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Revista de

AssiS

FORMAÇÃO COMO CONFIAR EM DEUS?

ATUALIDADE

SAIBA A IMPORTÂNCIA DA FIGURA PATERNA NO SEIO FAMILIAR

A ERA DESUMANA

Um surto nacional de violência contra os moradores de rua mostra que a população brasileira perde cada vez mais o senso de cidadania, ou melhor, de humanidade!


ÍNDICE

mados irmãos, amigos e toda “Família Toca de Assis”, com grande alegria pascal vos saúdo neste mês tão belo, conhecido comumente como mês das flores, mês das noivas, mas se torna muito mais belo, principalmente, por ser o mês em que a Igreja dedica àquela que se entregou totalmente, sem reservas, incondicionalmente à vontade do Pai, trazendo o Filho em seu ventre imaculado, estando e convivendo com Ele até a consumação de sua vida terrena por sua morte na Cruz. É um mês em que devemos prestar atenção à Sagrada Família para aprendermos a ser família segundo a vontade de Deus, num mundo que nos oferece tantos contra-valores. O primeiro dia do mês já é dedicado a São José operário: homem justo, fiel, temente a Deus e que bem soube cumprir sua missão de homem, como esposo virtuoso, “pai” amoroso, trabalhador exemplar... No dia 13, saudamos a Virgem de Fátima, que nos convida à conversão e reparação ao Coração de Deus ainda hoje tão ofendido. Comemoramos, neste mesmo dia, os 18 anos de nossa querida Fraternidade Toca de Assis, louvando a Deus por tudo o que nos permitiu viver até aqui e renovando nossa inteira consagração ao Imaculado Coração da Santíssima Virgem. Liturgicamente, no dia 20 de maio, comemoramos a Solenidade da Ascensão do Senhor ao Céu: - “Depois de sua Paixão, Jesus se mostrou VIVO a eles” (Atos 1, 1-11), dando-lhes naquele tempo e dando-nos hoje uma missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa- Nova”. Sejamos portadores desta Boa- Nova, pois nosso Deus VIVE! No mês de maio também se celebra algumas datas fixas mais conhecidas. No dia 22, temos Santa Rita, dia 24- Nossa Senhora Auxiliadora, dia 31- Visitação de Nossa Senhora. Encerrando o belo Tempo Pascal, com a Solenidade de Pentecostes (dia 27), somos chamados, como filhos amados de Deus, herdeiros da vida em Cristo, conduzidos pelo Espírito Santo, a reavivarmos as promessas batismais e a viver na Paz que só Ele pode nos dar! Seja um mês muito abençoado, na presença e intercessão de Nossa Senhora, brotando em vossos lares e em vossos corações muita alegria e harmonia cristã! Em comunhão com toda Igreja, unidos a Ela em oração como no Cenáculo, ousamos dizer: “Faça-se em mim a tua vontade!” Abraço fraterno a todos, Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz, Fpss.

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TOCA EM PALAVRAS

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TOCA EM RETALHOS

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ARTIGO ESPECIAL

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TOCA E QUALIDADE DE VIDA

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TOCA NA ATUALIDADE

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Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 0219254/0001-87 www.tocadeassis.org.br

TOCARTE

Central São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 benfeitoria@tocadeassis.org.br

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SAV- Serviço de Animação Vocavional vocacionalmasc@tocadeassis.org.br vocacionalfem@tocadeassis.org.br

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Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Gabriel do verbo de Deus Vice: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz

TOCA LOJA

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EDITORIAL

Maio/ 2012

EXPEDIENTE Departamento de Captação de recursos: Cláudia Moraes, Gabriela Saldanha, Fernando Zanin, Leonardo Souza, Maria do Carmo Pereira. Editor chefe: Ir. Tarcísio de Jesus Jornalista: Gabriela Saldanha Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Gabriela Saldanha Revisão ortográfica: Luciana Marcolino Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Dom Eurico Veloso; Rômulo Argento; Ir. Maria Ângela; Ir. Samuel, Ir. Luiz José; Márcia M. P. de Lima; Dom Aloísio R. Oppermann; Ir. Tarcísio e Jânio Garcia.


Fotos: Stock.XCHNG

TOCA PARA A IGREJA Mensagem para as mães

"Só há uma coisa no mundo mais bela que a mulher: a mãe!" L. Schefer

A Santíssima Virgem Maria é a Rainha de todas as mães. Desde toda a eternidade, o Senhor Deus Onipotente, através de um projeto eterno de salvação, elegeu a Virgem Bendita do Evangelho para ser a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo – o Verbo Encarnado. Tornou-se, por isto, realmente, Mãe de Deus, Mãe da Divina Graça e Mãe Espiritual de todas as mães. Tornou-se ao mesmo tempo, modelo perfeito para todas as nossas mães, que são as rainhas de todos os lares. Para as mães que já faleceram, como a minha querida mamãe (que me ensinou os rudimentos da fé, o amor a Trindade), e a devoção para com Maria, quero elevar uma oração de ação de graças e dizer ‘muito obrigado’ pela graça da Maternidade. A maternidade é bênção do amor de nossos pais, que nos deram o dom excelso da vida. A todas as mães que, por graça de Deus, vivem, quero beijar as suas mãos e dizer: muito obrigado pela sua vida e que Deus abençoe a sua missão, a sua vida e a de sua família. Ao desejar-lhes parabéns, quero conclamar todas as mães a continuarem sendo as primeiras catequistas de seus filhos, dando no lar e no trabalho, o exemplo cristão de discípulas-missionárias do Redentor. Feliz mês das mães! Dom Euríco Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora/MG

