PUBLICAÇÃO DA FRATERNIDADE DE ALIANÇA TOCA DE ASSIS | SETEMBRO DE 2016
Tua Palavra é Luz para meus caminhos!
REVISTA
Índice Toca para a Igreja
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Artigo especial
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Mãe da Igreja
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De olho na rua
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Formação
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Santa Clara, a luz que clareou o mundo
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Coração da Toca
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Benfeitoria
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SETEMBRO DE 2016 Publicada por
Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ. 02019254/0001-87 Escritório São José
Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 comunicacaocentral@tocadeassis.org.br (19) 3886 -7 086 SAV- Serviço de Animação Vocacional
Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento vocacional@fpss.org.br
Editorial
prezado amigo leitor, paz e bem.
Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sav.nacional@filhasdapobreza.com.br Revista Toca de Assis
Publicação mensal interna da Fraternidadede Aliança Toca de Assis Presidente
Ir. Emanuel do Sacramento de Amor, fpss. Departamento de Comunicação
Ir. Judá, Leonardo de Souza e Adora Comunicação. Editora Chefe
Ir. Judá, fpss Projeto gráfico e Diagramação
Adora Comunicação contato@adoracomunicacao.com (43) 3064-1633 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO PATROCINADOR: (43)3064-1633
No artigo “toca para a igreja” vamos conhecer o testemunho do Padre Marcelo Cruz, que teve sua vocação ao sacerdócio despertada no convívio com os religiosos da Toca de Assis. A devoção a Virgem Maria, para nós cristãos, é um refúgio poderoso, pois contamos com sua intercessão materna que é um auxílio eficaz para o desenvolvimento da vida divina e à obtenção da salvação eterna. No artigo “mãe da igreja” conheceremos a devoção do Santíssimo Nome de Maria. Neste Mês da Bíblia o “artigo espcial” nos propõe a fazer do nosso cotidiano um encontro com a palavra de Deus, lendo-a, meditando-a, rezando com ela, contemplando-a. No “de olho na rua” vamos conhecer um pouco sobre a abordagem psicossocial e como ela acontece no atendimento de pessoas em situação de rua.
Revisão Textual
Na “formação” desta edição também refletiremos sobre a palavra de Deus: O Evangelho da Misericórdia.
Impressão e tiragem
Em “santa clara, a luz que clareou o mundo” vamos contemplar a intimidade que Santa Clara possuía com a Palavra de Deus.
Colaboradores nesta edição
Na coluna “coração da toca” refletiremos o valor do trabalho e como ele tem estado presente na vida das Irmãs da Toca de Assis
Larissa Nazário 10.000 exemplares Pe. Marcelo Cruz; Ir. Cordeiro; Ir. Salete; Ir. Belém; Irmã Stephania e o Irmão Vicente de Paulo; Ir. Verônica; Leonardo de Souza; Fernando Nunes; Daniel Ávila; Oscar Nascimento; Murilo Messias; João Aquino. Capa
Santuário Eucarístico, Sertanópolis-PR.
Uma boa leitura a todos! Departamento de Comunicação
Toca e desperta vocações! "Me ordenei padre, motivado por um convite feito por um irmão da Toca para que eu entregasse a minha vida para Jesus."
N Padre Marelo Cruz no Recanto Eucarístico, Sertanópolis-PR.
o ano de 2004 tive a grata alegria de conhecer a Toca de Assis, aqui em Londrina, através de alguns amigos que também há pouco conhecia, mas foi tão grande o envolvimento com essa nova forma de vida, que frequentávamos quase que diariamente, porque nos sentíamos envolvidos por tamanho carisma e capacidade de atrair pessoas.
Depois de uns dois meses frequentando a Toca, conheci o g uardião daquela época, Cleison, uma pessoa de muita oração que me chamou para entrar no instituto, isso me balançou muito, mas ainda não estava preparado. Quase no final daquele ano resolvi fazer um encontro vocacional no seminário arquidiocesa no, mas a i nda assi m não entrei no seminário.
