Revista Toca de Assis - Agosto / 2015

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Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis Especial Filhas da Pobreza - Agosto de 2015

Instituto Filhas da Pobreza


ÍNDICE

Revista

Vida Consagrada

Constituição 33

Carisma

Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocacional

Vida Ativa 46

AGOSTO 2015 Publicada por Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87

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Nosso Nome

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Patronos 68

Vida Contemplattiva

Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento

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Nosso Hábito 810

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vocacional@fpss.org.br

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis Publicação mensal interna da Fraternidade de Aliança Toca de Assis

Presidente: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz,fpss. Departamento Comunicação Ir. Nínive, Leonardo de Souza e Anima Studio. Editor chefe: Ir. Nínive,fpss Projeto gráfico: Anima Studio Diagramação: Anima Studio Revisão Ortográfica: Lucimara Castro Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Ir. Maria dos Anjos; Ir. Isabel; Ir. Nínive; Ir. Sara; Ir. Gabrielaz; Ir. Salete; Ir. Maria de Deus; Ir. Verônica; Ir. Solene; Leonardo de Souza ; Daniela Saisu; Fernando Nunes; Tamisa Graciano; Fábio Oliveira; Évelyn Renata; Oscar Nascimento.

Capa Arquivo Filhas da Pobreza

EDITORIAL Prezado amigo Leitor, Paz e bem! Esse mês a revista Toca de Assis está mais que especial. Trará a você, leitor, um adendo sobre a vida Religiosa feminina da Toca de Assis. É isso mesmo! Conheça um pouco mais sobre o Instituto Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento! O surgimento na história da Igreja, as datas que marcaram o início, os passos vividos ano após ano, o sentido do nome do Instituto que não foi escolhido ao acaso, como na Sagrada Escritura. O nome indica também a missão, por isso, ao o olharmos para “trás” vemos e cremos que tudo é dom é graça de Deus. Como expressamos em nossa vocação o dom de sermos mulheres consagradas no Instituto das Filhas da Pobreza, “a este modo de seguir a Cristo que manifesta ao mundo a beleza da ação do Espírito na vida de mulheres frágeis, mas corajosas, que escolheram fazer a experiência profunda e concreta do modo de viver do próprio Jesus nesta terra, casto, pobre e obedientes”. Um pouco sobre o nosso carisma e a vivência no dia a dia em atos de amor a Jesus Sacramentado e aos cuidados com os “pequeninos de rua”. O chamado específico de algumas Irmãs : “nasce uma outra forma diferente de expressar e viver o mesmo carisma, a vivencia de uma forma estável de vida contemplativa do Instituto das Filhas da Pobreza”. Saiba o porquê de usarmos como sinal de consagração o hábito religioso, além de ler sobre o exemplo de nossa Patrona Santa Clara, que nos impulsiona a sermos esse Bem-Querer de Deus em meio a esse mundo. Com todo esse conteúdo, não vai querer perder! Vai? Vamos à frente! Avante, caro leitor! Tenhamos uma ótima leitura.

www.tocadeassis.org.br Ir. Nínive Maria


Anima Studio

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"Nascimento" das Filhas da Pobreza Paz e Bem!

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om grande satisfação, venho neste ano da Vida Consagrada narrar um pouco sobre o nosso surgimento na história da Igreja. Sabemos que tudo é graça de Deus!

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Revista No ano de 1994 tivemos a grande alegria de recebermos como DOM, um CARISMA de Adoração ao Santíssimo Sacramento e Amor aos pequeninos e sofredores em situação de rua, através da Fraternidade Toca de Assis. Após caminharmos dois anos e meio como leigas da Fraternidade, Deus suscitou, primeiramente em quatro jovens, o desejo de consagração total de suas vidas a Deus. Foram estas: Ir. Andreas (até o presente como consagrada), Ir. Mariana, Ir. Raquel e Ir. Teca (mais tarde seguiram outra vocação). Elas professaram os votos de pobreza, castidade e obediência no dia 11/02/1996, na Igreja São Benedito, Campinas – SP, numa Missa celebrada por Pe. Mário Perin, Css. No entanto, ainda habitavam em suas próprias casas e continuavam trabalhando.

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Em abril de 1997, na Páscoa da Ressurreição, tivemos a consagração de mais seis irmãs: Ir. Antônia Maria (In Memorian); Ir. Catiane (atualmente Carmelita); Ir. Raquel; Ir. Carla (ex Ir. Pacífica); Ir. Gema (seguiram outro caminho) e Ir. Maria dos Anjos (atual Ministra Geral). Dia 29 de abril de 1997 iniciamos a primeira experiência de convivência fraterna numa mesma casa, então denominada Casa Fraterna Sacramento de Amor. Vivíamos da Providência Divina e até o ano de 2001 não tínhamos acolhimento das senhoras que estavam em situação de rua. No dia 07 de outubro do mesmo ano, tivemos a graça da ereção de nossa primeira casa religiosa, mas somente recebemos o nome de Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento no ano de 2003. Neste dia, recebemos do Altíssimo Senhor a maior graça: podermos morar com Ele, ter Sua Real Presença nesta casa. Dom Gilberto Pereira Lopes, então Arcebispo Metropolitano de Campinas, celebrou uma Missa, na qual o Santíssimo foi entronizado em nosso primeiro Sacrário (encontra-se atualmente na Capela da Casa Geral, em Campinas-SP). Temos, também, presente na Capela atual da Casa Geral, o primeiro quadro de Nossa Senhora do Santíswww.tocadeassis.org.br simo Sacramento e ainda o primeiro Crucifixo, que está na sala da Ministra 4