Nossa Senhora de Fátima

MÃE DA IGREJA

Santíssima Virgem, que nos montes de Fátima vos dignaste revelar aos Três Pastorinhos os tesouros das graças que podemos alcançar, rezando o santo rosário, ajudai-nos a apreciar sempre mais esta santa oração, a fim de que, meditando os mistérios da nossa redenção, alcancemos as graças que insistentemente vos pedimos (pedir a graça). Ó meu bom Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós. Em 13 de maio a Igreja celebra o dia de Nossa Senhora de Fátima! Maio/ 2012

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Foto: Stock.XCHNG

FORMAÇÃO

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Confiança em Deus

abe aquele olhar confiante, de uma sobrancelha levantada com um sorriso de canto no rosto, que geralmente os atletas mais preparados dramatizam ao perceberem que o desafio a sua frente é muito menor do que haviam esperado e por isso têm motivos de comemorar ainda antes de ter começado o circuito? Ou aquele sorriso tranquilo que um aluno dá ao terminar de ler as questões do exame para o qual tinha se preparado com tanto afinco? Tais atitudes externas revelam um interior cheio de confiança. A confiança do cristão, se não chegou ainda ao patamar dos santos, deve ao me-

nos estar em um processo de constante crescimento. Uma confiança que seja forte e integra. É a confiança plena que afasta o vão temor da vida, que faz os homens desvencilharem-se de si mesmos, da visão de suas fraquezas e olhar para os desafios como momentos para exercitarem as virtudes alcançadas por amor a Deus. A confiança do cristão, se não estiver no auge do conceito ao ponto de caminhar sem medo algum, deve ao menos estar em via de crescimento. Como fazê-la crescer? A confiança em Deus precisa ser alimentada pela oração a fim de alcançar sua plenitude.

Foto: Blog menina dos olhos de Deus

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Confiança de Judite

o Antigo Testamento, temos o exemplo da viúva Judite, que não se cansava de fiar-se somente em Deus, desde suas primeiras palavras corajosamente dirigidas aos conselheiros da cidade que, por temerem os inimigos, haviam decidido entregar a cidade aos assírios (Jt8,11ss). Até a oração confiante que dirigia ao Deus dos humildes para que por Seu intermédio, viesse a derrotar Holofernes, general do exército assírio. A prece e a confiança de Judite impressionam por sua audácia e pelo zelo E se quiser fazer crescer com que mantinha suas obrigações reesse dom, terá de rezar ligiosas diariamente, mesmo em meio como Judite, na fidelidade ao tormentoso momento em que se via humilde, na oração alojada no acampamento inimigo. continua. A prece de Judite é tão bela que seria um desperdício não aproveitar esse texto para meditarmos uns trechos: “Tu projetas o presente e o futuro, o que tu desejas acontece; teus projetos se apresentam e dizem: ‘ Aqui estamos’. Pois todos os teus caminhos estão preparados, e teus desígnios são previstos de antemão. (...) Teu poder não está no número, nem Teu império nos guerreiros; És Deus dos humildes, socorro dos pequenos, protetor dos fracos, defensor dos desanimados, salvador dos desesperados.” (Jt9,5-6,11). Tais palavras tão sinceras e confiantes, dirigidas com autoridade de quem está totalmente entregue, têm até hoje o poder de constranger todas as orações desanimadas e desesperançadas que costumamos balbuciar nos momentos de dor. A conclusão vitoriosa da his4

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A confiança em Deus é o dom que faz o homem olhar para os desafios da vida da maneira que descrevemos, que o faz saber que o desafio que vier a encontrar é bem menor do que a esperança que o impulsiona.

tória de Judite é evidente, e, por isso, não vou descrevê-la aqui. Fica o convite para que abra a sua Bíblia e descubra o poder da confiança desta mulher, que valeu mais que um exército inteiro em defesa dos projetos de Deus. Cabe evidenciar que precisamos urgentemente nos educar para a confiança. Como cristãos, temos que fazer valer a palavra que diz: “Por isso, não andeis preocupados, dizendo: Que iremos comer? Ou, que iremos beber?... Vosso Pai celeste sabe que tendes necessidade de todas essas coisas. Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6,31-33). Você confia em Deus com todo o seu ser? Só poderá responder a essa pergunta com a atitude que terá diante das provações da vida. E, se quiser fazer crescer esse dom, terá de rezar como Judite, na fidelidade humilde, na oração contínua. É o abandono nas mãos da Providência do Pai do Céu que liberta da preocupação com o amanhã (cf. Mt 6,25-34). Rômulo ArgentoSeminarista da Arquidiocese do Rio de Janeiro


