na história de Nossa Senhora de Fátima, a Mãe que veio do Céu e nos mostrou que o nosso consolo vem de Deus! O artigo saudades de francisco nos mostrará a principal regra de São Francisco: seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo com simplicidade e autenticidade. Diretamente do Kênia (África), o Padre Diviol Rufino, do Movimento dos Focolares, nos contará sua experiência vivida na Fraternidade Toca de Assis na coluna toca para a igreja, e como funciona esta sinergia de dois carismas que se complementam no coração da Igreja. O toca em ação falará da inauguração de uma nova casa de apoio ao morador em situação de rua em Campinas– SP, e como esta realidade é encarada através do amor e do trabalho especializado.
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Uma boa leitura a todos! Departamento de Comunicação
A TOCA, TOCA!
Pe. Diviol em sua visita na Toca de Assis. Arquivo Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento.
"Toca como tocava São Francisco de Assis, o qual chegava a beijar as feridas de um leproso."
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onheci os primeiros irmãos e irmãs da “Toca de Assis” há mais de dez anos, durante uns dias de retiro que fiz com um pequeno grupo de jovens do Movimento dos Focolares, em Búzios, Rio de Janeiro. Logo fiquei “tocado” por alguns aspectos que caracterizavam aquele original grupo: a ousadia, a radicalidade, a alegria e a capacidade de servir. Todo dia na missa, ou quando os encontrava pelas ruas atendendo algum irmão necessitado, o grupo me transmitia os mesmos sentimentos e me estimulava a seguir em frente, em minha escolha de uma vida voltada para a edificação do Reino de Deus. Assim, quando me encontrava com aqueles jovens, sentia ainda mais forte o “Toque da Toca” que me dizia: Ame!!! E concluía comigo mesmo: A Toca, toca!!! Toca como tocava São Francisco de Assis, o
qual beijava as feridas de um leproso porquê nele vislumbrava o semblante de Deus. Toca porquê com a simples presença anuncia ao mundo que as Palavras de Jesus são antigas, porém verdadeiras e sempre novas, atuais. Toca ainda porquê é um sinal visível de que da grande árvore da Igreja continua a germinar novos rebentos, novos Carismas para adornar de beleza, em cada tempo, a Esposa amada de Cristo.
Toca porquê com a simples presença anuncia ao mundo que as Palavras de Jesus são antigas, porém verdadeiras. Daquele primeiro ocasional encontro, outros surgiram, e pelos caminhos da Providência foi se consolidando uma amizade sempre mais intensa, rica, profunda. Foi quando, devido à minha escolha, como Focolarino, fui transferido para a Mariápolis Ginetta onde os irmãos frequentam nossas celebrações, pois, nas proximidades tem
a famosa “Bendita”. Enquanto Deus me permitiu, acompanhei o surgimento de um itinerário formativo e espiritual, com encontros de vários dias com todos os irmãos das diversas comunidades. Eram verdadeiros oásis, cenáculos onde o Espírito Santo pediu licença e agiu pessoalmente em cada um dos participantes, numa sinergia entre dois Carismas, o dos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento, que tem na Eucaristia a força propulsora do seu amor que vai ao encontro do pobre abandonado nas ruas; e o do Movimento dos Focolares , cujo Carisma é a Unidade, como era o sonho de Jesus: “Pai, que todos sejam Um”. Enfim, encontro-me hoje no continente africano, em missão, mas agradeço a Deus por esse percurso feito com tão preciosos irmãos, que me fizeram entender ainda mais que ninguém pode encontrar a própria plenitude, “a não ser no sincero dom de si mesmo”
Diviol Rufino Missionário de mariápolis Piero Nairobi – quênia
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toca de assis | maio de 2016 Nossa Senhor de Fรกtima por Filli Bonella
Nossa Senhora de Fátima
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Não tenhais medo! Eu não vos farei mal. Donde é Vossemecê? “Sou do Céu!”