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Geral, que mesmo após um pequeno incêndio provocado por uma vela na primeira Capela provisória, queimando grande parte dos tacos do cômodo no qual se encontrava e foi atingido, manteve-se intacto. Temos a alegria de celebrar esta data no dia da Virgem do Rosário, que cremos desejou dar-nos este sublime dom: A Presença Real de Seu Filho Encarnado sob o véu do Sacramento. No ano de 2001, iniciamos a expansão do Carisma por meio das primeiras novas missões: Butantã, Sorocaba - SP, Montes Claros – MG, Sete Lagoas –MG, Fortaleza – CE, Vinhedo –SP (primeira casa de Vida Contemplativa).

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Dia 12/10/2003 assumimos a missão do Templo Votivo do Santíssimo Sacramento, em Campinas –SP, no qual fizemos nossas primeiras adorações nos primórdios da vivência do Carisma, quando ainda éramos leigas. No dia 29/04/2005 tivemos o início de uma organização mais clara enquanto Instituto Religioso Feminino, sendo aí instituída nossa primeira Ministra Geral. Em 2008, passamos por um tempo de prova, que muito nos amadureceu e ajudou a crescer numa maior comunhão eclesial. Em 2010, pela graça de Deus, tive-


CONSTITUIÇÃO

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mos nosso I Capítulo Geral, com a participação de um Sacerdote Religioso, uma religiosa de outra Congregação e três Bispos que muito nos auxiliaram: Dom Bruno Gamberini (Arcebispo Metropolitano de Campinas-SP, in memorian), Dom Albano Cavalin (Arcebispo Emérito de Londrina-PR), Dom Rafael LLano Cifuentes (Bispo Emérito de Nova Friburgo-RJ). Após a aprovação das nossas Constituições pelo Capítulo Geral, recebemos também no dia 15/05/2011 a aprovação “ad experimentum” da Santa Mãe Igreja. Constituímos através deste Capítulo, oficialmente, nosso primeiro Governo Geral, com cinco conselheiras. Em 2013, recebemos a graça da realização do II Capítulo Geral, contando com a presença e auxílio de nosso Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Aírton José dos Santos, além de Dom Abade Roberto Lopes e de um Sacerdote da Ordem da Santa Cruz.

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No ano de 2014, duas de nossas irmãs, partiram para as Núpcias eternas com o Divino Esposo (Irmã Lázara – 05 de janeiro, e Irmã Antônia Maria – 08 de novembro). Com grande alegria, celebramos os nossos vinte anos como Fraternidade Toca de Assis (13/05/14) e nos preparamos para a realização do III Capítulo Geral, para o qual já suplicamos vossas orações. Aqui encerro um resumo da nossa história, neste ano dedicado à Vida Consagrada, no desejo de amar e servir cada vez mais ao Nosso Amado Esposo, através de sua Santa Igreja, no Carisma a nós confiado. O Senhor abençoe e guarde a todos no Coração da Virgem Mãe de Deus!

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Fraternalmente.

Legenda Fotos: 1, 2, 4 a 7 - Arquivo Filhas da Pobreza; 3- Tau, sinal da eleição de Deus. Fotografia de Otávio Nogueira.

Ir. Maria dos Anjos

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

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CARISMA

Nosso Carisma “Não tendes apenas uma história (...) para recordar e narrar, mas uma grande história a construir!”1

do e Ressuscitado”3. Sua finalidade é a glorificação de Deus, por meio da “exaltação e reparação ao Santíssimo Sacramento, na vivência e promoção da plena participação do Sacrifício Eucarístico e do seu prolongamento através da adoração; no alívio dos sofrimentos dos pobres abandonados de rua, buscando a restauração de sua dignidade de filhos de Deus; no testemunho missionário do Evangelho; no zelo pela Sagrada Liturgia e por tudo o que circunda o Mistério Eucarístico; no amor aos sacerdotes e na colaboração em sua santificação e no amor à Santa Mãe Igreja, exemplo de São Francisco de Assis, manifestando a alegria de lhe pertencer”4. Pastoral de rua Dourados-MS. Fotografia: Anima Studio

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osso carisma nasceu com a Fraternidade Toca de Assis em 1994, do Coração de Jesus Sacramentado para o Seu próprio coração, nos pobres e sofredores que residem nas ruas, para levar a eles a boa nova do amor divino e restaurar a dignidade de Filhos de Deus. Através da experiência da Presença do Senhor nos momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento, muitos jovens e casais começaram a sair pelas ruas e becos a cuidar dos pobres e abandonados, descobrindo, também neles, a

presença de Cristo. Reuniam-se para orações, “partilhas” de coração e para este apostolado de amor gratuito aos pobres, que rapidamente difundiu-se em todo o Brasil2. As Filhas da Pobreza nasceram nesta experiência fundante. Vivem e guardam o carisma segundo as Constituições. O carisma consiste “na Adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, em reparação, no espírito da Sagrada liturgia, e no amor ao pobre abandonado de rua, reconhecendo nele o Senhor Jesus Crucifica-

