Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Outubro de 2014
Por que nao
anunciar?
ÍNDICE
Revista
Artigo Especial
Toca para a Igreja
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3 De Olho na Rua
Mãe da Igreja OUTUBRO 2014
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Publicada por Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87
Formação
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Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086
Coração da Toca
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SAV- Serviço de Animação Vocacional
14 Diário de um Peregrino
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Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
vocacional@fpss.org.br
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis Publicação mensal interna Fraternidade de Aliança Toca de Assis
Prezado amigo Leitor, Paz e bem! da
Presidente: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz,fpss. Departamento Comunicação Ir. Belém, Ir. Nínive, Leonardo de Souza e Fernando Nunes. Editor chefe: Ir. Belém,fpss Projeto gráfico: Studio Anima Diagramação: Studio Anima Revisão Ortográfica: Carolina Aureliano da Silveira Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Irmão Belém; Ir. Romero; Ir. Nínive; Pe. Wagner Ferreira da Silva; Ir. Maria dos Anjos; Ir. Hariel; Ir. Sara; Ir. Ir. Solene Maria; ir. Eli; Fernando Nunes; Eduardo Vanzella; Sidney Paco Vilarim;Fábio Oliveira; Oscar Nascimento; Évelyn Renata; Luiz Felipe Filgueiras; Débora Rodrigues; Rodrigo Godoy;Leonardo de Souza; Renato D. Z. Macri. Capa
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento de Londrina/PR por Studio Anima.
www.tocadeassis.org.br
EDITORIAL
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este mês de Outubro no artigo “TOCA PARA IGREJA” temos o Missionário da Canção Nova Pe. Wagner Ferreira da Silva que fala da importância da Fraternidade Toca de Assis como um carisma de profecia em tempos atuais. Em Outubro a “FORMAÇÃO” se dará em compreender o quão Francisco de Assis foi e é importante para a Igreja, que soube respeitar e amá-lo como um verdadeiro filho, e este que tinha conhecimento de toda graça recebida Dela. Em “CORAÇÃO DA TOCA” sentiremos um pouco mais nas palavras do Ir. Eli o compromisso da vida consagrada, a vida em meio aos necessitados e os desafios de viver em um mundo egoísta e relativista. Na coluna “MÃE DA IGREJA”; aprofundaremos na última aparição da Virgem Maria aos pastorinhos, no Milagre do Sol e da particular devoção a São José, o pai nutrício de Nosso Senhor. O quadro de “DE OLHO NA RUA” nos questiona sobre a necessidade básica para a sobrevivência: o alimento, que muitas vezes são proibidos de serem dados em grandes centros, mas que na verdade isto é apenas um meio e não o fim. No “TOCA EM AÇÃO” veremos que o carisma da Toca de Assis é acima de tudo um dom para toda a Igreja, e como a Evelym Renata conseguiu transformar um trabalho voluntário em seu Trabalho de Conclusão de Curso e o quanto a providência a guiou para que isso acontecesse. O “DIÁRIO DO PEREGRINO” nos mostrará o quanto é importante visitar os lugares sagrados e o quanto isso renova a nossa fé e nossa caminhada. O nosso “ARTIGO ESPECIAL” falará sobre a missão peregrina motivada simplesmente no objetivo de que Deus Sacramentado seja amado e adorado em todo o mundo; vivendo na Providência de cada dia conforme sua Vontade.
Departamento de Comunicação
TOCA PARA A IGREJA
Studio Anima
Uma profecia para os tempos atuais
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ão João Paulo II em sua Exortação Apostólica PósSinodal Vita Consecrata (Vida Consagrada) expressa de forma muito clara como nosso Senhor tem suscitado novos carismas de consagração, onde o próprio Deus tem procurado dar respostas para mundo em que vivemos, juntamente aos carismas tradicionais da vida da Igreja como, por exemplo, o carisma monástico, o franciscano, o dos jesuítas e tantos outros carismas existentes. Nos nossos tempos Deus quis suscitar carismas novos e dentre eles a Toca de Assis que está procurando dar uma resposta para necessidades e urgências do nosso mundo e da nossa Igreja. Ao falar desse dom do Espírito para a Igreja, eu vejo na Toca de Assis este carisma que nos convida primeiramente a esta centralidade de nossa vida no mistério de Cristo, no mistério Eucarístico de Jesus. A Toca de Assis expressa nos diversos momentos de suas atividades um profundo amor a Jesus Sacramentado. É a centralidade da vida no mistério Pascal de Cristo, mistério que se atualiza na Eucaristia.
que se manifesta na vida dos pobres, em especial aqueles que estão em situação de rua. Há todo um trabalho de apostolado, acolhimento e resgate da dignidade da pessoa humana, mas, além disso, a Toca é chamada ainda a descobrir tantas outras formas de pobreza e exclusão para fazer com que esses irmãos sejam valorizados em sua dignidade como filhos e filhas de Deus. O Papa Francisco tem dado um testemunho bonito de quanto nós podemos aprender com tantos irmãos e irmãs que muitas vezes são excluídos de nossa sociedade e às vezes infelizmente até da Igreja. A Toca de Assis dá também esse testemunho de inclusão, respeito e valorização exatamente porque reconhece nos empobrecidos do nosso mundo a presença do Senhor. Meu desejo é que os membros da Toca vivam cada vez mais com coerência, amor e com o carisma suscitado pelo Espírito Santo. Vivam o carisma porque é uma profecia atual que Nosso Senhor tem dado para o mundo e para a Igreja.
A Toca é um carisma de profundo amor e serviço a Jesus Pe. Wagner Ferreira da Silva Formador Geral da Comunidade Canção Nova
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Junto ao Sol apareceu São José com o Menino nos braços e Nossa Senhora do Rosário.