o dia 13 de maio de 1917, Nossa Senhora de Fátima aparece a três pastorinhos: Lucia, Jacinta e Francisco. Traz consigo a beleza daquela que se revela à humanidade: “Senhora que veio do céu”. No dia 13 de maio de 1994, na mesma data da visita a Virgem, nasce a Fraternidade de Aliança Toca de Assis, com um carisma eucarístico e mariano que traz consigo o desejo e o legado de amor dado por Deus de difundir nos corações o amor e a devoção a Virgem de Fátima. É neste contexto que queremos levar a você, leitor da nossa revista mensal da Toca de Assis, um pouco mais desta história que atravessa o século e continua tão presente em nossas vidas. Portugal, em um pequeno lugarejo em Fátima viviam três crianças, Lúcia de Jesus, 10 anos, Francisco, 9 anos e Jacinta, 7 anos. Logo após a Santa Missa foram pastorear ovelhas nas terras do pai de Lúcia, na Cova da Iria. Após um relâmpago diz Lúcia: “uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água, Nossa Senhora de Fátima cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente”. Seu semblante era de uma inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura. Como descrever em pormenores seus traços? De que cor os olhos, os cabelos dessa figura celestial? Lúcia nunca o soube dizer ao certo! Nossa Senhora pergunta aos três pastorinhos se queriam ofe-
recer suas vidas a Deus, em ato de reparação pelos pecados em que Ele se sentia ofendido e pela conversão dos pecadores. Com o sim daquelas crianças a Virgem de Fátima logo diz: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto” A Virgem então pede que as crianças rezem o terço todos os dias pela paz no mundo e o fim da guerra. Mas o que nos chama a atenção nesta primeira aparição é a exclamação de Nossa Senhora: “a graça de Deus será vosso conforto!”. Neste momento Lúcia diz que sentiam a presença de Deus tão forte, uma luz que penetrava os seus íntimos, que se viam em Deus assim como um espelho. Com esse sentimento se colocaram de joelhos e começaram a adorar a Deus assim como no Santíssimo Sacramento. A partir deste momento aquelas crianças já não eram mais as mesmas, foram tocadas por uma mensagem de amor, davam suas vidas para salvar as almas, pela conversão dos pecadores. Aprenderam por meio da Virgem a oferecer seus sofrimentos por um amor maior, capaz de levá-los as últimas consequências, de dar suas vidas por amor. Nossa Senhora promete as crianças que voltaria a aparecer naquele local por mais seis vezes e ainda uma sétima, a cada aparição os pastorinhos sentiam mais desejo de oferecer seus sofrimentos por amor, passaram por diversas provações, conta a história que foram levados ao cárcere, sendo humilhados, mas nunca desistiram de difundir aque-
le verdadeiro amor que tinham recebido por meio da Virgem. Pela promessa de Nossa Senhora, Jacinta e Francisco foram logo levados ao céu, pela própria Virgem, enquanto Lúcia, por providência, ficaria para difundir todo esse amor à humanidade. De maio até outubro daquele mesmo ano as crianças viram Nossa Senhora, e em cada aparição os incentivava a rezarem sempre o rosário pela conversão dos pecadores. Com o testemunho de amor deste acontecimento, os irmãos e irmãs da Toca de Assis, em união com a Virgem de Fátima e atentos ao seu pedido, oferece em todos os momentos sua adoração, oração do santo terço, suas vidas em reparação as ofensas que sofrem o Coração de Jesus e da Santíssima Virgem. Somos filhos deste mistério revelado a Igreja. Unidos ao Coração Imaculado da Virgem Maria, neste mês desejamos continuar oferecendo nossas vidas como hóstias de amor, pelo testemunho dos pastorinhos e pela intercessão da Virgem de Fátima. Nossa gratidão a Deus por nos dar a graça de ter nascido no dia que celebramos sua memória na Igreja. Treze de maio de 1994, nossa família Toca de Assis nasce sobre a proteção de Nossa Senhora de Fátima. Hoje, com 22 anos, temos a cada dia a certeza de receber a proteção: “Da Senhora que veio do céu”
Ir. Cordeiro Humilis filhos da pobreza do santíssimo sacramento
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Imagem da encíclica de Papa Francisco
Laudato si’mi Signore
Uma explicação sobre a o Louvor das criaturas, de São Francisco de Assis, que o Papa Francisco utilizou como inspiração em sua recente encíclica nomeada “Laudato si’ mi Signore”.