TOCA EM PALAVRAS

Viver a aliança do seu batismo numa forma radical de vida A Vida Consagrada teve origem desde os primeiros séculos da Igreja, onde homens e mulheres querendo viver de forma mais radical a sua fé, “fugiram” para o deserto buscando aí uma maior intimidade com Deus, através da vida de oração e penitência, buscando viver seu batismo na radicalidade. Então, a primeira motivação para a vida consagrada foi um “fugir do mundo”. Com o tempo, estes mesmos foram percebendo a necessidade de irem à missão, levando aos irmãos que estão no mundo, esse mesmo ideal da radicalidade do batismo. Tanto a vida religiosa vivida no seu início pelos padres do deserto, as primeiras comunidades religiosas, sejam as mais antigas fundações ou as novas congregações e institutos religiosos (como é o nosso caso), possuem um mesmo ideal: viver a aliança do seu batismo numa forma radical de vida. É viver de amor e para o Amor. É “amar a Deus de todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força”. (Dt 6, 5). É amar a Deus de uma forma radical. E, como consequência desse amor, amar o próximo radicalmente, vivendo, assim, os dois maiores mandamentos. (Mc 12, 3031). Essa é a essência do batismo. É o que nos faz assumir a condição divina, fomos criados à imagem e semelhança de Deus. “A vocação do homem é realmente uma só, a vocação divina”. Gaudium Et Spes n. 22. Essa é a vocação de todo batizado, seja ele chamado ao matrimônio ou ao celibato. Mas, aquele que teve um chamado especial a uma consagração total a Deus, deve respondê-lo, buscando uma maior configuração com Cristo, como nos ensina a santa Igreja. “O sentido da vocação à vida consagrada é uma iniciativa total do Pai (cf. Jo 15,16-17), que requer daqueles que escolhe uma

resposta de dedicação plena e exclusiva” (cf. Vita Consecrata. 17). A vida consagrada tem sentido nos ensinamentos e exemplos de Nosso Senhor Jesus Cristo. É um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito Santo. Mesmo “não pertencendo à estrutura hierárquica da Igreja, contudo está firmemente relacionada com a sua vida e santidade.”(cf. CIC. 914). Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus Virgem, Pobre e Obediente, adquirem, assim, uma típica e permanente visibilidade no meio do mundo. O olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus. (cf.

“Seu hábito pobre indicava onde ajuntava suas riquezas.”

Vita Consecrata.1)

Como sinal visível dessa consagração religiosa e em testemunho de pobreza (cf. CDC cân. 669), as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento usam o hábito religioso. Ele é longo e de cor marrom (lembrando a cor da terra e a simplicidade evangélica vivida por são Francisco de Assis), com cordão na cintura com três nós (lembrando que devemos ter os rins cingidos pelos votos evangélicos de pobreza, castidade e obediência). Usam a cruz de madeira no pescoço que está gravado o nosso emblema (o qual expressa a nossa espiritualidade, mostra que nascemos do Coração de Jesus Sacramentado e, alimentadas por Ele, queremos nos configurar à sua pobreza Eucarística), e véu marrom escuro (sinal do nosso esponsalício - escondida do mundo para ser vista somente por Deus). “Seu hábito pobre indicava onde ajuntava suas riquezas.” II Cel 55,9.

Ir. Maria Ângela de Maria Virgem Missão de Cotia/SP

LITURGIA Alegria Pascal Lendo os Evangelhos, constatamos que Jesus, após a sua ressurreição, apareceu diversas vezes e em diversas ocasiões a muitas pessoas, demonstrando, assim, seu imenso amor para com elas e para conosco. Cumpriu o que havia prometido. O número de vezes em que Cristo ressuscitado apareceu, contudo, e a quem apareceu, não é essencial para crermos e aceitarmos a sua ressurreição. Crer que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e que também nós ressuscitaremos com Ele, é exigência fundamental para a nossa vida cristã e para a nossa fé (cf. Cor 15, 14). A celebração da Páscoa é ocasião favorável para fortalecer a nossa fé na ressurreição do Senhor Jesus, acreditando naqueles que O viram ressuscitado (cf. Mc 16, 14). Já não há mais lágrimas de luto e de separação. Agora é tempo pascal, é tempo de viver a alegria, desfrutando ao máximo a presença viva do Ressuscitado. Lembramos que este tempo é um período do Ano litúrgico que segue 50 dias depois do Domingo de Páscoa.

*Regras da Sagrada Liturgia . Usa-se o branco nas missas

próprias desse tempo litúrgico;

. É muito comum usar a palavra Aleluia no fim de antífonas;

. Usa-se o Círio Pascal em todas as missas desse tempo litúrgico; .

Fala-se de ressurreição e de vida eterna, além do Batismo;

.

Canta-se o Glória todos os dias;

. É um tempo liturgico que não exige penitências, nem jejuns, nem abstinências; ficando, porém, a escolha de cada um. Maio/ 2012

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Fonte: Shalom e Wikipédia


ORAÇÃO "Regina Coeli"

(oração do meio dia no Tempo Pascal)

V. Rainha do Céu, alegrai-vos, Aleluia! R. Porque Aquele que merecestes trazer em Vosso ventre, Aleluia! V. Ressuscitou como disse, Aleluia! R. Rogai por nós a Deus, Aleluia! V. Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, Aleluia! R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia! Oremos. Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, a graça de alcançarmos pela protecção da Virgem Maria, Sua Mãe, a glória da vida eterna. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Maio/ 2012 Amém. 6