Referências Cf. Exortação Apostólica Pós- Sinodal Vita Consecrata, n.110 Cf. Ratio Institutionis, pg.7 Cf. Constituições, art. 1, §1 e §2 Cf. Constituições, art. 2, § 1 a §6 Cf. Ratio Institutionis, pg.12 6

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A vocação das Filhas da Pobreza nasceu da adoração ao Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e inspira-se na pobreza do Filho de Deus no Altar5. Sua vida é parte de uma profunda experiência de Deus no Mistério eucarístico e dos desafios da missão. Fazendo a memória das origens, descobrimos um mistério, uma força que inspirou e conduziu todas as iniciativas que deram origem ao carisma. Deste movimento do Espírito, percebemos que o carisma continua nascendo, jorrando límpido como uma fonte do Coração Sacramentado do Senhor, como graça e dom a ser vivido, construído paulatinamente no desabrochar da nossa história como processo de perene atualização.

Ir. Isabel

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento


Ja pensou em ser uma Filha da Pobreza?

Não Fique na dúvida, procure-nos!

Serviço de Animação Vocacional Instituto Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento e-mail: sav.nucleogeral@gmail.com AGOSTO 2015

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NOSSO NOME

O significado do nome do Instituto “na Eucaristia, Jesus não dá 'alguma coisa’, mas dá-se a si mesmo..." (Papa emérito Bento XVI)

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nome traz em germe o carisma do Instituto. Até nosso nome próprio, seja ele de batismo ou de consagração religiosa, possuí sempre um significado importante para cada um de nós. Na Escritura, o nome indica também a missão, por isso Deus mudou o nome de Abraão no antigo testamento e Jesus fez o mesmo com o nome de Pedro.

Sendo assim, o nome do Instituto não foi escolhido ao acaso. Devido à importância do seu significado, tentarei fazer uma breve reflexão sobre o sentido do nome do Instituto das ‘Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento’. As nossas Constituições afirmam que somos assim chamadas “[...] porque nascemos do Coração de Jesus Sacramentado e alimentadas por Ele queremos nos configurar à Sua pobreza eucarística” (Constituições, Art. 3). É preciso entender o termo “Filhas da Pobreza” dentro de todo o nome, pois se trata da pobreza do Sacramento do altar, ou seja, do próprio Jesus. Quando resumimos o nome do Instituto como “Filhas da Pobreza”, devemos lembrar o que dá forma a essa pobreza: Deus. Quero basear nossa reflexão especialmente nos temas da filiação divina e da pobreza eucarística. Se a pobreza que queremos nos configurar é o próprio modo de ser de Deus, porque é Jesus mesmo que se faz presente por meio dessa pobreza manifestando o amor de Deus por nós, então configurar-se a essa Pobreza é configurar-se ao Filho unigênito de Deus, que se fez pobre para nos enriquecer por sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). Na Eucaristia, Deus mostra o máximo despojamento por nós. Na Encarnação, já não usu8

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Capela Dourados-MS Fotografia: Anima Studio


fruiu da sua divindade (cf. Fl 2,6) e no Santíssimo Sacramento, Jesus despoja-se até da sua humanidade, sem, contudo, deixar de ser homem e Deus. A ‘Filha da Pobreza’ é filha no Filho legítimo do Pai. A pobreza que designa essa filiação não é a pobreza da miséria, nem é a pobreza do voto evangélico, mas sim de Deus mesmo que é amor e manifesta sua entrega e amor por nós na pobreza. Foi assim que escreveu São João inspirado pelo Espírito Santo: “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3,16). Podemos afirmar que a pobreza eucarística consiste na doação que Jesus faz de si mesmo para se tornar nosso alimento. A esse respeito escreveu o Papa emérito Bento XVI: “na Eucaristia, Jesus não dá ‘alguma coisa’, mas dá-se a si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue. Desse modo dá a totalidade da sua própria vida, manifestando a fonte originária desse amor: ele é o Filho eterno que o Pai entregou por nós” (Sacramentum Caritatis, n. 7). Jesus disse no seu discurso sobre a eucaristia que sua carne é o Pão para a vida do mundo (cf. Jo 6, 51). Configurar a sua pobreza eucarística - ou seja, sua entrega – é esvaziar-se para enriquecer os outros. Por isso, desejamos que nossa vida consagrada se torne por, com e em Cristo, a semelhança da Eucaristia, como um alimento espiritual, pois, assim é Jesus, o Pão partido para a vida do mundo. Mas isso só é possível para nós, unidas a Ele no Sacrifício Eucarístico, pois é Ele que dá valor ao nosso ofertório. Papa Emérito Bento XVI explicou que a Santíssima Eucaristia é chamada de sacramento da caridade porque “é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem” (Sacramentum caritatis, n.1). No carisma do Instituto, as filhas da pobreza testemunham o amor de Deus aos homens, e em especial aos pobres moradores de rua. Amar uma pessoa desconhecida só é possível “a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento” (Deus Caritas Est, n. 18). Ser filha no Filho significa ser receptiva como o Filho, pois Ele é Deus recebendo tudo do Pai. Unidas a Jesus, chegamos a ser filhas, e aprendendo de sua atitude filial recebemos Dele na Eucaristia o impulso para o apostolado. Ser filha no Filho que se faz alimento para a vida do mundo é sinônimo de ser doação com Ele. Na Encíclica ‘Deus Caritas Est o Papa emérito Bento XVI afirma: “a Eucaristia arrasta-nos no ato oblativo de Jesus. Não é só de modo estático que recebemos o Logos encarnado, mas ficamos envolvidos na dinâmica de sua doação” (n. 13). “É nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, que Jesus Cristo age em plenitude, em ordem à transformação dos homens” (Catecismo n. 1074). Então em que sentido afirmamos