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nome da recente encíclica do Papa Francisco recebeu inspiração do louvor das criaturas composto por São Francisco de Assis, razão pela qual trago nesse mês uma breve explicação histórica e teológica sobre esse louvor. Esse cântico já deu muitas páginas de meditação, é rico em significado! O louvor das criaturas é cantado pelo Santo de 6
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Assis na sua noite da alma. Quando o compôs estava enfermo e hospedado adjacente ao mosteiro das Damas pobres em São Damião. O pobre santo sofria do mal nos olhos e por isso nem a luz podia suportar, ele não gozava mais sensivelmente da beleza das criaturas. No entanto, se uniu a toda criação através desse cântico para louvar o Criador. Foi composto em três momentos. A primeira parte vai até a sétima estrofe, nossa apresentação, na qual Francisco louva pela nossa irmã a mãe terra, foi produzida em outubro de 1225. A segunda parte trata do perdão e da paz, foi criada por São Francisco para reconciliar o Bispo de Assis com o Podestá da cidade, em julho de 1226; a terceira e última parte foi composta por São Francisco agonizante louvando
pela irmã morte corporal no início de outubro de 1226. Portanto, são três conteúdos: louvor a Deus pela criação bruta; louvor a Deus pelos homens que perdoam pelo seu amor; e louvor a Deus pela morte corporal. Mas o que eles têm haver entre si? Na primeira estrofe percebemos uma doxologia e a incapacidade do homem por não encontrar palavras aptas para o louvor de Deus. Na segunda estrofe Francisco se faz ‘irmão’ de todas as criaturas e com elas canta o louvor do Criador. Celebrando as criaturas e fraternizando-se com elas que Francisco se eleva ao Altíssimo, que nenhuma linguagem humana pode exprimir (cf. leclerc , 1977, p.162). Ao designar as criaturas como ‘irmãs’, Francisco demonstra
Pintura de São Francisco de Assis em Louvor das Criaturas
não ter pretensão de domínio sobre a criação. Comentando o louvor das criaturas, o escritor Eloi Leclerc observa que Francisco articula em todo cântico o masculino e feminino nos pares ‘irmão-irmã’. Não se trata da ingênua aparência de gêneros gramaticais, o Cântico das Criaturas revela arquétipos humanos. Os elementos formam pares: o Senhor irmão Sol e irmã Lua e as Estrelas. Irmão Vento e irmã Água. Irmão Fogo e nossa irmã, a mãe Terra. Leclerc chama a atenção para o par cósmico que forma do primeiro elemento masculino: o Sol, que é símbolo da paternidade; ao último elemento que é feminino: a Terra, símbolo da maternidade. Esse primeiro e o último fazem o poema ‘abraçar’ e abranger toda a criação pelo par cósmico ‘Sol-Terra’ (cf. leclerc, p. 54). A estrofe que louva os que perdoam, suportam enfermidades e
promovem a paz é a segunda parte, foi acrescentada por Francisco posteriormente (cf. ff, 2000 in: sp n. 101), mas não está fora do contexto do louvor da criação. Desde o pecado, a criação sofre e geme esperando a redenção do nosso corpo (cf. 8, 22). De fato, o pecado do homem rompeu não só sua relação com Deus, mas também com todo o mundo criado, e sobretudo nas relações entre o homem e a mulher que são explicitamente imagem de Deus na comunhão de pessoas. O poema conduz para a reconciliação de toda criação e consequentemente, para a humanidade do homem e mulher que aparecem em pares nas estrofes ‘irmão−irmã’ nas realidades simbólicas da criação. Portanto, o cântico do Irmão Sol é um louvor ao Deus Altíssimo através dos símbolos das realidades sensíveis. Um elemento masculino sempre ao lado de um feminino evoca a imagem de Deus (cf. Gn 1, 27). Toda criação é convidada a participar no perdão e na paz, frutos da redenção, e sobretudo o homem e a mulher como sujeitos (promotores) do perdão e da paz. Eles mesmo que iniciaram com o pecado a desordem em suas relações interpessoais, em toda a criação e com Deus. Na última parte, Francisco agonizante entrega a si mesmo juntamente com todo criado, louvando a Deus também pela irmã morte. Ora, a morte não é criatura de Deus, e sim consequência do pecado, mas se for aceita como sacrifício se torna, em união com Cristo, um ato expiatório. Assim, o Santo de Assis se associa a Cristo que recriou com sua morte toda a criação
Referências LECCLERC, Eloi. "O cântico das criaturas ou símbolos da união." Petrópolis: Vozes, 1977. Abreviatura CIC − Catecismo da Igreja Católica FF − Fontes Franciscanas
O Louvor das criaturas (São Francisco) Altíssimo, onipotente, bom Senhor, teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção. Só a ti, Altíssimo, são devidos; e homem algum é digno de te mencionar. Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o senhor irmão Sol, que clareia o dia e com sua luz nos alumia. E ele é belo e radiante com grande esplendor de ti, Altíssimo, é a imagem. Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas, que no céu formaste claras e preciosas e belas. Louvados sejas, meu Senhor, pelo irmão Vento , pelo ar, ou nublado ou sereno, e todo o tempo, pelo qual às tuas criaturas dás sustento, Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Água, que é muito útil e humilde e preciosa e casta. Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão Fogo pelo qual iluminas a noite e ele é belo e jucundo e vigoroso e forte. Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a mãe Terra, que nos sustenta e governa, e produz frutos diversos e coloridas flores e ervas. Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor, e suportam enfermidades e tribulações; bem aventurados os que as sustentam em paz, que por ti, Altíssimo, serão coroados. Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal, da qual homem algum pode escapar; ai dos que morrem em pecado mortal! Felizes os que ela achar conformes à tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal! Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade (FF, 2000 in: Cant.).