CORAÇÃO DA TOCA “...deixar-me guiar nos caminhos que Deus desejou pra mim...” Paz e Bem! Sou Irmão Luiz José, fui criado em um pequeno município de Caieiras, interior de São Paulo. Ali, aos meus dezesseis anos, tive um profundo encontro com Jesus Sacramentado em um grupo de jovens; um encontro que foi marcado no mais profundo do meu coração, que me apaixonou tanto, que me fez ir ao encontrou do meu Amado. A partir dos meus três anos de idade, comecei a sofrer de uma doença muito sé- daram bastante em minha caminhada e no ria, que me levou a profundos tratamentos desenvolvimento do meu chamado. em hospitais.Mesmo na dor, prossegui na Nas pastorais de rua, vivia a perfeita missão para a qual o Senhor me chamou, alegria (mesmo nas dores e na solidão). pois minha mãe já havia me consagrado Quando me desanimava, eram eles que em seu ventre. me animavam. Quando num certo dia, eu Sentia em meu coração um amor incan- estava tão triste porque estava longe de descente que me persuadia a perseverar meus pais, já decidido a voltar para casa, vi cada vez mais, num desejo de buscá-Lo um irmãozinho de rua que olhou para os em todo tempo e lugar. Onde eu sabia que meus olhos e me incentivou a não desaniEle lá estava (como nos grupos e pasto- mar. Era como se o meu Senhor dissesse: rais da minha comunidade). Aspirava vê- “Eu preciso de você! Coragem!”. Isso me deu -Lo nas adorações como um fogo em meu um novo ânimo em minha caminhada, em coração que não se apagava e nem se con- busca da vida consagrada. Continuava a sumia. Reservei a minha vida só para Ele. servir por onde passava, entre tantos luCostumava ir, às vezes, à Canção Nova gares e missões que o Senhor me enviava, e assistir às pregações do Padre Roberto, cada dia mais próximo dos meus irmãoobservando o seu trabalho com os pobres zinhos, pois eles sempre despertaram em de rua quando passava na televisão. Esse mim uma vida nova em Cristo, que examor que o Padre Roberto dedicava a perimento cada dia mais. Hoje moro na eles, fazia-me lembrar muito de Jesus. Vi o missão de Londrina, Paraná, que suporta quanto os pobres de rua sofrem nas calça- vinte irmãos. Em nossa casa tem alguns das, nas praças, nas pontes e eram, muitas que precisam de uma atenção maior, mas vezes, humilhados pelos homens. Come- sempre ajudando o Jesus que sofre, sou cei a discernir o que o Senhor realmente ajudado por eles. queria de mim. Em um dia de adoração, o Sou muito feliz com a vida na qual deSenhor me colocava no coração uma frase cidi levar. Caminho cada dia em busca de que resumia tudo: “A dor do meu irmão que sempre estar a serviço dos meus irmãos, sofre me lembra a do meu Jesus.” que ali estão.Uma frase que marcou meu Disse: Basta! É isso que eu quero! E, coração em um dos meus retiros foi: “Um como São Francisco perguntou ao Se- coração adorador nunca volta atrás”. Nisso está nhor: “O que queres que eu faça?”, obedeci o sentido de uma vida de adoração: “Iràa Sua voz que disse: “Vai e reconstrói a mãos, não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, Minha Igreja”. Iniciei a minha vocação em mas uma coisa eu faço: esquecendo-me do alvo que 2003, na missão de Betim, Minas Gerais, fica para trás e avançando para o que está adianonde tive muitas experiências do que é, re- te, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação, almente, uma vida religiosa. O que é dar do alto, que vem de Deus em Jesus Cristo.” (Fl. sem receber. Perder tudo só para Ele, e, 3, 13-15) por Ele, morrer de amor. Aproximava-me Testemunho do Irmão Luiz José, mais dos pobres da casa os quais, me ajuda Missão de Londrina/PR


Dignidade recuperada TOCA EM RETALHOS

Meu nome é Jovaldo dos Santos, sou natural de Quintana, São Paulo. Venho manifestar minha alegria em ser acolhido na Toca de Assis no mês de abril de 2008. Antes de chegar à Toca, eu era casado. Separei-me de minha mulher e fui morar nas ruas da cidade de Marília. Passei por momentos muitos difíceis e bebia muito. Fui me entregando a uma rotina de vida sem banho, sem me alimentar... Tal como é a vida na rua. Passei várias datas especiais nas ruas (Dia dos Pais, Dia das Mães, Natal) longe da minha família. Estava cego diante do poder de Deus, e, cada vez mais, me ausentando da sociedade. Acomodei-me na rua, sem sentido de viver. Dormia na antiga estação rodoviária de Marília. Em um dia chuvoso, passou perto de mim um senhor maltrapilho que me disse que a rua não era o meu lugar. Então, comecei a chorar... Pensei que estava louco, tendo algumas alucinações. Depois daquele dia, algo novo estava acontecendo comigo! Hoje, percebo que era Deus que estava junto de mim. Em uma das noites na rua, chegou para mim um “toqueiro” que me convidou para ir à Toca de Assis. No outro dia, eu fui até lá. Estava muito fraco e os irmãos da Toca me acolheram na casa. Logo comecei a ajudar na casa (na parte elétrica). A partir daquele dia, fui vendo minha vida ser transformada por meio das orações! Como eu tenho boas condições físicas, acabei ajudando a cuidar dos outros acolhidos. Por causa do vicio do álcool, tive uma recaída e voltei ,então, para a rua. Os irmãos foram ao meu encontro para que eu voltasse novamente para a Toca de Assis. Depois desta recaída, continuei minha caminhada com o apoio dos irmãos que me acolheram novamente. Eles me deram, toda a condição, ajuda e auxílio necessários. Saí da Toca de Marília e fui para a Toca de Londrina no ano de 2009. Em Londrina, continuei a minha caminhada, ajudando na casa e vencendo, pela graça de Deus, os vícios. Com a ajuda dos irmãos, consegui um emprego. Continuei morando na casa, mas trabalhando fora.