No ano de 2005 a Toca foi pa ra uma cháca ra que f icava perto de minha casa, via o cuidado que tinham com os irmãos acolhidos, isso desper tou em mim uma abertura maior a minha vocação. Naquele mesmo ano continuei fazendo encontros vocacionais na arquidiocese e visitando a Toca com muita frequência, porque aquilo me cativava e me fazia muito bem. Em 2006 entrei no seminário, motivado também por um livro chamado Irmão de Assis, tudo isso depois de conhecer a Toca que sempre procurou viver, pelo menos em parte, o que viveu São Francisco. No dia 25 de jul ho de 201 4 me ordenei padre, motivado por um convite feito por um irmão da Toca para que eu entregasse a minha vida para Jesus. Hoje sou grato a Toca de Assis, porque se sou padre e sei o que signif ica uma entrega profunda da própria vida, é porque t ive a Toca i mpulsiona ndo a minha vocação. Agora, sempre que posso, celebro nas Tocas, porque acredito que o Santo Sacrifício é um gesto de gratidão por esse bem que me proporcionaram.
pe. MARCELO CRUZ Londrina-Pr
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Ss. Mi Nominis Mariae Anagrama Mariano.
“O Senhor ama a cidade cujos fundamentos repousam nas santas muralhas.”
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elíssima memória celebramos neste mês, o “ Sa nt íssi mo Nome de Maria”, a mais bela flor da humanidade. Receber um nome significa assumir uma identidade, uma missão, um desejo de Deus ao nosso coração, essa foi a forma com que Deus quis para Si Maria (Mariae). Este nome escolhido por Sa nt a A na e São Joaqu i m certamente foi inspirado por Deus, um nome para nos dar o mais Belo
presente, seu único Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo assim, o significado do nome de Maria pode ser: 1) Felix caeli - a que nos instruiu nas verdades necessárias; 2) Domina - a que nos governa e nos defende; 3) Stella maris - a que nos condu z ao p or to d a fel ic id ade eterna.
braços da Sa nt íssi ma Vi rgem e x p õ e p a r a o mu n d o D e u s . Quão suave olhar nesta bendita hora de amor, Mãe e Filho, alma escolhida por Deus a receber o título que os corações humanos jamais imaginavam, se quer sonhavam, apenas esperavam com desejo de poder um dia comtemplar a beleza deste mistério.
No dia 12 de setembro, a Igreja Católica celebra a Festa do Santíssimo Nome de Maria. Essa festa foi instituída universalmente pelo Papa Inocêncio XI, para comemorar a vitória sobre os turcos na Batalha de Viena em 1683. Ela celebra o nome de Maria, mãe de Jesus.
" Tendo recebido de Cristo a salvação e a graça , a Virgem é c hamada a desempenhar um papel relevante na redenção da humanidade . Com a devoção mariana os cristãos reconhecem o valor da presença de Maria no caminho rumo à salvação, rec or rendo a E la para obte r todo o gênero de graças . Eles sabem sobretudo , que podem contar com a sua intercessão materna , para receber do Senhor [tudo] quanto é necessário ao de senvolvimento da vida divina e à obtenção da salvação eterna . (1.1 S . João Paulo ll)
A mais bela alma criada por Deus a nós, dotada de tão grande amor de um Deus que pensou em cada um de seus filhos para dar na face da terra a mais pura criatura, Virgem e Mãe. Depois de lhe dar como filho o seu próprio filho, para assumir na terra e no céu o nome de Mãe de Deus, maternidade celeste, loucura de amor de um Deus que quis para Si a Virgem Maria como mãe de Jesus. Doce Tesouro de A mor, que após o nascimento entregue nos
Pedimos-te, óh! Virgem Maria, ao qual nesse título hoje a venera mos, que g ua rdeis em vosso coração de Mãe nossas vidas, e assim como sois Mãe de D eu s , c re mo s q ue é s no s s a também.