Capela Sorocaba-SP Fotografia: Arquivo Filhas da Pobreza

que Jesus Sacramentado é pobre sendo a Eucaristia fonte de todo bem espiritual na Igreja? O seu abaixamento é o meio de nos enriquecer! Se não poderíamos nem ver Deus como Ele é e continuar vivendo (cf. Ex 33, 20), quanto mais iríamos morrer O comungando se Ele não estivesse velado. A Eucaristia é Deus vivo, por isso “a ‘mística’ do Sacramento, que se funda no abaixamento de Deus até nós, é de um alcance muito diverso e conduz muito mais alto do que qualquer mística elevação que o homem poderia realizar” (Deus Caritas Est, n. 13).

Ir. Sara

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Fotografia: Arquivo Filhas da Pobreza

VIDA CONTEMPLATIVA

A vida de oracao no escondimento e o coracao da Igreja e da Toca. “O Senhor fez por mim maravilhas, Santo é Seu Nome” Lc 1,49

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Mas podemos nos perguntar: como de um Instituto essencialmente missionário surge um rebento essencialmente contemplativo? Tanto o apostolado ativo quanto a clausura das Filhas da Pobreza nascem da mesma fonte: o encontro com Jesus no Santíssimo Sacramento.

Vinda desse anseio, nossa clausura nasce do desejo de amar totalmente Aquele que de todo se entregou por nosso amor e se fez dom esponsal na eucaristia. Tendo essa forma de vida nascido dentro do Instituto para ele e a Igreja, a vida contemplativa e ativa forma uma unidade Institucional.

A clausura nada tem de estranho ou alheio ao espírito de nosso carisma. Por isso, a missão é também essencial para a vida contemplativa. “As religiosas claustrais realizam-na permanecendo no coração missionário da Igreja através da continua oração, da oblação de si próprias e da oferta do sacrifício de louvor”. (VS n. 07)

o legado de amor dado por Deus a nós, Filhas da Pobreza, nasce outra forma diferente de expressar e viver o mesmo carisma. Em 2001, iniciou-se em nosso Instituto a vivência de uma forma estável de vida contemplativa, cuja única motivação é o amor ao Esposo Celeste.

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Fotografia: Anima Studio e Arquivo Filhas da Pobreza

Por que a Igreja algumas vezes usa a imagem do coração para falar da vida contemplativa? Ora, se formos tomar a imagem do Corpo entre os membros mais importantes, sobressai o coração, que é a fonte onde emana impetuoso o sangue, que percorrendo todo o organismo renova até as suas menores extremidades. Este mesmo sangue ao coração retorna, para nele se renovar e espalhar novas centelhas de vida pelo corpo. Se esse processo é verdadeiro se tratando do corpo humano em geral, também é em relação ao Corpo místico de Cristo. Legenda Fotos: 1, 2 e 3- Fotografia por Anima Studio 4- Arquivo Filhas da Pobreza

A Igreja proclama que existe uma conexão íntima entre oração e difusão do reino de Deus. Isso nos permite entender a bonita e forte concepção de santa Clara a respeito da contribuição das contemplativas: “Eu a considero, num bom uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do próprio Deus, sustentáculo dos membros vacilantes de seu corpo inefável” (3ª carta a Inês de Praga). O mundo está constelado desses mosteiros de vida contemplativa, alguns muito antigos, outros recentes e outros ainda restaurados por novas

comunidades. Olhando por uma perspectiva espiritual, estes lugares são estruturas importantes do mundo. Como não ver na vida dos contemplativos a necessidade de devolver a dimensão espiritual ao centro da vida do homem, para assim dar pleno sentido e coroar toda atividade humana? Chamadas a ser esse coração, nos entregamos a exemplo de Maria, aquela que acolheu o Verbo na fé e no silêncio adorador, para que, na Igreja, em todas as suas iniciativas, não falte o amor, a força misteriosa que move todos os seus membros. Ir. Gabriela

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VIDA CONSAGRADA

Vida Consagrada: beleza e misterio “Entregue a Deus supremamente amado, aquele que pelo Batismo já estava consagrado a Ele é assim consagrado mais intimamente ao serviço divino e dedicado ao bem da Igreja” (CIC 931).

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omo é belo e admirável o mistério da Vida Consagrada! Na Igreja, ela será sempre um sinal, como um sacramento, que encarna na história de modo peculiar o mistério redentor de Cristo. Aquela que se consagra totalmente a Deus está “mais profundamente” presente aos seus contemporâneos porque está dentro do Coração de Cristo Jesus, seguindo e imitando a ele “mais de perto”, manifestando “mais claramente” seu aniquilamento e sua entrega amorosa ao desígnio do Pai. (Cf. CIC 932).