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Sidney Paco Vilarim
ra chegado então o grande dia: a sexta aparição de Nossa Senhora em Fátima. Como já temos acompanhado, estas Aparições são muito profundas e ricas em detalhes, por isso é preciso olhar com calma e saborear cada parte deste maravilhoso movimento da graça. Foi no último dia em que Nossa Senhora visitou a “Cova da Iria” e que um fenômeno testemunhado por todos que estavam ali ( exceto os pastorinhos) e se pôde ver: o Milagre do Sol. Durante o milagre eles tomados em êxtase, contemplavam três visões celestiais, como nos relata Lúcia: “E, abrindo as mãos, fê-las refletir no sol e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no Sol. E enquanto seguia o mesmo caminho de regresso das aparições anteriores, continuava a projetar este reflexo de luz no Sol”. Eis que então se deram três aparições: A primeira: Junto ao Sol apareceu São José com o Menino nos braços e Nossa Senhora do Rosário. A Virgem vestia uma túnica branca e o manto azul, São José também de branco e o menino Jesus de vermelho. Traçando no ar uma Cruz, São José abençoou o povo e o Menino Jesus fez o mesmo. Pouco depois, desvanecia a aparição anterior e aparecia Nosso Senhor, transido de sofrimentos, como a caminho do Calvário, e Nossa Senhora das Dores, sem a espada no peito. O Divino redentor também abençoou o povo. Em seguida, apareceu gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da Terra com o Menino Jesus no colo.
Benção do Santíssimo, ao fundo imagem de São José, que guarda a entrada da casa Contemplativa dos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento, ramo masculino da Toca de Assis.
Fátima Atmosfera de Graças e Sinais As aparições de Nossa Senhora em Fátima são riquíssimas em detalhes e durante os próximos meses vamos perscrutar essas três visões relatadas por Lúcia. A interpretação destas aparições está ligada aos mistérios do Santo Rosário: a primeira aos mistérios Gozosos, a segunda aos Dolorosos e a terceira aos Gloriosos. Podemos perguntar e porque a Santíssima Virgem não 4
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retratou os mistérios da Luz? Deus sabe respeitar nosso tempo e naquele momento São João Paulo II não havia ainda enriquecido o Santo Rosário com os mistérios da Luz, sendo assim, ficaria sem sentindo para o povo daquela época. Os Mistérios da Luz são marcados pela vida pública de Jesus, um convite também para nós, de fato, enxertamos nossa vida de Luz e proclamar com o nosso viver Cristo Senhor.
MAE DA IGREJA Fátima e São José Dentre as três visões dos pastorinhos, neste mês vamos mergulhar na primeira, que remete aos Mistérios Gozosos, que retratam os primeiros momentos de Jesus. Existem três figuras importantes: Jesus o Verbo Encarnado, a Santíssima Virgem e São José. Queremos destacar em especial aquele que foi o guardião da Sagrada Família e levar o seu coração a conhecer um pouco mais daquele que é o modelo dos Adoradores. Deus Pai ao enviar seu Filho ao mundo escolheu a Santíssima Virgem para dignar-se a acolher em seu ventre o Menino Deus, o primeiro sacrário vivo do Filho de Deus. E foi a São José que Deus confiou esta missão de ser o Custódio do Verbo Menino e da Santíssima Virgem, quantas e quantas vezes São José não adorou o Deus Menino no ventre de Nossa Senhora? “Em profunda adoração, São José uniu-se à graça especial de cada um dos eventos da vida de Jesus. Ele adorou Nosso Senhor na sua vida oculta e na Sua Paixão e Morte; ele adorou antecipadamente o Cristo Eucarístico nos seus tabernáculos: não havia nada que Nosso Senhor pudesse esconder de São José. Com exceção da Bem-Aventurada Virgem Santa Maria. São José foi o primeiro e mais perfeito adorador de Nosso Senhor.
Fé, humildade, pureza e amor: estas foram as chavesmestras da sua adoração. Nenhum santo jamais vibrou com uma fé mais ardente ou rebaixou-se em mais profunda humildade. Nenhum anjo jamais brilhou com mais brilhante pureza. E quanto ao seu amor, nenhum santo ou anjo jamais tiveram nem nunca chegarão ao alcance da sua ardente caridade, através da qual expressou o seu ser em plena devoção. Porque a sua fé era tão forte, a mente e o coração de José curvaram-se em perfeita adoração. Imitai a sua fé enquanto vos ajoelhais diante do Cristo humilde e aniquilado na Eucaristia. Rasgai o véu que cobre esta fornalha de amor e adorai o Deus escondido. Ao mesmo tempo respeitai o véu do amor e fazei a imolação da vossa mente e do vosso coração, porque esta é a mais bela homenagem de fé. Entre as graças que Jesus deu ao Seu pai adotivo - e Ele inundou-o com as graças anexadas a cada um dos Seus Mistérios - estava a especial graça para ser um adorador do Santíssimo Sacramento. Isso é o que mais devemos ter presente sobre São José. Tende confiança nele, uma forte confiança nele. Tomai-o como patrono e modelo para a vossa vida de adoração. Da estreita união com este santo adorador vou aprender a adorar o Senhor e a viver em intimidade com Ele. Eu então deverei ser o José da Eucaristia como ele era o José de Nazaré.” (São Pedro Julião Eymard, “A Divina Eucaristia”)
Quão grandemente o Verbo Encarnado foi glorificado pela adoração de Maria e José enquanto eles expiavam pela indiferença e ingratidão das criaturas! São José juntava-se a Maria em adoração e unificava o seu ser a Cristo. O seu coração vibrava com sentimentos de adoração, amor e louvor ao Pai, e de caridade para com os homens. A adoração de São José acompanhou todas as fases da vida de Nosso Senhor, aproveitando a graça, o espírito e a virtude de cada mistério. Na encarnação ele adorava o auto-aniquilamento do Filho de Deus; em Belém, adorava a pobreza; em Nazaré, o silêncio, a aparente fraqueza, a obediência, e todas as outras virtudes de Cristo. Conhecia-os bem e captou claramente a razão pela qual Cristo os praticou - para o amor e glória do Seu Pai Celestial. Referências: Pastorinhos de Fátima, M. Fernando Silva A Divina Eucaristia, São Pedro Julião Eymard
Toca de Assis e São José Na Toca de Assis existe um carinho muito grande por São José, reconhecemos nele virtudes que nos ajudam diariamente a Adorar Jesus e a Encontrar Jesus nos mais Pobres. Nossa Casa Mãe, assim como a Mãe de Jesus, foi confiada aos cuidados dele, sabemos que ele guardará também nossa história, assim como cuidou da Sagrada Família. Nós também queremos muito ser José da Eucaristia, e aprender dele cada dia mais na simplicidade, a cuidar do Verbo de Deus e da Santíssima Virgem. São José, zeloso defensor de Jesus, rogai por nós!