Fontes - Leituras Espirituais da Sociedade São Vicente de Paulo do Brasil, 1986.
Ir. Cordeiro Humilis filhos da pobreza do santíssimo sacramento
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Chamados a ser “palavra de misericórdia” Prática da Lectio Divina. Recanto Eucarístico, Sertanópolis-PR.
"O Evangelho da misericórdia permanece um livro aberto, onde se há de continuar a escrever os sinais dos discípulos de Cristo."
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dentramos no Mês de Setembro, onde a Igreja nos convoca a “ampliar os espaços de nossas tendas e desdobrar sem constrangimento as telas que nos abrigam” (cf. Is 54,2), isto é, alargar o nosso “espaço interior” em nossa relação íntima e pessoal com a Palavra de Deus que nos trouxe a novidade “no fato de Deus Se dar a conhecer no diálogo que deseja ter conosco” (DV nº 6). 6
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A sagrada escritura é uma “fonte límpida” onde o homem pode se aproximar com confiança para saciar o seu desejo do Eterno, o desejo de conhecer a Verdade e torná-la fundamento seguro de sua existência. A Igreja afirma que “quem conhece a palavra divina conhece também o significado de cada criatura”, se aprofunda no sentido real de existirmos no Amor e por Amor e, ainda, reconhece
que “para edificar a própria vida, temos a necessidade de alicerces sólidos, que permaneçam mesmo quando falha as certezas humanas”. Este alicerce seguro é a Palavra, “eterna e estável como os céus” (Sl 118, 89), a rocha firme e duradoura onde podemos construir a casa da própria vida (cf. DV nº10). Os verbos escutar, acolher, construir e edificar traz um sen-
tido a nálogo de disposição e transformação, ou seja, se relacionar com a Palavra de Deus implica disponibilidade interior e perseverança para deixar que a boa semente (palavra) lançada em nosso campo (interioridade) seja fecunda e realize uma transformação crescente, lenta e gradual em nossa pessoa inteira. Esta indispensável disponibilidade para com a Escritura “pode ser chamada de “docibilitas bíblica” 1, como uma forma particular de aprendizado da palavra que chega à liberdade de deixar-se educar, formar e transformar por ela cada dia” (A. Cencini - “A vida no ritmo da Palavra”- p.14). Esta mos ref let i ndo num ponto que é f u nda ment a l em nosso caminho de crescimento humano e espirit ual: a tão falada lectio divina. Não se trata de a lgo que pode f ica r à distância ou à margem das primícias do nosso cotidiano, porque ela constit ui “aquilo que dá o ritmo a cada dia, sendo quase sua unidade de medida, aquilo que a recolhe ao redor de um centro o qual confere a ela uma tarefa, algo que não pode faltar por nenhum motivo e que é colocado racionalmente do início da jor nada” (Ibidem, p. 16). A p e s soa que de s eja c on he c er sem véus Aquele que é o Objeto de s eu a nelo m a i s prof u ndo necessita permanecer atenta à pa lav ra-do-dia que Deus, em sua ternura, lhe dirige pessoalmente, como uma “mensagem pont ual e sempre nova” revelando o seu plano amoroso para nós, seus f ilhos.
Passar o dia sem dei xar-se orientar e plasmar pela palavra é o mesmo que caminhar à sombra do vazio e da insensatez, correndo o risco de traçarmos o nosso próprio caminho no ritmo que eu pretendo e no tempo que as minhas preocupações estabelecem. Sem a luz perene da palavra divina andaremos como cegos errantes desprovidos de uma bússola segura.