Através da Toca, descobri que a fraternidade e a bondade não são para serem ditas, mas vividas para com o próximo. Hoje, quando tudo parece não dar certo, clamo por Deus. E Ele me ajuda. No mês de dezembro de 2011, dei um passo em minha vida: adquiri minha casa e passei a morar sozinho. Mas, sou muito grato a Deus pelo tempo que vivi na Toca, pelos irmãos que me ajudaram a ser gente novamente e me entregando a Deus. Pela graça de Deus, venci os vícios, tive minha dignidade recuperada e, hoje, sou muito feliz! Descobri o que é amar sem receber nada em troca. Descobri que, sem Deus, não sou nada. Graças à Toca de Assis, que me ajudou em meu fortalecimento espiritual, voltei à sociedade. E, continuarei a me encontrar com Deus de uma forma definitiva, pedindo a Ele a graça de continuar no caminho no qual me encontro atualmente. Agradeço a Deus pela Toca, que me ajudou, acolheu e me incentivou a ser mais de Deus. A chegar onde cheguei. Posso resumir a Toca de Assis em três palavras: HUMILDADE, FRATERNIDADE E ENTREGA ( a DEUS). Obrigado, Toca de Assis! Obrigado, Deus. CREIO QUE A TOCA DE ASSIS SEMPRE SERÁ MINHA CASA. AGRADEÇO A TODOS, DE CORAÇÃO. Testemunho do acolhido Jovaldo dos Santos

Casa de formação de aspirantado Recanto do Sagrado Coração de Jesus

TOCA EM AÇÃO

Neste mês de maio, queremos compartilhar com você, leitor, a nossa gratidão a Jesus Sacramentado por nossa casa de formação de aspirantado em Londrina, Paraná. Gratidão pelos irmãos professos que moram conosco, que disseram ‘Sim’ ao chamado do Senhor, consumindo suas vidas a serviço do Evangelho. Gratidão pelos aspirantes, que estão no período inicial de formação à vida consagrada, que a cada dia vão descobrindo a beleza da vida consagrada e seus desafios, deixando-se plasmar pelo Espírito Santo. Gratidão pelos acolhidos que moram conosco que a cada dia têm sua dignidade recuperada, reconquistando o espaço na sociedade. Gratidão pelos leigos (as) que dedicam seu tempo a serviço de Deus, por meio deste santo carisma a nós confiado.Gratidão pela igreja, em particular a de Londrina, que nos acolhe como filhos e nos apoiam, acreditando na autenticidade do nosso carisma. Gratidão pelas Filhas da Pobreza que são nossas irmãs no carisma. Enfim, gratidão por Sua imensa misericórdia, que nos dá a oportunidade de encontrar refúgio seguro em Seu Sagrado Coração que é manso e humilde.“Gratidão, Senhor, por Teu corpo e por Teu sangue, pois eles me farão ir até o fim”. Maio/ 2012