ir. sara maria filhas da pobreza do santíssimo sacramento
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Serviço de Abordagem Social · Campinas—SP Com a crescente situação de moradores de rua em Campinas, cidade do interior de São Paulo, é inaugurada o novo Escritório para Serviço de Abordagem Social afim de garantir a melhora na qualidade de vida das pessoas em situação de rua.
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ampinas é um município brasileiro localizado no interior do estado de São Paulo, Região Sudeste do país. Pertence à microrregião e mesorregião homônimas, a uma distância de 99 km a noroeste de São Paulo, capital estadual. Ocupa uma área de 794,433 km². Em 2015, sua população foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (i b g e ) em 1.164.098 habitantes, sendo o terceiro município mais populoso do Estado de São Paulo (ficando atrás de Guarulhos e da capital) e o 8
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décimo quarto de todo o país. Dentre as questões urbanas mais emergentes, a população em situação de rua tem apresentado um cenário cada vez mais complexo diante do agravamento das vulnerabilidades sociais, e pela dificuldade de adaptação à instituição familiar, acabam por escolherem migrar para Campinas, por ser uma cidade considerada grande, e optam pelas ruas, até como forma de deixarem de ser um problema para os familiares. Em relação ao agravamento deste cenário, destacamos
a descontinuidade dos Serviços socioassistenciais; as insuficientes ações de políticas intersetoriais para a população em situação de rua, fragilização e rompimento de vínculos familiares e comunitários; dificuldade de acesso de determinados grupos ao mercado de trabalho, bem como a manutenção do emprego; A toca de assis, a partir de uma caminhada histórica de vinte anos com a População em Situação de Rua, a fim de melhor atender a esse público tão vulnerável, no dia 03
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de fevereiro de 2016, inaugurou um novo Escritório para o Serviço de Abordagem Social, concentrando todas as atividades socioassistenciais nesta unidade, que além das abordagens diurnas e noturnas, realiza busca ativa para atendimentos com a equipe técnica do serviço, visando a garantia dos direitos, a construção do processo de saída das ruas, e contribuir para a construção de novos projetos de vida junto aos usuários deste serviço. A Equipe Técnica é composta pela coordenadora técnica e assistente social Aline, a sssistente social Paloma e a psicóloga Michele, formando uma dupla psicossocial, e os religiosos Irmão Vicente e Irmã Stephania, que atuam como monitores sociais e coordenadores geral. Somos gratos a Deus e a todos os colaboradores deste novo projeto da Fraternidade de Aliança Toca de Assis! Legenda das fotos 1 - Inauguração da Casa de Apoio 2 - Equipe Técnica 3 - Fachada da instituição 4 - Bênção do interior da Casa de Apoio
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aline rezende campos coord. assistência social Fraternidade Toca de ASsis
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Maternidade: Dom e Amor de Deus “Vós sereis amamentados... como a mãe consola o filho em Sião vou consolar-vos.” (cf. Is 66)
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ssim como Maria Santíssima, que se alegrou com o nascimento de Jesus no presépio e depois teve que ser forte na Sua crucificação, uma mãe que tem uma filha ou filho não só vocacionado, mas também os que se casam, ficam solteiros, dos doentes e até dos afastados de Deus, necessitam tê-la como exemplo perfeito de mãe para um filho. Neste Artigo Especial iremos abordar um pouco sobre este papel essencial das mães na vida de seus filhos.