"Sua mensagem é uma delicadeza de Sua parte para conosco." Ao lermos com fé a Sagrada Escritura encontramos Aquele que desejou Se revelar ao homem de forma que, conhecendo-O, o homem encontrasse a si mesmo e descobrisse o seu Princípio, Caminho e Fim. “Nela Deus não fala só de si, fala também de mim; não é só uma teofania que inicia o meu dia de crente e discípulo da palavra, mas uma antropofonia, através da qual o Pai e criador revela progressivamente a minha identidade pessoal, a minha vocação, aquilo que sou chamado a ser para tornar-me como o Filho Seu e ter os seus sentimentos” (A. Cencini - “A vida no ritmo da Palavra”). O caminho do homem para Deus, e o de Deus para o homem, sintetiza-se e se condensa – no decorrer do dia – na escuta da Palavra de Deus. Sua mensagem é uma delicadeza de Sua parte
para conosco, expressão da vontade do Pai e do seu desejo de nos encont ra r, considera ndo nossa limitada capacidade de entender. Por meio de sua Palavra, Deus cada dia faz experiência de nós, e nós fazemos experiência dEle. O Pai nos prova e nos seduz, e nós descobrimos sempre novos aspectos de sua paternidade e de seu projeto sobre nós. Certamente, haveremos de descobr ir o seu desejo de sermos misericordiosos como ele, de nos tornarmos uma palavra de misericórdia anunciada a todos e em todos os lugares, como nos convida o Papa Francisco neste Jubileu Extraordinário da Misericórdia: “O Evangelho é o livro da misericórdia de Deus, que havemos de ler e reler, porque tudo o que Jesus disse e fez é expressão da misericórdia do Pai. Nem tudo, porém, foi escrito; o Evangelho da misericórdia permanece um livro aberto, onde se há de continuar a escrever os sinais dos discípulos de Cristo, gestos concretos de amor, que são o melhor testemunho da misericórdia. Todos nós somos chamados a nos tornar escritores v iventes do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje. Podemos fazê-lo praticando as obras corporais e espirituais de misericórdia, que são o estilo de vida do cristão”. (Domingo, 3 de Abril de 2016). A todos, desejo um encontro pessoal e transformante com o Evangelho da Misericórdia! Paz e bem!
Referência O termo “docibilitas bíblíca” indica a disponibilidade atenta e generosa em acolher, ruminar e deixar-se tocar pela Palavra de Deus “viva e eficaz”.
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ir. sALETE
filhas da pobreza do santíssimo sacramento
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Venda de biscoitos “E os frades, que sabem trabalhar, trabalhem e exerçam o mesmo ofício que sabem, se não for contra a salvação da alma e puder ser feito honradamente.” (RnB VII, 3-4)
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ivemos no mundo do trabalho, ou melhor, um mundo construído pela força do trabalho humano, onde as relações mercantis estão impostas, uma era de produção, de luta diária para assegurar o sustento da própria vida. Assim, o trabalho vai adquirindo uma conotação de subsistência, que envolve o homem em todo o seu ser: psicológica, física e intelectualmente. Mas há uma dimensão do trabalho humano que poder ía mos cha ma r de “a specto espiritual do trabalho”, que é de participar do ato criador de Deus. “O homem é imagem de Deus, além do mais, pelo mandato recebido do seu Criador de submeter, de dominar a terra. No desempenho de tal mandato, o homem, todo e qualquer ser humano, reflete a própria ação do Criador do universo” (“Laborem Exercens”) A Igreja nos revela Jesus Cristo como modelo de trabalhador e nos aponta o valor da dignidade do trabalho humano: "partindo do conteúdo global da mensagem evangélica, e sobretudo do fato de Aquele que, sendo Deus, se tornou semelhante a nós em tudo, ter passado a maior parte dos anos da vida sobre a terra junto de um banco de carpinteiro, dedicando-se ao trabalho manual. Esta circunstância constitui por si mesma o mais eloquente «evangelho do trabalho»; aí se torna patente que o fundamento para determinar o valor do trabalho humano não é em primeiro lugar o gênero de trabalho que se 8
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realiza, mas o fato de aquele que o ‘executa ser uma pessoa. (“Laborem Exercens” )
Pois diz o profeta: "Comerás os frutos do teu trabalho; és feliz e estarás bem" (Sl 127, 2);
Na vida dos santos, as atividades laborais sempre estiveram presentes como via de santidade; São Francisco ensina aos frades o valor do trabalho: “E os frades, que sabem trabalhar, trabalhem e exerçam o mesmo ofício que sabem, se não for contra a salvação da alma e puder ser feito honradamente.”