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Este modo de seguir a Cristo manifesta no mundo a beleza da ação do Espírito na vida de mulheres frágeis, mas corajosas, que escolheram fazer a experiência profunda e concreta do modo de viver do próprio Jesus nesta terra, casto, pobre e obediente. É uma beleza muitas vezes escondida no íntimo da pessoa consagrada, no qual se realiza aquela renúncia aos vínculos carnais e temporais para se unir em matrimônio espiritual com o seu Senhor. Mas esta renúncia não é obra puramente humana. Antes é ação do Espírito que suscita tal desejo no coração da pessoa e a sustenta na fidelidade cotidiana ao Esposo Celeste. Fidelidade construída durante todo o percurso da vida com aqueles instrumentos que Deus costuma nos lapidar e redimir: a cruz amada e acolhida a cada dia, os desafios do crescimento humano e espiritual, a luta constante para escolher o bem verdadeiro, as “dores de parto” da bendita conversão para nos agraciar com uma vida nova... Deus é sempre o “arquiteto e construtor” de uma vocação autêntica! “Com profunda intuição, os Padres da Igreja qualificaram este caminho espiritual como filocalia, ou seja, amor à beleza divina, que é irradiação da bondade de Deus. A pessoa que é progressivamente conduzida pelo poder do Espírito Santo até a plena configuração com Cristo, reflete em si mesma um raio de luz inacessível, e na sua peregrinação terrena caminha até a Fonte inexaurível da luz. Deste modo, a vida consagrada torna-se uma expressão particularmente profunda da Igreja Esposa que, movida pelo Espírito a reproduzir em si mesma os traços do Esposo, aparece na presença dele ‘gloriosa sem mancha nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e imaculada’” (Ef 5, 27).

pessoa bem concreta: Cristo Jesus, Pobre e Crucificado. É ele que nos olha com benevolência, nos toca com certa “violência”, nos convida a caminhar com ele partilhando sua vida, e nos torna, com Ele e Nele, uma eucaristia consagrada e oferecida ao Pai, em vista de sua glória e a salvação de muitas almas. Para nós, jovens mulheres que escolheram Cristo como Esposo, salvo sempre o primado do dom da vocação que Deus faz à pessoa escolhida, o mistério do esponsalício espiritual com Ele, o Sumo Bem, permeia toda nossa existência, tornando-a mais plena e fecunda, à medida que nos conscientizamos da graça e missão

a qual este esponsalício nos insere: sermos, na ordem espiritual, irmãs de muitos irmãos, mãe de muitos filhos. Esta certeza nos realiza como mulher, virgens e esposas do Senhor, o Virgem e Esposo por excelência. Portanto, uma consagrada tem inteira possibilidade de concretizar de forma profunda e dinâmica os seus desejos mais naturais e belos: ser esposa e mãe. Ao contrário de limitar a mulher nesta realização radicalmente humana, a consagração a Deus sem restrições, abre para ela o horizonte do amor que dá a vida para gerar novas vidas, não na carne, mas em seu “útero” espiritual, em seu coração doado e disponível ao Espírito do Senhor, que continua a

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Mas que beleza é esta, capaz de seduzir com incomparável poder de atração, tantas mulheres ao longo de tantos séculos, deixando marcas profundas e fecundas na história da humanidade que serão sempre lembradas? Sem dúvida esta beleza é uma 14

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quele que ornou vosso peito com pedras preciosas e colocou em vossas orelhas pérolas inestimáveis. Ele vos envolveu de gemas primaveris e coruscantes e vos deu uma coroa de honra marcada com o sinal da santidade’ (1 CtIn 10s). Sabe que Cristo Esposo não se limita a corresponder ao amor virginal, mas o fortifica e o protege: ‘Ele guardará vossa virgindade sempre imaculada e intacta. Amando-o sois casta; tocando-o, tornar-vos-ei mais limpa; acolhendo-o sois virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade mais elevada, seu aspecto é mais belo, o amor mais suave, e toda a graça mais elegante’”(1 CtIn 7s). Segundo as reflexões de São João Paulo II sobre a Teologia do Corpo, não se pode compreender a virgindade consagrada por causa do Reino de Deus sem recorrer ao sentido esponsal de Cristo pela Igreja, que traz o caráter intrínseco da doação total de si a um outro. Assim como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela desposando-a como propriedade sua, também a mulher consagrada é desposada por Ele para viver exclusivamente para o seu Senhor, na doação total de si ao Outro e aos outros.