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ARTIGO ESPECIAL

A “miséria” humana Gabriela Saldanha

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Como é bom, depois de um dia de trabalho, poder ir para casa, tomar um assassinatos foram banho, jantar, descansar... Mas, como é que deve ser não ter para onde ir? Qual contabilizados, de março do é a real sensação do frio que vara a madrugada e só se acaba com o raiar do ano passado até agora, de dia? O que é sentir fome e não saber que a boca será invadida por um alimento acordo com os dados do Centro que sacie o estômago? Nacional de Defesa dos Direitos Essa vida de incerteza é aquela vivida pelos pobres em situação de rua. Eu (e Humanos da População em acredito que muitos também) posso dizer que não tenho ideia do que é viver Situação de Rua e dos catadores assim! Com pouco mais de duas décadas de existência, digo que meus pais de Material reciclável (CNDDH). criaram a mim e minha irmã (sete anos mais nova que eu) com simplicidade, porém com certo conforto, e sou muito grata a Deus por isso. Como ratos, os pobres “surgem” aos montes ao lado das sarjetas e bueiros da cidade. E, por muitas vezes, eu os renego, repudio, sinto medo. Sim! São sentimentos desprezíveis, que tentam se justificar pela sociedade em que vivo, onde o individualismo reina absoluto e olhar para o lado é colocar-se à mercê do perigo que pode vir de qualquer rumo, ainda mais do caminho daqueles que não têm nada a perder. Eles acreditam já ter perdido tudo. Nem a dignidade humana os resta. Sentados na calçada, enxergam somente altos olhos que os ignoram, passos rápidos que os repelem, vidros que parecem crescer nas portas dos carros... De vez em quando uma moeda no chapéu, mas só! É de miséria que se vive! Você pode se perguntar como é que alguém se sujeita a isso?! Por que raios não procuram a família ou um emprego? Agora eu te pergunto: quem dá essa chance a eles? Enfim, são múltiplos os motivos e razões que os fizeram chegar a tal situação, mas a questão hoje aqui não é essa... Mais uma vez eu me encontro indignada, e por que não, com raiva do comportamento escroto que muitos de nós temos para com essas pessoas. Como se já não bastasse o desprezo e o olhar acusador, um surto nacional de violência contra os moradores de rua tem se tornado apenas mais uma notícia sem importância nos meios de comunicação. O preconceito não nos deixa enxergar que ali na calçada vive pessoas, seres humanos, iguais a mim e a você, e que estão sendo brutalmente violentados e mortos a troco de nada! As agressões assumem várias formas: são cuspes na face pedradas, pauladas, chutes, facadas... Muitos morrem à bala ou (da maneira mais covarde e desumana possível) são queimados vivos! CRISTO SANTO! Como é possível que isso exista no mundo?! E pior, como é que ignoramos esses fatos horríveis? É claro que eu não apoio nenhum tipo de violência contra nenhum ser vivo, mas sabe o que mais me deixa revoltada?! É que enquanto homens e mulheres morrem nas ruas, a indignação e pronta defesa da população ficam estagnadas no limite dos cachorrinhos maltratados! Realmente foi um absurdo, e todos hão de se lembrar, o caso da enfermeira Camila Corrêa dos Santos que torturou e matou o próprio cão da raça Yorkshire. Ao ver o vídeo divulgado, nem mesmo sei descrever o que senti, de tão chocante que foi essa crueldade. O Catecismo da Igreja Católica (2415 a 2418) nos ensina que os animais são dons de Deus. São criaturas benditas, e mesmo não possuindo alma imortal, temos a obrigação de tratá-los com respeito e carinho, já Nós, Igreja, temos que que eles têm sentimentos e sentem dor. É pecado “fazer os animais sofrerem inutilmente ser essa presença e desperdiçar suas vidas!”. Eis o ponto crítico para avaliarmos juntos nossa postura. solidária, alguém que pare, Como o próprio CIC diz: “é pecado maltratar um animal”. E um ser humano? olhe, escute, dê atenção. Esquecemos o valor que um homem e uma mulher possuem! A questão aqui vai muito além de personalidade, religião, modo de vida... Estamos falando da imagem e Vamos caminhar com eles, semelhança de Deus. Nós (humanidade) valemos o Sangue de Cristo, e esse preço, como filhos e filhas de Deus e meu amigo(a), só Deus mesmo para pagar! Algo tão valioso assim não pode, inde- como cidadãos e cidadãs que Dom Guilherme Werland são” . pendente da classe social, ser simplesmente banalizado como lixo!

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB


Foto: Alderon Costa

Foto: Stock.XCHNG

Não me considero herói, mas faria tudo novamente se preciso fosse”.

Vamos comemorar dia 13 de maio é nosso aniversário Neste mês, em que toda a Toca faz 18 anos, lembramos todos aqueles, que de uma forma ou de outra, fazem parte desta Fraternidade. Manifestamos aqui nossa gratidão, nosso carinho e amizade primeiramente a nosso Deus Sacramentado, por todos os religiosos e religiosas, leigos e leigas, e em especial, por aqueles a quem amamos tanto: aos pobres! Que continuemos a encontrar Jesus no pobre em situação de rua, e que nunca nos esqueçamos de que nosso Deus é o Deus dos humildes!

Exemplo!

Este jovem retratato acima é um exemplo de cidadão! Com apenas 21 anos de idade, Vítor Suarez Cunha foi espancado por cinco homens ao defender um morador de rua no dia 2 de fevereiro deste ano. O fato aconteceu na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro. Sem pensar nas consequencias, o estudante tentou impedir o ato de vandalismo pacificamente: “Fui lá apenas para conversar. Convencer os agressores a pararem com o que estavam fazendo. Faria tudo de novo hoje, amanhã”, disse ele. Após diagnosticadas muitas fraturas na face além do resto do corpo, Vitor passou por cirurgia em que recebeu oito placas de titânio, 63 parafusos e três membranas protetoras, além de enxerto ósseo, depois de levar vários chutes na cabeça e ter múltiplas fraturas no rosto. A mãe da vítima, a assistente social Regina Fusco Suarez, disse que a ação foi um atentado contra o filho e classifica o ato como tentativa de assassinato. “Isso só pode ser tentativa de assassinato, o meu apelo é para não haver impunidade. Sou assistente social, sempre ensinei para meus filhos que um morador de rua não faz parte da paisagem, que qualquer pessoa tem sua dignidade.”