E quando necessário, vão pela esmola como os outros pobres. (RnB VII, 3-4; 8) Para Santa Clara, o trabalho era um dom, uma expressão de liberdade, ela contempla o próprio Deus que, absolutamente desprendido de si, por pura liber-
dade e amor, não cessa de criar e de se doar como dom em cada uma de suas criaturas. Assim aconselha Clara a suas irmãs acerca do trabalho: “As Irmãs a quem o Senhor deu a graça de trabalhar trabalhem com fidelidade e devoção” (R SC VII, 1), “com as próprias mãos” (RSC VII, 4) e num trabalho conveniente “ao bem comum” (RSC VII, 1). Nós, Filhas da Pobreza, também percebemos uma necessidade de produzir algo para suprir as despesas de nossa missão. Em nossa casa Geral, sediada em Campinas-SP, as irmãs se dedicam a confecção de biscoitos artesanais, produzidos, embalados e vendidos por elas mesmas. São produzidos cerca de 800 potes de biscoito duas
"o homem, todo e qualquer ser humano, reflete a própria ação do Criador do universo." vezes ao mês e vendidos aos finais de semana na Paróquia Santa Rita de Cássia e no Santuário Menino Jesus de Praga em Campinas, a quem agradecemos na pessoa dos respectivos párocos Pe. Carlos e Dom Mauro. Essa renda destina-se a arrecadar fundos para a construção da nossa sede geral e a manutenção e sustento da comunidade religiosa, que por sua vez se dedica as funções administrativas do Instituto religioso nacional e, em parPEDIDOS Sacramento de amor. Rua Sta (019) Rita de Cassia, s/n, chácara 36, ceria com os Filhos da Pobreza, Campinas-SP 3326-6686 das funções administrativas da (85) 3262-7456 miranapolis. Anápolis -Fortaleza-CE Go (62) 3902-6587 Whatssap (62) 9864-5704 Fraternidade Toca de Assis.
Legenda das fotos 1- Irmã Andreas na produção dos bistcoitos na cidade de Campinas-SP. Arquivo Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento.
ir. judá filhas da pobreza do santíssimo sacramento
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Aproveitamos este mês da Bíblia para refletir quatro dicas que podem ajudar muito a quem deseja viver unido à Santa Palavra.
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Recanto Eucarístico, Sertanópolis-PR.
stamos no mês de setembro, muito conhecido no Brasil como o mês da Bíblia... Tempo destinado para o aprofundamento da Palavra de Deus e do anúncio do Evangelho. Sabemos que a Bíblia é o livro mais conhecido do mundo e que até mesmo crianças, muitas vezes, conhecem algum versículo ou algum trecho dessa Palavra Divina e cheia de Luz.
nhã, o dia do cristão, chamado fiel exatamente por crer na Palavra, alimenta-se dela seguindo o “menu” preparado pelo Pai a cada dia com o qual toda Igreja é chamada a se alimentar. Assim é a Liturgia diária: é matutina por natureza, porque contém e desperta a vocação de quem a lê. Então, por que não iniciar o dia meditando a Palavra e tendo precedência sobre todo o resto, sobre a minha agenda, sobre aquela fila de pensamentos que enchem a minha mente logo ao despertar, e que muitas vezes tem o poder de se tor na rem subit a mente preocupações.