Fernando Nunes
Fraternidade de Aliança Toca de Assis
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São Francisco e a Fraternidade no seio da Igreja
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elebramos neste Mês uma data que traz um significado singular para o nosso Instituto: o dia de São Francisco de Assis, chamado cordialmente de Pai Seráfico devido à chama de amor ardente que abrasou seu ser e sua existência, como a chama de amor dos Serafins, Anjos que estão mais próximos da Presença de Deus, portanto, perfeitos adoradores da Santíssima Trindade. Francisco, como bom cristão e apaixonado pela sã doutrina, se empenhou vivamente em cultivar e conservar um profundo e concreto zelo pela unidade dos Frades com a Santa Igreja. Desde o início do seu chamado em que o Senhor Crucificado pede-o para reconstruir a Sua Igreja em ruínas ele intui a reverência filial a toda a Hierarquia Eclesial que devia animar a si mesmo e aos frades como modo seguro de garantir a comunhão da Ordem com a Igreja Universal. Logo compreendeu que viver em Fraternidade, unidos como irmãos e filhos do mesmo Pai Celeste, só seria possível se estivessem inseridos radicalmente (com a mente e o coração) no seio materno da Mãe Igreja, onde o Espírito move e potencializa a comunhão de todos os que creem em Deus. Recordando a realidade do nosso Batismo, o qual nos é conferido “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, estamos convencidos que a realidade da comunhão entre os filhos e filhas de Deus que recebem pelo batismo o nome de cristão só é real e autêntica dentro do ventre fecundo da Igreja e impossível fora dela. Sendo ela, por vontade de Deus, a portadora e dispensadora generosa dos sacramentos, é também nela que o Espírito Santo opera mais eficazmente criando comunhão e unidade dos irmãos e irmãs em Cristo. Francisco acredita nesta comunhão, deseja e espera que ela seja concreta e encarnada na vida dos Frades com toda sua altura, profundidade e largueza, consciente de que todos nós que seguimos a Cristo pela fé recebemos a graça de já neste mundo vivermos como irmãos e filhos do mesmo Pai Celeste, colocando o Amor que comungamos em cada Santa Missa na centralidade das nossas relações, ou seja, deixar que o Senhor mesmo ame os irmãos e irmãs em nosso estreito coração. Além disso, ele compreende que para tornar-se verdadeiramente filho, em tudo semelhante a Cristo, o Filho Amado precisa entrar na dinâmica da fraternidade, no movimento contínuo e afetivo da caridade divina, aquela
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mesma caridade com que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. E é precisamente esta dinâmica da caridade que é capaz de unir e reunir num mesmo ideal uma multidão de irmãos, integrando as diferenças e maturando a qualidade da própria fraternidade. Francisco é conduzido por primeiro à experiência salvífica da filiação divina: sente-se tão concretamente amado pelo Pai do Céu e se identifica a tal ponto com o Filho de Deus que recebeu no próprio corpo, o qual chamava de irmão, as marcas da paixão do Senhor, como sinal visível de sua profunda semelhança com Cristo, esta que. Esta semelhança alcançada por Francisco foi um fruto maduro de uma lenta e progressiva saída de si para encontrar a Pessoa de Jesus nos variados rostos de muitos irmãos. Um caminho percorrido com alegria, mas não privado de lutas e fracassos. O que Francisco buscava não era apenas uma convivência fraterna, mas um estilo de vida caracterizado pela fraternidade, tendo como base a certeza de sermos filhos queridos do Único Pai. Francisco amou a Igreja como um bom filho ama sua mãe. Amou-a e ensinou seus companheiros a amarem com ternura e respeito. Colocou-se, juntamente com os frades, como os menores membros de todo o Corpo Místico de Cristo. Isto para crescer naquela semelhança com o Filho de Deus que escolheu ser servo entre nós. Não tinha consciência de toda a extensão da obra que Deus estava realizando na Igreja através de sua vida, simplesmente desejava consumar, dia a dia, o desígnio do Pai. Este homem seráfico intuiu o sentido da fraternidade como um elemento fundamental de ser Igreja: o carisma de um Instituto interpreta o Evangelho no tempo atual e a Fraternidade na Igreja é uma busca interminável de interpretar e testemunhar o Evangelho em cada tempo. Portanto, a Fraternidade não é lugar de comodismo ou de satisfação egoísta dos próprios interesses, mas lugar oportuno onde aprendemos a abrir espaços largos e calorosos dentro de nós para acalentar e aquecer os outros. Mesmo porque, quando Deus chama uma pessoa a viver em fraternidade Ele atrai pelo mistério da Cruz e não por uma vida cômoda de um Instituto. È Deus que atrai e não as estruturas. 1 2
Frei Nicolau, OMFCov Idem
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FORMACAO
Francisco também amou os irmãos como uma mãe ama seus filhos, e exortava-os veemente: “Se uma mãe ama e nutre seu filho carnal, com quanto maior diligência não deve cada um amar nutrir a seu irmão espiritual?” (RB=2Sm 1, 26) Sejamos também nós capazes de nutrir nossas fraternidades religiosas, familiares ou sociais do verdadeiro espírito do Evangelho! Irmã Sara Maria Filhas da Pobreza do Santísssimo Sacramento
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Aos pés do Cristo Redentor
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tualmente a missão do Rio de Janeiro é um dos maiores movimentos pastorais da Fraternidade nos últimos tempos. Dentro da realidade sofrida da população de rua, que tem crescido a cada dia, os leigos e religiosos tem enfrentado todos os desafios cotidianos para levar um pouco de alívio para os nossos queridos pobres abandonados na capital carioca. A casa situada na ladeira do Ascurra, aos pés do Cristo Redentor, tem as portas abertas para acolhimentos temporários de pessoas em situação de rua, além do espaço situado em Benfica onde semanalmente atuam com uma Pastoral de atendimento acolhendo dezenas de moradores de rua com cuidados básicos de higiene, assistência social, espiritualidade e muito amor (fotos 1 e 2).