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realizar maravilhas em pessoas frágeis e limitadas, mas amadas e eleitas por Deus, perpetuando no mundo a sua obra redentora. Eis a beleza, eis o mistério! Santa Clara de Assis é uma destas mulheres corajosas, frágil na carne, mas forte no espírito, enamorada por Cristo, apaixonada por sua vocação e eleição, empenhada tenazmente em estreitar cada vez mais o seu esponsalício com o Amado, até se configurar a Ele, Pobre e Crucificado. Clara entendeu que vale mais renunciar os ornamentos e prazeres deste mundo para receber a veste nupcial do amor,

a vida íntima de Deus, sua beleza e fecundidade espiritual: “A alegria de Clara transbordava quando falava da vida de uma irmã como esponsalício místico com Cristo. Sabia que o seguimento do Senhor conduzia a um ‘sagrado conúbio’ com ele. (...) No centro (da sua existência) está sempre a experiência mística do matrimônio espiritual, que deriva do voto de virgindade. Clara fala destas núpcias virginais de maneira primorosamente feminina e tocante interioridade. Vê os preciosos dons da graça que Cristo derrama naquela que está intimamente unida a ele: ‘Já estais tomada pelos abraços da-

Legenda Fotos: 2- Anima Studio; 1, 3 e 4 - Arquivo Filhas da Pobreza

A mulher, por sua vez, é livre para ser mãe e esposa, na medida em que acolhe e responde ao dom do esponsalício com Cristo, numa doação ontológica, corpo e alma, potencializando e não extinguindo o amor em seu coração. Deste modo, a virgem consagrada, unida a Cristo Esposo, tem seu coração “dilatado”, inclusive pelas dores do “parto espiritual”, a fim de gerar filhos para a vida eterna, renunciando ao amor exclusivo de um homem para amar todos os homens e mulheres com um amor universal, marcado e embebido pelo dom da maternidade e fraternidade espiritual. Eis a beleza, eis o mistério!

Ir. Salete

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

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VIDA ATIVA

Vida de Oracao no Apostolado “O carisma é uma vivência e não um trabalho, um fazer” (Frei José Carlos Pedroso)

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nosso Apostolado primeiro é a oração”. O cristão, pelo seu batismo, é chamado à santidade a exemplo do Cristo e somente a partir dessa união com Ele, torna-se apto a servir seus irmãos. O Filho de Deus se encarnou para nos revelar o amor de Deus Pai pela humanidade. Passou a Sua vida ensinando a sermos filhos e irmãos através do seu mandamento: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo irmão...” (Jo 15, 12-13). É a partir da experiência pessoal com o amor de Deus que o coração humano se torna tão repleto de alegria que não cabe em si. O desejo de Deus é que todos experimentem esse amor, que é capaz de transformar nossa vida inteira. São João Paulo II, em sua exortação apostólica pós-sinodal sobre a Vida Consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo, nos fala “daqueles que Deus chama a seguir a Cristo ‘mais de perto’ e a fazer dele o ‘tudo’ da sua existência. [...] A própria vida consagrada, sob a ação do Espírito Santo que está na origem de toda vocação e carisma, torna-se missão, tal como foi toda a vida de Jesus.” (Cap. II, 72, p.93). O Espírito Santo, na trajetória histórica da humanidade, tem suscitado na Igreja carismas que à luz do Evangelho possam atender aos apelos de Deus frente aos desafios da sociedade, atualmente marcada pela desigualdade e injustiça sociais. “Os Institutos dos Filhos e das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento originaram-se da Fraternidade de Aliança Toca de Assis, uma Associação de Fiéis no sentido do cânon 298. Esta Fraternidade continua colaborando no

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Capela da Casa de Retiro, Araras-SP Fotografia: Arquivo Filhas da Pobreza

apostolado dos dois Institutos de Vida Consagrada. Seus membros participam do espírito desses Institutos, tendem à perfeição cristã e levam vida apostólica sob a alta direção dos Institutos cf. cân. 303” (cf. Constituições art. 230). Longe de ideologias políticas e de um “assistencialismo” estéril, o carisma das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento traz em si “um legado de amor dado por Deus”, que consiste em adorar ao Santíssimo Sacramento, reparando-O, exaltando-O e tornando-O conhecido para que seja Amado, Adorado e assim refletir no seu aposto-

lado, que tem como missão o cuidado efetivo ao pobre sofredor de rua e o reconhecimento da sua dignidade de filho de Deus. O nosso carisma é alimentado diariamente pelo santíssimo Corpo e precioso Sangue de nosso amado esposo Jesus Cristo, pela Sua Palavra e em comunhão com a Santa Igreja Católica. A vida apostólica das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento procede da sua intimidade com Deus por meio da adoração, e mesmo as do ramo contemplativo, expressam o seu amor pelos pobres através de


suas orações, do acolhimento e da hospitalidade para com os sacerdotes e os irmãos, pois o Senhor encontrado na contemplação é o mesmo que vive e sofre nos pobres. “O carisma é uma vivência e não um trabalho, um fazer” (Frei José Carlos Pedroso). Por isso, nunca devemos identificar o carisma com a atividade que desempenhamos, pois tudo que fazemos deve brotar da gratuidade da nossa vida consagrada. No cotidiano de nossas vidas somos “engolidos” por tantos desafios, principalmente no que se refere ao nosso apostolado, que busca se enquadrar às novas exigências da política da assistência

social para atender a “população em situação de rua”. Muitos são os desafios, as críticas, as cobranças, mas confiamos que o Espírito Santo nos tem conduzido a todo instante e há de nos mostrar o caminho que devemos trilhar diante da realidade social em que nos encontramos, dos pobres nas suas mais complexas realidades. Como nos diz o santo padre o Papa Francisco: “adaptação à realidade humana atual através de uma renovação espiritual, [...] devemos ser evangelizadores em Espírito.” Sobretudo devemos evangelizar com a nossa vida de entrega na oração e na missão, cultivando o carisma, a fonte que sustenta o nosso instituto.