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Entretanto, é triste pensar que em alg umas casas a Bíblia se torna apenas um adorno da sala de estar, aberta em algum salmo, às vezes um tanto empoeirada, aparentemente refletindo o coração de quem a esquece lá... um coração “empoeirado” e paralisado, não se permitindo ser limpo e movido por essa Palavra de amor e misericórdia que nos quer mostrar o caminho da verdadeira felicidade.
vem uma experiência de amor e obediência com a vontade de Deus, que se encontra nessas páginas santas. Mas, como podemos viver concretamente essa experiência? Como permitir que a Palavra de Deus dê sentido a minha vida cotidiana? Aproveitamos esse mês da Bíblia para refletir quatro dicas que podem ajudar muito a quem deseja viver unido a Santa Palavra:
Importa ressaltar, no entanto, que nem todos precisam ser exegetas da Palavra de Deus, pois estes estudiosos decifram historicamente em detalhes os significados velados na Bíblia, e para isso temos muitos sacerdotes, consagrados e leigos nesta missão de ajudar o povo de Deus no a prof u nd a mento at r avé s do a núncio. Mas precisa mos ser amantes da Palavra, fiéis que vi-
"Mas precisamos ser amantes da Palavra, fiéis que vivem uma experiência de amor e obediência com a vontade de Deus."
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1. A Palavra deve abrir o dia: é a meditação da Palavra que deveria abrir, logo pela ma-
2. É Deus que marca o encontro: ou seja, quando rezo com a Palavra de Deus não sou eu que cumpro uma obrigação, decidido a fazer uma coisa bonita, ou faço quando tenho vontade; quando um texto da Bíblia me agrada não sou eu quem escolho ou a abro ao acaso no momento livre, mas é o Verbo de Deus que me desperta de minha “sonolência”! (“...bondade minha! com tudo que tenho e resolver e fazer!”). 3. A Palavra deve ser fecundada pelos acontecimentos: isso só acontecerá se a jornada do crente e, portanto, a sua vida, a sua pessoa, os seus afetos, as suas relações, até os seus fracassos e desilusões, tudo, em suma, se tornar como o seio da Virgem Maria, que cada dia dá à luz a uma palavra sempre nova de Deus. Esta mesma Palavra, conservada e guardada, deverá concretamente, durante o dia, se tornar a raiz de todo gesto, afeto e desejo, de modo que todo ser e agir da pessoa encontre nela a própria fonte e força, como se estivesse plantado nela, exatamente como o ramo que está unido à videira (cf. Jo 15).
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4. A Palavra deve fechar o dia: chegando a noite, o encontro com aquela Palavra que iniciou o dia e que prosseguiu ao longo dele não cessa, mas ainda continua. Ou é aquela mesma Palavra que iniciou a jornada que agora a fecha. Porque no final do dia o crente tem diante de si não só a Palavra de Deus como também os acontecimentos do dia, os quais a Palavra mesmo realizou; portanto, uma leitura mais clara e compreensível, mais evidente no seu significado, mais bela para contemplar e, talvez, até mais inquietante.
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A partir de tudo isto, por que não começar hoje? Quem sabe pegando aquela bíblia cheia de poeira, limpando-a, lendo-a, meditando-a, rezando com ela, contemplando-a... Podemos assim, lentamente, também ir limpando as “poeiras” do nosso pobre coração...
Referências 1 cf. salmo 119; 2 “A vida no ritmo da Palavra”, R. Cantalamessa Legenda de Fotos 1 e 3- Templo Votivo, Campinas-SP; 2- Retiro de Leigos 2014, Rio de Janeiro-RJ; Fotografia 1 e 3 por Leonardo de Souza e 3 por Adora Comunicação.
ir. belem
filhos da pobreza do santíssimo sacramento
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Dupla Psicossocial – Serviço Especializado “Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo para o seu irmão.” São Francisco de Assis.