Esse guardião, Eli Maria, caminha há doze anos no Instituto Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento, e durante os anos de sua consagração já viveu muitas experiências dentro do mesmo carisma. Após o noviciado viveu alguns anos na casa contemplativa Bendita Arvore da Cruz, onde vivia em regime de clausura, retirado em adoração, intercedendo pelos sacerdotes e pelo próprio Instituto. Passado um tempo, também por necessidade institucional, veio servir a Fraternidade fora dos muros do claustro assumindo casas de formação até chegar a sua missão atual vivendo essa intensidade pastoral junto aos pobres (Foto 6). Natural de Cruzilha/ MG, com 30 anos, vive um dos momentos mais apostólicos de sua vida como responsável por essa missão. Vamos conversar um pouco com esse consagrado que hoje doa sua vida em favor desse carisma... Studio Anima/ Arquivo Filhos da Pobreza
Trabalham nessa missão vários religiosos e leigos, que além dos trabalhos acima citados, realizam diversas Pastorais de rua (Foto 03) onde abordam centenas de sofredores, seja no domingo à noite na Candelária (foto 4), onde realizam pequeno grupo de oração na rua, ou ainda nos desafiadores movimentos nas Cracolândias (Foto 5).
E todo esse movimento, evidentemente, não caminha sozinho, mas conta com a liderança de um de nossos antigos irmãos, que com o título de guardião, de fato, busca guardar esse carisma na vida de todos esses religiosos e leigos dessa empolgante missão.
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CORACAO DA TOCA
Toca de Assis - Sabemos que um superior hoje em um Instituto de vida consagrada tem muitos compromissos específicos e burocráticos que sugam bastante o tempo de quem está à frente. Gostaríamos de saber como você lida com o equilíbrio entre as responsabilidades de guardião e a vida apostólica com os pobres objetivamente falando? É possível essa interação? Irmão Eli - Diante da Missão do Rio que tem como principal característica um intenso apostolado, eu procuro lidar da seguinte maneira: não coloco o apostolado como uma prioridade como guardião, mas para mim o apostolado acaba sendo um meio de vivência do meu ministério de guardião. Procuro conciliar as duas coisas: ser guardião e viver a Pastoral. Busco organizar a casa e a missão sempre em vista do apostolado. Pelo menos para mim não é um grande desafio ser superior e viver a missão. Na verdade posso dizer que não deve haver dicotomia, não deve haver separação entre essas duas realidades, de ser guardião e estar no meio dos pobres. Antes de ser guardião sou consagrado, então eu procuro priorizar minha vida espiritual e a minha vida com os pobres no carisma. E, colabora muito estar hoje no Rio, que é bem apostólico. Toca de Assis - E a vida de oração? Irmão Eli - Para nós, a vida de oração primeiramente é adoração na alma e é primordial, e mesmo tendo nosso ordinário de adoração e orações próprias, do que é comum nosso, o grande combustível que trago para nutrir a minha vida de oração é o mistério da adoração na alma, algo que me sustenta muito e eu consigo encontrar força diante dos grandes desafios da missão. Toca de Assis - Em sua opinião quais são os maiores desafios apostólicos na cidade do Rio de janeiro? Irmão Eli - O maior desafio no Rio é a intensidade do trabalho, visto que são muitas as necessidades, muitos irmãos de rua, muitos envolvidos nas drogas, o que é um enorme desafio, e levá-los a acolher, de fato, a nossa proposta de conduzi-los à libertação das drogas, que é um trabalho que a gente tenta realizar hoje e é muito difícil. Mas efetivamente nossa casa
Saiba mais sobre nossas missões no estado do Rio de Janeiro acesse > www.tocadeassis.org.br/onde-estamos
de Benfica desenvolve esse trabalho de acompanhamento e acredito que o maior desafio são as drogas, ou melhor, as consequências das drogas que são degradantes. Tudo isso é muito forte! Toca de Assis - Se você pudesse escolher dentro dos últimos tempos de caminhada, qual seria a experiência mais marcante que viveu? Irmão Eli - Acho que as experiências mais comoventes e marcantes que temos são as nossas pastorais semanais na Cracolândia. Acontecem nas quintas feiras que são dias muito marcantes para nós Filhos da Pobreza que temos um carisma eucarístico. Digo isso, porque realizamos a Pastoral no fim da tarde e à noite fazemos uma Vigília de Adoração eucarística em reparação ao Santíssimo Sacramento, o que nos impulsiona a adorar em reparação também pelo sofrimento dos nossos irmãos usuários. É marcante o que vemos na Cracolândia com toda sua complexidade como mulheres adictas grávidas, deficientes e crianças: todos usando o crack, que está destruindo a vida dos irmãos. Um fato, em particular, bem marcante foi ver um deficiente físico sem ter os dois braços tendo outro usuário colocando o cachimbo em sua boca, isso foi bem marcante e me comoveu muito. Toca de Assis - Pra finalizar, estamos no mês de outubro, mês das missões e mês de São Francisco, qual a mensagem que você deixaria para os missionários que vivem essa espiritualidade franciscana no seu anuncio? Irmão Eli - Nesse mês missionário quero relembrar a celebre frase de São Francisco, “Pregai o Evangelho com a vida, se for necessário use as palavras”, e essa deve ser a nossa grande motivação nesse mês, ou seja, fazer da nossa vida uma pregação. Que possamos nos inspirar em nosso Pai seráfico que viveu isso na pratica. Além disso, levar o anúncio do Reino eucarístico e o anúncio que dos pobres é o Reino dos Céus. E, que a nossa vida de missionários nas ruas das cidades e pelas rodovias seja verdadeiramente esse anúncio com a vida e de fato, somente se necessário as palavras.