Deus nos fala a todo instante, mas principalmente por meio da sua Palavra que nos torna íntimos a Ele, que transforma a nossa vida por inteiro, nos faz “homens e mulheres novos, renovados pelo dom do Seu Espírito”. Também, quando comungamos e adoramos o Seu Corpo Santíssimo. Assim, nossa vida de oração não deve ser uma técnica, mas uma relação interpessoal com Deus, pois, como dizia São Basílio, “se o seu coração está orientado para Deus, se sabemos desenvolver uma oração básica, mesmo que venham as distrações, é oração”. Por isso, amados irmãos, devemos ser atentos à ação de Deus em todas as circunstâncias de nossa vida, nas pessoas que chegam até nós, principalmente os pobres. Qualquer atividade que fazemos pode e deve ser direcionada para Deus e perpassar a vida dos nossos irmãos e irmãs. “De acordo com as vocações, os apelos da época e os dons variados do Espírito Santo, o apostolado assume as formas mais diversas. Mas é sempre caridade, haurida, sobretudo na Eucaristia, ‘que é como que a alma de todo apostolado” (CIC 864). Peçamos à Virgem Mãe de Deus, Maria Santíssima, que guarde nossa vocação, o carisma do nosso Instituto para que sejamos aquilo que Deus deseja de nós, esposas fecundas. Que na alegria, na entrega, no nosso “sim de cada dia”, possamos gerar almas para a Santa Igreja, para o Reino de Deus e assim alegrar o coração do nosso Amado Esposo Jesus Cristo. E como nos ensina Santa Clara de Assis “não perca de vista o seu ponto de partida, mas siga adiante com firmeza, confiança e alegria”. Que ela, como nossa patrona, unida aos nossos patronos São Francisco e Santa Catarina de Sena intercedam por nós! Amém.

Pastoral de Rua Quito-Equador Fotografia: Anima Studio

Ir. Maria de Deus

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

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Santa Clara em a fresco (1312–1320) de Simone Martini na Basílica Menor de São Francisco, Assis.


PATRONOS

Santa Clara na Vida de Sao Francisco “Clara, serva indigna de Cristo e plantinha do bem-aventurado pai Francisco [...]” (RSC I Vers,3).

"O

piedosa pobreza, que o Senhor Jesus Cristo dignou-se abraçar acima de tudo, ele que regia e rege o céu e a terra, ele que disse e tudo foi feito (Sl 32,9; 148,5). Pois disse que as raposas têm tocas e os passarinhos têm ninhos mas o Filho do Homem, Jesus Cristo, não tem onde reclinar a cabeça (Mt 8,20). Mas, inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30).”(1 CtIn VS 17-18)

Santa Clara, a primeira mulher na história da Igreja a escrever uma Regra de Vida aprovada pela Santa Sé. Santa Clara, uma mulher que soube esperar e acreditar na vontade Deus. Santa Clara, a plantinha de Francisco, assim como ela mesma se definia: “3Clara, serva indigna de Cristo e plantinha do bem-aventurado pai Francisco [...]”(RSC I Vers,3). Lutou pelo privilégio da Santa Pobreza, obtendo-o do papa Inocêncio, em 1216, para o Mosteiro de São Damião, que consistia em não ter propriedades, “12isto é, a não aceitar nem ter posse ou propriedade nem por si, nem por pessoa intermediária, 13 e nem coisa alguma que possa com razão ser chamada de propriedade, 14exceto aquele tanto de terra requerido pela necessidade para o bem e o afastamento do mosteiro. 15E essa terra Fontes e Abreviações RSC – A Regra de Santa Clara 1 CtIn - 1 Carta a Santa Inês 3 CtIn - 1 Carta a Santa Inês

não será trabalhada a não ser para a horta e a necessidade delas.” (RSC VI Vers 12-15) Santa Clara foi essa “luz” na vida de São Francisco, essa presença feminina, forte, decidida, materna e afetuosa, que mostrou a ele o seguimento do Esposo Pobre e Crucificado. Não somente da pobreza exterior, mas muito além, da Pobreza de Jesus Crucificado, que morreu pobre e nú em uma cruz, despojando-se de tudo, para fazer a vontade do Pai, o Bem-Querer do Pai, que por meio de Seu Filho, demonstrou a sua face. Um Deus que acolhe, tem compaixão, que se doa, que cura, que liberta, que ama, que é gentil, que exorta, que não faz distinção, que tem a grande preferência por aqueles que são mais abandonados e desprezados e que acredita no homem. E é essa pobreza de Jesus que era tão querida por Santa Clara e São Francisco. Jesus era pobre porque dava tudo de si para todos. Esse abandono na vontade do Pai, o despojar-se daquilo que é interior, do nosso querer, dos nossos ideais, das nossas metas, das nossas razões e verdades, para nos abandonarmos à vontade do Pai, essa grande peregrinação dentro de nós mesmos tem um significado muito profundo.