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o f inal dos anos 80 começaram novos movimentos de mudança na atuação prof issional, e adotou-se o lema do compromisso social como norteador da atuação psicológica. Desde então, várias ações foram realizadas pelos psicólogos e entidades da Psicologia brasileira no sentido da construção de práticas comprometidas com a sociedade. A inserção do psicólogo nas políticas públicas cresceu muito nos últimos dez anos. Essa atua ç ão foi a c omp a n h a d a p el a
constr ução, na Psicologia, do compromisso social, com a participação destes prof issionais de todo o pa ís. Hoje é muito comum nas entidades, ONGs e serviços públicos, a disponibilidade de um serviço psicossocal que é composto por um prof issional em assistência social e um da psicologia, ressaltando que o prof issional pode ser variado, dependendo da realidade de cada ser v iço, alg uns têm a demanda de um advogado, um enfermeiro, um psiquiatra, entre outros. Essa variação acon-
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tece de acordo com o público atendido em cada serviço.
"O grande segredo deste serviço é a construção de um sonho junto, entre os profissionais e o usuário."
Hoje, muitos ser v iços que trabalham com a população em situação de rua, o fazem com o padrão de assistente social, para buscar seus benefícios e orientá-los dia nte de seus direitos como cidadãos, além de um psicólogo, para uma conversa mais didática e agradável. Essa equipe técnica é coordenada por outro prof issional formado, que não necessariamente precisa ser da mesma área de atuação. A dupla at ua sempre em comun hão, a escuta qua lif icada é feita em c onj u nto e p o s t e r ior me nt e , diante de uma conversa sem o usu á r io, chega m em comu m acordo de como podem orientá-lo em suas necessidades. É importante ressaltar que o processo de construção do usuário é feito com ele de forma particular e mesmo que o profissional sugira uma possibilidade de melhoria para o mesmo, isso é proposto a ele diante de suas colocações cabendo a pessoa querer ou não aceitar a oferta.
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O grande segredo deste serviço é a construção de um sonho junto, entre os profissionais e o usuário. Aqui entra em jogo a realidade do profissional, que tenta levar para aquele que se encontra em situação de rua a verdade: ele não só pode como tem direito de sonhar. Dentro desta reconstrução de um sonho, se encontra o real sentido de uma nova busca e de uma nova organização de sua vida, assim ele encontra um real sentido para novas escolhas, dentre elas talvez apareça até mesmo o desejo de sair das ruas. Dentro da nossa realidade em Campinas, as nossas prof is-
sionais trabalham dentro do escr itór io de abordagem socia l para a população em situação de rua, onde fazem o atendimento individual de cada usuário ou do casal, quando juntos, e tentam atender suas demandas diversas (cadastro bolsa família, onde é feito o agendamento para eles irem ao local certo; busca ativa da família para aqueles que desejam voltar para os seus familiares ou cidade de origem; encaminhamento para acolhimento em abrigos ou para comun idades terapêut icas pa ra tratamento de dependência de substâncias psicoativas, enca-
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minhamento para saúde física, mental e bucal, entre outras realidades). Também há o desenvolvimento do trabalho da rua (abordagem social), onde durante as quintas-feiras no período d a t a rde, ju nt a mente com a equipe religiosa, as profissionais saem em busca de pessoas que estão em situação de rua buscando encontrar a melhor forma de ajudar aqueles que não conseguem vir até nós. O segredo de tudo isso se encontra no fato de ver o outro do jeito que ele é, um ser humano, um f ilho de Deus e então tudo tem um real sentido de ser.
Legenda das fotos 1 a 4- Casa de Apoio, Campinas-SP. Fotografias por Leonardo de Souza.