Departamento de Comunicação Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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ARTIGO ESPECIAL
Por que não anunciar? “É precisamente, para transmitir a Boa Nova a todos os povos que Jesus Cristo, fundou a sua Igreja com a missão específica de evangelizar: ‘Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura” (cf. Doc. SD§ 2)
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oderíamos nos perguntar, por que não tenho desejo evangelizar? Ou por que não tenho coragem de anunciar o Evangelho? Uma coisa é certa: A missão de evangelizar sempre parte de um impulso interior! É da íntima experiência com Deus e com seu Evangelho que o Cristão sente-se impulsionado a anunciar às outras pessoas a doçura que experimentou com aquela teofania abrasadora do encontro com o Senhor e sem demoras, acaba partindo em missão. Se não existe essa experiência, naturalmente não tenho por que anunciar ou não teria o que anunciar. Ser um missionário não significa unicamente ter grandes conhecimentos doutrinais e teológicos ou aquela boa oratória que convence as pessoas, ser uma pessoa em missão significa ser um transbordamento da misericórdia de Deus que tanto me amou, sei disso e quero que outras pessoas também o saibam. Algumas vezes essa evangelização é inspirada nos acontecimentos cotidianos dentro do próprio lar, alguns jovens anunciam nas faculdades, operários que desejam levar a Boa-Nova nos seus trabalhos e das formas mais singelas, vários católicos abrasados da Palavra de Deus levam o mistério que já não contem dentro de si. Além disso, existem muitas formas particulares e específicas de se levar Jesus Cristo às pessoas. Em nossa Fraternidade, os irmãos consagrados nesse carisma também tem sua forma de anunciar e alguns deles são chamados a viver a missão de forma itinerante, e, saem de dois em dois caminhando abandonados à providência, para levar a sua íntima experiência com o Santíssimo Sacramento. Vamos conhecer um pouco dessa peregrinação missionária que acontece no Instituto masculino da Fraternidade...
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Arquivo Filhos da Pobreza
“Quando eu vos enviei sem bolsa, sem sacola, sem sandálias, faltou-vos algo?” Eles responderam: “Nada.” (Lc 22,35) A finalidade desta missão é ir de sacrário em sacrário em adoração, “Nós Vos adoramos Senhor Jesus Cristo aqui e em todas as igrejas do mundo inteiro e Vos bendizemos por que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo”. E, dessa espiritualidade interiorizada, os peregrinos permitem que brote uma luz capaz de dar sentido às vidas que se encontram, ou seja, aquelas pessoas que dão carona a eles, os “trecheiros” e ciganos que encontram em seu caminho, pois pelas estradas circula uma grande parte da vida de um país. Como aludíamos acima, todo desejo de abandono nessa missão ardente de levar a Boa-nova só acontece através de uma profunda experiência com Deus, e no caso desses irmãos, uma experiência com o Deus dos Sacrários. Esse é o segredo da missão. “Jesus percorria cidades e aldeias para proclamação do Evangelho”. (Mt 9, 35). Os peregrinos da Toca testemunham a luz de Cristo Sacramentado entre as famílias e entre os grupos humanos como Ribeirinhos, Seringueiros, Sem terra e povos indígenas e suas diversas etnias. Enfim, testemunham essa luz que ilumina e abrem novos caminhos a quem se sente imerso nas trevas. Nas grandes metrópoles os irmãos vivenciam uma amizade com os pobres em situação de rua, partilhando de suas vidas, testemunhando o Amor de Cristo e o olhar preferencial a eles. Os peregrinos prestam a estes, na medida do possível, os cuidados básicos de ajuda imediata. 12
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“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”. (Evangelii Gaudium. 49) O meio de transporte do peregrino Filho da Pobreza é a Providência Divina, ordinariamente caminhando e por caronas. Este jeito simples de viver e testemunhar o Evangelho levará muitas pessoas às perguntas das quais não encontrarão respostas a não ser que seja em Deus, único Autor da Graça. Caminhar pelas estradas sem nada ter, torna o consagrado livre para vivência radical do Evangelho. Pelo nosso estado religioso manifestamos aos que nos veem e nos encontram a presença dos bens celestes, dando testemunho da vida nova e eterna adquirida pela Redenção de Cristo. E, você? Não deseja viver essa liberdade? De repente não de forma tão radical, mas uma garantia podemos te dar: ter uma experiência pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo será o grande impulso para que você de alguma forma, mesmo que na simplicidade do dia-a-dia, possa arder em desejo de ser um grande missionário da Igreja católica. Sempre parte dessa premissa: É preciso ter intimidade com Deus.