Santa Clara foi um grande exemplo disso para São Francisco e para nós. Uma mulher que soube esperar e acreditar tinha, também, o exemplo da pobreza da Virgem Maria, que acreditou, se lançou, se abandonou, se entregou sem reservas e deu tudo até seu Filho, para que se cumprisse a vontade do Pai. “Prenda-se à sua dulcíssima Mãe, que gerou tal Filho que os céus não podiam conter, mas que ela recolheu no pequeno claustro do seu santo seio e carregou no seu regaço de menina. Assim como a gloriosa Virgem das virgens o trouxe materialmente, assim também você, seguindo seus passos (cfr. 1Pd 2,21), especialmente os da humildade e pobreza, sem dúvida alguma, poderá trazê-lo espiritualmente em um corpo casto e virginal.”( 3 CtIn Vs 18,19- 24,25) Nós, como Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, somo chamadas a viver essa pobreza de Jesus. Impulsionadas pelo testemunho de nossa patrona Santa Clara, somos chamadas a sermos esse Bem-Querer de Deus em meio a esse mundo, a presença desse Deus amoroso a todos os pobres e abandonados. Que pela intercessão de Santa Clara possamos seguir ao doce “Esposo Pobre e Crucificado”.

Ir. Verônica

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

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Irmãs de Vida Ativa Arquivo Filhas da Pobreza

NOSSO HÁBITO

O significado do nosso habito "Alegrai-vos de ser testemunhas de Cristo no mundo moderno" (São João Paulo II)

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o longo da história da Igreja, o hábito dos religiosos teve uma grandíssima importância, porque os religiosos não só estão chamados a uma vida de total consagração a Deus, mas também, a manifestar e testemunhar publicamente sua consagração. O Concílio Vaticano II afirma que “o hábito é sinal de consagração, seja simples e modesto, pobre, ao mesmo tempo decente." O religioso que deixa as vestes seculares para vestir o hábito, manifesta que deixa o mundo e as coisas do mundo, para abraçar o mesmo modo de vida de Cristo: casto, pobre e obediente. Por esta razão o hábito é sinal de consagração.

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Toca de Assis

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O hábito é um sinal e, como tal, faz referência a uma realidade mais profunda, interior, espiritual, que é o fato de pertencer a Cristo, a união íntima com Ele. Quem veste o hábito manifesta-se na realidade que se revestiu de Cristo. Todo batizado se reveste de Cristo com o batismo, mas muito mais ainda o religioso, porque consagra toda sua vida a uma união mais perfeita com Ele. Por isso se diz que a consagração religiosa é como um segundo batismo, porque leva à plenitude, às exigências do batismo. O Concílio Vaticano II afirma: “A profissão religiosa tem suas mais fundas raízes na consagração batismal, que a aperfeiçoa de modo pleno” (Perfectae Caritatis, 5). João Paulo II na exortação post sinodal Redemptionis donum, n. 7 afirma: “A consagra-


ção religiosa constitui, sobre a base sacramental do santo batismo, uma nova vida para Deus em Jesus Cristo”. E por esta razão se pode dizer que o religioso é aquele que, por excelência, se reveste de Cristo, o que se manifesta justamente, vestindo o hábito do Instituto.

Toca Produtos

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Nós, Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, usamos como sinal de nossa consagração religiosa e também testemunho de pobreza um hábito longo e véu de cor marrom que é a cor da terra, nos lembrando da humildade e pobreza do Santíssimo Sacramento que se fez pobre por amor a nós, na cintura, um cordão com três nós, para lembrar, também, nossa consagração através dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. O cordão, chamado também de cíngulo, é sinal de serviço, na medida em que seu uso, antigamente, acontecia no trabalho. Usava-se o cíngulo à cintura para melhor trabalhar. Cabe ressaltar que na cultura judaica os rins são símbolo de onde nascem as paixões. Assim, é também um símbolo que faz lembrar da virtude a qual se deve buscar, a castidade e a pureza de espírito.

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Legenda Fotos: 1- Arquivo Filhas da Pobreza 2, 3 e 4 - Anima Studio

No pescoço, uma cruz de madeira sendo condição explícita de Cristo esposo para segui-Lo. Ainda no Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, no ramo contemplativo, distingue-se, portanto, no uso da touca branca e terço à cintura, mantendo o hábito e véu marrom. Amamos o nosso hábito, pois ele expressa no externo o nosso interno. Dizia São Francisco de Assis que só com a presença do religioso vestido com seu santo hábito já se prega. Esse é o nosso desejo: anunciar Cristo, presente nos altares, no véu do sacramento, nos pobres que sofrem nas ruas, de modo que muitos que não o conhecem, o amem, o adorem e saibam que dos pobres é o reino dos céus.

Ir. Solene

Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

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CAMPANHA TOCA

Ajude-nos a ajudar! A Toca de Assis é mantida pela Divina Providencia de Deus que se utiliza de pessoas generosas que APRESENTANDO sua doação, Seu Amor se manifesta e nossa missão se realiza.

N

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Não se trata apenas do apoio financeiro, mas de um coração apaixonado e comprometido com Jesus Sacramentado e os Pobres, queremos contar com sua ajuda. Você que é benfeitor, queremos manifestar nossa gratidão por sua fidelidade e convida-lo a contagiar a “Tocar” +1 coração para fazer o bem e aos que não são, correspondam o chamado: Vem ser Toca de Assis!

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Leia atentamente o regulamento de nossa Campanha, em nosso site www.tocadeassis.org.br, em caso de dúvidas entre em contato conosco (19)3886-7086 campanha válida de 15/08/2015 à 15/11/2015.

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