EQUIPE DE APOSTOLADO
CAMPINAS - SP
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Santa Clara e a Palavra de Deus “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós.” (Jo 1, 1-14)
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este mês da Bíblia vamos conhecer a relação que Santa Clara tinha com a Palavra de Deus e como ela foi presente em sua vida. Isabelle Prêtre diz, em seu livro “Clara de Assis ou a Alegria de Existir”, que “Clara dominava as Escritura de forma formidável, as fontes de seus escritos eram, sobretudo, os Santos Evangelhos, principalmente o de São Mateus, as Cartas Paulinas e o Cântico dos Cânticos. Clara tinha feito da Palavra de Deus seu alimento de cada dia, a ponto de elas surgirem de forma espontânea ao correr a pena sobre seus escritos. Clara não podia viver sem a Palavra de Deus.” “Por meio de devotos pregadores, cuidava de alimentar as filhas com a palavra de Deus e não ficava com a parte pior. Quando ouvia a santa pregação, ficava tão inundada de gozo e gostava tanto de recordar o seu Jesus” (LSC 37) Quando Santa Clara foi para São Damião, os beneditinos e os próprios frades eram responsáveis por ministrar os sacramentos para Clara e suas irmãs. Também precisamos considerar o momento histórico em que Santa Clara vivia para que entendamos a dimensão dessa intimidade com a Palavra de Deus. Na Idade Média o acesso a Sagrada Escritura era muito restrito, somente a Igreja, Sacerdotes, Religiosos, Religiosas e Nobres tinham acesso, esses últimos pela condição social, porque 16
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livros eram raríssimos nesta época, quase não existiam. Portanto, possuir um livro era algo incomum e caro. Outro fator da falta de acesso era que a Sagrada Escritura estava apenas em latim, língua que somente a Igreja e a classe nobre aprendiam, qualquer tradução em outra língua era considerada heresia pela Igreja. Como Santa Clara era de uma família nobre, teve uma educação muito boa, sabia falar e escrever muito bem em latim, dizem muitos tradutores que traduziram seus escritos em latim, era uma exímia escritora, tanto que em seus registros percebemos a intimidade e o conhecimento que ela tinha da Sagrada Escritura, em especial pelo Livro do Cântico dos Cânticos, em suas cartas a Santa Inês.
suas mentes e em seus corações. Atualmente, vivemos uma realidade totalmente contrária, temos
livre acesso a Sagrada Escritura traduzida em várias línguas, isso é uma grande graça para nós.
"Ela sabia ser filha do Pai, esposa de Jesus Cristo e se deixar ser fecundada pelo espírito Santo."
Diante dessa atual realidade, qual o nossa relação com a Sagrada Escritura? Qual a intimidade que temos com ela? Nós temos plena consciência dessa graça, em vista que ela nos revela tudo, é a grande herança que Deus deixou para nós, pois Ele, como nos diz o Evangelho de João, é a palavra que se fez Carne e habitou entre nós.
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“Arrasta-me atrás de ti! Corramos no odor dos teus bálsamos (Ct 1, 3), ó esposo celeste! Vou correr sem desfalecer, até me introduzires na tua adega (Ct 2, 4), até que tua esquerda esteja sob a minha cabeça, sua direita me abrace (Ct 2,6) toda feliz, e me dês o beijo mais feliz de tua boca (Ct 1, 1)” . (4 CtIn 30-33) Como vimos na edição passada, Santa Clara vinha de uma família nobre, sua mãe era muito devota, então desde pequena ela foi educada como uma dama. As damas nobres de sua época aprendiam a ler e escrever, inclusive em outras línguas como o latim, por exemplo, e além de tecer, bordar, pintar, conheciam e frequentavam a santa missa, a comunhão e a confissão, mesmo não tendo a Sagrada Escritura os fiéis a conheciam, pois a guardavam em Legenda de Fotos 1- Santa Clara de Assis, por Carlo Crivelli. Obra localizada na Igreja de Santa Lúcia, Montefiore dell'Aso. 2- Meditação de Santa Clara, por Léon François Bénouville em 1854.
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IR. VERÔNICA
FILHAS DA POBREZA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
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omos gratos a divina providência que mantém essa obra. Você, benfeitor, é mão de Deus Sestendida. Sua ajuda é muito importante! Que Deus lhe abençoe!
Seja um benfeitor mensal.
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