Luiz Felipe Filgueiras
ARTIGO ESPECIAL
Missão para libertar
Dia Mundial das Missões A celebração o Dia Mundial das Missões 2014 terá lugar a 19 de Outubro. As origens deste Dia remontam a 1926, quando a Obra para a Propagação da Fé, por sugestão do Círculo missionário do Seminário de Sassari, propôs ao Papa Pio XI para proclamar um Dia anual em favor da atividade missionária da Igreja universal. O pedido foi acolhido favoravelmente e, no ano seguinte (1927), foi celebrado o primeiro “Dia Mundial das Missões para a propagação da fé”, e foi estabelecido que tal celebração tivesse lugar no penúltimo domingo de Outubro de cada ano, tradicionalmente reconhecido como o mês missionário por excelência.
Oração do Mês Missionário Pai de Bondade, nós te agradecemos pelo teu Filho Jesus enviado para dar vida plena a toda criatura. Dá-nos teu Espírito para que, libertos do egoísmo e do medo, lutemos com coragem contra toda forma de escravidão. Como Igreja missionária, renovamos nosso compromisso de anunciar o Evangelho em toda parte. E, com intercessão de Maria, alcançar a libertação prometida. Amém.
tema da Campanha Missionária 2014, a ser realizada durante o mês de outubro. A reflexão retoma a Campanha da Fraternidade deste ano, que alertou sobre a realidade do tráfico humano. As vítimas desse crime representam a escravidão moderna. A Campanha Missionária 2014 quer chamar a atenção para a escravidão do tráfico humano em suas diversas expressões: a exploração do trabalho; exploração sexual; a extração de órgãos; e tráfico de crianças e adolescentes para adoção. Olhando para essa realidade à luz da Palavra de Deus, percebe-se que a missão de defender e promover a vida continua urgente e sem fronteiras. No Brasil, as Pontifícias Obras Missionárias (POM), com sede em Brasília (DF), têm a responsabilidade de organizar, todos os anos, a Campanha Missionária, na qual colaboram a CNBB por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (Comina). O objetivo é criar comunhão entre os diversos aspectos da Missão e incentivar para o compromisso. Todas as famílias e comunidades são convidadas a viver com maior intensidade o Mês das Missões. Com isso, a nossa Igreja no Brasil se fortalece e se abre com maior generosidade para a Missão Universal alémfronteiras. Conforme o apelo do papa Francisco, “não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário!” (EG 80). Fonte:http://universovozes.com.br/editoravozes/web/view/ BlogDaCatequese/index.php/mensagem-do-papa-francisco-parao-dia-mundial-das-missoes-2014/
Irmão Belém, fpss
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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É Possível ser Jovem de Assis na Faculdade?
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Em julho de 2011 fui embora para Londrina fazer faculdade e passei a ter mais curiosidade sobre a Toca e acompanhar as notícias através das redes sociais, admirando o trabalho realizado por eles. Em agosto de 2013 quando começaram as escolhas de tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) confesso que vieram várias ideias de projetos que me ajudariam financeiramente no futuro. Estes seriam voltados para o mercado de trabalho na qual eu poderia usar como portfólio e ter fins lucrativos. Porém lembrei-me da admiração que sempre senti pela Toca de Assis e criar uma chance, talvez única, de elaborar um projeto social antes de cair no mercado de trabalho. Aproveitando a oportunidade quis encontrar um meio de ajudá-los e ao mesmo tempo fazer desse projeto um desafio de levar à minha família e amigos a oportunidade de conhecer sobre a obra. Foi um projeto abençoado por Deus, pois desde o primeiro dia os caminhos foram se abrindo, fui conhecendo pessoas na qual faziam parte da Toca e queriam me ajudar a realizar trabalho de forma que nem eu mesmo imaginava que conseguiria. A providência realmente foi do começo ao fim. Lembro que quando estava faltando três dias pra viajar para Dourados/MS, onde seriam realizadas as fotografias, eu ainda não sabia com o que iria fotografar, pois não tenho câmera, mas estava confiante que alguma providência tinha que acontecer e Jesus não ia me abandonar na reta final. Foi com essa confiança que consegui a câmera e as lentes que precisava para fazer o produto final do TCC. Fiquei cinco dias em Dourados/MS junto com os meus amigos que me acompanharam: Oscar Nascimento e Fernando Nunes, meu irmão Bruno Rafael, que se disponibilizou a me levar até Dourados, a Irmã Nívive, que é responsável pela comunicação da Fraternidade Toca de Assis e tive a honra de conhecer e conviver com a Irmã 14
Outubro 2014 - Toca de Assis
Évelyn Renata
á quatro anos quando estava conhecendo as vocações, conheci uma amiga através do meu irmão, na qual era leiga da Fraternidade Toca de Assis na época. Em um passeio que fui fazer em Londrina antes de iniciar a faculdade ela me levou para conhecer a casa feminina da Toca, onde pude sentir fortemente o amor de Jesus através da acolhida das Irmãs. Assim me apresentaram a casa e foram explicando o que era a Toca de Assis. Foi impossível não se apaixonar pelo carisma Franciscano que fez brotar um amor ao próximo só pelo fato de estar ali conhecendo a casa.