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11 Casa Mãe dos Pobres, fotografia por Anima Comunicação
tivéssemos percebido? Sabemos que muitas foram as mães marcantes na história dos Santos e Santas da Igreja. A primeira que sempre vem à mente é a intercessora Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, que derramou muitas lágrimas pela conversão de seu filho. A figura amorosa e compreensiva de Dona Pica, mãe de São Francisco de Assis. Santa Zelie Martin, que foi canonizada recentemente, a mãe de Santa Terezinha. Mulheres que deram testemunho de santidade e caridade diante de sua missão de mães. Mas o que diferenciou essas mulheres? Por que ficaram marcadas como santas? Pelo motivo de entenderem que não eram somente mães biológicas e afetivas de seus filhos, mas também mães espirituais. A vida de uma pessoa que se consagra a Deus é marcada pela busca de viver radicalmente o batismo e ter os mesmos sentimentos que haviam em Cristo Jesus (cf. Fil 2), ou seja, sua vida é envolta no Mistério! Sendo assim, a mãe de um religioso também é chamada a assumir uma parte desse mesmo Mistério. Uma mãe que tem uma filha ou um filho
Santa Mõnica, mãe de Santo Agostinho 12
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vocacionado a vida consagrada acaba tendo que viver também os caminhos espirituais da vida de Jesus. Como Maria Santíssima se alegrou com o nascimento de Jesus no presépio e depois teve que ser uma mãe forte na sua crucificação, as mães de hoje igualmente são chamadas a serem como Nossa Senhora na vida daqueles que elas geraram. Quando um filho nasce, a mãe se alegra, assim deve também suportar com fé, quando esse mesmo filho escolhe livremente ser crucificado com Jesus, seguindo-O mais de perto. Esse é um Mistério escondido na maternidade de todas as mães do mundo inteiro. Não somente os filhos são chamados a carregar a sua cruz, mas elas também. E cada consagrado e consagrada sabe quantas saudades e quantas lágrimas derramaram essas mães que abriram mão do convívio mais próximo de seus filhos para que, partindo em missão, eles pudessem levar a boa nova aos pobres. O fato é que indiretamente elas também anunciam esse Reino. Na verdade, não somente a mãe dos consagrados, mas dos filhos que se casam, que ficam solteiros, Madonna e a Criança por Pompeo Batoni
Tapeçaria de Santa Zelie Martin por ocasião de sua canonização
Pintura de Santo Agostinho e sua mãe Mônica por Ary Scheffer
Quem vê um consagrado ou uma consagrada logo imagina que em algum momento eles tiveram de deixar suas casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, e suas terras (cf. Mt 19,29) para seguir Jesus mais de perto e entregar suas vidas em favor dos mais pobres. O início da vocação a vida religiosa nunca é fácil para que os pais aceitem a vontade de Deus na vida de seus filhos, visto que na maioria dos casos os planos para eles sempre são outros. No decorrer do tempo, diante dos frutos percebidos na vida dos próprios filhos, geralmente conseguem compreender melhor toda aquela “loucura” inicial na busca de viver o Evangelho, que leva um jovem a deixar tudo. Especialmente a figura da mãe na vida dos vocacionados... Sempre marcante nos momentos das decisões. Umas apoiam e outras não, o fato é que a influência e a “benção” da mãe sempre são fortes e importantes. Mas será que uma mãe é unicamente aquela que emprestou seu corpo para gerar seus filhos e amamentá-los? Ou aquela que os adotou e criou? Ou teria algo a mais escondido, que de repente nunca
Santa Zelie Martin, mãe de Santa Terezinha
Santa Maria, mãe de Jesus de Nazaré
Imagem do filme "Jesus - A história do nascimento"
dos filhos doentes, dos rebeldes, daqueles afastados de Deus... toda mãe é chamada a ser como a Virgem Maria na vida deles, na oração, na intercessão, na compreensão, na paciência, no cuidado e as vezes até no silêncio, atitude essa bem mariana. Deus também tem sentimentos de mãe para com seu povo – “Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Contudo, ainda que ela se esquecesse, Eu jamais me esquecerei de ti!” (Is 49,15) ou ainda - “Vós sereis amamentados e ao colo carregados e afagados com carícias; como a mãe consola o filho em Sião vou consolar-vos.” (Is 66- 12,13). Grandioso Amor! Maravilhoso modelo para que uma mãe possa se espelhar.