Foram consultadas as páginas dos sites: UOL, O Globo, Terra, Rádio Vaticano e em.com.br;


TOCA E QUALIDADE DE VIDA

Vida ensolarada! T

em dia que a gente acorda, olha ao redor e dá uma vontade imensa de deitar novamente, mas de um jeito muito especial, num colo maternal, cheio de amor, atenção e com aquele calor que recebemos quando a nossa mãe nos acalentava. Como também, naquele dia de muito trabalho que, ao voltarmos para casa, vem a vontade de deitar num colo que nos dá uma escuta que só uma mãe é capaz de ouvir.Assim, neste corre-corre diário, trabalhando em busca de sustento material, sentimos uma vontade imensa de compartilhar nossas conquistas ou derrotas com alguém muito especial chamado Mãe. Abrace sua mãe, fale da sua gratidão por ter gestado a sua vida, caso você tenha alguma dificuldade emocional para este ato, aproveite maio, o Dia das Mães. E, quem sabe, passe a usar este abraço gostoso novamente lembrando-se que mãe, às vezes, não consegue corresponder a todas as expectativas de vida do seu filho, pois ela tem a sua limitação humana.Agora, se realmente não puder abraçar devido algum tipo de falta física, vai uma dica: coloque vários travesseiros e se aconchegue neles imaginando o abraço de sua mãe. Aproveite e sinta-se como que sendo abraçado 10

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(a) por Maria, mãe de Jesus. Ela que olha por todos os seus filhos. Peça ajuda a Maria, ela, com certeza, está sempre olhando por todos nós na imensidão do seu amor como mãe dedicada e amada. Ser filho e ser mãe dá trabalho. Viver também dá trabalho e requer esforço e disciplina, pois tudo na vida tem seu valor. Basta você descobrir o quanto deseja dedicar do seu dia-a-dia para compartilhar o seu amor.Vamos aproveitar o mês de maio para analisar o quanto de esforço queremos despender para sermos mais amáveis e carinhosos, e, assim, rever a nossa comunicação com as pessoas ao nosso redor. Também, pudera, em maio iniciamos o mês com o feriado do Dia do Trabalho. Depois, com o Dia das Mães. No dia 15, comemora-se o Dia Internacional da Família, que é o espaço que necessitamos para compartilharmos momentos de afetividade, calor humano, harmonia, amor, carinho, sentimentos que precisamos para seremos felizes.Mas, em maio, também comemoramos, no dia 03, o Dia Internacional do Sol. Sendo o sol a estrela central do nosso sistema planetário, fazemos disso o milagre da Vida que se renova a cada despertar de um novo dia. E seguem as comemorações de maio...

No dia 05, temos o Dia das Ccomunicações. E, e no dia 13, comemoramos a Lei Áurea (que possuía apenas dois artigos). Essa lei previu a libertação dos escravos em território brasileiro e a revogação de qualquer lei que fosse contrária a essa medida.Dessa forma, que maio seja um mês repleto de celebrações. Começando pelo o trabalho, veja se você trabalha com prazer. Encontre o sol da sua vida! Traga a segurança pelo afeto maternal! Valorize sua família! E, quem sabe, dedique um tempo para rever sua comunicação na liberação de alguma situação da qual você se tornou escravo da dor. Apesar de a vida ser simples, o importante é reconhecer que podemos mudar, a cada dia, a nossa forma de ver e de se relacionar com o mundo. Celebre maio com muito afeto e gratidão ccomo a música Roda Viva de Chico Buarque: “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu. A gente quer ter voz ativa no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá... Roda mundo, roda gigante, oda moinho, roda pião, O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração...”. Siga em paz! Márcia Maria Pala de Lima Assistente Social


Fotos: Stock.XCHNG

O sexo ausente

TOCA NA ATUALIDADE

A convivência humana contém muitas zonas de fricção, que dão a impressão de incompletude ou até de haver um erro grosseiro a ser corrigido. Hoje, refiro-me à menor comunidade humana, onde as pessoas estão muito próximas: a família. A era moderna aperfeiçoou conceitos de séculos passados. E esse novo modo de pensar, entre avanços e recuos, refletiu primeiro sobre a criança. Ao contemplar os bebês, o salmista exclama: “Tu os fizeste um pouco menor que um deus” (Sl 8, 6). A pedagogia fez progressos notáveis, melhorando a compreensão desse ser em formação (e não o homúnculo de séculos anteriores). A nova maneira de entender essa criatura que desabrocha ficou muito bem expressa no Estatuto da Criança e do Adolescente. como mulher. Houve melhorias, sem deixar Entrementes, veio uma longa temporada A de ter havido, também, alguns recuos de para entender com mais perfeição esse elo paternidade corte materialista, que trouxeram prejuífundamental que é a mulher. O feminisdá um toque de autoridade e um zos para a família. mo, bem entendido, foi origem de grandesafio para alargar Ainda não chegamos ao varão. O masdes progressos, que fez entender melhor os horizontes na culino está na pior, e o silêncio sobre ele é os segredos que o Criador escondeu nos direção do um fracasso. Seu prestígio está lamentável. refolhos dessa grande alma. Hoje, ela é mundo. Tudo o que de negativo se pode imaginar, entendida não só como mãe, mas também lhe é atribuído: opressor, quer ser servido, não se responsabiliza, dispensável... Esquecê-lo é um erro ciclópico. Na lógica da família, ele é importante para dar equilíbrio e segurança. Diante dos filhos ele não é um simples amigo. Ele é pai. A paternidade dá um toque de autoridade e um desafio para alargar os horizontes na direção do mundo. Sem a presença paterna a família se vê aterrorizada diante do mundo ameaçador. Ele rompe o aconchego da intimidade familiar, para mostrar que o mundo é maior do que o círculo afetivo da comunidade primordial. Hoje, vemos que os assaltos, os roubos, os assassinatos e invasões de domicílio aumentam em proporção geométrica. Isso acontece, com certeza, porque falta religião. Mas, sobretudo, porque essas levas de malfeitores não tiveram um pai, que lhes ensinassem os limites que a vida impõe. Não tiveram alguém que representasse a lei, a reta ordem e a segurança. Dom Aloísio Roque Oppermann SCJ Arcebispo de Uberaba/MG Maio/ 2012

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TOCARTE

C

Minha dica cultural para esse mês é a reinvenção de um clássico. “Alice no país das maravilhas” impressiona pela criatividade dos cenários e figurinos, além da marcante interpretação de Johnny Depp.