Karine, Irmã Marina, Irmã Mariana, Irmã Francisca, Irmã Cleonice, Irmã Ráfica, Irmã Agraciata e Irmã Ana Maria, que nos recebeu de braços abertos. Criamos um laço de amizade tão intenso que estarão para sempre no meu coração e em minhas orações. Aprendi muito com os cinco naquela casa, foi uma experiência e aprendizado profissional, e ainda maior pessoal inexplicável. Acompanhei as pastorais e em certos momentos a emoção acabava deixando um nó na garganta. Voltei para Londrina com a certeza de que independente de qualquer nota que eu recebesse no dia da apresentação, não iria mudar em nada do que eu estava sentindo, pois a alegria de poder ajudar de acordo com o meu curso de graduação de captar as imagens e levar isso pra aos meus amigos, familiares e também aqueles que são apaixonados pelo carisma me faz sentir realizada. E grande dia chegou: apresentar tudo aquilo que construí com a ajuda de muitos durante um ano. Levei aos meus professores e amigos de curso um pouco da grande emoção e experiência de vida que aprendi com a Toca de Assis. Juntos conseguimos a nota máxima no projeto em que o mérito é todo de Jesus por ter me guiado a fazer a escolha certa e colocou pessoas certas no meu caminho. Hoje tenho muito orgulho em dizer que faço parte dessa família como #JovensdeAssis, não consigo mais viver sem e serei eternamente grata por tudo que a Fraternidade Toca de Assis fez por mim. E como Jovem de Assis vivo os desafios no meio acadêmico, de ser uma jovem que conhece o amor de Jesus Sacramentado e testemunha no amor aos Pobres, mas me sinto muito feliz e em ter levado a Toca de Assis aos meus amigos e professores.
Évelyn Renata
TOCA EM ACAO
“Em minha trajetória acadêmica já participei de excelentes bancas de TCC, mas poucas me emocionaram tanto quanto a que apresentou o belo trabalho de conclusão de curso da aluna Évelyn Renata, não apenas pela forma poética com que documentou uma pequena parte do trabalho da Toca de Assis, mas também pelo esmero com que preparou e construiu a porção visual de cada um de seus componentes para tal finalidade. Nessa oportunidade, quem assistiu pode apreciar um belíssimo fragmento desse movimento católico tão lindo, capturado pelas suas lentes fotográficas, e o fazendo com muita propriedade. A meu ver, mais do que alcançar de forma máxima os requisitos que configuram as competências de um artista visual recém-formado, a Évelyn conseguiu ainda mais com o seu TCC: chegar até os Sagrados Corações de Jesus e de Maria, uma vez que sua pesquisa é uma prova prática de amor que ajudará a difundir o carisma franciscano desse movimento tão lindo e importante chamado Toca de Assis”.
Estas são algumas das fotos que fizeram parte do meu produto final que foi um fotolivro com o tema: Fotografia Documental do Cotidiano da Fraternindade Toca de Assis. Essas imagens e experiências vividas estão eternizadas no meu coração! É possível sim ser #JovemdeAssis no meio acadêmico!
Prof. Ms. Renato D. Z. Macri. Évelyn Renata Rosa Movimento Jovens de Assis
Outubro 2014 - Toca de Assis
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O dilema da alimentação nas ruas “Jesus nos ensina a colocar a necessidade dos pobres antes das nossas. As nossas necessidades, por mais legítimas, não serão nunca tão urgentes como aquelas dos pobres, que não tem o necessário para viver.” (Ângelus Papa Francisco 03/08/2014)
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Imagem da Internet
alimentação é uma necessidade fundamental da pessoa humana, todos precisam do mínimo para sobreviver e é a que primeiramente grita aos nossos olhos quando nos deparamos com pessoas necessitadas, pedindo ao menos “algo para comer”. Somos sensibilizados, pois a fome ainda tem sido um drama gritante em muitas partes do nosso país. Quando se quer iniciar um trabalho junto à população de rua, geralmente se opta por levar algum tipo de alimentação. A iniciativa de se querer partilhar algo com quem está em situação de vulnerabilidade é uma atitude louvável e virtuosa. Auxiliar os que mais sofrem é um valor evangélico. Tal atitude por demais virtuosa, que fomenta críticas de muitas esferas da sociedade. São vistas como ações assistencialistas por boa parte do poder público e técnicos da área social. Corroboram tais práticas de serem motivo da problemática da presença das pessoas nas ruas, pois afirmam que quando se serve alimentação, há um incentivo para que permaneçam na mesma situação. Se interpretadas a olhares superficiais pode-se chegar a tal conclusão. Contraditórias se revelam tais afirmações, quando se fecham em conceitos meramente racionais sobre a realidade das ruas, pois não são capazes de emitir um olhar mais profundo sobre cada uma dessas ações. Não se pode ter um diagnóstico superficial que anule os gestos humanos que verdadeiramente contribuem na reconstrução da dignidade dessas pessoas. Se focarmos unicamente no alimento que se dá, cai-se no erro de tomar o meio por fim, ou seja, o alimento e outros procedimentos paliativos é porta para que se estabeleça o primeiro vínculo: é meio de construir confiança, amizade, conhecimento ou até mesmo fraternização com quem está em situação de rua. Isto faz com que a dimensão da alimentação se torne algo tão pequeno perante as inúmeras possibilidades que se estabelecem.