Assim queremos venerar e honrar nossa Mãe Santíssima, Mãe espiritual e nossa Rainha, que sempre esteve presente na vida de todos nós, levando-nos ao seu Filho
Não somente os filhos são chamados a carregar a sua cruz, mas as mães também.
Jesus. E junto a ela elevar a nossa oração por todas as mães do mundo inteiro, as que se alegram com o nascimento de seu filho, as que choram com a doença e a morte
deles, as que sofrem pela preocupação dos seus caminhos, das mães mais novas e mais idosas, as que adotaram e as que de alguma forma possuem filhos no coração, enfim, todas! Que a Mãe de Deus possa guardá-las e protegê-las, especialmente aquelas grávidas que pensam em abortar seus filhos. Que o Espírito Santo possa iluminá-las no amor e nesse maravilhoso mistério de ser mãe! Nós te amamos pelo leite, pela vida e pela oração que nos destes!
ir. belem filhos da pobreza do santíssimo sacramento
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Pastoral de rua-Rio de Janeiro por Anima Comunicação.
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A Gratuidade da Caridade “Para mudar o mundo é preciso fazer o bem a quem não tem possibilidades deretribuir” (Papa Francisco)
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palavra “caridade”, nos dicionários da língua portuguesa, significa: benevolência, compaixão, complacência, beneficência, esmola etc. Para os cristãos significa “o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus”, o “amor ágape”, “amor doação”, “amar sem sentir, em que não há reciprocidade”. Infelizmente, este sentido de caridade tem se extinguido na sociedade atual, consequência de ideologias contrárias à atividade caritativa da Igreja que defendem que os pobres não precisam de “esmolas”, mas de justiça. Entretanto, segundo o papa emérito Bento XVI: “A afirmação de que as estruturas justas tornariam supérfluas as obras de caridade esconde, de fato, uma concepção materialista do homem: o preconceito segundo o qual o homem viveria ‘‘só de pão’’ (Mt 4,4; cf. Dt 8,3) – convicção que humilha o homem e ignora aquilo que é mais especificamente humano” (Cf. Carta enc. Deus Caritas Est, 28), ou seja, a justiça sem o serviço do amor, da caridade torna-se vazia, pois o homem, na sua totalidade, necessita de consolo, de ajuda, não somente material, mas sobretudo espiritual, humano. Os cristãos, principalmente católicos, em sua prática caritativa como atividade organizada, recebem críticas da sociedade, são acusados de conivência com a “ordem social” vigente que reforçam as desigualdades sociais e também de
proselitismo, quer dizer, ajudar as pessoas e exigir que elas abracem a fé católica, deturpando assim as iniciativas que buscam amenizar o sofrimento de todos os que necessitam de ajuda, sem exceção, impelidos pelo amor que é a essência da caridade cristã, respondendo em determinadas situações às necessidades imediatas, tais como: “saciar os famintos, vestir os nus, curar os doentes, visitar os presos”, a exemplo do “bom samaritano”, buscando atuar independente de programas partidários ou ideológicos, mas na gratuidade em favor do outro, sem imposições ou exigências, mas testemunhando o amor de Deus, a exemplo de Jesus Cristo, que acima de tudo vê o coração do homem carente de amor. Viver a caridade é preocupar-se com o outro, cuidar, tirar o melhor de si ou daquilo que tem para dar o que ele precisa ou não tem. Certa vez um irmão de rua partilhou que sentiu esse cuidado quando catava material reciclado nas residências, pois em uma das casas além do lixo selecionado, havia uma marmita com alimento, não eram “restos”, mas uma refeição bem preparada e embalada com zelo. “Mesmo sem me conhecer, a pessoa teve o cuidado de deixar uma refeição pra mim, sabia que alguém ia passar pra pegar o lixo e que precisava se alimentar”, dizia. São pequenos gestos como esse que fazem a diferença na vida dos nossos irmãos, mais que o alimento do corpo, ele recebeu refrigério para sua alma, para o seu coração, se sentiu amado
e esse é o fundamento da caridade cristã: o amor. Outros relataram que quando algum deles não tem cobertor no tempo frio, eles compartilham os papelões e as cobertas. Mesmo na extrema pobreza em que se encontram, eles não deixam de exercer a caridade e ensinam com suas atitudes a viver a fraternidade, a cuidar uns dos outros. “Dentre estes gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna: é também uma prática de justiça que agrada a Deus” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 2447). O santo padre, o Papa Francisco, pede neste ano santo da misericórdia que: “não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito...”, mas “abramos os nossos corações para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda.” Que possamos, pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, reconhecer que em cada irmão está a presença do Cristo, como nos diz o Evangelho de Mateus 25, 40: “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”. Paz e bem! ir. Maria de Deus do Imaculado Coração filhas da popreza do santíssimo sacramento