E quando vem a inspiração. .

orro, pego meu caderninho e escrevo. Já aconteceu comigo, várias vezes, de ter aquele estalo. Ver uma cena ou um personagem, às vezes, sem sentido nenhum, anotar ou rabiscar o que vejo e depois de muito tempo usar aquela ideia num musical. Foi assim com o musical que escrevi de São Francisco. Em 2005, imaginei uma cena com chuva de verdade no palco. Peguei meu caderno e desenhei até o mecanismo para a cena. Em 2007, usamos na produção do musical de São Francisco, para a cena da estigmatização.Para os artistas que consagram sua arte a Deus, ou chegam ao conhecimento de que toda a arte por eles trabalhada e aperfeiçoada tem sua raiz no Criador, existe algo mais que criatividade. É a inspiração. É claro que você pode me dizer que inspiração é uma questão de ponto de vista. Mas, para aqueles que já sentiram aquela inspiração que vem de Deus, com certeza, irão compreender o que estou tentando dizer. É quando, inesperadamente, temos aquele click. Talvez, você se recorde de uma citação que fiz em uma das primeiras edições desta coluna. Foi a de uma palestra que assisti que dizia que arte e mística têm muito em comum. Ambos são movimentos que estão além das capacidades de compreensão do sujeito. Não que eu esteja desmerecendo a capacidade humana, mas, sem a graça de Deus, somos incapazes de transformar as coisas. Há alguns dias, pedi à minha comunidade que escrevesse redações. Um dos irmãos escreveu algo que me fez pensar por alguns dias: “Só Deus é capaz de tirar obras-primas dos escombros!”. Nós, talvez, reorganizando os escombros, chamamos “arte contemporânea”. E, com certeza, muita gente viria tirar fotos, olhar com uma interrogação estampada na expressão do rosto e diria: “Interessante”. Para não dizer: “Não entendi”. Mas Deus faz obra- prima. Abrir-nos à graça e permitir que Deus faça arte através de nós, é algo fantástico. Assim, nosso apostolado se potencializa nos frutos.Como já disse, Deus inspira, providencia, realiza e colhe os frutos. Nós só somos espectadores do que Ele faz em nós.

Trabalhar os dons que temos é uma necessidade. Entretanto, há muitos pegando os méritos para si. Sou eu que canto, sou eu que danço, sou eu que toco, sou eu que interpreto, sou eu que pinto, sou eu que desenho, sou eu que ainda não entendi nada!Por isso quando vier o click da inspiração, corre e escreve! Mas, entenda que Deus está por trás disso. Aquele que reza tem mais inspirações (e boas inspirações). E nem vou repetir aqui sobre ousadia, pois Deus faz a parte Dele. E nós nos acovardamos e não realizamos 10% da nossa parte. Sempre temos aquele pessimismo que repete: “Eu não sou capaz”. E aí: game over! Já decretamos o fracasso da nossa arte. Termino contando uma experiência pessoal. Quando morava em Dourados, os jovens do Huah pediram minha ajuda para montar um teatro para a Semana Santa. Fui falar com o padre, pois confesso que não sei fazer “teatro de paróquia”. Explico-me. Na minha concepção, os teatros de paróquia são terríveis. Mal ensaiados e com figurino quase todo feito de cetim amassado. E, quando falta alguém na última hora, sempre se pega alguém que está por ali de bobeira e coloca pra fazer um personagem. Acho um descaso com a arte! Mas, não posso negar que meus primeiros teatros foram assim. Por isso, falo por experiência. Mas, voltando a Dourados... Começamos a trabalhar. Quando apresentei o roteiro, vi certo espanto no olhar daqueles jovens. Não acreditavam em mim. Tenho um defeito de ver as coisas prontas antes de elas estarem prontas e não saber passar essa confiança para quem está trabalhando comigo. Ensaiamos umas cinco vezes. Costurei todo o figurino (eu mesmo) para garantir que não teria decepções no dia. Alugamos iluminação, e, mesmo com o iluminador meio passado, o teatro aconteceu, com cenário e tudo. Foi uma experiência legal, pois foi o primeiro “teatro de paróquia” que eu fiz e gostei. Podemos fazer coisas muito boas se dermos uma ajudinha para a graça de Deus. Mas, depende do nosso esforço e dedicação. Ir. Tarcísio


inino de m e f o d a t Postulan antã/SP t u B , o n a segundo

Mural da Pastoralde rua em Campinas/SP

esidida Missa pr Bispo tônio Luís An Guedes


Pandora Escola de Artes

O Cozinheiro

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