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Quem não se sentirá um pouco melhor recebendo uma refeição bem feita por pessoas que se portam de uma caridade imensa para realizar tal ato? Não se pode penalizar as iniciativas de se levar alimentação às ruas. Não se pode correr o risco de deixar que isso torne-se o fim de toda a ação, pois por própria experiência, a Toca de Assis assim procede e tantos outros Movimentos o realizam com grande valor . Levar o alimento é comprometer-se com aquele que o recebe, é vinculo de solidariedade, é partilha, e não se
Arquivo Filhos da Pobreza
DE OLHO NA RUA
pode deixar de frisar que é uma porta de entrada. Você se coloca diante de vidas que se abrem para que você entre e toque suas realidades, sem esquecer que por mais que se dá mais se recebe. Quantas obras maravilhosas brotaram por meio de semelhantes ações. Não se enxerga a olho nu o que Deus faz no coração e na alma das pessoas. O que Francisco de Assis, pensava que lhe havia pedido o Crucificado para reconstruir a primeiro momento era a igreja de pedra, mas, logo chegou à conclusão que era algo muito maior. O alimento tem função pedagógica, deve se estar atento a isso. A dimensão de necessidades das pessoas em situação de rua é bem maior e é preciso começar de alguma forma, mesmo que seja com a alimentação. É necessário estar sempre mais atento à humanização de nossas ações. A técnica ajuda, mas o tecnicismo engessa e limita o campo de ação. Há vários fatos que citaríamos, onde por meio de uma “cambuquinha” de sopa uma pessoa retomou a motivação de se recuperar e realizar o processo de saída das ruas. A mentalidade de se retirar o auxílios às pessoas em situação de rua é algo bem corrente, o pensamento de que se pode obter resultado em torno de tais procedimentos é ignorante e deve ser denunciado e questionado. Não se pode querer construir algo a peso de sacrificar as necessidades básicas das pessoas, a construção não tem outra via se não pelas mais humanas que estabeleçam solidariedade.
Embora os dados sobre a fome no Brasil não sejam precisos, uns falam em torno de 50 milhões (Mapa do Fim da Fome no Brasil - Fundação Getúlio Vargas), outros em torno de 34 milhões (dados do IBGE) ou ainda dados do governo que apontam para um número em torno de 24 a 26 milhões (Programa Fome Zero), o que importa é que a fome é uma realidade no Brasil, e independentemente da quantidade de pessoas que passam fome, este é um direito fundamental de toda pessoa humana e precisa ser combatido urgentemente, pois na sua esteira todos os demais direitos também são violados. Fonte:http://www.partilhe.org/index.php/multimidia/noticias/ entry/mais-de-30-milhoes-de-pessoas-passam-fom
Irmão Romero, fpss
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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DIARIO DE UM PEREGRINO
Aqui se respira Deus!
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Arquivo filhas da Pobreza
esde o meu início de caminhada na vida Religiosa tenho provado da Divina Providência que é fruto do amor e misericórdia de Deus. Este ano tive uma graça que para mim é a mais especial que as outras que já recebi: conhecer a cidade onde nasceram São Francisco e Santa Clara. Quando já se aproximava de Assis, a própria natureza dava sinais que ali era um lugar diferente. Ao chegar à cidade logo me veio a lembrança da terra onde viveu São Francisco, até o ar que se respirava me falava isso: “Aqui tem Deus”. Fiquei apenas quatro dias, mas, tempo suficiente para experimentar a providência divina: mais confiança, mais abandono em Suas mãos e Deus mais uma vez me surpreendia. Logo chegando já procurei a Basílica de São Francisco e a de Santa Clara, momento muito marcante, pela vida que se encontra diante de “túmulos”. Também visitei outros lugares de tamanha importância, como Santa Maria dos Anjos, a casa onde viveu a família de São Francisco, São Damião, entre outros. E sempre pela providência de Deus tinha alguém que me falava um pouco sobre a cidade e a vida dos dois santos. Confesso que ao entrar em São Damião senti grande paz, parecia que aquelas poucas horas que passei na lá, foram dias de retiro, pois o lugar me levou a um momento profundo de oração. Vejam como Deus nos conduz e seus desígnios são firmes, eu poderia ter experimentado esse momento com Deus em “qualquer” outra Igreja, até de maior importância ou beleza, mas não, Deus no momento certo, segundo Sua vontade, me levou a essa experiência em lugar de poucos detalhes, cercado de simplicidade e caprichado pela natureza que expressava a maravilha da criação. Outro fato que partilho vem apenas confirmar o que senti ao chegar à Assis e o que me impressionou foi a forma com que Deus mais uma vez usou. Lá conheci três jovens de nacionalidade americana, que por providência, uma falava Espanhol o que facilitou a comunicação. Elas estavam a passeio pela Itália e nunca tinham ouvido falar em Assis, muito menos em Francisco e Clara, mas a convite de uma amiga que lhes falou da beleza e tranquilidade da cidade, elas foram conhecer.
As encontrei no primeiro dia e como elas tinham ido a passeio e nem eram católicas, eu fui para um lado e elas para outro. Em outro momento nos encontramos novamente, elas estavam com grande sorriso e falaram que realmente a cidade era linda e me perguntaram quem foi São Francisco, tentei lhes explicar brevemente, convidei para irem visitar comigo as Igrejas, ficaram felizes com o convite, mas deram uma desculpa e não foram. No último dia elas me perguntaram o que eu estava achando e eu logo respondi que estava sendo maravilhoso, que eu parecia estar em retiro de tanto que o lugar me levava para Deus, e nesse momento as jovens começaram a caminhar comigo. Uma delas se voltou para mim e disse que queria conhecer a Basílica de São Francisco, sendo que elas nunca tinham entrado em uma Igreja católica. Entramos e as outras duas ficaram aguardando do lado de fora. Ao sair continuamos caminhando e ao passar pela Basílica de Santa Clara, as outras duas disseram que queriam entrar, e logo as acompanhei para conhecerem. Mas o que mais me impressionou foi no final do percurso, uma delas me falou: “essa cidade é realmente diferente, não sei explicar...” Depois de alguns minutos ela me disse: “Aqui se respira Deus”. Assim retornei de Assis com o coração em paz, certa de que a vontade de Deus se realiza na hora certa, basta estarmos atentos e com o coração abandonado para experimenta de Sua providência e deixar ser conduzido, para que outros também possam ter a mesma experiência. Ir. Solene Maria da Pobreza Encarnada
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento
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Outubro 2014 - Toca de Assis
www.tocadeassis.org.br
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