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São Francisco e o Filho Nosso Senhor Jesus Cristo
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ú n ico desejo de São Francisco era seguir Nosso Senhor Jesus Cristo pobre e crucificado, tanto que a primeira Regra de Vida não Bulada foi escrita em 99% com textos bíblicos. Para São Francisco a Bíblia era a cartilha de vida que Jesus Cristo tinha nos deixado como herança, para que pudéssemos seguir seus passos. “A regra e vida destes frades é esta, a saber, viver em obediência, em castidade e sem próprio, e seguir a doutrina e os vestígios de nosso Senhor Jesus Cristo.” (r n b 1,1) São Francisco queria ter em si os mesmos sentimentos do Filho Jesus Cristo, as mesmas ações, olhar como Jesus olhava, tocar como Jesus tocava, acolher como Jesus acolhia, rezar como Jesus rezava, falar como Jesus falava, ouvir como Jesus ouvia, amar como Jesus amava, chorar como Jesus chorava, se alegrar como Jesus se alegrava, sofrer como Jesus sofria e o mais importante: ter o amor profundo que Jesus tinha pelo Pai, e tudo isso encontramos no Evangelho. Desafio vocês a fazerem o exercício de achar nas passagens dos Evangelhos esses sentimentos e atitudes de Jesus Cristo, vocês vão achar todas, com certeza, pois Jesus viveu a humanidade como nós, menos no pecado. 16
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São Francisco abraçando Jesus crucificado na cruz por Bartolomé Esteban Murillo
“Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus…” (Fp 2, 2 - 5)
São Francisco renunciando seus bens mundanos por Giotto
A imitação de Cristo, por parte de Francisco, não é mera repetição mecânica dos gestos exteriores de Jesus, mas é manifestação de sua profunda sintonia com a experiência originária de Jesus Cristo: o Reino de Deus. Somente quem possui o Espírito do Senhor pode observar “com simplicidade e pureza” a Regra e o Testamento de São Francisco e realizar em si mesmo as santas operações do Senhor. São Francisco viveu esta intimidade tão grande com a pessoa de Jesus Cristo, que foi o santo que mais se assemelhou a Ele, a ponto de receber os estigmas na Quaresma de São Miguel no Monte Alverne. E relata Boaventura que, enquanto Francisco rezava, “viu um Serafim que tinha seis asas (cf. Is 6,2) tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E […] apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. […] Imediatamente come-
çaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos” (Lm 13,3). Assim, Francisco transformara-se todo na semelhança de Cristo crucificado (cf Lm 13,5). Pois, de fato, trazia Jesus no coração, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nas mãos, nos sentimentos e em todos os demais membros (cf. I Cel 9,115),
São Francisco viveu esta intimidade tão grande com a pessoa de Jesus Cristo, que foi o santo que mais se assemelhou a Ele e conseqüentemente podia exclamar com o apóstolo Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Assim como São Francisco, em sua simplicidade, soube seguir o Cristo, possamos nós também, na
simplicidade do nosso dia a dia viver essa experiência que não é impossível de se alcançar, pois Deus é si mple s e Je sus , em su a humanidade, veio nos mostrar essa boa nova, é o que nos mostra Francisco, que podemos alcançar e tocar essa humanidade de Jesus, que quis no tocar primeiro através de sua encarnação. Nosso Senhor Jesus Cristo, é para nós essa ação da misericórdia do Pai para conosco, é esse ato palpável do amor do Pai para com todos nós e São Francisco foi a continuação dessa realização do Pai, e sejamos nós também essa continuidade, em especial para aqueles que mais sofrem no mundo de hoje, sejamos outros Cristos neste mundo tão necessitado de amor e misericórdia.
ir. verônica filhas da pobreza do santíssimo sacramento
maio de 2016 | toca de assis
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Senhor está conosco, bendizemos o Seu Santo Nome! Nós, da Fraternidade Toca de Assis nos alegramos em comemorar mais um aniversário realizando a vontade de Deus. Como família, queremos também agradecer a cada um que comunga conosco nessa missão evangelizadora.
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· 13 de Maio de 2016 ·
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